NOVA GRIPE Desmistificando a gripe suína Por ser uma doença ainda desconhecida, a gripe suína – também chamada de gripe A/H1N1, influenza A ou nova gripe – gera muitas dúvidas, divergências de opinião e confusão. Como informação é proteção, o SINDAFEP preparou este material para esclarecer as dúvidas mais freqüentes que nossos filiados podem ter e assim, conviver melhor com este vírus. As informações aqui contidas são frutos de diversas entrevistas realizadas com especialistas da área. foto: Borja Fernández Apesar de algumas divergências e da inexistência de respostas para perguntas importantes, como por que jovens adultos estão morrendo, os especialistas são unânimes: o caso é sério, merece muita atenção e cuidado, mas não pânico. Num futuro próximo, a gripe suína irá substituir a gripe sazonal e a orientação para a população é que aprenda a conviver com ela por pelo menos dois anos e mude os hábitos de higiene. Influenza sazonal X Influenza A Indagados sobre a gravidade desta pandemia frente à gripe “comum”, chamada de influenza sazonal, os especialistas são unânimes: não se pode comparar. Segundo Moacir Pires Ramos, médico responsável pelo setor de epidemiologia do Hospital do Trabalhador de Curitiba, ainda não se pode afirmar se esta pandemia é mais grave ou não que a influenza sazonal pelo simples fato da pandemia estar ainda em curso, e por isso a falta de números com qualidade para comparação da letalidade, por exemplo. “Cientificamente não é possível dizer que a sazonal é mais letal do que a gripe A, pois não se faz (na sazonal) a mesma pesquisa detalhada que se tem feito nesta pandemia. São dados soltos, sem comprovação, comparados com dados comprovados. É preciso acabar o período epidêmico para termos dados concretos, pelo menos até fecharmos o ano. A hipótese é que a letalidade seja semelhante à da sazonal”, esclarece Ramos. Apesar dos sintomas de uma gripe comum serem os mesmos da influenza A, a evolução dos casos em jovens afetados pela gripe suína está sendo diferente e com um nível de emergência mais intenso. Ramos explica que na influenza sazonal a evolução é mais lenta e ocasionada por bactérias, respondendo a antibióticos. Na influenza A, a infecção é causada por vírus, que fazem uma lesão nas células do pulmão, dificultando a respiração. Ainda não se sabe por que jovens adultos estão morrendo, mas algumas teorias surgem para tentar explicar, como a da imunidade prévia – pessoas com mais idade já teriam tido contato com vírus semelhantes – e a da excessiva reação imunológica – a lesão causada pela reação do indivíduo é maior que a lesão causada pelo vírus. Mesmo com algumas perguntas sem respostas, os profissionais tranquilizam afirmando que o Brasil está preparado para o enfrentamento da doença, com atendimento qualificado e medicamentos para todos até a chegada da vacina, única forma de controle da doença. 1 Qual a origem da gripe suína? A gripe pandêmica, ou influenza A (H1N1) pandêmica, é uma doença que se desenvolve a partir de uma variante do vírus H1N1, um dos responsáveis pela gripe sazonal, por apresentar material genético do vírus humano, aviário e suíno. 2 Quais as formas de contágio? Através das vias aéreas, bem como contato das superfícies mucosas, como ocular, nasal e oral, com objetos contaminados diretamente por meio das mãos. 3 Quanto tempo o vírus sobrevive fora do organismo? Varia muito, de acordo com as condições de umidade e temperatura. Estima-se que não sobreviva mais do que algumas horas. Em lugares quentes esse tempo é menor. O vírus tem uma vida mais longa no frio. 4 Se eu comer carne suína, posso pegar? Não. O vírus contém material genético típico que circula nos porcos, por isso o nome. A transmissão da doença se deu por meio de secreções, e não pelo consumo de carne. 5 Se eu pegar o vírus, vou ficar doente? Nem sempre. Parte das pessoas infectadas não desenvolve a doença, mas tem elevação dos anticorpos. 6 Qual a diferença entre gripe e resfriado? Foto: Freerange Stock Archives Resfriado - Sintomas respiratórios como coriza e dor de garganta¬¬ - Aparecimento dos sintomas de forma gradual - Febre baixa ou ausente Gripe - Início súbito de sintomas - Febre acima de 38°C - Dor muscular - Prostração - Tosse - Dor de garganta 7 Depois de curado, corro o risco de pegar a gripe novamente? Não. Quem teve contato com o vírus A (H1N1) está provavelmente imunizado, a menos que ele sofra mutações. 8 Quando essa pandemia vai acabar? Acabará quando a maioria da população estiver imunizada, seja porque teve a infecção ou porque foi vacinada. De todos os exames realizados para confirmação dos casos no Paraná, constatou-se que 78% eram causados pelo H1N1, ou seja, este vírus já está substituindo o sazonal e provavelmente passará a ser o sazonal nos próximos dois anos. 10 Quais os sintomas da gripe suína? A tríade principal é: febre de início súbito acima de 38°C, tosse seca e frequente e dor de garganta. Esses sintomas não precisam vir juntos. Mialgias (dor nos músculos), diarreia e vômito são sintomas que acometem um percentual menor de pessoas. 11 Estou sem sintomas. Posso contaminar as pessoas mesmo assim? Pode. Os sintomas podem demorar de dois a quatro dias para se manifestar, no entanto os vírus já são transmissíveis. 12 Se eu estiver com os sintomas, o que devo fazer? Afaste-se de imediato de espaços que tenham aglomeração de pessoas e procure um médico de confiança ou o serviço de saúde mais próximo. 13 Estou com gripe, e agora? Consulte um médico e tome o medicamento prescrito corretamente. Procure não sair de casa por pelo menos sete dias. Coloque uma máscara, que deve ser trocada sempre. Mantenha distância de pelo menos um metro e meio das pessoas. Não compartilhe copos, talheres, toalhas etc. TRATAMENTO SINTOMAS 14 Como é o tratamento? 9 Qual a diferença entre a gripe sazonal (comum) e a gripe suína? São dois vírus diferentes, com variantes e aspectos clínicos diferentes. Os sintomas são semelhantes, porém a gripe sazonal concentra os casos de mortes em crianças e idosos e a nova gripe está provocando morte em todas as faixas etárias, com destaque para os jovens de 20 a 40 anos. O tratamento é com antiviral, que deve ser tomado duas vezes ao dia, por cinco dias a partir do início dos sintomas. Antitérmico, alimentação adequada, hidratação e acompanhamento médico também são essenciais. Crianças terão o mesmo tratamento, porém com doses menores e específicas. 15 Quem deve tomar o Tamiflu? Pessoas com sintomas de gripe nas primeiras 48h, especialmente aquelas que se enquadram nos grupos de risco ou apresentam sinais de evolução grave. 16 O vírus pode se tornar resistente ao medicamento? Sim. Porém, utilizando o medicamento quando prescrito e de forma correta, a chance é menor. PREVENÇÃO 17 Tive contato com alguém suspeito, devo ficar isolado? Não mais, pois o vírus já está em transmissão sustentada, ou seja, está circulando nos ambientes. Apenas pessoas com a doença devem ficar isoladas. 18 Devo usar máscara para me proteger? Não. Só devem usar máscaras pessoas que estiverem com a gripe, para proteção das pessoas ao redor. No entanto, profissionais da saúde devem usar máscaras específicas. 19 O que posso fazer para me prevenir? Evitar locais com aglomeração de pessoas, lavar as mãos com frequência, manter distância de pelo menos um metro e meio das pessoas, colocar a mão diante da boca antes de espirrar ou tossir, evitar tocar a boca e o nariz e não compartilhar objetos de uso pessoal. 20 Posso carregar o álcool gel na bolsa? Ele é eficaz? Pode sim. Ele é eficaz na concentração acima de 70%. Álcool 90% não deve ser usado pois pode causar irritação na pele. Tenha cuidado! O álcool é inflamável e deve ser manuseado com atenção. Foto: Chance Agrella 22 Estou grávida e com gripe, posso tomar o Tamiflu? Sim. Não há registros de efeitos negativos para o feto pelo uso do remédio. VACINA 23 Existe vacina específica para a gripe suína? Ainda não. O Instituto Butantan estará à frente do desenvolvimento da vacina contra a influenza A (H1N1). A vacina estará disponível no Brasil no próximo ano. O Ministério da Saúde também avaliará, junto ao Butantan, a necessidade de comprar vacinas prontas de outros fabricantes. 24 Esta vacina será para todo mundo? GRAVIDEZ 21 A doença é mais severa em grávidas? Provavelmente não. Em um primeiro momento a prioridade será dada para grupos de risco e para os profissionais da saúde. Sim. Ainda não se entende o que faz muitas grávidas terem uma evolução mais grave. A maioria dos casos foi de gestantes no último trimestre. Fontes: Secretaria de Estado da Saúde do Paraná; Heda Maria Amarante – diretora do Hospital de Clínicas da UFPR; Maria Cristina Paganini – enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas da UFPR; Moacir Pires Ramos – Infectologista e Epidemiologista do Hospital do Trabalhador; Lineu Roberto da Silva – sanitarista da Secretaria de Saúde do Paraná e professor assistente do Departamento de Saúde Comunitária da UFPR