O ENSINO DE GEOGRAFIA NO RITMO DA MÚSICA: UMA

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
O ENSINO DE GEOGRAFIA NO RITMO DA MÚSICA: UMA
EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
LUIS FABIANO DE AGUIAR SILVA1
ALINE CAMILO BARBOSA2
RAIMUNDO LENILDE DE ARAÚJO3
Resumo:
O trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo analisar a utilização da
música como um instrumento de auxílio nas aulas de Geografia na Educação de Jovens e Adultos,
com a temática de hidrografia. O relato abaixo apresenta uma proposta metodológica para o ensino
analisando duas músicas “Riacho do Navio” de Luiz Gonzaga e “Planeta Água” de Guilherme
Arantes. Na metodologia do trabalho buscou-se dialogar com autores como Freire (2002; 2003), Soek
(2009), Silva (2011), Andrade e Rocha (2011) e Muniz (2012) entre outros que tratam sobre a
temática de ensino e recursos didáticos. Ao analisar as músicas observou-se que essas são
ferramentas de grande potencial para auxiliar no ensino e aprendizagem dos alunos e alunas da EJA,
pois com bom planejamento podem alcançar os objetivos estabelecidos nos planos de aula.
Palavras-chave: Geografia; EJA; música.
Abstract:
This paper presents the results of a survey that aimed to analyze the use of music as an aid tool in
Geography classes at the Youth and Adult Education, with the Hydrography theme. The report
presents a methodology for teaching analyzing two songs: "Riacho sdo Navio" by Luiz Gonzaga and
"Planeta Água" by Guilherme Arantes. Through the whoole work methodology we seek to dialogue
with authors such as Freire (2002; 2003), Soek (2009), Silva (2011), Andrade and Rocha (2011) and
Muniz (2012) among others that deal with the theme of teaching and learning resources. By analyzing
the songs we observe that these are high potential tools to assist in the teaching and learning of pupils
of EJA because with proper planning can achieve the objectives set out in classes planning.
Keywords: Geography; EJA; music.
1 – Introdução
O ensino na atualidade vem passando por profundas mudanças influenciadas
pelo processo de globalização. A velocidade com que as informações chegam ao
ambiente escolar, nos põe a questionar as mudanças que a transformam, nesse
1
Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Piauí- PPGGEO. Email de contato: [email protected]
2
Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Piauí- PPGGEO. Email de contato: [email protected]
3
Docente do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Piauí- PPGGEO.
E-mail de contato: [email protected]
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espaço a função primordial é o processo de ensino e aprendizagem. Esse fenômeno
também afeta, de forma profunda, as práticas educacionais, que devem preparar os
alunos para compreender as transformações como também entenderem que estes
são seres participantes desse processo. Assim, o ensino deve preparar o aluno para
vida de forma integral, tanto no seu aspecto social como político. Em especial
considera-se nesse texto que o ensino deve propor a inclusão daqueles, que por
algum motivo, não puderam estar em processo de formação na idade certa, ou seja,
esse público em sua grande maioria faz parte das turmas de Educação de Jovens e
Adultos.
A Educação de Jovens e Adultos está legitimada pela LDB 9.394/1996, como
mostra o Art. 37° “A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade
própria” (LDB 9.394/1996). Esse ensino deve ser oferecido de forma gratuita, como
também adaptada às características do alunado, seus interesses, condições de vida
e de trabalho.
É nesse contexto que o desafio de ensinar Geografia deve propor a esse
público a compreensão do espaço geográfico em suas diversas escalas de analises:
território, região, paisagem, e lugar, ajudando-os a desenvolver o raciocínio lógico
em relação ao espaço geográfico em que se encontra inserido.
Objetivando a superação de um ensino baseado em um modelo tradicional,
e adequando-se as mudanças que estão ocorrendo na ciência geográfica e no
processo educativo, esse artigo visa ressaltar a importância da utilização de
recursos diferenciados no ensino da EJA. Pelo próprio processo de globalização
existe uma diversidade de produtos culturais que podem tornar-se bons recursos
didáticos, esses são considerados recursos não convencionais e podem contribuir
para o desenvolvimento de aprendizagem mais significativa.
Os recursos didáticos não convencionais são aqueles que não surgiram
inicialmente para serem utilizados em sala de aula. Segundo Silva (2011, p.17)
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Definimos, portanto, como recursos didáticos não convencionais os
materiais utilizados ou utilizáveis por professores, na Educação Básica, mas
que não tenham sido elaborados especificamente para esse fim. Em geral
são produções sociais, com grande alcance de público, que revelam o
comportamento das pessoas em sociedade ou buscam refletir sobre esse
comportamento. Para exemplificar, podemos mencionar os meios de
comunicação tais como o rádio, a televisão, os jornais e a internet; ou,
ainda, as produções artísticas em geral, o cinema, a poesia, a música, a
literatura de cordel, a fotografia, artes plásticas em geral e as histórias em
quadrinhos.
Na conceituação de Silva (2011) pode-se inferir que esses recursos, mesmo
não sendo exclusivos para a educação, podem ser incorporados ao processo de
ensino, desde que estes estejam de acordo com os objetivos educacionais. Entre as
vantagens desses recursos cita-se a sua proximidade com a realidade diária dos
alunos, além de muitos estarem associados aos seus gostos particulares.
Ressalta-se assim que o artigo tem o propósito de apresentar o uso da
música como um importante aliado no ensino de Geografia na EJA. Segundo
Andrade e Rocha (2011, p.120) “No âmbito educacional, a música tem como objetivo
proporcionar raciocínio, contextualização, percepção, concentração, desinibição,
criatividade e aproximação da realidade do educando”. Dessa forma as aulas de
Geografia podem tornar-se mais prazerosas e significativas principalmente a esse
público que tem como uma de suas características a dificuldade do retorno à sala de
aula.
Feita essas considerações, o artigo seguirá a seguinte estrutura: breve
consideração sobre o EJA e o ensino de Geografia. Em seguida apresentou-se a
música como um instrumento no ensino mostrando a proposta de utilização das
músicas: “Riacho do Navio” de Luiz Gonzaga e “Planeta Água” de Guilherme
Arantes, como instrumento facilitador na aprendizagem e em seguida as
considerações finais do trabalho.
2 – Educação, EJA e o Ensino de Geografia
A
educação
é
considerada
uma
dimensão
fundamental
para
o
desenvolvimento da sociedade, ocupando lugar de destaque no discurso dos
principais intelectuais, políticos, cientistas. É reconhecida, inclusive entre os menos
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letrados como uma chave de acesso ao enfrentamento de diversos problemas
socioeconômicos, que abre portas ao desenvolvimento e crescimento da sociedade
como um todo, além de contribui, de forma significante, para a compreensão e
participação consciente na mesma. Assim, a educação surge como necessidade
indispensável à humanidade na sua construção dos ideais da paz, da liberdade e da
justiça social (UNESCO, 1998).
Assim, pode-se dizer que a educação é um ponto crucial com várias
vertentes, sendo caminho que conduz a um desenvolvimento humano mais
harmonioso, autêntico, capaz de fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as
incompreensões e as opressões.
Em decorrência das diversas mudanças ocorridas nos mais diferentes
setores da sociedade contemporânea, as relações tornam-se cada vez mais
instantâneas, gerando, de certa forma, uma uniformidade global, torna-se mais
frequente, no campo educacional as tensões entre o global e o local, o universal e o
singular, a tradição e a modernidade. A globalização é progressiva e arriscada,
podendo levar uma negação dos valores e tradições individuais. Assim sendo:
Cabe a educação a nobre tarefa de despertar em todos, segundo as
tradições e convicções de cada um, respeitando integralmente o pluralismo,
esta elevação do pensamento e do espirito para o universal e para uma
espécie de superação de si mesmo (UNESCO, 1998, p. 15).
Deste modo, a educação deve mediar à adaptação dos seres sem a
autonegação, contribuindo para a emancipação da sua autonomia de forma
reflexiva, capazes de reconhecer o universalismo, conscientes da unidade e
diversidade das relações socioespaciais. Como afirma Freire (2003, p.38).
A educação serve como reflexão sobre essa realidade existencial,
articulando essa realidade nas causas mais profundas dos acontecimentos
vividos, procurando inserir sempre os fatos particulares na globalidade das
ocorrências da situação.
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, desde o
espiritual ao físico, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal e
valores. Para assim poder elaborar pensamentos autônomos e críticos, construir os
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seus juízos de valores, decidir por si mesmo e agir nas diferentes circunstâncias da
vida, processo que ocorre na escola, mas também fora dela.
Nas práticas educacionais, o objetivo é preparar o estudante para a vida
crítica e participativa para que possa trabalhar o saber de forma compartilhada,
fazendo as inter-relações necessárias à construção do conhecimento, para que a
aprendizagem seja significativa aos alunos, crianças, adolescentes, jovens e
adultos. A prática educativa deve estar fundada no sonho por um mundo menos
malvado, menos feio, menos autoritário, mais democrático e humano (FREIRE,
2003).
Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados,
receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar
coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura
experiência feita, que leve em conta as suas necessidades e o torne
instrumento de luta, possibilitando-lhe ser sujeito de sua própria história.
(FREIRE, 2002, p. 25)
O papel da educação é preparar para a vida, à cidadania e porque não dizer
para o mercado de trabalho, já que não se pode esquecer o capital intelectual,
condição essencial para o pensar, refletir, capacitar e o projetar sobre a vida e para
a vida.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que
busca atender justamente essa especificidade, pessoas que tiveram precário acesso
à educação na infância ou na adolescência, cuja idade está defasada quanto ao
nível desejado, pessoas excluídas por fatores sociais, culturais e econômicos e que
desejam voltar à escola.
Sendo assim, o verdadeiro sentido da EJA é promover uma educação básica
a todos os sujeitos em idade escolar defasada. A educação como direito humano
fundamental, educação continuada, entendida pela necessidade do aprender e
apreender por toda vida, pois os sujeitos se produzem e humanizam ao longo de
toda sua existência. Assim, destaca-se o valor da educação para a construção de
uma cidadania ativa, podendo ser a EJA uma oportunidade de direito e
desenvolvimento humano.
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A Educação de Pessoas Jovens e Adultas vem sendo destinada a essa
parcela da população que não teve acesso à escolarização e, portanto,
encontra-se à margem de um saber exigido por uma sociedade letrada, e se
constitui em uma ação que objetiva a possibilidade de se oferecer respostas
a esse significativo contingente da população que se encontra em um
mercado de trabalho cada vez mais exigente, tendo em vista os avanços da
ciência e da tecnologia, que impõem novas posturas e saberes como
exigência para ingresso no mundo do trabalho (PEREIRA; GOMES, 2002,
p.21).
A Educação de Jovens e Adultos se caracteriza como a forma de educação
que visa atender a população que foi excluída dos sistemas formais de ensino e, por
extensão, dos bens sociais e econômicos. Portanto, a Educação de Jovens e
Adultos tem orientado os seus objetivos para melhorar e transformar as condições
dessa camada populacional com relação à sua posição na estrutura social.
Sabemos que a qualidade da educação é condição essencial de inclusão e
democratização das oportunidades. Na EJA o desafio é oferecer uma nova
oportunidade para aqueles que tiveram esse direito negado, oportunizando
uma nova chance de inserção e consolidação dos educandos no mundo do
trabalho, possibilitando o desenvolvimento e a consolidação da cidadania
para todos (SOEK, 2009, p.3).
Cury (2000) considera o EJA uma dívida social não reparada para com os
que não tiveram acesso a ela e nem domínio da escrita e leitura com bens sociais,
na escola ou fora dela, e tenham sido a força de trabalho empregada na constituição
de riquezas e na elevação de obras públicas historicamente construídas e
impregnadas no espaço geográfico.
Nesta perspectiva, a Geografia tem um relevante papel, visto que a mesma
pode e deve discutir e contribuir para a leitura e compreensão do mundo ao qual
pertencem os sujeitos jovens e adultos envolvidos no processo de ensinoaprendizagem.
O ensino de Geografia é considerado como de fundamental importância, por
possibilitar ao aluno um entendimento da complexa realidade em que vive. Assim,
destaca-se a importância da educação geográfica na EJA e a necessidade de uma
prática diferenciada do seu ensino, evidenciando o papel do professor como agente
mediador, relacionando conteúdo e realidade, o que pode representar uma
oportunidade de renovação nos processos de ensino e aprendizagem Tendo em
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vista a aplicabilidade de uma Geografia que venha ao encontro das necessidades
dos educandos da EJA.
Pretende-se que o educando da EJA ao estudar Geografia, conjuntamente
com outras disciplinas, construa gradativamente uma visão crítica sobre seu espaço
de vivência, do local ao global. E que, no cotidiano, faça uso desses conceitos em
sua prática social, desenvolvendo posturas que resultem em reflexões sobre as
interações entre sociedade e natureza, conscientizando-se de que essas relações
são articuladas por interesses econômicos, políticos, sociais e culturais em
diferentes escalas de tempo e espaço.
3 – A música como instrumento no ensino de Geografia para EJA
Como visto anteriormente o ensino na EJA tem como desafio oferecer uma
nova oportunidade para aqueles que tiveram esse direito negado, proporcionando
uma inserção e consolidação dos alunos no mundo do trabalho, possibilitando o
desenvolvimento e a materialização da cidadania para todos.
Com vista a esse processo esse texto tende a apresentar uma ferramenta que
pode auxiliar de forma significativa nesse processo: a música. Segundo Muniz (2012
p.81) “As letras de música apresentam noções e conceitos básicos de Geografia.
Também é uma das artes que mais influencia na subjetividade, nos desejos e nos
comportamentos humanos”.
Acredita-se assim, que música aguça os sentidos, motiva e dar prazer,
observando esses aspectos os professores podem utilizar esse instrumento como
uma forma de aguçar nos alunos os sentidos, motivando-os durante as aulas
fazendo-os perceber o quanto é prazeroso construir conhecimentos. Dessa forma as
aulas de Geografia podem tornar-se mais prazerosas e significativas principalmente
a esse público que tem como uma de suas características a dificuldade do retorno à
sala de aula.
Segundo Ferreira (2002) a música favorece o desenvolvimento cognitivo e
sensitivo do ouvinte, daí a importância de ser aplicada em sala de aula. Além disso,
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o autor enfatiza que a principal vantagem que se obtém ao utilizar a música no
ensino é de abrir um segundo caminho nesse processo no caso o não verbal. Por
essas características acredita-se que o ensino de Geografia na EJA tendo como
instrumento a música é significativo, visto que a linguagem musical facilita à
compreensão dos assuntos geográficos além de torna as aulas mais prazerosas e
atrativas.
Com base no exposto analisaremos, a seguir, as duas músicas como
propostas para o ensino de Geografia tendo como ênfase a temática hidrográfica: a
primeira é Riacho do Navio de Luiz Gonzaga e a segunda é Planeta Água de
Guilherme Arantes.
3.1 – Exemplo 1 - Riacho do Navio de Luiz Gonzaga.
A proposta a seguir foi pensada para a turma de EJA de 6° ano/Ensino
Fundamental II. Tem-se como objetivo apresentar aos alunos a formação de uma
bacia hidrográfica que é formada por um rio principal e seus afluentes. Assim o
professor deve inicialmente explanar o conceito de uma bacia hidrográfica em
seguida propor aos alunos que identifiquem na música esse processo. Para essa
atividade é necessário que a escola disponha de um som e, se possível, o professor
deve levar a música impressa para os alunos. A bacia descrita na música é a do Rio
São Francisco como apresentado abaixo:
Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar
No São Francisco
O rio São Francisco
Vai bater no "mei" do mar
O rio São Francisco
Vai bater no "mei" do mar
(Bis)
Ah! se eu fosse um peixe
Ao contrário do rio
Nadava contra as águas
E nesse desafio
Saía lá do mar pro
Riacho do Navio
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Eu ia direitinho pro
Riacho do Navio
Pra ver o meu brejinho
Fazer umas caçada
Ver as "pegá" de boi
Andar nas vaquejada
Dormir ao som do chocalho
E acordar com a passarada
Sem rádio e nem notícia
Das terra civilizada
Sem rádio e nem notícia
Das Terra civilizada.
Ao analisar-se a primeira parte da música, observa-se que ela trás, de forma
clara, como pode ser formada uma bacia hidrográfica: primeiramente mostra que o
São Francisco é um rio principal da bacia hidrográfica e que o rio Pajeú e o Riacho
do Navio são afluentes do mesmo. Além disso, o trecho ainda apresenta que o rio
principal deságua “no "mei" do mar”, nesse caso o oceano Atlântico.
Nessa música observa-se que a descrição da bacia hidrográfica pode ser
facilmente percebida pelos alunos. E a partir dessa descrição o professor deve
explorar os conceitos básicos como definição de bacia hidrográfica, afluentes, rios
principias e secundários. Pode também apresentar aspectos importantes sobre o rio
São Francisco, mostrando que este é o principal rio da bacia hidrográfica do São
Francisco, que suas quedas d’agua são aproveitas para geração de energia sendo
um importante rio para a região Nordeste.
O professor ainda pode levar imagens ou trabalhar com as que são
apresentadas nos livros didáticos, e tem a possibilidade de aguçar nos alunos a
criatividade pedindo que estes façam desenhos da bacia hidrográfica. É importante
ressaltar que para essa proposta o professor esteja atento aos objetivos do seu
plano de aula.
3.2 – Exemplo 2 – “Planeta Água” de Guilherme Arantes.
A segunda proposta destina-se a turma de EJA de 9º ano, ainda do ensino
fundamental maior. Dentre os assuntos que podem ser abordados com a música
Planeta Água, destaca-se o ciclo da água, propondo como objetivos estudar e
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compreender o ciclo da água e sua importância para a vida. Assim, o professor pode
iniciar a aula realizando uma sondagem prévia junto aos alunos com os seguintes
questionamentos: De onde vem a água? Como ela pode ser encontrada na
natureza? Qual a sua importância? Ela está presente em quais atividades humanas?
Em seguida o professor pode explorar a canção:
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho
E deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas, ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos
Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão
Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Após o diálogo é importante esclarecer aos alunos que a água, em nosso
planeta, não se apresenta de forma parada, mas sim, em movimento, descritos em
vários trechos da música. Isso ocorre graças à força do sol que aquece a superfície
dos oceanos e produz o fenômeno de evaporação, com isso, a água que estava na
forma líquida transforma-se em nuvens e é levada para outros lugares graças à ação
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dos ventos, descrito no trecho: “Água que o sol evapora, Pro céu vai embora, virar
nuvens de algodão, gotas de água da chuva”.
Assim, depois de certo tempo as nuvens se condensam de tal forma que a
água retida na forma gasosa (nas nuvens) retorna ao estado liquido e ocorre a
chuva, no trecho: “Águas que caem das pedras, No véu das cascatas, ronco de
trovão”. A importância da água e as atividades humanas ligadas a sua utilização
estão descritas nos trechos: “Que levam fertilidade ao sertão, que banham aldeias, e
matam a sede da população, que movem moinhos, alegre arco-íris sobre a
plantação”.
Ainda por meio da análise acerca da música, o professor pode solicitar aos
seus alunos que façam desenhos com base na canção trabalhada. Assim, durante e
após a apreciação da letra é relevante o debate sobre a consciencientização
ambiental, e não somente a compreensão do ciclo da água.
4 – Conclusão
Pode-se assim concluir que a música é um instrumento positivo no ensino de
Geografia para EJA, visto que esse recurso facilita o entendimento dos assuntos
geográficos e são metodologicamente acessíveis para serem utilizados em sala de
aula. Além disso, acredita-se que a maneira tradicional de condução das aulas onde
os conteúdos são ministrados de forma estanque e enfadonhos, não favorece a volta
desse público a sala de aula.
Assim, a proposta de trabalho com esse recurso é extremante válido, pois a
música está próxima da realidade dos alunos, centro das ações pedagógicas e
ponto de partida para esse processo. Assim os conteúdos estudados, devem
fomentar o fazer geográfico nos mais diversos contextos político, social, econômico
e ambiental.
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