MATEUS DE CARVALHO MARTINS CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE MATERIAIS CONSTITUINTES EM ALVENARIAS ANTIGAS Tese submetida ao Programa de PósGraduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor em Engenharia Civil. Área de concentração: Engenharia Civil. Orientador: Prof. Vicente Custódio Moreira de Souza, PhD. Niterói, RJ 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF M386 Martins, Mateus de Carvalho. Caracterização mecânica de materiais constituintes em alvenarias antigas / Mateus de Carvalho Martins. – Niterói, RJ : [s.n.], 2008. 281 f. Orientador: Vicente Custódio Moreira de Souza. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal Fluminense, 2008. 1. Alvenaria. 2. Construção Civil. 3. Edifício histórico. 4. Propriedade mecânica. 5. Rocha. 6. I. Título. CDD 693.1 MATEUS DE CARVALHO MARTINS CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE MATERIAIS CONSTITUINTES EM ALVENARIAS ANTIGAS Tese submetida ao Programa de PósGraduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor em Engenharia Civil. Área de concentração: Engenharia Civil. Aprovada em julho de 2008 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________________ Prof. Vicente Custódio Moreira de Souza, PhD (orientador) Universidade Federal Fluminense ____________________________________________________________ Prof. José Simões de Belmont Pessôa, D.Sc Universidade Federal Fluminense ____________________________________________________________ Prof. Emílio Velloso Barroso, D.Sc Universidade Federal do Rio de Janeiro ____________________________________________________________ Prof. Rubem Porto Jr, D.Sc Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro ____________________________________________________________ Prof. Antônio Alberto Nepomuceno, PhD Universidade de Brasília Niterói, RJ 2008 Ao meu pai, José Martins, e minha mãe, Frinea, a quem eu devo tudo que sou e para quem dedico esse trabalho. Como não podia deixar de ser AGRADECIMENTO Este trabalho não ficaria completo sem o meu agradecimento a todos que contribuíram para a realização do mesmo. Portanto, agradeço em especial: Ao meu pai, José Martins, e à minha mãe, Frinea, que sempre me apoiaram ao longo da minha vida e nas minhas decisões. Aos meus irmãos Suely, Suzana, Sérgio, Jorge, Juninho, Consuelo, Ana Cristina e Marcos e toda minha família pela amizade que marca nossos relacionamentos. Agradeço também aos meus sobrinhos Gabriel (in memorian), Juliana, Maristela, Ana Gabriela, Jusmarzinho, Luíza, Mariana, Thiago, Gustavo e Ana Clara pela alegria e esperança de uma vida mais harmoniosa e feliz. Agradeço à Patrícia pelo carinho e companheirismo, e à sua família pela amizade sincera. Ao professor e orientador Vicente Custódio Moreira de Souza, pela orientação, amizade e apoio ao longo do curso. Aos professores do curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense pelo conhecimento transmitido no período deste trabalho. Ao IPHAN – 6a SR, em especial à arquiteta Yanara Haas, pela autorização das retiradas das amostras nas edificações. À arquiteta Jeanne Marques, pela colaboração nas análises das argamassas históricas. Ao geólogo Antônio Donizeti, da UFRJ, pela amizade e intercâmbio com diversos professores que ajudaram nesse trabalho. Ao professor Joel Valença, da UFRJ, pelo seu tempo de dedicação, pelas aulas de petrografia realizadas em sua sala e pela ajuda nas apreciações petrográficas macroscópicas realizadas. Ao professor Rubem Porto, da UFRRJ, pelas diversas vezes que me orientou sobre a geologia da região, a pesquisa de campo sobre pedreiras e pela análise petrográfica microscópica. Ao geólogo André Esteves, pela ajuda na coleta de rochas na Pedreira Tamoio S/A. Ao professor Emílio Velloso, da UFRJ, pela colaboração nos ensaios de compressão uniaxial e esmagamento. Ao professor Julio Mendes, UFRJ, pela ajuda na análise química Ao professor José Pessôa, da UFF, pela revisão do trabalho e sugestões propostas. Ao Engenheiro de Minas Eudes Muniz, da PUC-Rio, pela colaboração das normas técnicas. A todos os colegas do doutorado, pela amizade e ampliação de conhecimento durante esse tempo de relacionamento. Às funcionárias do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, pela atenção e paciência na resolução dos problemas burocráticos do curso. A todos os funcionários das edificações amostrais, pela ajuda e acompanhamento na retirada das amostras. A todos os funcionários dos laboratórios em que foram realizados os ensaios. À FAPERJ e à CAPES pelo apoio financeiro. Ao Toninho e Apolo, violões que tenho em casa, nas horas de músicas e descansos. A todos os professores, pela aceitação, em participar da Banca Examinadora e pelas sugestões realizadas para o texto final desta tese. Em fim, a todas as pessoas que de alguma forma, direta ou indiretamente, contribuíram para a elaboração deste trabalho. SUMÁRIO SUMÁRIO ...................................................................................................................6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................12 LISTA DE FOTOGRAFIAS .......................................................................................14 LISTA DE TABELAS ................................................................................................17 RESUMO...................................................................................................................19 ABSTRACT...............................................................................................................20 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................21 1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .......................................................................27 1.2 OBJETIVO...........................................................................................................28 1.3 METODOLOGIA..................................................................................................29 1.4 APRESENTAÇÃO...............................................................................................33 2 EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS................................................................................35 2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................35 2.2 RESTAURAÇÃO .................................................................................................36 2.2.1 Século XIX.......................................................................................................36 2.2.2 Século XX........................................................................................................38 2.3 A UTILIZAÇÃO DA PEDRA NA HISTÓRIA.........................................................43 2.3.1 Panorama geral ..............................................................................................43 2.3.2 Panorama brasileiro.......................................................................................52 2.4 AS IGREJAS NO RIO DE JANEIRO ...................................................................55 3 ESTADO DA ARTE DA PESQUISA......................................................................66 4 ALVENARIAS DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS..................................................76 4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ALVENARIAS ANTIGAS ...............................................78 4.1.1 Paredes mestras (auto-portantes) ................................................................79 4.1.2 Paredes de compartimentação (alvenarias de vedação ou divisória) .......83 4.2 MÉTODO DE CÁLCULO DE ESPESSURA DAS PAREDES E DOS MUROS DE EDIFÍCIOS ANTIGOS ...............................................................................................84 5 AS ARGAMASSAS E OS MATERIAIS .................................................................87 5.1 PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS..............................................................88 5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS .............................................................89 5.3 TIPOS DE ARGAMASSAS..................................................................................91 5.3.1 Argamassas de cal aérea...............................................................................91 5.3.2 Argamassas de gesso (gipsita).....................................................................92 5.3.3 Argamassas de cimento ................................................................................92 5.3.4 Argamassas de barro.....................................................................................93 5.3.5 Argamassas de betume .................................................................................94 5.3.6 Argamassas pozolânicas...............................................................................94 5.3.7 Argamassas de pó de pedra..........................................................................95 5.3.8 Argamassas “bastardas”...............................................................................95 5.3.9 Argamassas especiais ...................................................................................96 5.3.10 Argamassas empregadas em edificações históricas................................96 5.4 MATERIAIS .........................................................................................................98 5.4.1 Agregados.......................................................................................................98 5.4.1.1 Classificação dos agregados.........................................................................98 5.4.1.1.1 Origem.......................................................................................................99 5.4.1.1.2 Massa unitária...........................................................................................99 5.4.1.1.3 Composição mineralógica.......................................................................99 5.4.1.1.4 Classificação granulométrica................................................................100 5.4.2 Aglomerantes minerais................................................................................103 5.4.2.1 Argila ...........................................................................................................105 5.4.2.2 Gesso ..........................................................................................................107 5.4.2.3 Cal ...............................................................................................................109 5.4.2.4 Pozolanas....................................................................................................110 5.4.2.5 Cimento .......................................................................................................111 5.4.3 Água ..............................................................................................................113 5.4.4 Aditivos .........................................................................................................114 6 GÊNESE DAS ROCHAS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS ...................................115 6.1 ROCHAS ...........................................................................................................116 6.2 CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA DAS ROCHAS..................................................116 6.2.1 Rochas Ígneas ou Magmáticas ...................................................................116 6.2.2 Rochas Sedimentares ..................................................................................118 6.2.3 Rochas Metamórficas ..................................................................................119 6.3 PRINCIPAIS COMPONENTES MINERAIS DAS ROCHAS ..............................120 6.3.1 Quartzo..........................................................................................................121 6.3.2 Feldspatos ....................................................................................................121 6.3.3 Micas .............................................................................................................121 6.3.4 Piroxênios .....................................................................................................122 6.3.5 Anfibólios......................................................................................................122 6.3.6 Feldspatóides ...............................................................................................122 6.3.7 Olivina ...........................................................................................................123 6.3.8 Calcita............................................................................................................123 6.3.9 Dolomita ........................................................................................................123 6.3.10 Argilominerais ............................................................................................124 6.3.11 Talco ............................................................................................................124 6.4 CLASSIFICAÇÃO TECNOLÓGICA DAS ROCHAS COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO.......................................................................................................124 6.4.1 Rochas silicosas eruptivas .........................................................................125 6.4.1.1 Granitos.......................................................................................................125 6.4.1.2 Sienitos........................................................................................................126 6.4.1.3 Monzonitos ..................................................................................................126 6.4.1.4 Dioritos ........................................................................................................127 6.4.1.5 Riolitos.........................................................................................................127 6.4.1.6 Traquitos .....................................................................................................128 6.4.1.7 Andensitos...................................................................................................128 6.4.1.8 Basaltos e diabásios....................................................................................129 6.4.2 Rochas silicosas sedimentares ..................................................................130 6.4.2.1 Arenito .........................................................................................................130 6.4.3 Rochas silicosas metamórficas ..................................................................131 6.4.3.1 Gnaisse .......................................................................................................131 6.4.3.2 Anfibolito......................................................................................................133 6.4.3.3 Quartzitos ....................................................................................................133 6.4.4 Rochas calcárias sedimentares e metamórficas.......................................134 6.4.4.1 Conglomerados ...........................................................................................134 6.4.4.2 Calcários .....................................................................................................136 6.4.4.3 Mármores ....................................................................................................137 6.4.5 Rochas argilosas..........................................................................................138 6.4.5.1 Argilito .........................................................................................................138 6.4.5.2 Ardósias ......................................................................................................139 6.4.5.3 Xistos...........................................................................................................139 6.5 CARACTERÍSTICAS PETROGRÁFICAS DE ALGUMAS ROCHAS ................140 6.6 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DAS ROCHAS......................................141 6.6.1 Propriedades geológicas.............................................................................145 6.6.1.1 Análises petrográficas e mineralógicas .......................................................145 6.6.1.2 Composição química ...................................................................................147 6.6.1.3 Reatividade .................................................................................................147 6.6.1.3.1 Matéria orgânica .....................................................................................147 6.6.1.3.2 Sais minerais ..........................................................................................147 6.6.1.3.3 Materiais pulverulentos .........................................................................148 6.6.1.3.4 Partículas macias e friáveis...................................................................148 6.6.1.3.5 Minerais reativos ....................................................................................149 6.6.1.4 Alteração e alterabilidade ............................................................................149 6.6.2 Propriedades físicas ....................................................................................151 6.6.2.1 Granulometria..............................................................................................151 6.6.2.2 Adesividade.................................................................................................152 6.6.2.3 Formas de fragmentos ................................................................................152 6.6.2.4 Índices físicos..............................................................................................152 6.6.2.4.1 Massa específica ou densidade ............................................................153 6.6.2.4.2 Porosidade..............................................................................................154 6.6.2.4.3 Absorção ou higroscopicidade .............................................................155 6.6.2.5 Permeabilidade ...........................................................................................156 6.6.2.6 Dureza.........................................................................................................156 6.6.2.7 Condutibilidade térmica ...............................................................................157 6.6.2.8 Dilatação térmica.........................................................................................158 6.6.2.9 Aderência ....................................................................................................159 6.6.2.10 Cor.............................................................................................................159 6.6.3 Propriedades físico mecânicas...................................................................160 6.6.3.1 Resistência à compressão e módulo de deformabilidade ...........................161 6.6.3.1.1 Compressão uniaxial .............................................................................161 6.6.3.1.2 Módulo de elasticidade ou de deformabilidade estático ....................162 6.6.4 Ensaios não destrutivos ..............................................................................168 6.6.4.1 Teste de percussão .....................................................................................168 6.6.4.2 Teste de absorção.......................................................................................168 6.6.4.3 Teste de efervescência ...............................................................................169 6.6.4.4 Teste de movimentação de fissuras............................................................169 6.6.4.5 Ensaio de raio X ..........................................................................................169 6.6.4.6 Ensaio de ultrassom ....................................................................................169 6.6.4.7 Fotogrametria ..............................................................................................170 6.6.4.8 Medição de umidade ...................................................................................170 7 ENSAIOS .............................................................................................................171 7.1 EDIFICAÇÕES AMOSTRAIS ............................................................................171 7.1.1 Amostra 01 – Igreja de Nossa Senhora de Santa cruz ..............................171 7.1.1.1 Breve histórico da Fazenda da Taquara e da Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz ..............................................................................................................172 7.1.1.2 Situação atual..............................................................................................173 7.1.1.3 Amostras coletadas .....................................................................................173 7.1.2 Amostra 02 – Capela de Nossa Senhora das Graças................................174 7.1.2.1 Breve histórico do Educandário da Misericórdia .........................................174 7.1.2.2 Situação atual..............................................................................................175 7.1.2.3 Amostras coletadas .....................................................................................176 7.1.3 Amostra 03 – Prédio do IPHAN – 6a SR ......................................................176 7.1.3.1 Breve histórico do Prédio do IPHAN – 6a SR ..............................................177 7.1.3.2 Situação atual..............................................................................................177 7.1.3.3 Amostras coletadas .....................................................................................178 7.1.4 Amostra 04 – Recolhimento de Santa Teresa – Museu de Arqueologia..178 7.1.4.1 Breve histórico do Recolhimento de Santa Teresa .....................................178 7.1.4.2 Situação atual..............................................................................................181 7.1.4.3 Amostras coletadas .....................................................................................181 7.1.5 Amostra 05 – Catedral de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé .........182 7.1.5.1 Breve histórico da Catedral de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé ....182 7.1.5.2 Situação atual..............................................................................................183 7.1.5.3 Amostras coletadas .....................................................................................185 7.1.6 Amostra 06 – Igreja de Nossa Senhora da Candelária..............................186 7.1.6.1 Breve histórico da Igreja de Nossa Senhora da Candelária ........................186 7.1.6.2 Situação atual..............................................................................................188 7.1.6.3 Amostras coletadas .....................................................................................189 7.1.7 Amostra 07 – Igreja de Nossa Senhora da Saúde .....................................190 7.1.7.1 Breve histórico da Igreja de Nossa Senhora da Saúde...............................190 7.1.7.2 Situação atual..............................................................................................191 7.1.7.3 Amostras coletadas .....................................................................................192 7.2 ENSAIOS EM ARGAMASSAS ..........................................................................192 7.2.1 Testes qualitativos de sais solúveis...........................................................194 7.2.1.1 Nitrato..........................................................................................................194 7.2.1.2 Cloreto.........................................................................................................194 7.2.1.3 Sulfato .........................................................................................................195 7.2.1.4 Resultados ..................................................................................................195 7.2.2 Ensaio simples de argamassa – traços......................................................195 7.2.2.1 Reagentes ...................................................................................................195 7.2.2.2 Equipamentos, vidraria e materiais .............................................................196 7.2.2.3 Procedimento ..............................................................................................196 7.2.2.4 Folha de cálculo para ensaio de argamassa ...............................................197 7.2.2.4.1 Finos (argila e/ou silte) ..........................................................................197 7.2.2.4.2 Grossos (areia) .......................................................................................197 7.2.2.4.3 Ligante (resíduo solúvel) .......................................................................198 7.2.2.4.4 Traço mais provável da argamassa ......................................................198 7.2.2.4.5 Observações...........................................................................................198 7.2.3 Granulometria do agregado ........................................................................198 7.2.4 Tabelas para resultados dos ensaios nas argamassas ............................198 7.3 RECONHECIMENTO DAS ROCHAS COLETADAS NAS EDIFICAÇÕES .......200 7.3.1 Apreciação petrográfica de rochas.............................................................200 7.3.1.1 Características iniciais – identificação .........................................................201 7.3.1.2 Cor natural da amostra................................................................................202 7.3.1.3 Estrutura da amostra ...................................................................................202 7.3.1.4 Textura da amostra .....................................................................................203 7.3.1.5 Composição mineralógica essencial da amostra ........................................204 7.3.1.6 Estado de alteração da amostra..................................................................205 7.3.1.7 Propriedades físico-mecânicas da amostra.................................................206 7.3.1.8 Classificação petrográfica macroscópica da rocha .....................................206 7.3.1.9 Classificação petrográfica macroscópica da rocha – tabela resumo...........207 7.3.2 Índices físicos...............................................................................................208 7.3.2.1 Amostragem e preparação dos corpos-de-prova ........................................208 7.3.2.2 Ensaio .........................................................................................................208 7.3.2.3 Cálculos.......................................................................................................209 7.3.2.4 Resultados ..................................................................................................209 7.4 COLETA DE AMOSTRAS NA PEDREIRA........................................................210 7.4.1 Geologia da cidade do Rio de Janeiro........................................................211 7.5 ENSAIOS REALIZADOS NAS AMOSTRAS RETIRADAS DA PEDREIRA.......214 7.5.1 Índices físicos...............................................................................................214 7.5.1.1 Amostragem e preparação dos corpos-de-prova ........................................215 7.5.1.2 Ensaio .........................................................................................................215 7.5.1.3 Cálculos.......................................................................................................215 7.5.1.4 Resultados ..................................................................................................216 7.5.2 Compressão uniaxial ...................................................................................216 7.5.2.1 Amostragem e preparação dos corpos-de-prova ........................................217 7.5.2.2 Ensaio .........................................................................................................218 7.5.2.3 Cálculos.......................................................................................................219 7.5.2.4 Resultados ..................................................................................................219 7.5.3 Esmagamento...............................................................................................219 7.5.3.1 Amostragem ................................................................................................221 7.5.3.2 Ensaio .........................................................................................................221 7.5.3.3 Cálculos.......................................................................................................222 7.5.4 Composição química ...................................................................................222 7.5.4.1 Amostragem ................................................................................................223 7.5.4.2 Ensaio .........................................................................................................224 7.5.4.3 Resultados ..................................................................................................224 7.5.5 Petrografia ....................................................................................................224 7.5.5.1 Amostragem ................................................................................................225 7.5.5.2 Ensaio .........................................................................................................226 7.5.5.3 Resultados ..................................................................................................226 8 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS ...............227 8.1 RESULTADOS DOS ENSAIOS REALIZADOS NAS AMOSTRAS DAS EDIFICAÇÕES ........................................................................................................228 8.1.1 Resultado dos testes nas argamassas históricas.....................................228 8.1.1.1 Resultado dos testes qualitativos de sais solúveis......................................228 8.1.1.2 Resultado dos ensaios simples de argamassas – traços ............................229 8.1.1.3 Resultado das análises granulométricas .....................................................232 8.1.2 Resultados da apreciação macroscópica das rochas coletadas nas edificações.............................................................................................................234 8.1.3 Índices físicos das rochas coletadas nas edificações..............................239 8.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS REALIZADOS NAS AMOSTRAS DE ROCHAS COLETADAS NA PEDREIRA .................................................................................241 8.2.1 Resultados da apreciação macroscópica das rochas coletadas na pedreira ..................................................................................................................242 8.2.2 Índices físicos das rochas coletadas na pedreira .....................................248 8.2.3 Compressão uniaxial ...................................................................................249 8.2.4 Esmagamento...............................................................................................251 8.2.5 Composição química ...................................................................................251 8.2.6 Petrografia ....................................................................................................252 8.2.6.1 Resultado da análise petrográfica microscópica .........................................252 8.2.6.2 Descrição dos minerais presentes na amostra............................................253 8.3 ANÁLISE GERAL DOS ENSAIOS ....................................................................255 9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..............................................................263 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................268 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Esquema de Stonehenge restaurado em relação a astronomia ..............45 Figura 2 – Matriz de São Sebastião, destacada à esquerda na ilustração de François Froger de 1695..........................................................................................................59 Figura 3 – Convento de Santo Antônio, desenho de Debret, 1822 ...........................60 Figura 4 – Igreja de Nossa senhora de Bonsucesso, aquarela de Tomas Ender feita no século XIX ............................................................................................................61 Figura 5 – Arenito “Montjuic”, textura da superfície serrada......................................69 Figura 6 – Divisão dos prismas para a construção dos provetes ..............................70 Figura 7 – Relação gráfica entre alguns parâmetros mecânicos em alvenarias: a) gráfico de Tensão-Deformação e b) variação linear do módulo de elasticidade com a tensão .......................................................................................................................73 Figura 8 – Componentes da alvenaria de pedra, argamassa e vazios......................77 Figura 9 – Classificação das alvenarias de pedra quanto ao tipo de aparelho: a) juntas desalinhadas; b) juntas irregulares alinhadas; c) juntas regulares alinhadas .81 Figura 10 – Classificação das alvenarias de pedra quanto ao tipo de assentamento: a) horizontal; b) horizontal / vertical; c) aleatório; d) escalonado com fiadas de regularização; e) em “espinha de peixe”; f) com calços ou cunhas...........................82 Figura 11 – Classificação das alvenarias de pedra segundo o número de paramentos: a) paramento simples; b) dois paramentos sem ligação; c) dois paramentos com ligação; d) três paramentos com núcleo de fraca ligação..............83 Figura 12 – Cristais de quartzo ...............................................................................122 Figura 13 – Feldspatos: cristais de albita ................................................................122 Figura 14 – Micas: cristais de muscovita.................................................................122 Figura 15 – Piroxênios: cristais de augita................................................................123 Figura 16 – Anfibólios: cristais de hornblenda.........................................................123 Figura 17 – Feldspatóides: cristais de leucita..........................................................123 Figura 18 – Cristais de olivina .................................................................................123 Figura 19 – Cristais de calcita .................................................................................123 Figura 20 – Cristais de dolomita..............................................................................123 Figura 21 – Foto da rocha: granito grosseiro rico em feldspato ..............................125 Figura 22 – Fotomicrografia: granito com microclínio..............................................125 Figura 23 – Foto da rocha: sienito...........................................................................126 Figura 24 – Fotomicrografia: sienito ........................................................................126 Figura 25 – Foto da rocha: monzonito.....................................................................127 Figura 26 – Fotomicrografia: monzonito..................................................................127 Figura 27 – Foto da rocha: diorito ...........................................................................127 Figura 28 – Fotomicrografia: diorito.........................................................................127 Figura 29 – Foto da rocha: riolito. Rica em quartzo (mineral claro) e feldspato (mineral vermelho carne) ........................................................................................128 Figura 30 – Fotomicrografia: riolito. Grandes cristais de feldspato. Aumento 20x...128 Figura 31 – Foto da rocha: traquito com cristais de feldspato alcalino....................128 Figura 32 – Fotomicrografia: traquito ......................................................................128 Figura 33 – Foto da rocha: adensito com granulação fina ......................................129 Figura 34 – Fotomicrografia: adensito com textura porfirítica..................................129 Figura 35 – Foto da rocha: basalto com granulação fina ........................................129 Figura 36 – Fotomicrografia: basalto.......................................................................129 Figura 37 – Fotomicrografia: arenito com aumento de 40x .....................................130 Figura 38 – Foto da rocha: arenito cinza claro ........................................................130 Figura 39 – Foto da rocha: arenito vermelho ..........................................................130 Figura 40 – Foto da rocha: arenito pardo ................................................................130 Figura 41 – Fotomicrografia: gnaisse. Acessórios (cristais de clorita e de titanita). Aumento 40x ...........................................................................................................132 Figura 42 – Gnaisse leptinito...................................................................................132 Figura 43 – Gnaisse facoidal...................................................................................132 Figura 44 – Foto da rocha: anfibolito listrado ..........................................................133 Figura 45 – Fotomicrografia: anfibolito, no centro cistal de hornblenda, cercado por cristais esverdeados de clorita. Aumento 20x .........................................................133 Figura 46 – Fotomicrografia: quartzito com aumento de 40x ..................................134 Figura 47 – Foto da rocha: quartzito apresentando foliação marcada pela biotita ..134 Figura 48 – Foto da rocha: quartzito esbranquiçado ...............................................134 Figura 49 – Foto da rocha: quartzito amarelado......................................................134 Figura 50 – Conglomerado em matriz de arenito grosso ........................................136 Figura 51 – Fotomicrografia: paraconglomerado pobre em grãos de quartzo. Aumento 40x ...........................................................................................................136 Figura 52 – Fotomicrografia: paraconglomerado rico em grãos de quartzo. Aumento 40x ..........................................................................................................................136 Figura 53 – Foto da rocha: calcário com cristais de pirita .......................................137 Figura 54 – Fotomicrografia: calcário. Aumento 40x ...............................................137 Figura 55 – Fotomicrografia: calcário com cristais de calcita. Aumento 40x ...........138 Figura 56 – Foto da rocha: mármore vermelho .......................................................138 Figura 57 – Foto da rocha: mármore rosa...............................................................138 Figura 58 – Foto da rocha: mármore creme............................................................138 Figura 59 – Foto da rocha: argilito avermelhado .....................................................139 Figura 60 – Foto da rocha: ardósia apresentando clivagem ardosiana...................139 Figura 61 – Fotomicrografia: ardósia rica em micas e quartzo. Aumento 40x.........139 Figura 62 – Foto da rocha: xisto..............................................................................140 Figura 63 – Fotomicrografia: xisto. Aumento 32x ....................................................140 Figura 64 – Diversidade do comportamento térmico de alguns materiais...............158 Figura 65 – Planta baixa: Recolhimento de Santa Teresa ......................................180 Figura 66 – Textura da amostra ..............................................................................204 Figura 67 – Faces cristalinas dos minerais: A: idiomórficos; B: xenomórficos; C: hipidiomórficos ........................................................................................................204 Figura 68 – Mapa Geológico simplificado do Estado do Rio de Janeiro .................213 LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto 1 – Parede de taipa de pilão .............................................................................23 Foto 2 – Alvenaria de pedra seca..............................................................................23 Foto 3 – Alvenaria de pedra e barro..........................................................................23 Foto 4 – Alvenaria de pedra e cal..............................................................................23 Foto 5 – Alvenaria de adobe .....................................................................................23 Foto 6 – Alvenaria de tijolo de barro cozido ..............................................................23 Foto 7 – Estrutura de madeira...................................................................................24 Foto 8 – Parede de pau-a-pique................................................................................24 Foto 9 – Arco de Tito.................................................................................................37 Foto 10 – Detalhes do Arco de Tito...........................................................................37 Foto 11 – Dolmen......................................................................................................44 Foto 12 – Menir .........................................................................................................44 Foto 13 – Stonehenge, Inglaterra..............................................................................45 Foto 14 – Pirâmides de Keops, Egito, 2480 a.C........................................................46 Foto 15 – Partenon: Atenas, 438 a.C. .......................................................................48 Foto 16 – Coliseu Romano, inaugurado no ano 80 d.C. ...........................................49 Foto 17 – Tumba de Teodorico, Ravena...................................................................49 Foto 18 – Catedral de Notre-Dame, Paris .................................................................50 Foto 19 – Pedras encaixadas: alvenaria de pedra seca............................................51 Foto 20 – Vista de Machu Picchu..............................................................................51 Foto 21 – Arquitetura Maia: Pirâmide El Catillo em Chitzen-Itza...............................52 Foto 22 – Civilização Asteca: Pirâmide do Sol ..........................................................52 Foto 23 – Civilização Asteca: Pedra do Sol ..............................................................52 Foto 24 – Catedral de Florença: Igreja de Santa Maria das Flores ...........................54 Foto 25 – Basílica de São Pedro, Vaticano, Roma ...................................................54 Foto 26 – Catedral da cidade de Salvador, BA .........................................................57 Foto 27 – Catedral da Sé, Olinda, PE .......................................................................57 Foto 28 – Igreja de São Pedro dos Clérigos, Recife, PE...........................................57 Foto 29 – Igreja Franciscana da Paraíba, João Pessoa, PB.....................................57 Foto 30 – Colégio dos Jesuítas de São Vicente, São Paulo, SP...............................58 Foto 31 – Convento da Penha, Vila Velha, ES..........................................................58 Foto 32 – Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, Ouro Preto, MG ..................................................................................................................................58 Foto 33 – Igreja de Nossa Senhora do Pilar, Ouro Preto, MG ..................................58 Foto 34 – Igreja de Santo Antônio, Tiradentes, MG ..................................................58 Foto 35 – Igreja de Nossa Senhora do Ó, Sabará, MG.............................................58 Foto 36 – Morro do Castelo, Igreja de Santo Inácio ..................................................59 Foto 37 – Destruição do Morro do Castelo e da Igreja de Santo Inácio, 1921 ..........59 Foto 38 – Igreja de Santa Luzia ................................................................................60 Foto 39 – Igreja de Santa Luzia em 1960 .................................................................60 Foto 40 – Convento de Santo Antônio ......................................................................60 Foto 41 – Igreja do Carmo ao centro, com a torre isolada. A igreja da direita é da Ordem Terceira do Carmo, em 1890.........................................................................61 Foto 42 – Mosteiro de São Bento..............................................................................61 Foto 43 – Igreja de São José ....................................................................................61 Foto 44 – Igreja da Candelária, foto de Marc Ferrez, 1890.......................................61 Foto 45 – Igreja da Candelária ..................................................................................61 Foto 46 – Igreja de São Roque, Ilha de Paquetá ......................................................62 Foto 47 – Igreja de Santa Cruz dos Militares ............................................................62 Foto 48 – Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro .........................................62 Foto 49 – Igreja de Santa Rita de Cássia..................................................................62 Foto 50 – Igreja Mãe dos Homens ............................................................................62 Foto 51 – Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores ..................................62 Foto 52 – Capela de Nossa Senhora da Guia, Cabo Frio .........................................63 Foto 53 – Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, Cabo Frio ........................................63 Foto 54 – Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Maricá ...........................................63 Foto 55 – Igreja de São João Batista, Itaboraí ..........................................................63 Foto 56 – Ruínas do Convento São Boaventura, Itaboraí.........................................64 Foto 57 – Igreja de Santa Rita, Parati .......................................................................64 Foto 58 – Igreja de Santa Luzia, Angra dos Reis ......................................................64 Foto 59 – Capela de São Lourenço dos Índios, Niterói .............................................65 Foto 60 – Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, Niterói ..................................65 Foto 61 – Capela de São Francisco Xavier, Niterói...................................................65 Foto 62 – Sede da Fazenda da Taquara. Local da Igreja de Santa Cruz ...............171 Foto 63 – Fachada da Igreja de Santa Cruz............................................................171 Foto 64 – Túmulo do Comendador Francisco Pinto da Fonseca e Maria Rosa da Fonseca Telles no chão da Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz. ....................172 Foto 65 – Parede lateral da nave ............................................................................173 Foto 66 – Parte superior da parede com vegetação ...............................................173 Foto 67 – Arco do cruzeiro danificado.....................................................................173 Foto 68 – Amostra de argamassa A01: Igreja de Santa Cruz .................................174 Foto 69 – Amostra de rocha R01-A e R01-B: Igreja de Santa Cruz ........................174 Foto 70 – Capela de Nossa Senhora das Graças ...................................................174 Foto 71 – Educandário da Misericórdia...................................................................174 Foto 72 – Amostra de argamassa A01: Capela de Nossa Senhora das Graças.....176 Foto 73 – Amostra de rocha R01: Capela de Nossa Senhora das Graças .............176 Foto 74 – Prédio do IPHAN – 6a SR........................................................................176 Foto 75 – Porta do IPHAN: talhada em madeira no estilo Neobarroco ...................176 Foto 76 – Amostra de Rocha R03: Prédio do IPHAN..............................................178 Foto 77 – Museu de Arqueologia de Itaipu, Niterói, RJ ...........................................178 Foto 78 – Árvores próximas às paredes..................................................................181 Foto 79 – Detalhe da árvore....................................................................................181 Foto 80 – Amostra de argamassa A04: Recolhimento de Santa Teresa.................182 Foto 81 – Amostra de rocha R04-A e R04-B: Recolhimento de Santa Teresa .......182 Foto 82 – Sino denominado D. João VI da Antiga Sé, fundido em 1822.................183 Foto 83 – Sino da Antiga Sé....................................................................................183 Foto 84 – Vista da fachada da Igreja com a imagem de São Sebastião, padroeiro da cidade......................................................................................................................184 Foto 85 – Vista do nave principal, com talha em Estilo Rococó, executada por Inácio Ferreira Pinto em 1785............................................................................................184 Foto 86 – Placa que indica o local da lápide de mármore onde está uma urna que guarda as cinzas de Pedro Álvares Cabral .............................................................184 Foto 87 – Pia Batismal, que se encontra na sacristia da Igreja...............................184 Foto 88 – Vista da Nave da Catedral ......................................................................185 Foto 89 – Vista da parte do telhado, em cima da nave ...........................................185 Foto 90 – Amostra de argamassa A05-A; A05-B e A05-C: Igreja de Nossa Senhora do Carmo da antiga Sé ...........................................................................................186 Foto 91 – Amostra de rocha R05: Igreja de Nossa Senhora do Carmo da antiga Sé ................................................................................................................................186 Foto 92 – Vista lateral da Candelária, detalhe da cantaria......................................186 Foto 93 – Fachada da Igreja da Candelária. ...........................................................186 Foto 94 – Interior revestido de mármore .................................................................187 Foto 95 – Destaque da pintura que retrata o naufrágio do casal que mandou construir a primeira capela no local.........................................................................187 Foto 96 – Destaque da cúpula da igreja..................................................................187 Foto 97 – Detalhe interior de sua cúpula.................................................................187 Foto 98 – Detalhe da restauração do telhado e da cúpula da igreja .......................188 Foto 99 – Detalhe interior de sua cúpula restaurada...............................................188 Foto 100 – Vista da torre da igreja com o detalhe do bom estado do telhado após restaurado ...............................................................................................................189 Foto 101 – Detalhes da torre direita da igreja .........................................................189 Foto 102 – Amostra de argamassa A06: Igreja de Nossa Senhora da Candelária .190 Foto 103 – Amostra de rocha R06: Igreja de Nossa Senhora da Candelária..........190 Foto 104 – Fachada da Igreja de Nossa Senhora da Saúde ..................................190 Foto 105 – Vista aérea da zona portuária do Rio de Janeiro, bairros Saúde e Gamboa, 2006.........................................................................................................192 Foto 106 – Plano de revitalização e restauração da Zona Portuária do Rio de Janeiro ................................................................................................................................192 Foto 107 – Amostra de argamassa A07: Igreja de Nossa Senhora da Saúde ........192 Foto 108 – Amostra de rocha R07: Igreja de Nossa Senhora da Saúde.................192 Foto 109 – Pedreira Tamoio S/A .............................................................................211 Foto 110 – Perfil de gnaisse....................................................................................211 Foto 111 – Amostras de rochas utilizadas para o ensaio de índices físicos ...........214 Foto 112 – Máquina universal de compressão (Kratos, modelo 407-MPS), capacidade 100 tf ....................................................................................................217 Foto 113 – Corpo-de-prova preparado para o ensaio compressão uniaxial............218 Foto 114 – Corpo-de-prova rompido, final do ensaio de compressão uniaxial........218 Foto 115 – Forma final do corpo-de-prova ..............................................................218 Foto 116 – Amostra utilizada para o ensaio de composição química......................223 Foto 117 – Amostra utilizada para o ensaio de petrografia microscópica ...............225 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Relação preliminar das igrejas do centro da cidade do Rio de Janeiro ...31 Tabela 2 – Classificação da arquitetura egípcia em função da sua utilização ..........47 Tabela 3 – Resultados dos carregamentos monotônico e cíclico..............................69 Tabela 4 – Exemplo de resistência das alvenarias ...................................................71 Tabela 5 – Coeficiente de deformabilidade ...............................................................73 Tabela 6 – Resistência de cálculo à compressão da alvenaria de pedra (MPa) .......75 Tabela 7 – Classificação das alvenarias de edifícios e dos muros antigos de acordo com a função desempenhada ...................................................................................79 Tabela 8 – Fórmulas empíricas para o cálculo da espessura das paredes e de muros de edificações antigas...............................................................................................86 Tabela 9 – Predicados das argamassas com cal hidratada ......................................97 Tabela 10 – Influência da granulometria da areia nas propriedades das argamassas ................................................................................................................................101 Tabela 11 – Tipos de britas em função do diâmetro ...............................................103 Tabela 12 – Tabela com os principais compostos do cimento ................................112 Tabela 13 – Características petrográficas gerais de rochas mais usadas no Brasil140 Tabela 14 – Roteiro para avaliação preliminar do estado de alteração e do grau de coerência de rochas ................................................................................................150 Tabela 15 – Porosidade das rochas........................................................................154 Tabela 16 – Tipos de rochas ...................................................................................155 Tabela 17 – Escala de Mohs ...................................................................................157 Tabela 18 – Ensaios de abrasão “Los Angeles” e esmagamento de diferentes tipos de rochas.................................................................................................................167 Tabela 19 – Relação das amostras de argamassas coletadas nas edificações e seus nomes .....................................................................................................................193 Tabela 20 – Testes qualitativos de sais solúveis em argamassas ..........................195 Tabela 21 – Teste qualitativos de sais solúveis – tabela padrão.............................199 Tabela 22 – Ensaio simples de argamassa – traço – tabela padrão .......................199 Tabela 23 – Análise granulométrica – tabela padrão ..............................................199 Tabela 24 - Relação das amostras de rochas coletadas nas edificações e seus nomes .....................................................................................................................201 Tabela 25 – Apreciação petrográfica da amostra – tabela padrão ..........................207 Tabela 26 - Amostras de rochas utilizadas para o ensaio de compressão uniaxial 217 Tabela 27 – Dimensões dos corpos-de-prova para ensaio de compressão uniaxial ................................................................................................................................218 Tabela 28 - Amostras de rochas utilizadas para o ensaio de esmagamento ..........220 Tabela 29 – Resultados dos Testes Qualitativos de Sais Solúveis .........................229 Tabela 30 – Traço mais provável – Amostras A01 e A02 .......................................230 Tabela 31 – Traço mais provável – Amostras A04 e A05-A....................................230 Tabela 32 – Traço mais provável – Amostras A05-B e A05-C ................................231 Tabela 33 – Traço mais provável – Amostras A06 e A07 .......................................231 Tabela 34 – Curva granulométrica – Amostras A01 e A02 .....................................232 Tabela 35 – Curva granulométrica – Amostras A04 e A05-A ..................................233 Tabela 36 – Curva granulométrica – Amostras A05-B e A05-C ..............................233 Tabela 37 – Curva granulométrica – Amostras A06 e A07 .....................................234 Tabela 38 – Apreciação petrográfica: amostra R01-A: Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz ..............................................................................................................235 Tabela 39 – Apreciação petrográfica: amostra R01-B: Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz ..............................................................................................................235 Tabela 40 – Apreciação petrográfica: amostra R02: Capela de Nossa Senhora das Graças.....................................................................................................................236 Tabela 41 – Apreciação petrográfica: amostra R03: Prédio do IPHAN – 6a SR......236 Tabela 42 – Apreciação petrográfica: amostra R04-A: Recolhimento de Santa Teresa ................................................................................................................................237 Tabela 43 – Apreciação petrográfica: amostra R04-B: Recolhimento de Santa Teresa ................................................................................................................................237 Tabela 44 – Apreciação petrográfica: amostra R05: Catedral da Antiga Sé ...........238 Tabela 45 – Apreciação petrográfica: amostra R06: Igreja de Nossa Senhora da Candelária ...............................................................................................................238 Tabela 46 – Apreciação petrográfica: amostra R07: Igreja de Nossa Senhora da Saúde......................................................................................................................239 Tabela 47 – Resultados do ensaio de índices físicos das rochas coletadas nas edificações ..............................................................................................................241 Tabela 48 – Apreciação petrográfica: amostra R1 ..................................................243 Tabela 49 – Apreciação petrográfica: amostra R2 ..................................................243 Tabela 50 – Apreciação petrográfica: amostra R3 ..................................................244 Tabela 51 – Apreciação petrográfica: amostra R4 ..................................................244 Tabela 52 – Apreciação petrográfica: amostra R5 ..................................................245 Tabela 53 – Apreciação petrográfica: amostra R6 ..................................................245 Tabela 54 – Apreciação petrográfica: amostra R7 ..................................................246 Tabela 55 – Apreciação petrográfica: amostra R8 ..................................................246 Tabela 56 – Apreciação petrográfica: amostra R-ÍNDICES FÍSICOS .....................247 Tabela 57 – Apreciação petrográfica: amostra R-COMPOSIÇÃO QUÍMICA ..........247 Tabela 58 – Apreciação petrográfica: amostra R-PETROGRAFIA .........................248 Tabela 59 – Resultados do ensaio de índices físicos..............................................249 Tabela 60 – Resultados do ensaio de compressão simples ...................................250 Tabela 61 – Resultados do ensaio de composição química....................................251 Tabela 62 – Composição mineralógica – petrografia microscópica ........................252 Tabela 63 Petrografia microscópica – lâminas........................................................255 Tabela 64 – Média das porcentagens de agregados retidos nas amostras de argamassas das edificações ...................................................................................258 RESUMO As estruturas de alvenaria de edificações históricas são constituídas por blocos de pedras, alvenaria cerâmica, adobe, etc, ligados por argamassas, formando diversas geometrias. Devido a esta complexidade, este estudo propõe-se à caracterização das propriedades geológicas, físicas e físico mecânicas de materiais constituintes das paredes auto-portantes de pedra e argamassa de cal de construções antigas, principalmente igrejas do centro da cidade do Rio de Janeiro, com a finalidade de construir uma metodologia para futuras intervenções e como forma de compreender e escolher materiais mais adequados em relação aos constituintes, abordando a valorização e preservação do patrimônio histórico e cultural edificado. Para completar o estudo da implementação da metodologia sobre materiais constituintes de alvenarias antigas de pedra e cal foram realizados, primeiramente, ensaios em rochas e argamassas de uma amostra de sete edificações da região metropolitana do Rio de Janeiro. Após o conhecimento das características petrográficas macroscópicas das rochas coletadas nas edificações, foram realizados estudos geológicos de pedreiras, buscando rochas com as características petrográficas mais próximas possíveis das coletadas nas edificações. Por fim, foram feitas as coletas de amostras e ensaios nas rochas coletadas na pedreira selecionada, formando um banco de dados de propriedades desse material. Os ensaios realizados e os resultados obtidos, no que diz respeito à caracterização das principais propriedades, fundamentam a apresentação da metodologia proposta para projetos de intervenção nesses tipos de alvenarias históricas. Palavras-chave: construção civil; estruturas; alvenaria; edificações históricas; ensaios; propriedades mecânicas; rochas. ABSTRACT It stands to reason that historic masonry structures are made of stoneware, earthenware, adobe, etc and are put together with mortar, taking then several geometric forms. Due to such complexity, this paper deals with the characterization of geological, as well as physical and physical-mechanic properties of such walls of stone and lime mortar which can still be widely found in age-old churches in the center of Rio de Janeiro. This paper aims at building a new methodology to future interventions so as to show how to better choose the right materials to handle and preserve historical and cultural patrimony. To complete the study of the implementation of the methodology on constituent materials of old structures of rock and whitewash they had been carried through, first, assays in rocks and argamassas of a sample of seven constructions of the region metropolitan of Rio de Janeiro. After the knowledge of the macrocospic petrográficas characteristics of the rocks collected in the constructions, had been carried through geologic studies of quarries, searching rocks with the possible petrográficas characteristics next to the collected ones in the constructions. Finally, the collections of samples and assays in the rocks collected in the selected quarry had been made, forming a data base of properties of this material. The carried through assays and the gotten results, in what it says respect to the characterization of the main properties, base the presentation of the methodology proposal for intervention projects on these types of historical structures.. Key words: Civil Construction; Structures; Masonry; Historic Erections; Essays; Mechanic Properties; Stones. 1 INTRODUÇÃO A existência de sistema estrutural de alvenaria antiga está difundida por toda parte, em centros históricos urbanos, em regiões rurais, em diferentes tipos de estruturas, como torres, edifícios, arcos, muros, pontes, etc. A determinação tipológica do sistema estrutural pode ser iniciada pelas características geométricas, áreas de apoio e transferências de esforços entre os elementos estruturais. Numa edificação, as paredes, com suas formas e materiais diversos, são muitas vezes responsáveis pela transferência de esforços do telhado e pavimentos até o apoio nas fundações. Atualmente, essas estruturas recebem pouca atenção nos currículos de graduações de Engenharia em países desenvolvidos. Segundo Lourenço (2002), com o surgimento do aço e do concreto utilizados em edificações no século XX, engenheiros estruturais modernos possuem um conhecimento escasso sobre materiais e técnicas tradicionais. Além disso, existe a heterogeneidade de situações de carregamento e a variação de técnicas de região a região. Inicialmente deve-se fazer uma observação da estrutura principal de suporte, ou portante, composta de paredes estruturais e autônomas (paredes de simples vedação). As paredes estruturais de construções antigas podem ser construídas de taipa de pilão, adobe, tijolos, alvenaria de pedra seca, pedra e barro ou pedra e cal. A seguir estão relacionadas algumas paredes portantes: • paredes de taipa-de-pilão (Foto 1): são executadas com terra socada manualmente entre duas fôrmas de madeira. Esse tipo de parede constitui-se em uma das técnicas mais avançadas da Arquitetura Colonial Brasileira; • alvenaria de pedra seca (Foto 2): as pedras de dimensões semelhantes são superpostas e convenientemente travadas, adquirindo uma 22 estabilidade ditada pelo seu peso próprio e pela ação de cargas exteriores, sem a utilização de materiais de ligação e de revestimento; • alvenaria de pedra e barro (Foto 3): as pedras são ligadas entre si por uma argamassa de barro ou de terra. Essa argamassa preenche os vazios, distribuindo os esforços e tornando as alvenarias resistentes; • alvenaria de pedra e cal (Foto 4): o método executivo é semelhante à alvenaria de pedra e barro, substituindo a argamassa utilizada, que pode ser a argamassa de cal e areia ou cal e barro. Esse tipo de alvenaria tornou-se mais utilizado por apresentar melhores características mecânicas, maior resistência e rigidez, diminuindo consideravelmente a espessura das paredes; • alvenaria de adobe (Foto 5): Esta técnica consiste na fabricação de tijolos com uma combinação de terras arenosas ou argilosas, com ajuda de moldes simples de madeira, utilizando ligeiramente as mãos para moldar. As ligações eram feitas após a secagem, assentados com o uso de argamassa de terra, cal areia e terra ou de cal e areia (BARDOU; ARZOUMANIAN, 1981, p. 22; MILANEZ, 1958); • alvenaria de tijolo de barro cozido (Foto 6): são as estruturas mais recente e substituta de técnicas mais complexas, como, por exemplo, a taipa de pilão. Essa técnica permite mais facilidade de manuseio, assim como travamento e amarrações adequadas face às dimensões, pesos dos tijolos e resistência mecânica. Esse tipo de alvenaria auto-portante é feito com o empilhamento de tijolos, colocando-se alternadamente argamassa de assentamento para a execução. De acordo com Puccioni (1997, p.15), em construções mais antigas, os vãos de portas e janelas são estruturados com a colocação de peças de madeira, as vergas; mais recentemente têmse utilizado peças de concreto armado e de tijolos de barro cozido, esses muito utilizados em arcos de descargas. 23 Foto 1 – Parede de taipa de pilão Foto 2 – Alvenaria de pedra seca Foto 3 – Alvenaria de pedra e barro Foto 4 – Alvenaria de pedra e cal Foto 5 – Alvenaria de adobe Foto 6 – Alvenaria de tijolo de barro cozido Fonte: Mateus Martins Além das paredes e alvenarias portantes, ainda pode-se citar as estruturas autônomas, que são constituídas de paredes autônomas ou de vedação, consideradas estruturas secundárias. Elas promovem a vedação dos vãos e fazem o contraventamento junto com o piso da estrutura principal, evitando deslocamentos. São, portanto, estruturas que não têm função de suportar cargas, funcionando apenas como fechamento e divisoras de espaços internos da edificação, dando formas a esses espaços. Essas estruturas são compostas, principalmente, por peças de madeira ou pilares de alvenaria, sendo muito pouco usados pilares de alvenaria de pedra ou tijolo. A seguir estão relacionadas algumas paredes autônomas: • estruturas de madeira (Foto 7): as estruturas autônomas mais usadas são as de madeira, empregadas desde as casas mais modestas até os edifícios mais importantes em todo o Brasil. Essas estruturas são compostas de quadros de esteios, que são fincados no chão, diretamente no solo, com profundidades variáveis ou apoiados em alicerces de alvenaria. Essas paredes, quando atingem uma altura considerável, recebem os esteios, que são colocados entre o frechal e o baldrame, chamados de madres. A função dessa peça é aliviar as cargas do baldrame. Além dessas peças verticais e horizontais, existe o frontal tecido, que são peças diagonais, conhecidas como cruz de Santo André ou aspas francesas; 24 • parede de pau-a-pique (Foto 8): esse tipo de parede autônoma consiste na colocação de paus, freqüentemente roliços e com espessuras entre 0,15 e 0,20m, verticalmente entre os baldrames e os frechais, fixados com encaixes, pregos, cordas, cipós, couro ou fios de seda. Junto com essas madeiras são fixadas outras horizontais de diâmetros entre 0,10 a 0,15m, formando uma malha de paus roliços. Feita a trama, é o barro jogado e apertado sobre ela, trabalho que se faz apenas com as mãos, sem auxílio de qualquer ferramenta, o que tornou este sistema conhecido pelo nome de taipa de mão, taipa de sebe, pescoção, tapona ou sopapo (VASCONCELLOS, 1979, p. 45). As paredes de pau-a-pique são empregadas tanto no interior quanto no exterior dos edifícios, tendo a preferência pelo uso no interior ou nos pavimentos elevados, por ser bastante leve, ter pouca espessura e sua construção ser rápida. Nesse tipo de parede o tipo de dano não é fácil de avaliar, pois se deve distinguir os danos causados pelas deformações e pelos deslocamentos da estrutura principal. Neste caso, a medição de verticalidade e horizontalidade das peças da estrutura principal é o primeiro passo para o correto entendimento do comportamento estrutural (PUCCIONI, 1997, p. 17). Foto 7 – Estrutura de madeira Foto 8 – Parede de pau-a-pique Fonte: Mateus Martins Este estudo incide sobre edificações históricas, principalmente igrejas históricas da região da cidade do Rio de Janeiro, especificamente do centro da cidade do Rio de Janeiro, por serem testemunhos bem referenciados e documentados do patrimônio nacional em alvenaria. Além disso, uma característica específica do patrimônio monumental nacional e cultural, como é o caso das igrejas, é terem superado, ao longo de sua história, intervenções e danos mais freqüentes a nível estrutural, como, por exemplo, desmoronamentos, rotações, incêndio, etc. 25 Segundo Roque (2002), as possibilidades de livre rotação de elementos salientes e esbeltos, no prolongamento das paredes, como é o caso de algumas igrejas, se agravam com a presença de grandes aberturas, como óculos, janelas ou outras, ou pela elevada esbeltez das paredes, manifestando-se numa maior extensão de danos. A rotação das paredes de fachadas laterais tem, relativamente às paredes de fachada frontal, o agravante dos impulsos das coberturas, especialmente nas coberturas em abóbada. O movimento das paredes de fachadas laterais e sua esbeltez afeta total ou parcialmente as paredes de fachada frontal. Outros tipos de dano, muito freqüentes, relacionam-se com o mau comportamento da interação paredes-cobertura. Nas paredes, os mecanismos de dano são condicionados pela existência, ou não, de ligações entre aqueles elementos estruturais. A existência de aberturas nas paredes ou a sua elevada esbeltez influenciam fortemente a ocorrência desses mecanismos, assim como aumento de peso nas coberturas, resultado de eventuais intervenções de reparação/reconstrução. Além disso, há a utilização de materiais incompatíveis, sendo um importante contribuinte neste tipo de danos. Os danos nas alvenarias históricas quando as estruturas apresentam falhas ou colapsos em algumas partes são basicamente rachaduras, esmagamentos, deformações, entre outros. A deterioração dos materiais altera e reduz sua resistência. As origens dos danos podem ser atribuídos a um ou mais dos seguintes fatores: • erros e imperfeições do projeto original; • falta de conhecimento científico nas intervenções; • uso indevido da edificação; • biodeterioração; • introdução de materiais incompatíveis com o original; • fatores naturais de ação prolongada (chuva, umidade, variação de temperatura, poluição atmosférica, insetos, vegetação, vibrações, etc); • fatores naturais de ação ocasional (abalos sísmicos, ventos excepcionais, incêndios, inundações, choques de veículos, etc); • envelhecimento natural; • falta de conservação preventiva; 26 • vandalismo. Há três tipos de trabalho a serem realizados: os tipos de ações, as características dos materiais e os tipos de estruturas. As ações se dividem nos seguintes grupos: • ações mecânicas: se subdividem em ações estáticas e dinâmicas; • ações físico-químicas; • ações biológicas. A resistência dos materiais pode ser reduzida em conseqüência da deterioração devido às ações físico-químicas e biológicas, condições ambientais, tais como umidade, chuva, presença constante de água, altas temperaturas, e o tráfego de veículos, que causa vibrações e poluição, acelerando o processo de deterioração. As estruturas dependem principalmente das características dos materiais utilizados, suas formas e dimensões e a ligação entre diferentes elementos. Os problemas nas estruturas são causados por ações mecânicas ou pela redução da eficiência estrutural. Um outro fenômeno é a intervenção indevida do homem, causando efeitos negativos às estruturas do edifício. As principais patologias da alvenaria de pedra, como material estrutural, relacionam-se freqüentemente com: • fraca resistência a esforços de tração e, conseqüentemente, fraca resistência a esforços de flexão; • resistência à compressão muito dependente, especialmente em paredes compostas, do grau de confinamento transversal dos paramentos, da existência de material com pouca ligação no núcleo, do volume e da distribuição de vazios; • fraca resistência ao corte, condicionada quer pela fraca resistência da argamassa a tensões cisalhantes, quer pela fraca resistência a mecanismos de tração que se formam, no funcionamento global da parede, quando submetida a cargas horizontais no plano; 27 • fraca ligação transversal entre os paramentos constituintes da seção da parede, facilitando o mecanismo de ruptura por instabilidade local. Em estruturas de alvenaria de tijolo cerâmico, especialmente estruturas maciças, como muralhas e paredes pesadas, em geral, além das patologias comuns às paredes de pedra, destacam-se, entre os mecanismos associados às patologias mais freqüentes, fenômenos de fissuração e separação dos paramentos. Os tipos de paredes que serão estudadas são compostas de pedras rejuntadas com argamassas de cal. Essas alvenarias são de características complexas, dependendo de vários fatores, como, por exemplo, o tipo e a natureza das pedras e argamassas, as dimensões dos elementos e suas proporções na estrutura 1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA A escassez de conhecimento do comportamento de estruturas históricas foi o grande motivo para realização deste trabalho. Sendo grande parte do patrimônio histórico brasileiro constituído de alvenarias de pedra e cal, todos os objetivos deste trabalho foram direcionados para o estudo destes tipos históricos de materiais. No entanto, as construções antigas, além do valor patrimonial que representam, ocupam uma área significativa em muitos centros históricos urbanos, freqüentemente em mau estado de conservação, necessitando de requalificação com intervenções adequadas. Atualmente, a preservação da memória histórica e cultural de uma sociedade tem destaque em todo mundo. A preservação não se restringe apenas a uma questão de antiguidade, como se definia em outros tempos. De acordo com Parent (1984), essa preservação tende a englobar tudo o que se relacione a testemunhos culturais, ao estudo das mentalidades, aos modos de vida em todas as épocas, assim como aos vínculos do homem com a natureza, visto de um modo amplo e global. Desse modo, todo edifício ou conjunto arquitetônico de interesse histórico deve ser preservado, mesmo que sua ligação com a história não seja através de personalidades ou acontecimentos históricos relevantes. 28 Devido ao próprio envelhecimento, diversas estruturas antigas requerem uma avaliação do seu atual estado, tanto com relação à capacidade resistente quanto às condições de serviço. Segundo Machado (1998), em alvenaria de pedra seca, a identificação dos danos não é fácil, pois, em decorrência do fato de não possuir nenhum aglomerante, como as argamassas, a sua capacidade de deformação sem ruptura é muito grande. O dano mais comum é o aparecimento de lesões nas pedras por concentração de esforços devido ao apoio pontual entre pedras justapostas. Em outro tipo de alvenaria, como de pedra e barro, os danos estruturais são mais fáceis de identificar, pois o elemento aglomerante permite a criação de rupturas segundo linhas de força. Naturalmente existem complexos fenômenos envolvidos em estruturas de alvenaria histórica. A sua geometria, a grande variedade de elementos estruturais, a diversidade de materiais relacionados e os complexos carregamentos. A investigação, compreensão do comportamento mecânico e seus efeitos em estruturas, devem ser modelados através de programas experimentais. Deste modo, pretende-se, ao longo deste trabalho, cooperar com mais um conhecimento das estruturas históricas, com a finalidade de salvaguardar o patrimônio histórico brasileiro, além de propor uma conscientização das comunidades técnica e política pelo valor cultural que esses patrimônios representam para o país. 1.2 OBJETIVO Este estudo tem como objetivo a caracterização de propriedades geológicas, físicas e físico-mecânicas de materiais constituintes de paredes auto-portantes de pedra assentada com argamassa de cal de construções antigas, apresentando uma metodologia com finalidade de facilitar intervenções. Devido à complexidade de compreensão de uma alvenaria de pedra e argamassas de cal, o estudo propõe-se a apresentar um método de verificação das propriedades dos constituintes dessas alvenarias, buscando, através de ensaios laboratoriais, materiais de forma mais adequada e semelhança possível aos materiais existentes na estrutura que necessita de reparo. O trabalho propõe-se ainda contribuir para promover a aplicação, em todo o país, da metodologia para estudo de materiais utilizados em intervenções em 29 alvenarias antigas de pedra e cal, como base para o desenvolvimento de programas de preservação do patrimônio cultural edificado. Finalmente, propõe-se, com os resultados da pesquisa, permitir a organização de uma metodologia referencial teórico e prático das propriedades dos constituintes das alvenarias de pedra e cal, podendo servir de ferramenta de auxílio aos profissionais dessa área, além de ampliar a divulgação e especialização desse assunto. 1.3 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos traçados, passou-se por uma seqüência de pesquisa que envolveu primeiramente o levantamento, na bibliografia nacional e internacional, dos trabalhos já realizados, que deram os subsídios iniciais necessários para a pesquisa. Para tanto, procurou-se, em nível nacional: • realização de amplo levantamento bibliográfico, inicialmente realizado através do Projeto Casarões – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense; • revisão de trabalhos anteriores, desenvolvidos dentro de grupos de pesquisa no qual este trabalho estava inserido e provenientes de outras instituições brasileiras; • realização de pesquisas de campo em edificações históricas. Em nível internacional: • amplo levantamento bibliográfico, durante toda a pesquisa; • associação a organismos internacionais sobre recuperação, restauração, segurança, que permitiu o contato com pesquisadores internacionais, facilitando o conhecimento do estado-da-arte quanto à análise em estruturas históricas. Para conhecer as pesquisas relativas ao estudo de alvenarias de edificações históricas, buscou-se informações em trabalhos realizados anteriormente, por outros 30 pesquisadores: LOURENÇO, P. B., 2002 (Paredes de alvenaria); ROQUE, J. C. A., 2002 (Reabilitação estrutural de paredes antigas de alvenaria); OLIVEIRA, M. M., 1995 (Tecnologia da conservação e da restauração: materiais e estruturas); MACHADO, J. M., 1998 (Sintomatologia em edifícios antigos); CHINELLI, C. K., 1995 (Patologia e conservação de argamassas); APOLO E LUENGAS, 1995 (Curso: técnicas de intervenções em patrimônios arquitetônicos); BINDA E PENAZZI, 2000 (Classificação e tipologias das alvenarias em edificações históricas); CROCI, G. 1981 (Projetos de estruturas: análise de consolidações); MARTINS, M. C., 2003 (Métodos de consolidação de ruínas); CARDOSO, V. S. V., 2003 (Sistematização das causas das patologias em edificações antigas em pau-a-pique e pedra); PUCCIONI, S., 1997 (Restauração estrutural: uma metodologia de diagnóstico); CABRITA, A. R., 1992 (Manual de apoio à reabilitação dos edifícios do Bairro Alto: Lisboa); LAZZARINI E TABASSOS, 1986 (Restauro de pedras); GITAHY P. S., 2004 (Sistematização das causas das patologias em alvenarias de adobe e de tijolo maciço); EIJK, D. V., 2005 (Restauro de taipa de pilão: aspectos de materiais, técnicas construtivas, patologia e restauração); APPLETON, J. A., 1993 (Tecnologia de intervenção em edifícios antigos: consolidação de estruturas). A segunda etapa foi selecionar as igrejas e outras edificações históricas e obter, junto aos órgãos de patrimônio e/ou responsáveis, autorização para a realização das pesquisas. A princípio foi feita uma identificação preliminar das edificações constituintes da amostra de estudo. Trata-se de um conjunto de igrejas localizadas na cidade do Rio de Janeiro, mostradas na Tabela 1. Porém, fica claro que a retirada de amostras de qualquer patrimônio histórico é de grande dificuldade, dependendo da aprovação do instituto ao qual o patrimônio está ligado. O instituto em questão é o IPHAN-Rio (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Rio de Janeiro – 6a Superintendência Regional), ao qual grande parte das construções tombadas da cidade do Rio de Janeiro e região estão ligadas. Por isso, foi feita uma classificação das possíveis igrejas e outras construções históricas, através de descrições sucintas dos históricos e auxiliados por fotografias, que forneceram uma pequena amostra de material e colaboraram com a pesquisa. O IPHAN-Rio autorizou a retirada das amostras nas seguintes edificações históricas: • Igreja Nossa Senhora da Candelária, Centro, Rio de Janeiro; 31 • Capela de Santa Cruz, na Fazenda da Taquara, Rio de Janeiro; • Ruínas de Itaipu: Recolhimento de Santa Teresa – Museu de Arqueologia, Itaipu, Niterói-RJ; • Prédio do IPHAN – 6ª Superintendência Regional. Av. Rio Branco, 46, Centro, Rio de Janeiro; • Capela de Nossa Senhora das Graças, no Educandário da Misericórdia. Rua São Clemente, 446, Botafogo, Rio de Janeiro. • Catedral da Antiga Sé. Rua 1o de Março, Centro, Rio de Janeiro. • Igreja Nossa Senhora da Saúde. Saúde, Rio de Janeiro. Tabela 1 – Relação preliminar das igrejas do centro da cidade do Rio de Janeiro IGREJA CONSTRUÇÃO Igreja do Convento de Santo Antônio 1608/1620 Igreja de Nossa Senhora de Monserrat, do Mosteiro de São Bento Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito 1589, 1670/1772 LOCALIZAÇÃO Morro de Santo Antônio – Largo da Carioca Rua Dom Geraldo, 68 – Centro 1657/1747 Morro de Santo Antônio – Largo da Carioca 1708/1737, 1967 Rua Uruguaiana, 77 – Centro (reconstrução após incêndio) Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro 1714/1739 Praça Nossa Senhora da Glória, 135 – Glória Igreja de Santa Rita de Cássia 1721 Largo de Santa Rita – Centro Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa 1735 Rua do Rosário – Centro Morte Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos 1870 Rua do Ouvidor – Centro Mercadores Igreja de Nossa Senhora do Carmo, da Lapa 1751 Largo da Lapa – Lapa Igreja de Santa Luzia 1752 Rua Santa Luzia, 490 – Centro Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora 1755/1770 e Rua 1º de Março – Centro do Monte do Carmo 1772/século XIX Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens 1758/1803 Rua da Alfândega, 54 – Centro Igreja da O.P. de N. Senhora do Carmo 1761 Rua 1º de Março – Centro Igreja de Nossa Senhora da Candelária 1775/1898 Av. Presidente Vargas – Praça Pio X – Centro Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso 1637 Largo da Misericórdia – Centro Igreja de Santa Cruz dos Militares 1780/1811 Rua 1º de Março, 36 – Centro Igreja de São José 1634/1640 Av. Presidente Antônio Carlos – Centro Igreja do Santíssimo Sacramento 1816/1859 Av. Passos, 50 – Centro A terceira etapa consistiu da coleta de amostras de pedras e de argamassas para determinar suas principais características, identificando, principalmente, o tipo petrográfico da rocha e as principais propriedades das argamassas, como, por exemplo, o traço mais provável em massa. 32 Os ensaios sobre argamassas, provenientes de alvenarias antigas, para o estudo das suas principais propriedades foram realizados no Laboratório de Argamassas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense. Os ensaios de apreciação macroscópica petrográfica das amostras de rochas coletadas nas edificações foram realizados no Laboratório de Petrografia do curso de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o auxílio do Prof. Joel Valença. Nesse ensaio foi possível descrever todas as amostras coletadas nas edificações, definindo cada tipo petrográfico, ou seja, o tipo da rocha. A realização dos ensaios em laboratório requer a escolha de amostras de acordo com os requisitos próprios de cada ensaio. No entanto, devido à dificuldade da coleta de amostras de alvenarias de significativas dimensões de edificações antigas, principalmente no caso de igrejas históricas, faz-se a coleta de componentes (argamassa e pedra) ou de associações de reduzidas dimensões. Após a caracterização desses materiais, teve-se a quarta etapa da pesquisa, onde foi necessária a pesquisa de pedreiras na região metropolitana do Rio de Janeiro. A finalidade foi de buscar rochas com as características mais próximas das pesquisadas nas igrejas e demais edificações e de dimensões indicadas pelas normas técnicas para a realização de cada ensaio importante para o estudo. A coleta de materiais foi realizada na Pedreira Tamoio S/A, em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro. Em todo o material coletado na pedreira foi realizada a apreciação macroscópica petrográfica, verificando a semelhança do material em relação aos retirados das edificações. A quinta etapa consistiu em realizar os ensaios em rochas para determinação de importantes propriedades. Os ensaios de caracterização tecnológica são importantes em todos os segmentos de estudos e aplicação de rochas. Com a finalidade de caracterizar o material rochoso semelhante aos constituintes nas alvenarias históricas de pedra e cal foram realizados ensaios para a caracterização geológica, física e físico-mecânica das rochas coletadas da pedreira. Os ensaios realizados foram os seguintes: • Índices Físicos: massa específica aparente (seca e saturada), porosidade aparente e absorção d’água aparente. Esses ensaios foram realizados no 33 Laboratório de Estruturas e Argamassas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense; • Compressão Uniaxial: esse ensaio foi realizado no Laboratório de Mecânica e Tecnologia das Rochas da Universidade Federal do Rio de Janeiro; • Esmagamento: esse ensaio foi realizado no Laboratório de Mecânica e Tecnologia das Rochas da Universidade Federal do Rio de Janeiro; • Composição Química: esse ensaio foi realizado no Laboratório de Análises Químicas e Processamentos Cerâmicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro; • Petrografia: esse ensaio foi realizado no Laboratório de Petrografia Microscópica do Curso de Geologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Em função do tamanho das amostras de rochas coletadas nas edificações, além dos ensaios de apreciação macroscópica petrográfica, foi possível realizar, também, os ensaios de índices físicos. Nesse ensaio foi possível verificar: massa específica aparente (seca e saturada), porosidade aparente e absorção d’água aparente de cada uma das amostras coletadas nas edificações e fazer uma correlação com o mesmo ensaio realizado nas rochas coletadas na pedreira. Esses ensaios foram realizados no Laboratório de Estruturas e Argamassas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense. A sexta etapa foi a de tabulação dos dados coletados nos ensaios realizados em rochas e em argamassas, de modo a caracterizar as propriedades geológicas, físicas e físico-mecânicas desses materiais e com a utilização da metodologia proposta pelo estudo para as aplicações voltadas para intervenções de recuperação e de restauração de alvenarias históricas de pedra e argamassas de cal. 1.4 APRESENTAÇÃO Este trabalho foi estruturado em nove capítulos, para além do presente Capítulo 1: Introdução. Inicialmente apresenta-se, no Capítulo 2, edificações históricas, assuntos sobre a restauração e a utilização da pedra no decorrer da história no panorama 34 mundial, bem como no panorama brasileiro. Trata-se, também, de mostrar as igrejas da cidade do Rio de Janeiro que são edificações importantes para esse trabalho. No Capitulo 3 é exposto o estado da arte sobre os assuntos ligados à pesquisa, como trabalhos sobre caracterização de matérias de alvenarias históricas realizados em outros países, como, por exemplo, Itália, Eslovênia e Portugal, de modo que esses trabalhos experimentais forneceram um conjunto de dados para diversas pesquisas posteriores. As alvenarias de edificações históricas estão apresentadas e discutidas no Capítulo 4. A classificação dos materiais e das formas das alvenarias formam importantes parâmetros para a avaliação da resistência e comportamento dessas estruturas históricas. No Capítulo 5 são explanadas as argamassas e os materiais que são normalmente encontrados em alvenarias históricas. São mostradas as propriedades e as principais funções das argamassas existentes nessas alvenarias. Apresenta-se, no Capítulo 6, gênese das rochas e ensaios tecnológicos em rochas. São mostradas as classificações das rochas e os ensaios mais utilizados para determinar suas propriedades geológicas, físicas e físico-mecânicas. No Capítulo 7 são apresentados os ensaios realizados nas amostras de argamassas e nas rochas coletadas nas edificações e na pedreira. Além dos ensaios, são descritas as edificações onde foram possíveis as retiradas das amostras. No Capítulo 8 e com base nos estudos dos ensaios do capítulo anterior, apresentam-se as análises dos resultados dos ensaios. Finalmente, no Capítulo 9, apresentam-se as conclusões finais retiradas das diversas análises efetuadas e da metodologia proposta, além de algumas sugestões para futuros trabalhos. 2 EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS 2.1 INTRODUÇÃO O objetivo fundamental da preservação do patrimônio edificado é a conservação do substrato histórico existente, resultando em sua permanência no tempo e no espaço. A preservação do patrimônio edificado é fundamental para a guarda da identidade cultural nacional e local, pois a caracteriza e lhe confere personalidade própria. O bem preservado somente tem sentido se vinculado a um contexto, e as edificações são a expressão da dinâmica da cidade ao longo da sua história. O patrimônio cultural de um povo não se constitui só dos bens móveis ou imóveis, independentemente de serem públicos ou privados, porém de toda manifestação que se origine de conceitos históricos, ambientais, paisagísticos, arquivísticos, etnográficos, que, em alguma época, possam ter contribuído para a consolidação da identidade de um grupo social. Aspectos estilísticos cognitivos e afetivos com a população local devem ser sempre ajuizados no processo de investigação de um bem a preservar. Ao proteger os bens culturais de uma sociedade, visa-se na realidade preservar-lhe a identidade cultural, pois, ao perder ou ver alteradas expressivas manifestações arquiteturais, o indivíduo perde também os referenciais que permitem sua identificação com a cidade em que vive. Os argumentos utilizados como justificativa para a preservação do patrimônio cultural edificado são vários. Pode-se dizer que o primeiro deles é o interesse histórico relacionado com as personalidades e os fatos relevantes da história, seja nacional, regional ou local. Neste tipo de preservação estão, principalmente, as edificações de caráter oficial ou religioso. Uma outra justificativa para a preservação é quando o edifício representa um determinado período do desenvolvimento histórico nacional. Como exemplo, as sedes das fazendas encontradas nas regiões 36 açucareiras e cafeeiras. Em terceiro lugar, a justificativa está relacionada com a preservação de técnicas e de materiais construtivos de vários períodos da arquitetura, podendo aproveitar o conhecimento de soluções antigas a fim de ajudar nas novas propostas tecnológicas da construção civil, nas conservações e nas restaurações. 2.2 RESTAURAÇÃO O princípio da restauração na análise de algumas teorias e recomendações tem como fundamento a autenticidade da relação do novo no velho e tentativas de incorporar a tecnologia e a ciência, com conceitos fundamentados, diante de valores históricos. 2.2.1 Século XIX Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc (França, 1814 – 1879) foi um dos principais nomes dos princípios da restauração. Viollet-le-Duc foi interpretado erroneamente como somente intérprete da cultura gótica, além de interesses materiais de seus adversários. Ele conduziu uma cuidadosa pesquisa de todos os estilos, desde a produção passada e contemporânea, dando-lhe o título de precursor da arquitetura moderna. Suas pesquisas enfocam as relações geométricas como relações estéticas. Defendeu, também, o estudo aprofundado do monumento e o emprego de materiais para prolongar a sua existência. De acordo com Freitas (2002), suas tentativas de racionalização dos procedimentos impulsionaram polêmicas no processo de amadurecimento da teoria de restauração e deixaram um conjunto de pensamentos que são válidos até hoje, podendo-se citar: • manutenção das características estruturais originais, em aparência e funcionamento; • cada caso é um caso; acreditava-se que princípios absolutos poderiam levar a contra-sensos; • todos os trabalhos deveriam ser feitos com base em dados concretos e não em hipóteses; 37 • nada é mais perigoso do que a hipótese nos trabalhos de restauração (KUHL, 1998, p.189). Jonh Ruskin (Inglaterra, 1819 – 1900) e William Morris (Ingaterra, 1834 – 1896) defendiam a postura não intervencionista em relação aos antigos monumentos. Eles, contemporâneos de Viollet-le-Duc, diziam que restaurar um objeto ou um edifício era atentar contra a autenticidade da sua própria essência. Consideravam um sacrilégio qualquer intervenção, dizendo que as marcas que o tempo imprimiu fazem parte de sua essência, sendo proibido tocá-los. Segundo Choay (1992), John Ruskin escreveu que a restauração é a destruição mais completa a que se pode submeter um monumento; embora condene os antigos edifícios à ruína e à degradação progressiva, admite ser possível consolidá-lo, desde que seja de maneira visível. Com essas duas doutrinas opostas, Camillo Boito (Itália, 1839 – 1914) era privilegiado para o seu tempo, pois era engenheiro, arquiteto e historiador da arte. Ele concordava com Ruskin na concepção de restauração fundada em relação à autenticidade, com a finalidade de obter sinceridade e beleza. Porém, concorda também com Viollet-le-Duc, sendo nesse aspecto contra Ruskin, sustentando a prioridade do presente sobre o passado, reafirmando a legitimidade da restauração. A primeira “Carta de Restauro Italiana”, apresentada por Camillo Boito no IV Congresso dos Engenheiros e Arquitetos italianos de 1883, foi fortemente inspirada na restauração do Arco de Tito (1818 – 1821), sendo por muitos, ainda, considerada uma obra prima nesse assunto (Foto 9). O arco foi ressarcido da sua parte caída, após rigorosos estudos e, na parte reconstruída, foi utilizado um material diferente, com detalhes de maneira simplificada, identificando a intervenção recente (Foto 10). Foto 9 – Arco de Tito Foto 10 – Detalhes do Arco de Tito Fonte: http://www.artehistoria.com/ 38 Por último, Camillo Sitte (Itália, 1843 – 1903) propõe a idéia de que o monumento não deveria ser visto isoladamente, e sim como um conjunto, preservando os traços urbanos tradicionais. Propunha a estética da cidade, a defesa do urbanismo com arte e a preservação de edificações históricas. Essas teorias são os princípios do atual conceito de conservação do patrimônio histórico e foram fundamentais para o crescimento urbano no final do século XIX, no contexto da revolução industrial e surgimento de novas técnicas e materiais. 2.2.2 Século XX Na Europa houve grandes transformações no início do século XX devido ao processo de industrialização, levando a mudanças radicais da urbanização.Com isso, cresce o interesse em se preservar o patrimônio histórico. Um dos fundadores da Escola Superior de Arquitetura de Roma, em 1920, Gustavo Giovannoni (Itália, 1873 – 1947), que era engenheiro, arquiteto, historiador da arte e urbanista, foi o introdutor do estudo da História da Arquitetura. Introduziu entre os estudos fundamentais o levantamento arquitetônico dos monumentos e a história e restauração dos monumentos. Para Kuhl (1998), ele se dizia discípulo de Camillo Boito, sendo que os projetos de restauração deveriam ser baseados em estudos rigorosos, dando maior atenção ao valor documental e histórico do monumento do que o valor artístico, denominando de “restauro científico”. Segundo Choay (1992), Gustavo Giovannoni fundou uma doutrina da conservação e restauração urbana, e equivale à antecipação de diversas políticas de preservação urbana aplicadas na Europa desde 1960, podendo ser, resumidamente, como mostrada a seguir: • todo fragmento urbano antigo deve ser integrado em um plano regulador local, regional e territorial que simbolize precisamente sua relação com a vida presente, formando uma manutenção do caráter social da população; • o conceito de monumento histórico não será a designação de um edifício isolado do contexto construído no qual ele se insere. O ambiente urbano resulta da arquitetura maior e de seu entorno. Isolar ou desarticular um monumento do seu entorno equivale a multilá-lo. 39 A preservação do patrimônio cultural é regida pelas Cartas Patrimoniais através de conceitos de recuperação, restauração, revitalização e conservação de monumentos de interesses culturais, históricos e arquitetônicos. Essas cartas e teorias mostram a preocupação da sociedade em compreender as mudanças culturais ao longo do tempo e valorizar a preservação dos bens históricos e artísticos. As Cartas Patrimoniais tiveram modificações ao longo dos anos em relação à abordagem aos interesses. Em âmbito internacional, a preservação do patrimônio cultural é uma preocupação que começa com a “Carta de Atenas” de outubro de 1931 (Escritório Internacional dos Museus Sociedade das Nações), onde se apresenta uma predominância das reconstituições integrais, assegurando a conservação das edificações. Quanto à restauração, coloca-se rigidamente a conservação do estilo da obra e adota-se a revitalização como forma de manutenção, preservando o caráter histórico. Além disso, há o caráter legislativo, que preocupa-se com as circunstâncias locais e a opinião pública quanto à finalidade do monumento histórico. Há, também, propostas das possíveis degradações que afetam a edificação histórica. Essa carta promove o princípio da conservação e restauração dos bens culturais, com grande divulgação cultural através de documentos produzidos pela UNESCO, criando o Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauração dos Bens Culturais. Em seguida, tem-se a “Carta de Atenas” de outubro de 1933 (Assembléia do CIAM – Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), onde se apresenta as influências sócio-econômicas urbanas relacionadas ao homem e coloca-se a história refletida no traçado arquitetônico, onde nele fica demonstrado o caráter da cidade e sua função, como, por exemplo, turística, industrial, de salvaguarda, entre outras (SILVA, 2000). Esta carta contém conceitos de urbanismo que atualmente são bem mais flexíveis, admitindo que as mudanças em uma cidade são contínuas. Segundo a Carta de Atenas (IPHAN, 2006), no texto em que diz que quando era uma cidade de colonização, organizavam-na como um acampamento, com eixos de ângulos retos e cercada de paliçadas retilíneas. Tudo nela era ordenado segundo a proporção, a hierarquia e a conveniência. Os caminhos partiam dos portões da muralha e estendiam-se obliquamente na direção de alvos distantes. Quanto à conservação das cidades de salvaguarda e conservação, sugere demolições ao redor de monumentos históricos de forma a criar áreas verdes, 40 enfocando a necessidade de um crescimento urbano vigiado, eliminando e solucionando os fatores determinantes de degradação. De acordo com Soares (2004), com a segunda Guerra Mundial, os debates e a atuação no campo do patrimônio histórico tiveram grandes mudanças. A amplitude da devastação causada pelo conflito, as grandes transformações, renovaram a forma de encarar o assunto. Nessa época surge o chamado “Restauro Crítico”, no início da década de 1940. Entre os principais teóricos estavam Roberto Pane, Cesare Brandi, Pietro Gazzola, Renato Bonelli e Giulio Carlo Argan. Essa teoria é baseada em uma avaliação histórico-crítica do objeto, levando em consideração todas as fases históricas significativas. Anos depois, tem-se a “Carta de Veneza” de maio de 1964 (Carta Internacional sobre conservação e restauração de monumentos e sítios – II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos – ICOMOS – Conselho Internacional de Monumentos e Sítios), aprimorando a “Carta de Atenas” de 1931, propondo a formulação de um plano internacional visando a conservação dos bens culturais, cabendo a cada nação aplicá-los no contexto de sua própria cultura e tradições. Essa carta levanta a necessidade de considerarem, com o mesmo grau de interesse e importância dos monumentos isolados, tanto os sítios urbanos e rurais quanto obras modestas que, com o tempo, adquiriram um significado cultural (COELHO, 2001, p. 15). De forma mais abrangente, tem-se a opinião de Varine-Bohan (1974, p. 12), que o patrimônio cultural se apresenta como um dos aspectos gerais do patrimônio global da humanidade. Para ele, o patrimônio se compõe basicamente do meio ambiente do homem, do conjunto de conhecimentos acumulados e do conjunto de bens culturais, que seria tudo aquilo que o homem produziu com o intuito de suprir as necessidades de sua vida e de seu desenvolvimento. Logo depois, a “Carta do Restauro” de abril de 1972 (Ministério de Instrução Pública – Governo da Itália), propondo diversas formas e metodologias a serem respeitadas para a preservação, recuperação, restauração e revitalização de obras de arte, como, por exemplo, monumentos arquitetônicos, pinturas, esculturas, artes populares contemporâneas e centros históricos. Segundo Silva (2000), “salvaguarda” é qualquer medida de conservação que implique em intervenção direta sobre uma obra, e, “restauração”, qualquer intervenção destinada a prolongar a vida útil do monumento, preservadas as características originais, admitindo 41 modificações ou inserções para consolidação com a finalidade de conservar a estrutura interna. Ressalta ainda que qualquer intervenção deve ser realizada com técnicas e materiais que assegurem outra eventual intervenção para salvaguarda ou restauração, sempre deixando o testemunho do estado anterior à operação, e, se necessário, alguma adição às partes eliminadas, que deverão ser conservadas ou documentadas. Em âmbito nacional, o compromisso do governo brasileiro para a preservação do patrimônio histórico arquitetônico tem início três anos após a edição da “Carta de Atenas” de 1933, com a elaboração de uma lei para a proteção do patrimônio histórico artístico nacional, através do Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, determinando a criação do Serviço do Patrimônio Cultural Brasileiro, contando com os seguintes nomes: Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Afonso Arinos, Lúcio Costa, Carlos Drumond de Andrade e Rodrigo Silva. Então, em 1937, o Governo Getúlio Vargas promulga o Decreto-Lei nº 25 e cria o SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), atualmente IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), vinculado ao Ministério da Cultura. Esse Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, é o início de um trabalho nacional para a preservação da história e da identidade nacional, levando, principalmente, em consideração, o tombamento e os efeitos do tombamento. O primeiro encontro nacional sobre a preservação do patrimônio histórico brasileiro foi através do “Compromisso de Brasília”, de abril de 1970 (1º Encontro dos Governadores de Estado, Secretários Estaduais da área Cultural, Prefeitos de Municípios Interessados, Presidentes e Representantes de Instituições Culturais), onde fica estabelecida a criação de órgãos estaduais e municipais articulados com os Conselhos Estaduais de Cultura e com a Diretoria do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, atendendo ao Decreto-Lei nº 25 de 1937. Nesse documento, além de dedicar a proteção aos monumentos, à cultura tradicional e à natureza, ainda é prevista a criação de cursos específicos para a área de recuperação, restauração e conservação do patrimônio artístico nacional. Determina, também, que universidades promovam entrosamento entre as bibliotecas e arquivos públicos, além de enfatizar a conscientização cívica de preservação desses bens, e tudo que eduque a população a respeitar os monumentos históricos. Anos depois, tem-se a “Carta de Petrópolis” de 1987 (1º Seminário Brasileiro para Preservação e Revitalização de Centros Históricos). Essa carta recomenda a 42 preservação dos sítios históricos urbanos (SHU), por ser um espaço que concentra testemunhos do fazer cultural da cidade em suas diversas manifestações. É a parte de um contexto amplo que comporta as paisagens natural e construída, assim com a vivência de seus habitantes num espaço de passado e de presente. A preservação dos SHU, além de necessária para a expressão e consolidação da cidadania, não deve dar-se à custa de exclusividades de usos, nem mesmo de ditos culturais, devendo, necessariamente, abrigar os universos de trabalho e cotidiano, onde manifestam as verdadeiras expressões de uma sociedade heterogênea. Passado dois anos, tem-se a “Carta de Cabo Frio”, de seis de outubro de 1989 (Vespuciana – Encontro de Civilizações na América – Conclusões e Recomendações do Seminário). O Comitê Brasileiro do ICOMOS (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) se reuniu em Cabo Frio (RJ), com a presença de diversos países da América Latina, para discutir a defesa, o resgate do patrimônio e da identidade cultural de seus bens culturais. Esse documento teve como maior importância defender a revisão da história americana, reconhecendo o papel das populações do continente, para a garantia da autonomia das sociedades e culturas indígenas, assegurando a posse e usufruto exclusivo de suas terras e a preservação de suas línguas e culturas, fatores centrais de sua identidade. Assim, o documento procura realizar a salvaguarda do patrimônio natural e cultural da América Latina, a fim de evitar o isolamento cultural e garantir a integração latinoamericana. Desse modo, com a finalidade de preservação do patrimônio histórico mundial, além das cartas, recomendações e declarações citadas anteriormente, têmse outras, como, por exemplo, as descritas a seguir: “Recomendação de Nova Delhi”, 5 de novembro de 1956; “Recomendação de Paris”, de dezembro de 1962; “Recomendação de Paris”, 19 de novembro de 1964; “Normas de Quito”, novembro e dezembro de 1967; “Recomendação de Paris”, novembro de 1968; “Compromisso Salvador”, outubro de 1971; “Declaração de Estocolmo”, junho de 1972; “Recomendação de Paris”, 16 de novembro de 1972; “Resolução de São Domingos”, dezembro de 1974; “Declaração de Amsterdã”, outubro de 1975; “Manifesto Amsterdã”, outubro de 1975; “Carta do Turismo Cultural”, novembro de 1976; “Recomendações de Nairóbi”, novembro de 1976; “Carta de Machu Picchu”, dezembro de 1977; “Carta de Burra”, 1980; “Carta de Florença”, maio de 1981; “Declaração de Nairóbi”, maio de 1982; “Declaração Tlaxcala”, outubro de 1982; 43 “Declaração do México”, 1982; “Carta de Washington”, 1986; “Carta de Washington”, 1987; “Declaração de São Paulo”, 1989; “Recomendação de Paris”, 15 de novembro de 1989; “Carta de Lausane”, 1990; “Carta do Rio”, junho de 1992; “Conferência de Nara”, 6 de novembro de 1994; “Recomendação Europa”, 11 de setembro de 1995; “Declaração de Sofia”, 9 de outubro de 1996; “Declaração de São Paulo II”, 1996; “Carta de Fortaleza”, novembro de 1997; “Carta de Mar del Plata”, junho de 1997; “Cartagenas de Índias – Colômbia”, 25 de maio de 1999 e “Recomendações Paris 2003”, 17 de outubro de 2003. Segundo Kuhl (1998), o patrimônio histórico passa a englobar não apenas os grandes monumentos isolados de qualidade excepcional, mas também ambientes urbanos ou rurais inteiros, dando maior importância ao tecido urbano e à arquitetura venacular. Passou a incorporar também edificações mais recentes, considerando não apenas testemunho de gerações passadas, mas valores sociais e econômicos atuais. Hoje, tem-se valorizado mais os aspectos históricos, devido à grande quantidade de bens que passaram a ser considerados patrimônio histórico. Consideram-se outras formas de atuação, sendo aplicados ao patrimônio histórico novos métodos, como, por exemplo, reutilização, reabilitação e recuperação. 2.3 A UTILIZAÇÃO DA PEDRA NA HISTÓRIA 2.3.1 Panorama geral A Idade da Pedra foi o marco inicial das atividades do homem e, desde então, a pedra tem sido a colaboradora inestimável da história, documentando, através dos tempos, povos e costumes. Segundo Cavalcanti (1951), é no final do Neolítico ou Idade da Pedra e início da Idade do Bronze que surgem as primeiras construções de pedra, principalmente entre os povos do Mediterrâneo e os da costa atlântica. Esses monumentos não tinham a função de habitação, e sim de templo ou de câmaras mortuárias. Conceituam-se como arte pré-histórica todas as manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das civilizações antigas. No entanto, isso pressupõe uma grande variedade de produção, por povos diferentes, em locais diferentes, mas com algumas características comuns: a arte produzida possuía uma 44 utilidade, material, cotidiana ou mágico-religiosa: ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações específicas, como a caça. As manifestações arquitetônicas surgiram a partir do momento que o homem passou a desenvolver uma agricultura dentro do sistema de plantação e colheita. Surgiu a necessidade de se fixar nestas localidades por um tempo até então indeterminado. De inicio, ainda faziam uso de abrigos naturais ou confeccionados com fibras naturais, mas, com o passar do tempo, passaram a usar pedras na construção de seus abrigos, câmaras mortuárias e templos. Estes monumentos eram denominados megalíticos, que poderiam ser classificados de dolmens – espécie de galerias de acesso às tumbas (Foto 11), menires – que eram pedras cravadas no chão na posição vertical (Foto 12), e os cromlech, que nada são além de dólmens e menires organizados em círculos. Foto 11 – Dolmen Foto 12 – Menir Fonte: http://www.italiamiga.com.br Uma curiosidade sobre essas pedras é que elas pesavam mais de três toneladas, fato que requeria o trabalho de muitos homens e o conhecimento da alavanca. Os mais conhecidos ficam na Ilha de Malta e Carnac, na França, além de Stonehenge (Foto 13), localizado na Inglaterra, que, apesar dos seus quatro mil anos, é uma obra de arquitetura, devido aos atributos que tornam dignos desta expressão. De acordo com Carvalho (1966, p.15), Stonehenge foi uma legítima obra de arte e é hoje uma ruína onde os arqueólogos descobrem revelações que patenteiam conhecimentos astronômicos no que se refere às estações do ano e a datas solticiais e equinociais (Figura 1). 45 Figura 1 – Esquema de Stonehenge restaurado em relação a astronomia Fonte: http://www.artehistoria.com/ Foto 13 – Stonehenge, Inglaterra No Período Paleolítico foram feitas as primeiras pinturas em cavernas e paredes externas de pedra, representando vários animais alvos de suas caças. Utilizavam, em seus trabalhos, carvão, terra e sangue, entre outros materiais como instrumentos de pintura. Arte Rupestre é o nome que se dá a estas manifestações ocorridas na Era Paleolítica. A Arte do Período Mesolítico tendenciou à esquematização de apresentação de cenas, as pinturas já retratavam guerras inter-tribais, cenas da colheita, além das caçadas. Curiosamente, foi neste período que o homem passou a dividir o trabalho por sexo, dando grandes passos rumo ao desenvolvimento e à sobrevivência de forma mais segura. Também foram marcos desta era o domínio do fogo e a domesticação dos animais – fatores que contribuíram para diminuir sua dependência com relação à natureza. Na Era Neolítica, a arte é caracterizada pelo surgimento de parâmetros geométricos, relacionada a uma suposta evolução dos padrões naturalista-realistas para um abstracionismo na representação das formas. Surgiram a cerâmica, a fiação e a tecelagem, assim como métodos básicos da construção arquitetural em madeira, tijolo e pedra, os instrumentos de pedra, cada vez mais apurados e uma variedade infinita de vasos de barro, cobertos de desenhos abstratos e geométricos, mas nada que se compare à pintura e à escultura paleolíticas. Seguindo a linha do tempo, tem-se a Idade dos Metais, o cobre, o bronze e o ferro, onde praticamente surgiu a metalúrgica, com a fabricação de instrumentos por meio de fundição. Foi neste período do tempo que surgiram objetos como o espelho, além de alguns utensílios domésticos, trabalhados ainda de modo bem rudimentar. A Era dos Metais foi fundamental dentro do processo de desenvolvimento da humanidade. Com o dom da metalúrgica, somado à criatividade e à precisão dos 46 trabalhos executados com ferramentas específicas, o homem pôde aprimorar seus conceitos, alavancando melhorias na pintura, na escultura (com traços mais específicos) e, consequentemente, na arquitetura. Foi um marco, juntamente com a escrita, na divisão da arte e da História, pois foi aí que surgiram as primeiras tentativas de comunicação, que se deu através das manifestações artísticas. Segundo Soares (2004), o Egito, a Mesopotâmia e o corredor sírio-palestino podem ser considerados o berço das primeiras civilizações. Essa região estende-se desde o sudeste do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico (incluindo, atualmente, os seguintes países: Egito, Líbano, Israel, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque). Eles têm a precedência da técnica, além da organização política com vastas cidades fortificadas. Os egípcios construíram com pedra templos e túmulos que até hoje resistiram à destruição dos homens e dos séculos. O calcário, o arenito e o granito eram as pedras de que dispunham. As pirâmides, como, por exemplo, a Pirâmide de Keops (2480 a.C.) (Foto 14), as Esfinges, os templos de Luqsor, de Karnak, de Der-AlBahri, talhado em rocha calcária, o obelisco de Heliópolis, em granito vermelho, com 20m de altura, e outros tantos monumentos deixados pelos Egípcios, são testemunhos exuberantes do uso da pedra natural na antiguidade. A pirâmide de Keops, presentemente despida de seu revestimento, constitui uma enorme escada em forma de pirâmide e representa 2.352.000,000m3 de pedra calcária (Rocha, 2000). Foto 14 – Pirâmides de Keops, Egito, 2480 a.C. Fonte: http://www.artehistoria.com/ A Tabela 2 mostra a classificação da arquitetura egípcia em função da sua utilização (Rocha, 2000). 47 Tabela 2 – Classificação da arquitetura egípcia em função da sua utilização Religiosos Monumentos Civil Arquitetura Egípcia Propriamente ditos Palácios Residências Militar Funerários Templos comuns, subterrâneos e quiosques. Mastabas, hipogeus e pirâmides. Fortalezas Obeliscos e esfinges Terrenos 80m x 40 m, com entradas separadas para público e moradores. Construções de tijolos com tetos planos. Construídas nas proximidades dos desertos sobre planaltos, com paredes de tijolos crus e 10 m de espessura. Fonte: Rocha, 2000 Segundo Carvalho (1966, p.19), a arquitetura seguirá em dois ramos distintos: um que irá para o Oriente (Índia, China e Japão) e outro que avançará sobre o Ocidente e já há quase cinco mil anos começa a saltar de ilha em ilha do Mar Egeu para atingir Creta (fundando a idade de Minos) e alcançar o continente (Micenas e Corinto), onde crescem a Lídia, a Frigia, a Caria e a Lícia, fixando-se na Grécia, evoluindo sempre para formas mais livres. Na Grécia, das escavações realizadas no início do século XX afloraram as ruínas dos grandes palácios de Cnosso e de Festo e da vila real de Haghia Triada. Esses palácios foram construídos com pedra calcária local, sendo que, no palácio de Cnosso, foram encontrados locais revestidos com duas camadas de argamassa de cal e fibras de cabelo (ARGAN, 2003; GUIMARÃES, 2002). Sua arquitetura tinha uma preocupação com espaços internos e externos, dando-se importância a valores sobre as esculturas. A Grécia restringe-se à utilização de soluções muito primitivas: elementos horizontais apoiados em outros verticais, como nos dolmens préhistóricos. No fim do século VIII e, sobretudo, no VII a.C., os templos foram adquirindo maior identidade, tanto pela melhoria dos materiais empregados, como pelo aumento das dimensões. Geralmente as construções eram feitas sobre alicerces de pedra, com paredes de adobe e estrutura de madeira. A pedra como componente estrutural importante foi sendo incorporada pouco a pouco. No templo de Hera, em Olímpia, comprova-se a substituição dos suportes de madeira por colunas de pedra. A pedra acabou por se impor como o principal material de construção. Os templos e as ordens clássicas atingem seu esplendor no século V a.C. O Partenon, inaugurado em 438 a.C., totalmente em mármore, é a mais 48 grandiosa expressão do templo dórico (Foto 15). O templo de Zeus Olímpico, em Atenas, é o maior de toda a Grécia, cujas colunas têm cerca de 18m de altura. Foto 15 – Partenon: Atenas, 438 a.C. Fonte: http://www.artehistoria.com/ Em Roma, a arquitetura inaugura na história o predomínio do aspecto utilitário da arte de construir. Se a Grécia encaminhava suas criações artísticas para o lado espiritual, com templos e teatros, os romanos, ao contrário, rumavam para o lado substancialmente material, onde a satisfação das exigências dos cidadãos era a essência de sua arquitetura (ROCHA, 2000). Suas principais edificações, como as termas, os anfiteatros, os circos, as estradas, os aquedutos, as pontes e as redes de esgoto, são obras admiradas até os dias de hoje. Com a necessidade de construir muros de grande espessura, os romanos inventaram o que se poderia chamar hoje de concreto simples. As edificações de grande porte consistiam basicamente na construção de dois muros delgados e paralelos de pedras aparelhadas, onde o vazio existente entre eles era preenchido com argamassa de pedra, saibro ou areia e um cimento vulcânico existente no local conhecido como “pozolana”. Desta maneira, ao mesmo tempo em que iam enchendo o vazio central, os romanos elevavam os seus grandiosos muros, deixando de lado as abóbadas etruscas e o uso da alvenaria de pedra seca aparelhada. Os arcos, as abóbadas e as cúpulas são, nessa época, os elementos construtivos que movimentam o sentido plástico e estático dos acontecimentos. Foi durante o século II a.C. que o pleno domínio da construção dos arcos e das abóbadas permitiu construir teatros e arenas estáveis, primeiro com pedra, e depois com tijolos. Uma das últimas construções basilicais com funções civis, destinada à administração da justiça, foi a basílica de Constantino. O Coliseu, inaugurado no ano 80 d.C., é o mais monumental exemplo de anfiteatro romano (Foto 16). Da mesma época, tem-se o Arco de Tito, mostrando uma construção mais compacta e pesada, muito diferente da elegância helenística. Nestas duas obras, tão 49 próximas no tempo e no espaço, a arte romana começa a encontrar o seu verdadeiro caminho: a funcionalidade na arquitetura. Foto 16 – Coliseu Romano, inaugurado no ano 80 d.C. Fonte: http://www.artehistoria.com/ As construções medievais têm fundamento no equilíbrio estrutural, onde cada elemento é essencial e os tijolos e as pedras são empregadas, juntamente com argamassas tão resistentes quanto a própria pedra. Na Europa, os desenvolvimentos arquitetônicos foram diferentes em relação ao leste e ao oeste. Em Bizâncio, a cúpula tornou-se a característica, sendo a de Santa Sofia, em Constantinopla, consagrada em 537, construída em tijolo e pedra (SOARES, 2004). Outro exemplo é a Tumba de Teodorico, em Ravena (Foto 17), erguida no ano de 530, cuja cúpula monolítica é talhada em um enorme bloco de pedra, pesando cerca de 300 mil quilos. Foto 17 – Tumba de Teodorico, Ravena Fonte: http://www.artehistoria.com/ A arquitetura gótica desenvolveu-se na Europa na última fase da Idade Média (séculos XII e XIV), num período de profundas transformações em que se assistiu à superação da sociedade feudal e à formação de novos centros de poder: as primeiras monarquias, as grandes cidades, o clero, as classes “novas” e ricas dos comerciantes e dos banqueiros. O papel dominante no Gótico foi a arquitetura 50 religiosa, caracterizada essencialmente pela abóbada de cruzaria de ogivas, pelo emprego sistemático do arco quebrado, ou apartado, em vez do arco de volta perfeita (SALVAT, 1978). Foi nessa arquitetura que a pedra alcançou o maior aproveitamento e desempenho de sua capacidade. Salvat (1978) descreve que cada pedra, após talhada, segundo o gabarito fornecido, recebia marcas indicando onde seria colocada na construção e de onde foi retirada da pedreira. Além disso, relata que os blocos de pedras eram de calcário e assentados com argamassas em dosagem de areia, cal e água. Na catedral de Notre-Dame de Paris (1200 – 1240), a fachada acentua os valores horizontais da massa mediante uma divisão proporcionada em diferentes setores retangulares (Foto 18). Assim, duas faixas interrompem energicamente a verticalidade: a galeria dos reis sobre o portal e a arcada na base do andar das torres, resultando de um equilíbrio extraordinário. Foto 18 – Catedral de Notre-Dame, Paris Fonte: http://www.artehistoria.com/ Outra grande utilização da pedra foi na civilização Inca. A cultura Inca teve origem na bacia do lago Titicaca. Manco Capac, fundador da dinastia, estabeleceuse em Cuzco no século XI, sujeitando à sua influência os grupos locais. Três séculos mais tarde, os Incas avançaram para o norte e dominaram à zona de Quito (Equador) (ROCHA, 2000). Entretanto, os Incas foram grandes organizadores e construtores, devendo-se assinalar o alto nível a que chegaram quanto ao traçado das cidades e na qualidade das construções. Para as paredes, utilizaram a pedra, com ou sem argila nas juntas, e, para as coberturas, a madeira. As construções apresentam diversos tipos de aparelho com blocos, utilizando a técnica de alvenaria de pedra seca (Foto 19). A capital do império foi a cidade de Cuzco, cujo núcleo primitivo data do começo da cultura Inca. Machu-Picchu (Foto 20), a mais conhecida e mais conservada das cidades dos Incas, foi descoberta em 1911 por H. Bingam. Ergue-se numa das margens do rio Vilcanota, a 112 km de Cuzco (WRIGHT, 2000). 51 Foto 19 – Pedras encaixadas: alvenaria de pedra Foto 20 – Vista de Machu Picchu seca Fonte: Wright, 2000 A civilização Maia é outra importante civilização na utilização de pedras. A história do povo Maia começa há milhares de anos, quando povos, provavelmente vindos da Ásia pelo estreito de Bering, ocuparam a América do Norte e Central. Estudos realizados na língua Maia levam à conclusão de que, ao redor de 2500 a.C., vivia um povo protomaia, na região de Huehuetenango, na Guatemala. Há cerca de duas horas de Cancun encontram-se as ruínas da antiga cidade cerimonial de Chichén-Itzá (Foto 21). Segundo Salvat (1978), a maior parte da população Maia vivia em pequenas aldeias, vivendo fundamentalmente da agricultura. O templo maia, durante o período pré-clássico, foi uma simples cabana semelhante à do camponês; nos fins deste período, também denominado protoclássico, as paredes já eram de alvenaria, embora se conservasse o telhado de colmo. No início do período clássico apareceu a falsa abóbada, a que impropriamente se chamou abóbada angular, imitando o anterior telhado inclinado de duas águas, sob forma rudimentar. Os templos eram construídos no alto de pirâmides, imitação da colina, lugar sagrado por excelência. Os palácios chegavam a ter várias dezenas de quartos, dispostos em algumas filas e, às vezes, em andares. O templo era o edifício mais importante, onde alguns tinham paredes de até 7m de espessura, para suportarem a tremenda carga da platibanda maciça que se erguia sobre o teto e que apenas servia para aumentar a superfície ornamentada da fachada. 52 Foto 21 – Arquitetura Maia: Pirâmide El Catillo em Chitzen-Itza Fonte: http://www.ciencias.com.br A utilização de pedras na civilização Asteca também foi muito intensa. Os índios Astecas, ou Méxicas, foram os povos mais civilizados e poderosos da América pré-colombiana. Ocuparam o Vale do México (em uma ilha do Lago Texcoco), vindo para essa região depois de uma longa e lenta migração. Segundo Rocha (2000), a civilização Asteca incorporou a arquitetura, o cálculo, a escrita, e a religião ao seu dia-a-dia. Na arquitetura, construíram enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e sacrifícios humanos (Foto 22). Os Astecas, a exemplo dos Maias e Incas, também desenvolveram sua ciência astronômica, construíram a pirâmide dos Ninchos de El Tajin, com 365 ninchos, um para cada dia do ano, e a célebre "pedra do sol", um imenso calendário solar (Foto 23). Foto 22 – Civilização Asteca: Pirâmide do Sol Foto 23 – Civilização Asteca: Pedra do Sol Fonte: http://www.ciencias.com.br 2.3.2 Panorama brasileiro Durante trezentos anos, uma parte do continente americano foi colonizada pelo reino português. Sendo um desdobramento da expansão marítima, a colonização da América portuguesa possuía as mesmas motivações mercantis e religiosas que haviam impulsionado aquela expansão. A partir das vilas e cidades 53 coloniais, o sertão foi conquistado e ocupado: surgiam as regiões coloniais, onde brancos europeus, nativos americanos e negros africanos conviviam de modo forçado, como colonizadores, colonos e colonizados. Resumidamente, de acordo com Soares (2004), a história do Brasil colonial pode ser dividida em três períodos distintos: o primeiro vai da chegada de Cabral à instalação do governo geral, em 1543; o segundo é entre a instalação do governo geral e as últimas décadas do século XVIII; o terceiro vai dessa época à Independência, em 1822. Com a aventura da colonização do território americano pelos portugueses, funcionários régios, missionários, mercadores e nobres transformaram-se em colonizadores. A partir dos núcleos urbanos, procuravam monopolizar as atividades que caracterizavam o dia-a-dia das regiões coloniais. Na formação dos primeiros arraiais, a arquitetura era simples e rudimentar. Com a descoberta de metais preciosos nos últimos anos do século XVII, houve a possibilidade do Reino português superar a crise econômico-financeira, assim como a intensificação da ocupação do interior, a aceleração do crescimento demográfico e o surgimento de uma nova região em sua Colônia americana: as Minas, caracterizada pela forte presença e controle do poder real e dos demais colonizadores – expressados nos inúmeros núcleos urbanos. As Minas distinguir-se-iam das demais regiões coloniais pela intensa vida urbana, pelo incremento das atividades produtivas e comerciais voltadas para o mercado interno, pelo surgimento de novos grupos sociais e pela difusão do estilo barroco, presente nas artes, nas construções e nas festas que marcavam o cotidiano de seus habitantes. De acordo com Soares (2004), aproveitando antigas tradições urbanísticas de Portugal, as vilas e cidades brasileiras apresentavam ruas de aspecto uniforme, com casas térreas e sobrados construídos sobre o alinhamento das vias públicas e sobre os limites laterais dos terrenos, sendo as construções urbanas ou rurais. As dimensões e números de aberturas, altura dos pavimentos e alinhamentos com as edificações vizinhas eram exigências correntes no século XVIII, garantido às vilas e às cidades brasileiras uma aparência portuguesa (REIS FILHO, 1970). Com o surgimento das Vilas, as irmandades religiosas promovem uma reformulação quase total de seus templos, e as edificações civis incorporam inovações arquitetônicas e artísticas. Na arquitetura religiosa, os principais templos construídos foram as matrizes, seguidas das igrejas das ordens terceiras e irmandades. Posteriormente, as irmandades, em constante competição, abandonam 54 as matrizes e constroem seus templos, esmerando-se no estilo e na decoração interna. Paralelamente, as edificações civis incorporam inovações arquitetônicas. A taipa e o adobe são substituídos aos poucos pelas rochas de cada região, que passam a ser utilizadas, sobretudo, nos arremates arquitetônicos das novas construções. Surgem nessa época os grandes prédios públicos e os fortes sobrados com cunhais de pedra. A arquitetura colonial trazida para o Brasil pelos portugueses tem princípio no Renascimento, da qual o Barroco é uma parte. O Barroco foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, ocorrido durante os séculos XVI e XVIII na Europa, e XVII e XVIII, na América, inspirado no fervor religioso. O barroco é libertação espacial, é libertação mental das regras dos tratadistas, das convenções, da geometria elementar. As formas geométricas são muito exploradas e inspiradas nas formas greco-romanas. Segundo Carvalho (1966, p.39), a arquitetura renascentista tem início com o levantamento da cúpula da catedral de Florença, mais conhecida como Igreja de Santa Maria das Flores (Foto 24), para terminar com a construção da cúpula romana da basílica de São Pedro (Foto 25). Foto 24 – Catedral de Florença: Igreja de Santa Foto 25 – Basílica de São Pedro, Vaticano, Maria das Flores Roma Fonte: http://www.artehistoria.com/ Segundo Rocha (2000, p.206), muitas das primeiras construções no Brasil foram de pedra e argamassas de cal. Foram ainda usadas nos primeiros séculos, em alguns revestimentos, as pedras importadas do reino, trazidas como lastro dos navios, entre as quais se salienta o lioz português. Nos ornatos exteriores, a preferência pelo material recaiu sempre sobre a pedra, naturalmente as mais fáceis de trabalhar, como os calcários, arenitos e, em Minas Gerais, as pedras talcosas, conhecidas com o nome popular de "pedra sabão". No Rio de Janeiro era muito empregado o gnaisse, embora, em algumas construções, principalmente antes do 55 século XIX, tenha-se empregado a pedra portuguesa, como, por exemplo, na Fortaleza da Ilha das Cobras. A técnica de sua aplicação é variada, de acordo com as argamassas em que são assentadas. As principais técnicas adotadas são pedra e barro e pedra e cal. 2.4 AS IGREJAS NO RIO DE JANEIRO A expansão do território português no século XVI foi diretamente associada à difusão da fé, expressando a aliança entre Portugal e a Igreja Católica. Segundo Ricart (2005), os monarcas portugueses podiam nomear bispos e ocupantes de cargos eclesiásticos, criar paróquias e construir igrejas. Encontra-se assim a razão de tantas igrejas, capelas, ermidas e oratórios, construídos no período colonial, pois, além da religiosidade, representavam a presença da metrópole e a posse da terra perante os índios, além de núcleos para a defesa de pontos estratégicos. No contexto do processo de formação das cidades coloniais, tanto de origem espanhola como lusitana, uma instituição se fez presente desde a origem de tais centros urbanos: a Igreja Católica Apostólica Romana. A Igreja desempenhou importante papel não somente na organização da sociedade, seja pela cooptação religiosa, seja pela influência educativo-cultural, pioneira, para a formação de vilas e cidades, estimulando o povoamento de vastos territórios. A Igreja Católica influenciou os costumes e marcou a paisagem brasileira desde os seus primórdios. Segundo Carvalho (1966, p.49), as primeiras edificações religiosas que surgem são cabanas indígenas construídas nos arraiais. Estas construções eram rudimentares e assemelhavam-se aos mocambos do nordeste. Em seguida, utilizavam-se as construções de pau-a-pique e taipa de mão, mas ainda cobertas de palha. Os materiais mais empregados na arquitetura colonial eram a madeira, as palmas, a pedra, o barro, o adobe, as argamassas e o ferro. As madeiras eram de preferência a braúna, o jacarandá, a canela preta, o cedro e o angelim, que faziam parte das estruturas (esteios, vigas e baldrames) ou eram empregadas nos pisos, nas esquadrias, telhados, forros, retábulos, etc. Os jesuítas no Brasil, assim como nas missões espanholas do Paraguai, tinham que lidar com tribos dispersas. Seus programas de construção eram simples, sendo que as igrejas tinham que ser amplas, a fim de abrigar um número sempre crescente de convertidos. Segundo Costa (1978, p. 27), o partido arquitetônico 56 empregado pelos jesuítas eram em “quadras”, formando-se assim um ou mais pátios, o mesmo utilizado em mosteiros e conventos. No que se refere à planta baixa das igrejas, o partido adotado pelos jesuítas foi, quase exclusivamente, o de uma só nave. As torres apresentavam informações relevantes sobre as técnicas construtivas: quando eram construídas com pedra e cal, prevalecia o acabamento em forma de pirâmide, recebendo ou não um telhado para dar uma proteção adequada. A influência barroca corresponde à necessidade de uma reação dos países católicos ao crescente alastramento do protestantismo, colocando em risco a própria hegemonia política e espiritual de Roma (berço do barroco no primeiro terço do século XVI) e das nações por ela lideradas. O barroco se propaga por toda a Europa, porém de forma heterogênea, devido às grandes diferenças entre os artistas. O barroco, em Portugal, substituiu a austeridade e a singeleza de seus exteriores de pedra fria por uma cantaria fina, com linhas curvas, enquanto os seus interiores passam a exibir talhas douradas e azulejos. Chegando ao Brasil, o barroco assume características próprias nas mãos de importantes artistas, como, por exemplo, o arquiteto e escultor Mestre Valentim da Fonseca e Silva, que atuou no Rio de Janeiro, e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, em Minas Gerais. Portanto, a Igreja constrói assim uma bem articulada arquitetura. Unindo a criação artística e arquitetônica, as igrejas eram construídas de pedra e cal, com altares forrados de talhas cobertas de ouro e pinturas, substituindo as antigas capelas de taipa e sapê. De acordo com Soares (2004, p. 69), as igrejas podem ser classificadas em conventuais, paroquiais, de irmandades e rurais, estas últimas ligadas ou não a uma edificação residencial. Os principais exemplos conventuais foram construídos até finais do século XVII, enquanto as igrejas de irmandade florescem a partir do século XVIII, com mais intensidade internamente em pleno século XIX. Entretanto, muitos núcleos de povoamento tiveram suas origens relacionadas à vida religiosa, às capelas de fazendas, às igrejas e conventos, enfim, à dinâmica de expansão da Igreja Católica (FREYRE, 1990). Apenas como exemplo, a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, primeira capital do Brasil Colonial, fundada em 1549 pelo Governador Geral Tomé de Sousa, teve suas origens em torno do Palácio do Governo e relacionada à Igreja da Companhia de Jesus, atual Catedral (Foto 26). 57 Foto 26 – Catedral da cidade de Salvador, BA Fonte: http://www.vitruvius.com.br A cidade de Olinda, em Pernambuco, cresceu ao longo do século XVI em torno da Igreja da Sé e de seus numerosos conventos (Foto 27), tornando-se a metrópole religiosa da Província. Recife, onde os holandeses haviam se estabelecido, aproveitou-se do porto para transformar-se em metrópole comercial e investiu nas construções de belas igrejas, como, por exemplo, a Igreja de São Pedro dos Clérigos (Foto 28). Em João Pessoa, Paraíba, encontra-se a Igreja Franciscana da Paraíba (Foto 29), um grande exemplar da arquitetura da cidade. Foto 27 – Catedral da Sé, Olinda, PE Foto 28 – Igreja de São Pedro Foto 29 – Igreja Franciscana da dos Clérigos, Recife, PE Paraíba, João Pessoa, PB Fonte: http://www.vitruvius.com.br A cidade de São Paulo, fundada em 1554, na época São Paulo de Piratininga, deve suas origens a um colégio fundado pelos jesuítas de São Vicente (Foto 30), na época dirigido pelos padres José de Anchieta e Manoel de Nóbrega. Segundo Leite (1938), o mais remoto marco de ocupação colonial estável no Espírito Santo é o Convento da Penha (Foto 31), franciscano, erguido sobre um elevado penedo à beira mar, em 1558, na região de Vila Velha. Em Minas Gerais, a cidade de Ouro Preto, na época Vila Rica, foi fundada em 1699, em torno das igrejas de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias (Foto 32) e de Nossa Senhora do Pilar (Foto 58 33). A região de Minas Gerais tornou-se um centro independente, devido ao ciclo do ouro, desenvolvendo-se a arte sacra mais original do Brasil, podendo citar os seguintes vilarejos prósperos da época: Mariana, Vila Rica (Ouro Preto), Diamantina, Tiradentes e Sabará. Nessas duas últimas cidades, podem-se citar dois valiosos exemplos da arquitetura religiosa: Igreja de Santo Antônio (Foto 34) e Igreja de Nossa Senhora do Ó (Foto 35), construídas em 1710 e 1717, respectivamente. Minas Gerais, juntamente com a Bahia, detém o maior número de edificações religiosas do país. Foto 30 – Colégio dos Jesuítas de São Vicente, São Paulo, SP Foto 31 – Convento da Penha, Vila Velha, ES Foto 32 – Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, Ouro Preto, MG Foto 33 – Igreja de Nossa Senhora do Pilar, Ouro Preto, MG Foto 34 – Igreja de Santo Antônio, Tiradentes, Foto 35 – Igreja de Nossa Senhora do Ó, Sabará, MG MG Fonte: http://www.vitruvius.com.br A cidade do Rio de Janeiro foi fundada por Estácio de Sá, em 1º de março de 1565, na época São Sebastião do Rio de Janeiro. De acordo com Ramos (2005), 59 nasceu no contexto da guerra movida pelos portugueses para a expulsão dos franceses, na região desde 1555. A cidade fundada originalmente entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, foi logo transferida para um local mais abrigado, originando uma espécie de acrópole amuralhada, dominada por duas igrejas católicas, ou seja, a Igreja de São Sebastião (Figura 2), padroeiro da cidade, também chamada Sé, e a Igreja de Santo Inácio (Foto 36), dos jesuítas, ambas erguidas no topo do Morro do Castelo, região mais antiga da cidade do Rio de Janeiro, demolida em 1921 (Foto 37) em conseqüência de reformas urbanas. Figura 2 – Matriz de São Sebastião, destacada à esquerda na ilustração de François Froger de 1695 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Foto 36 – Morro do Castelo, Igreja de Santo Foto 37 – Destruição do Morro do Castelo e da Inácio Igreja de Santo Inácio, 1921 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Segundo Carvalho (1966, p. 64), a primeira igreja da cidade do Rio de Janeiro foi construída no ano de 1565, pelo Padre Gonçalo de Oliveira, por iniciativa de Estácio de Sá. Era a pequena capela de Vila Velha (hoje Praia Vermelha), de pau-apique, na qual, dois anos mais tarde, foi enterrado o Capitão Estácio de Sá. Em 1583, foi terminada a construção da igreja de São Sebastião no morro do Castelo, por iniciativa de Salvador de Sá, para onde foram transferidos os ossos de Estácio de Sá. Com o crescimento da cidade, outras igrejas foram surgindo, como, por exemplo, a de São Francisco Xavier do Engenho Velho (1572 – 1583) e a igreja de 60 Santa Luzia (1592) (Foto 38 e Foto 39). Em 1612 estava pronta a igreja do Convento de Santo Antônio (Foto 40 e Figura 3), enquanto a Ordem Terceira do Carmo terminava a sua primitiva igreja no ano de 1643. Foto 38 – Igreja de Santa Luzia Foto 39 – Igreja de Santa Luzia em 1960 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Figura 3 – Convento de Santo Antônio, desenho de Debret, 1822 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Foto 40 – Convento de Santo Antônio O Mosteiro de São Bento começou a ser edificado em 1589, residindo os fundadores da Ordem, por algum tempo, na Ermida de Nossa Senhora do Ó, à esquerda da atual Igreja do Carmo (Foto 41). Esta, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, foi construída entre 1761 a 1808. Ao lado dela, tem-se a Igreja da Ordem Terceira do Monte do Carmo, com data de construção de 1755, em estilo rococó. A construção do Mosteiro de São Bento foi concluída somente em 1772 (Foto 42). A igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso ou da Misericórdia foi concluída em 1637 (Figura 4). A Igreja de São José (Foto 43) foi concluída entre 1634 e 1640 (PASSOS, p. 34). 61 Foto 41 – Igreja do Carmo ao centro, com a torre Foto 42 – Mosteiro de São Bento isolada. A igreja da direita é da Ordem Terceira do Carmo, em 1890 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Figura 4 – Igreja de Nossa senhora de Bonsucesso, Foto 43 – Igreja de São José aquarela de Tomas Ender feita no século XIX Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ A primitiva igreja da Candelária foi edificada de 1600 a 1604 e doada à Santa Casa de Misericórdia em 1639, enquanto que a atual levou mais de cento e vinte anos para ser terminada, em 1898 (Foto 44 e Foto 45). Foto 44 – Igreja da Candelária, foto de Marc Ferrez, Foto 45 – Igreja da Candelária 1890 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Em 1627 já existia a Igreja de São Cristóvão; a igreja de Nossa Senhora do Parto, em 1655, e a igreja de São Roque (Foto 46), na Ilha de Paquetá, no mesmo ano. Em 1670, já existia também a igreja de Nossa Senhora do Livramento; em 62 1678, a igreja de Nossa Senhora da Ajuda e, em 1635, foi inaugurada a Ermida da Penha. Em 1661 já se encontravam construídas em Jacarepaguá as igrejas de Nossa Senhora da Pena e de Nossa Senhora de Loreto. A construção da igreja de Santa Cruz e São Pedro Gonçalves, hoje chamada de Santa Cruz dos Militares (Foto 47), foi iniciada em 1623, sendo um pouco mais antiga que a ermida de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, fundada em 1714 (Foto 48). A matriz de Irajá foi fundada em 1644. Segundo Passos (p. 35), a primeira Igreja de Santana foi construída no Campo de São Domingos, atual Praça da República, início da Estrada de Ferro Central do Brasil. Além das igrejas citadas, tem-se a Igreja de Santa Rita de Cássia (Foto 49), construída em 1721; a Igreja Mãe dos Homens (Foto 50), construída entre 1758 e 1803, e a Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores (Foto 51), com data de edificação de 1870. Foto 46 – Igreja de São Roque, Ilha de Paquetá Foto 47 – Igreja de Santa Cruz dos Militares Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Foto 49 – Igreja de Santa Rita de Cássia Foto 50 – Igreja Mãe dos Homens Foto 48 – Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro Foto 51 – Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Dessas igrejas, nenhuma novidade foi incorporada às plantas luso-brasileiras, que continuaram a utilizar o partido tradicional: corredores ao longo da nave a da capela-mor. No entanto, três exemplos fizeram exceção, apresentando plantas 63 curvas: a igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, a de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores e a de São Pedro dos Clérigos, sendo esta já última inexistente. De acordo com Santos (1968, p. 22), além das igrejas da cidade do Rio de Janeiro, em todo o estado têm-se exemplos expressivos de capelas e igrejas que originaram vilas e cidades. Pode-se citar como exemplo: Capela de Nossa Senhora da Guia (Foto 52), construída em 1740 e Convento de Nossa Senhora dos Anjos (Foto 53), construída entre 1615 e 1696, em Cabo Frio; Igreja de São Salvador (1627), em Campos dos Goitacazes; Igreja de Santana (1708), em Macaé; Igreja de Nossa Senhora de Nazareth (1630), em Saquarema; Igreja de Nossa Senhora do Amparo (1635), em Maricá (Foto 54); Igreja de São João Batista (1784), em Itaboraí (Foto 55); Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre (1752), em Resende. Foto 52 – Capela de Nossa Senhora da Guia, Foto 53 – Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, Cabo Frio Cabo Frio Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Foto 54 – Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Foto 55 – Igreja de São João Batista, Itaboraí Maricá Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Além das igrejas citadas anteriormente, tem-se o Convento de São Boaventura (1788), em ruínas, no sítio da extinta Vila de Santo Antônio de Sá, município de Itaboraí (Foto 56); Igreja de Santa Rita (1754), em Parati (Foto 57); 64 Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Igreja de Santa Luzia (Foto 58), ambas de 1632, em Angra dos Reis; Igreja de São Fidélis de Simaringa (1799), em São Fidélis; Igreja de Nossa Senhora da Conceição (1845), em Vassouras; Igreja de Nossa Senhora da Glória (1856), em Valença; entre outras. Foto 56 – Ruínas do Convento São Boaventura, Itaboraí Foto 57 – Igreja de Santa Rita, Parati Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Foto 58 – Igreja de Santa Luzia, Angra dos Reis A região da Baía de Guanabara, ocupada desde meados do século XVI, presenciou a proliferação de inúmeras capelas, dando origem a importantes vilas de comércio, sobretudo no decorrer dos séculos XVII e XVIII, como, por exemplo, São Nicolau de Suruí, Nossa Senhora da Guia de Pacopaíba, Nossa Senhora da Conceição de Porto de Caixias, Nossa Senhora do Pilar de Iguaçu, dentre outras, centralizando a movimentação dos portos fluviais (rios Magé, Iguaçu, Macacu, Inhomirim, etc). Em Niterói, seu povoamento teve origem marcante pela presença da Igreja Católica (RAMOS, 2005, p. 27), representada pela atuação pioneira da Companhia de Jesus. No alto do morro de São Lourenço, entre os bairros do Fonseca e Santana, encontra-se a Capela de São Lourenço dos Índios (1576), uma das mais antigas capelas coloniais brasileiras e marco da fundação da cidade de Niterói (Foto 59). Em virtude de seu precário estado de conservação, por volta de 1627 os jesuítas reedificaram a capela de São Lourenço em pedra e cal, tendo a mesma sido reconstruída entre 1767 e 1769. Na Ilha de Boa Viagem, tem-se a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem (Foto 60), sendo a segunda mais antiga do município. Construída em 1650, pelo português Diogo Carvalho da Fontoura, foi desde os seus primórdios a capela de peregrinações e procissões marítimas, promovidas por pescadores e navegantes. Em 1711, durante os combates que resultaram na tomada da cidade do Rio de Janeiro, a capela foi incendiada, arruinando-se 65 completamente. Em 1718 foi fundada uma irmandade para a reconstrução da capela, concluída em 1734, definindo sua arquitetura atual. Outro importante patrimônio arquitetônico de Niterói é a Capela de São Francisco Xavier (Foto 61), entre as praias de São Francisco e Charitas. É a terceira mais antiga do município de Niterói. Foi construída em 1695, em terras da Fazenda de Jurujuba ou do Saco, originalmente de propriedade dos padres da Companhia de Jesus, provavelmente sobre as ruínas de uma capela mais modesta. Foto 59 – Capela de São Lourenço dos Índios, Niterói Foto 60 – Capela de Nossa Foto 61 – Capela de São Francisco Senhora da Boa Viagem, Xavier, Niterói Niterói Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ 3 ESTADO DA ARTE DA PESQUISA Em uma estrutura, para estimar com algum rigor a rigidez de seus elementos e a sua deformabilidade, é necessário o conhecimento das suas propriedades mecânicas, nomeadamente o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson. A avaliação do grau de segurança não é possível sem o conhecimento da tensão de ruptura dos seus materiais. Para uma fiel modelação analítica das alvenarias é de fundamental importância o conhecimento das propriedades dos componentes da alvenaria, seja desde a composição da argamassa até às características geológicas, físicas e físicomecânicas das pedras e da alvenaria como um material, possibilitando intervenções mais adequadas em relação às alvenarias de pedra e argamassa de cal. Porém, a caracterização mecânica das alvenarias antigas é difícil pela sua heterogeneidade, seja por condições de construção (materiais, técnicas de construção, tipo de seção, etc.), seja por eventuais degradações, causando diferentes danos ou patologias. Com isso, fica associado um grande número de características físicas e mecânicas. A generalização das propriedades destes materiais exige um esforço para estabelecer critérios de diferenciação e caracterização, no meio desta diversidade, de grupos semelhantes, em termos de características geométrico-morfológicas (seção e sua espessura, técnicas e disposições construtivas, etc.) e propriedades mecânicas associadas. Na Itália, pesquisas, nos últimos anos, em edifícios de centros históricos, resultaram em uma diversidade de dados sobre caracterização das seções das paredes de pedra, justificando a criação de uma base de dados de estruturas novas ou existentes, podendo elaborar estatísticas e gráficos de comparação para os parâmetros em estudo nas tipologias semelhante mais freqüentes (Binda; Penazzi, 2000). Um trabalho de pesquisa deste tipo, catalogando centros históricos ou outras áreas de estudos, pode ser tanto melhor quanto maior for a quantidade de dados 67 relativos à caracterização das seções das paredes de pedra, ajudará a classificação por grupos homogêneos e, com isso, para um almejado estabelecimento de leis constitutivas. Porém, mesmo com grupos homogeneizados, não é possível ter modelos totalmente válidos. Sobre isso, vários trabalhos têm sido desenvolvidos em várias partes do mundo. Na Eslovênia, com a finalidade de obter a resistência sísmica em estruturas de alvenaria em centros históricos, foram realizados vários ensaios experimentais em corpos de prova, produzidos e testados em laboratório (TOMAZEVIC, 2001). Esses resultados foram utilizados para avaliar a resistência sísmica de estruturas em alvenaria de pedra em Friuli, no norte da Itália, e Montenegro (ROQUE, 2002). Segundo Tomazevic (2001), na década de oitenta do século passado, os resultados de ensaios, in-situ e em laboratório, ajudaram na verificação da resistência sísmica em intervenções de reabilitação de alvenarias no centro histórico de Ljubljana, na Eslovênia. Um outro trabalho recente foi realizado por Oliveira (2003), no Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho e na Universidade Politécnica da Catalunha. Este trabalho é composto por uma parte experimental e uma parte numérica, pretendendo contribuir para uma melhor compreensão do comportamento das estruturas de alvenarias históricas. Foram realizados ensaios uniaxiais monotônicos e cíclicos em corpos de prova e prismas de pedra e tijolo, tendo em vista a caracterização do comportamento cíclico destes materiais. Completando a tese, foram ensaiados sete muros de pedras de junta seca, com ação combinada de forças normais e esforços cortantes. O objetivo desse trabalho experimental foi a obtenção de um conjunto de resultados sobre o comportamento mecânico de alvenarias históricas, para serem usados em calibração de modelos e na validação de resultados numéricos. Segundo Almeida (2002), os trabalhos atuais desenvolvidos nessa área de alvenarias históricas, independente de regiões ou países, têm como objetivo principal o fato do reduzido conhecimento científico na área, e suas pesquisas pretendem ajudar, de alguma forma, a preencher esse vazio de conhecimento. Em sua pesquisa, desenvolveu um estudo experimental com o principal objetivo de caracterizar mecanicamente tijolos e alvenarias em tração uniaxial. O programa de investigação desenvolvido nesta tese descreve uma série de ensaios que caracterizam diferentes elementos constituintes das alvenarias submetidos a ensaios 68 de tração direta. Os principais objetivos deste trabalho foram: melhor compreensão do comportamento de materiais quasi-frágeis à tração; influência de diferentes argamassas; influência da água na resistência à tração em alvenarias; aumentar o banco de resultados sobre ensaios à tração nos diferentes constituintes de alvenarias, disponíveis a nível nacional. Com isso, a pesquisa e a análise crítica dos ensaios deram uma ajuda quanto aos dados disponíveis para a utilização de modelos numéricos avançados. Uma outra pesquisa na área de alvenaria histórica é de Luso (2002). É uma pesquisa que faz uma revisão das teorias de restauro desenvolvidas na Europa ao longo dos tempos, principalmente na cidade histórica de Bragança para a reabilitação dos edifícios. Esta reabilitação envolve a recuperação do aspecto tradicional das fachadas, a avaliação e recuperação das diferentes patologias existentes. As pesquisas analisam com mais detalhes as anomalias originadas pela presença de água nas alvenarias no interior das habitações da cidade, verificando as intervenções destinadas a eliminar a presença de umidade ascensional através do tratamento e monitoramento de alvenarias selecionadas. O reduzido conhecimento sobre o comportamento de estruturas históricas faz com que várias pesquisas sejam desenvolvidas no mundo todo. Ramos (2002) fez várias pesquisas sobre alvenarias de edificações históricas. Recentemente, realizou um trabalho com duas tarefas distintas: primeiramente uma análise experimental, com o objetivo de caracterizar o comportamento mecânico de uma rocha, utilizada em edificações históricas com alvenarias de pedras com juntas secas. Posteriormente, foi feita uma análise numérica de uma edificação histórica, utilizando o método dos elementos finitos, onde foi considerado o comportamento não linear dos materiais. Ramos, na sua análise experimental, utilizou um arenito catalão (Espanha), realizando duas baterias de ensaios: uma, para estudar o comportamento cíclico ao corte em alvenaria de junta seca; e outra para estudar o comportamento do material submetido à tração direta, utilizando, também, carregamentos cíclicos. Essa pesquisa teve como principal objetivo a ajuda na calibração de modelos numéricos computacionais e dar continuidade à pesquisa iniciada por Oliveira (2002) para a caracterização do comportamento mecânico do arenito catalão, conhecido como pedra de “Montjuic” (montanhas nos arredores de Barcelona), que foi muito utilizado nas construções históricas de toda Catalunha. O arenito adotado nessas pesquisas realizadas por Oliveira (2002) e Ramos (2002) é 69 1 uma rocha sedimentar com uma textura equigranular e, visualmente, os grãos têm dimensões entre 40 e 650 µm , aparentemente distribuídos de forma homogênea (Figura 5). Figura 5 – Arenito “Montjuic”, textura da superfície serrada Fonte: Ramos, 2002 Nas pesquisas, verificaram que as propriedades mecânicas dessa rocha foram analisadas por Oliveira (2002), realizando ensaios em corpos de prova cilíndricos com carregamentos monotônicos e cíclicos, avaliando o seu módulo de elasticidade, o coeficiente de Poisson, a sua resistência à compressão e a degradação da rigidez do material, quando sujeito a carregamentos monotônico e cíclico (Tabela 3). Tabela 3 – Resultados dos carregamentos monotônico e cíclico Corpo de prova SS5.1 SS5.2 SS6.1 SS6.2 Média CV Monotónico σ máx (GPa) E30-60 (GPa) 17,49 93,9 17,89 98,0 19,56 86,6 20,30 87,8 18,81 6,16% Corpo de prova SS2.2 SS2.3 SS3.2 SS4.2 SS7.1 SS8.1 91,6 Média 5,10% CV Fonte: Ramos, 2002 Cíclico σ máx (GPa) E30-60 (GPa) 9,50 61,1 10,46 68,6 12,64 70,4 15,54 84,5 15,62 85,4 14,49 90,2 13,38 76,7 20,13% 13,80% O material para a realização dos ensaios foi sob a forma de prismas com 200x200x100 mm3. Os prismas foram cortados de acordo com a Figura 6, tendo dimensões finais para o ensaio de 80x50x40 mm3. Com isso, a partir de cada prisma, realizaram dezesseis unidades de ensaios. Para a realização dos ensaios 1 Textura equigranular ou granular: os mesmos minerais têm mesmo tamanho ou tamanhos muito aproximados. 70 utilizou-se o equipamento CS 7400-S “Shear Testing System” (desenvolvido para a realização de ensaios de corte em pavimentos betuminosos). Figura 6 – Divisão dos prismas para a construção dos provetes Fonte: Ramos, 2002 Pesquisas importantes sobre alvenarias antigas foram realizadas também por Roque (2002). Para uma melhor escolha de materiais e técnicas numa intervenção é de suprema importância o conhecimento das propriedades dos componentes da alvenaria, desde a composição da argamassa às características químicas, físicas e mecânicas das pedras e da alvenaria como material. Para isso, é necessário realizar pesquisas para a identificação das características morfológicas e mecânicas, e a composição predominante das alvenarias das paredes, que permitam definir modelos físicos e analíticos. Segundo Roque, existem, atualmente, vários métodos para a determinação das propriedades mecânicas das alvenarias, podendo distinguir-se dois grandes grupos: métodos indiretos e métodos diretos. No primeiro método, as propriedades mecânicas das alvenarias são verificadas através do conhecimento das propriedades mecânicas dos seus componentes principais (unidades de alvenaria, pedras e argamassa de assentamento). Os métodos indiretos implicam no conhecimento, a princípio, das características dos componentes de alvenaria. Em alvenarias antigas é necessário realizar ensaios para a sua caracterização. Porém, as características mecânicas dos componentes das alvenarias históricas não são de fáceis correlações como num todo, devido à falta de homogeneidade dos materiais, às várias técnicas construtivas e a grandes variedades de seções que foram utilizadas nas construções históricas. Porém, trabalhos sobre as propriedades mecânicas das alvenarias não referem nada em 71 relação a estes aspectos. Atualmente, os resultados são apresentados sob duas formas: • valores nominais: em relação às características dos componentes materiais (Tabela 4); Tabela 4 – Exemplo de resistência das alvenarias Natureza da alvenaria Tensão de segurança* (MPa) Pedra muito dura 3a6 Pedra dura 1,5 a 3 Cantaria de pedra e argamassa ordinária Pedra semi-dura 1 a 1,5 Pedra macia 0,8 a 1 Alvenaria de pedra aparelhada dura e argamassa ordinária 1a2 Alvenaria ordinária 0,5 a 1 Tijolo ordinário 0,6 a 0,8 Alvenaria de tijolo e argamassa ordinária Tijolo duro 0,8 a 1 Alvenaria de tijolo extraduro com argamassa de cimento 1 a 1,5 Observações: 1) A argamassa ordinária é de cal e areia com traço de 1:3. 2) A tensão de segurança à tração é cerca de 1/10 dos valores apresentados. 3) A tensão de segurança diminui com a altura do elemento estrutural. Para alturas superiores a 20 vezes a largura da base apenas se deve tomar 0,25 a 0,5 dos valores apresentados. (*): a tensão de segurança considerada corresponde a, sensivelmente, 1/10 da tensão de ruptura. Fonte: Roque, 2002; Segurado, 1908 • fórmulas semi-empíricas: com as pesquisas realizadas nos últimos anos, têm sido apresentadas várias fórmulas semi-empíricas para a determinação da tensão de ruptura das alvenarias, levando em conta o comportamento mecânicos de seus componentes. Estas fórmulas são de utilização limitada, pois dependem de vários parâmetros que influenciam comportamento global da alvenaria, como, por exemplo, a qualidade de execução da alvenaria, dimensões e espessura das juntas de argamassas. Segundo Roque (2002), o Eurocode 6 (Seção 3.6) propõe uma fórmula semi-empírica (Equação 1) para calcular a resistência à compressão de alvenarias simples: f k = K . f b0, 65 . f m0, 25 ( N / mm 2 ) Onde: (Equação 1) 72 • f k : resistência à compressão de alvenarias simples; • K : parâmetro função do tipo de aparelho e do tipo de unidades de alvenaria (para unidade maciça K = 0,6 ); • f b : resistência normalizada à compressão de unidades de alvenarias; • f m : resistência da argamassa. Ainda, propõe o módulo de elasticidade ( E ), para ações de curta duração, igual a 1000. f k (para estado limite último) ou 600. f k (para estado limite de utilização). Em alvenarias históricas, estas fórmulas propostas permitem, apenas, uma estimativa aproximada da resistência. A caracterização dos componentes destas alvenarias deve ser feita com base em ensaios laboratoriais de amostras muito semelhantes das retiradas da estrutura (SANTOS, 1994). Quando não há, em primeira análise, informação para o material alvenaria, o módulo de elasticidade e o valor da tensão característica de resistência à compressão são estimados. O módulo de elasticidade ( E ) em alvenarias pode ser estimado através de ensaios ou, sem recurso a ensaios, desde que se conheça a sua tensão de ruptura à compressão ( σ ruptura ). Conforme Roque (2002) indica, o método indireto, ensaio experimental, deve considerar a propriedade elasto-plástico das alvenarias. Durante esses ensaios deve-se tomar um intervalo de tempo, para cada nível de carga, de forma a poder avaliar a deformação final estabilizada. Entretanto, com os resultados obtidos nos ensaios, poder-se-á determinar a curva tensão-deformação ( σ − ε ), representando a variação do valor do módulo de elasticidade ( E ) desde o início do carregamento até à ruptura. Com essa curva, poderá ser associado, a cada valor de tensão, um correspondente valor do módulo de elasticidade (devido à tangente no ponto) (Figura 7). Quando não são realizados ensaios (método indireto), o valor do módulo de elasticidade inicial ( E 0 = tan ϕ 0 ) pode ser estimado, segundo Roque (2002), em função da resistência à compressão da alvenaria, σ r , através da seguinte expressão empírica (Equação 2): E 0 = α .σ r (Equação 2) 73 Onde: • E 0 : módulo de elasticidade inicial; • α : coeficiente de deformabilidade (função da tipologia da alvenaria e da classe da argamassa) (Tabela 5); • σ r : tensão de ruptura à compressão da alvenaria. Figura 7 – Relação gráfica entre alguns parâmetros mecânicos em alvenarias: a) gráfico de TensãoDeformação e b) variação linear do módulo de elasticidade com a tensão Fonte: Roque, 2002; Nadal Aixalá (P.I.E.T.), 1970 Tabela 5 – Coeficiente de deformabilidade (1) Natureza da alvenaria Alvenaria de cantaria ( γ 3 específico>20kN/m ) Alvenaria ordinária Tijolos cerâmicos maciços Tijolos cerâmicos perfurados ou ocos M16 a M4 3000 2500 2500 2000 Tipos de argamassa M2 a M1 M0,5 2500 2000 1500 1125 2000 1500 1500 1125 Seca 1500 500 - (1) argamassas são especificadas através da proporção dos seus constituintes ou através da sua resistência. Quando for especificada pela resistência, a letra M, designação para argamassa, deve ser seguida da aposição de um valor numérico correspondente à sua resistência em MPa. Exemplo: M6. Fonte: Roque, 2002; Nadal Aixalá (P.I.E.T.), 1970 Para outros valores de tensão, o módulo de elasticidade E = tan ϕ pode ser estimado a partir do valor de E 0 . Para tanto, admite-se que o módulo de elasticidade tem um comportamento linear e que se anula para valores da tensão igual ou superior a 1,1.σ r . 74 Ainda sobre as propostas de Roque (2002) em relação a alvenarias antigas, sob a ação de cargas repetitivas ou alternadas, pode-se considerar o módulo de elasticidade ( E ) igual ao E 0 : E = E 0 = α .σ r (Equação 3) Para a verificação da segurança aos estados limites últimos, considera-se, para módulo de elasticidade, E , o valor dado pela seguinte expressão (Equação 4): E = 0,5.E 0 (Equação 4) Para os estados limites de utilização da alvenaria, pode-se tomar o seguinte valor (Equação 5): E = 0,8.E 0 (Equação 5) Para as alvenarias de pedra (alvenaria ordinária e alvenaria de cantaria), na inexistência de ensaios de compressão, e admitindo que as cargas atuem uniformemente distribuídas, a resistência de cálculo pode ser avaliada, empiricamente, a partir da menor resistência à compressão, para cada classe de pedra e em função da argamassa das juntas (Tabela 6). Quanto aos métodos diretos, os ensaios são realizados diretamente in-situ, com a avaliação das suas propriedades mecânicas, ou sobre “painéis“ de alvenaria com as dimensões necessárias para que sejam representativos do comportamento da parede em estudo (Roque, 2002). Esses ensaios, além de não estarem normalizados, trazem dificuldades inerentes às grandes dimensões dos corpos de prova e às exigências do sistema de aplicação de cargas e respectiva estrutura de reação, para forças bastante elevadas. Por ter um caráter destrutivo, a menos que se trate de estruturas para demolição, limita ainda mais o número de ensaios, comprometendo um número estatisticamente representativo de ensaios. 75 Tabela 6 – Resistência de cálculo à compressão da alvenaria de pedra (MPa) Tipo de pedra Granito Sienito Basalto Arenito quartzoso Calcário duro Mármore Arenito calcário Calcário brando Resistência da pedra (MPa) Alvenaria de cantaria Seca. Pedras Silhares* Silhares* com h>30cm h<30cm bom Argamassa Argamassa ajuste M4** M4 das faces Alvenaria ordinária Pedras lamelares. Argamassa M4 Pedras poligonais de faces regulares. Argamassa M0,55 Seca >100 8,0 6,0 4,0 2,5 1,0 0,7 >30 4,0 3,0 2,0 1,2 0,8 0,6 >10 2,0 1,5 1,0 0,8 0,6 0,5 *Silhares: pedras lavradas que servem para as construções de alvenarias. **As argamassas são especificadas através da proporção dos seus constituintes ou através da sua resistência. Quando for especificada pela resistência, a letra M, designação para argamassa, deve ser seguida de um valor numérico correspondente à sua resistência em MPa. Fonte: Roque, 2002; Nadal Aixalá (P.I.E.T.), 1970 Portanto, no caso de nenhum dos métodos anteriores ser viável, existem, atualmente, principalmente na Europa, novos métodos de avaliação, de caráter nãodestrutivo ou semi-destrutivo: os ensaios com macacos planos (“flat-jacks”). Este método permite a determinação, in-situ, das relações tensões-deformações da alvenaria, determinar a tensão de ruptura e ainda avaliar o estado de tensão instalado na estrutura. O conhecimento do estado de tensão pode ser muito útil para a calibração de modelos analíticos. Independente de regiões, pesquisas são de suprema importância para a identificação das características morfológicas e mecânicas, além da identificação da composição predominante das alvenarias de pedras, permitindo uma definição de parâmetros para a utilização em modelos físicos e analíticos. Esta caracterização das alvenarias representa uma importante contribuição para intervenções futuras em patrimônios históricos e culturais. 4 ALVENARIAS DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS O valor patrimonial, cultural e arquitetônico, que as edificações históricas representam, principalmente as igrejas e capelas, fez com que a sua conservação e reabilitação sejam, atualmente, de interesse para pesquisadores, órgãos investidores em restauração e parte da sociedade que propõe a preservação da cultura de cada região. Atualmente, em centros históricos, estas intervenções são, geralmente, originadas por rentáveis programas de utilização de especulações imobiliárias, mais do que pelo estado de degradação exibido. Alvenaria é a associação de um conjunto de unidades de materiais (tijolos, blocos, pedras, etc.) e, geralmente, argamassa, possuindo propriedades mecânicas intrínsecas capazes de constituir elementos estruturais. Em alvenarias antigas, o material utilizado para unidades de alvenaria era, principalmente, a pedra, eventualmente reforçado com estrutura interna de madeira. O uso de argamassa entre as unidades estava em função do tipo de alvenaria utilizada. Alvenarias sem ligante ou argamassas nas juntas, também conhecidas de alvenarias de junta seca, são menos freqüentes em estruturas históricas. Entretanto, nas alvenarias antigas, as argamassas, de natureza muito pobre (terra, argila ou argamassas pobres), tinham como função principal o preenchimento dos espaços livres entre as unidades de alvenaria, formando melhores condições de assentamento, ficando as ligações em segundo plano. Segundo Carocci (2001), em uma alvenaria de boa qualidade a argamassa desempenha um papel secundário comparativamente com as pedras, embora seja de fundamental importância para garantir uma boa compacidade ao conjunto. As alvenarias podem ser interiores ou exteriores nas edificações. As alvenarias externas, ou, de uma forma geral, todas que desempenham funções resistentes, são freqüentemente conhecidas como paredes mestras ou alvenarias auto-portantes, sinônimo de grandes espessuras. Segundo Pinho (2000), 77 relativamente aos materiais com que são construídas, as alvenarias classificam-se como indicado a seguir: • alvenarias homogêneas: cantaria (constituída apenas por pedras), alvenaria de pedra, alvenaria de tijolo, taipa, etc; • alvenarias mistas: alvenaria e cantaria, alvenaria de pedra e tijolo, alvenaria com armação de madeira, etc. As alvenarias de pedra têm uma grande diversidade de constituição interna, dependendo da época, da cultura e tradições do local da construção. São caracterizadas por uma grande irregularidade geométrica e falta de homogeneidade nos materiais, resultando numa grande diversidade de características (físicas, mecânicas e geométricas) dos materiais utilizados. As pedras utilizadas podem ser de diversas naturezas (magmáticas, metamórficas ou sedimentares), forma e dimensão, regulares e irregulares, e podem apresentar-se ligadas com terra, argila, substâncias orgânicas ou argamassas. A presença de vazios interiores é uma característica destas alvenarias (Figura 8). Figura 8 – Componentes da alvenaria de pedra, argamassa e vazios Fonte: Mateus Martins, 2006 Segundo Roque (2002), as estruturas de alvenaria eram dispostas (justapostas e sobrepostas) de forma longitudinal ou transversal, resultando numa interação de equilíbrio, entre os diferentes elementos, através de tensões de compressão e de atrito. Nas alvenarias e muros, as juntas verticais eram desencontradas, dificultando a progressão das fissurações. Com isso, as alvenarias de pedras são estruturas heterogêneas, intrinsecamente descontínuas, com boa resistência à compressão, fraca resistência à tração e, quando sob a ação exclusiva da gravidade, com um baixo risco de deslizamento. Portanto, em estruturas 78 históricas de pedra, a homogeneidade, a isotropia, e as propriedades mecânicas uniformes não podem ser aplicadas com rigor. Um bom exemplo de elemento estrutural de alvenarias são os arcos, pois têm um eficiente funcionamento estático. Segundo Huerta (2001), os arcos apareceram na Babilônia possivelmente há mais de 6000 anos (os Astecas e os Incas construíram alvenarias durante séculos sem o arco). Estas estruturas deram provas da sua eficácia e mantiveram a sua forma durante séculos. As tensões de atrito geradas são suficientes para evitar o movimento entre elementos. Uma importante vantagem do sistema construtivo das alvenarias é a facilidade de desmonte, levando em consideração a justaposição dos elementos com uma fraca ligação entre si. A facilidade na manutenção, por substituição dos elementos degradados, permite assegurar uma maior longevidade às construções, controlando o processo de degradação. Existem exceções de situações, como, por exemplo, a ação sísmica, em que a facilidade de desmonte pode ser vista como uma debilidade estrutural. Segundo Giuffrè (1995), uma conseqüência deste defeito de funcionamento é o impulso da componente horizontal da aceleração, perpendicular ao plano, empurrando as paredes de contorno para fora e acima de determinados valores, podendo provocar a sua ruptura. 4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ALVENARIAS ANTIGAS A classificação tem como princípio fornecer as diferenças morfológicas das seções de alvenarias de pedra típicas de diferentes épocas e locais. Essas diferenças influenciam o comportamento mecânico da estrutura e são de fundamental importância para um aprimoramento na modelação e na análise estrutural do material de alvenaria, podendo, assim, futuramente, ajudar a implementar normas para reabilitação de alvenarias históricas. De acordo com Pinho (2000), as diferentes classificações de alvenarias antigas são em relação aos seguintes itens: • em relação à função desempenhada (Tabela 7); • em relação à natureza e às características dos materiais e argamassas utilizadas. 79 Tabela 7 – Classificação das alvenarias de edifícios e dos muros antigos de acordo com a função desempenhada Designação Função Observações Paredes Mestras: • interiores; • de fachada; • laterais (empena, quando se prolongam até ao espigão do telhado). Paredes resistentes, interiores ou exteriores, geralmente de grande espessura. Nas construções correntes, as paredes com capacidades resistentes que definem grandes divisões designam-se por frontais. Paredes divisórias ou de compartimentação Dividem o espaço limitado pelas paredes mestras. Quando não suportam cargas e apenas delimitam pequenas divisões, designam-se por tabiques. Muros de suporte Muros de vedação Muros de revestimento Sustentam as terras de aterros ou escavações e servem também de revestimento dos seus taludes. Limitam ou fecham um espaço. Protegem os taludes dos agentes atmosféricos. São muros de gravidade. Têm a inclinação natural dos taludes onde se aplicam a uma espessura reduzida. Fonte: Roque, 2002; Pinho, 2000 4.1.1 Paredes mestras (auto-portantes) Estas alvenarias têm funções estruturais devido a suas características geométricas e mecânicas, sendo decisivas para a estabilidade da edificação. De uma forma geral, as características comuns dessas alvenarias são que apresentam uma espessura considerável e são formadas por materiais heterogêneos. Com isso, formam elementos rígidos e muito pesados, tendo boa capacidade de resistência à compressão e baixa resistência à flexão e à tração. De acordo com Appleton (1991), as grandes espessuras dessas alvenarias, além da função estrutural da edificação, devem-se aos seguintes fatores: • sendo paredes muito espessas (com 0,50m a 1,50m de espessura), têm a capacidade de mobilizar forças horizontais devido ao seu elevado peso; • aumentar a espessura conduz a uma diminuição da esbeltez, reduzindose, assim, o risco de instabilidade por curvatura; • o aumento do peso associado ao aumento da espessura da parede corresponde a um alargamento do seu núcleo central, aumentando, dessa 80 forma, a capacidade de resistência de derrubamento, não instalando tensões de tração nas seções das alvenarias (fenômenos de fissuração); • essas grandes espessuras, no caso de paredes exteriores, além dos motivos anteriores, têm a ver com o fato de terem a função de proteção do interior da edificação em relação aos agentes atmosféricos, principalmente água da chuva e vento. Para as paredes mestras, interessa ainda fazer uma classificação quanto às características construtivas. Em paredes de alvenaria de pedra, esta classificação tem quatro parâmetros básicos (BINDA,1998), descritos a seguir: • pedras: a forma das pedras utilizadas (trabalhadas ou não trabalhadas), a natureza ou origem, as dimensões, a cor e o estado de conservação; • seção (em relação à tipologia construtiva): o número de paramentos e respectiva espessura, o grau de sobreposição entre paramentos, a presença de pedras transversais (contribuindo para a estabilidade estrutural), a dimensão e distribuição de vazios, a porcentagem de combinação dos componentes (pedra, argamassa e vazios); • assentamento: relativo à textura e à regularidade das superfícies de assentamento (regular, irregular, desbastada, etc.) e sua disposição, com destaque para a presença de calços ou cunhas (realizados com pedras de menores dimensões); • argamassa utilizada como elemento de ligação entre as pedras: identificando principalmente a sua consistência e, secundariamente, o desempenho, a espessura das juntas, a cor, o diâmetro, a forma e a cor dos agregados. Estes parâmetros descritos anteriormente são os principais componentes de uma alvenaria. Estão ligados direta ou indiretamente, fornecendo dados importantes para a avaliação da resistência ou sobre o comportamento mecânico das alvenarias. Pode-se ainda mencionar o seguinte (ROQUE, 2002): 81 • a forma das pedras tem influência fundamental na técnica construtiva adotada; • o tipo de acabamento ou aparelho (regularidade das fiadas ou camadas) (Figura 9); • a regularidade das juntas de argamassa e sua espessura; • o uso de calços (pedras de menores dimensões) para melhorar a fixação das pedras de maiores dimensões; • a qualidade do assentamento (dependente da superfície do aparelho de assentamento) pode ter função importante na estabilidade da alvenaria; • a presença de pedras transversais aos paramentos (conhecido, também, como travadouros) dá informação sobre o grau de ligação entre paramentos; • a presença, a distribuição e a dimensão dos vazios, pode inferir-se sobre a qualidade da alvenaria, o estado de degradação e as possibilidades de intervenção. Figura 9 – Classificação das alvenarias de pedra quanto ao tipo de aparelho: a) juntas desalinhadas; b) juntas irregulares alinhadas; c) juntas regulares alinhadas Fonte: Roque, 2002; GNDT, s.d. 82 Figura 10 – Classificação das alvenarias de pedra quanto ao tipo de assentamento: a) horizontal; b) horizontal / vertical; c) aleatório; d) escalonado com fiadas de regularização; e) em “espinha de peixe”; f) com calços ou cunhas Fonte: Roque, 2002; GNDT, s.d. Estudos realizados por Giuffrè (1993) sobre investigação da influência da tipologia da alvenaria de cantaria na estabilidade global das paredes, verificaram a importância da dimensão das unidades de alvenaria e, constataram que quando diminuía os comprimentos dessas unidades, havia um decréscimo da resistência ao corte, no plano das alvenarias. Entretanto, a seção exerce uma função fundamental no estudo das propriedades e comportamento das alvenarias, além do número de paramentos e do seu grau de sobreposição. Assim, em pesquisas realizadas sobre edifícios históricos danificados pelos sismos, na Itália, por Binda e Penazzi (2000), definiram-se três tipologias principais divididas em subgrupos (Figura 11): • Paredes de paramento simples: de pedra transversal única; de pedra transversal única com rebocos espessos; de grande espessura (em geral, com mais que uma pedra transversal). • Paredes de dois paramentos: 83 paramentos sem ligação: paredes constituídas por dois paramentos completamente separados por uma junta vertical ao longo do interface de contato, seca ou preenchida por argamassa e cascalho; paramentos ligados: o por simples sobreposição: as pedras dos paramentos sobrepõem-se ligeiramente (cerca de 2 cm) na interface de contato; o por pedras transversais: utilização de pedras transversais alongadas que atravessam toda a seção. • Paredes de três paramentos: seção resistente, heterogênea, composta por dois paramentos exteriores, pouca regularidade, separados por uma camada interior de fraca resistência (núcleo). Este núcleo é constituído por material de enchimento, composto por restos de blocos e pedras com juntas de argamassa intercaladas, ou por material mais ou menos homogêneo, solto ou parcialmente ligado, caracterizado por uma forte presença de vazios entre a argamassa e as pedras, aleatoriamente distribuídas. Figura 11 – Classificação das alvenarias de pedra segundo o número de paramentos: a) paramento simples; b) dois paramentos sem ligação; c) dois paramentos com ligação; d) três paramentos com núcleo de fraca ligação Fonte: Roque, 2002; GNDT, s.d. 4.1.2 Paredes de compartimentação (alvenarias de vedação ou divisória) As paredes de edificações antigas desempenham, na maioria das vezes, funções de fundamental importância para a estabilização estrutural global da construção. A arquitetura e a distribuição espacial desses edifícios promovem a estabilidade e a capacidade resistente. 84 As paredes de compartimentação ou de vedação exercem funções estruturais; mesmo não recebendo diretamente cargas verticais, elas contribuem para o travamento global das estruturas, devido às ligações entre as paredes, pavimentos e coberturas. Além disso, com o tempo, essas paredes podem receber um acréscimo de solicitações, devido a alterações de equilíbrio estático da edificação, movimentos diferenciais de fundações, sobrecargas e degradações. Desta forma, a parede de compartimentação passa a ter funções resistentes e, em casos extremos, substitui a função das paredes mestras. Como no caso de paredes mestras, também as paredes divisórias apresentam um grande número de soluções e métodos construtivos, geralmente em função da região e dos materiais disponíveis para a sua construção. Neste caso, é possível encontrar métodos construtivos de caráter mais local, como as paredes de pau-a-pique e paredes de madeiras. No entanto, devido à falta de mão de obra e, consequentemente, o encarecimento da mão-de-obra especializada, estes métodos foram substituídos por outros mais simples, como é o caso de alvenaria de tijolo maciço e, mais tarde, de tijolo furado. Entretanto, todas as paredes existentes numa edificação ajudam de alguma forma para a resistência global da estrutura em relação às ações atuantes. 4.2 MÉTODO DE CÁLCULO DE ESPESSURA DAS PAREDES E DOS MUROS DE EDIFÍCIOS ANTIGOS Segundo Pinho (2000), o cálculo da espessura de uma parede deve levar em conta os seguintes fatores: • altura da parede; • qualidade dos materiais utilizados; • vão dos pavimentos que suporta; • esforços atuantes (peso próprio, peso dos vigamentos, peso do telhado, peso da cobertura, sobrecarga de serviço e acidentais, entre outros). As espessuras das paredes e de muros de edifícios antigos deviam ser estudadas em cada caso específico devido a sua complexidade. Por isso, necessitase de muitas pesquisas, devido à impossibilidade de se estabelecer um conjunto de 85 fórmulas empíricas aplicadas à diversidade de situações, como, por exemplo, as alturas das paredes, outras que trabalham em conjunto, paredes ligadas por vigamentos, muros isolados, etc (LEITÃO, 1896; SEGURADO, 1908). A diversidade de métodos e materiais dificultava os cálculos de espessuras das paredes. Os construtores variavam as espessuras em função do seu critério ou conveniência, reduzindo ao mínimo possível, em função da economia; ou, pelo contrário, extravasando seus cálculos, para aumentar a segurança da construção. Para isso, havia algumas cidades que estabeleciam leis municipais em relação às espessuras das paredes para evitar alguns erros de construtores inexperientes. Além disso, as paredes exteriores com pequenas espessuras deveriam ser corrigidas para evitar que a água de chuva, em conjunto com a ação do vento, penetrasse e atingisse a face interior, provocando manchas características. A seguir, de forma ilustrativa, será mostrado como alguns construtores calculavam as espessuras das paredes. Segundo Leitão (1896), a espessura das paredes e dos muros podia ser calculada através de fórmulas empíricas, em função da altura, tipo de utilização e condições de ligação a outros elementos. A Tabela 8 mostra algumas dessas fórmulas empíricas utilizadas no século XIX. 86 Tabela 8 – Fórmulas empíricas para o cálculo da espessura das paredes e de muros de edificações antigas Fórmula para o cálculo da espessura da Condições da parede ou do muro Paredes paralelas e unidas pelo madeiramento do telhado Paredes que, além das condições anteriores, também eram ligadas por sobrados ou contraventadas por paredes interiores parede: a L . 12 L2 + a 2 a L e= . 18 L2 + a 2 e= Paredes de fachada, de edifícios com divisões em toda a largura dos mesmos Paredes de fachada, quando o edifício era dividido por uma parede P, paralela àquelas Parede P, descrita na situação anterior Muro de vedação isolado Muro de vedação ligado a outros perpendiculares, afastados entre si da distância d Muro em curva de raio r • • • • e(m) e= C+ a 2 24 C+a e= 18 C+a e= 36 a e= 8 a d e= . 8 d 2 + a2 r a 2 e= . 2 8 r + a2 4 e : espessura da parede ou do muro (m); a : altura da parede ou do muro (m); L : largura do edifício (m); C : comprimento do espaço dividido pela parede (m). Fonte: Pinho, 2000; Leitão, 1896 5 AS ARGAMASSAS E OS MATERIAIS As argamassas de edificações antigas são constituídas geralmente da mistura de um ou mais aglomerantes (gesso, cal, terra ou cimento), agregado miúdo e água, que dá à mistura, quando em proporções adequadas, a capacidade de trabalhabilidade, aderência e endurecimento. Aos componentes essenciais da argamassa pode-se adicionar produtos especiais, chamados de aditivos, com a função de melhorar ou conferir determinadas propriedades ao conjunto (PETRUCCI, 1978. p. 351). Entretanto, não se necessita, obrigatoriamente, de todos esses componentes para se ter uma argamassa. Existem argamassas poliméricas que não necessitam de água na sua mistura e, há quase quatro mil anos, os mesopotâmicos utilizavam-se de argamassas de betume sem água nas suas construções. Além disso, no área da conservação, existe uma grande variedade de argamassas que não necessitam da utilização de água nem de areia como carga (OLIVEIRA, 2003). Na utilização de um aglomerante e água, tem-se a pasta, que é pouco usada em edificações históricas pelo elevado custo e por apresentar grande retração, causando fissuras. Dessas pastas, quando adicionado um excesso de água, formam-se as natas, que são utilizadas em revestimentos, pinturas, preparação de substratos, ligação de argamassas e injeções utilizadas em reparos. Quando se adiciona a pasta (material ativo) a um agregado miúdo (material inerte), tem-se o que se chama de argamassa. A presença do agregado miúdo nas argamassas tem como função reduzir a variação de volume (retração). As argamassas empregadas em edificações antigas têm as seguintes funções: • elevação e assentamento de alvenarias: têm a função de unir pedras, tijolos maciços e blocos, melhorando a distribuição dos esforços, conferindo maior aderência, resistência mecânica, durabilidade e 88 trabalhabilidade às alvenarias. A aderência faz com que os esforços de flexão, compressão e choques possam ser absorvidos e até evitados. Para os pequenos esforços de tração, a aderência é mínima (MOLITERNO, 1995, p. 2); • revestimento de alvenarias: têm a função de cobrir as alvenarias, dando proteção contra a umidade, aumentando os isolamentos acústico e térmico, além de dar um bom acabamento em toda a superfície da parede de alvenaria ou taipa; • reparos com injeções: têm a função de unir sistemas estruturais isolados devido a danos ou falhas, como fissuras. Quando os espaços a serem preenchidos são relativamente grandes, utiliza-se a argamassa. No caso de fissuras muito pequenas, utiliza-se a pasta, devendo ser homogênea e ter grande fluidez para que penetre nos pequenos vãos do interior das fissuras. 5.1 PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS Uma argamassa de boa qualidade deve apresentar resistência mecânica satisfatória, compacidade, aderência, impermeabilidade, durabilidade, trabalhabilidade e volume constante. Segundo Petrucci (1978, p. 352), essas qualidades dependem de três fatores essenciais: • qualidade e quantidade do aglomerante; • qualidade e quantidade do agregado; • quantidade de água. Essas qualidades citadas irão influenciar na finalidade de uso da argamassa, podendo ser variáveis em cada tipo de utilização. É necessário, para obter uma argamassa de boa qualidade, que a pasta do aglomerante envolva todos os grãos do agregado e estejam completamente aderidos, e também que não existam vazios entre os agregados. A ocorrência de vazios pode deixar a argamassa com uma baixa resistência à tração, apresentando grande fragilidade e permeabilidade. O preenchimento desses vazios pode ser resolvido com uma dosagem adequada, dependendo da utilização e finalidade. 89 Segundo Oliveira (2003, p. 4), para se empregar uma argamassa em recuperação de argamassas históricas, deve-se, necessariamente, fazer um estudo do material antigo que se pretende reintegrar, com ensaios em laboratórios especializados, e atingir alguns pontos como: • ser durável, capaz de resistir ao intemperismo e à agressão do uso; • ter boa aderência ao substrato; • ser dimensionalmente estável, isto é, ter baixa retração na secagem ou pouco aumento de dimensões quando impregnadas com água; • ter a resistência mecânica adequada para suportar as cargas necessárias ou ter a capacidade de evitar a penetração da água de chuva, quando usada no revestimento; • ter uma distribuição de porosidade compatível com a necessidade de propiciar permeabilidade ao vapor d’água, já que os antigos muros, quase sempre úmidos, necessitam “respirar”; • apresentar unidade visual e de textura com as argamassas antigas adjacentes; • ter boa trabalhabilidade, ou seja, uma boa consistência e plasticidade. 5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS As argamassas podem ser classificadas de algumas maneiras que, segundo Petrucci (1978, p. 354) e Chinelli (1995, p. 22), normalmente são as descritas a seguir. a) Utilizadas em obras correntes e especiais, dependendo de sua função, subdividindo-se em: • comuns: destinadas a obras correntes, subdividindo-se em argamassas para assentamento, argamassas para revestimento, argamassas para pisos, argamassas para injeções, etc; • refratárias: destinadas a resistir a elevadas temperaturas, confeccionadas com agregados especiais, como, por exemplo, argilas refratárias. 90 b) Segundo o tipo de aglomerante e a dosagem dos materiais da mistura, tem-se: • argamassa aérea ou ordinária: possui um aglomerante aéreo como ligante principal, podendo ser a argamassa de gesso e a de cal aérea; • argamassa hidráulica: possui um aglomerante hidráulico como ligante principal, como, por exemplo, a argamassa de cal hidráulica e a de cimento; • argamassa mista: possui dois ligantes principais diferentes, geralmente cal aérea e cimento. c) Segundo os números de elementos ativos (aglomerantes), são classificadas em: • argamassa simples: possui apenas um elemento ativo; • argamassa composta: possui mais de um elemento ativo. d) Segundo a dosagem de materiais na mistura, pode-se subdividir em: • argamassa pobre ou magra: quando o volume de aglomerantes é insuficiente para preencher os vazios entre os grãos do agregado; • argamassa cheia: quando o volume de aglomerantes preenche exatamente os vazios entre os grãos do agregado; • argamassa rica ou gorda: quando há um excesso de pasta, ficando a quantidade de aglomerante superior à necessária para preencher os vazios deixados pelo agregado. e) Segundo a consistência, são classificadas em: • secas: quando possui pouca água; • plásticas: quando a trabalhabilidade alcançada é suficiente, sendo imposta pelo fator água/aglomerante; • fluídas: quando possui excesso de água. 91 5.3 TIPOS DE ARGAMASSAS As argamassas são dividas em vários tipos, dependendo dos seus componentes, das suas propriedades e características. Os principais tipos são: • argamassas de cal aérea e hidráulica; • argamassas de gesso (gipsita); • argamassas de cimento; • argamassas de barro; • argamassas de betume; • argamassas pozolânicas; • argamassas de pó de pedra; • argamassas “bastardas”; • argamassas especiais. 5.3.1 Argamassas de cal aérea As argamassas de cal aérea são muito utilizadas na proteção dos elementos construtivos, como revestimentos e no assentamento de tijolos cerâmicos, adobes, pedras, etc. Há milhares de anos esse tipo de argamassa era uma das principais misturas utilizadas no assentamento de pedras, blocos ou tijolos e no revestimento de alvenarias. Por endurecer muito devagar e pela sua baixa capacidade de impedir a penetração da água, foi substituída pela argamassa de cimento, embora apenas no fim do Século XIX (CHINELLI, 1998, p. 17). Essas argamassas são pouco condutoras de calor, sendo por isso boas protetoras de madeira e concreto contra a ação de temperaturas elevadas, impedindo um aquecimento excessivo dessas peças. Tem, também, uma boa trabalhabilidade, menor custo, comparadas com as argamassas de cimento, e maior compatibilidade com edificações antigas, sendo muitas vezes escolhidas para intervenções de restauração. A resistência à compressão das argamassas de cal é muito baixa a curto prazo e independe do traço. Aos 28 dias, pode atingir valores que oscilam entre 1,0 e 2,5 MPa. Na tração, os valores reduzem-se para 0,5 MPa (ARAÚJO, 2000, p. 65). 92 As patologias que podem ocorrer nos rebocos feitos com argamassa de cal são causadas pelo intemperismo (secagem prematura pela ação do vento, molhagem e secagem, ou pela instabilidade do volume de cal), que provoca variações de volume, aparecendo fissuras e esfoliações progressivas nos emboços. 5.3.2 Argamassas de gesso (gipsita) As argamassas de gesso são muito empregadas nos revestimentos internos, muitas vezes como acabamento superficial mais detalhado. Nesses acabamentos utiliza-se uma pasta de gesso, mistura de gesso e água, em vez de argamassa de gesso e areia. Segundo Machado (1998, p. 18), o gesso tem sido utilizado para fins decorativos desde os tempos pré-históricos, sendo muito empregada no Egito Antigo e na Mesopotâmia (305 a 64 a.C.), sendo um ligante básico para os blocos de adobe e empregado em revestimentos. Essas argamassas para revestimentos devem ser preparadas com gessos que tenham um tempo de pega lento e tenham um endurecimento rápido, sendo o gesso misturado com a areia no traço de 1:1 a 1:3. O aumento da areia no traço provoca uma diminuição da resistência da argamassa (CHINELLI, 1998, p. 17). As argamassas de gesso têm uma grande resistência a elevadas temperaturas, por causa da água de cristalização. Quando a temperatura atinge 120oC, parte da água de cristalização se liberta, formando uma proteção em forma de vapor que não permite que a temperatura junto ao revestimento ultrapasse os 100oC (PETRUCCI, 1978, p. 357). 5.3.3 Argamassas de cimento As argamassas de cimento têm propriedades hidráulicas, tendo um endurecimento rápido, que é função das características do aglomerante, e têm uma resistência satisfatória quando imersas em água. São as argamassas mais empregadas nas construções, constituindo uma mistura de cimento Portland, areia e água. Esses tipos de argamassas podem ser encontrados em algumas construções no Brasil a partir de do século XIX. A maior utilização é em função de serem mais 93 resistentes e duráveis. A plasticidade dessas argamassas é diretamente proporcional a sua aderência: quanto maior for a plasticidade da argamassa de cimento, maior será a sua aderência. A resistência à compressão das argamassas de cimento é muito superior à das argamassas de cal, chegando a 25 MPa. Quanto à tração, o valor se reduz para 2,5 MPa. O emprego dessa argamassa é bem amplo, tornando-se indispensável nas construções para assentar tijolos, pedras, cerâmicas, ladrilhos, além de impermeabilizar superfícies, regularizar e dar acabamentos a paredes, pisos e tetos. Em construções em que se deseja uma maior resistência, como muros de arrimo e fundações, o uso da argamassa de cimento é mais indicado do que o da argamassa de cal. Sem a adição de agregado miúdo, tem-se a pasta de cimento, que é usada nas construções apenas em trabalhos de vedação e preenchimento de fissuras. Geralmente obtém-se essa pasta com uma mistura de cimento com aproximadamente 20 a 30% de água em relação ao peso do cimento. A quantidade de água na fabricação das argamassas de cimento varia com a aplicação, com os materiais que se pretende unir e com o meio ambiente. As argamassas confeccionadas com pouca água dão uma consistência seca, alcançam maior resistência e, geralmente, são utilizadas em climas úmidos e chuvosos, necessitando maior mão de obra para sua preparação, devendo ser comprimidas. As argamassas feitas com consistência plástica são empregadas em climas secos e sobre materiais absorventes (ORÚS, 1977, p. 278). Segundo Araújo (2000, p. 67), as argamassas de cal e de cimento são complementares. A prática de acrescentar cimento às argamassas de cal as tornam mais resistente e impermeável ou mesmo acelera a pega. Quanto à adição de cal às argamassas de cimento, isto tem a função de retardar a pega, diminuindo a possibilidade de retração, e de tornar o produto mais econômico e trabalhável. 5.3.4 Argamassas de barro As argamassas de barro foram muito utilizadas nos assentamentos de alvenarias de tijolos cerâmicos e de pedras e nos revestimentos de alvenarias internas não expostas à umidade. Eram empregadas, principalmente, nas 94 construções de paredes de adobe e de taipa de pilão, fornos, fogões e chaminés. Foram utilizadas, principalmente, no início do Século XX, em construções mais simples, principalmente em regiões interioranas do Brasil. A resistência mecânica dessas argamassas é de qualidade muito inferior comparadas às de cal e de cimento, sua durabilidade é baixa e pode ser atacada com facilidade pela ação de intempéries, pois o barro absorve muita água com grande facilidade. 5.3.5 Argamassas de betume Segundo Machado (1998, p. 18), as argamassas de betume, como as argamassas de cal e de barro, nasceram com as primeiras construções do homem. Foram muito utilizadas no período neobabilônio, durante o reinado de Nabucodonosor II (604 a 562 a.C.). Ainda, de acordo com Chinelli (1995, p. 24), foi uma argamassa amplamente utilizada no período neobabilônico, como também mostra a Bíblia (Gênesis 11:3) quando menciona a construção da Torre de Babel: “E disseram uns para os outros, Vinde, façamos tijolos e cozamo-los no fogo. E serviram-se de tijolos, em vez de pedras e de betume em vez de cal traçada”. Essas argamassas têm a propriedade de isolamento térmico e de grande aderência às fachadas, sendo própria para ambientes onde a temperatura tem altas variações e locais em que existam pequenos movimentos relacionados à argamassa/substrato. 5.3.6 Argamassas pozolânicas As pozolanas são materiais obtidos em geral das cinzas vulcânicas. O nome pozolana se deve a Pozzuoli, cidade localizada no golfo de Nápoles, sendo as cinzas vulcânicas encontradas e utilizadas pelos romanos desde o Século IV a.C. As pozolanas têm propriedades hidráulicas; reagindo com o hidróxido de cálcio formam compostos insolúveis em água. As pozolanas são materiais que podem ser naturais ou artificiais. As naturais são em geral de origem vulcânica e, entre as artificiais, tem-se a argila calcinada entre 600 e 800oC e moída e as cinzas leves ou volantes. As cinzas leves se apresentam com um grau de moagem idêntico ao dos cimentos, constituídas de sílica vitrificada, com elementos cristalizados. 95 As argamassas pozolânicas, além da propriedade hidráulica, têm grande poder de aderência ao substrato, uma alta resistência mecânica, redução de preço do aglomerante, diminuição do calor de hidratação e maior resistência aos agentes agressivos. A mistura deve-se fazer, de preferência, com cal em pasta e nas proporções de 1:1, 2:1 e 3:1 em volume. A essa pasta acrescenta-se areia em quantidade correspondente à metade da soma dos aglomerantes com a água, dependendo da plasticidade desejada. 5.3.7 Argamassas de pó de pedra As argamassas de pó de pedra são destinadas principalmente para revestimentos externos. A composição dessas argamassas pode ter cal, cimento branco, areia e mica, quando se deseja dar brilho ao revestimento. Essas argamassas têm alta resistência à abrasão e ao choque e têm grande impermeabilidade. Para manutenção, basta uma lavagem com escova ou jato de areia de baixa pressão, pois dispensam pinturas. Atualmente, recomenda-se aplicação de silicone, a fim de evitar a formação de filmes biológicos na superfície (ARAÚJO, 2000, p. 68). 5.3.8 Argamassas “bastardas” Em algumas regiões do Brasil, em partes da América do Sul e mesmo na Europa, as argamassas bastardas foram muito utilizadas. As argamassas bastardas são obtidas fazendo-se uma adição de certo percentual de solo, sendo vulgarmente conhecidas como argamassa com barro ou argamassa paulista. “Essas misturas trazem melhorias nas propriedades da armagassa como um todo, porém dificultam muito a interpretação e os procedimentos laboratoriais analíticos da composição, devido à grande variedade de argilas e argilo-minerais que podem intervir na composição” (OLIVEIRA, 2003, p. 3). As argamassas bastardas caracterizam-se por um endurecimento bastante rápido, propriedades hidráulicas ativas e uma secagem muito rápida e praticamente isenta de fissurações quando bem dosadas e com argilominerais estáveis. Quando a cal da mistura é aplicada em pasta, a quantidade de água existente na pasta deve ser descontada para a quantidade recomendável para as condições de utilização. 96 Segundo Branco (1981, p. 50), quando se constroem paredes com tijolos leves, isto é, de baixa resistência à compressão, não se justifica o emprego de argamassas hidráulicas, que têm resistência muito superior à do tijolo, sendo preferível o emprego das argamassas bastardas, compatibilizando o substrato com a argamassa empregada e, também, diminuindo o preço da construção. Por exemplo, quando ocorrer o caso onde o traço de cimento e areia for mais fraco que 1:5, essa argamassa será muito porosa e de fraca aderência, sendo nesse caso, também, preferível utilizar as argamassas bastardas, que são mais plásticas e de melhor aderência ao substrato e, além disso, permanecem com uma resistência muito superior à dos tijolos. 5.3.9 Argamassas especiais As argamassas especiais podem ser divididas em prontas e elaboradas. As argamassas prontas estão disponíveis no mercado, com inúmeros produtos, marcas e fabricantes e vêm acompanhadas de informações das composições, traços e aplicações. As argamassas armadas podem ser consideradas como um tipo especial de concreto armado, sendo diferente a aplicação em comparação às argamassas em geral. Neste grupo, tem-se a argamassas poliméricas, que, segundo Oliveira (2003, p. 7), “são obtidas através do emprego da grande quantidade de polímeros termoplásticos e termo-resistentes, fornecidos pelo avanço da indústria petroquímica. São argamassas utilizadas, principalmente, na reintegração, colagem ou consolidação de materiais líticos. São, também, utilizadas quando estão relacionadas com a durabilidade do material, as finalidades e os locais da aplicação, as resistências à radiação UV, etc. Os componentes dessas argamassas são bastante variados, podendo-se citar a própria areia, o pó de pedra, a microssílica de vidro, o talco, a cerâmica pulverizada, etc”. 5.3.10 Argamassas empregadas em edificações históricas As argamassas empregadas nas restaurações em edificações históricas devem respeitar o princípio da compatibilidade das reintegrações. Segundo Oliveira (2003, p.2), reintegrações de rebocos e argamassas de assentamento pedem a 97 utilização das argamassas de cal. Embora em edifícios de valor cultural de época mais recente, onde há a utilização do cimento como aglomerante, recorre-se, para a reintegração, na maioria das vezes, à cal aérea. Admite-se, em casos em que se necessita da substituição total do revestimento, o emprego do cimento, desde que salve o bem cultural, e se esteja atento aos efeitos secundários deste material, levando em conta a existência de formas de cimento menos agressivas, como os cimentos pozolânicos. Segundo Oliveira (2003, p.3), nada em conservação pode ser conduzido através de um receituário explícito e ortodoxo. O correto é a análise em laboratórios especializados dos materiais existentes na sua composição e distribuição granulométrica do conjunto, encontrando a melhor proporção para a argamassa de reintegração, seguida de uma experimentação no canteiro de obra. Para a obtenção de uma boa argamassa é necessário escolher as areias, a água e o ligante, sabendo-se que há argamassas com diferentes características e utilidades. Uma boa argamassa está no traço correto, sendo o traço a dosagem dos inertes (por exemplo: agregados) e do ligante (por exemplo: cal), deixando as argamassas mais compactas, com plasticidade e aderência satisfatórias. A importância da argamassa está evidente na sua durabilidade e, conseqüentemente, na durabilidade da alvenaria. Na alvenaria, segundo Guimarães (2002, p.293), os dois requisitos básicos para a durabilidade são: a estabilidade dimensional da unidade e a permanente e perfeita ligação dos elementos, tornando a estrutura resistente à penetração de água. De acordo com Guimarães (2002), a cal hidratada exerce influência na durabilidade e qualidade das alvenarias, na ordem decrescente de importância, mostrada na Tabela 9. Tabela 9 – Predicados das argamassas com cal hidratada Argamassa de cal hidratada Ordem decrescente de importância quanto à durabilidade e à qualidade Expansão / contração Eflorescência Reconstituição autógena Perfeição de ligação nas interfaces (porosidade) Resistência mecânica Absorção dos acomodamentos estruturais iniciais Custo Retenção de água provinda de outros elementos Recuperação do excesso da aplicação Aspecto Assepsia Resistência ao fogo Fonte: Guimarães, 2002 98 Segundo Soares (2004), não é aconselhável usar argamassas de cimento em técnicas tradicionais de construção, pois não oferecem um comportamento flexível aos movimentos dos outros materiais. Além disso, os rebocos de cimento são os que tendem a impedir a evaporação da água das superfícies em que foram aplicados. Conseqüentemente, os sais existentes ficam acumulados entre a alvenaria e o reboco, levando ao destacamento do reboco e à degradação da alvenaria. Essa evaporação dos sais entre o reboco e a alvenaria, na argamassa de cal, acontece normalmente, solucionando os problemas de evaporação. Entretanto, a seguir, serão descritos os principais materiais utilizados na confecção de argamassas, bem como suas classificações. 5.4 MATERIAIS 5.4.1 Agregados Os agregados são materiais granulares, considerados inertes, mas, no entanto, possuem características físicas e químicas que intervêm no comportamento das argamassas e dos concretos. Decorrente disto, só devem ser utilizados quando isentos de substâncias nocivas, como, por exemplo, torrões de argila, matérias contendo carbono, material pulverulento e impurezas orgânicas (DE SOUZA E RIPPER, 1998, p. 90). Os agregados têm função importante na composição de argamassas e de concretos, tendo influência nas propriedades finais desses componentes, especialmente sobre a compacidade e a resistência aos esforços mecânicos. É também elemento fundamental para a definição da trabalhabilidade e da uniformidade das argamassas, aumentando a estabilidade, como a redução da retração e a resistência ao desgaste, além de ter influência na condutibilidade térmica. 5.4.1.1 Classificação dos agregados Os agregados são classificados quanto à origem, pelo peso unitário, quanto à composição mineralógica e pelas dimensões (ou classificação granulométrica). 99 5.4.1.1.1 Origem Os agregados são classificados, quanto à origem, em: • naturais: são encontrados na natureza prontos para serem empregados, não necessitando de transformações. São extraídos de minas ou leitos de rios e são formados por grãos arredondados e muito limpos, podendo também ser retirados de pedras de canteiro. Nesse caso, são terrosos e exigem uma lavagem antes do seu uso. Podem ser, por exemplo, as areias de rios e minas e os seixos rolados; • artificiais: devem ser trabalhados para serem utilizados. Geralmente, são provenientes da trituração e peneiramento de certas rochas, como, por exemplo, granito, basalto, calcário, arenito e quartzito. Por exemplo, as britas, o pó de pedra, escória britada e os pedriscos. 5.4.1.1.2 Massa unitária São classificados em: • pesados: quando são utilizados em barragens de peso, usinas nucleares e proteção contra radiação; • normais: quando possuem massa unitária de 1 a 2 t/m3. Podem ser as areias quartzosas, as britas e os granitos; • leves: quando possuem massa unitária menor que 1 t/m3. Podem ser, por exemplo, as pedras-pomes, argila expandida e vermiculita. 5.4.1.1.3 Composição mineralógica Os agregados são considerados inertes, porém, em alguns casos, desenvolvem características físico-químicas, como modificação de volume devido à umidade, e características químicas, como, por exemplo, reações com os álcalis do cimento. Quanto às rochas de origem, os agregados são divididos em ígneas (por exemplo, granito, pedra-pomes e basalto), sedimentares (por exemplo, calcário, argila e arenito) e metamórficas (por exemplo, ardósia, mármore e pedra sabão). 100 5.4.1.1.4 Classificação granulométrica Quanto às dimensões do grão, os agregados são divididos em: a) Agregados miúdos São os grãos com diâmetro máximo2 igual ou inferior a 4,8 mm (dmax = 4,8 mm). A função dos agregados é proporcionar à argamassa maior resistência à abrasão, à ação de intempéries e maior aderência ao substrato. Segundo Machado (1998, p. 33), os agregados contribuem para diminuir a retração, evitando o fissuramento, e facilitam a carbonatação das argamassas de cal, permitindo a penetração do ar no seu interior. a.1) Areias As areias são agregados miúdos utilizados em argamassas para revestimentos, nos assentamentos de pedras, tijolos e pisos, e no concreto, etc. As areias empregadas nas construções são, de preferência, de origem aluvial, com processo de extração utilizando draga, lavagem e peneiramento, que as deixam sem finos e impurezas. As areias têm os grãos separáveis, mas, quando úmidas, ganham uma coesão temporária e um inchamento, devido ao aumento de volume aparente (total), provocado pela tensão superficial da película de água que fica absorvida à superfície dos grãos saturados. A areia deve ter uma granulometria adequada para cada utilização, visando diminuir ocorrências patológicas, desde estéticas até mais graves. A granulometria influi na qualidade das argamassas e dos concretos, principalmente na compacidade, adensamento e na resistência aos esforços mecânicos. Nas argamassas tem-se preferência por areias finas, para obter melhor textura final do acabamento do emboço, enquanto que, para uso em concreto, utiliza-se areia média ou grossa, para diminuir a água de amassamento, dando-lhe maior resistência. Pelo tamanho dos grãos, a areia pode ser classificada em: 2 Diâmetro máximo de um agregado corresponde à abertura, em milímetros, da malha da peneira que retém uma porcentagem igual ou inferior a 5% em massa. 101 • fina: diâmetro de 0,05 mm a 0,30 mm; • média: diâmetro de 0,30 mm a 1,2 mm; • grossa: diâmetro de 1,2 mm a 4,8 mm. Além do tamanho, os grãos podem ser angulosos ou arredondados, dando funções diferentes para cada utilização, como, por exemplo, areias com os grãos angulosos são poucos trabalháveis, mas oferecem uma maior resistência quando utilizadas como chapisco. Para um acabamento liso, reboco, deve-se utilizar areias com grãos mais finos e arredondados, resultando numa argamassa mais trabalhável e compacta. Nas areias, a matéria orgânica é uma impureza muito freqüente, tendo origem vegetal e formando pequenas partículas que escurecem o agregado miúdo. A cor escura de uma areia pode indicar, principalmente, a existência de matéria orgânica ou a origem de uma rocha escura, como, por exemplo, o basalto. Outras substâncias químicas presentes nas areias podem, também, ser nocivas. A areia do mar tem a granulometria apropriada e, quando sofre um processo de beneficiamento, ou seja, uma simples lavagem para a remoção dos sais, principalmente o cloreto de sódio, NaCl, pode ser utilizada sem oferecer qualquer problema, seja para as armaduras, seja para a própria argamassa. Para a obtenção de uma boa argamassa, as areias devem ser peneiradas e as de rio devem ser lavadas, com a finalidade de liberá-las de substâncias orgânicas. De acordo com Guimarães (2002), a granulometria da areia tem grande influência nas propriedades das argamassas, conforme a Tabela 10. Tabela 10 – Influência da granulometria da areia nas propriedades das argamassas Propriedades Trabalhabilidade Retenção de água Elasticidade Retração na secagem Porosidade Aderência Resistência mecânica Impermeabilidade Características das areias Quanto mais Quanto menor o Quanto maior o teor descontínua for a módulo de finura de grãos angulosos granulometria Melhor Pior Pior Melhor Variável Melhor Pior Pior Pior Aumenta Aumenta Variável Variável Aumenta Variável Pior Pior Melhor Variável Pior Variável Pior Pior Variável Fonte: Guimarães, 2002 102 a.2) Saibro O saibro é um material areno-argiloso de aparência amarelada, tendo em sua composição argila e outros materiais de rochas em desagregação. O saibro tem uma ação plastificante, influenciando nas propriedades e na qualidade da argamassa. O saibro misturado com aglomerantes, tais como cal ou cimento, é utilizado como um agregado miúdo na confecção de argamassas para assentamento de tijolos ou revestimento de paredes. É um material de grande variação na composição mineralógica, sendo assim difícil um controle na qualidade do material, por se desconhecer o índice de plasticidade, a granulometria e as impurezas. Esse agregado miúdo é classificado, segundo o teor de argila, em: • áspero: 5 a 15% de argila. É o mais utilizado, pois as argamassas se apresentam mais plásticas, não necessitando de areia para a correção do traço; • meio-áspero: 15 a 25% de argila; • macio: 25 a 35% de argila. Necessita de areia para a correção do traço, possuindo um alto teor de elementos silto-argilosos. b) Agregados graúdos São os grãos com diâmetro máximos superiores a 4,8 mm (dmáx > 4,8 mm). Os agregados graúdos podem ser naturais ou artificiais, sendo utilizados em argamassas, em acabamentos texturizados, dando um aspecto rugoso de acordo com a granulometria empregada. Segundo De Souza e Ripper (1998, p. 90), exercem influência sobre algumas características importantes, como a redução da retração, o aumento da resistência aos esforços mecânicos e outros, quando utilizados em concreto. b.1) Brita A brita ou pedra britada tem um emprego muito amplo na construção civil. É utilizada no concreto como agregado graúdo, em trabalhos de cantaria, em pavimentação, em pisos, soleiras, peitoris, como blocos de alvenaria, etc. A brita 103 utilizada em concreto deve ter a resistência superior à do concreto em confecção e ser inerte, não influenciando diretamente na qualidade final do concreto. A brita é classificada de acordo com seu diâmetro, conforme mostra a Tabela 11, e utilizada de acordo com o tamanho da peça a concretar e pelo preenchimento em torno das armaduras. A brita 0 é conhecida como pedrisco e é comum o emprego da mistura, em partes iguais, de brita 1 e brita 2 com um diâmetro máximo de 25 mm. Tabela 11 – Tipos de britas em função do diâmetro Tipo Brita 0 Brita 1 Brita 2 Brita 3 Pedra de mão Diâmetro máximo (dmáx) 4,8 mm < dmáx < 9,5 mm 9,5 mm < dmáx < 19 mm 19 mm < dmáx < 38 mm 38 mm < dmáx < 76 mm dmáx >76 mm Fonte: Araújo, 2000, p. 27 b.2) Seixo rolado O seixo rolado é um agregado graúdo, de forma arredondada, encontrado em leitos de rios. São muito utilizados em construções em áreas urbanas, em ruas na forma de “costelas”, funcionando como arrimo e anulando a ação das enxurradas. No interior das construções utilizava-se em menores dimensões, aproximadamente 30mm, geralmente em forma de mosaico com características mouras, assentados sobre barro. Nas áreas externas, como vias públicas e calçamento, utilizava-se diâmetros maiores, sendo chamados de pé de moleque (CARDOSO, 2003, p. 56). 5.4.2 Aglomerantes minerais Aglomerantes são todos os materiais naturais ou artificiais, geralmente pulverulentos, que têm a função de ligar os grãos dos agregados (material inerte). Segundo Petrucci (1978, p. 305), o primeiro aglomerante utilizado pelo homem foi a argila, nas construções dos assírios e caldeus, segundo citações encontradas na Bíblia. Eram empregados em blocos de pedras superpostos, barros adensados em camadas ou armados com peças de madeira. Na Grécia, os aglomerantes eram empregados em paredes de tijolos: secos ao sol, sem 104 cozimento: os tijolos eram superpostos e assentados com o mesmo barro da confecção. Do mesmo modo, os assírios e babilônios faziam as paredes rejuntadas com betume. No interior do Brasil, Estados Unidos e México, as argilas secas ao sol são utilizadas até hoje, como, por exemplo, os adobes. Os aglomerantes são elementos ativos e, quando misturados com água, endurecem por simples secagem ou através de reações químicas. Os aglomerantes são utilizados na obtenção de: • pasta: mistura de um aglomerante com água. É pouco utilizada devido aos efeitos secundários causados pela retração, perda de água entre os grãos, ocasionando uma perda de volume do aglomerante, aparecendo pequenas fissuras. É empregada em rejuntamento de ladrilhos e azulejos. Nas pastas preparadas com excesso de água formam-se as natas, utilizadas em pinturas e na obtenção de superfícies lisas. Por exemplo, as natas de cal e as natas de cimento; • argamassa: mistura de um aglomerante, um agregado miúdo e água. Os agregados têm função econômica, aumentam a resistência superficial e, também, diminuem a nociva retração da mistura quando seca; • concreto: mistura de um aglomerante, um agregado graúdo, um agregado miúdo e água, eventualmente acompanhados de um aditivo. O endurecimento das argamassas e dos concretos decorre do endurecimento da pasta, sendo esta a que controla o início e o fim de pega. A pega inicia quando a pasta começa a perder sua plasticidade, perdendo a fluidez, e o fim de pega ocorre quando a pasta se solidifica completamente, não significando que ganhou toda sua resistência, mas aderindo aos materiais com as quais tenha sido posta em contato, permitindo assim a execução de alvenarias, revestimentos, concreto armado, estabilização de solos, etc. Os aglomerantes são classificados em quimicamente inertes, como a argila (endurece pela evaporação da água) e o betume (endurece pela evaporação do solvente), e quimicamente ativos, que endurecem através de reações químicas. Quanto ao princípio ativo, os aglomerantes podem ser classificados em: 105 • aglomerantes simples: constituídos de um único produto, sem mistura posterior ao cozimento. São considerados aglomerantes simples os aéreos e os hidráulicos. Os aglomerantes aéreos devem ser empregados somente ao ar, pois não resistem satisfatoriamente quando imersos na água, mesmo depois de endurecidos. Eles necessitam do contato com o ar para ocorrer o processo de endurecimento. Nesse grupo tem-se o gesso, a cal aérea e a magnésia sorel. Os aglomerantes hidráulicos resistem satisfatoriamente quando empregados dentro da água e o endurecimento pode ocorrer independentemente do ar. Nesse grupo temse a cal hidráulica, o cimento natural, o cimento Portland ou artificial e o cimento aluminoso; • aglomerantes compostos: são constituídos pela mistura de sub-produtos industriais, ou produtos naturais de baixo custo (escória de alto-forno ou pozolanas) com um aglomerante simples, geralmente cal ou cimento Portland. São exemplos de aglomerantes compostos: cimento pozolânico, cal pozolânica, cimento de alto forno, cal metalúrgica, aglomerante de escória com cal, aglomerante de escória com cimento Portland e cimentos sulfatados; • aglomerantes mistos: constituídos pela mistura de dois aglomerantes simples. Esses aglomerantes são utilizados fora das especificações e não são empregados no Brasil; • aglomerantes com adição: são os aglomerantes simples com adições que excedem os limites estabelecidos nas especificações para dar-lhes propriedades especiais, como diminuir a permeabilidade, diminuir a retração, reduzir o calor de hidratação, aumentar a resistência a agentes agressivos, dar coloração especial, etc. 5.4.2.1 Argila A argila foi, provavelmente, o primeiro aglomerante utilizado pelo homem. Os assírios, caldeus, babilônios e gregos, além de utilizar a argila para rejuntar as pedras e madeiras de suas moradias, confeccionavam cerâmicas, após a descoberta de que o calor a endurecia. 106 Argila é um aglomerante quimicamente inativo e o seu endurecimento é causado simplesmente pela evaporação da água. O nome argila é dado ao conjunto de partículas cristalinas muito pequenas, formada por um número restrito de minerais, chamada de argila mineral, constituída principalmente de silicatos de alumínio hidratados (Al2O3.2SiO2.2H2O) acrescidos, entre outras substâncias, de alguns álcalis, óxidos de magnésio (MgO), de cálcio (CaO) e de ferro (Fe2O3), alumina (Al2O3) e sílica (SiO2). As argilas são compostas de partículas coloidais de diâmetro inferior a 5µ, que, quando úmidas, são de grande plasticidade, e secas formam torrões dificilmente desagregáveis. As principais propriedades das argilas são: • plasticidade: essa propriedade facilita a trabalhabilidade com o material, dependendo do tamanho e formato dos grãos. As argilas de superfície são mais plásticas que as argilas de jazidas mais profundas, devido à pressão que essas recebem; • retração: essa propriedade ocorre quando a argila é inicialmente exposta ao ar. As camadas externas perdem água por evaporação e recebem, através dos capilares, a água contida nas camadas internas, ocasionando a retração do conjunto, isto é, os grãos se aproximam uns dos outros devido à perda de água; • efeitos do calor sobre a argila: uma argila, quando aquecida entre 20 e 150oC, perde somente água de capilaridade. De 150 a 600oC, a argila perde água absorvida pela molécula e começa a enrijecer, finalizando suas alterações físicas. Após 600oC ocorrem alterações químicas em três estágios: o primeiro é chamado de desidratação química, que é quando a água constituinte é expulsa e as matérias orgânicas são queimadas; o segundo estágio é a oxidação dos carbonatos em calcinados; e o último é a vitrificação, após 950oC, quando a sílica constituinte e as sílicas das areias formam uma pequena quantidade de vidro que aglutina os demais elementos (cerâmica). A quantidade de um produto cerâmico depende, acima de tudo, da quantidade de vidro formado (ALMEIDA, 2003, p. 32). 107 5.4.2.2 Gesso O gesso apareceu nas argamassas mais antigas, aplicadas nas alvenarias e em revestimentos protetores e decorativos. Não se tem precisão da origem da aplicação dos aglomerantes químicos ativos, mas sabe-se que o uso do fogo tem grande importância nessa descoberta. O calor, e depois a umidade, transformaram parte dessas rochas em pasta aglomerante, dando origem à utilização da primeira alvenaria de pedra com preenchimento com material aglomerante quimicamente ativo. Branco (1981, p. 37) cita que o gesso foi amplamente empregado no Egito na construção de pirâmides e de outros monumentos funerários, há mais de 4000 anos; foi também utilizado pelos babilônios, há mais de 5000 anos. Os gregos, os romanos e os árabes, mais tarde, fizeram grande utilização do gesso nas suas construções e decorações. O gesso é um aglomerante aéreo (endurece pela ação química do CO2 presente no ar) empregado em forma de pasta em revestimentos e decorações interiores. No estado natural, é uma rocha sedimentar constituída, principalmente, de sulfato de cálcio hidratado, sendo encontrada sob a forma de material compacto, de granulação de fina a média. Na obtenção do gesso utiliza-se essa rocha como matéria prima, que tem na sua composição a gipsita3. A gipsita sofre calcinação, isto é, a uma certa temperatura perde uma e meia ou duas moléculas de água, formando produtos como o gesso de estucador, o gesso de construção, o gesso semihidratado, o gesso hidráulico, entre outros. A gipsita calcinada é bastante utilizada pela indústria da construção civil. Quando calcinada em temperatura adequada, perde parte da água de cristalização, formando o gesso. Entre as temperaturas de 120oC a 150oC, a gipsita é calcinada, formando o gesso hemidrato (CaSO4.1/2H2O). Esse gesso, depois de misturado à água, torna-se plástico, podendo ser moldado na forma desejada, e enrijece rapidamente, recompondo o dihidrato original (CaSO4.2H2O), com um tempo de pega, aproximadamente, de 5 minutos. Uma grande propriedade do gesso é a pega rápida. O gesso hemidratado (CaSO4.1/2H2O) dá pega em poucos minutos. A quantidade de água funciona 3 É a forma mineral do sulfato de cálcio hidratado, CaSO4.2H2O, apresentando uma massa específica de 2,32g/cm3, dureza 1,5 a 2 na escala Mohs. Quando puro, tem 46,5% de SO3, 32,6% de Cal e 20,3% de H2O. Em sua forma mais pura, o gipso é branco e ocorre em camadas estratificadas de origem marinha. A maioria dos depósitos de gipso ocorre junto aos do mineral anidrita, sugerindo uma possível transformação de uma forma para a outra após a deposição. 108 negativamente no fenômeno de pega: quanto mais água, mais lenta será a pega e o endurecimento. A quantidade de água a ser utilizada no gesso é, aproximadamente, 19% da massa do mesmo. Segundo Almeida (2003, p. 81), existem impurezas ou aditivos que podem alterar a velocidade de pega. Como retardador de pega, podem ser misturados ao gesso: açúcar, álcool, cola, serragem fina de madeira, sangue e outros produtos de matadouro (chifres e cascos), na proporção de 0,1% da massa do gesso. Esses produtos retardam a pega, pois formam membranas protetoras entre os grãos, isolando-os. Como acelerador de pega, pode-se utilizar no gesso sal de cozinha, alúmen (silicato duplo de alumínio e potássio), sulfato de alumínio e potássio e o próprio gesso hidratado. Além da pega rápida, o gesso tem outras propriedades, que são: • resistência mecânica: a relação água/gesso é decisiva para a qualidade do produto endurecido, dependendo da porosidade. Quanto menos água, menos poroso e, conseqüentemente, mais resistente; • aderência: as pastas e argamassas de gesso aderem muito bem ao tijolo, pedra, ferro e madeira; • isolamento: as pastas endurecidas de gesso gozam de excelentes propriedades de isolamento térmico, isolamento acústico e impermeabilidade ao ar. A condutibilidade térmica do gesso é muito baixa (0,40Kcal/h.m.oC), aproximadamente 1/3 do valor para o tijolo comum. O gesso é um material que tem considerável resistência ao fogo, pois a água de cristalização é eliminada pelo calor, reduzindo o material superficial à condição de pó, atuando como isolante e protegendo a camada inferior de gesso. Atualmente, o gesso é usado especialmente em revestimentos e decorações interiores, simplesmente como pasta ou misturado com areia na forma de argamassa. Na indústria da construção civil é empregado como material de revestimento (estuque), placas para rebaixamento de teto (forro), painéis para divisórias e elementos de ornamentação (sancas, florões, etc). 109 5.4.2.3 Cal Na antiguidade, o aglomerante clássico dos elementos de construção foi a cal. Os gregos, etruscos, e depois os romanos, empregavam a cal como aglomerante, misturando-a com areia, formando uma argamassa do mesmo modo ainda hoje adotada. Verifica-se que os etruscos dominavam com segurança a técnica de produção e utilização de cal há mais de 2500 anos, conforme testemunham alvenarias de cisternas e túmulos que ainda existem. A cal é um aglomerante resultante da decomposição e da calcinação, pelo calor, de rochas carbonáticas. Os calcários, formados em grande parte de calcita ou carbonato de cálcio (CaCO3), e os dolomitos, constituídos de dolomita ou carbonato de cálcio e magnésio (MgCO3.CaCO3), são os componentes principais dessas rochas. Em construções mais antigas pode-se encontrar a cal obtida através de conchas, corais e esqueletos de animais fossilizados. Esses elementos, sob a ação do calor, formam óxido de cálcio (cal viva) ou óxido de magnésio (cal dolomita) liberando gás carbônico. Basicamente, as cales se dividem em cal aérea, quando o seu endurecimento se dá apenas pela ação do gás carbônico do ar, e cal hidráulica, quando o endurecimento se dá pela evaporação da água de amassamento. A cal aérea é fabricada com uma única matéria prima, o calcário ou carbonato de cálcio (CaCO3), podendo conter um pequeno teor de argila. Essa cal tem o endurecimento muito lento, pois depende da umidade e do gás carbônico do ar, sendo necessária uma certa porosidade da massa para a realização desse processo, que ocorre de fora para dentro do revestimento, assim ocorrendo a carbonatação. Na fabricação da cal, utiliza-se a matéria prima, principalmente o calcário, fazendo um cozimento a uma temperatura inferior à fusão, aproximadamente 900oC, suficiente para decomposição do calcário, produzindo-se a cal virgem ou cal viva (CaO) e liberando gás carbônico (reação de calcinação). O produto da calcinação, a cal virgem, reagindo com água, gera a cal extinta ou hidratada, Ca(OH)2, liberando grande quantidade de calor (reação de hidratação ou extinção da cal). A cal extinta, na presença de gás carbônico do ar (CO2), forma o carbonato de cálcio, endurecendo com essa combinação (reação de carbonatação). 110 Segundo Petrucci (1978, p. 324), a cal aérea pode ser dividida em cal gorda, onde com 1m3 de cal obtém-se mais de 1,82m3 de pasta, e cal magra, quando 1m3 de cal fornece menos de 1,82m3 de pasta. Devido à dificuldade da extinção da cal virgem4 nas construções, a indústria desenvolveu a cal hidráulica, que é utilizada como pasta ou em mistura com areia (argamassa). A cal hidratada é um produto manufaturado, apresentando-se como um produto seco, em forma de flocos de cor branca. Na sua composição, além do carbonato de cálcio, encontra-se uma boa quantidade de material argiloso, principalmente a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3) e o óxido de ferro (Fe2O3). O cozimento é semelhante à cal aérea. Uma grande propriedade da cal hidráulica é poder endurecer e consolidar-se em ambiente úmido e debaixo de água. Segundo Carvalho (1996, p. 27), a cal hidráulica tem as seguintes vantagens: melhor manuseio, transporte e armazenamento, facilidade na preparação das argamassas, pois já vem pronta para utilização, e maior segurança contra hidratação espontânea ou incêndios. 5.4.2.4 Pozolanas Os gregos e os romanos sabiam que, adicionando uma certa quantidade de terras de origem vulcânica às argamassas de cal e areia, melhorava-se a sua resistência, mesmo em presença da ação da água. Os gregos utilizavam as terras vulcânicas da ilha de Santorim, e, os romanos, da baía de Nápoles, sendo que a variedade mais conhecida era a retirada das vizinhanças de Pozzuoli, recebendo o nome de pozolanas. As pozolanas são substâncias naturais ou artificiais que têm na sua composição basicamente sílica (42 a 66%), alumina (14 a 20%), óxido de ferro (5 a 20%), óxido de magnésio (1 a 6 %), óxido de cálcio (3 a 10%) e álcalis (2 a 10%). Essas substâncias são reduzidas a pó e misturadas com cal comum, formando produtos hidráulicos. As pozolanas naturais podem ser ígneas, oriundas de vulcões (cinzas e lavas vulcânicas), como, por exemplo, as da jazida de Nápoles. Podem ser Gaize, que é uma rocha sílico argilosa, situada na França, e orgânicas, formadas por rochas sedimentares constituídas por esqueletos de algas diatomáceas. As 4 A cal viva ou cal virgem (CaO) em forma de pedras porosas possui a propriedade de combinar-se com a água, formando uma pasta de hidróxido de cálcio ou cal extinta ou, ainda, cal hidratada, com grande desprendimento de calor, seguindo a reação: CaO + H2O → Ca(OH)2 + calor (extinção da cal) 111 pozolanas artificiais podem ser obtidas a partir da calcinação da argila (2SiO2.Al2O3.2H2O). Segundo De Souza e Ripper (1998, p. 88), as principais pozolanas artificiais são as cinzas volantes resultantes da combustão do carvão mineral em usinas termoelétricas, e argilas ou ainda folhelhos argilosos ativados por calcinação entre os 700oC e os 900oC. Os dois tipos são utilizados no Brasil. A grande propriedade das pozolanas é a sua hidraulicidade, tendo como papel principal a fixação da cal liberada sob a forma insolúvel, impedindo-a de reagir ou dissolver-se. Além da propriedade hidráulica das pozolanas, elas possuem uma boa aderência ao substrato e grande resistência mecânica e resistência aos impactos. As pozolanas sempre são empregadas associadas com outros aglomerantes, seja com a cal, com o cimento, ou com o gesso, oferecendo grandes vantagens ao produto, como economia no custo da construção, maior resistência às águas e solos agressivos, maior trabalhabilidade, menor calor de hidratação (com isso, diminui as fissuras nas peças confeccionadas), menor permeabilidade, menor segregação do agregado e maior estabilidade e volume. 5.4.2.5 Cimento O nome cimento deriva da expressão latina “caementum”, que significa argamassa ligante, aplicado a argamassas em geral independente do aglomerante utilizado. Somente na metade do século XVIII, em 1756, o engenheiro inglês John Smeaton, observando as causas do endurecimento das argamassas hidráulicas, ainda constituídas de cal e pozolanas, verificou que as melhores eram produzidas com calcários argilosos. Joseph Parker, em 1796, na Inglaterra, patenteou o cimento produzido com rochas calcário-argilosas, chamando de “cimento romano”. Portanto, somente em 1824, atribui-se a José Arpdin a invenção do cimento, que chamou de Portland, por apresentar, depois de seco, o aspecto das rochas de uma localidade inglesa com este nome (BRANCO, 1981, p. 43). O Brasil foi o país pioneiro, na América Latina, na fabricação do cimento Portland, pois, em 1888, o Comendador Antônio Proost Rodovalho fundou, em sua Fazenda Santo Antônio, no município de Sorocaba-SP, uma fábrica onde produzia cal hidráulica e pesquisava calcário para produção de cimento. 112 O cimento pode ser natural ou artificial. O cimento natural geralmente é um produto heterogêneo devido à irregularidade das rochas calcárias5 de origem. O cimento artificial, ou mais conhecido como cimento Portland6, é uma mistura rigorosa de materiais calcários e argilosos previamente moídos, deixando a mistura num estado pulverulento. Segundo De Souza e Ripper (1998, p. 85), os cimentos tipo Portland são obtidos através da calcinação, a temperaturas próximas de 1.500oC, de uma mistura bem proporcionada de calcário (carbonato de cálcio) e argilas (silicatos de alumínio e ferro), com uma certa quantidade de gipsita (gesso com grau de finura elevado), material controlador de pega, e, eventualmente, de substâncias ricas em sílica, alumina ou ferro. Quando essas matérias primas são submetidas a temperaturas tão elevadas, reagem entre si, e os produtos da reação, ao serem resfriados, aglomeram-se em pedaços com dimensões variáveis, entre 2mm e 20mm, aglomeração chamada de clínquer. A moagem do clínquer Portland dá origem ao cimento Portland. A relação entre os componentes argilosos e a cal está entre 0,45 e 0,50. Além do cimento Portland comum, existem outros tipos, chamados especiais, diferindo do comum por modificações nos compostos, a fim de atender casos particulares de aplicações, melhorando algumas propriedades. O cimento é um pó fino com propriedades aglomerantes ou ligantes. Ele pode ser usado como uma pasta (cimento e água), argamassa (cimento, água e agregado miúdo) e concreto7 (cimento, água, agregados miúdo e graúdo). As propriedades e características dessas formas de utilização vão depender, principalmente, do cimento, que é o composto mais ativo quimicamente da mistura. Através de análise química, obtém-se os principais compostos do cimento, mostrados na Tabela 12. Tabela 12 – Tabela com os principais compostos do cimento Compostos Notações Químicas dos Cimentos Notações Químicas Condensadas Silicato Tricálcico 3CaO.SiO2 C3S Silicato Bicálcico 2CaO.SiO2 C2S Aluminato Tricálcico 3CaO.Al2O3 C3A 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF CaSO4.2H2O C5H2 Ferro-Aluminato Tetracálcico Gipsita Fonte: De Souza e Ripper, 1998, p. 85 5 O calcário utilizado para a fabricação de cimento apresenta-se na natureza com composições variáveis, mas sempre estão presentes os seguintes compostos: carbonato de cálcio, sílica, alumina, óxido de ferro, magnésia, etc. 6 O cimento Portland é o mais fabricado no Brasil e mais utilizado nas confecções de argamassas, por isso será o tipo de cimento abordado. 7 A palavra concreto deriva da palavra latina “concretus”, que significa crescimento junto. 113 Além destes principais componentes do cimento, encontram-se em menores proporções substâncias como óxido de cálcio ou cal livre (CaO), óxido de magnésio (MgO), óxido de ferro (Fe2O3), sílica ou dióxido de silício (SiO2), alumina ou óxido de alumínio (Al2O3), e álcalis (Na2O; K2O) apresentados na forma de sulfatos, entre outros. O óxido de ferro é responsável pela coloração cinza do cimento, e, quando em uma mistura, sua quantidade tende a zero, e tem-se o cimento branco. O óxido de magnésio, em proporções maiores que 6,5%, pode causar expansão da argamassa. Portanto, a quantidade de silicatos e aluminatos, principais componentes do cimento, são elementos fundamentais e determinantes de várias de suas propriedades, tais como a resistência à compressão, a resistência química, o calor de hidratação, a permeabilidade, a porosidade, etc. 5.4.3 Água A água de amassamento para elaboração de pastas, argamassas e concretos é o componente mais econômico, de maior quantidade na natureza e um dos mais importantes destas misturas quando utilizado adequadamente. A água dá fluidez, deixando a argamassa com maior trabalhabilidade, e, através de reações químicas, dá maior coesão ao conjunto. É a quantidade de água que determina a porosidade, a permeabilidade, e, conseqüentemente, a resistência final da pasta, argamassa ou concreto. Para a confecção desses materiais, a água própria para a utilização é a potável, isto é, não tem cheiro nem sabor. Deve ser livre de matérias em suspensão, pois alteram as resistências mecânica e química do produto final, e não conter resíduos industriais, principalmente hidratos de carbono (açúcares), que retardam, ou até impedem, o tempo de pega das argamassas. As águas que contenham cloretos de sódio ou de magnésio em quantidades superiores a 1%, ou sulfatos em quantidades superiores a 0,3%, devem ser evitadas na aplicação, pois prejudicam a resistência das argamassas (BRANCO, 1981, p. 55). A água do mar contém 3,5% de sais com distribuição de íons, principalmente, em maiores quantidade, os cloretos (Cl-) e o sódio (Na+). O emprego dessa água em argamassas leva a uma diminuição nas resistências finais e ao aparecimento de eflorescências, devido aos sulfatos e carbonatos alcalinos e alcalinos terrosos que 114 cristalizam na superfície. Além desses problemas, pode ocasionar corrosões em armaduras se a estrutura for de concreto armado. Portanto, a melhor água é a potável, seja para mistura ou para cura. Quando a água apresentar qualquer gosto ou cheiro deve-se proceder a análises ou ensaios necessários, a fim de verificar as impurezas que se pode tolerar na água de amassamento. 5.4.4 Aditivos O aditivo tem a função de modificar ou dar certas propriedades à mistura. Pode ser considerado como um componente extra que melhora a qualidade das argamassas. Seguem abaixo algumas das aplicações possíveis, a fim de melhorar os objetivos que se pretende alcançar com o uso de aditivos: • aumento da compacidade e da resistência mecânica; • melhora da trabalhabilidade; • redução da permeabilidade ; • redução da absorção de água por capilaridade; • diminuição da retração; • atuação sobre o tempo de pega, retardamento ou aceleração; • diminuição do calor de hidratação. 6 GÊNESE DAS ROCHAS E ENSAIOS TECNOLÓGICOS A seguir será apresentada uma síntese sobre rochas, destacando suas principais propriedades, definições formações, classificações e principais características que se alinham no escopo deste trabalho. O estudo das rochas é muito extenso devido à grande diversidade e aspectos, mas é de fundamental importância para o entendimento de suas características. Segundo Cavalcanti (1951, p.27), rochas são os materiais que formam a crosta terrestre, apresentando, em geral, apreciável resistência à penetração mecânica, mesmo que em prolongado contato com a água. Para os geólogos, as rochas são todos os elementos que formam a crosta terrestre, independente de suas origens, composição e estrutura. Para o engenheiro, há uma distinção entre rocha e pedra: rocha é o todo e a pedra é a parte ou os fragmentos das rochas, retirados de maciços para serem utilizados em construção. Cavalcanti (1951) afirma que a pedra traz consigo, resultante de sua formação geológica, os requisitos de resistência e de durabilidade insuperáveis por quaisquer outros materiais, desde que sejam atendidas as condições em que deve ser aplicada, e que, dentre as muitas variedades com que ele se apresenta, saiba o engenheiro fazer a seleção judiciosa para as aplicações que tem em vista, dando a cada uma o devido lugar na construção. O homem, por centenas de milhares de anos, sempre esteve ligado ao emprego das rochas. Atualmente, quase tudo na moderna tecnologia depende das rochas e seus recursos minerais. Nas diversidades das construções, uma enorme quantidade de rochas é utilizada, seja na forma bruta ou trabalhada, seja como tipos constituintes da matéria-prima para fabricação de cimento, cal, material cerâmico, entre outros. Somente no século XIX que estudos sobre rochas e minerais se tornaram uma ciência, recebendo importância sob o aspecto acadêmico e tecnológico. 116 6.1 ROCHAS Rochas são definidas como quaisquer agregados naturais sólidos, compostos de um ou mais minerais, e constituem parte essencial da crosta terrestre. Rochedos, encostas de morros, cortes de estradas ou ilhas estéreis, constituem afloramentos de rochas. As rochas podem ser estudadas em diferentes níveis de observação: afloramentos, amostras de mão e diversos tipos de lâminas, além de vários aspectos. Os trabalhos de campo visam determinar os tipos litológicos presentes, a forma dos corpos rochosos, as variações estruturais, texturais e mineralógicas que ocorrem no sentido horizontal e vertical. Algumas destas feições são aprofundadas pelo estudo das amostras de mão, a partir das quais são feitas as lâminas estudadas ao microscópio com luz refletida ou transmitida. O exame microscópico é dedicado principalmente à correta identificação dos minerais constituintes das rochas, bem como dos aspectos texturais inerentes a formação de cada uma das rochas, o que permite determinar muitos aspectos evolutivos a elas associados. Somam-se a isto os estudos químicos e mineralógicos, pela análise de seus elementos principais e traços, visando caracterizar grupos litológicos, as relações entre diversos grupos litológicos e aspectos genéticos. 6.2 CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA DAS ROCHAS As rochas, baseando-se em critérios genéticos, ou seja, o seu modo de formação na natureza, pertence a três grandes grupos: ígneas (ou magmáticas), sedimentares e metamórficas. 6.2.1 Rochas Ígneas ou Magmáticas Estas rochas são constituídas de minerais formados a partir de processos de resfriamento de líquidos magmáticos (magmas). Magmas são definidos como fusões quase sempre silicatadas de constituição variável. Apresentam-se sempre em altas temperaturas, em geral, acima de 8500C. Estas massas ígneas ou magmas (de ígnis, fogo), em determinadas circunstâncias, extravasa na superfície terrestre em forma de lava, por meio de atividade vulcânica. 117 Segundo Frazão (2002), a solidificação de lavas, formando rochas, ocorre na superfície da crosta no transcorrer de episódios vulcânicos, de expressão geológica variável. As rochas resultantes são, portanto, denominadas nos seguintes tipos: • intrusivas: quando a formação da rocha ocorreu no interior da Terra; • extrusivas: quando a formação da rocha ocorreu na superfície da crosta através de processos vulcânicos, denominadas, também, de vulcânicas. Em relação à gênese das rochas ígneas extrusivas, verifica-se que a lava se consolida relativamente rápido, devido às diferenças de temperatura existentes entre as regiões de origem e a superfície da Terra. Por isso, a rocha resultante tem granulação muito fina (afanítica), ou granulação fina (fanerítica). As rochas ígneas intrusivas, ao contrário das extrusivas, são sempre faneríticas, pois se consolidam lentamente em regiões profundas da crosta. As rochas ígneas são encontradas na natureza como intrusões principais de matérias bem solidificadas sob a superfície da terra em condição de lento resfriamento. As rochas ígneas apresentam mais dificuldades ao serem trabalhadas, comparadas com as outras, mas podem ser aparelhadas com notável precisão e apresentam alta resistência e durabilidade. Assim, foram usadas em estruturas de caráter monumental, placas para pavimentos, calçadas e revestimentos (ROCHA, 2000). A textura influencia na resistência das rochas, pois, em rochas de mesmas composições mineralógicas, a resistência aumenta com a diminuição da granulometria. Segundo Frazão (2002), as rochas ígneas podem também ser classificadas de acordo com o seu teor de sílica em ácidas (>65%), intermediárias (65 a 52%), básicas (52 a 45%) e ultrabásicas (<45%). Porém, tal classificação não tem a ver com o conceito de potencial hidrogeniônico (pH). Exemplos típicos de rochas ácidas plutônicas são os granitos; as rochas intermediárias plutônicas, os sienitos; de rochas básicas, os basaltos (extrusivas) e gabros (plutônicas); e de ultrabásicas plutônicas, os peridotitos. 118 6.2.2 Rochas Sedimentares As rochas sedimentares são dominantes em termos de área na crosta terrestre. São chamadas de clásticas ou detríticas e provêm de fragmentos (sedimentos) de rochas preexistentes, os quais se depositam e são consolidados por pressão de sobrecarga (das camadas superiores) e/ou por cimentação, ou seja, ação química dos agentes do intemperismo sobre rochas pré-existentes. As rochas sedimentares clásticas são, em geral, menos resistentes que as rochas ígneas, além de suas propriedades físicas e físico-mecânicas variarem de acordo com a direção em que são medidas, em relação às estruturas. Desse modo, haverá variação nas resistências à compressão, à tração, ao cisalhamento, entre outros. Outros tipos de rochas sedimentares são as químicas, as quais são formadas a partir de íons dissolvidos na água que se combinam e precipitam na forma de substâncias cristalinas (FRAZÃO, 2002). As rochas sedimentares ou exógenas são os acúmulos dos produtos da decomposição e desintegração de todas as rochas presentes na crosta terrestre. Muitas vezes, esses produtos da decomposição ou desintegração são deixados no próprio local em que se deram as transformações. Por outro lado, outras vezes são transportados pelo vento ou pela água e depositados em regiões geralmente mais baixas, nos continentes ou no fundo dos mares. Exemplos mais comuns de rochas sedimentares clásticas são os arenitos, os silitos e os argilitos. Quanto às rochas sedimentares químicas, exemplos típicos são os calcários, os quais são constituídos de carbonatos de cálcio (calcita), podendo ocorrer diferentes teores de carbonato de cálcio e magnésio (dolomita). Exemplos de rochas sedimentares são: • arenitos: as rochas arenosas são as mais representativas e comuns entre as rochas sedimentares, e os fragmentos predominantes possuem diâmetro situado entre 0,01mm e 2 mm. Alguns autores admitem que o limite inferior esteja ao redor de 0,1 mm. Segundo Rocha (2002), os arenitos são constituídos por grãos de quartzo, ligados por um cimento silicoso, ferruginoso, argiloso ou calcário: arenitos silicosos, arenitos ferruginosos, arenitos argilosos e arenitos calcários. Segundo Cavalcanti (1951), a durabilidade de um arenito depende da natureza dos grãos de 119 silica e, principalmente, da resistência do material cimentante à alteração. Entretanto, além da durabilidade, deve-se considerar a cor, a textura e a estrutura que determina as dimensões dos blocos que podem ser extraídos da pedreira. Os arenitos são resistentes aos ataques das atmosferas poluídas das grandes cidades, porém sujam e escurecem, prejudicando o intuito decorativo. • calcários: os calcários são rochas sedimentares formadas através da precipitação de soluções químicas juntamente com o acúmulo de matéria orgânica de natureza diversa. Esta divisão compreende os depósitos calcários, tais como mármore travertino, crescimentos de estalactites e estalagmites, dolomitos, entre outros, precipitados em bacias, através de mudanças físico-químicas do meio. As rochas calcárias encontram-se em grandes massas, de fácil extração, e apresentam-se com as qualidades exigidas de uma boa pedra de construção, tendo grande aplicação na fabricação de cales e cimentos. As principais características das pedras calcárias resultam das condições de sua formação e de seu elemento essencial, o carbonato de cálcio, diferenciando das demais rochas por calcinarem sob a ação do fogo, dissociando-se em anidrido carbônico e óxido de cálcio. Calcários magnesianos são aqueles que contêm elevada porcentagem de carbonato de magnésio e são, também, chamados de calcários dolomíticos, em homenagem ao geólogo francês Dolomieu, que foi o primeiro a investigar as suas características, em 1791 (CAVALCANTI, 1951). Os principais tipos de rochas calcárias são: brechas e conglomerados; tufos calcários; calcários diversos; alabastro; travertinos; estalactites e estalagmites. 6.2.3 Rochas Metamórficas As rochas metamórficas se originam de rochas preexistentes, magmáticas ou sedimentares, por modificações nas associações mineralógicas, na textura e na 120 estrutura. Essas alterações são, principalmente, pela ação da pressão que irá orientar os minerais ou pela ação da temperatura que irá recristalizá-los; ou ainda, alteração na sua composição mineralógica, pela ação conjunta daqueles dois fatores, ou de soluções químicas. Como exemplos de rochas metamórficas têm-se o conjunto de rochas gnássicas, de composição variável e com origem associada tanto a transformação de rochas magmaticas quanto de rochas sedimentares por processos intensivos de recristalização no estado sólido. Similarmente, o quartizito deriva por transformação de arenitos; o mármore, por metamorfismo do calcário, e a ardósia e o filito, por metamorfismo de sedimentos argilosos e siltosos. As características finais de uma rocha metamórfica (associação mineralógica, textura e estrutura) serão função da composição da rocha original e da intensidade com que atuarão os agentes de metamorfismo (FRAZÃO, 2002). De acordo com a intensidade, o metamorfismo é classificado como: • alto grau: rochas gnáissicas, granulitos e similares; • médio grau: a maior parte dos xistos e anibolitos; • baixo grau: o filito e a ardósia, que se formam a partir de argilitos e siltitos. 6.3 PRINCIPAIS COMPONENTES MINERAIS DAS ROCHAS Segundo Aires-Barros (2001, p. 25), mineral é uma substância natural, inorgânica, com estrutura cristalina específica e com composição química mais ou menos bem definida, mas variando entre limites rigorosamente definidos. As rochas são compostas por elementos mineralógicos, podendo ser predominantes na sua constituição, servindo essencialmente para a sua identificação, ou podem ser acessórios, quando são verificados em uma proporção reduzida ou, até mesmo, ausentes. Existem ainda, raramente, rochas monomineralógicas, formada por um único mineral, como, por exemplo, o travertino e o alabastro-calcário (formados por calcita) e o alabastro formado por gipsita (gesso). A textura e a estrutura são de fundamental importância para determinar o conhecimento de uma rocha. A petrografia, ciência que descreve e classifica as rochas de acordo com a sua composição mineralógica, é uma disciplina relativamente recente, pois, antes de 1850, estudos sobre rochas eram limitados à 121 descrição macroscópica das amostras e aos estudos de campo. Com a petrografia, a partir de 1856, iniciou-se a utilização de microscópico na preparação de rochas, aperfeiçoando as descrições de rochas com o aprimoramento de estudos óticos e de análise química. A seguir, segundo Frazão (2002), são relacionados os principais minerais que participam da constituição das rochas, ou seja, aqueles que permitem classificar a rocha. 6.3.1 Quartzo É a forma cristalina da sílica (SiO2). É, geralmente, transparente, tem grande estabilidade química (dificilmente se decompõe) e é o mais duro dos minerais essenciais das rochas, alcançando grau sete na escala Mohs (Figura 12). Há variedades de sílica amorfa (opala) e criptocristalina (calcedônia). 6.3.2 Feldspatos São os minerais essenciais mais importantes das rochas ígneas e metamórficas. São silicatos de alumínio com algum tipo de metal alcalino ou alcalino-terroso. Quando o metal é o potássio (K), pode formar as espécies ortoclásio (KAlSi3O8) e o microclínio (KAlSiO3O8). Estas espécies são minerais essenciais nas rochas ácidas e alcalinas. Quando o metal é o sódio (Na), forma-se a um plagioclásio do tipo albita (NaAlSiO3O8) (Figura 13), que forma uma perfeita solução sólida com o cálcio (Ca), podendo originar, na outra ponta, um plagioclásio do tipo anortita (CaAl3Si3O8). O plagioclásio é importante constituinte da maior parte das rochas magmáticas e de boa parte das rochas metamórficas. Apresentam dureza em torno de seis na escala Mohs. 6.3.3 Micas São minerais essenciais nas rochas ígneas ácidas e nas metamórficas. São silicatos de alumínio hidratados com algum metal. Quando o metal é o ferro (Fe) têm-se a biotita, de cor, geralmente, preta. Quando o metal é o potássio (K), tem-se 122 a muscovita, de cor branca (Figura 14). A dureza depende da direção em que se promove o risco e varia de cinco a seis na escala Mohs. Figura 13 – Feldspatos: cristais Figura 14 – Micas: cristais de de albita muscovita Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/minerais Figura 12 – Cristais de quartzo 6.3.4 Piroxênios São minerais silicáticos contendo Fe, Mg e Ca e, à semelhança dos plagioclásios, formam séries isomórficas. Na qualidade da família dos piroxênios podem-se citar as seguintes espécies: enstatita, diopsídio, espodumênio, jadeíta, egirita e augita (Figura 15) (DANA, 1981, p.476). A augita é dos piroxênios comuns. São muito alteráveis nas condições de clima tropical úmido. A cor é de preta a verde-escura e a dureza varia de 5 a 6 na escala Mohs. 6.3.5 Anfibólios Os minerais do grupo dos anfibólios são hidratados e estruturalmente mais complexos que os piroxênios, mas possuem água na sua constituição. São muito alteráveis nas condições de clima tropical. O anfibólio mais freqüente é a hornblenda (Figura 16). Apresentam cor de verde-escura a preta opaca e dureza entre 5 a 6 na escala Mohs. 6.3.6 Feldspatóides São minerais quimicamente semelhantes aos feldspatos, porém com insaturação em sílica. São sensíveis aos ácidos. Os principais feldspatóides são nefelina, sodalita e leucita (Figura 17). Possuem cor variando de branco a cinzento e dureza de 5,5 a 6 na escala Mohs. 123 Figura 15 – Piroxênios: cristais Figura 16 – Anfibólios: cristais Figura 17 – Feldspatóides: de augita de hornblenda cristais de leucita Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/minerais 6.3.7 Olivina É um mineral silicático com Fe e Mg. É sensível aos ácidos, além de se alterar facilmente em condições de clima tropical. Apresentam cor entre verde oliva a verdeacinzentado e dureza de 6,5 a 7 na escala Mohs, elevando-se a dureza com o aumento no conteúdo de ferro (Figura 18). 6.3.8 Calcita É um mineral carbonático com composição CaCO3. É facilmente atacado por ácido clorídrico a frio a apresenta dureza baixa, três na escala Mohs (Figura 19). 6.3.9 Dolomita É um mineral carbonático de composição CaMg(CO3)2. É atacado pelo ácido clorídrico a quente, ou, em pó, pelo HCl a frio. A cor pode variar entre rósea, cor de carne, incolor, branco, cinzento, verde, castanho ou preto. Sua dureza está entre 3,5 a 4 na escala Mohs (Figura 20). Figura 18 – Cristais de olivina Figura 19 – Cristais de calcita Figura 20 – Cristais de dolomita Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/minerais 124 6.3.10 Argilominerais São silicatos hidratados de alumínio. Exibem forma placóide (raramente tubular ou fibrosa). Apresentam-se em vários grupos de diferentes espécies e possuem, em geral, diâmetro menor que dois micrômetros. As espécies expansíveis por absorção de água costumam acelerar a alteração da rocha onde se encontram. São formados pela alteração de minerais preexistentes, no processo de formação das rochas ígneas (alteração hidrotermal), ou por alteração intempérica, após a rocha já estar formada. As diferentes espécies são consideradas em grupo, tais como o das esmectitas (expansíveis), o das cloritas, o da caulinita, o da illita, etc. O mineral principal de argilominerais pertence ao grupo da caulinita, a qual apresenta cor branca ou ligeiramente amarelada e dureza 2 na escala Mohs. 6.3.11 Talco É um silicato hidratado de magnésio. É o menos duro dos minerais formadores da rocha, com dureza 1 na escala Mohs. É encontrado nas rochas ígneas, por causa da alteração dos silicatos, especialmente nos peridotitos e piroxenitos. Contudo, é encontrado de maneira mais característica nas rochas metamórficas, nas quais, sob forma granular, a criptocristalina, conhecida por pedrasabão, podendo constituir quase toda a massa da rocha. 6.4 CLASSIFICAÇÃO TECNOLÓGICA DAS ROCHAS COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO São vários os tipos de rochas dos quais se obtêm os materiais de construção. O emprego das rochas em construções é mais relativo a um conceito prático do que propriamente geológico. A utilização das rochas depende das suas características petrográficas (composição mineralógica, textura e estrutura) e físico-mecânicas. As rochas utilizadas em construções são divididas em silicosas, calcárias e argilosas. As silicosas, por sua vez, são subdivididas em silicosas eruptivas, silicosas sedimentares e silicosas metamórficas. As calcárias são sedimentares ou metamórficas. A seguir, são apresentadas as características das principais rochas utilizadas em construções. 125 6.4.1 Rochas silicosas eruptivas 6.4.1.1 Granitos São rochas ígneas ácidas, muito duras, de textura fanerítica de granulação variada, tendo também fratura irregular. São constituídas por feldspatos potássicos (ortoclásio (Figura 21) e microclina (Figura 22)), quartzo e biotita, podendo apresentar como minerais acessórios apatita, zircão, fluorita, magnetita, hematita, monazita, entre outros, mas não exercem nenhuma influência nas propriedades tecnológicas. Figura 21 – Foto da rocha: granito grosseiro rico Figura 22 – Fotomicrografia: granito com em feldspato microclínio Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas São muitas as variedades dos granitos, diferenciadas na textura (grossa, media ou fina) e na coloração (avermelhada, rosada, amarela, verde e cinza). Geralmente, apresentam estrutura compacta e resistência mecânica relativamente alta e pequena alterabilidade. O granito é uma excelente pedra de construção, prestando-se a todas as utilizações da engenharia, devido à sua alta resistência ao desgaste e ao impacto. São apropriadas para revestimento externo e interno de edificações e pedra britada. É a pedra indicada para calçamento, onde as ações de desgaste e de choque exigem qualidades excepcionais de resistência e as condições de tráfego necessitam de superfícies ásperas e sem depressões. Exemplo típico de utilização do granito são as calçadas coloniais, conhecidas como pé-de-moleque. Em construções de pontes, muros de arrimo, dutos, entre outros, encontra-se o granito em condições de utilização das suas excelentes qualidades, desde que aplicado convenientemente. A resistência e a durabilidade dos granitos excedem às da maioria das pedras de construção; a sua aplicação em revestimentos de fachadas, substituindo os 126 mármores, decorre de sua maior resistência ao intemperismo. Porém, a dureza do granito é de difícil trabalhabilidade. 6.4.1.2 Sienitos São rochas ígneas intermediárias, constituídas por feldspatos (ortoclásio ou microclínio) como minerais essenciais; o quartzo raramente atinge mais do que 5%. Segundo Soares (2004), seu nome deriva da cidade de Siene, no Egito, famosa pelas ocorrências, e sua disposição revela a presença de elementos claros e escuros, mas não possuindo o quartzo. Esta rocha é menos dura que o granito, portanto mais fácil de se trabalhar e de receber melhor polimento. Os sienitos são muito utilizados como pedra de revestimento por apresentarem características estéticas favoráveis (Figura 23), semelhantes às dos granitos. Quanto à alterabilidade, podem ocorrer devido aos feldspatóides, que são afetados por águas aciduladas (Figura 24). Figura 23 – Foto da rocha: sienito Figura 24 – Fotomicrografia: sienito Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.1.3 Monzonitos São rochas ígneas intermediárias, contendo os mesmos minerais dos granitos, com a diferença de que são mais pobres em quartzo. Os monzonitos (Figura 25) são, geralmente, mais escuros que os granitos, por apresentarem maior teor de anfibólio, biotita ou piroxênio (Figura 26). Apresentam características semelhantes às dos granitos quanto à utilização para revestimentos e para pedra britada. 127 Figura 25 – Foto da rocha: monzonito Figura 26 – Fotomicrografia: monzonito Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.1.4 Dioritos São rochas ígneas intermediárias e básicas, constituídas por plagioclásio, anfibólio e pequeno teor de biotita. O quartzo e o feldspato potássico são praticamente ausentes. A coloração é escura e são erroneamente chamados de “granitos pretos” (Figura 27). Os dioritos recebem muito bem o polimento, tornando-os pretos, e, quando lavrados, são de cor cinza escura. Como material de revestimento e pedra britada, apresentam as mesmas características dos granitos (Figura 28). Figura 27 – Foto da rocha: diorito Figura 28 – Fotomicrografia: diorito Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.1.5 Riolitos Utilizado como termo genérico para rochas vulcânicas silicáticas (Figura 29 e Figura 30). Quando completamente vítreos, formam o pomito ou pedra pomes, empregado em construções, mas em partes que não suportam grandes cargas. Os riolitos possuem pouca aplicação, sendo empregados em calçamentos e alvenarias sem função estrutural. Atualmente, a pedra pome é utilizada na constituição de concretos leves. 128 Figura 29 – Foto da rocha: riolito. Rica em Figura 30 – Fotomicrografia: riolito. Grandes quartzo (mineral claro) e feldspato (mineral cristais de feldspato. Aumento 20x vermelho carne) Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.1.6 Traquitos Os traquitos são rochas vulcânicas contituídas essencialmente por feldspato alcalino (ortoclásio) (Figura 31) e quantidades menores de plagioclásio (oligoclásio). Pode haver a presença de albita em álcali traquitos, biotita, hornblenda, quartzo, anfibólios sódicos e piroxênios em álcali-traquitos (Figura 32). Os traquitos são como os riolitos, de aspecto rugoso e áspero. Segundo Cavalcanti (1951), os traquitos aderem bem às argamassas, porém apresentam pouca resistência ao intemperismo e aos esforços mecânicos, ficando sua aplicação restrita. Figura 31 – Foto da rocha: traquito com cristais Figura 32 – Fotomicrografia: traquito de feldspato alcalino Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.1.7 Andensitos Os adensitos apresentam elevada resistência ao intemperismo e aos esforços mecânicos. São rochas cinzentas (Figura 33), escuras e rugosas. A maioria dos adensitos são rochas porfiríticas (Figura 34). O pórfiro é uma rocha formada de grãos irregulares de quartzo e feldspato, dispostos em uma massa amorfa e compacta, geralmente de cor vermelha. 129 São utilizados em alvenaria, cantaria e calçamento. É, segundo Pianca (1955), uma rocha muito dura, difícil de trabalhar e não tem boa pega com argamassas. Figura 33 – Foto da rocha: adensito com Figura 34 – Fotomicrografia: adensito com granulação fina textura porfirítica Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.1.8 Basaltos e diabásios São rochas ígneas básicas constituídas essencialmente de plagioclásio e piroxênios, podendo estar presentes, também, olivina e anfibólio. Segundo Frazão (2002), é freqüente nos basaltos a presença de argilominerais expansivos por absorção d’água. Apresentam alta resistência mecânica. Quanto à durabilidade, os basaltos são mais alteráveis nas condições de clima tropical (Figura 35 e Figura 36). Como pedras de revestimento, são muito utilizadas em sepulturas e mesas de desempeno nas indústrias de instrumentos de precisão. Se polidas, geram alto brilho. São muito utilizadas, também, como calçamento, porém são menos resistentes ao desgaste que os granitos. Como pedra britada, apresentam boas propriedades, exceto se sílica amorfa (vidro) estiver presente, podendo gerar reações com álcalis do cimento Portland. O basalto é uma rocha muito importante para a agricultura, pois o produto de sua decomposição é uma argila de coloração avermelhada, originando solos férteis (terra roxa). Figura 35 – Foto da rocha: basalto com Figura 36 – Fotomicrografia: basalto granulação fina Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 130 6.4.2 Rochas silicosas sedimentares 6.4.2.1 Arenito O termo arenito corresponde à areia litificada. É composto por quartzo, feldspato (ou outros minerais de origem ígnea) e fragmentos líticos, ligados por um cimento silicoso, ferruginoso, argiloso ou calcário (Figura 37). Os arenitos são classificados em: • arenito silicoso: são de cor cinza clara (Figura 38), são muito duros e dificilmente trabalháveis, mas são de grande durabilidade; • arenito ferruginoso: são de cor vermelha (Figura 39) ou parda, muito duros e compactos e apresentam grande resistência ao intemperismo; • arenito argiloso: são pardacentos (Figura 40) e de durabilidade variável com a quantidade de cimento argiloso que contêm. • arenito calcário: são muito trabalháveis, porém apresentam baixa resistência ao intemperismo. Figura 37 – Fotomicrografia: arenito com aumento de 40x Figura 38 – Foto da rocha: arenito cinza claro Figura 39 – Foto da rocha: arenito vermelho Figura 40 – Foto da rocha: arenito pardo Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas Quanto à durabilidade de um arenito, ela depende da natureza dos grãos de sílica e da resistência do material cimentante à alteração. Junto com a natureza dos grãos, deve-se considerar a direção dos esforços em relação à estrafificação. 131 Como pedra de revestimento, os arenitos apresentam durabilidade aceitável (principalmente os silicosos), porém podem manchar pela acumulação de pó ou outros detritos. Segundo Frazão (2002), os arenitos podem desagregar-se quando submetidos a ensaios de congelamento e degelo e de sanidade com sulfatos devido a sua maior porosidade. Como pedra britada, somente os silicosos apresentam características favoráveis, mas, em geral, os fragmentos são angulosos e diminuem a trabalhabilidade dos concretos. 6.4.3 Rochas silicosas metamórficas 6.4.3.1 Gnaisse Os gnaisses são representados por um conjunto de rochas metamórficas com estrutura orientada ou bandada (Figura 41). A composição mineralógica depende da composição da rocha original. São, também, chamados de ortognaisses, quando derivam de rochas ígneas e de paragnaisses, quando derivam de rochas sedimentares. Tipos comuns de rocha gnássica são: • gnaisse leptinito ou leucocrático: é o tipo claro (hololeucocrático), de granulação fina a média, no qual o quartzo e o feldspato formam um entrelaçamento uniforme. Segundo Barroso (1993, p.38), tem mineralogia pouco diversificada, sendo constituída basicamente de quartzo, alcalifeldspatos e quantidades reduzidas de biotita e granada. É caracterizado pela presença de incrustações de granada almandita (Figura 42), que são pouco resistentes ao intemperismo, alterando-se e transformando-se em manchas escuras, prejudicando a aparência da pedra. Esse é o gnáisse que mais se assemelha ao granito, sendo também conhecido como gnaisse granitóide ou gnaisse granítico; • gnaisse facoidal ou lenticular: caracterizam-se por rochas de granulação média a grosseira, composta essencialmente de uma matriz mais fina de plagioclásio, biotita, quartzo e granada (BARROSO, 1993, P.32). É o mais empregado em cantaria e caracteriza-se pela presença de grandes olhos alongados ou facóides (Figura 43). Quando trabalhados, sobressai a biotita de aspecto lenticular; 132 • biotita gnaisse ou melanocrático: tem tonalidade mais escuras que os outros tipos. De acordo com Barroso (1993, p. 27), a matriz da rocha é fina, sendo rica em biotita, plagioclásio e quartzo, sendo que granada está presente em menor quantidade. É menos trabalhável do que o leucocrático, devido aos facóides que destacam-se da massa. Porém, suas aplicações em cantaria são inúmeras, como, por exemplo, vergas, portais, colunas e embasamentos. Como pedras de revestimento, apresentam características de durabilidade semelhantes às dos granitos, exceto quanto às lentes espessas de biotita por onde acontece uma maior alteração. Suas resistências mecânicas variam de acordo com a direção de aplicação dos esforços em relação à sua estrutura. Por exemplo, sua resistência à compressão uniaxial é maior quando a aplicação da carga se dá perpendicularmente à gnaissificação; e menor quando inclinada em relação à gnaissificação. Quanto à resistência à flexão, será menor quando a linha de aplicação de cargas coincidir com o plano de gnaissificação e maior quando ortogonal a ela (FRAZÃO, 2002). Como pedra britada, apresenta características indesejáveis, como a alta freqüência de fragmentos achatados e alongados, diminuindo a rebritagem. As amostras de rochas coletadas nas edificações são todas gnaisses, verificando a vasta distribuição desse tipo de rocha na região da cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa, por essa ocasião, focou esse tipo de material. Seguindo a metodologia da pesquisa foi necessário coletar em pedreiras amostras de rochas as mais semelhantes possíveis das coletadas nas edificações. Esse assunto será abordado no capítulo seguinte. Figura 41 – Fotomicrografia: gnaisse. Acessórios (cristais Figura 42 – Gnaisse leptinito Figura 43 – Gnaisse facoidal de clorita e de titanita). Aumento 40x Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 133 6.4.3.2 Anfibolito São rochas que apresentam textura controlada por minerais de hábito lamelar e/ou micáceo, em geral anfibólios. São compostos principalmente de anfibólio (hornblenda) e plagioclásio. Seus principais acessórios são quartzo, feldspato potássico, titanita e epidoto (Figura 44 e Figura 45). Os anfibolitos podem ser utilizados como rocha ornamental, levando-se em consideração várias características. Figura 45 – Fotomicrografia: anfibolito, no centro cistal de hornblenda, cercado por cristais esverdeados de clorita. Aumento 20x Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas Figura 44 – Foto da rocha: anfibolito listrado 6.4.3.3 Quartzitos Os quartzitos são rochas metamórficas constituídas quase exclusivamente de quartzo. Podem apresentar micas ou feldspatos como acessórios comuns. São originados do metamorfismo dos arenitos. Os quartzitos, em geral, são de dureza elevada e, às vezes, facilmente transformados em placas. Apresentam baixa alterabilidade e são porosos (Figura 46 e Figura 47). Quanto à resistência mecânica, o comportamento depende da posição da estrutura em relação à linha de aplicação de cargas. Os quartzitos são, geralmente, esbranquiçados (Figura 48), amarelados (Figura 49), acinzentados ou avermelhados, e apresentam textura granitóide ou porfiróide. São muito utilizados como revestimentos. Como pedra britada, não apresentam boas propriedades dimensionais e morfométricas. O quartzito é fonte de materiais para tijolos e refratários de sílica, usada na siderurgia e para o preparo do leito de fusão dos altos-fornos, rocha ornamental utilizada de diferentes maneiras (rústica, talhada e polida). Nas cidades históricas de Minas Gerais, é muito generalizado o calçamento das ruas com lajões de quartzito. 134 Figura 46 – Fotomicrografia: quartzito com aumento de 40x Figura 47 – Foto da rocha: quartzito apresentando foliação marcada pela biotita Figura 48 – Foto da rocha: quartzito Figura 49 – Foto da rocha: quartzito amarelado esbranquiçado Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.4 Rochas calcárias sedimentares e metamórficas 6.4.4.1 Conglomerados Conglomerado é uma rocha formada por clastos rolados, de tamanho superior a 2mm, agrupados por um cimento, formando um depósito consolidado. São variadas as implicações econômicas dos conglomerados, que podem ser usados na construção civil ou constituir um importante indicador de acumulação de minerais de alta densidade e resistência física, como, por exemplo, o diamante. Segundo Suguio (1980), a classificação dos conglomerados é a mesma usada para os arenitos. O objetivo da classificação é diferenciar as rochas com base em propriedades como textura, maturidade e proveniência. São classificados da forma descrita a seguir. a) Ortoconglomerados O arcabouço desta rocha é caracterizado por seixos, areia grossa e cimento químico. Representa um produto de deposição em águas agitadas, sendo portanto rico em estruturas hidrodinâmicas, podendo-se apresentar associado a um arenito grosso com estratificações cruzadas. Os ortoconglomerados quartzosos são caracterizados por composição mineralógica muito simples. Os seixos são, em geral, constituídos por materiais de 135 alta dureza, portanto de grande resistência física, e baixa alterabilidade química, tais como o quartzito. Não são muito grossos, e os seixos possuem em média 1 a 2 cm de diâmetros, sendo bem arredondados (Figura 50). Os depósitos ocorrem principalmente na base de camadas de arenitos, ou formando espessos depósitos de conglomerados amalgamados. Os da base constituem os chamados conglomerados basais, e a geometria varia de tabular a lenticular. Os clastos dos conglomerados são de litologia variada, podendo aparecer seixos e calhaus de rochas plutônicas, eruptivas, sedimentares e metamórficas. b) Paraconglomerados Segundo Suguio (1980), estas rochas contêm mais matriz que clastos e, na realidade, são lamitos (lamas litificadas) com seixos e calhaus dispersos. Em muitos casos, os seixos formam cerca de 10% ou menos da rocha. Alguns seixos e calhaus podem ser constituídos por lamitos e argilitos. O termo conglomerado lamítico é mais comumente utilizado para conglomerados deste tipo, contendo mais megaclastos e matriz. Existem dois tipos básicos de lamitos conglomeráticos: estratificado e maciço. São divididos em: • lutitos conglomeráticos: são originados pela deposição de fragmentos grossos sobre lama e siltes acumulados em fundo aquoso, sendo comuns deformações produzidas pelo impacto da queda desses fragmentos maiores sobre o material inconsolidado (Figura 51); • conglomerados e brechas intraformacionais: são sedimentos rudáceos formados por fragmentação contemporânea e redeposição nas proximidades de material ligeiramente retrabalhado. Esta fragmentação pode ocorrer de várias maneiras. Uma delas é propiciada pela retirada temporária da água, seguida de ressecamento e formação de lamas recém-depositadas. Em fase de enchente subsequente, os fragmentos são remobilizados a curta distância e redepositados como conglomerados e brechas intraformacionais de partículas muito achatadas de argila. Dois tipos são comuns: conglomerado com fragmentos de argilito e folhelho ou ardósia, com matriz arenosa; 136 • conglomerados e brechas piroclásticas: são também chamados de aglomerados (diâmetro médio superior a 32 mm), e podem ser intercalados ou podem gradar para sedimentos clásticos comuns. É rico em vidro vulcânico (Figura 52). Figura 51 – Fotomicrografia: Figura 52 – Fotomicrografia: paraconglomerado pobre em paraconglomerado rico em grãos de quartzo. Aumento grãos de quartzo. Aumento 40x 40x Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas Figura 50 – Conglomerado em matriz de arenito grosso 6.4.4.2 Calcários Os calcários podem ser de origem sedimentar ou metamórfica, de composição mineralógica principalmente calcita e, secundariamente, dolomítica. A composição química é o carbonato de cálcio. A procedência do carbonato pode variar, desde fósseis de carapaças e esqueletos calcários de organismos vivos, que compõem os calcários fossilíferos, até por precipitação química. Na superfície terrestre, os afloramentos de calcários de origem orgânica são os mais freqüentes. Esta rocha é muito utilizada como cimento, pedra de construção, cal, calcificação de solos (corretivo de solos) e como fundente na metalurgia. O calcário, sob determinadas condições geológicas, pode constituir um importante reservatório petrolífero. Os calcários sedimentares têm baixa resistência mecânica e baixa dureza, e com isso não servem para a utilização como agregados. Porém, sua heterogeneidade estrutural e mineralógica propicia interessantes aspectos estéticos, levando-os a serem utilizados como revestimento e ornamentos. Sua cor é diversificada, variando de bege-clara a amarelada, cinza-clara e esbranquiçada. Os calcários de origem metamórfica são mecanicamente mais resistentes, mas ainda de dureza relativamente baixa, se comparado com as rochas silicáticas. Deste modo, são utilizados tanto como agregados como revestimentos. Apresentam 137 bom comportamento como agregado em concreto hidráulico. A coloração varia de cinza-clara, cinza-escura a preta (Figura 53 e Figura 54). Figura 53 – Foto da rocha: calcário com cristais Figura 54 – Fotomicrografia: calcário. Aumento de pirita 40x Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.4.3 Mármores Os mármores são rochas metamórficas originadas de calcários e dolomitos (Figura 55). A cor é uma das características mais importantes nos empregos dos mármores. A cor branca é quando apresentam apenas os minerais calcita pura ou dolomita. Quando contêm outros minerais ou impurezas, como, por exemplo, argilas e impurezas, apresentam coloração variada. As substâncias carbonatadas dão colorações vermelhas (Figura 56), rosadas (Figura 57) ou pardas; a limonita, hidoxido de ferro, produz colorações amarelas ou cremes (Figura 58); e a clorita produz o verde. Segundo Cavalcanti (1951), os mármores podem ser classificados de acordo com a sua aplicação, sendo denominados de mármores estatuários, empregados em objetos de arte e esculturas, e mármores de construção. O mármore estatuário é conhecido como mármore puro. O mármore de Paros é atravessado pela luz em uma espessura de 35 mm e o mármore branco de Carrara em uma espessura de 25mm. Os mármores apresentam, geralmente, baixa dureza e são atacados por ácidos. Como pedra de revestimento, a utilização é diversificada devido à sua alta trabalhabilidade e à diversidade estética. Não são recomendados para a utilização como revestimentos de exteriores, por seus minerais carbonáticos serem solúveis em águas ácidas e eles perderem o polimento, a cor atenua-se, e os defeitos da pedra tornam-se mais visíveis. Somente o mármore branco de Carrara, de procedência italiana, possui qualidade para trabalhos em áreas externas, serviços domésticos e sanitários. 138 Figura 55 – Fotomicrografia: calcário com cristais de calcita. Aumento 40x Figura 56 – Foto da rocha: mármore vermelho Figura 57 – Foto da rocha: mármore rosa Figura 58 – Foto da rocha: mármore creme Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.5 Rochas argilosas 6.4.5.1 Argilito São rochas de granulação muito fina (possuem granulação menor que 0,004 mm) maciças e compactas, sendo compostas por argilas litificadas, isto é, argilas compactadas e exibindo orientação dos minerais foliados. Os argilitos possuem granulação finíssima, de coloração cinza até preta, amarela, verde ou avermelhada (Figura 59), bastante untuosa ao tato. Os principais constituintes destas rochas são os minerais argilosos (aluminossilicatos). Segundo Pianca (1955), a argila comum ou barro apresenta-se em massas terrosas, diversamente coradas, untuosas ao tato, formando com a água uma pasta mais ou menos plástica que, quando seca, se contrai. A ação do calor endurece a pasta, conservando a forma e tornando-a porosa e permeável aos líquidos. Existem diversos tipos de argilas; as principais são o caulim e as argilas plásticas. O caulim é a argila pura, de cor branca, pouco plástica e empregada na fabricação de azulejos e material sanitário. As argilas plásticas são utilizadas na fabricação de cerâmicas comuns e possuem cor amarelada ou cinzentada. 139 Figura 59 – Foto da rocha: argilito avermelhado Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.5.2 Ardósias As ardósias são rochas metassedimentares constituídas principalmente de quartzo e minerais argilosos. A coloração geralmente é cinza, podendo ser, também, preta, verde, vermelha e amarela. Segundo Frazão (2002), essas rochas possuem planos de fraqueza (clivagem ardosiana) pelos quais são facilmente transformadas em placas (Figura 60). Apresentam dureza moderada e são pouco alteráveis (Figura 61). A resistência mecânica é influenciada pela direção de aplicação das forças. Como pedra de revestimento, são muito utilizadas em ambientes externos. Não são adequadas para a produção de pedra britada, devido às características da estrutura que formam fragmentos achatados. Figura 60 – Foto da rocha: ardósia apresentando Figura 61 – Fotomicrografia: ardósia rica em clivagem ardosiana micas e quartzo. Aumento 40x Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.4.5.3 Xistos Trata-se de uma rocha com mais de 20% de filossilicatos. Sua variedade é bastante grande, em função de uma mineralogia muito variável. Varia na dependência da composição química ou da rocha pretérita (Figura 62 e Figura 63). Pode ser: 140 • silico-aluminosa (pelítica): quartzo, muscovita, biotita, granada, cianita, sillimanita, cordierita, andaluzita, estaurolita; • silico-magnesiana: clorita, talco, serpentina, tremolita, antofilita; • básica: clorita, actinolita, hornblenda, albita. Figura 62 – Foto da rocha: xisto Figura 63 – Fotomicrografia: xisto. Aumento 32x Fonte: http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas 6.5 CARACTERÍSTICAS PETROGRÁFICAS DE ALGUMAS ROCHAS A Tabela 13 apresenta as características petrográficas gerais de algumas das principais rochas utilizadas no Brasil. Tabela 13 – Características petrográficas gerais de rochas mais usadas no Brasil Origem ÍGNEA SEDIMENTAR METAMÓRFICA Tipo petrográfico Mineralogia essencial/secundários Textura Estrutura Granitos Microclina, plagioclásio, quartzo, mica/anfibólio Grossa Média Fina Ortoclásio, plagioclásio, piroxênios, micas, feldpatóides Grossa a média Compacta, raramente bandada Compacta, às vezes bandada Plagioclásio, piroxênio/olivina Grossa a fina Compacta Olivina, piroxênios Grossa Compacta Dolomitos Gnaisses graníticos Quartzo, argila, sílica amorfa Dolomita Feldspatos, quartzo, mica Média a fina Média Grossa a média Quartzito Quartzo, mica Média Sienitos Dioritos Monzonitos Gabro Diabásio Basalto Norito Piroxenitos Arenitos Ardósias Argilas, mica Calcita, dolomita, sílica Mármores amorfa, argilas Fonte: Frazão, 2002 Fina Grossa a fina Estratificada Compacta Bandada Compacta Estratificada Folheada Compacta e bandada 141 6.6 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DAS ROCHAS Para a correta utilização das rochas e outros materiais pétreos nas construções ou nas recuperações de estruturas históricas é necessário o conhecimento de suas propriedades. Segundo Shestoperov (1983), as propriedades dos materiais rochosos que interessam para o seu emprego numa obra de engenharia são chamados de propriedades de engenharia ou de construção tecnológica. Qualificar um material rochoso é qualificar suas propriedades. Deste modo, a qualidade de uma rocha será conhecida pela composição química, mineralógica, petrográfica (textura e estrutura) e pelas propriedades físicas e físico-mecânicas. Algumas, tais como a cor e a fratura, são avaliadas visualmente, enquanto outras são determinadas por ensaios laboratoriais. Para Cavalcanti (1951), as propriedades de uma rocha constituem os caracteres distintivos que permitem aceitá-la ou rejeitála, para determinada utilização, considerando um conjunto de vantagens e desvantagens tecnológicas apresentadas. Portanto, a qualidade da rocha resulta de sua performance em satisfazer favoravelmente às condições da obra e do projeto. As propriedades das rochas visam auxiliar sobre o seu comportamento mediante os procedimentos de construção, de conservação, de restauração e, ainda, sobre processo de deterioração. As tecnologias e as pesquisas são variadas quanto às propriedades agrupadas entre geológicas, físicas e físico-mecânicas. Segundo Lazzarini e Tabasso (1986), os requisitos básicos relevantes para o conhecimento de um conservador, que determinam as propriedades fundamentais, são: durabilidade e trabalhabilidade. O primeiro é a razão direta da alterabilidade das pedras. Segundo Petrucci (1978), é a capacidade de manter as suas propriedades físicas e mecânicas com o decorrer do tempo e sob ação de agentes agressivos, quer do meio ambiente, quer intrínsecos, sejam eles físicos, químicos ou mecânicos. Para Lazzarini e Tabasso (1986) a durabilidade não é exatamente mensurável nem quantificável, mas pode ser deduzida da observação direta sobre a pedra. O segundo requisito, a trabalhabilidade, é a capacidade da pedra em ser afeiçoada com o mínimo de esforço. As propriedades a serem analisadas dependem da forma que a rocha está sendo utilizada, como, por exemplo, estrutural, revestimento, entre outros. Entretanto, segundo Haas (2003), as principais propriedades necessárias ao 142 conhecimento do profissional com finalidade de restauração, conservação e recuperação são: • dureza; • compacidade ou grau de densidade; • porosidade; • permeabilidade; • higroscopicidade ou capacidade de absorção; • condutibilidade térmica; • compressão, tração, flexão e cisalhamento. As propriedades podem ser conhecidas diretamente por meio de métodos de estudo específicos ou por meios indiretos, pela imposição de solicitações físicas ou mecânicas apropriadas. A qualidade de uma rocha pode ser avaliada, também, a partir de informações sobre seu desempenho apresentado em obras e em condições de serviços semelhantes ao pretendido, somadas às informações fornecidas pelos ensaios tecnológicos. Assim, segundo Frazão (2002), as propriedades das rochas podem ser conhecidas através dos seguintes modos: • análise: implica em estudar com detalhe todas as particularidades da rocha que possam ser de interesse para avaliar sua qualidade para uma determinada aplicação; • determinação: implica na identificação de um parâmetro que quantifique a propriedade de interesse. Podem ser utilizadas várias técnicas, mas todas devem levar à obtenção do mesmo resultado; • ensaio: implica em simular solicitações às quais a rocha poderá ser submetida quando em utilização. Os ensaios poderão ter procedimentos variados e, mesmo para a determinação de uma mesma propriedade, podem ser obtidos valores relativamente diferentes. Para a caracterização de rochas, os principais ensaios tecnológicos adotados no Brasil são (FRAZÃO, 2002): 143 • apreciação macroscópica e análise petrográfica microscópica; • análise granulométrica; • determinação de índices físicos: massa específica, porosidade e absorção de água; • determinação da forma de partículas; • determinação de propriedades térmicas: dilatação, condutividade e outras; • ensaios de reatividade; • ensaio de adesividade; • ensaios de alterabilidade; • ensaios de desgate abrasivo. Exemplo: tipo Amsler; • ensaio conjugado de abrasão e impacto. Exemplo: tipo Los Angeles; • ensaio de impacto de agregados. Exemplo: tipo Treton; • ensaio de impacto de placas; • ensaio de esmagamento; • ensaio de compressão uniaxial e determinação de módulo de deformabilidade estático (elasticidade); • determinação da velocidade de propagação de ondas e de constantes elásticas ultra-sônicas; • ensaio de tração indireta. Exemplo: tipo flexão e compressão diametral. As propriedades, agrupadas entre físicas e mecânicas (PETRUCCI, 1978), para caracterizar uma rocha, são: • físicas: cor, fratura, homogeneidade, massa específica e compacidade, porosidade, permeabilidade, higroscopicidade, condutibilidade térmica e elétrica, dureza, aderência; • mecânicas: as resistências à compressão, tração, flexão, cisalhamento, desgaste e choque. A padronização de procedimentos é dita normatização e o resultado é conhecido como norma. A normatização permite tornar mais homogêneo e preciso o tratamento dado a um determinado assunto, como, por exemplo, a execução de 144 ensaios e de análises, materiais adequados ao processo, representação matemática das propriedades, entre outros requisitos. Existem diversas instituições normatizadoras que servem de referência para os ensaios tecnológicos em rochas, como, por exemplo, American Society for Testing and Materials (ASTM – EUA), Deutsches Institut fur Normung (DIN – Alemanha) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). De acordo com Frazão (2002), as rochas apresentam grande diversidade de propriedades. Algumas são relevantes para uma determinada utilização; umas terão utilidade direta, outras indireta. As propriedades das rochas que interessam à construção civil, à recuperação ou ao restauro podem ser classificadas do seguinte modo: • propriedades geológicas: são propriedades químico-mineralógico- petrográficas e estão estreitamente ligadas à natureza da rocha, ou do material pétreo. A natureza da rocha está refletida na composição mineralógica, textura, estrutura, grau e tipo de alteração mineralógica, além da solubilidade, cristalinidade, alterabilidade, coerência, entre outros (SHESTOPEROV, 1983); • propriedades físicas: são propriedades altamente influenciadas pelas propriedades geológicas. Podem ser resumidas em: densidade, massa específica, porosidade, permeabilidade, capacidade de absorção de água, dureza, calor específico, condutibilidade térmica, dilatação térmica, expansibilidade e contrabilidade, adesividade, etc. • propriedades físico-mecânicas: são propriedades altamente influenciadas pelas propriedades geológicas. São resumidas em: resistência à compressão, à tração, ao cisalhamento, ao impacto, à deformabilidade ou elasticidade, à britabilidade, à abrasividade, entre outros. As propriedades são conhecidas através de ensaios tecnológicos. Os ensaios são destrutivos por natureza e, para evitar a destruição do patrimônio, adotam-se dados já consagrados ou pesquisas já realizada sobre determinado assunto. Segundo Haas (2003), a questão da unificação dos ensaios direcionados para a área da conservação, no Brasil, jamais foi discutida. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), entidade nacional responsável pela normalização e 145 sistematização dos trabalhos técnicos, não menciona, para as pedras, nenhum tipo de ensaio direcionado à área de conservação. O profissional conservador deve, se necessário, contar com o auxílio multidisciplinar, neste caso de um geólogo, para obter, com precisão, a identificação das características da peça em estudo. A seguir, estão descritas as principais técnicas para conhecer as propriedades geológicas, físicas e físico-mecânicas. 6.6.1 Propriedades geológicas 6.6.1.1 Análises petrográficas e mineralógicas Os minerais principais das rochas que servem como elementos principais para classificação são chamados de essenciais. Minerais acessórios são aqueles presentes em volumes menores, podendo estarem ausentes sem que a nomemclatura da rocha seja alterada. As rochas que resultam da associação de minerais da mesma espécie são chamadas de simples, como, por exemplo, o mármore branco de Carrara; enquanto aquelas em cuja constituição entram vários minerais são denominadas de compostas, como, por exemplo, o granito. Muitos são os minerais encontrados nas rochas; alguns, entretanto, são comuns a diversas espécies. Pode-se citar alguns importantes, como: quartzo, feldspato, calcita, argila, dolomita, entre outros. As análises petrográficas e mineralógicas visam conhecer nas rochas, areias e pedregulhos, as seguintes características: • características mineralógicas: conhecer os minerais essenciais, os minerais acessórios e os secundários e a quantidade desses minerais; • textura: verificar a forma, o arranjo e a dimensão dos elementos mineralógicos constituintes de uma rocha; • estrutura: verificar o arranjo macroscópico da rocha, bem como a forma das rochas no espaço e a sua modalidade de disjunção; • estado de alteração dos minerais: verificar se estão sãos ou alterados e, se alterados, o tipo de alteração; • grau e tipo de microfissuração: verificar se é intercristalina ou intracristalina, se possui fissuras abertas ou preenchidas. As fissuras 146 também são chamadas de fraturas. A fratura refere-se à forma e ao aspecto da superfície resultante da fragmentação da rocha, dependendo da textura da rocha. A fratura indica a facilidade ou dificuldade que a rocha apresenta à extração, ao corte, manual ou mecânico, ao polimento e à aderência com as argamassas, sendo de grande significação prática para o conhecimento da trabalhabilidade da rocha. A análise petrográfica pode ser executada por via direta, pelas observações macroscópicas a olho nu ou pela microscopia óptica em seções delgadas da rocha, também conhecidas de lâminas petrográficas. Para minerais cujas características não permitem que estes sejam identificados por via óptica, a análise pode ser completada por via indireta, utilizando a análise difratométrica por raio X e pelas análises térmica diferencial e química (FRAZÃO, 2002). A análise mineralógica é feita em materiais em grãos, como no caso de areia natural e pedregulhos. Neste caso, muitas vezes são necessárias as utilizações de outros métodos (físicos e químicos) para completar o ensaio, devido à associação de outros materiais à areia e ao pedregulho. Segundo Frazão (2002), as principais características petrográficas e mineralógicas dos materiais rochosos para a utilização em construções, recuperações e restauros são: • o estado de alteração: tem influência na sua durabilidade e nas suas propriedades físicas e mecânicas; • propriedades físico-químicas dependentes da composição mineralógica que interagem com propriedades de ligantes. A avaliação das características petrográficas e mineralógicas pode ser feita por meio da NBR 7389 (Apreciação petrográfica de materiais naturais, para utilização como agregado em concreto) e da NBR 12768 (Rochas para revestimento – análise petrográfica). As características petrogáficas e mineralógicas podem ter influências químicas (matérias orgânicas e sais solúveis) e influência físicas (partículas de baixa resistência e partículas que apresentam variação volumétrica por saturação e secagem). 147 6.6.1.2 Composição química A determinação da composição química de uma rocha não constitui elemento suficiente para defini-la. Uma determinação rigorosa dos componentes químicos não é exigida, pois a composição química de uma mesma rocha pode variar muito, de amostra para amostra. Segundo Rocha (2000), os limites gerais de erros permitidos nas diferentes dosagens são aproximadamente os seguintes: SiO2 – 0,1%; TiO2 – 0,05%; Al2O3 – 0,1%; Fe2O3 – 0,1%; álcalis – menor que 0,07%. Para os demais componentes, se aceita como limite a variação de 0,05%. A soma dos resultados de uma boa análise deve variar entre 99,7 e 100,5%. 6.6.1.3 Reatividade 6.6.1.3.1 Matéria orgânica A matéria orgânica que pode ocorrer em agregados é constituída principalmente de húmus, isto é, ácidos húmicos, provenientes de decomposições de vegetais. Pode ocorrer nos agregados, principalmente areias, e podem causar retardos de pega de concretos e argamassas, influenciando na resistência final desses compostos. Em materiais graúdos, a matéria orgânica não chega a ser problemática, pois pode ser facilmente eliminada com lavagens. A verificação das impurezas orgânicas nos agregados miúdos pode ser feita por meio da NBRNM 49 (Agregados – determinação de impurezas orgânicas húmicas em agregado miúdo), fazendo uma comparação da cor de uma solução aquosa de hodróxido de sódio, à qual o agregado foi submetido, com a cor de uma solução aquosa padrão de dicromato de potássio. 6.6.1.3.2 Sais minerais Os sais, quando associados aos agregados, promovem alterações na pega e no endurecimento. Segundo Frazão (2002), os principais compostos deletérios são sais de chumbo e de zinco, óxidos de ferro, sulfatos (principalmente o gesso), sulfetos e cloretos. Os compostos ferrosos são inconvenientes por produzirem 148 manchas de ferrugem, por oxidação, além de provocarem variação volumétrica excessiva. Os sulfetos do tipo pirita e marcassita originam manchas, por oxidação, e expansões, principalmente em temperatura e umidade elevadas. A corrosão provocada por sulfetos é pontual, enquanto que a provocada por cloretos é generalizada. As eflorescências são outros tipos de manifestação da presença de sais, como, por exemplo, carbonatos de cálcio, sulfatos de cálcio, carbonatos e sulfatos alcalinos. A verificação da presença de sais minerais em algum meio pode ser feita através da NBR 9917 (Agregados para concreto – determinação de sais, cloretos e sulfatos solúveis). 6.6.1.3.3 Materiais pulverulentos Materiais pulverulentos ou partículas finas são aquelas cuja dimensão é menor que 0,074 mm, abaixo da qual estão os siltes, de 0,002 a 0,074 mm, e a argila, menor que 0,002 mm. Esse material aumenta a quantidade de água de amassamento, influenciando na trabalhabilidade e na resistência mecânica de argamassas. A presença de materiais pulverulentos pode ser verificada pela NBRNM46 (Agregados – determinação do material fino que passa através da peneira 75 micrometro, por lavagem). 6.6.1.3.4 Partículas macias e friáveis As partículas macias apresentam baixa resistência, sendo, muitas vezes, de forma achatada e de baixa densidade. Podem ser prejudiciais em compostos por expandirem por absorção de água, como, por exemplo, torrões de argila. No caso de argamassas, pode acarretar o aparecimento de buracos e, consequentemente, a diminuição da resistência. A presença de partículas macias ou friáveis pode ser verificada pela NBR 7218 (Agregados – determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis). 149 6.6.1.3.5 Minerais reativos Alguns minerais apresentam reatividade quando em presença de certas substâncias que os envolvem. Algumas reações são benéficas, outras deletérias. Segundo Frazão (2002), as reações benéficas ocorrem entre agregados originados de rocha calcária, pois se dá com aumento da eficiência da aderência agregado/argamassa. As reações deletérias são basicamente as denominadas reações álcaliagregado. Os tipos mais freqüentes são: reação álcali-sílica; reação álcali-silicato; reação álcali-carbonato e reação de sulfato com alumínio. 6.6.1.4 Alteração e alterabilidade As rochas utilizadas para construção ou conservação têm como características principais a resistência e a durabilidade. Modificações nestes atributos podem ocorrer ao longo do tempo, principalmente quando expostas ao intemperismo. Porém, o grau das modificações e a velocidade com que ocorrem dependem tanto da intensidade do intemperismo quanto do tipo de rocha utilizada. O intemperismo que age nas rochas pode modificar tanto os minerais primários quanto os secundários. Segundo Frazão (2002), os mecanismos de alteração de uma rocha por intemperismo se manifestam pela desagregação e pela decomposição. A desagregação leva à perda da coesão da rocha. Então, a desagregação é um mecanismo físico. A decomposição implica modificações progressivas na natureza dos minerais; com isso, é um mecanismo físico-químico. A combinação destes dois mecanismos é, porém, freqüente e a predominância de um sobre outro dependerá sempre das condições ambientais. A verificação da adequação de uma rocha para utilização em construções, quanto ao grau de alteração, se desenvolve desde a escala macroscópica até a microscópica. Nesta, a avaliação é feita através da identificação dos teores de minerais primários alterados, teores e tipos de materiais secundários, além do grau de microfissuração presente, podendo ser inter ou intracristalina. Na escala macroscópica são utilizados meios desde os sensoriais, 150 como, por exemplo, os táteis e visuais, até os mecânicos manuais, podendo classificar as rochas desde sãs até muito alteradas, de coerentes até incoerentes (Tabela 14). A alterabilidade é definida como a potencialidade, maior ou menor, da rocha a se alterar, de apresentar maior ou menor modificação de suas propriedades ao longo do tempo. Para a verificação da alterabilidade é necessário conhecer, além do grau de alteração, quais os efeitos causados pelas condições ambientais em questão. O grau de alteração e a alterabilidade afetam todas as propriedades das rochas, das quais se pode citar: modificação da distribuição granulométrica, aumento da porosidade e da absorção de água e diminuição da resistência mecânica, da aderência e da adesividade. Tabela 14 – Roteiro para avaliação preliminar do estado de alteração e do grau de coerência de rochas Parâmetro Rocha Sigla Sã A1 Pouco alterada Medianamente alterada Estado de Alteração Grau de coerência A2 A3 Muito alterada A4 Coerente C1 Medianamente coerente C2 Pouco coerente C3 Incoerente C4 Características Macroscopicamente, não há indícios de alterações físicas ou químicas; minerais apresentam brilho. Alteração incipiente dos minerais; em geral, a rocha exibe pouca descoloração. Minerais medianamente alterados; geralmente, não apresentam brilho. Minerais muito alterados, por vezes pulverulentos e frágeis; totalmente sem brilho. Quebra com dificuldade ao golpe do martelo e produz poucos fragmentos e de bordas cortantes; superfície dificilmente riscável por lâmina de aço. Quebra com relativa facilidade ao golpe do martelo e produz fragmentos com bordas quebradiças por pressão dos dedos; superfície riscável por lâmina de aço. Quebra com muita facilidade ao golpe de martelo (esfarela) e produz fragmentos que podem ser partidos manualmente; superfície riscável por lâmina de aço, que deixa sulcos profundos. Quebra facilmente com a pressão dos dedos e se desagrega; pode ser cortada por lâmina de aço. Fonte: Frazão, 2002 Segundo Frazão (2002), alguns critérios disponíveis para os ensaios são os seguintes: • índices de alteração e alterabilidade: relação entre minerais sãos microfissural e minerais secundários; e minerais alterados, estado 151 balanço iônico; evolução dos valores de massa específica aparente, de porosidade aparente e de absorção d’água; variação granulométrica; variação da resistência; variação da granulometria conjugada à variação de resistência. • Procedimentos para ensaios de alteração: ensaios de alterabilidade das rochas podem ser verificados por meio das normas NBR 12695, NBR 12696 e NBR 12697. 6.6.2 Propriedades físicas 6.6.2.1 Granulometria As rochas que são utilizadas em concretos, argamassas, pavimentos, enrocamento, entre outros, são utilizadas na forma granular. A granulometria tem importância fundamental, pois influirá na compacidade dos agregados, resultando em maior ou menor índice de vazios. A análise granulométrica é a técnica utilizada para determinação da distribuição granulométrica, sendo executada por peneiramento. As peneiras utilizadas no Brasil são de malhas quadradas, seqüenciadas pelos tamanhos das suas aberturas ordenadas em progressão geométrica de razão dois. Além da distribuição dos grãos, a análise granulométrica permite obter dois importantes parâmetros: dimensão máxima característica dos fragmentos e módulo de finura. O módulo de finura é um número correspondente à abertura da malha na qual ocorrem 5% do material retido acumulado. Pelo modo de finura (MF), pode-se, por exemplo, classificar as areias em: grossas (MF<3,9); média (3,9<MF<2,4); e fina (MF<2,4). Os agregados graúdos são, geralmente, classificados pelas dimensões nominais, sendo a dimensão nominal dada por um diâmetro máximo e um diâmetro mínimo. A determinação da composição granulométrica pode ser verificada pela NBR 7217 (Agregados – determinação da composição granulométrica). 152 6.6.2.2 Adesividade Adesividade é a propriedade que as rochas apresentam de reter uma dada substância na sua superfície. É um fenômeno físico-químico e depende da natureza da rocha e da composição química da substância ligante. Portanto, é no tipo de rocha que são consideradas as variações do grau de adesividade. Essas variações são muito dependentes da composição mineralógica da rocha, a qual, também, determina a propriedade da sua superfície. A adesividade pode ser verificada pela NBR 12583 (Agregado graúdo – verificação da adesividade a ligante betuminoso). 6.6.2.3 Formas de fragmentos A fragmentação de rochas por processos mecânicos, como, por exemplo, britagem, resultará em produtos constituídos de fragmentos de forma e dimensões variadas. As formas que ocorrem nas rochas britadas recebem várias designações: cúbica (ou esférica), lamelar (ou achatada, ou discóide), alongada (ou prismática) e alongada-lamelar. Essas formas resultantes são influenciadas pela estrutura da rocha e pela sua textura. De acordo com Frazão (2002), os fragmentos são importantes propriedades dos agregados. Agregados com graus mais elevados de cubicidade apresentam resistências mais elevadas e maior trabalhabilidade em argamassas, e promovem menor índice de vazios, dentre outras vantagens. As formas de fragmentos podem ser verificadas pelas normas NBR 6954 (Lastro padrão – determinação da forma do material) e NBR 7809 (Agregado graúdo – determinação do índice de forma pelo método do paquímetro – método de ensaio). 6.6.2.4 Índices físicos Os índices físicos das rochas são as propriedades de massa específica ou densidade, porosidade e absorção de água. 153 6.6.2.4.1 Massa específica ou densidade A rocha no seu estado natural apresenta-se como um conjunto de minerais ocupando um determinado tamanho, formado pelos minerais e pelos vazios entre estes. Pode-se distinguir a massa específica absoluta ou real e a massa específica aparente. A determinação da massa específica aparente no laboratório é feita da seguinte forma: • secagem da amostra de rocha em uma estufa à temperatura de 105oC, durante 24 horas. Após seu resfriamento, pesa-se a amostra (peso W0 ); • submersão por completo da amostra em água durante 24 horas. Logo após, pesa-se a amostra em estado de saturação (peso Ws ); • com a amostra ainda saturada, pesa-se dentro d’água (peso Wa ). A massa específica aparente será, portanto (Equação 6): ρa = W0 Wa − W s (Equação 6) Porém, esta expressão tem pouca importância prática, pois não existem rochas com compacidade absoluta. O peso específico real é maior do que o aparente e pode ser calculado da seguinte forma: • a quantidade de água que satura os poros de uma amostra (A) (em gramas ou centímetros cúbicos) é igual a: A = W a − W0 • (Equação 7) essa quantidade de água é retirada do peso Wa , para obter o peso específico real ( ρ r ): 154 ρr = W0 Wa − A − W s (Equação 8) De acordo com Rocha (2000), os fatores que influenciam a densidade das rochas são: • estado de alteração: pela transformação por reações químicas dos minerais densos em minerais menos densos; • pelo aumento de volume desses mesmos minerais. porosidade e compacidade: rochas muito porosas são de densidade baixa; a resistência à compressão cresce com a densidade; a resistência ao desgaste cresce com a densidade; a dificuldade de corte cresce com a densidade. 6.6.2.4.2 Porosidade A porosidade indica a presença de vazios ou poros, podendo conter gases ou líquidos. Segundo Cavalcanti (1951), a porosidade de uma rocha tem influências importantes em relação à resistência à compressão e à permeabilidade, além de estar ligada à ação de agentes exteriores de degradação, como, por exemplo, a umidade e a vegetação. Quanto maiores e mais numerosos forem os poros, menos resistentes à compressão; a permeabilidade não é proporcional à porosidade, pois depende do tamanho e da dispersão dos poros. É muito importante conhecer o valor de porosidade, mas em paralelo deve-se conhecer o tamanho e a forma dos poros (LAZZARINI e TABASSO, 1986). De acordo com Rocha (2000), as rochas podem ser classificadas quanto à porosidade da seguinte forma (Tabela 15 e Tabela 16): Tabela 15 – Porosidade das rochas Tipo Extremamente porosa Muito porosa Bastante porosa Medianamente porosa Pouco porosa Porosidade (%) 50% 10% a 30% 5% a 10% 2,5% a 5% 1% a 2,5% 155 Fonte: Rocha, 2000 Tabela 16 – Tipos de rochas Rocha Granito Arenito Calcário Argila Porosidade (%) 0,5% a 1,5% 10% a 20% 5% a 12% 45% a 50% Fonte: Rocha, 2000 6.6.2.4.3 Absorção ou higroscopicidade A absorção é a quantidade de água, ou líquido qualquer, capaz de preencher os poros, definindo uma importante propriedade das rochas. Esta propriedade representa a capacidade da rocha em absorver e reter a água nos seus poros. A capacidade de absorção é expressa, em porcentagem, da seguinte maneira (Equação 9): W − Ws C a = a Ws .100% (Equação 9) Onde: • C a : capacidade de absorção; • Wa : peso imerso; • Ws : peso seco. As propriedades das rochas são muito influenciadas pela absorção de água. Rochas com alta absorção de água apresentam aumento na massa específica e na condutividade térmica; enquanto que a resistência mecânica diminui. A massa específica, a porosidade e a absorção de água podem ser determinados por meio das normas NBR 6458 (Grãos de pedregulho retidos na peneira de 4,8 mm – determinação da massa específica, da massa específica aparente e da absorção de água) e NBR12766 (Rochas para revestimento – determinação da massa específica aparente, porosidade aparente e absorção d'água aparente). 156 6.6.2.5 Permeabilidade Permeabilidade é a capacidade de percolação de gases e líquidos através dos capilares da rocha (PETRUCCI, 1978). A permeabilidade e a porosidade são propriedades bem distintas: enquanto esta se refere à quantidade de vazios que podem ser cheios de líquidos ou gases, a permeabilidade trata-se da passagem desses fluidos através de seus poros. A porosidade depende das dimensões, do número de poros ligados à superfície da pedra e do tipo e das dimensões dos canais que ligam entre si e ao exterior os poros da pedra; enquanto a permeabilidade depende do tipo, das dimensões e da disposição dos canais que atravessam a pedra, a porosidade depende da relação entre o volume de vazios e o volume total e a permeabilidade, além dessa relação, depende ainda da disposição desses vazios (ROCHA, 2000). As rochas metamórficas e magmáticas apresentam baixa permeabilidade, enquanto as sedimentares apresentam alta permeabilidade. 6.6.2.6 Dureza A dureza de uma rocha é avaliada pela maior ou menor facilidade de se deixar serrar, podendo ser brandas, semiduras (calcários), duras (mármores) e duríssimas (granitos). A trabalhabilidade é afetada em função da dureza, daí a sua importância (PETRUCCI, 1978). A dureza de um mineral vem expressa em número, por meio da escala de Mohs (Tabela 17). A escala de Mohs é constituída de dez minerais em ordem crescente de dureza, de modo que cada um deles arranhe ou marque o precedente (LOPEZ, 1964). Como as rochas são formadas por vários minerais, a dureza de uma rocha fica de difícil determinação. Na prática existem três estados de dureza: • riscável pela unha ou exageradamente fácil pelo canivete; • riscável pelo canivete; • dificilmente ou não riscáveis pelo canivete. 157 Tabela 17 – Escala de Mohs Rocha Talco Gipsita (gesso) Calcita Fluorita Apatita Dureza Rocha 1 Feldspato 2 Quartzo 3 Topázio 4 Coríndon 5 Diamante Fonte: Lopez, 1964 Dureza 6 7 8 9 10 6.6.2.7 Condutibilidade térmica A condutividade térmica é uma propriedade que o material possui de transmitir, através da sua espessura, um fluxo térmico resultante da diferença de temperatura entre as faces opostas do material. Segundo Lazzarini e Tabasso (1986), condutibilidade térmica é a capacidade de deixar propagar calor no seu interior e a condutividade é inversamente proporcional à porosidade. Na construção de edifícios, o isolamento térmico constitui um problema de grande importância; ele é obtido construindo-se paredes e coberturas com material que não permita a passagem de calor. A grande espessura dos elementos constituintes de construções antigas tinha como um dos fundamentos principais o isolamento térmico (CAVALCANTI, 1951). A condutividade térmica é expressa pelo coeficiente de condutividade (Equação 10), que pode ser representada da seguinte forma (FRAZÃO, 2002): Q = λ. S .(T1 − T2 ).Z a (Equação 10) Onde: • Q : quantidade de calor que atravessa uma parede (kcal); • λ : coeficiente de condutividade (kcal/m.h.ºC); • S : área da superfície (m2); • T1 − T2 : diferença de temperatura entre as faces da parede (ºC); • Z : tempo de migração do calor entre as faces (h); • a : espessura da parede (m). 158 Segundo Rocha (2000), para oferecer o mesmo isolamento térmico, uma parede de pedra deve apresentar uma espessura de 2,50m, enquanto que com outros materiais, como, por exemplo, concreto celular, seria suficiente apenas 0,07m (Figura 64). Portanto, a pedra não é material adequado para atender ao isolamento térmico, o que não sucede com outros materiais, sendo alguns especialmente elaborados para esse fim e, portanto, mais convenientes. Figura 64 – Diversidade do comportamento térmico de alguns materiais Fonte: Rocha, 2000 6.6.2.8 Dilatação térmica A dilatação térmica é uma propriedade vetorial e depende muito da natureza mineralógica da rocha, da sua estrutura e da sua porosidade. Segundo Frazão (2002), os minerais que compõem a rocha têm coeficiente próprio de dilatação, ou melhor, um mesmo mineral pode apresentar dois coeficientes de dilatação, um na direção paralela ao eixo cristalográfico e outro na direção perpendicular a este eixo, como é o caso do quartzo. A dilatação térmica também é influenciada pela estrutura e porosidade da rocha. Nas rochas porosas, os minerais tendem a se expandir na direção dos poros, diminuindo o valor total da dilatação, sendo, portanto, uma propriedade importante para rochas destinadas a revestimentos de edificações. De acordo com Frazão (2002), uma rocha na forma de prisma de comprimento L1 , sendo submetida a uma variação de temperatura, T1 − T2 , 159 apresentará uma dilatação L1 − L2 e seu coeficiente de dilatação β (em ºC -1 ou mm/(mºC)) será da seguinte forma (Equação 11): β= L2 − L1 1 ∆L . = L1 T2 − T1 L1 .∆T (Equação 11) A dilatação térmica pode ser determinada pela norma NBR 12765 (Rochas para revestimento – determinação do coeficiente de dilatação térmica linear). 6.6.2.9 Aderência É a propriedade que a rocha possui em ligar-se à argamassa. A aderência resulta da ação química dos aglomerantes, pelas afinidades dos materiais em contato durante a pega, e da ação mecânica, desenvolvida pelo endurecimento da argamassa nas saliências da pedra, às quais ela se adapta e se incorpora. A fratura e a porosidade das rochas influenciam na sua maior ou menor aderência com as argamassas, sendo as pedras de fratura áspera e irregular as que fazem melhor aderência. A textura também é índice de boa ou má aderência da pedra, uma vez que dela resulta a fratura da pedra. A aderência é avaliada pelo esforço de tração necessário para separar a rocha da argamassa, referida à umidade de superfície (CAVALCANTI, 1951). 6.6.2.10 Cor A cor é uma propriedade com importância quando tem finalidade decorativa, sendo considerada uma propriedade bastante fraca, pois algumas rochas podem apresentar cores diversas em uma mesma jazida. Quanto à classificação das rochas, tendo por base sua cor, pode-se citar: • rochas monocromáticas: formadas de uma única coloração, uniformemente distribuída; • rochas policromáticas: formadas de duas ou mais cores. Entre as polícromáticas incluem-se: bícromas, trícromas, etc, conforme sejam duas ou mais as suas cores respectivamente. 160 Segundo Rocha (2000), as cores amarelas, alaranjadas e vermelhas derivam de pigmentações de hidróxidos de ferro, enquanto as colorações cinzentas e pretas, típicas de calcários e dolomitos, são produzidas por pigmentos carbonosos ou betuminosos dispersos na rocha. A coloração verde depende de compostos de ferro (sulfetos) e de níquel, ou mais freqüentemente de pequenos grânulos de minerais verdes dispersos, como: clorita, epídoto, glauconita. O intemperismo pode alterar a cor de uma rocha; em geral, as colorações devidas ao ferro realçam ou escurecem sob a ação do tempo. As granadas almanditas são minerais de cor vermelha e de brilho vítreo, nos quais é grande a predominância de ferro; elas decompõem-se sob a ação do tempo, circundando-se de uma espécie de ferrugem que compromete muito o intuito decorativo que induz a sua aplicação. Os pontos vermelhos e brilhantes, que davam à rocha um grande valor decorativo, transformam-se em massas opacas, escuras ou pardacentas, manchando-a e atestando a sua nocividade (CAVALCANTI, 1951). O polimento influi favoravelmente na resistência da pedra à ação do tempo, impedindo o acúmulo de sujidades, a aderência de vegetais inferiores e permitindo limpeza fácil, como também acentua as cores da pedra. Os materiais polidos não absorvem rapidamente o calor, e por essa razão não aquecem facilmente, o que constitui mais uma vantagem. 6.6.3 Propriedades físico mecânicas As rochas têm a função de suportar nas construções esforços que tendem a deformá-las e a rompê-las, como, por exemplo, compressão, tração, flexão, desgaste, entre outros. O conhecimento das propriedades mecânicas obtidas por ensaios nas condições as mais semelhantes possíveis em que as rochas estão nas construções, verificará uma segurança e estabilidade na obra, seja em construções, reforços ou restaurações. 161 6.6.3.1 Resistência à compressão e módulo de deformabilidade 6.6.3.1.1 Compressão uniaxial As rochas utilizadas em construções são freqüentemente solicitadas à compressão, em diversos níveis de intensidade, rompendo-se quando este nível é superior ao que ela pode suportar. A resistência à compressão é uma das principais propriedades de uma rocha a ser utilizada em construções. Segundo Frazão (2002), é comum determinar qual o esforço capaz de provocar a quebra da rocha. Este esforço é a tensão de ruptura ou tensão última. A ruptura é precedida por um aumento de volume e da velocidade de propagação de fissuras. A compressão, bem como outros parâmetros físicos mecânicos, permite qualificar tecnologicamente as rochas, compatibilizando os esforços das estruturas com os das rochas. A tensão máxima σ máx (N/m2) que uma rocha se rompe, a partir de um corpo de prova com área de topo S (m2) e submetido a uma força F (N), é dada por: σ máx = F S (Equação 12) No ensaio de compressão, as distribuições de tensões devem ter certa uniformidade e, por isso, o corpo-de-prova deve apresentar geometria o mais regular possível, enquanto os pratos da prensa de compressão devem ser planos, lisos e os mais rígidos possíveis. A alteração da relação base: altura de um corpo-de-prova apresentará diferentes valores de tensão de ruptura para uma mesma rocha. Uma relação 1:1 apresentará resistência maior que um corpo-de-prova da mesma rocha com relação 1:2 (LUNDBORG, 1967). Segundo Cavalcanti (1951), da mesma forma, para um mesmo volume de corpo-de-prova, os de forma cilíndrica apresentarão menor resistência que os de forma quadrática, na qual eles guardam a seguinte proporção (Equação 13): σ cubos = 1,07.σ cilindros (Equação 13) 162 Além disso, a resistência à compressão uniaxial das rochas será influenciada também pela taxa de carregamento, expressa na relação força/área/tempo (F/S/t). Quanto maior essa taxa, maior o valor da tensão (HOUPERT, 1974). O teor de umidade também influencia na resistência à compressão. A rocha no estado saturado apresenta resistências menores que no estado seco, pois a água é incompressível, atuando como transmissora da energia aplicada. Assim, alguns pesquisadores aconselham obter um coeficiente de enfraquecimento ( R ), que é a relação entre a tensão da rocha no estado saturado ( σ sat ) e no estado seco ( σ sec ) (Equação 14). Não é aconselhável utilizar rochas com R < 0,75 . R= σ sat σ sec (Equação 14) De acordo com Houpert (1974), a resistência à compressão de rochas é influenciada também pela dimensão dos seus grãos. Para duas amostras de rochas com a mesma composição mineralógica, mesmo teor de umidade e mesmo tipo de estrutura, mas com dimensões de grãos diferentes, aquela que apresentar grãos de dimensões menores apresentará maior resistência à compressão. Isto se deve ao fato de que numa rocha de grãos menores existe um maior número de superfícies intercristalinas que se opõem à propagação das fissuras que precedem a ruptura. A resistência à compressão uniaxial pode ser determinada de acordo com a norma NBR 12767 (Rochas para revestimento – determinação da resistência à compressão uniaxial). 6.6.3.1.2 Módulo de elasticidade ou de deformabilidade estático Módulo de elasticidade é a propriedade que a rocha apresenta de restituir sua forma original quando a carga que atuava sobre ela e a deformava de um certo grau é retirada. O retorno à forma original pode ser completo ou parcial. É completo quando a carga aplicada é baixa, ou a elasticidade da rocha é alta. Quando a elasticidade é baixa ou a carga aplicada é muito alta, o retorno à forma original é parcial, acontecendo uma deformação residual (FRAZÃO, 2002). 163 As rochas têm um comportamento elasto-frágil, pois, com a atuação de cargas elevadas sobre elas, sempre haverá uma deformação residual e, à medida que as cargas aumentarem, a rocha tenderá a se fraturar instantaneamente. De acordo com Frazão (2002), a elasticidade da rocha, ou de qualquer outro material, é normalmente caracterizada pelo módulo de elasticidade, ou módulo de Young ( E ) (Equação 15), o qual relaciona o acréscimo de deformação ( ∆ε ) alcançada (Equação 16) pela rocha em relação ao acréscimo de carga ( ∆τ ) ou de tensão ( ∆σ ) aplicada: E= ∆τ ∆σ ou E = ∆ε ∆ε (Equação 15) Sendo: ∆ε = ∆L L0 (Equação 16) O módulo de elasticidade pode ser determinado por meio de compressão uniaxial (módulo de elasticidade estático – E e ) ou por velocidade de propagação de pulso ultra-sônico (módulo de elasticidade dinâmico – E d ). O módulo de elasticidade estático é determinado com as técnicas convencionais para ensaios de compressão uniaxial, incorporando-se dispositivos que permitam medir as deformações durante o carregamento, como, por exemplo, extensômetros elétricos, transdutores diferenciais e relógios comparadores. A deformação utilizada para o cálculo do módulo de elasticidade estático é, geralmente, a deformação axial ( E a ). Portanto, também se pode utilizar e medir as deformações radiais ( E r ). Nesse ensaio pode-se também determinar o coeficiente de Poisson (ν ), que é a relação entre a deformação axial e a radial, mais precisamente, é a relação entre o ângulo da deformação axial na curva tensão X deformação e o ângulo da deformação radial na mesma curva. O valor do coeficiente de Poisson varia de 0 a 0,5, sendo em torno de 0,25 para rochas cristalinas não alteradas, e tende para 0,5 para rochas mais brandas. Além disso, com as 164 deformações axial e radial pode-se calcular a deformação volumétrica ( E v ) com a seguinte expressão: E v = E a + 2 .E r (Equação 17) 6.6.3.2 Resistência ao choque Resistência ao choque é a propriedade que uma rocha tem de resistir ao impacto de um peso que cai de uma certa altura. É medida pelo produto do peso que cai pela altura da queda, que causa a ruptura do corpo de prova. Em edificações históricas, o conhecimento desta propriedade influencia na determinação do tipo de uso que se dará ao bem, pois as novas sobrecargas, tanto permanentes quanto temporárias, que porventura atuem na antiga estrutura, deverão ser previamente estudadas e determinadas, de forma a garantir a integridade e a durabilidade do monumento. Segundo Rocha (2000), o ensaio é conhecido como Resistência ao Impacto Treton, e consiste em submeter vinte fragmentos de rochas com dimensões entre 3/4 e 5/8 de polegadas, lavados e secos, a dez impactos de um peso de 15,883kg, caindo em queda livre de uma altura de 384mm. O material é lavado para retirada do pó, secado e pesado. A Resistência ao Impacto de Treton será dado pela (Equação 18: Pi − Pf Rc = Pi .100% (Equação 18) 6.6.3.3 Resistência ao desgaste As rochas utilizadas nas construções estão sujeitas a solicitações de desgastes por atrito mútuo ou desgastes por abrasão. A resistência ao desgaste por atrito mútuo é, geralmente, determinada pela pedra britada e fornece a resistência que a rocha apresenta sob a forma de agregado quando submetida a atrito mútuo de seus fragmentos. Alguns métodos de ensaio mandam acrescentar, junto aos fragmentos de rocha, uma carga abrasiva constituída de esferas de ferro fundido ou aço, de dimensões e composição química especificadas. Quando a rocha é utilizada 165 na forma de placas de revestimentos de pisos, ocorre desgaste por abrasão e a resistência dessa rocha é verificada através de abrasão por abrasivos especificados. Uma rocha será tanto mais desgastável ou abrasivel quanto menor for a sua dureza e esta, por sua vez, é o resultado da dureza dos seus minerais constituintes e do grau de compacidade da rocha. A determinação de dureza de uma rocha de forma direta é uma prática complexa e o resultado pode não refletir a realidade da rocha. Isto é devido às diferenças de dureza dos minerais que constituem a mesma amostra de rocha. A maneira mais usual de se determinar a dureza de uma rocha é por via indireta, por meio de solicitações de desgaste ou abrasão em que a rocha pode ser solicitada. Entretanto, o desgaste é a propriedade que uma rocha possui de resistir à remoção progressiva de constituintes de sua superfície, a qual pode ser medida ou por diminuição de volume ou de altura do corpo-de-prova, ou por perda de massa (FRAZÃO, 2002). Então, um corpo-de-prova de rocha com uma área S , altura inicial H 1 e final H 2 , uma massa inicial M 1 , final M 2 e uma massa específica aparente ρ a , pode ter seu desgaste ( D ) calculado pelas seguintes relações: D = H 1 − H 2 (mm) (Equação 19) D= M1 − M 2 (kg / m 2 ) S (Equação 20) D= M1 − M 2 .100% M1 (Equação 21) D= M1 − M 2 .100% ρ a .S (Equação 22) Os equipamentos para esses tipos de ensaios são variados. No Brasil, para a determinação do desgaste em rochas para utilização em revestimentos utiliza-se um aparelho denominado Abrasímetro e areia normatizada no 50. Nesse processo, dois corpos-de-prova na forma de placa (7,0x7,0x2,0)cm3 são pressionados sobre um disco metálico de alta dureza sobre o qual é lançada areia quartzoza. O desgaste do corpo-de-prova ocorre à medida que o disco gira e promove o contato da areia com a rocha. Os resultados são calculados, após 500 e 1000 voltas, pela medição das alturas do corpo-de-prova em mm (FRAZÃO, 2002). 166 Para a determinação da potencialidade dos agregados se desgastarem utiliza-se o ensaio de abrasão “Los Angeles” ( ALA ). Este ensaio pode ser verificado pela norma NBRNM51 (Agregado graúdo – determinação de abrasão "Los Angeles") e consiste de um tambor giratório de aço e alta dureza no qual é introduzida uma amostra de rocha, com granulometria e massa pré-determinada, juntamente com esferas de aço. Após um número determinado de rotações do tambor de aço, o desgaste é calculado pelo percentual de massa perdida, e quanto maior o valor desta relação, mais desgastável é a rocha (Equação 23): ALA = M1 − M 2 .100% M1 (Equação 23) 6.6.3.4 Esmagamento O ensaio de esmagamento é executado em um conjunto de fragmentos, numa certa granulometria, com uma massa M 1 , pré-compactada em um cilindro de aço rígido. Esses fragmentos são submetidos à compressão por meio de um êmbolo até alcançar uma determinada carga, a uma velocidade baixa pré-fixada. Após o ensaio, uma massa M 2 é determinada por peneiramento numa malha também préestabelecida (FRAZÃO, 2002). O ensaio de esmagamento ( ESM ) é fornecido pela seguinte expressão: ESM = M1 − M 2 .100% M1 (Equação 24) O ensaio de esmagamento pode ser feito através da norma NBR 9938 (Agregados – determinação da resistência ao esmagamento de agregados graúdos). A Tabela 18 mostra valores de abrasão “Los Angeles” ( ALA ) e esmagamento de algumas rochas. 167 Tabela 18 – Ensaios de abrasão “Los Angeles” e esmagamento de diferentes tipos de rochas Tipo de rocha ESM ALA Quartzitos (N=3) 20 ± 6 23 ± 6 Basaltos (N=18) 17 ± 3 17 ± 3 Granitos (N=18) 32 ± 9 26 ± 6 Diabásicos (N=8) 20 ± 2 16 ± 3 Gnaisses (N=16) 33 ± 9 26 ± 6 N = número de amostras ensaiadas Fonte: Frazão, 2002 6.6.3.5 Resistência à tração A resistência das rochas à tração não depende da resistência individual de seus elementos constituintes, como sucede com a resistência à compressão. Ela é função da coesão e da textura da pedra. As rochas podem estar sujeitas à tração direta ou indireta. A tração direta raramente acontece numa aplicação qualquer. A resistência à tração direta da rocha é cerca de 1/20 da resistência à compressão uniaxial. A determinação da tração direta em rochas tem dificuldade operacional; por isso, são utilizados métodos indiretos para a obtenção da resistência à tração. Segundo Frazão (2002), um dos mais utilizados é o método da compressão diametral ou método de Lobo Carneiro, ou, ainda, método brasileiro, descrito em ISRM (1974). Este método consiste em submeter à tração um cilindro de altura igual à metade do seu diâmetro. Assim, um corpo-de-prova cilíndrico de diâmetro D e altura L , submetido a uma força P , distribuída em uma linha sobre a sua geratriz, terá sua resistência à tração ( σ t ) por compressão diametral da seguinte maneira: σt = 2 .P π .D.L (Equação 25) 6.6.3.6 Resistência à flexão Quando a rocha é aplicada apoiada nas suas extremidades, como, por exemplo, vergas, arquitraves ou consolos, ocorre o esforço de flexão. Este esforço depende da direção da carga em relação aos planos de estratificação, do estado de alteração da pedra, da presença de fissuras latentes, da umidade contida na pedra, entre outros. 168 A resistência à flexão de uma rocha pode ser verificada pela norma NBR 12763 (Rochas para revestimento – determinação da resistência à flexão), onde se tem uma força P aplicada em um corpo-de-prova de comprimento L , largura b e espessura d , dada pela (Equação 26): σf = M 3.P.L = W 2.b.d 2 (Equação 26) Onde: • M : momento fletor; • W : momento resistente da seção transversal da viga. 6.6.4 Ensaios não destrutivos Além dos ensaios descritos anteriormente, tem-se os ensaios não destrutivos. Os mais conhecidos estão descritos a seguir. 6.6.4.1 Teste de percussão Utilizado para diversos tipos de materiais, como, por exemplo, pedra, madeira e rebocos. É feito dando-se pequenas pancadas sobre a superfície a testar com um martelo especial. Pelo som, mais oco ou mais surdo é possível (tendo experiência) detectar espaços vazios ou descontinuidades do material. Segundo os especialistas é falho e sua eficiência depende da prática do operador. 6.6.4.2 Teste de absorção Faz-se depositando uma gota de água sobre a superfície. De acordo com a forma que essa gota assume e a sua absorção mais ou menos rápida, pode-se ter uma visão aproximada do comportamento do material: • se o material é hidrorrepelente: a gota manterá seu formato mais ou menos esférico; 169 • se é pouco absorvente: a gota se manterá por alguns segundos com a forma mais ou menos curva; • se é muito absorvente: a gota se espalhará assim que entre em contato com o material. 6.6.4.3 Teste de efervescência Para verificar se uma pedra é calcária, faz-se um ensaio de gotejamento com um ácido fraco, geralmente HCl diluído, ou, de forma mais improvisada, com vinagre (ácido acético) ou gotas de limão. A efervescência do ácido garante a existência de calcário na amostra. 6.6.4.4 Teste de movimentação de fissuras Para verificar se uma fissura estabilizou ou se ainda está em progressão, existe um teste em que se instala um aparelho graduado, o extensômetro, que monitora milimetricamente a progressão da abertura. Uma versa imediatista deste teste é feita colocando-se uma testemunha, que pode ser uma argamassa fraca ou uma tira de papel presa dos dois lados da fissura, que se romperá caso abertura aumente. 6.6.4.5 Ensaio de raio X Utilizados na integridade de soldagens com metais, ou nas condições de madeiras e pedras. 6.6.4.6 Ensaio de ultrassom Utilizado para verificar descontinuidades e/ou diferenças entre materiais diversos. 170 6.6.4.7 Fotogrametria É uma forma de fazer levantamentos com fotos ortogonais à estrutura. Permite uma leitura perfeita da estrutura e é claro das alterações de superfície e dos deslocamentos e desaprumos. É um processo caro e complicado. 6.6.4.8 Medição de umidade É realizada através de higrômetros, que são medidores especiais utilizados para medir a umidade relativa de um material. É baseado na resistência elétrica do material, que se reduz com a umidade. É calibrado para diversos materiais. 7 ENSAIOS 7.1 EDIFICAÇÕES AMOSTRAIS Em uma grande parte da cidade do Rio de Janeiro encontram-se construções históricas com alvenarias de pedra e argamassa de cal. Foi feita uma relação de edifícios da cidade do Rio de Janeiro, principalmente de igrejas do centro histórico, para obter amostras de rochas e de argamassas retiradas de suas alvenarias. Porém, apenas as edificações descritas abaixo foram autorizadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – 6a Superintendência Regional) para a retirada dessas amostras. 7.1.1 Amostra 01 – Igreja de Nossa Senhora de Santa cruz A Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz pertence à Fazenda da Taquara, no município do Rio de Janeiro, na Taquara (Foto 62 e Foto 63). Foto 62 – Sede da Fazenda da Taquara. Local da Foto 63 – Fachada da Igreja de Santa Cruz Igreja de Santa Cruz Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 172 7.1.1.1 Breve histórico da Fazenda da Taquara e da Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz Em 1616, nas imediações do Engenho d' Água, surgiu o primeiro núcleo de ocupação de Jacarepaguá, no lugar também conhecido como Porta d' Água, que hoje se chama Largo da Freguesia. Com o correr do tempo, o local e suas imediações ficaram conhecidos como Jacarepaguá, em virtude da proximidade com a Lagoa dos Jacarés. Com a ocupação se acentuando, uma parte das terras foi desmembrada. As terras do engenho foram desmembradas em 1653, quando os novos proprietários deram início à construção da casa da Fazenda da Taquara e da igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz. A família Teles Barreto de Meneses teve grande influência no desenvolvimento da região. Francisco Teles Barreto de Meneses (1625-1679), filho de Diogo Lobo Teles de Meneses, adquiriu a Fazenda do Engenho da Taquara em 1658. Durante as décadas seguintes, os negócios da família expandiram-se com a compra de novas fazendas e engenhos e, ao final do século, os Teles de Meneses eram os maiores proprietários de Jacarepaguá. A Região ganhou tal importância no período colonial que passou a ser conhecida como Planície dos onze engenhos (Foto 64). A Casa da Fazenda da Taquara e a Capela de Nossa Senhora de Santa Cruz, são Bens Tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 30 de Julho de 1938. Foto 64 – Túmulo do Comendador Francisco Pinto da Fonseca e Maria Rosa da Fonseca Telles no chão da Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz. Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 173 7.1.1.2 Situação atual Por ser uma igreja do século XVI, diversificada em várias obras, tem as exigências permanentes no sentido de guardar não só o estilo, o valor patrimonial, mas a funcionalidade de cada setor, dentro de sua finalidade. Face ao desgaste ocasionado pelo tempo, a Igreja está sendo aos poucos restaurada pelo proprietário. Encontra-se atualmente sem telhado e com as paredes laterais da nave danificadas pela ação da água e pela biodeterioração (Foto 65) e a parte superior por vegetação de pequeno e médio porte, devido à falta de telhado em algumas partes (Foto 66). No arco do cruzeiro (Foto 67) existe uma grande trinca que necessita de uma rápida intervenção. Foto 65 – Parede lateral da nave Foto 66 – Parte superior da parede Foto 67 – Arco do cruzeiro danificado com vegetação Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 7.1.1.3 Amostras coletadas Foram retiradas amostras de argamassas (Amostra A01) (Foto 68) e rochas (Amostras R01-A e R01-B) (Foto 69) para serem analisadas. Nas rochas foram realizados ensaios de petrografia, e nas argamassas, foram feitos os seguintes ensaios: • testes qualitativos de sais solúveis; • ensaios simples de argamassa – traços; • análise granulométrica. 174 Foto 68 – Amostra de argamassa A01: Igreja de Foto 69 – Amostra de rocha R01-A e R01-B: Igreja Santa Cruz de Santa Cruz Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 7.1.2 Amostra 02 – Capela de Nossa Senhora das Graças A Capela de Nossa Senhora das Graças (Foto 70) está localizada no Educandário da Misericórdia (Foto 71), no município do Rio de Janeiro, na Rua São Clemente, 446, Botafogo. Foto 70 – Capela de Nossa Senhora das Graças Foto 71 – Educandário da Misericórdia Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 7.1.2.1 Breve histórico do Educandário da Misericórdia No ano de 1889 foi iniciado o processo para a criação do Asilo da Misericórdia, para dar abrigo apropriado para as meninas que viviam de caridade nos hospitais da Santa Casa, deixadas por suas mães enfermas ou enviadas pelas autoridades. A urgente tarefa de retirá-las do convívio com os doentes fez com que Visconde do Cruzeiro organizasse uma subscrição popular para angariar fundos. A Princesa Isabel doou grande quantia e poetas e boêmios arrecadaram quantia ainda maior. Assim, foi comprada uma mansão na Rua São Clemente, cercada de floresta, e foi iniciada a adaptação à nova função. Nesta etapa, foram necessários novos recursos, doados por monarquistas, inclusive pelo Visconde de Ouro Preto. Em 1890, o Provedor Visconde do Cruzeiro renunciou ao cargo. Meses depois, o Asilo 175 foi inaugurado pelo novo Provedor Manoel de Oliveira Fausto com a presença do Chefe do Governo Provisório, General Deodoro da Fonseca. Logo no primeiro ano de funcionamento já estava lotado, mostrando a grande necessidade do Asilo. O prédio, a despeito de suas linhas arquitetônicas simples, é uma bela mansão erigida numa colina a duzentos metros da rua. Seu salão nobre ainda ostenta a pintura primitiva feita no teto por artista anônimo. Com o decorrer do tempo, foram adquiridos dois prédios vizinhos e o Educandário foi ampliado para atender maior numero de crianças. Em 1988, iniciou-se uma reforma importante, para preservar o patrimônio histórico dos prédios e também modernizar e conservar as instalações. No Centenário da Instituição foi inaugurado o Auditório, totalmente novo. A Capela de Nossa Senhora das Graças foi construída em 1917 e ampliada em 1930. 7.1.2.2 Situação atual Por ser um prédio centenário, diversificado em várias obras, tem as exigências permanentes, no sentido de guardar não só o estilo, o valor patrimonial, mas a funcionalidade de cada setor, dentro de sua finalidade. Face ao desgaste ocasionado pelo tempo, o Educandário foi recentemente restaurado. Uma cozinha industrial foi projetada desde o piso até o teto, com equipamentos adequados para o funcionamento modelar. Despensas planejadas para conservação de alimentos. Um auditório totalmente novo foi inaugurado. É um centro cultural, favorecendo a educação artística e outras diversas áreas. Um moderno gabinete dentário com equipamento totalmente novo foi instalado para atendimento das crianças. Novas salas de aula e uma biblioteca foram adaptadas para uma melhor ação educadora. Acompanhando o desenvolvimento tecnológico, foi criada uma sala especial de audiovisual. Hoje, com capacidade para atender 500 crianças anualmente, o educandário mantém cursos do maternal à 4ª série do primeiro grau. Assegura atendimento educacional a carentes do Morro Dona Marta que fica ao lado. Um dos aspectos mais apreciados no local é a sua beleza natural, preservada graças às atividades que ali foram implantadas pela Santa Casa. 176 7.1.2.3 Amostras coletadas Foram retiradas amostras de argamassas (Amostra A02) (Foto 72) e rochas (Amostra R02) (Foto 73) para serem analisadas. Nas rochas foram realizados ensaios de petrografia e, nas argamassas, foram feitos os seguintes ensaios: • teste qualitativo de sais solúveis; • ensaio simples de argamassa – traços; • análise granulométrica. Foto 72 – Amostra de argamassa A01: Capela de Foto 73 – Amostra de rocha R01: Capela de Nossa Nossa Senhora das Graças Senhora das Graças Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 7.1.3 Amostra 03 – Prédio do IPHAN – 6a SR O prédio do IPHAN – 6a Superintendência Regional – situa-se na Avenida Rio Branco, no 46 (Foto 74), no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma edificação tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1978, por sua importância histórica e artística. O IPHAN funciona no local desde 1986 (Foto 75). Foto 75 – Porta do IPHAN: talhada em madeira no estilo Neobarroco Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 a Foto 74 – Prédio do IPHAN – 6 SR 177 a 7.1.3.1 Breve histórico do Prédio do IPHAN – 6 SR O Prédio do IPHAN – 6a SR completou 100 anos no dia 30 de janeiro de 2008. O antigo Edifício Docas de Santos é um dos remanescentes da primeira fase de construções da Avenida Central, atual Rio Branco, e um dos mais requintados imóveis comerciais edificados após o Concurso de Fachadas, realizado pelo Prefeito Pereira Passos, em 1905, com apoio do Presidente Rodrigues Alves, para incentivar a construção da avenida. O prédio foi projetado pelo arquiteto paulista Ramos de Azevedo, autor de inúmeros e importantes projetos na cidade de São Paulo, entre os quais o do Teatro Municipal, o da Santa Casa de Misericórdia e o do Palácio das Indústrias, atual sede do Gabinete do Prefeito. As obras, executadas pela empresa Antônio Januzzi Irmãos & Cia., foram concluídas em 1908, passando o imóvel a abrigar a Companhia Docas de Santos. De estilo eclético, possui estrutura mista, em alvenaria e ferro. Na sua fachada, destacam-se, nos dois primeiros pisos, elementos decorativos em cantaria, além de suas imponentes portas de entrada, em jacarandá. As portas-sacadas e as janelas são coroadas por frontões de estilos, alternadamente, renascentista e barroco. O prédio tem cinco pavimentos. Internamente, são detaques as pinturas decorativas no hall de entrada, de autoria do alemão Benno Treidler; a clarabóia, cuja luminosidade gerada a partir do terceiro andar é repassada, de piso a piso, até o térreo, por lajes constituídas por tijolos de vidro; e a escada, em ferro fundido, que perpassa os cinco pisos contornando o elevador de época, ainda em pleno funcionamento. 7.1.3.2 Situação atual Este ano, para comemorar o centenário, o prédio passou por obras de restauração, especialmente no que diz respeito à infra-estrutura, como a recuperação dos elevadores e das instalações elétricas e hidráulicas, entre outras melhorias. 178 7.1.3.3 Amostras coletadas Foram retiradas amostras de rochas (Amostra R03) (Foto 76) para serem analisadas. Nas rochas foram realizados ensaios de petrografia. Foto 76 – Amostra de Rocha R03: Prédio do IPHAN Fonte: Mateus Martins, julho de 2006 7.1.4 Amostra 04 – Recolhimento de Santa Teresa – Museu de Arqueologia O Recolhimento de Santa Teresa situa-se na Praça de Itaipu, s/no, na faixa litorânea de Itaipu (Foto 77), região oceânica de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de uma edificação tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1955. Seu entorno é bastante diversificado, com a Vila de Pescadores, a praia de Itaipu, a Duna Grande e o Morro das Andorinhas. Foto 77 – Museu de Arqueologia de Itaipu, Niterói, RJ Fonte: Mateus Martins, 2003 7.1.4.1 Breve histórico do Recolhimento de Santa Teresa O Recolhimento de Santa Teresa de Itaipu foi fundado em 17 de junho de 1764, por Manuel da Rocha, com o objetivo de acolher mulheres que desejavam viver em recolhimento ou que para lá eram mandadas por castigos ou culpas. O recolhimento surgiu ligado à Matriz da freguesia dedicada a São Sebastião, não constando dados sobre o construtor. Ali se ergueu, antes do ano de 1716, uma 179 capela, elevada em 1721 à categoria de paróquia. A capela teve entrada na classe de Igrejas Perpétuas em 12 de junho de 1755, quando Itaipu se tornou Freguesia, tendo como primeiro pároco o padre Manoel Francisco da Costa. Nesta época, já havia um núcleo habitacional e eram muitas as fazendas de cana-de-açúcar, mandioca, milho, feijão, arroz, frutos diversos e café. Os bispos, na época, eram proibidos de autorizar o funcionamento de recolhimentos, sendo necessário uma autorização régia. Assim, o Bispo D. José Joaquim Justiniano apresentou ao ViceRei Luiz de Vasconcellos e Souza e, por seu intermédio, à Rainha Da. Maria I, que confirmou a instituição, permitindo que o recolhimento fosse usado com a finalidade para o qual fora instituído. Em 17 de junho de 1764 as primeiras recolhidas ingressaram, não se tendo notícia de quando foi desativado. O canto da praia de Itaipu era utilizado como rocio de canoas e é, provavelmente, a origem da atual colônia de pescadores que ali persiste. Segundo Ferreira (1996, p. 2), a região viveu próspera e produtiva, apesar dos constantes alagamentos ocorridos por conta de enchentes da lagoa de Itaipu, que na época ainda não era ligada à sua vizinha, a lagoa de Piratininga, o que só ocorreu na década de 70 do século passado, com a abertura do canal de Camboatá, medida que findou com esses sucessivos alagamentos, dando unidade ao conjunto lagunar e sanando o problema. Embora algumas de suas dependências tenham desaparecido, o corpo principal do edifício ainda permanecia intacto quando foi realizado o tombamento em janeiro de 1955. Trata-se de uma grande construção de alvenaria de pedra com molduras de cantaria. Sua planta é retangular, medindo 46,40m de comprimento por 26,26m de largura. Uma predominância de linhas horizontais, devido à pouca altura do pé direito e à grande largura dos vãos, dá à ruína um aspecto de calma e solidez. Não existe simetria no conjunto, mas há elementos dispostos simetricamente em relação à entrada principal, que parece ser o centro de uma composição que não chegou ao fim. Na entrada, com inscrição ilegível, vê-se ainda a data 1785. Esta entrada dá acesso a um pátio retangular. Ao fundo, do lado direito destaca-se a capela, ainda coberta, com porta e ferragens primitivas. Esse pátio é formado por três corpos de construção e um muro que dá para o exterior, onde se encontra a entrada já referida e mais duas janelas. Um corredor descoberto liga esse pátio a um segundo pátio 180 cercado por arcadas baixas e por uma galeria, medindo aproximadamente 25 metros de comprimento, com vestígios de inúmeras divisões (Figura 65). Figura 65 – Planta baixa: Recolhimento de Santa Teresa Fonte: Arquivo do IPHAN-RJ É uma construção do século XVIII de apenas um pavimento, estando situada nos terrenos da praia de Itaipu que foram loteados para fins comerciais. A falta de proteção ao imóvel determinou perdas irreparáveis no entorno. Alguns compartimentos foram retalhados por pescadores que ali habitaram e a capela vazia foi utilizada como cadeia. O pedido de tombamento do bem foi feito em 1943, tendo sido efetuado pelo SPHAN (atual IPHAN) no dia 8 de janeiro de 1955. Em 1960, a Colônia de Pescadores de Itaipu solicitou, em vão, o Recolhimento para sua sede e entrou em atrito com a Companhia Territorial de Itaipu, proprietária das terras desde 1945. Em 1968, foram removidas diversas famílias que residiam ilegalmente no Recolhimento e posteriormente foi feita a consolidação das ruínas, que se estendeu até 1974, deixando o local com o aspecto que se encontra hoje. Em 1974 foi concluída a primeira etapa da consolidação das ruínas, sendo feita também a restauração interna da capela, consolidação e obturação das falhas generalizadas nos paredões externos, recuperação do corpo localizado na extremidade direita do monumento, obras de adaptação para instituição do Museu de Arqueologia, manutenção da vegetação nativa sobre as muralhas, plantio de grama no chão dos pátios e recintos a céu aberto. Em 1975 foi demarcada a área não “edificandi”, preservando a Duna Grande e o Recolhimento de Santa Teresa. Em 1977 foi inaugurado o Museu de 181 Arqueologia, que está diretamente ligado à Duna Grande, que tem objetos de valor arqueológico inestimável para o patrimônio da humanidade. Uma equipe de uma firma de engenharia (CERNE Engenharia e Projetos) visitou o local em dezembro de 1993 e janeiro de 1994 de modo a realizar vistorias e medições. Deste trabalho resultou uma nova consolidação das ruínas do Recolhimento, realizada pela própria CERNE, em março de 1994. 7.1.4.2 Situação atual A ruína, construída em alvenaria de pedra, não apresenta problemas estruturais, estando as paredes em regular estado de conservação. O rejuntamento das alvenarias se encontra bastante degradado, apresentando sulcos profundos, facilitando a entrada de agentes agressivos. Existe no local, junto a algumas paredes, árvores de médio porte (Foto 78), tais como goiabeiras e pitangueiras (Foto 79). Essas árvores devem ser avaliadas e, se necessário, removidas. Foto 78 – Árvores próximas às paredes Fonte: Mateus Martins, 2006 Foto 79 – Detalhe da árvore De maneira geral, os problemas mais graves são em locais com aberturas, principalmente nos acabamentos de pedra, tais como ombreiras e vergas. A argamassa de rejuntamento das alvenarias encontra-se bastante degradada, com vazios profundos. 7.1.4.3 Amostras coletadas Foram retiradas amostras de argamassas (Amostra A04) (Foto 80) e rochas (Amostras R04-A e R04-B) (Foto 81) para serem analisadas. Nas rochas foram 182 realizados ensaios de petrografia e, nas argamassas, foram feitos os seguintes ensaios: • teste qualitativo de sais solúveis; • ensaio simples de argamassa – traços; • análise granulométrica. Foto 80 – Amostra de argamassa A04: Recolhimento Foto 81 – Amostra de rocha R04-A e R04-B: de Santa Teresa Recolhimento de Santa Teresa Fonte: Mateus Martins, agosto de 2006 7.1.5 Amostra 05 – Catedral de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé A Catedral da Antiga Sé localiza-se na Rua 1o de Março, no centro da cidade do Rio de Janeiro. 7.1.5.1 Breve histórico da Catedral de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé A Igreja de Nossa Senhora do Carmo data de 1761, quando foi lançada sua primeira pedra, no local onde havia uma Ermida de Nossa Senhora do Ó, que fora doada aos carmelitas em 1590, mas que desabou num dia de festa. Seu autor é desconhecido, mas ao longo do tempo várias adaptações e acréscimos modificaram bastante sua unidade arquitetônica; no entanto, o frontão da igreja permaneceu de Estilo Barroco. Quando, em 1857, a Rua do Cano, hoje Sete de Setembro, foi levada até o Largo do Paço, hoje Praça XV de Novembro, a Catedral não sofreu alteração fundamental, pois seu corte atingiu apenas o antigo Convento do Carmo. Em 13 de junho de 1808, D. João, por um Alvará Real, elevou a Igreja à condição de Capela Real e também Catedral, que manteve até 20 de novembro de 1976, quando a Catedral foi transferida para a Avenida Chile e a Antiga Catedral passou a ser a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé. Na Catedral foram realizadas: as Coroações de D. João VI e de D. Pedro I como Imperador do 183 Brasil; o casamento de D. Pedro com D. Leopoldina de Habsburgo, da Casa da Áustria; a Sagração de D. Pedro II ao trono imperial com menos de 15 anos de idade; o batizado da Princesa Isabel e o casamento da Princesa Isabel com o Conde D'Eu. O templo possui um sino denominado D. João VI (Foto 82), fundido em 1822 por João Batista Jardineiro. Nele está gravado o brasão da Família Real Portuguesa. No campanário existem outros seis sinos (Foto 83). Foto 82 – Sino denominado D. João VI da Antiga Foto 83 – Sino da Antiga Sé Sé, fundido em 1822 Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 No tempo do Cardeal D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, nomeado Arcebispo em 1897, a Igreja ganhou a torre do lado da Rua Sete de Setembro, de gosto eclético, que descaracterizou a fachada original. Nela foram colocadas as armas e o chapéu cardinalício, mais acima o relógio e os sinos. Ganhou também a imagem em mármore branco do Padroeiro da Cidade - São Sebastião, colocada na fachada. Para comemorar o jubileu do Dogma da Imaculada Conceição, a igreja ganhou, acima da torre, dentro de um círculo gradeado de ferro, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, em bronze dourado. Após esta restauração ela foi reinaugurada solenemente como a Catedral Metropolitana, com grandes solenidades, em celebração do Quarto Centenário da Descoberta do Brasil. 7.1.5.2 Situação atual A construção, que estava em péssimo estado de conservação, foi renovada para comemorações dos 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil. Visitar a Igreja de Nossa Senhora do Carmo – a antiga Catedral da Sé, no Rio de Janeiro – é como voltar ao Brasil do Império. Apesar de sua importância, a Antiga Sé 184 encontrava-se em péssimo estado de conservação. A deterioração podia ser vista nas pinturas, nas escadas de madeira e no segundo andar próximo ao órgão, onde a Defesa Civil interditou uma área. Mas um projeto de restauração, entretanto, transformou a igreja, de estilo rococó, em monumento-símbolo para as comemorações dos 200 anos da chegada da família real, em março de 2008 (Foto 84 e Foto 85). Foto 85 – Vista do nave principal, com talha em Estilo Rococó, executada por Inácio Ferreira Pinto em 1785 Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 Foto 84 – Vista da fachada da Igreja com a imagem de São Sebastião, padroeiro da cidade A organização dos eventos foi feita por uma comissão presidida pelo embaixador Alberto da Costa e Silva. A igreja foi o centro das comemorações. Ela é uma das mais importantes do Rio e fundamental para a história brasileira. Em seu interior estão restos mortais de Pedro Álvares Cabral (Foto 86), a pia usada no batismo da Princesa Isabel (Foto 87), e a cripta do cardeal Arcoverde. Foto 86 – Placa que indica o local da lápide de Foto 87 – Pia Batismal, que se encontra na sacristia mármore onde está uma urna que da Igreja. guarda as cinzas de Pedro Álvares Cabral Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 Também aconteceram exposições e o relançamento de livros sobre o tema. Como a igreja passou por quatros intervenções desde que foi construída, em 1761, 185 a recuperação da Antiga Sé está exigindo muito trabalho dos restauradores, que optaram por manter o templo com as características da época imperial (Foto 88 e Foto 89). Foto 89 – Vista da parte do telhado, em cima da nave Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 Foto 88 – Vista da Nave da Catedral O consultor do projeto de restauração, Wallace Caldas, explicou que esse foi o período mais marcante da história do templo. Por isso, a cor predominante do interior será modificada para tons da época, como verde, dourado e ocre. 7.1.5.3 Amostras coletadas Foram retiradas amostras de argamassas e rochas: • Argamassas (Foto 90): o A05A – Argamassa: Parede direita da nave (entrando pela Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Terceira Ordem; o A05B – Argamassa: Torre; o A05C – Argamassa: Telhado – Coro; • Rochas (Foto 91): o R05 – Rocha: Telhado – Coro; Nas rochas foram realizados ensaios de petrografia e, nas argamassas, foram feitos os seguintes ensaios: • teste qualitativo de sais solúveis; 186 • ensaio simples de argamassa – traços; • análise granulométrica. Foto 90 – Amostra de argamassa A05-A; A05-B e Foto 91 – Amostra de rocha R05: Igreja de Nossa A05-C: Igreja de Nossa Senhora do Carmo da antiga Senhora do Carmo da antiga Sé Sé Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 7.1.6 Amostra 06 – Igreja de Nossa Senhora da Candelária 7.1.6.1 Breve histórico da Igreja de Nossa Senhora da Candelária Localizada no centro financeiro da cidade do Rio de Janeiro, numa área rica em espaços culturais, a Igreja da Candelária impressiona por sua imponência. Construída no século XVIII, tem planta em cruz latina, revestimento interior em mármore, fachada em cantaria, portas trabalhadas em bronze e no interior toda a sua história está pintada em murais. É uma das mais belas igrejas de todo o Rio de Janeiro. A Igreja de Nossa Senhora da Candelária, a maior das Igrejas da cidade, é também uma edificação monumental. A igreja é um local de tranqüilidade e paz em pleno centro da cidade. Seu estilo é um Barroco Tardio, já com indícios do NéoClássico, tendo fachada em cantaria (Foto 92), portas ricamente trabalhadas em bronze (Foto 93) e interior revestido de mármore (Foto 94). Foto 92 – Vista lateral da Candelária, detalhe da Foto 93 – Fachada da Igreja da Candelária. cantaria Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 187 Foi construída a partir de 1778, no local onde existia uma capela construída pelo casal de portugueses D. Antonio Martins de Palmas e D. Leonor Gonçalves, em agradecimento a Nossa Senhora das Candeias, por terem sido salvos de um naufrágio e terem conseguido chegar ao Rio de Janeiro em 1600. Em seu interior está eternizada a história do casal, com pinturas que contam esta história (Foto 95). Foto 95 – Destaque da pintura que retrata o naufrágio do casal que mandou construir a primeira capela no local Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 Foto 94 – Interior revestido de mármore Toda a pintura interior da Igreja é de autoria de Zeferino da Costa e seus discípulos Rodolfo Bernardelli e Castagneto, incluindo o altar-mor, onde quatro painéis retratam fatos da vida da Virgem Maria: o Esponsório; a Anunciação; a Purificação; e a Ascensão. Sua decoração foi realizada em 1880, quando a Igreja ficou pronta. Sua cúpula foi erguida a partir de 1877 e dela participaram o arquiteto prussiano Gustavo Waehneldt, além de Francisco Joaquim Bethencourt da Silva e Daniel Pedro Ferro Cardoso, tendo sido este último o autor do projeto definitivo (Foto 96 e Foto 97). As portas de acesso em bronze com figuras em relevo são do escultor Teixeira Lopes. A Igreja foi totalmente concluída em 1898. Foto 96 – Destaque da cúpula da igreja Foto 97 – Detalhe interior de sua cúpula Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 188 Originalmente a Igreja estava colada a outras edificações e tinha sua fachada voltada para uma rua estreita. Ganhou sua monumentalidade quando conseguiu escapar da demolição que se fez, quando da abertura da Avenida Presidente Vargas, para felicidade dos que hoje podem contemplá-la. 7.1.6.2 Situação atual O Rio de Janeiro guarda igrejas de valor artístico indiscutível, como a do Mosteiro de São Bento e a de São Francisco da Ordem Terceira da Penitência, ambas tesouros do barroco. Mas nenhum outro templo é tão emblemático da paisagem carioca quanto a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, fincada no coração do Centro. Sua cúpula majestosa testemunhou casamentos suntuosos, manifestações políticas e até o hediondo massacre de meninos de rua em 1993, conhecido mundialmente como “Massacre da Candelária”. A igreja, que pertence à Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, começou a passar por um grande programa de restauração. Uma verba de 2,5 milhões de reais, concedida pelo BNDES e pelo Ministério da Cultura, está permitindo a reforma completa do telhado, com a substituição das estruturas de madeira originais (Foto 98). Um trabalho delicado que deve demorar cerca de um ano para ser concluído (Foto 99). Foto 98 – Detalhe da restauração do telhado e da Foto 99 – Detalhe interior de sua cúpula restaurada cúpula da igreja Fonte: http://veja.abril.com.br/vejarj/130405/patrimonio.html Os benefícios da obra podem até passar despercebidos, mas o telhado estava tão danificado que o interior ficava sujeito a infiltrações. Com a reforma, as obras de arte ficam bem mais seguras. Também foram restauradas as pinturas, as torres, os vitrais, as portas e as janelas (Foto 100 e Foto 101). 189 Foto 100 – Vista da torre da igreja com o detalhe do Foto 101 – Detalhes da torre direita da igreja bom estado do telhado após restaurado Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 No início do século XVII já havia uma pequena igreja onde hoje fica a Candelária, mas só recentemente, descobriram documentos na Torre do Tombo, em Lisboa, que fixam a data da fundação da irmandade em 18 de agosto de 1634. A Candelária foi a segunda paróquia da cidade. Sua fundação, na várzea, foi um sinal do crescimento do Rio naqueles tempos. Até então, só existia a Sé, lá no alto do Morro do Castelo. A Candelária do jeito que está atualmente começou a ser construída em 1775. Nesse caso, a expressão "obra de igreja" se aplica como uma luva. Entre idas e vindas e falta de verba, ela só foi inaugurada em 1898. Como conseqüência, sua arquitetura e decoração trazem traços do barroco e do neoclássico. Mesmo com a inauguração, a novela da construção continuou. Os púlpitos chegaram em 1931. E foi a partir de 1944 que a igreja pôde ser contemplada em toda sua glória, com a demolição do casario adjacente e a abertura da Avenida Presidente Vargas. 7.1.6.3 Amostras coletadas Foram retiradas amostras de argamassas e rochas: • Argamassas (Foto 102): o A06 – Argamassa: torre direita da igreja. • Rochas (Foto 103): o R06 – Rocha: torre direita da igreja. 190 Nas rochas foram realizados ensaios de petrografia e, nas argamassas, foram feitos os seguintes ensaios: • teste qualitativo de sais solúveis; • ensaio simples de argamassa – traços; • análise granulométrica. Foto 102 – Amostra de argamassa A06: Igreja de Foto 103 – Amostra de rocha R06: Igreja de Nossa Nossa Senhora da Candelária Senhora da Candelária Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 7.1.7 Amostra 07 – Igreja de Nossa Senhora da Saúde 7.1.7.1 Breve histórico da Igreja de Nossa Senhora da Saúde A Igreja de Nossa Senhora da Saúde está situada atualmente junto ao Cais do Porto, na Rua Silvino Montenegro, nº 52 (Foto 104). Foto 104 – Fachada da Igreja de Nossa Senhora da Saúde Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 Construído por aterro no início do século XX, o local de sua implantação ficou prejudicado pelo afastamento do mar. A construção desta Igreja é resultado de empenho dos devotos de Nossa Senhora do Terço, que tendo obtido provisão por intermédio do pedido do fiel Manoel Costa Negreiros, puderam edificar sua própria capela, iniciada em 1742 e concluída por volta de 1750. Em 1898 foi fundada a 191 Irmandade de Nossa Senhora da Saúde para administrá-la, mas somente em 1900 a Igreja passou aos cuidados da Confraria. O frontispício da Igreja é dominado por uma singela portada de granito, com verga arqueada, a torre sineira está colocada ao lado da epístola, e possui arremate bulboso. A talha da capela-mor apresenta algumas imagens antigas. Sua nave única é revestida de azulejos. Coro e púlpito são arrematados por trabalho em talha de madeira. Na sacristia disposta lateralmente existe um lavabo com embrechados de azulejos e louça da Companhia das Índias. 7.1.7.2 Situação atual Dentro de sua proposta de revitalizar o patrimônio histórico e arquitetônico do País, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) patrocinou as obras de recuperação. A igreja, que ainda preserva painéis de azulejos portugueses do século XVIII, recebeu um telhado novo. Também foram feitas a recuperação da fachada e da estrutura interior do prédio. Além da restauração de edificações na região da Saúde e da Gamboa, como, por exemplo, a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, ainda existe um plano de revitalização e restauração da Zona Portuária do Rio de Janeiro, bairros Saúde e Gamboa (Foto 105 e Foto 106), com a construção de 2.500 imóveis para a classe média-baixa no bairro. Segundo a prefeitura, existem terrenos disponíveis da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que se interessa em vendê-los à iniciativa privada, que construiria os imóveis. O negócio só ainda não foi concretizado devido à existência de um decreto da prefeitura que declara a área de interesse público para desapropriação. Há, também, o projeto de restauração para uso comercial e cultural dos seis primeiros armazéns. Alguns muros entre os Armazéns serão demolidos e o espaço cercado por grades para tornar o ambiente mais agradável. O espaço será ocupado por bares e restaurantes. Alguns armazéns foram doados às escolas de samba. 192 Foto 105 – Vista aérea da zona portuária do Rio de Foto 106 – Plano de revitalização e restauração da Janeiro, bairros Saúde e Gamboa, 2006 Zona Portuária do Rio de Janeiro Fonte: http://www.rio.org.br/tvporto/proj_plano_rev/nucleo05.html 7.1.7.3 Amostras coletadas Foram retiradas amostras de argamassas e rochas: • Argamassas (Foto 107): o A07 – Argamassa: parede lateral direita da igreja. • Rochas (Foto 108): o R07 – Rocha: parede lateral direita da igreja. Nas rochas foram realizados ensaios de petrografia e, nas argamassas, foram feitos os seguintes ensaios: • teste qualitativo de sais solúveis; • ensaio simples de argamassa – traços; • análise granulométrica. Foto 107 – Amostra de argamassa A07: Igreja de Foto 108 – Amostra de rocha R07: Igreja de Nossa Nossa Senhora da Saúde Senhora da Saúde Fonte: Mateus Martins, outubro de 2006 7.2 ENSAIOS EM ARGAMASSAS Todos os ensaios em argamassas foram realizados no Laboratório de Argamassas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade 193 Federal Fluminense. Nas amostras foram dados os nomes em função da data de coleta e da edificação, de acordo com a Tabela 19. Nas amostras das edificações, pela falta de local para a retirada de amostra, somente no Prédio do IPHAN-Rio não foi possível a coleta de argamassas. Tabela 19 – Relação das amostras de argamassas coletadas nas edificações e seus nomes AMOSTRAS DE ARGAMASSAS COLETADAS NAS EDIFICAÇÕES A02 A04 A01 A05-A, A05-B e A05-C A06 A07 Índice – Nome das amostras de argamassas A01 – Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz A02 – Capela de Nossa Senhora das Graças A04 – Recolhimento de Santa Teresa A05-A, A05-B e A05-C – Catedral da Antiga Sé A06 – Igreja de Nossa Senhora da Candelária A07 – Igreja de Nossa Senhora da Saúde Nas argamassas coletadas das edificações históricas, mostradas anteriormente, foram realizados os seguintes ensaios: • testes qualitativos de sais solúveis; • ensaios simples de argamassa – traços; • análise granulométrica. Os ensaios relacionados acima seguem a metodologia proposta por Teutonico (1988), definindo o estado da argamassa, em função da presença ou ausência de sais nocivos, em relação ao traço mais provável dos componentes e da granulometria do agregado miúdo utilizado na confecção dessa argamassa. 194 7.2.1 Testes qualitativos de sais solúveis Nos testes qualitativos de sais solúveis determinam-se, qualitativamente, a ausência ou presença de sais solúveis em água deionizada, em diversos tipos de amostras, especialmente em argamassas. Os sais são nitratos, cloretos e sulfatos que estão presentes nas eflorescências salinas. Os nitratos são provenientes de dejetos orgânicos, os cloretos são de aerossol salino e os sulfatos de contaminação da argamassa ou de presença de gesso. Este é um método que define o estado da argamassa, em relação aos sais nocivos, sendo de muita importância para a restauração da construção antiga. Este teste segue o método de ensaio descrito a seguir. 7.2.1.1 Nitrato • pesar 10g da amostra moída e colocar em um béquer de 100 ml; • colocar aproximadamente 80 ml de água deionizada, e 20 ml de água deionizada para lavagem do béquer. Proporção: 10g/100 ml; • agitar com um bastão de vidro e filtrar em um papel de filtro em um funil; • recolher o filtrado num Erlenmeyer; • se o filtrado estiver turvo, centrifugar por 5 minutos; • colocar um pouco do filtrado límpido numa placa de toque; • adicionar de três a cinco gotas do reativo: 1% difenilamina em ácido sulfúrico (H2SO4); • verificar o aparecimento de uma coloração azul indicativa de nitrato; • fazer um teste em branco com água deionizada. 7.2.1.2 Cloreto • colocar um pouco do filtrado do item anterior em um tubo de ensaio; • usar outro tubo para o teste em branco com água deionizada; • adicionar aos tubos de três a cinco gotas de HNO3 P.A.; • adicionar de três a cinco gotas da solução: 1% de AgNO3 em água deionizada; 195 • verificar o aparecimento de um precipitado branco (turvação) indicativo da presença de cloreto. Precipitado de AgCl; • comparar com o ensaio em branco do outro tubo. 7.2.1.3 Sulfato • colocar um pouco do filtrado do item b.1.1 em um tubo de ensaio; • usar outro tubo para o teste em branco com água deionizada; • adicionar aos tubos de três a cinco gotas de HCl P.A.; • em seguida, adicionar de três a cinco gotas da solução: 5% de BaCl2 em água deionizada; • verificar o aparecimento de uma turvação indicativa da presença de sulfato. Precipitado de BaSO4; • comparar com o ensaio em branco. 7.2.1.4 Resultados Os resultados são verificados através da legenda, mostrada na Tabela 20. Tabela 20 – Testes qualitativos de sais solúveis em argamassas RESULTADOS SAIS - Ausência + Pequena quantidade ++ Média quantidade +++ Grande quantidade 7.2.2 Ensaio simples de argamassa – traços O ensaio simples de argamassa tem como objetivo determinar a proporção dos componentes da argamassa analisada: o ligante (Ca(OH)2 e/ou Mg(OH)2 transformados em carbonatos), os finos (argila e/ou silte) e os grossos (areia). Determina também o traço em massa mais provável. 7.2.2.1 Reagentes • ácido clorídrico P.A.; 196 • solução de HCl na proporção 1:4. 7.2.2.2 Equipamentos, vidraria e materiais • estufa regulada para 75°C; • balança analítica; • espátula; • béquer de 100ml; • bastão de vidro; • proveta de 100ml; • funil; • suporte com aro; • Erlenmeyer de 125ml; • papel de filtro quantitativo faixa branca, ∅ 12,5 cm; • gral de porcelana com pistilo; • dessecador. 7.2.2.3 Procedimento A amostra de argamassa, depois de moída e seca, sofre um ataque ácido onde a cal é dissolvida e separam-se os finos (filtração), e os grossos (areia) ficam retidos no béquer. Determina-se o traço mais provável através de cálculos das respectivas massas. A seguir está descrito o procedimento do teste. • moer a amostra de forma a não quebrar os grãos de areia, em um gral de porcelana; • colocar para secar em estufa a temperatura de aproximadamente 75°C, por cerca de 24 horas; • pesar, com precisão, aproximadamente 10g da amostra em balança analítica; • colocar em um béquer de 100ml previamente pesado e depois umedecer com água deionizada; 197 • adicionar cerca de 80ml de HCl 1:4, com uma proveta; • deixar em digestão até que todo o ligante tenha sido dissolvido. Para verificar se o ligante já foi dissolvido completamente, colocar umas gotas de HCl concentrado e observar se ainda há formação de bolhas. Em caso afirmativo, colocar mais ácido, até que isto não mais ocorra; • adicionar cuidadosamente água deionizada sobre o material e agitar o béquer para que as partículas finas fiquem em suspensão; • em seguida despejar, cuidadosamente, o líquido com o material suspenso sobre o papel de filtro, previamente pesado, tendo o cuidado para não deixar passar também as partículas maiores; • repetir o procedimento anterior até que a água de lavagem saia limpa; • colocar o papel de filtro com os finos e o béquer com os grossos em estufa, a temperatura de 75°C, por cerca de 24 horas; • esfriar em dessecador e pesar em balança analítica; • calcular a % de finos , % de grossos e % de ligante e o traço mais provável da argamassa, conforme folha de cálculos. 7.2.2.4 Folha de cálculo para ensaio de argamassa 7.2.2.4.1 Finos (argila e/ou silte) A) Peso do papel de filtro; B) Peso do papel de filtro + resíduo; C) Peso dos finos encontrados: (B - A); D) Percentagem sobre a massa total. 7.2.2.4.2 Grossos (areia) A) Peso do béquer; B) Peso do béquer + resíduo; C) Peso da areia encontrada: (B - A); D) Percentagem sobre a massa total.\ 198 7.2.2.4.3 Ligante (resíduo solúvel) A) % ligante = 100 – (% finos - % grossos); B) Peso do carbonato; C) Peso do hidróxido. 7.2.2.4.4 Traço mais provável da argamassa O traço mais provável da argamassa é obtido através da seguinte relação: peso do hidróxido peso do hidróxido : peso dos finos peso do hidróxido : peso dos grossos peso do hidróxido 7.2.2.4.5 Observações • este teste é específico para argamassas de cal; • nas argamassas ditas “bastardas”, parte da areia encontrada (grossos) poderá ser oriunda do solo utilizado. 7.2.3 Granulometria do agregado Depois de ter feito a determinação do traço mais provável da argamassa analisada, pode ser feita a granulometria do agregado (areia) após ataque ácido e remoção dos finos. Em seguida é feita a curva granulométrica. Os resultados dos testes nas argamassas estão representados a seguir. 7.2.4 Tabelas para resultados dos ensaios nas argamassas Em função dos ensaios realizados descritos anteriormente foram criadas três tabelas, de acordo com Teutonico (1988), para resumir os seguintes ensaios realizados nas amostras de argamassas históricas: • testes qualitativos de sais solúveis (Tabela 21); • ensaio simples de argamassa – traços (Tabela 22); 199 • análise granulométrica (Tabela 23). Tabela 21 – Teste qualitativos de sais solúveis – tabela padrão UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS LEGENDA DATA UFF ANÁLISE DE ARGAMASSAS + ++ +++ ++++ Ausência Pequena Quantidade Média Quantidade TESTES QUALITATIVOS DE SAIS SOLÚVEIS Grande Quantidade Muito Grande Quantidade NITRATO CLORETO SULFATO AMOSTRA AMOSTRAGEM Tabela 22 – Ensaio simples de argamassa – traço – tabela padrão UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: UFF AMOSTRAGEM: AMOSTRA: ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA 1 2 FINOS (ARGILA E/OU SILTE) Χ PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) 1 2 Χ 1 2 Χ PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X ARGILA : AREIA TRAÇO LIGANTE : : : TRAÇO 2 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) TRAÇO 1 TRAÇO TRAÇO X LIGANTE : : ARGILA : AREIA : Tabela 23 – Análise granulométrica – tabela padrão 200 UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: AMOSTRAGEM: UFF AMOSTRA: PESO DO BEQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BEQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) Granulometria do agregado após ataque ácido e remoção dos finos PENEIRA DIM. (mm) PESO (g) Nº PENEIRA + AMOSTR AMOSTR A (g) A (g) % RETIDA % RETIDA ACUMUL ADA 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - 16 35 60 100 200 >200 SOMA SOMA % Curva Granulométrica % Retida Acumulada 100 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 10 Peneiras (mm) 7.3 RECONHECIMENTO DAS ROCHAS COLETADAS NAS EDIFICAÇÕES Nas amostras de rochas coletadas das edificações históricas foram realizadas as apreciações petrográficas, ou seja, uma descrição petrográfica macroscópica da rocha e os ensaios de índices físicos. As apreciações petrográficas de rochas foram realizadas no Laboratório de Petrografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o auxílio do Professor Joel Valença e os ensaios de índices físicos foram feitos no Laboratório de Estruturas e Argamassas do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense. 7.3.1 Apreciação petrográfica de rochas Para a apreciação petrográfica foi utilizada a norma técnica sobre apreciação petrográfica de materiais naturais (NBR 7389, 1992). Constitui um estudo macroscópico, se necessário com utilização de lupa, identificando seus elementos e suas propriedades. Se for possível, deve ser efetuada com a supervisão de um 201 geólogo ou profissional da área. Nas amostras foram dados os nomes em função da data de coleta e da edificação, de acordo com a Tabela 24. Tabela 24 - Relação das amostras de rochas coletadas nas edificações e seus nomes AMOSTRAS DE ROCHAS COLETADAS NAS EDIFICAÇÕES R02 R03 R01-A e R01-B R04-A e R04-B R07 R05 R06 Índice – Nome das amostras de rochas R01-A e R01-B – Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz R02 – Capela de Nossa Senhora das Graças R03 – Prédio do IPHAN R04-A e R04-B – Recolhimento de Santa Teresa R05 – Catedral da Antiga Sé R06 – Igreja de Nossa Senhora da Candelária R07 – Igreja de Nossa Senhora da Saúde A apreciação petrográfica foi realizada na seqüência descrita a seguir. 7.3.1.1 Características iniciais – identificação São relatados os dados iniciais da amostra, seja fragmento de rocha, testemunho de sondagem, pedra britada, pedrisco e cascalho, acompanhados com os seguintes ítens: • nome da amostra; • número da amostra; • local da retirada da amostra; • tipo da amostra: cascalho, pedrisco, fragmento de rocha, testemunho de sondagem ou pedra britada. • dimensões da amostra: (x,y,z) cm; 202 • registro fotográfico. 7.3.1.2 Cor natural da amostra Deve ser relatada a cor predominante, fornecida pelos conjuntos dos grãos, ou devem ser descritas as variações que ocorrem devido à mineralogia. Podem ser classificadas em dois tipos: • subjetiva: quando a cor não pode ser exatamente definida, utilizando um dos seguintes casos: o clara; o intermediária; o escura. • objetiva: quando a cor pode ser exatamente definida. 7.3.1.3 Estrutura da amostra Devem ser relatados aspectos macroscópicos da arquitetura da rocha e suas descontinuidades. São divididos em: • em relação à existência de estrutura interna. São subdivididas em dois tipos: o anisotrópica: existência de estrutura interna; o isotrópica: inexistência de estrutura interna. • em relação à foliação, ou seja, à feição das estruturas internas das rochas e à orientação dos minerais. A existência de foliação permite infiltração de água, de calor, de agentes agressivos, entre outros, para o interior da rocha, podendo acelerar o processo de degradação. São classificadas em dois tipos: o xistosidade (xisto): foliação com formação linear com presença de minerais mica (biotita); o gnáissica: foliação com formação planar com presença de minerais feldspato, feldspatos e quartzo. • em relação aos planos de descontinuidades da rocha. São classificados em dois tipos: o clivagem: quando a descontinuidade for uma microfissura; 203 o fratura: quando a descontinuidade for uma macrofissura. • em relação a falhas na rocha: quando ocorrem deslocamentos relativos na estrutura interna. • em relação a dobras na rocha: quando ocorrem arcos ou sinuosidades na estrutura interna. 7.3.1.4 Textura da amostra Deve ser relatada a aparência geral da rocha, seja macroscopicamente, ou sob lupa, quando puderem ser identificados aspectos de relacionamento entre grãos minerais que constituem a textura. A classificação se divide em três partes: • em relação à granulometria: se subdivide em dois grupos: o relativa: é realizada sem medições, utilizando apenas o tamanho relativo dos grãos. Podem ser de dois tipos (Figura 66): textura inequigranular: os mesmos minerais têm dimensões diferentes. São divididos em: • porfirítica: há dois tamanhos diferentes do mesmo mineral na amostra; • seriada: há uma seqüência gradativa de tamanho dos minerais, formando uma série; textura equigranular ou granular: os mesmos minerais têm mesmo tamanho ou tamanhos muito aproximados. o absoluta: é realizada com medições dos grãos da amostra. São divididas em: fina: diâmetros da maioria dos grãos são menores que 1 mm; média: diâmetros da maioria dos grãos estão entre 1 e 5 mm; grossa: diâmetro da maioria dos grãos estão entre 5 e 30 mm; muito grossa: diâmetro da maioria dos grãos são maiores que 30 mm. 204 Textura Porfirítica Bimodal (Inequigranular) Textura Porfirítica Seriada (Inequigranular) Figura 66 – Textura da amostra Textura Equigranular • em relação ao grau de desenvolvimento das faces cristalinas dos grãos dos minerais da amostra, são classificadas em três grupos (Figura 67): o idiomórficos: a maioria dos grãos têm faces cristalinas; o xenomórficos: a maioria dos grãos não têm faces cristalinas; o hipidiomórficos: a maioria dos grãos são delimitadas parcialmente por faces cristalinas. Figura 67 – Faces cristalinas dos minerais: A: idiomórficos; B: xenomórficos; C: hipidiomórficos • em relação ao grau de visibilidade dos grãos: são classificados em dois grupos: o fanerítica: todos os grãos, ou a maioria, podem ser vistos a olho nu ou com uma lupa de mão; o afanítica: não é visível nenhum grão de mineral, ou a maior parte dos minerais da rocha, a olho nu ou com uma lupa de mão. 7.3.1.5 Composição mineralógica essencial da amostra Devem ser discriminados os minerais que possam ser observados pelo exame macroscópico ou sob lupa. Os minerais abaixo são os mais comuns nas rochas: 205 • Feldspato (família ou grupo): produto de alteração da rocha. Possuem minerais de argila (caolim) que são silicatos ricos em alumínio e hidratados. o existem dois subgrupos: Alcalifeldspatos: podem ser potássico e sódico, com pouco cálcio. Plagioclásio: podem ser cálcico e sódico, com pouco potássio. o Feldspatos podem ter as seguintes cores: branca, cinza claro, cinza escuro: Plagiocásio; rósea: Alcalifeldspatos potássico sódico em 80 a 90% das vezes.Rósea: Alcalifeldspatos Potássico Sódico: 90% das situações. • Quartzo: possui cor cinza; • Biotita (mica preta): possui silicato rico em alumínio hidratado, porém com bastante Fe+2, Mg e K. É parcialmente alterada, logo é um produto de alteração da rocha: 7.3.1.6 Estado de alteração da amostra Deve ser analisada a integridade dos grãos minerais constituintes, devendo a amostra ser classificada do seguinte modo: • rocha sã: os minerais essenciais conservam suas características de cor e brilho. A rocha, a olho nu, não apresenta evidências de alteração; • rocha pouco alterada: apresenta sua integridade física praticamente preservada, porém observa-se aspectos incidentes de alteração nos seus minerais. • rocha alterada: os minerais essenciais não conservam mais suas características de cor e brilho. São expressivos os aspectos relativos a fragilidade, porosidade, fissuração e diminuição da massa específica. Alguns minerais podem servir como elemento para avaliação da alteração: o feldspatos: apresentam-se amarelados, impregnados por óxido de ferro e parcialmente pulverulentos; o minerais ferromagnesianos: apresentam-se parcial ou totalmente oxidados. 206 7.3.1.7 Propriedades físico-mecânicas da amostra A amostra de rocha deve ser classificada da seguinte forma: • muito coerente: deve apresentar as seguintes propriedades: o quebra com dificuldade ao golpe do martelo; o os fragmentos apresentam bordas cortantes que resistem ao corte de lâmina de aço; o superfície dificilmente riscável por ponteira de aço. • coerente: deve apresentar as seguintes propriedades: o quebra com relativa facilidade ao golpe do martelo; o os fragmentos apresentam bordas cortantes que podem ser abrandadas pelo corte de lâmina de aço; o superfície riscável por ponteira de aço. • pouco coerente: deve apresentar as seguintes propriedades: o quebra com facilidade ao golpe do martelo; o as bordas dos fragmentos podem ser quebradas pela pressão dos dedos; o a ponteira de aço provoca sulcos acentuados na superfície do fragmento; • friável: deve apresentar as seguintes propriedades: o esfarela ao golpe do martelo; o desagrega sob pressão dos dedos. 7.3.1.8 Classificação petrográfica macroscópica da rocha Em relação às propriedades anteriores determinadas macroscopicamente, principalmente a composição mineralógica, a estrutura e a textura, pode-se definir o tipo petrográfico da rocha. A seguir, com exemplo, são citados dois tipos petrográficos de rochas: • Gnaisse: o possui Quartzo e Feldspato (s) e um pouco de Biotita e ou Granada.; o possui foliação gnáissica; 207 o possui granulometria entre fina a grossa ou muito grossa. • Granitos: o possui Quartzo e Feldspato (s) e um pouco de Biotita, geralmente sem Granada; o não possui foliação gnáissica; o possui granulometria entre fina a grossa ou muito grossa; o possui textura fanerítica; o são equigranulares ou inequigranulares. o são xenomórficas, hipidiomórficas ou idiomórficas. 7.3.1.9 Classificação petrográfica macroscópica da rocha – tabela resumo Em função das propriedades descritas anteriormente foi criada uma tabela (Tabela 25), segundo a NBR 7389, 1992, para resumir a apreciação petrográfica da amostra. Tabela 25 – Apreciação petrográfica da amostra – tabela padrão APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO NOME PROCEDÊNCIA F O T O DATA COLETA TIPO (____x____x____) cm3 DIMENSÕES X COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm GROSSA 5<D<30mm MUITO GROSSA D>30mm FRIÁVEL COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS XENOMÓRFICOS HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA AFANÍTICA CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL 208 7.3.2 Índices físicos Os ensaios de índices físicos das amostras coletadas nas edificações foram realizados no Laboratório de Estruturas e Argamassas do Programa de PósGraduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense. Utilizou-se a norma técnica para a determinação da massa específica aparente, porosidade aparente e absorção d’água aparente (NBR 12766, 1992). Segundo a NBR 12766 – 1992, a norma tem a finalidade de determinar a massa específica aparente (seca e saturada com superfície seca), porosidade e absorção d’água aparentes de rochas. A aparelhagem necessária para a execução do ensaio é a que se segue: • estufa capaz de manter a temperatura de (110 ± 5)0C; • balança com capacidade de 1000g e resolução de 0,01g; • bandejas com dimensões de (40x20x10)cm; • recipiente de dimensões convencionais para acondicionamento de água para pesagem dos corpos-de-prova na condição submersa. O ensaio de índices físicos, nas amostras de rochas das edificações, foi realizado na seqüência descrita a seguir. 7.3.2.1 Amostragem e preparação dos corpos-de-prova Para a coleta das amostras de rochas nas edificações, foi necessária a autorização do IPHAN-Rio, 6a Superintendência Regional. Pela dificuldade em coletar amostras de rochas em edificações de valor histórico e cultural, foi possível a retirada de amostras de forma e dimensões distintas, como pode ser visto, mais a frente, nos resultados de apreciação petrográfica dessas rochas. As amostras utilizadas nesses ensaios estão relacionadas na Tabela 24, mostrada anteriormente. 7.3.2.2 Ensaio O ensaio foi realizado com o seguinte procedimento: 209 • lavar os corpos-de-prova em água corrente; • colocar os corpos-de-prova em estufa a 1000C e deixar secar por 24 horas; • retirar os corpos-de-prova da estufa e deixar secar a temperatura ambiente; • pesar os corpos-de-prova individualmente ao ar, com precisão de 0,01 g; anotar massa A; • colocar os corpos-de-prova na bandeja e adicionar água até 1/3 de sua altura. Após 4 horas adicionar água até 2/3 da altura dos corpos-de-prova, e após outras 4 horas, completar a submersão dos corpos-de-prova e deixar completar o tempo total de 24 horas. • retirar os corpos-de-prova da água, enxugar suas superfícies com um pano absorvente e pesar ao ar; anotar massa B; • pesar os corpos-de-prova individualmente, na condição submersa; anotar massa C. 7.3.2.3 Cálculos Os cálculos são de acordo com as seguintes expressões: • massa específica aparente seca (Equação 27): ρasec = ( A kg / m 3 B−C ) (Equação 27) • massa específica aparente saturada (Equação 28): ρa sat = ( B kg / m 3 B −C ) (Equação 28) • porosidade aparente (Equação 29): ηa = B−A .100 B−C (Equação 29) • absorção d’água aparente (Equação 30): αa = B−A .100 A (Equação 30) 7.3.2.4 Resultados O documento técnico resultante da realização do ensaio deve conter: 210 • tipo petrográfico e nome comercial do material ou designação da amostra; • discriminação da procedência da amostra; • massa específica dos corpos-de-prova, resultados individuais e média aritmética dos valores calculados no item anterior; • data da coleta; • data da realização do ensaio. 7.4 COLETA DE AMOSTRAS NA PEDREIRA Depois de realizada a apreciação petrográfica das rochas retiradas das edificações históricas da amostragem, foi necessário adquirir amostras de rochas com dimensões indicadas pelas normas técnicas para a realização de ensaios e verificar propriedades importantes para alvenarias históricas. Para isso, foram realizadas pesquisas sobre pedreiras na região da cidade do Rio de Janeiro com o auxílio do professor Rubem Porto do curso de Geologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A coleta de rochas foi realizada na Pedreira Tamoio Mineração S/A, localizada na Estrada Ligação, 1397, Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro (Foto 109). Foram retiradas rochas mais semelhantes possíveis das verificadas nas edificações históricas (Foto 110). Para isso, contou-se com o auxílio do geólogo André Esteves, seguindo as normas técnicas NBR 7216 (Amostragem de agregados – Procedimentos) e NBR 9941 (Redução da amostra de campo de agregados para ensaios de laboratório – Procedimento). O trabalho de campo referente à seleção de pedreira realizado na pesquisa foi de fundamental importância para coleta das amostras. Pois eram necessárias rochas com características petrográficas mais próximas possíveis das coletadas nas edificações para realização de ensaios e, conseqüentemente, obtenção de importantes propriedades dessas rochas. Das sete edificações amostrais, três são localizadas no centro da cidade do Rio de Janeiro, duas são muito próximas do centro, e duas são bem afastadas do centro. Após a realização da apreciação petrografica realizada nas amostras das edificações, afirma-se a predominância dos gnaisses na região metropolitana do Rio de Janeiro. No centro da cidade, provavelmente, as pedreiras que forneciam materiais para as diversas construções 211 foram desativadas à medida que a cidade foi crescendo, sendo ocupadas por diversos tipos de moradias. Por esse motivo, justifica-se a escolha da pedreira Tamoio S/A, localizada em Jacarepaguá, para retirada de material para os ensaios da pesquisa. Foto 109 – Pedreira Tamoio S/A Foto 110 – Perfil de gnaisse Fonte: Mateus Martins, abril de 2008 Nas amostras de rochas coletadas na pedreira foram realizadas a metodologia de apreciação petrográfica de materiais naturais, segundo a NBR 7389 – 1992, descrita anteriormente, identificando seus elementos e suas propriedades principais. Os resultados da apreciação petrográfica realizada no material coletado na pedreira estão descritos no capítulo seguinte. 7.4.1 Geologia da cidade do Rio de Janeiro 7.4.1.1 Gnaisses no Rio de Janeiro Geologicamente o Estado do Rio de Janeiro é formado por rochas de idades pré-cambrianas, com estruturas estratigráficas muito complexas. As elevações do município do Rio de Janeiro são representadas por um núcleo de rochas cristalinas, geralmente granito-gnáissicas, recobertas por um manto de alteração ou solo residual. Segundo Barroso (1993, p.21), pesquisas sobre a complexa geologia da cidade do Rio de Janeiro remontam-se ao primeiro quarto do século XX. Pioneiros no assunto, como, por exemplo, Paes Leme, em 1912, descrevem os principais tipos petrográficos da área, relatando a distribuição na cidade. Diversos trabalhos posteriores são realizados, mostrando a complexidade do assunto, podendo-se citar a formação dos gnaisses, tipos litológicos e idades das rochas, reagrupamento das 212 séries de rochas, descrições da geologia regional, reinterpretação dos gnaisses da cidade do Rio de Janeiro, entre outros. De acordo com Helmbold et al. (1965), há três tipos de gnaisses a considerar: gnaisse facoidal, gnaisse leptinito e biotita gnaisses (descritos no capítulo anterior). Estas rochas estão distribuídas por grande parte da cidade do Rio de Janeiro, nas zonas norte, sul e noroeste, Serra da Carioca, estendendo-se até a cidade de Niterói. Segundo Lamego (1964), geomorfologicamente o município do Rio de Janeiro apresenta-se com relevo montanhoso, predominando três conjuntos de elevações: Maciço da Tijuca (1021m), Pedra Branca (1024m) e de Gericinó (887m), se dispondo sobre as planícies sedimentares denominadas Baixada Fluminense, Jacarépaguá e Sepetiba. O embasamento é constituído de estrutura gnáissica em base granítica. Ainda, a origem geológica do município do Rio de Janeiro corresponde ao sistema de falhas que, talhando abruptamente a costa, cortou de maneira idêntica, cerca de 40 km para o norte, as grandes escarpas da Serra do Mar. De acordo com Silva & Silva (1987), a rocha mais característica do Rio de Janeiro é o gnaisse lenticular ou facoidal, ocorrendo em grande parte do município, como, por exemplo, nos morros da Pedra da Gávea e na Tijuca. As ocorrências podem ser verificadas da seguinte forma: • gnaisses leptinitos (Lep) e biotita-gnaisse (BGN): ocorrem na parte central da Serra da Tijuca e Serra da Carioca. • gnaisses facoidais (GNF): são encontrados nos bairros da Usina, Tijuca, e Corcovado. • biotita-gnaisses (BGN): ocupam a região do Sumaré, Tijuca, Usina. Constitui- se de paragnaisses de coloração escura gradando a migmatitos, é rica em biotita, e pequenos cristais de plagioclásio, quartzo e granada; • leptinito (Lep): localizados na porção leste-sudeste (Morro Dona Marta), reúne gnaisses claros, compostos por quartzo e quantidades menores de biotita e granada. A geologia do município da cidade do Rio de Janeiro pode ser observada na Figura 68. 213 Figura 68 – Mapa Geológico simplificado do Estado do Rio de Janeiro Fonte: Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro – Armazém de Dados – IPP 214 7.5 ENSAIOS REALIZADOS NAS AMOSTRAS RETIRADAS DA PEDREIRA 7.5.1 Índices físicos Para avaliar os índices físicos das amostras coletadas na pedreira utilizou-se a norma técnica para a determinação da massa específica aparente, porosidade aparente e absorção d’água aparente (NBR 12766, 1992). As amostras utilizadas nesses ensaios estão relacionadas na Foto 111. No capítulo seguinte, os resultados de apreciação petrográfica dessas rochas podem ser vistos na Tabela 56 na página 247. O ensaio foi desenvolvido no Laboratório de Estruturas do Programa de PósGraduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense. Foto 111 – Amostras de rochas utilizadas para o ensaio de índices físicos Fonte: Mateus Martins Segundo a NBR 12766 – 1992, a norma tem a finalidade de determinar a massa específica aparente (seca e saturada com superfície seca), porosidade e absorção d’água aparentes de rochas. A aparelhagem necessária para a execução do ensaio é a que se segue: • estufa capaz de manter a temperatura de (110 ± 5)0C; • balança com capacidade de 1000g e resolução de 0,01g; • bandejas com dimensões de (40x20x10)cm; • recipiente de dimensões convencionais para acondicionamento de água para pesagem dos corpos-de-prova na condição submersa. O ensaio de índices físicos foi realizado na seqüência descrita a seguir. 215 7.5.1.1 Amostragem e preparação dos corpos-de-prova Para a coleta das amostras de rochas representativas das características necessárias para a pesquisa, ou seja, mais semelhantes possíveis das verificadas nas edificações históricas, seguiu-se as normas técnicas NBR 7216 (Amostragem de agragados – Procedimentos) e NBR 9941 (Redução da amostra de campo de agregados para ensaios de laboratório – Procedimento). Retirou-se o volume suficiente para permitir a preparação de dez corpos-deprova. Os corpos-de-prova podem ter qualquer formato, devem ser preparados por quebra manual da amostra e possuir diâmetros em torno de 7cm ou massa ao redor de 250 g cada. 7.5.1.2 Ensaio O ensaio foi realizado com o seguinte procedimento: • lavar os corpos-de-prova em água corrente; • colocar os corpos-de-prova em estufa a 1000C e deixar secar por 24 horas; • retirar os corpos-de-prova da estufa e deixar secar a temperatura ambiente; • pesar os corpos-de-prova individualmente ao ar, com precisão de 0,01 g; anotar massa A; • colocar os corpos-de-prova na bandeja e adicionar água até 1/3 de sua altura. Após 4 horas adicionar água até 2/3 da altura dos corpos-de-prova, e após outras 4 horas, completar a submersão dos corpos-de-prova e deixar completar o tempo total de 24 horas. • retirar os corpos-de-prova da água, enxugar suas superfícies com um pano absorvente e pesar ao ar; anotar massa B; • pesar os corpos-de-prova individualmente, na condição submersa; anotar massa C. 7.5.1.3 Cálculos Os cálculos são de acordo com as seguintes expressões: 216 • massa específica aparente seca (Equação 31): ρasec = ( A kg / m 3 B−C ) (Equação 31) • massa específica aparente saturada (Equação 32): ρa sat = ( B kg / m 3 B −C ) (Equação 32) • porosidade aparente (Equação 33): ηa = B−A .100 B−C (Equação 33) • absorção d’água aparente (Equação 34): αa = B−A .100 A (Equação 34) 7.5.1.4 Resultados O documento técnico resultante da realização do ensaio deve conter: • tipo petrográfico e nome comercial do material ou designação da amostra; • discriminação da procedência da amostra; • massa específica dos corpos-de-prova, resultados individuais e média aritmética dos valores calculados no item anterior; • data da coleta; • data da realização do ensaio. 7.5.2 Compressão uniaxial Para a determinação da resistência à compressão uniaxial das amostras coletadas na pedreira utilizou-se a norma técnica para a determinação da resistência à compressão simples (NBR 12767, 1992). As amostras utilizadas nesses ensaios estão relacionadas na Tabela 26. No capítulo seguinte, os resultados de apreciação petrográfica dessas rochas podem ser vistos nas tabelas das páginas 243 a 244. 217 Tabela 26 - Amostras de rochas utilizadas para o ensaio de compressão uniaxial AMOSTRAS DE ROCHA COLETADAS NA PEDREIRA – ENSAIO DE COMPRESSÃO UNIAXIAL R1 R2 R3 R4 R1, R2, R3 e R4: rochas coletadas na Pedreira Tamoio Mineração S/A Fonte: Mateus Martins O ensaio foi desenvolvido no Laboratório de Mecânica das Rochas do curso de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A aparelhagem utilizada para a execução do ensaio é a que se segue: • máquina universal de compressão (Kratos, modelo 407-MPS) com capacidade de 100 tf (Foto 112); • equipamento para corte de rocha constituído de disco diamantado, capaz de cortar superfícies planas; • paquímetro de 200 mm e divisões de 0,05 mm para medição dos corpos-de- prova; • estufa com temperatura de (110 ± 5)0C; • torno mecânico com rebolo diamantado para retificação dos corpos-de-prova. Foto 112 – Máquina universal de compressão (Kratos, modelo 407-MPS), capacidade 100 tf Fonte: Mateus Martins 7.5.2.1 Amostragem e preparação dos corpos-de-prova Para a coleta das amostras de rochas representativas das características necessárias para a pesquisa, ou seja, mais semelhantes possíveis das verificadas nas edificações históricas, seguiu-se as normas técnicas NBR 7216 (Amostragem de 218 agragados – Procedimentos) e NBR 9941 (Redução da amostra de campo de agregados para ensaios de laboratório – Procedimento). Retirou-se o volume suficiente para permitir a preparação de três corpos-deprova (CP-A, CP-B e CP-C). Os corpos-de-prova foram preparados, de forma cilíndrica, com as seguintes dimensões (Tabela 27): Tabela 27 – Dimensões dos corpos-de-prova para ensaio de compressão uniaxial Corpo-de-Prova Diâmetro (mm) Altura (mm) CP-A 49,97 99,56 CP-B 50,37 101,75 CP-C 49,96 100,82 7.5.2.2 Ensaio O ensaio foi realizado com o seguinte procedimento: • colocar o corpo-de-prova no centro do prato inferior da prensa (Foto 113); • movimentar o prato superior da prensa até obter ajuste dos pratos da prensa com o corpo-de-prova; • aplicar cargas, de modo contínuo e progressivo, a uma taxa de aproximadamente 0,6 MPa/s, até que ocorra a ruptura do corpo-de-prova (Foto 114); • registrar a força de ruptura máxima registrada no ensaio (Foto 115) Foto 113 – Corpo-de-prova preparado para o ensaio compressão uniaxial Foto 114 – Corpo-de-prova rompido, final do ensaio de compressão uniaxial Fonte: Mateus Martins Foto 115 – Forma final do corpo-de-prova 219 7.5.2.3 Cálculos O cálculo da tensão de ruptura é realizado com a seguinte expressão (Equação 35): σC = P A (Equação 35) Onde: • σ C : tensão de ruptura da rocha (MPa); • P : força máxima de ruptura, em kN; • A : área da base do corpo-de-prova, em cm2 ou m2. 7.5.2.4 Resultados O documento técnico resultante da realização do ensaio deve conter: • tipo petrográfico e nome comercial do material ou designação da amostra; • discriminação da procedência da amostra; • número de corpos-de-prova ensaiados, dimensão e valores de tensão de ruptura de cada um, em MPa; • data da coleta; • data da realização do ensaio. 7.5.3 Esmagamento Para o teste de esmagamento das rochas coletadas na pedreira foi utilizado a norma técnica para a determinação da resistência ao esmagamento de agregados graúdos (NBR 9938, 1987). As amostras utilizadas nesses ensaios estão relacionadas na Tabela 28. No capítulo seguinte, os resultados de apreciação petrográfica dessas rochas podem ser vistos nas tabelas das páginas 245 a.246. 220 Tabela 28 - Amostras de rochas utilizadas para o ensaio de esmagamento AMOSTRAS DE ROCHA COLETADAS NA PEDREIRA – ENSAIO DE ESMAGAMENTO R5 R6 R7 R8 R5, R6, R7 e R8: rochas coletadas na Pedreira Tamoio Mineração S/A Fonte: Mateus Martins O ensaio foi desenvolvido no Laboratório de Mecânica das Rochas do curso de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo a NBR 9938 – 1987, a norma tem a finalidade de prescrever o método para determinação da resistência ao esmagamento dos grãos compreendidos entre 9,5 mm e 12,5 mm, dos agregados graúdos definidos na norma NBR 7211 – 2005. A aparelhagem necessária para a execução do ensaio é a que se segue: • cilindro vazado de ensaio em aço com (154,0 ± 0,5) mm de diâmetro interno, (140,0 ± 0,5) mm de altura e (15,0 ± 0,5) mm de espessura; • base quadrada em chapa de aço com (254,0 ± 1,0) mm de lado e (30,0 ± 1,0) mm de espessura; • êmbolo com (151,0 ± 0,5) mm de diâmetro e (26,0 ± 0,5) mm de altura, sob um tronco de (114,0 ± 0,5) mm de diâmetro e 85,0 mm de altura. A altura total é de (111,0 ± 9,5) mm; • haste metálica para socamento com (16,0 ± 0,5) mm de diâmetro interno, (180 ± 5) mm de altura, e que permita o apiloamento do agregado nele contido, sem se deformar. Para facilitar seu manuseio, o recipiente pode ser provido de alças laterais; • peneiras de malha quadrada de abertura 12,5 mm, 9,5 mm e 2,4 mm; • balança com capacidade de 15 kg e resolução de 1 g; • estufa para secagem; • máquina de ensaio capaz de aplicar cargas de no mínimo 500 KN; • recipiente de material resistente de bordas rasas (bandeja); • martelo de borracha. 221 7.5.3.1 Amostragem Para a coleta das amostras de rochas representativas das características necessárias para a pesquisa, ou seja, mais semelhantes possíveis das verificadas nas edificações históricas, seguiu-se as normas técnicas NBR 7216 (Amostragem de agragados – Procedimentos) e NBR 9941 (Redução da amostra de campo de agregados para ensaios de laboratório – Procedimento). Coletou-se uma quantidade suficiente para permitir a preparação de 10 kg de agregados graúdos passantes na peneira de 12,5 mm e retidos na peneira de 9,5 mm. 7.5.3.2 Ensaio O ensaio foi realizado na seguinte seqüência: • pegar uma quantidade de amostra, que, depois de passar na peneira de 12,5mm, contenha cerca de 10 kg retidos na peneira de 9,5 mm. Secar a temperatura entre 1050C e 1100C por 24 horas. Esfriar em ambiente seco; • peneirar novamente o material através das peneiras de 12,5 mm e 9,5 mm. Com esta fração, encher o recipiente cilíndrico em três camadas sucessivas, aplicando-se em cada uma 25 golpes, com a haste de socamento, distribuídos por toda a superfície. Cada uma das camadas deve ter espessura de aproximadamente 1/3 da altura do recipiente cilíndrico; • determinar a massa inicial ( M i ) do agregado assim preparado, com aproximação de 1 g. Preencher com este material o cilindro de ensaio, já acoplado à chapa de base, em três camadas sucessivas de mesma espessura, aplicando-se, a cada uma delas, 25 golpes com a haste de socamento; • inserir o êmbolo no cilindro de ensaio e nivelar, com auxílio do mesmo, a superfície do agregado; • colocar o conjunto no centro do prato inferior da máquina de ensaio; • aplicar a carga de 400 kN uniformemente à razão de (40 ± 5) kN por minuto; • após aplicar a carga total, retirar o conjunto da máquina de ensaio,remover todo o material contido no cilindro de ensaio para a bandeja. Se algumas 222 partículas ficarem retidas ao cilindro de ensaio, devido à compressão, utilizar um martelo de borracha aplicando-se leves pancadas laterais para facilitar a sua remoção; • passar o material removido através da peneira 2,4 mm e determinar a massa do material retido ( M f ). 7.5.3.3 Cálculos A determinação da resistência ao esmagamento é feita com a seguinte expressão (Equação 36): R= Mi − M f Mi .100 (Equação 36) Onde: • R : resistência do agregado ao esmagamento, em %; • M i : massa inicial da amostra seca antes do ensaio, em gramas; • M f : massa final do material retido na peneira de 2,4 mm, em gramas. O resultado é obtido a partir da média de duas determinações. A diferença entre a primeira e a segunda determinação não deve superar 3%. Caso isto ocorra, realizar uma terceira determinação e adotar as duas que satisfaçam este limite. 7.5.4 Composição química A composição química da rocha foi obtida a partir de análise por fluorescência de raios-X. A amostra utilizada nessa análise está relacionada na Foto 116. No capítulo seguinte, os resultados de apreciação petrográfica dessa rocha pode ser visto na Tabela 57 na página 247. O ensaio foi realizado no Laboratório de Análises Químicas do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 223 Foto 116 – Amostra utilizada para o ensaio de composição química Fonte: Mateus Martins A análise química tem a finalidade de determinar a porcentagem dos componentes químicos presentes em uma amostra. A aparelhagem necessária para a execução do ensaio é a seguinte: • espectrômetro por fluorescência de raio-X do tipo PW2400 da Philips: esse aparelho possui um tubo de Rh de 3 KW de potência, seis cristais analisadores e dois detetores (selado e fluxo). O software utilizado foi o SemiQ, desenvolvido pela Philips. 7.5.4.1 Amostragem Para a coleta das amostras de rochas representativas das características necessárias para a pesquisa, ou seja, mais semelhantes possíveis das verificadas nas edificações históricas, seguiu-se as normas técnicas NBR 7216 (Amostragem de agragados – Procedimentos) e NBR 9941 (Redução da amostra de campo de agregados para ensaios de laboratório – Procedimento). A amostra para a análise química deve ter no mínimo 10 g. A amostra é preparada da seguinte forma: • extrair da amostra de rocha um fragmento e moer até obter um material de pequenos fragmentos; • com uma peneira de número 200, segundo a NBRNM-ISSO 2395 (Peneiras de ensaio e ensaio de peneiramento – Vocabulário), passar o material moído até obter 10 g de uma fração muito fina. 224 7.5.4.2 Ensaio A perda ao fogo foi determinada através da obtenção do peso da amostra antes e depois da mesma ser levada a 950°C por meia hora. Os elementos foram detectados a partir da fusão de 1,0 g de pó do material misturados com 7g de tetraborato de lítio. As condições analíticas para a dosagem dos elementos presentes nas amostras foram: detetores selado e de fluxo, cristais analisadores PET, Ge, PX1, PX3 e LIF200 e potência do tubo 24 KV e 90 mA ou 50 KV e 50 mA, dependendo do elemento químico a ser detectado. Com base em análises de padrões, o erro analítico relativo estimado é: Si, Al (<1%), Fe, Mg, Ca (1-2%), Ti, Na, K (3-5%), P e outros elementos traços (≤ 6%). As curvas de calibração foram obtidas a partir da análise de padrões de óxidos puros dos elementos. 7.5.4.3 Resultados O documento técnico resultante da realização do ensaio deve conter: • discriminação da procedência da amostra; • data da coleta; • data da realização do ensaio. • resultados das observações macroscópicas e microscópicas. 7.5.5 Petrografia Para a análise petrográfica das rochas coletadas na pedreira foi utilizada a norma técnica NBR 12768, 1992. A amostra utilizada nessa análise está relacionada na Foto 117. No capítulo seguinte, os resultados de apreciação petrográfica dessa rocha pode ser visto na Tabela 58 na página 248. O ensaio foi desenvolvido no Laboratório de Petrografia do curso de Geologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 225 Foto 117 – Amostra utilizada para o ensaio de petrografia microscópica Fonte: Mateus Martins Segundo a NBR 12768 – 1992, a norma tem a finalidade de fazer o estudo macroscópico e microscópico da rocha, caracterizando a sua completa natureza. A aparelhagem necessária para a execução do ensaio petrográfico é a que se segue: • microscópico óptico de luz polarizável, com os acessórios necessários para a execução completa da análise; • equipamento para corte de rocha, constituído de disco adiamantado, capaz de cortar superfícies planas; • rebolo plano, placa de vidro e abrasivos para desgaste da rocha; • lâminas de vidro de 2 mm de espessura e lamínulas de vidro 0,2 mm de espessura; • cola de resina natural (bálsamo do Canadá) ou artificial transparente (à base de epóxi); • solvente para a limpeza, do tipo xilol ou similar. 7.5.5.1 Amostragem Para a coleta das amostras de rochas representativas das características necessárias para a pesquisa, ou seja, mais semelhantes possíveis das verificadas nas edificações históricas, seguiu-se as normas técnicas NBR 7216 (Amostragem de agragados – Procedimentos) e NBR 9941 (Redução da amostra de campo de agregados para ensaios de laboratório – Procedimento). A amostra para a análise petrográfica deve ter no mínimo (10x5x2) cm3. O corpo-de-prova é preparado da seguinte forma: • extrair da amostra de rocha um fragmento, de aproximadamente (10x5x2) cm3, representativo das suas feições macroscópicas. Cortá-lo na forma de um 226 3 paralelogramo de dimensões (4x3x1) cm . Lixar uma das suas faces e colá-la à lâmina de vidro previamente fosqueada com abrasivo; • cortar o paralelogramo na espessura de 5 mm, desgastá-lo no rebolo até a espessura de 70 µm e completar o desgaste na placa de vidro com abrasivo de granulação progressivamente mais fina, até obter uma lâmina delgada de 30 µm ; • limpar a superfície com reagente adequado (xilol ou similar) e colá-la à lamínula de vidro. 7.5.5.2 Ensaio O ensaio foi realizado com o seguinte procedimento: • examinar microscopicamente a amostra de rocha, registrando as seguintes características: o cor nos estados seco e úmido; o estrutura. • examinar a lâmina delgada ao microscópico, registrando as seguintes características da rocha: o textura; o composição mineralógica com indicação, em porcentagem, dos minerais essenciais e acessórios; o natureza e classificação da rocha; o estado microfissural; o estado e tipo de alteração dos minerais, categorizando o grau de alteração da rocha; o presença ou não de minerais deletérios. 7.5.5.3 Resultados O documento técnico resultante da realização do ensaio deve conter: • discriminação da procedência da amostra; • data da coleta; • data da realização do ensaio. • resultados das observações macroscópicas e microscópicas. 8 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados dos ensaios obtidos no programa experimental da presente pesquisa. Os procedimentos e as normas utilizadas em cada ensaio foram descritos no capítulo anterior. Os resultados dos ensaios são apresentados separadamente. Uma análise conjunta e discussão de todos os resultados são realizadas posteriormente. Os resultados são apresentados na forma de gráficos e tabelas. Todos os ensaios tiveram acompanhamentos de profissionais da área. O programa de experimentos envolveu os seguintes ensaios: • ensaios realizados nas amostras coletadas das edificações: o ensaios e em argamassas históricas, subdivididos em três partes: testes qualitativos de sais solúveis; ensaios simples de argamassa – traços; análise granulométrica. o apreciação macroscópica petrográfica das rochas coletadas nas edificações; o Índices físicos. • ensaios realizados nas amostras coletadas na pedreira Tamoio S/A. o apreciação macroscópica petrográfica das rochas coletadas na pedreira; o índices físicos; o compressão uniaxial; o esmagamento; o composição química; o petrografia. 228 8.1 RESULTADOS DOS ENSAIOS REALIZADOS NAS AMOSTRAS DAS EDIFICAÇÕES 8.1.1 Resultado dos testes nas argamassas históricas Para a realização dos ensaios nas argamassas, coletadas das edificações históricas, foram utilizadas oito amostras. Suas informações específicas sobre a execução dos ensaios estão descritas no capítulo anterior. Todos os três tipos de ensaios realizados nas argamassas históricas apresentaram muitas semelhanças nos resultados, indicando que as edificações da pesquisa, provavelmente, utilizavam uma quantidade muito próxima dos componentes para a preparação das argamassas. 8.1.1.1 Resultado dos testes qualitativos de sais solúveis Estes testes determinam, qualitativamente, a ausência ou presença de sais solúveis em argamassas. Os sais são nitratos, cloretos e sulfatos que estão presentes nas eflorescências salinas. Nas oito amostras ensaiadas, as quantidades de sais são, qualitativamente, iguais. Há uma ausência de sulfato e uma pequena quantidade de nitrato em todas as amostras. Na amostra A01 foi verificada uma quantidade menor de cloreto, na amostra A05-C verificou-se uma maior quantidade de cloreto e nas demais entre média e grande quantidade de cloreto, conforme indicado na Tabela 29. Esses resultados serão discutidos ainda neste capítulo. 229 Tabela 29 – Resultados dos Testes Qualitativos de Sais Solúveis UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA 18/4/2007 ANÁLISE DE ARGAMASSAS LEGENDA UFF TESTES QUALITATIVOS DE SAIS SOLÚVEIS A01 AMOSTRA AMOSTRAGEM Igreja de Santa Cruz - Fazenda da Taquara - Rio de Janeiro A02 AMOSTRA AMOSTRAGEM Igreja de Nossa Senhora das Graças - Botafogo - Rio de Janeiro A04 AMOSTRA AMOSTRAGEM Recolhimento de Santa Tereza - Museu de Arqueologia Itaipu - Niterói A05-A AMOSTRA AMOSTRAGEM Catedral da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro - Parede direita da nave A05-B AMOSTRA AMOSTRAGEM Catedral da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro - Torre A05-C AMOSTRA AMOSTRAGEM Catedral da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro Telhado/Coro A06 AMOSTRA AMOSTRAGEM Igreja de Nossa Senhora da Candelária - Centro - Rio de Janeiro A07 AMOSTRA AMOSTRAGEM Igreja de Nossa Senhora da Saúde - Saúde - Rio de Janeiro Ausência Pequena Quantidade Média Quantidade Grande Quantidade Muito Grande Quantidade + ++ +++ ++++ NITRATO CLORETO SULFATO + + - NITRATO CLORETO SULFATO + ++ - NITRATO CLORETO SULFATO + +++ - NITRATO CLORETO SULFATO + +++ - NITRATO CLORETO SULFATO + +++ - NITRATO CLORETO SULFATO + ++++ - NITRATO CLORETO SULFATO + ++ - NITRATO CLORETO SULFATO + ++ - 8.1.1.2 Resultado dos ensaios simples de argamassas – traços Este ensaio determina a proporção dos componentes da argamassa analisada, indicando traço em massa mais provável. Nas oito amostras analisadas, os traços mais prováveis foram muito semelhantes, conforme mostrados nas tabelas das páginas 230 a 231. 230 Tabela 30 – Traço mais provável – Amostras A01 e A02 UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: AMOSTRAGEM: 27/03/2007 Igreja de Santa Cruz - Fazenda da Taquara - Rio de Janeiro A01 AMOSTRA: UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: UFF 27/03/2007 Capela de Nossa Senhora das Graças Botafogo - Rio de Janeiro AMOSTRAGEM: A02 AMOSTRA: UFF ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0468 1,9048 0,8580 8,56 2 1,0854 2,0861 1,0007 10,00 1 48,1209 58,1414 10,0205 54,8439 6,7230 67,09 2 48,1592 58,1703 10,0111 54,9444 6,7852 67,78 1 24,35 2,4395 1,8052 2 22,23 2,2252 1,6466 Χ FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS 9,28 Χ % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA 67,43 Χ 23,29 % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0655 1,9143 0,8488 8,46 2 1,0797 2,0711 0,9914 9,90 1 48,1812 58,2123 10,0311 54,9675 6,7863 67,65 2 48,2349 58,2484 10,0135 54,9531 6,7182 67,09 1 23,89 2,3960 1,7730 2 23,01 2,3039 1,7049 Χ 9,18 Χ 67,37 Χ 23,45 TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X ARGILA : AREIA TRAÇO ARGILA : AREIA 3,72 TRAÇO 1 TRAÇO : LIGANTE 0,48 : : TRAÇO 2 1,00 0,61 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) 1,00 TRAÇO 1 4,12 : LIGANTE 0,48 : : TRAÇO 2 1,00 0,58 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) 1,00 3,83 3,94 TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO X 1,00 : 0,54 : 3,92 TRAÇO X 1,00 : 0,53 : 3,88 Tabela 31 – Traço mais provável – Amostras A04 e A05-A UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: DATA: 27/03/2007 AMOSTRAGEM: Recolhimento de Santa Tereza - Museu de Arqueologia - Itaipu - Niterói - RJ A04 AMOSTRA: UFF 27/03/2007 AMOSTRAGEM: Catedral da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro - Parede direita da nave A05-A AMOSTRA: UFF ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0465 2,1604 1,1139 11,09 2 1,0437 1,6475 0,6038 5,99 1 48,2376 58,2815 10,0439 55,0401 6,8025 67,73 2 48,2666 58,3446 10,0780 55,0212 6,7546 67,02 1 21,18 2,1275 1,5744 2 26,99 2,7196 2,0125 Χ FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS 8,54 Χ % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO 67,38 Χ 24,08 PESO DA AREIA ENCONTRADA % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0536 1,9971 0,9435 9,43 2 1,0392 2,0025 0,9633 9,63 1 48,1239 58,126 10,0021 54,8674 6,7435 67,42 2 48,2711 58,2765 10,0054 54,8985 6,6274 66,24 1 23,15 2,3151 1,7132 2 24,13 2,4147 1,7869 Χ 9,53 Χ 66,83 Χ 23,64 TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X ARGILA : AREIA TRAÇO ARGILA : AREIA 4,32 TRAÇO 1 TRAÇO LIGANTE : : : TRAÇO 2 1,00 0,30 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) TRAÇO 1 1,00 0,71 3,36 TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO X 1,00 : 0,50 : 3,84 LIGANTE : 0,55 : : TRAÇO 2 1,00 0,54 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) 1,00 3,94 3,71 TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO X 1,00 : 0,54 : 3,82 231 Tabela 32 – Traço mais provável – Amostras A05-B e A05-C UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: AMOSTRAGEM: 27/03/2007 Catedral da Antiga Sé - Centro Rio de Janeiro - Torre A05-B AMOSTRA: UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: UFF AMOSTRAGEM: 27/03/2007 Catedral da Antiga Sé - Centro Rio de Janeiro - Telhado/Coro A05-C AMOSTRA: UFF ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0535 1,9379 0,8844 8,80 2 1,0456 1,9023 0,8567 8,55 1 48,1451 58,1952 10,0501 54,9665 6,8214 67,87 2 48,1212 58,145 10,0238 54,9715 6,8503 68,34 1 23,33 2,3443 1,7348 2 23,11 2,3168 1,7144 Χ FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS 8,67 % SOBRE A MASSA TOTAL Χ GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA 68,11 Χ 23,22 % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0437 1,8679 0,8242 8,22 2 1,0630 1,9403 0,8773 8,75 1 48,0189 58,0503 10,0314 54,9160 6,8971 68,76 2 48,1381 58,1636 10,0255 54,9012 6,7631 67,46 1 23,03 2,3101 1,7095 2 23,79 2,3851 1,7650 Χ 8,48 Χ 68,11 Χ 23,41 TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X ARGILA : AREIA TRAÇO ARGILA : AREIA 3,93 TRAÇO 1 TRAÇO : LIGANTE 0,51 : : TRAÇO 2 1,00 0,50 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) 1,00 TRAÇO 1 : LIGANTE 0,48 : : TRAÇO 2 1,00 0,50 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) 4,00 1,00 4,03 3,83 TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO X 1,00 : 0,50 : 3,96 TRAÇO X 1,00 : 0,49 : 3,93 Tabela 33 – Traço mais provável – Amostras A06 e A07 UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: AMOSTRAGEM: 27/03/2007 Igreja Nossa Senhora da Candelária - Centro - Rio de A06 AMOSTRA: DATA: UFF AMOSTRAGEM: 27/03/2007 Igreja Nossa Senhora da Saúde Saúde - Rio de Janeiro A07 AMOSTRA: UFF ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA ENSAIO SIMPLES DE ARGAMASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA DETERMINAÇÃO DO TRAÇO MAIS PROVÁVEL TRAÇO EM MASSA FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0622 2,0694 1,0072 10,05 2 1,0471 1,9327 0,8856 8,83 1 48,2595 58,2827 10,0232 54,9323 6,6728 66,57 2 48,2159 58,2409 10,0250 54,9882 6,7723 67,55 1 23,38 2,3432 1,7340 2 23,61 2,3671 1,7517 Χ FINOS (ARGILA E/OU SILTE) PESO DO PAPEL DE FILTRO PESO DO PAPEL + RESÍDUO PESO DOS FINOS ENCONTRADOS 9,44 Χ % SOBRE A MASSA TOTAL GROSSOS (AREIA) PESO DO BÉQUER PESO DO BÉQUER + AMOSTRA PESO DA AMOSTRA PESO DO BÉQUER + RÉSIDUO PESO DA AREIA ENCONTRADA 67,06 Χ 23,49 % SOBRE A MASSA TOTAL LIGANTE (RESÍDUO SOLÚVEL) % L = 100 - (% F + % G) PESO DO CARBONATO PESO DO HIDRÓXIDO 1 1,0364 1,9630 0,9266 9,24 2 1,0767 1,9789 0,9022 9,02 1 48,1814 58,2048 10,0234 54,8979 6,7165 67,01 2 48,3272 58,3302 10,0030 55,0511 6,7239 67,22 1 23,75 2,3803 1,7614 2 23,76 2,3769 1,7589 Χ 9,13 Χ 67,11 Χ 23,75 TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ TRAÇO MAIS PROVÁVEL 1 2 Χ LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO 1 TRAÇO 2 TRAÇO X ARGILA : AREIA TRAÇO ARGILA : AREIA 3,85 TRAÇO 1 TRAÇO LIGANTE : 0,58 : : TRAÇO 2 1,00 0,51 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) TRAÇO 1 1,00 3,87 LIGANTE : 0,53 : : TRAÇO 2 1,00 0,51 : : TRAÇO MAIS PROVÁVEL (EM MASSA) 1,00 3,81 3,82 TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO LIGANTE : ARGILA : AREIA TRAÇO X 1,00 : 0,54 : 3,86 TRAÇO X 1,00 : 0,52 : 3,82 232 8.1.1.3 Resultado das análises granulométricas Esta análise foi feita após a determinação do traço mais provável da argamassa, com ataque ácido e remoção dos finos. Em seguida é feita a curva granulométrica. Pode-se notar, nas tabelas das páginas 232 a 234, a semelhança das curvas granulométricas das oito amostras analisadas. Tabela 34 – Curva granulométrica – Amostras A01 e A02 UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS 29/3/2007 AMOSTRAGEM: DATA: Igreja de Santa Cruz - Fazenda da Taquara - Rio de Janeiro A01 AMOSTRA: 61,27 48,25 13,02 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) 29/3/2007 AMOSTRAGEM: UFF A02 AMOSTRA: DIM. (mm) 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 121,84 116,40 115,80 109,15 111,70 76,72 2,54 4,62 5,09 0,45 0,12 0,04 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 60,46 48,32 12,14 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO PENEIRA Nº Capela de Nossa Senhora das Graças Botafogo - Rio de Janeiro UFF ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO % RETIDA % RETIDA ACUMULADA PENEIRA Nº DIM. (mm) 19,51 35,48 39,09 3,46 0,92 0,31 20 55 94 98 98 99 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 121,03 116,52 115,87 108,88 111,70 76,75 1,73 4,74 5,16 0,18 0,12 0,07 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 % RETIDA % RETIDA ACUMULADA 14,25 39,04 42,50 1,48 0,99 0,58 14 53 96 97 98 99 SOMA SOMA % SOMA SOMA % 12,86 98,8 12,00 98,8 GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 % RETIDA 19,51 35,48 39,09 3,46 0,92 0,31 % RETIDA 14,25 39,04 42,50 1,48 0,99 0,58 Curva Granulométrica - Amostra: A01 Curva Granulométrica - Amostra: A02 100 % Retida Acumulada % Retida Acumulada 100 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 Peneiras (mm) 10 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 Peneiras (mm) 10 233 Tabela 35 – Curva granulométrica – Amostras A04 e A05-A UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS 29/3/2007 AMOSTRAGEM: DATA: Recolhimento de Santa Tereza - Museu de Arqueologia - Itaipu - Niterói - RJ A04 AMOSTRA: 61,75 48,51 13,24 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) 29/3/2007 AMOSTRAGEM: UFF A05-A AMOSTRA: DIM. (mm) 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 122,85 115,95 114,95 109,70 111,70 76,73 3,55 4,17 4,24 1,00 0,12 0,05 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 59,74 47,95 11,79 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO PENEIRA Nº Catedral da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro - Parede direita da nave UFF ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO % RETIDA % RETIDA ACUMULADA PENEIRA Nº DIM. (mm) 26,81 31,50 32,02 7,55 0,91 0,38 27 58 90 98 99 99 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 121,12 115,80 115,20 109,89 111,65 76,73 1,82 4,02 4,49 1,19 0,07 0,05 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 % RETIDA % RETIDA ACUMULADA 15,44 34,10 38,08 10,09 0,59 0,42 15 50 88 98 98 99 SOMA SOMA % SOMA SOMA % 13,13 99,2 11,64 98,7 GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 % RETIDA 26,81 31,50 32,02 7,55 0,91 0,38 % RETIDA 15,44 34,10 38,08 10,09 0,59 0,42 Curva Granulométrica - Amostra: A04 Curva Granulométrica - Amostra: A05-A 100 % Retida Acumulada % Retida Acumulada 100 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 80 60 40 20 0 0,01 10 0,1 Peneiras (mm) 1 10 Peneiras (mm) Tabela 36 – Curva granulométrica – Amostras A05-B e A05-C UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS 29/3/2007 AMOSTRAGEM: DATA: Catedral da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro - Torre A05-B AMOSTRA: 62,66 47,67 14,99 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) 29/3/2007 AMOSTRAGEM: UFF A05-C AMOSTRA: DIM. (mm) 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 123,45 115,80 116,50 109,52 111,70 76,74 4,15 4,02 5,79 0,82 0,12 0,06 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 61,97 47,15 14,82 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO PENEIRA Nº Catedral da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro - Telhado/Coro UFF ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO % RETIDA % RETIDA ACUMULADA PENEIRA Nº DIM. (mm) 27,69 26,82 38,63 5,47 0,80 0,40 28 55 93 99 99 100 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 122,25 116,60 116,68 109,32 111,71 76,75 2,95 4,82 5,97 0,62 0,13 0,07 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 % RETIDA % RETIDA ACUMULADA 19,91 32,52 40,28 4,18 0,88 0,47 20 52 93 97 98 98 SOMA SOMA % SOMA SOMA % 14,96 99,8 14,56 98,2 GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 % RETIDA 27,69 26,82 38,63 5,47 0,80 0,40 % RETIDA 19,91 32,52 40,28 4,18 0,88 0,47 Curva Granulométrica - Amostra: A05-B Curva Granulométrica - Amostra: A05-C 100 % Retida Acumulada % Retida Acumulada 100 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 Peneiras (mm) 10 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 Peneiras (mm) 10 234 Tabela 37 – Curva granulométrica – Amostras A06 e A07 UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS DATA: UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ARGAMASSAS 29/3/2007 AMOSTRAGEM: DATA: Igreja Nossa Senhora da Candelária Centro - Rio de Janeiro A06 AMOSTRA: 60,01 47,23 12,78 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) 29/3/2007 AMOSTRAGEM: UFF A07 AMOSTRA: DIM. (mm) 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 121,90 115,83 115,74 109,45 111,70 76,75 2,60 4,05 5,03 0,75 0,12 0,07 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 64,02 42,21 21,81 PESO DO BÉQUER + AMOSTRA (g) PESO DO BÉQUER (g) PESO DA AMOSTRA (g) ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO PENEIRA Nº Igreja Nossa Senhora da Saúde Saúde - Rio de Janeiro UFF ENSAIO DE GRANULOMETRIA - TABELA DE CÁLCULO % RETIDA % RETIDA ACUMULADA PENEIRA Nº DIM. (mm) 20,34 31,69 39,36 5,87 0,94 0,55 20 52 91 97 98 99 16 35 60 100 200 >200 1,18 0,5 0,25 0,15 0,075 - PESO (g) PENEIRA + AMOSTRA (g) AMOSTRA (g) 123,58 119,01 118,95 110,22 111,79 76,78 4,28 7,23 8,24 1,52 0,21 0,10 119,30 111,78 110,71 108,70 111,58 76,68 % RETIDA % RETIDA ACUMULADA 19,62 33,15 37,78 6,97 0,96 0,46 20 53 91 98 98 99 SOMA SOMA % SOMA SOMA % 12,62 98,7 21,58 98,9 GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS GRANULOMETRIA DO AGREGADO APÓS ATAQUE ÁCIDO E REMOÇÃO DOS FINOS PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 PENEIRA Nº 16 35 60 100 200,0 >200 % RETIDA 20,34 31,69 39,36 5,87 0,94 0,55 % RETIDA 19,62 33,15 37,78 6,97 0,96 0,46 Curva Granulométrica - Amostra: A06 Curva Granulométrica - Amostra: A07 100 % Retida Acumulada % Retida Acumulada 100 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 Peneiras (mm) 10 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 10 Peneiras (mm) 8.1.2 Resultados da apreciação macroscópica das rochas coletadas nas edificações Nas amostras coletadas nas edificações foram realizadas as apreciações petrográficas macroscópicas, segundo a NBR 7389, 1992. Essa apreciação tem a finalidade de reconhecer o tipo de rocha em questão. Nas nove edificações em estudo, todas as rochas coletadas são gnaisse com pouca variação nas suas características macroscópicas petrográficas, como é mostrado nas tabelas das páginas 235 a 239. 235 Tabela 38 – Apreciação petrográfica: amostra R01-A: Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R01-A NOME PROCEDÊNCIA IGREJA DE SANTA CRUZ – FAZENDA DA TAQUARA – JACAREPAGUÁ – RIO DE JANEIRO – RJ DATA COLETA F O T O 18/07/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (11 x 7 x 3,5) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA GNAISSE FACOIDAL AFANÍTICA Tabela 39 – Apreciação petrográfica: amostra R01-B: Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R01-B NOME PROCEDÊNCIA IGREJA DE SANTA CRUZ – FAZENDA DA TAQUARA – JACAREPAGUÁ – RIO DE JANEIRO – RJ DATA COLETA F O T O 18/07/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (12 x 11 x 4) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL FANERÍTICA AFANÍTICA GNAISSE 236 Tabela 40 – Apreciação petrográfica: amostra R02: Capela de Nossa Senhora das Graças APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R02 NOME PROCEDÊNCIA CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS – RUA SÃO CLEMENTE, 446 – BOTAFOGO – RIO DE JANEIRO – RJ DATA COLETA F O T O 18/07/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (7,5 x 3,5 x 2,5) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA CLARA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA GNAISSE AFANÍTICA a Tabela 41 – Apreciação petrográfica: amostra R03: Prédio do IPHAN – 6 SR APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R03 NOME PROCEDÊNCIA PRÉDIO DO IPHAN – AV. RIO BRANCO, 46 – CENTRO – RIO DE JANEIRO – RJ DATA COLETA F O T O 30/03/07 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (10 x 4 x 0,8) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL FANERÍTICA AFANÍTICA CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL BIOTITA-GNAISSE 237 Tabela 42 – Apreciação petrográfica: amostra R04-A: Recolhimento de Santa Teresa APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R04-A NOME PROCEDÊNCIA RECOLHIMENTO DE SANTA TEREZA – MUSEU DE ARQUEOLOGIA – ITAIPU – NITERÓI – RJ DATA COLETA F O T O 23/08/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (10 x 7 x 2,5) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA GNAISSE FACOIDAL AFANÍTICA Tabela 43 – Apreciação petrográfica: amostra R04-B: Recolhimento de Santa Teresa APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R04-B NOME PROCEDÊNCIA RECOLHIMENTO DE SANTA TEREZA – MUSEU DE ARQUEOLOGIA – ITAIPU – NITERÓI – RJ DATA COLETA F O T O 23/08/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (7 x 4 x 1,5) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL FANERÍTICA AFANÍTICA GNAISSE FACOIDAL 238 Tabela 44 – Apreciação petrográfica: amostra R05: Catedral da Antiga Sé APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R05 NOME PROCEDÊNCIA CATEDRAL DA ANTIGA SÉ – RUA 1º DE MARÇO – CENTRO – RIO DE JANEIRO – RJ DATA COLETA F O T O 06/10/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (10 x 6 x 2,5) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA GNAISSE FACOIDAL AFANÍTICA Tabela 45 – Apreciação petrográfica: amostra R06: Igreja de Nossa Senhora da Candelária APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R06 NOME PROCEDÊNCIA IGREJA NOSSA SENHORA DA CANDELÁRIA – CENTRO – RIO DE JANEIRO – RJ DATA COLETA F O T O 06/10/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (5 x 3 x 2) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL FANERÍTICA AFANÍTICA GNAISSE 239 Tabela 46 – Apreciação petrográfica: amostra R07: Igreja de Nossa Senhora da Saúde APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R07 NOME PROCEDÊNCIA IGREJA NOSSA SENHORA DA SAÚDE – SAÚDE – RIO DE JANEIRO – RJ DATA COLETA F O T O 10/10/06 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (7 x 5,5 x 3) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL FANERÍTICA AFANÍTICA BIOTITA-GNAISSE 8.1.3 Índices físicos das rochas coletadas nas edificações Os índices físicos da rocha são propriedades de massa específica aparente ou densidade aparente, porosidade aparente e absorção d’água aparente, os quais guardam uma grande interdependência. O termo “aparente” indica que o volume medido para as determinações é relativo ao volume total das amostras analisadas, ou seja, o volume de sólidos mais o volume de poros (espaços vazios). A massa específica aparente é expressa em g/cm3. A porosidade aparente e absorção d’água são expressas em porcentagem, indicando respectivamente a porcentagem total de espaços vazios em um volume de rocha e a porcentagem de espaços vazios intercomunicantes nesse mesmo volume. A porosidade aparente mostra relação direta com a resistência físicomecânica das rochas, a absorção d’água, com a possibilidade de infiltração de líquidos, e a massa específica aparente, com os aspectos de resistência físicomecânica. Por esse motivo realizaram-se os ensaios de índices físicos das rochas coletadas nas edificações para fazer uma relação com os realizados nas amostras coletadas na pedreira. 240 Em função das diferentes dimensões das rochas de cada edificação, os resultados das nove amostras de rochas são mostrados separadamente e, posteriormente, através de uma média aritmética. Os resultados obtidos para massas específicas aparentes das amostras secas foram entre 2,31g/cm3 a 2,70g/cm3, e a média verificada foi de 2,52g/cm3. As massas específicas aparentes das amostras saturadas foram entre 2,49g/cm3 a 2,73g/cm3, e a média verificada foi de 2,58g/cm3. Esses resultados refletem a relação entre a massa e o volume da amostras das rochas analisadas, fornecendo indicações sobre a resistência mecânica da rocha. A porosidade aparente é expressa pela relação entre o volume total de poros e o volume das amostras de rochas analisadas. Os resultados verificados nas amostras das edificações foram entre 1% a 22,54%, e a média foi de 5,85%. Esses resultados contribuem para avaliar a boa resistência mecânica da rocha, o grau de alteração e compactação. A absorção d’água é expressa pela relação de água absorvida e o volume total das amostras de rochas analisadas. Os resultados verificados estão entre 0,39% a 9,76%, sendo a média de 2,42%, fornecendo elementos de avaliação da compactação e resistência da rocha, podendo ajudar na previsão de sua durabilidade. É um índice importante para estudo de rochas que têm contatos com a água. Os resultados obtidos podem ser verificados na Tabela 47. 241 Tabela 47 – Resultados do ensaio de índices físicos das rochas coletadas nas edificações UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ESTRUTURAS DATA: 05/06/2008 R01-A R01-B R02 Edificações Amostrais AMOSTRAGEM: IGREJA DE SANTA CRUZ CAPELA NOSSA S. DAS GRAÇAS a R03 PRÉDIO DO IPHAN - 6 SR R04-A R04-B RECOLHIMENTO DE SANTA TERESA R05 ANTIGA SÉ R06 IGREJA N. S. DA CANDELÁRIA R07 IGREJA NOSSA S. DA SAÚDE UFF R-ÍNDICES FÍSICOS - EDIFICAÇÕES AMOSTRA: ENSAIO - ÍNDICES FÍSICOS A (g) = AMOSTRA INSATURADA DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA APARENTE, POROSIDADE APARENTE E ABSORÇÃO D'ÁGUA APARENTE B (g) = AMOSTRA SATURADA C (g) = AMOSTRA SUBMERSA ρasec (g/cm3) ρasat (g/cm3) C (g) 1 R01-A 331,82 2,46 2,54 2 R01-B 705,45 2,31 2,54 3 R02 44,39 2,43 2,49 4 R03 32,72 2,47 2,50 5 R04-A 288,85 2,55 2,61 6 R04-B 49,36 2,63 2,65 7 R05 150,56 2,54 2,56 8 R06 23,53 2,70 2,73 9 R07 136,73 2,56 2,57 RESULTADOS ρasec (g/cm3) MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA 3 ρasat (g/cm ) MASSA ESPECÍFICA APARENTE SATURADA MÉDIAS a (%) η POROSIDADE APARENTE αa (%) ABSORÇÃO D'ÁGUA APARENTE LEGENDA: POROSIDADE E ABSORÇÃO D'ÁGUA AMOSTRA LOCAL A (g) 531,13 1061,25 72,36 53,89 458,55 78,76 244,84 36,73 222,75 B (g) 547,48 1164,78 74,21 54,5 468,39 79,3 247,13 37,12 223,62 DENTRO DO RECOMENDADO POUCO ACIMA DO RECOMENDADO ACIMA DO RECOMENDADO MUITO ACIMA DO RECOMENDADO ηa (%) αa (%) 7,58 22,54 6,20 2,80 5,48 1,80 2,37 2,87 1,00 3,08 9,76 2,56 1,13 2,15 0,69 0,94 1,06 0,39 2,52 2,58 5,85 2,42 ALTA POROSIDADE: BAIXA RESISTÊNCIA DA ROCHA ALTA ABSORÇÃO D'ÁGUA: BAIXA DURABILIDADE E REDUÇÃO DA RESISTÊNCIA MECÂNICA AUMENTO DA SATURAÇÃO: MENOR RESISTÊNCIA MECÂNICA 8.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS REALIZADOS NAS AMOSTRAS DE ROCHAS COLETADAS NA PEDREIRA Os ensaios de caracterização tecnológica são importantes em todos os segmentos de utilização das rochas. Os conhecimentos das características petrográficas das rochas, bem como de suas propriedades físicas e físicomecânicas, permite uma melhor previsão de seu comportamento como componente numa obra de recuperação, restauração ou consolidação de uma alvenaria histórica. Muitos insucessos podem ser evitados havendo um maior conhecimento das propriedades destes materiais e um melhor entendimento de seu comportamento como componente de alvenaria. Por esta razão, os resultados dos ensaios realizados estão descritos a seguir, servindo como referência das características tecnológicas do material componente nas alvenarias das edificações estudadas. 242 8.2.1 Resultados da apreciação macroscópica das rochas coletadas na pedreira Nas amostras coletadas na pedreira foram realizadas as apreciações petrográficas macroscópicas, segundo a NBR 7389, 1992. Essa apreciação tem a finalidade de reconhecer o tipo de rocha em questão. Foram coletadas amostras de tamanhos diversos, segundo as normas técnicas NBR 7216 e NBR 9941, amostragem de agregados e redução da amostra de campo de agregados para ensaios de laboratórios, respectivamente. Todas as rochas coletadas na pedreira são tipos gnáissicos com pouca variação nas suas características macroscópicas petrográficas, como pode ser vista nas tabelas das páginas 243 a 248, com a maior semelhança possível das amostras coletadas nas edificações. As rochas coletadas na pedreira foram nomeadas de acordo com os ensaios realizados, conforme indicado a seguir: • ensaio de compressão uniaxial: rochas R1, R2, R3 e R4; • ensaio de esmagamento: rochas R5, R6, R7 e R8; • ensaio de índices físicos: rochas R-ÍNDICES FÍSICOS; • ensaio de composição química: rocha R-COMPOSIÇÃO QUÍMICA; • ensaio de petrografia: rocha R-PETROGRAFIA. 243 Tabela 48 – Apreciação petrográfica: amostra R1 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R1 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (20 x 20 x 15) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA BIOTITA-GNAISSE AFANÍTICA Tabela 49 – Apreciação petrográfica: amostra R2 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS - IDENTIFICAÇÃO R2 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (18 x 10 x 7) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS K-FELDSPATO HIPIDIOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL FANERÍTICA AFANÍTICA BIOTITA-GNAISSE 244 Tabela 50 – Apreciação petrográfica: amostra R3 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R3 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (30 x 23 x 10) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA BIOTITA-GNAISSE AFANÍTICA Tabela 51 – Apreciação petrográfica: amostra R4 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R4 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (18 x 18 x 12) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL FANERÍTICA AFANÍTICA CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL BIOTITA-GNAISSE 245 Tabela 52 – Apreciação petrográfica: amostra R5 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R5 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (18 x 7 x 7) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA BIOTITA-GNAISSE AFANÍTICA Tabela 53 – Apreciação petrográfica: amostra R6 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R6 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (21 x 12 x 10) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL FANERÍTICA AFANÍTICA CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL BIOTITA-GNAISSE 246 Tabela 54 – Apreciação petrográfica: amostra R7 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R7 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (28 x 17 x 10) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA GNAISSE FACOIDAL AFANÍTICA Tabela 55 – Apreciação petrográfica: amostra R8 APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R8 NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (21 x 11 x 10) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL FANERÍTICA AFANÍTICA CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL BIOTITA-GNAISSE 247 Tabela 56 – Apreciação petrográfica: amostra R-ÍNDICES FÍSICOS APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R – ÍNDICES FÍSICOS – 10 ROCHAS NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA DIMENSÕES MÉDIA: (DIÂMETRO=+/-7cm ou PESO=+/- 250g) COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL FRIÁVEL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FANERÍTICA GNAISSE AFANÍTICA Tabela 57 – Apreciação petrográfica: amostra R-COMPOSIÇÃO QUÍMICA APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R – COMPOSIÇÃO QUÍMICA NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA (7 x 5 x 4) cm3 DIMENSÕES COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA GRANULOMET. ABSOLUTA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS FRIÁVEL FANERÍTICA AFANÍTICA CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL GNAISSE 248 Tabela 58 – Apreciação petrográfica: amostra R-PETROGRAFIA APRECIAÇÃO PETROGRÁFICA MACROSCÓPICA CARACTERÍSTICAS INICIAIS – IDENTIFICAÇÃO R – PETROGRAFIA NOME PROCEDÊNCIA PEDREIRA TAMOIO MINERAÇÃO S/A, ESTRADA DA LIGAÇÃO, 1397, JACAREPAGUÁ-RIO DE JANEIRO-RJ DATA COLETA F O T O 18/03/08 TIPO FRAGMENTO DE ROCHA 3 DIMENSÕES (10 x 5 x 2) cm COR NATURAL DA AMOSTRA SUBJETIVA INTERMEDIÁRIA OBJETIVA ESTRUTURA INTERNA ESTADO DE ALTERAÇÃO EM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA ANISOTRÓPICA ROCHA SÃ ISOTRÓPICA ROCHA POUCO ALTERADA EM RELAÇÃO À FOLIAÇÃO XISTOSIDADE (XISTO) ROCHA ALTERADA PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS GNÁISSICA TEXTURA RELATIVA MUITO COERENTE INEQUIGRANULAR OU PORFIRÍTICA COERENTE EQUIGRANULAR POUCO COERENTE FINA D<1mm MÉDIA 1<D<5mm COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ESSENCIAL GROSSA 5<D<30mm FELDSPATOS: PLAGIOCÁSIO (BRANCO E CINZA) MUITO GROSSA D>30mm QUARTZO: CINZA GRANULOMET. ABSOLUTA FRIÁVEL IDIOMÓRFICOS FACES CRISTALINAS HIPIDIOMÓRFICOS GRAU DE VISIBILIDADE DOS GRÃOS BIOTITA: PRETA XENOMÓRFICOS CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA FINAL FANERÍTICA AFANÍTICA TONALITO-GNAISSE 8.2.2 Índices físicos das rochas coletadas na pedreira Os índices físicos da rocha são parâmetros que contribuem para o entendimento do seu comportamento mecânico. Os resultados para massa específica aparente obtido foram 3,36g/cm3 e 3,37g/cm3 para amostras secas e saturadas, respectivamente. Esses resultados refletem a relação entre a massa e o volume da amostras das rochas analisadas, fornecendo indicações sobre a resistência mecânica da rocha. A porosidade aparente é expressa pela relação entre o volume total de poros e o volume das amostras de rochas analisadas. O resultado verificado foi de 1,06%, contribuindo para avaliar a boa resistência mecânica da rocha, o grau de alteração e compactação. A absorção d’água é expressa pela relação de água absorvida e o volume total das amostras de rochas analisadas. O resultado verificado foi de 0,33%, fornecendo elementos de avaliação da compactação e resistência da rocha, podendo ajudar na previsão de sua durabilidade. Representa um índice decisivo no estudo de rochas que têm contatos com a água. Os resultados obtidos podem ser verificados na Tabela 59. 249 Tabela 59 – Resultados do ensaio de índices físicos UFF - PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO DE ESTRUTURAS DATA: 08/05/2008 AMOSTRAGEM: Pedreira Tamoio S/A - Jacarepaguá - Rio de Janeiro R-ÍNDICES FÍSICOS (1 A 10) AMOSTRA: UFF ENSAIO - ÍNDICES FÍSICOS A (g) = AMOSTRA INSATURADA DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA APARENTE, POROSIDADE APARENTE E ABSORÇÃO D'ÁGUA APARENTE B (g) = AMOSTRA SATURADA C (g) = AMOSTRA SUBMERSA ρasec (g/cm3) ρasat (g/cm3) C (g) 1 261,85 6,85 6,87 2 191,3 3,36 3,37 3 198,46 2,94 2,95 4 175,28 3,01 3,02 5 207,83 2,74 2,75 6 187,11 3,03 3,04 7 231,63 2,78 2,79 8 157,23 2,93 2,94 9 158,38 3,21 3,22 10 177,08 2,76 2,77 RESULTADOS ρasec (g/cm3) MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA ρasat (g/cm3) MASSA ESPECÍFICA APARENTE SATURADA POROSIDADE APARENTE ηa (%) αa (%) ABSORÇÃO D'ÁGUA APARENTE AMOSTRA A (g) 305,72 271,33 299,06 261,21 325,17 278,02 359,79 237,46 229,21 275,56 B (g) 306,45 272,03 300,08 262,05 326,31 278,77 360,93 238,26 229,88 277,05 ηa (%) αa (%) 1,64 0,87 1,00 0,97 0,96 0,82 0,88 0,99 0,94 1,49 0,24 0,26 0,34 0,32 0,35 0,27 0,32 0,34 0,29 0,54 3,36 3,37 1,06 0,33 Segundo Frazão (2002, p. 63), para gnaisse tem-se como referência para porosidade aparente e absorção d’água aparente os valores de (0,83 ± 0,29)% e (0,31 ± 0,17)% respectivamente, mostrando que os ensaios realizados nas amostras de gnaisse coletadas na pedreira Tamoio S/A estão dentro dessas faixas de valores. 8.2.3 Compressão uniaxial O ensaio de compressão uniaxial reflete a resistência da rocha ao esforço mecânico compressivo. Elevados valores de resistência à compressão uniaxial implicam em materiais de alta resistência mecânica. A uniformidade da distribuição das tensões, num corpo-de-prova sob a ação de esforços compressivos, deve ser garantida. Portanto, o corpo-de-prova deve apresentar geometria bem regular e os seus topos devem ser perfeitamente paralelos entre si. Os resultados obtidos para compressão simples nas rochas coletadas na pedreira estão indicados na Tabela 60. Esses dados são índices de grande importância de qualidade para pedras que assumem funções estruturais, como alvenarias auto-portantes de pedra e argamassas de cal, onde há atuação de cargas verticais. 250 Tabela 60 – Resultados do ensaio de compressão simples ENSAIO - COMPRESSÃO SIMPLES DATA: 17/06/2008 Laboratório de Mecânica e Tecnologia das Rochas - Departamento de Geologia UFRJ Pedreira Tamoio S/A - Jacarepaguá - Rio de Janeiro R1, R2, R3 e R4 CP-A, CP-B e CP-C LOCAL ENSAIO: AMOSTRAGEM: AMOSTRAGEM: CORPOS-DE-PROVA CORPO-DE-PROVA ALTURA (H) (mm) DIÂMETRO (D) (mm) H/D DEFORMAÇÃO (%) TENSÃO MÁXIMA (MPa) CP-A CP-B CP-C 99,56 101,75 100,82 49,97 50,37 49,96 1,99 2,02 2,02 0,791 1,275 1,149 66,689 83,321 65,073 MÉDIA 100,71 50,1 2,01 1,072 71,694 GRÁFICO Tensão (MPa) Compressão Simples(Tensão X Deformação) 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 CP-A CP-B CP-C 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4 Deformação (%) A tensão de ruptura assume, para a rocha como material de construção, a função de propriedades índices, ou seja, propriedades que permitem qualificar tecnologicamente a rocha. Das rochas coletadas na pedreira foram retirados três corpos-de-prova (CP-A, CP-B e CP-C) cilíndricos de alturas e diâmetros mostrados na tabela anterior. As tensões máximas obtidas foram de 66,689MPa, 83,321MPa e 65,073MPa para os corpos-de-prova CP-A, CP-B e CP-C, respectivamente. A média obtida dos três corpos de prova foi de 71,694MPa. Nos corpos-de-prova CP-A e CPC foram obtidos valores de tensões máximas muito próximas, enquanto que para o CP-B a tensão máxima verificada foi superior. Isso é devido à foliação gnáissica dos CP-A e CP-C estarem distribuídas longitudinalmente nos cilindros e, no CP-B, a foliação se encontrava distribuída transversalmente no corpo-de-prova. Segundo Frazão (2002), para gnaisse tem-se como referência para compressão uniaxial valores de (93 ± 29)MPa. Portanto, observou-se que o material estudado apresenta-se enquadrado nas especificações em relação à resistência à compressão uniaxial. 251 8.2.4 Esmagamento O ensaio de esmagamento de rochas determina valores importantes para as características de desagregabilidade prevista para materiais rochosos sujeitos a compactação. O ensaio de esmagamento está andamento no Laboratório de Mecânica e Tecnologia das Rochas da UFRJ. Será inserido posteriormente. 8.2.5 Composição química A composição química da rocha foi efetuada a partir da análise de fluorescência de raio-X, determinando todos os componentes químicos da amostra. É uma técnica analítica multielementar usada para obter informações qualitativas e quantitativas da composição elementar das amostras. Esta metodologia está baseada na produção e detecção de raios X característicos emitidos pelos elementos constituintes da amostra quando irradiada com elétrons, prótons, raios X ou gama com energias apropriadas. Os resultados de cada componente químico presente, em percentagem, podem ser verificados na Tabela 61. Tabela 61 – Resultados do ensaio de composição química Componente Químico % SiO2 Al2O3 TiO2 Fe2O3 MgO MnO CaO Na2O K2O P2O5 CuO ZnO Rb2O ZrO2 L.O.I. 51,069 17,337 2,002 11,723 4,227 0,149 3,681 2,175 4,476 0,655 0,446 0,316 0,043 0,055 1,344 252 8.2.6 Petrografia A análise petrográfica é efetuada a partir do exame em microscópico de luz polarizada. Possibilita a observação detalhada das características intrínsecas da rocha, como, por exemplo: composição mineralógica, granulação dos constituintes, grau de entrelaçamento e imbricamento dos cristais, estado de alteração, presença de microfissuras e minerais alterados. Essa análise é de fundamental importância para o entendimento dos parâmetros físicos-mecânicos, e para a previsão do desempenho e durabilidade da rocha durante o uso. A análise petrográfica microscópica da rocha está descrita a seguir. 8.2.6.1 Resultado da análise petrográfica microscópica Conforme estudo feito através da análise petrográfica os resultados da microscopia mostram que se trata de uma rocha holocristalina8 e granulação variando de fina a média (1 a 4mm), o que lhe confere um caráter eventual porfiróide9. Apresenta fino bandamento gnáissico. O índice de cor10 (IC) verificado foi leucocrático (13% a 28%). Sua mineralogia é dada pela composição modal da Tabela 62, verificando que os minerais essenciais e acessórios são distribuídos da seguinte forma: • minerais essenciais: plagioclásio, quartzo, ortoclásio e biotita; • minerais acessórios: zircão, apatita, titanita, minerais opacos, muscovita, clorita, sericita e epidoto. Tabela 62 – Composição mineralógica – petrografia microscópica COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA MODAL DA AMOSTRA – PETROGRAFIA MICROSCÓPICA MINERAL % MINERAL % Plagioclásio 38 Titanita 0,8 Quartzo 28 Minerais Opacos 1,0 Ortoclasio 13 Muscovita 0,8 Biotita 17 Clorita 0,5 Zircão 0,1 Sericita 0,3 Apatita 0,4 Epidoto 0,1 8 Holocristalina (grau de cristalinidade): rochas constituídas somente de material cristalino. Porfiróide (tamanho relativo dos cristais): rochas com pequenos fenocristais, imersos numa matriz de granulação fina a densa. 10 Índice de cor: porcentagem conjunta, em volume, de minerais fêmicos, opacos e acessórios presentes em uma rocha. 9 253 8.2.6.2 Descrição dos minerais presentes na amostra Os seguintes minerais foram verificados no ensaio de petrografia microscópica: • plagioclásio: ocorre como grãos xenoblásticos11 a hipidioblásticos12, de hábito tabular a prismático e granulação variando de fina a média (1 a 4mm, eventualmente chegando a 7mm). Grãos médios possuem, em geral, contornos subarredondados. Observa-se, na superfície de alguns grãos, gotículas de composição possivelmente mais sódica, orientados segundo o arranjo planar das biotitas; • quartzo: apresenta-se invariavelmente xenoblástico. São grãos límpidos, com granulação variando de fina a média (1 a 3mm). Sua ocorrência sob a forma de finas gotículas em grãos de plagioclásio e biotita é característica comum na rocha. É em geral subarredondado, podendo ocorrer estirado segundo a direção preferencial das biotitas; • ortoclásio: é xenoblástico, de hábito subarredondado a quadrático, podendo ocorrer como grãos alongados segundo os planos de biotitas. Apresenta-se invariavelmente límpido e sua granulação varia de fina a média (1 a 2mm). Há eventuais inclusões de zircão e biotita; • biotita: apresenta-se orientada segundo planos de disposição aproximadamente paralela a arranjos de quartzo e plagioclásio. Possui hábito tabular, contornos hipidioblásticos a xenoblástico e sua granulação varia de fina a média (1 a 3mm); • hornblenda: ocorre como grãos de cor verde oliva, de hábito tabular e contornos variando de xenoblásticos a hipidioblásticos. Apresenta-se preferencialmente associada a minerais opacos e biotita. Sua granulação varia de fina a média (1 a 2,5mm); • zircão: é acessório comum à rocha. Possui hábito prismático a subarredondado e granulação invariavelmente fina (1mm). Exemplares de até 11 Xenoblástico (forma geométrica dos cristais): predomínio de minerais com formas anhedrais (quartzo e feldspato). Anhedrais: predomínio de minerais equidimensionais. 12 Hipidioblástico (forma geométrica dos cristais): predomínio de minerais com formas subhedrais (piroxênios, anfibólios, micas e plagiocásios). Subhedrais: predomínio de minerais aproximadamente equidimensionais. 254 0,6mm são preferencialmente observados em associação à biotita e minerais opacos; • titanita: é acessório comum na rocha. Ocorre como grãos de contornos xenoblásticos e granulação fina (até 0,2mm). Apresenta-se dispersa de forma regular na rocha em agregados de pequenas dimensões; • minerais opacos: ocorrem em granulação invariavelmente fina (menores que 1mm), hábito tabular e intimamente associados a biotita. Bordas guarnecidas por titanita são observadas sob a forma de grãos maiores; • apatita: possui hábito prismático a hexagonal, contornos hipidioblásticos e granulação fina (menores que 1mm). Ocorre preferencialmente associada à biotita; • clorita: ocorre como principal produto de alteração da biotita. Possui hábito fibroso e granulação variando de fina a média (1 a 1,5mm); • epidoto: possui hábito acicular, contornos hipidioblásticos e granulação sistematicamente fina (menores que 1mm). Ocorre intimamente associado à muscovita como produto de alteração do plagioclásio; • sericita: representa a fase secundária de menor volume na rocha. Ocorre como grãos aciculares de granulação fina (menores que 1mm), relacionados a processos de alteração do ortoclásio; • muscovita: ocorre à semelhança do epidoto, a partir da alteração do plagioclásio. Apresentam-se como finos grãos isolados de hábito tabular. Sua granulação varia de fina a média (menores que 1 a 1mm). As imagens microscópicas do ensaio de petrografia podem ser vistas na Tabela 63. 255 Tabela 63 Petrografia microscópica – lâminas IMAGENS MICROSCÓPICAS – PETROGRAFIA A B C D ÍNDICE A - Aspecto geral da textura ao microscópio. Nicóis cruzados, 10x. B - Aspecto geral da textura ao microscópio. Nicóis paralelos, 10x C - Grão de plagioclásio com geminação deformadas. Nicóis cruzados, 10x. D - Grão de plagioclásio (parcialmente transformado). Nicóis cruzados, 10x. E - Grãos de plagioclásio com sobrecrescimento epitaxial. Nicóis cruzados, 10x. E 8.3 ANÁLISE GERAL DOS ENSAIOS Infere-se com este trabalho a necessidade de uma maior preocupação e sensibilização de todos no sentido de melhor escolha de materiais nas possíveis intervenções de alvenarias de pedra e argamassa de cal. A reabilitação de edifícios históricos é um processo que engloba uma equipe multidisciplinar. A recuperação de alvenarias requer trabalho desde o nível arquitetônico até o estrutural, respeitando os materiais autênticos e tradicionais. A princípio, necessita-se de um diagnóstico correto com as medições e ensaios, tornando-se de extrema importância para o conhecimento do edifício e de todos os problemas, de modo que se possa adequar às ações de reabilitação de acordo com as características necessárias. Os resultados das análises realizadas nas argamassas das edificações mostram a semelhança de todas as amostras. Em relação aos sais, em todas as amostras foi verificada a presença de uma pequena quantidade de nitrato e uma ausência de sulfato, enquanto que na presença de cloreto verificou-se o seguinte; 256 • pequena quantidade: amostra A01 (Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz); • média quantidade: amostras A02 (Igreja de Nossa Senhora das Graças), A06 (Igreja de Nossa Senhora da Candelária) e A07 (Igreja de Nossa Senhora da Saúde); • grande quantidade: amostras A04 (Recolhimento de Santa Teresa) e A05A e A05-B (Catedral da Antiga Sé); • muita quantidade: amostra A05-C (Catedral da Antiga Sé). Conforme foi demonstrado, não se pode desconsiderar numa edificação histórica ou até mesmo em edificações contemporâneas a presença de sais higroscópicos nas alvenarias. Num nível acima do tolerado, os danos serão prejudiciais à estrutura e à aparência da edificação. A quantidade elevada de sais leva a uma desagregação das argamassas (NAPPI, 1997), destacando-se o alto nível de cloretos nas amostras coletadas no Recolhimento de Santa Teresa e na Catedral da Antiga Sé. Nessas edificações, acredita-se que há uma influência da localidade, pois ambas estão muito próximas do mar. De modo geral, não se pode desprezar também a possibilidade de migração de sais solúveis nos materiais e componentes que estão na alvenaria da edificação desde a construção, ou mesmo materiais com presença de sais utilizados inadequadamente em intervenções ou restaurações. Eles podem alterar a aparência da superfície sobre a qual se depositam e, em determinados casos, seus sais constituintes podem ser agressivos, causando desagregação profunda na argamassa, como no caso dos compostos expansivos. Esses sais podem ocorrer também junto com presença de água e pressão hidrostática necessária para que a solução migre para o interior da alvenaria, seja através de reações químicas, água de amassamento, limpeza com ácidos, entre outros. Por fim, com relação à pressão hidrostática, verifica-se que o transporte de água por meio dos materiais e a conseqüente cristalização dos sais solúveis na superfície ocorrem por capilaridade, infiltração em trincas e fissuras, percolação sob o efeito da gravidade, pela condensação de vapor de água dentro das paredes, ou pelo efeito combinado dessas causas. Nos traços mais prováveis em massa (ligante : argila : areia) das amostras verificou-se valores muito próximos. Nos finos, argila e/ou silte, encontrou-se um valor em massa mínimo de 0,49 (Catedral da Antiga Sé) e um valor em massa 257 máximo de 0,54 (Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz, Catedral da Antiga Sé e Igreja de Nossa Senhora da Candelária). Nos grossos, areia, encontrou-se um valor em massa mínimo de 3,82 (Catedral da Antiga Sé e Igreja de Nossa Senhora da Saúde) e um valor em massa máximo de 3,96 (Catedral da Antiga Sé). Conclui-se que os traços em massa são muito semelhantes com uma média de 1 (ligante), 0,52 (finos) e 3,88 (grossos). Na granulometria dos agregados por peneiramento, através de sistema de peneiras de pequeno diâmetro e em aço inoxidável, também se verificou uma grande semelhança de todas as amostras ensaiadas. Foram utilizadas as peneiras, com suas respectivas aberturas, de números 16 (1,18mm), 35 (0,5mm), 60 (0,25mm), 100 (0,15mm), 200 (0,075mm) e >200. Para demonstrar a semelhança das amostras quanto à granulometria, têm-se as seguintes porcentagens de agregados retidos, mínimas e máximas, de cada peneira envolvendo todas as amostras analisadas: • peneira no 16: mínimo de 14,25% (Capela de Nossa Senhora das Graças) e máximo de 27,69% (Catedral da Antiga Sé); • peneira no 35: mínimo de 26,82% (Catedral da Antiga Sé) e máximo de 39,04% (Capela de Nossa Senhora das Graças); • peneira no 60: mínimo de 32,02% (Recolhimento de Santa Teresa) e máximo de 42,50% (Capela de Nossa Senhora das Graças); • peneira no 100: mínimo de 1,48% (Capela de Nossa Senhora das Graças) e máximo de 10,09% (Catedral da Antiga Sé); • peneira no 200: mínimo de 0,59% (Catedral da Antiga Sé) e máximo de 0,99% (Capela de Nossa Senhora das Graças); • peneira no >200: mínimo de 0,31% (Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz) e máximo de 0,58% (Capela de Nossa Senhora das Graças); De forma ilustrativa e reforçando a semelhança de todas as amostras quanto à granulometria, foi feita a média das porcentagens de agregados retidos em cada peneira, como pode ser visto na Tabela 64. 258 Tabela 64 – Média das porcentagens de agregados retidos nas amostras de argamassas das edificações MÉDIA DAS PORCENTAGENS RETIDAS DE AGREGADOS DAS AMOSTRAS DE ARGAMASSAS DAS EDIFICAÇÕES o Peneira N 16 35 60 100 200 >200 % Retida 20,07 33,03 38,47 5,63 0,87 0,45 CURVA GRANULOMÉTRICA Curva Granulométrica - Amostras: Média % Retida Acumulada 100 80 60 40 20 0 0,01 0,1 1 10 Peneiras (mm) As rochas retiradas das edificações têm um mesmo tipo petrográfico: gnaisse. Das sete edificações amostrais, três são localizadas no centro da cidade do Rio de Janeiro, duas são muito próximas do centro, e duas são bem afastadas do centro: a Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz e o Recolhimento de Santa Teresa – Museu de Arqueologia, localizados em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, e Niterói, respectivamente. Isso afirma que há uma predominância da rocha gnaisse em toda a região metropolitana do Rio de Janeiro. Quanto ao centro da cidade, provavelmente, as pedreiras desativadas localizadas nessa região forneciam material para as construções das alvenarias das igrejas e outras edificações. Com o crescimento da cidade, as pedreiras da região central foram desativadas e ocupadas por diversos tipos de moradias. Por esse motivo, justifica-se a escolha da pedreira Tamoio S/A, localizada em Jacarepaguá, para retirada de material para os ensaios da pesquisa. As rochas retiradas da pedreira foram nomeadas, conforme mostrado no capítulo anterior. Essas rochas têm o tipo petrográfico mais semelhante possível das rochas coletadas nas edificações. Nos ensaios de índices físicos das amostras coletadas na pedreira foram verificados os valores médios de 1,06% e 0,33% para porosidade aparente e absorção d’água aparente, respectivamente. Tratando-se de gnaisse, de acordo com Frazão (2002, p. 63), estes valores se encontram dentro da faixa apropriada para utilização na construção civil, sendo (0,83 ± 0,29)% para porosidade aparente e (0,31 ± 0,17)% para absorção d’água aparente. 259 Com base nesses dados e com os resultados obtidos nos ensaios de índices físicos realizados nas amostras das edificações foi possível concluir que apenas a amostra R07 (Igreja de Nossa Senhora da Saúde) apresentou índices de porosidade aparente e absorção d’água aparente dentro da faixa recomendada por Frazão (2002, p. 63), 1% e 0,39%, respectivamente. A amostra R04-B (Recolhimento de Santa Teresa) apresentou valores pouco acima do recomendado, 1,80% e 0,69% para porosidade aparente e absorção d’água aparente, respectivamente. Uma rocha no seu estado natural apresenta-se como um conjunto de minerais interligados ocupando um determinado tamanho, constituído pelos minerais e pelos vazios entre estes. Entende-se que a menor ou maior quantidade de vazios gera menor ou maior compacidade da rocha. Segundo Frazão e Farjallat (1995), os valores de índices físicos fornecem indicação do estado fissural da rocha. O estado de alteração e de coesão da rocha pode ser interpretado da seguinte forma: • alta porosidade: baixa resistência da rocha; • alta absorção d’água: baixa durabilidade e redução da resistência mecânica com o tempo; • aumento da saturação: menor resistência mecânica. De acordo com Frazão e Farjallat (1995), e com os resultados obtidos nos ensaios de índices físicos realizados nas amostras das edificações, segundo a NBR 12766 (1992), notou-se que a porosidade aparente e a absorção d’água aparente foram maiores do que o esperado e isso pode justificar a facilidade de desintegração de algumas amostras dessas rochas. As amostras R03 (Prédio do IPHAN – 6a SR), R05 (Catedral da Antiga Sé) e R06 (Igreja de Nossa Senhora da Candelária) apresentaram para porosidade aparente os valores de 2,80%, 2,37% e 2,87%, respectivamente, enquanto que os valores de absorção d’água aparente obtidos foram de 1,13%, 0,94% e 1,06%, respectivamente. Esses valores mostram que as rochas coletadas nas respectivas edificações têm taxas de porosidade e absorção d’água um pouco acima do desejado. Acredita-se que tais resultados demonstram que já existem processos de desintegração dessas rochas, levando a uma diminuição da durabilidade e da resistência mecânica do material. As amostras R01-A e R01-B (Igreja de Santa Cruz), R02 (Capela de Nossa Senhora das Graças) e R04-A (Recolhimento de Santa Teresa) apresentaram 260 valores de porosidade aparente e absorção d’água aparente muito acima do recomendado. Os valores de porosidade aparente obtidos foram 7,58% (R01-A), 22,54% (R01-B), 6,20% (R02) e 5,48 (R04-A), enquanto os valores de absorção d’água aparente foram 3,08% (R01-A), 9,76% (R01-B), 2,56% (R02) e 2,15 (R04-A). Esses resultados demonstram a grande alteração e, conseqüentemente, a perda da resistência mecânica de todas as amostras. Foi observada a falta de integração minerais em todas estas amostras, principalmente na amostra analisada R01-B, que se encontrava com o grau de alteração bastante elevado. Segundo a NBR 7389 (1992), apreciação petrográfica de materiais naturais, as quatro amostras citadas anteriormente, apresentavam características de rochas bastante alteradas, com expressivos aspectos relativos à friabilidade e à porosidade elevada e diminuição da massa específica. Alguns minerais demonstravam-se alterados como, por exemplo, feldspatos amarelados, impregnados por óxidos de ferro e parcialmente pulverulento. Os valores obtidos referentes ao ensaio de resistência à compressão uniaxial realizados nas amostras coletadas na pedreira mostram números dentro dos indicados para utilizações em construções, segundo Frazão (2002). Devido à impossibilidade de realizar ensaio de compressão uniaxial nas rochas coletadas nas edificações e, sabendo-se que a alta porosidade e a alta absorção d’água estão ligadas diretamente a baixa resistência da rocha, acredita-se que as amostras R01-A e R01-B (Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz), R02 (Capela de Nossa Senhora das Graças) e R04-A (Recolhimento de Santa Teresa) estão com a resistência mecânica baixa, conseqüência das degradações das rochas. Entretanto, os ensaios de análise petrográfica microscópica e a de composição química das amostras completam a identidade da rocha que deve ser utilizada em uma intervenção numa alvenaria histórica de pedra e argamassa de cal. A petrografia microscópica fornece o tipo exato da rocha, completando as características fundamentais ao entendimento dos parâmetros físicos-mecânicos, e para a escolha de materiais mais autênticos possíveis em uma intervenção. Quanto à composição química, os dados obtidos são em relação a todos os componentes químicos presentes na amostra. Estes mapeamentos químicos são dados importantes para compreender processos que ocorrem numa determinada rocha, causando patologias e degradações. 261 Os ensaios realizados forneceram dados importantes para estudo de alvenarias de pedra e cal, podendo servir de banco de dados para futuros trabalhos nessa área. Com a metodologia proposta pela pesquisa de caracterização de propriedades geológicas, físicas e físico-mecânicas de materiais constituintes de alvenarias de pedra e argamassa de cal de construções antigas, voltadas para intervenções de recuperação e de restauração, qual seja: • realização de amplo levantamento bibliográfico em nível nacional e internacional; • seleção das igrejas e outras edificações históricas e obter, junto aos órgãos de patrimônio e/ou responsáveis, autorização para a realização das retiradas das amostras; • coleta de amostras de rochas e de argamassas das edificações selecionadas; • determinação das principais características, identificando, principalmente, o tipo petrográfico da rocha seus índices físicos e as principais propriedades das argamassas; • pesquisa de pedreiras na região metropolitana do Rio de Janeiro; • escolha e coleta de rochas realizada na Pedreira Tamoio S/A, em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro; • realização das apreciações petrográficas de todo material coletado na pedreira, verificando a semelhança do material em relação aos retirados das edificações; • realização dos ensaios de caracterização tecnológica nas rochas coletadas na pedreira. Os ensaios realizados foram os seguintes: índices físicos, compressão uniaxial, esmagamento, composição química e petrografia microscópica; • tabulação dos dados coletados nos ensaios realizados em rochas e em argamassas; Com metodologia proposta, foi possível reunir critérios para uma linha de ação em casos de recuperação e restauração de alvenarias de pedra e argamassas de cal. Acredita-se que os resultados obtidos nos ensaios desse estudo, aliado às 262 pesquisas de campo para a escolha da pedreira, possam ser utilizados como metodologia para um melhor entendimento e intervenções nas alvenarias de pedra e argamassa de cal. 9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Neste capítulo serão apresentadas as conclusões da pesquisa realizada, destacando suas principais análises, incluindo propostas para futuros trabalhos envolvidos com o tema. A presente tese teve por objetivo a caracterização das propriedades geológicas, físicas e físico-mecânicas dos materiais constituintes de paredes autoportantes de pedra e argamassa de cal de construções históricas na região metropolitana do Rio de Janeiro, propondo uma metodologia, com a finalidade de facilitar intervenções, com a escolha adequada dos materiais constituintes. Para isso, procurou-se contribuir na preservação do patrimônio cultural edificado, sugerindo uma metodologia das questões relativas aos materiais que fazem partes das alvenarias antigas. É necessário apostar na prevenção como o meio mais eficaz de preservar o patrimônio cultural edificado, ressaltando a necessidade de preservar a autenticidade do monumento, com o mínimo de intervenção e, caso necessário, utilizar materiais os mais semelhantes possíveis dos existentes no edifício tanto para trabalhos de prótase como de substituição total de elementos, aumentando a vida útil do mesmo. A princípio, tendo em vista estudar as características dos materiais constituintes das alvenarias de pedra e argamassas de cal, foi feita uma relação de igrejas do centro da cidade do Rio de Janeiro, por constituírem um grande acervo do patrimônio edificado. Porém, devido à dificuldade de retirada de amostras de pedra e argamassas desses patrimônios, o IPHAN autorizou a retirada de sete edificações, que contribuíram para a pesquisa. Portanto, o trabalho contribuiu, também, no levantamento das características dessas edificações e no levantamento bibliográfico sobre alvenarias históricas e seus constituintes. A partir dos resultados das análises em rochas e argamassas das amostras foi possível criar uma metodologia para intervenções em alvenarias de pedra e 264 argamassa de cal. Os primeiros testes foram realizados nas argamassas retiradas das edificações. Foram utilizados métodos de análise para a obtenção de valores indicativos sobre o comportamento dessas argamassas. Na primeira análise, testes qualitativos de sais solúveis, verificou-se a semelhança de todas as amostras, com exceção da Igreja de Nossa Senhora de Santa Cruz, onde foi determinada a pequena quantidade de cloreto, enquanto na amostra A05-A, da Catedral da Antiga Sé, foi determinada uma grande quantidade de cloreto. A segunda análise, ensaio simples de argamassas, que determina o traço em massas mais provável da argamassa, foi verificada a pouca variação desses traços, em função da argila e da areia, em todas as edificações amostrais, verificando as seguintes variações: (ligante: 1; argila: 0,49 a 0,54; areia: 3,82 a 3,96). No terceiro teste realizado nas argamassas, análise granulométrica, verificou-se a grande semelhança das curvas granulométricas em todas as amostras. Com esses três tipos de ensaios realizados nas argamassas, e tratando-se de alvenarias de pedra com argamassas de cal, pode se tomar esses ensaios como referência em intervenções em que se necessita de argamassas com determinados traços, granulometria e sais. Além disso, concluise que, em função dos traços e da granulometria, as edificações seguiam certo padrão na obtenção das argamassas que eram utilizadas como assentamentos nas alvenarias de pedra e cal. Simultaneamente com as análises das argamassas, foram realizadas as identificações das rochas coletadas das edificações amostrais. Em função do pequeno tamanho das amostras que puderam ser coletadas das edificações, foi possível realizar os testes de apreciação petrográfica macroscópica e de índices físicos. Assim, foi possível identificar o tipo e as características principais das rochas e dados importantes como porosidade e absorção d’água que têm relações diretas com as propriedades mecânicas. Em relação às características principais, como cor natural da amostra, estrutura interna, textura e composição mineralógica essencial, todas as amostras são semelhantes, concluindo que todas são gnaisses na classificação petrográfica final. Quanto às características de estado de alteração e propriedades físico-mecânicas, as amostras R01-B (Igreja de Santa Cruz) e R04-B (Recolhimento de Santa Tereza – Museu de Arqueologia) demonstraram-se pouco alteradas e coerentes, respectivamente, enquanto que nas demais amostras verificaram-se rocha sã (estado de alteração) e muito coerente (propriedades físicomecânicas). Desta forma, é possível afirmar que as rochas utilizadas nas 265 construções do centro da cidade do Rio de Janeiro eram retiradas de pedreiras próximas ao centro da cidade que, atualmente, estão desativadas. Durante o desenvolvimento do trabalho foi possível constatar que uma das rochas mais características da cidade e da região metropolitana do Rio de Janeiro é a denominada gnaisse lenticular ou facoidal. Verificou-se que a sua área de ocorrência é grande e se encontra nos morros da Pedra da Gávea, Tijuca, Centro, Botafogo, Flamengo, Jacarepaguá, entre outros. Após ter concluído as semelhanças das amostras retiradas das edificações, realizou-se pesquisas de pedreiras na região da cidade do Rio de Janeiro para coletar materiais para realizar ensaios importantes para a verificação de propriedades das rochas para possíveis intervenções em alvenarias históricas de pedra e cal. A pedreira escolhida para se efetivar a coleta do material foi a Pedreira Tamoio Mineração S/A, em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro. Nas rochas coletadas realizou-se a apreciação petrográfica macroscópica, com a finalidade de obter material o mais semelhante possível das rochas coletadas nas edificações. O trabalho de campo referente à seleção de pedreira realizado na pesquisa é de fundamental importância para coleta de amostras. Foi necessário um estudo geológico e um estudo das possíveis pedreiras ativas na região da cidade do Rio de Janeiro. Depois de selecionada a pedreira, dentro da própria pedreira há, também, a necessidade de buscar o material mais próximo das características desejadas. Para isso, se for necessário, é importante a presença de um geólogo. Portanto, a escolha de locais para coleta de amostras deve ser feita após se ter uma visão geral da área. Aliando essas considerações de campo às obtidas através de ensaios de laboratório, tanto das amostras coletadas nas edificações quanto das coletadas na pedreira, sugere-se a metodologia para intervenções em alvenarias de pedra e argamassa de cal. Nos ensaios realizados sobre as amostras retiradas da pedreira foi possível verificar propriedades importantes das rochas para alvenarias de pedra e cal, criando um banco de dados para futuras pesquisas na área e intervenções em alvenarias de pedra e cal. Além dos dados obtidos, foram feitas comparações dos índices físicos realizados nas rochas retiradas das edificações e das retiradas da pedreira, mostrando que há valores de porosidade e absorção d’água, na maioria das amostras das edificações, muito acima dos propostos em pesquisas realizadas em 266 gnaisses, como, por exemplo, Frazão (2002). A resistência mecânica da rocha está diretamente ligada à porosidade e à absorção d’água, conseqüentemente, observouse a baixa resistência mecânica da maioria das rochas das edificações estudadas. O diagnóstico realizado sobre as amostras retiradas das edificações permitiu estimar as características dos materiais constituintes das alvenarias de pedra e argamassas de cal. Na ausência de melhor informação, estes resultados devem constituir uma referência para futuras intervenções nesses tipos de alvenarias. Refere-se ainda que, para obter valores mais representativos das características dos componentes das alvenarias, é necessária uma campanha experimental mais abrangente, além do âmbito desse trabalho. Neste trabalho foi proposta a valorização do patrimônio cultural edificado através da pesquisa sobre alvenarias históricas de pedra e argamassas de cal. Além das propostas desta pesquisa, propõe-se um conjunto de sugestões para futuros trabalhos, no âmbito do estudo de estruturas históricas de alvenaria. Como já foi referido, este trabalho mostra a necessidade de estabelecer valores de referência para os materiais constituintes de alvenarias de pedra e cal, como importante complemento à metodologia apresentada para uma possível intervenção. Na seqüência desse desenvolvimento e com o objetivo de estabelecer um mapa com características de materiais componentes das alvenarias históricas, seria interessante realizar outros ensaios experimentais como, por exemplo, alteração e alterabilidade, velocidade de propagação de ondas ultrassônicas, medições de umidade, entre outros, no que diz respeito à análise do gnaisse, ampliando o banco de dados sobre esse material. Seria desejável a análise de outros tipos de rochas, podendo fazer uma correlação entre elas. Em relação aos dois materiais, gnaisse e argamassas de cal, seria de grande interesse o estudo da degradação e suas causas. Seria importante desenvolver, a nível nacional, por regiões e, dentro destas por centros históricos, um exaustivo trabalho de levantamento das características tipológicas e caracterização dos materiais das alvenarias de pedra e argamassa de cal, que, conseqüentemente, em médio prazo, desenvolvesse uma base de dados de informações. Para organizar os dados recolhidos, poder-se-ia estudar a possibilidade de correlacionar as características tipológicas dos grupos de alvenarias. A disponibilidade deste tipo de informação permitiria, por exemplo, verificar a validade da hipótese assumida, neste trabalho, na 267 aplicação da metodologia apresentada, ao considerar idênticas características para alvenarias de regiões diferentes ou iguais. Finalmente, espera-se que este trabalho tenha também por finalidade servir como contribuição a estudantes, de graduação e pós-graduação, e a profissionais que se interessam pelo tema. Por esta razão, esta pesquisa tem o intuito de servir como contribuição à ampliação e à difusão do conhecimento das características tecnológicas dos componentes das alvenarias de pedra e argamassa de cal, bem como a metodologia proposta para intervenções nesses tipos de estruturas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRAFIA REFERENCIADA ABÁSÁLO, Andrés. Apeos y Grietas em la edificacion. 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