CARACTERIZAÇÃO DO DEPÓSITO DE COBRE COMPLEXO

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CARACTERIZAÇÃO DO DEPÓSITO DE COBRE COMPLEXO RIACHO SECO/BA
Siqueira, José Batista; Andrade, Rodrigo Roseno
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Av. Marechal Rondon s/n – 49100 000 - São Cristovão - SE, Brasil
e-mail: [email protected]
RESUMO
A área deste trabalho está inserida na porção central do Complexo Riacho Seco, pertencente
ao Terreno Pernambuco-Alagoas, porção sul da Província Borborema, no extremo nordeste
do estado da Bahia. Este trabalho caracteriza as rochas e mineralizações do Complexo Riacho
Seco, o qual consistiu em revisão bibliográfica e atividades de campo. Após estas etapas foi
feita a petrografia das amostras coletadas, possibilitando a identificação dos constituintes
mineralógicos e feições em microescala, bem como integração dos dados obtidos. As
principais litologias são representadas pelo Complexo Metamórfico Migmatítico que abrange
gnaisses migmatíticos, biotita gnaisses, gnaisses quartzíticos, e anfibolitos. Mármores
ocorrem geralmente como níveis subordinados às calcisilicáticas. A cianita está relacionada a
níveis com predominância de biotita, e sua percentagem também é bastante variável. Esses
biotititos possuem características diferentes daqueles associados às rochas básicas,
principalmente quanto à ausência de mineralizações e presença de granada e cianita. As
intercalações de rochas básicas-ultrabásicas, anfibolitizadas, são hospedeiras da mineralização
de cobre, e também as calcisilicáticas. As mineralizações de cobre apresentam-se como
sulfetos que são constituídos por calcopirita, bornita, pirita e calcocita na rocha sã. Na porção
afetada por enriquecimento supergênico, apresentam-se, como disseminações de malaquita e
crisocola. Essas rochas e as mineralizações nelas alojadas, foram metamorfizadas, em
corredores estruturais específicos ou armadilhas, que contribuíram para o enriquecimento.
Além disso, processos de enriquecimento supergênico responsabilizaram-se pelas
transformações das mineralizações sulfetadas, na zona de oxidação, e agora são representadas
por malaquita ± goethita ± óxidos de manganês.
Palavras-Chave: Complexo Riacho Seco, Mineralizações, Cobre.
INTRODUÇÃO
O complexo Riacho Seco é limitado parcialmente com o Complexo Cabrobó ao longo da zona
de cisalhamento contracional, ao sul do terreno Pernambuco-Alagoas (Figura 1). As rochas do
núcleo Riacho Seco são subdivididas em duas unidades: o complexo gnaisse-migmatítico,
incluindo rochas gnáissicas, migmatititos e remanescentes de unidades supracrustais. E o
complexo metassedimentar, representado por xisto e paragnaisse, com rochas subordinadas
como mármore, calciosilicáticas, e ultramáficas com idade Rb-Sr nos migmatitos de 2.9 Ga
(Mascarenhas & Garcia, 1989), e idade Sm-Nd com 3.1 Ga Angelim & Kosin (2001) aferida
para complexo gnaisse-migmatítico. Ambas as idades sugerem idade Arqueana para a geração
das rochas do complexo Riacho Seco.
O objetivo deste trabalho é caracterizar as rochas e mineralizações do Complexo Riacho Seco,
o qual consistiu em etapas, iniciando com revisão bibliográfica, atividades de campo, coleta
de amostras e análise macroscópica. Após estas etapas foi feita a petrografia das amostras
coletadas, possibilitando a identificação dos constituintes mineralógicos e feições em
microescala, e por fim a integração dos dados obtidos.
CONTEXTO GEOLÓGICO
A área deste estudo encontra-se inserida na porção central do Complexo Riacho Seco (Figura
1), especificamente em sua porção básica ultrabásica. As rochas apresentam trend geral NWSE (Figura 2), e mergulhos da ordem de 50 a 55° SW, a suborizontais 5 a 15°. As principais
litologias serão descritas a seguir.
Complexo Metamórfico Migmatítico
Abrange os gnaisses migmatíticos, os biotita gnaisse e gnaisses quartzíticos. Apresentando
ainda, como acessórios, titanita, magnetita, ilmenita, apatita e zircão.
Rochas Básicas
Ocorrem normalmente associadas às rochas calcissilicáticas e, eventualmente, a mármores,
constituindo corpos de várias dimensões. Essas rochas básicas foram classificadas, através de
análises petrográficas, como anfibolitos, compostos em proporções variáveis de hornblenda,
plagioclásio, diopsídio, quartzo e granada.
Rochas Calcissilicáticas
Seus contatos são concordantes e, às vezes, transacionais, apresentando o diopsídio e a
actinolita como os principais componentes, além de plagioclásio, epidoto, quartzo e
carbonato, que aparecem em percentagens muito variáveis. Como acessórios, aparecem,
geralmente, hornblenda, granada, titanita e apatita. Secundariamente, em alguns furos de
sonda, verificou-se a presença de sulfetos em rochas calcissilicáticas.
Figura 1. Domínios Tectônicos e estruturas da Província Borborema. Zonas de cisalhamento: Sobral-Pedro II
(SO), Senador Pompeu (SP), Orós-Aiuaba (OR), Portalegre (PO), São Vicente (SV), Piauí-João Câmara (JC),
Malta (MA), Serra do Caboclo (SC), Congo-Cruzeiro do Nordeste (CC), Serra da Jabitaca (SJ), Jatobá-Itaíba
(JI), Macururé-Riacho Seco (MR), Belo Monte-Jeremoabo (BJ), São Miguel do Aleixo (SA) e Itaporanga (IA);
Lineamentos: Patos (PA) e Pernambuco (PE); Nappes da Faixa Riacho do Pontal.
Bizzi et al., (2003).
Mármores
Essas rochas ocorrem geralmente como níveis subordinados às calcissilicáticas. Apresentam
coloração cinza-clara, esverdeada a rósea, com pontuações verde-escuras, granulação média,
estrutura levemente orientada a maciça e textura granolepidoblástica a granoblástica.
Biotita Gnaisse
São compostos principalmente, por feldspato e biotita. O quartzo aparece em proporções de
até 10%. A granada, com uma distribuição bastante irregular (desde ausente a níveis
enriquecidos), aparece geralmente em grãos grossos e bem formado. A cianita está
relacionada a níveis com predominância de biotita, e sua percentagem é também bastante
variável. Esses biotititos possuem características diferentes daqueles associados às rochas
básicas, principalmente quanto à ausência de mineralizações e presença de granada e cianita.
RESULTADOS
Os trabalhos de prospecção (geológica, geofísica e geoquímica), foram fundamentais para
definição e confirmação de ocorrências, bem como, para o entendimento e estruturação dos
corpos que constituem o depósito mineral do Complexo Riacho Seco. São corpos contínuos
nas áreas denominadas Fazenda Recurso, Lagoa do Massapê, Lagoa Escondida, Jacu, Fazenda
Cachoeira Norte e Fazenda Caraíba (Figura 2).
As mineralizações são representadas por sulfetos de cobre. Destacam-se pontuações de
calcocita às vezes associada à digenita ± bornita ± calcopirita. Pontuações isoladas de pirrotita
também estão presentes. Alguns cristais de bornita, calcocita/digenita e de calcopirita alteramse para covelita e/ou goethita, incluindo pseudomorfose total. Pontuações de esfalerita
associam-se à calcopirita e bornita. A rocha é cortada por fissuras/fraturas aleatórias
preenchidas por malaquita ± goethita ± óxidos de manganês microcristalinos ou por quartzo
fibroso (Fotomicrografia 1). Estruturas similares a drusas preenchidas por quartzo + malaquita
+ goethita ± sulfetos de cobre também são observadas. Uma massa irregular de malaquita
ocupa preferencialmente os espaços intergranulares da rocha. Essa massa bordeja ou é
bordejada por goethita. Minerais opacos constituem cristais subédricos a anédricos, finos,
dispersos pela rocha e também como produtos de exsolução dos minerais máficos
(Fotomicrografia 2).
CONSLUSÕES
Com base nas características do depósito verifica-se que as mineralizações evoluíram a partir
da cristalização de fases minerais sulfetadas relacionadas às frações de rochas máficas. Essas
rochas e as mineralizações nelas alojadas, foram submetidas a transformações metamórficas,
foram mobilizadas e depositadas em corredores estruturais específicos, que contribuíram para
o enriquecimento do depósito. Além disso, processos de enriquecimento supergênico se
responsabilizaram pelas transformações das mineralizações sulfetadas, na zona de oxidação
superficial, e agora são representadas em superfície por malaquita ± goethita ± óxidos de
manganês. Os dados obtidos revelaram o potencial do depósito, devido a sua ocorrência em
superfície, e continuação da mineralização sulfetada em subsuperfície.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Angelim, L. A. A.; Kosin, M. 2001. Aracaju/NW, Folha SC.24-V. Estados da Bahia,
Pernambuco e Piauí. Escala 1:500.000. Recife: CPRM. Programa Levantamentos Geológicos
Básicos do Brasil - PLGB.
Bizzi, L. A.; Schobbenhaus, C.; Gonçalves, J. H.; Baars, F. J.; Delgado, I. M.; Abram, M. B.;
Leão Neto, R.; Matos, G. M. M.; Santos, J. O. S. 2003. Geologia, tectônica e recursos
minerais do Brasil. Sistema de Informações Geográficas - SIG e Mapas na escala 1:250.000.
CPRM/SBG. Brasília.
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM. 2008. Projeto Riacho Seco.
Mascarenhas, J. F.; Garcia, T. W. 1989. Mapa geocronológico do Estado da Bahia. Escala
1:1.000.000. Texto explicativo. Salvador: Superintendência de Geologia e Recursos Minerais.
Figura 2. Mapa geológico de detalhe da área. Projeto Riacho Seco (CBPM, 2008)
1
2
Fotomicrografia 1. Calcopirita parcialmente substituída por goethita e localmente covelita
(seta). Luz refletida, nicóis paralelos, objetiva de 50x ocular de 10x
Fotomicrografia 2. Agregados de malaquita (M) associados à goethita. Luz transmitida, nicóis
paralelos, objetiva de 10x, ocular de 10x.
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