A Vermelho recebe de 27 de janeiro a 5 de

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A Vermelho recebe de 27 de janeiro a 5 de março Notações,
individual de Chiara Banfi.
Em Notações, Chiara Banfi mostra leituras visuais do som através do desuso de
instrumentos, partituras e outros equipamentos ligados à produção e reprodução de
música. A corporeidade do som permeia a pesquisa de Banfi desde o inicio de sua produção
em desenhos, colagens, pinturas e performances e, na individual que a artista apresenta
agora, o silêncio é a tônica da investigação.
Não se trata, no entanto, de um silêncio desprovido de sonoridade, mas de uma
investigação sobre vibrações e oscilações não percebidas pelo ouvido humano, seja por
questões relacionadas a diferentes frequências, ou por falta de atenção às pausas, tão
importantes quanto notas na composição musical.
Em Lin Melódica, de 2016, treze pedras fixadas em linha na parede são interligadas por
cabos RCA, que criam diferentes sequencias entre as peças, como em sintetizadores antigos
que utilizavam “patch cords” – os cabos que criavam diferentes conexões entre os módulos
de som.
Lin Melódica – 2016
O uso de cristais e pedras na obra de Chiara começou durante uma pesquisa entorno de
equipamentos de som. Investigando aparelhos toca-discos, Banfi descobriu que junto a
agulha que faz a leitura dos microssulcos do vinil havia um pedaço de quartzo. O cristal é um
equalizador natural e atua junto à agulha para uniformizar a leitura da musica gravada nos
discos. O material é hoje sintetizado industrialmente, já que é imprescindível em
equipamentos que dependem de ritmo e frequência, como os já citados toca-discos e
relógios de precisão, por exemplo.
Pauta – 2016
Pedras em geral tem em si a capacidade de transmitir vibrações e frequências. Na obra de
Chiara elas aparecem em diferentes articulações. Em Pauta, 2016, turmalinas naturalmente
incrustadas em cristais de quartzo e organizadas em cinco linhas, formam uma espécie de
partitura rítmica. Nas peças denominadas Confluência, pedras e rochas de diferentes origens
– e que nunca são encontradas próximas na natureza -, são conectadas pelo mesmo cabo
RCA de Lin Melódica, sugerindo combinações de diferentes sons.
Confluência 5 – 2015
Já em Semi-Breve, 2016, uma obvidiana, um tipo de vidro vulcânico, lapidada como um
retângulo cubico é encimada por uma linha horizontal traçada com carvão diretamente
sobre a parede. A imagem reproduz a figura rítmica (homônima) de maior duração usada
atualmente na notação musical padrão. A semi-breve deve ser lida como pausa por quem
interpreta uma partitura.
Semi-Breve – 2016
Sinais da mesma família são evidenciados em Pausa de Bach, 2016. Na instalação que ocupa
a sala principal da galeria, 12 livros com diferentes partituras de Bach tiveram suas notações
sublimadas quase que por completo pela a artista com tinta nanquim, deixando aparente
apenas os símbolos de pausa e silêncio. Johann Sebastian Bach criou uma escala musical
onde passou a haver uma regra lógica para a construção da frequência das notas que é
amplamente utilizada até hoje pela música ocidental, que se organiza em 12 semitons (ou
notas).
detalhe de Pausa de Bach – 2016
As partituras aparecem também na série Turmalinas Negras, 2015. Em diversos cadernos
pautados para estudos de música, Chiara incrustou pedras de Turmalina Negra em formatos
retangulares. A presença das Turmalinas remete ao grafismo das semi-breves e, como sua
organização aparentemente aleatória por sobre as páginas não parece apontar para uma
construção musical regida por notas, podemos ler sua presença como marcas de silêncio.
Esse silêncio, mais uma vez, é rítmico, dado a profusão com que o minério aparece sobre as
páginas dos cadernos.
Turmalinas Negras – 2015
Banfi apresenta, também, uma nova peça da série Desenho Sonoro, iniciada em 2011. Na
série, a artista desenha com cordas de baixo e guitarra na parede, de maneira que o
espectador possa “tocar” os desenhos como instrumentos. Na peça de 2016, no entanto,
não há instrumento: há apenas um pedal de efeito que promove distorções desprovidas de
um instrumento “mestre”, gerando um som indistinto, ruídos ou “rumores”. De modo
similar, as peças chamadas AMP, e as peças da série Mutantes, trazem o mesmo tipo de
raciocínio abstrato. Em AMP, 2015-2016, a artista trabalha a partir de quatro modelos de
amplificadores de linha da marca Marshall, mantendo apenas suas características estéticas:
acabamentos, cores e materiais, criando campos pictóricos abstratos, assim como em
Mutantes, aonde um baixo feito especialmente para Liminha, baixista da banda Mutantes e
produtor musical, é recriado de maneira sintética, preservando apenas características
plásticas inerentes ao instrumento. Os instrumentos criados por Cláudio César Dias Batista
eram, em grande parte, responsáveis pela originalidade sonora da banda. O instrumento é
aqui, no entanto, celebrado não por suas particularidades sonoras, mas por suas qualidades
estéticas.
Mutantes – 2015
Fender ’57 bandmaster - da série Amplificadores – 2015
Finalmente, nas obras da série Doze Estudos de Debussy, Banfi cobre e apaga notas de
partituras de Claude Debussy, criando uma nova construção com as composições,
modificando o uso das notações do compositor. Da mesma maneira, no vídeo Fita, 2016, um
rolo de fita de gravação despenca de um pedestal de percussão, gerando uma nova
sonoridade. É aquilo que é feito para registrar o som sendo usado para produzir música.
Partituras de Debussy – 2016
EXPOSIÇÂO: Chiara Banfi – Notações (salas 1, 2)
ABERTURA: 27 de janeiro às 20h
PERÍODO: 28 de janeiro a 05 de março de 2016
LOCAL: Vermelho / Rua Minas Gerais, 350 / 01244010 – São Paulo – SP – tel.: 11 3138 1520
WEB: www.galeriavermelho.com.br
Mais informações: [email protected]
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