uso de marcadores tumorais para diagnóstico e

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USO DE MARCADORES TUMORAIS PARA DIAGNÓSTICO E
ACOMPANHAMENTO DO TRATAMENTO DO CÂNCER
Gyzelly Gondim de Oliveira1; Cristiane Alves da Fonseca 2
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Graduanda do Curso de Farmácia, UnuCET Anápolis - UEG
2
Orientadora, docente do Curso de Farmácia, UnuCET Anápolis - UEG
Resumo
Sob a denominação “câncer” engloba-se um conjunto de doenças que apresentam um
crescimento e multiplicação celular desregulado. É considerada uma doença genética visto
que, pode ser transferida às células normais através dos genes tumorais (genes normais que
sofreram mutações). As mutações podem ser causadas por agentes físicos, químicos e
ambientais. As alterações sofridas nos proto-oncogenes, supressores tumorais e nos genes
responsáveis pelo sistema de reparo celular estão diretamente ligadas com o desencadeamento
da doença. Marcadores Tumorais são macromoléculas de caráter protéico presentes no tumor,
no sangue e em outros líquidos biológicos. Sabe-se que seu aparecimento ou o aumento de
sua concentração pode ser indicativo de gênese e crescimento de células neoplásicas. São
úteis no manejo clínico dos pacientes com câncer, auxiliam nos processos de diagnóstico,
estadiamento, avaliação da resposta terapêutica e detecção de recidivas. Considera-se
marcador ideal aquele produzido por todos os tumores da mesma linhagem, sendo possível
sua detecção em quantidades mínimas de células. Para este trabalho foi realizado um
levantamento bibliográfico utilizando as palavras-chaves: marcadores tumorais, marcadores e
diagnóstico de câncer, nos indexadores SCIELO e BIREME no período de 1999 a 2009. Visto
que o câncer é um problema de saúde pública fica evidente a necessidade de continuidade em
investimentos e desenvolvimento de ações abrangentes para o controle da doença, em todos
os níveis de atuação. Com essa pesquisa pretende-se ressaltar a importância da utilização dos
marcadores tumorais no manejo clinico de pacientes com câncer.
Palavras - chave: Câncer. Marcadores Tumorais. Diagnóstico
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Introdução
O Câncer engloba uma coleção de doenças nas quais os fatores crescimento e
divisão celular estão desregulados. As células dividem-se rapidamente acumulam-se umas
em cima das outras e formam tumores. Quando as células se soltam de um tumor e invadem
os tecidos vizinhos o tumor é considerado maligno. Quando as células não invadem os tecidos
vizinhos o tumor é benigno (SNUSTAD & SIMMONS, 2001).
O câncer é considerado uma doença genética, por estar associado a alterações em
genes específicos, mas na maioria dos casos não é uma doença hereditária. Na doença
hereditária o defeito genético está presente no cromossomo do pai ou da mãe sendo
transmitido para o filho. As alterações que levam a maioria dos cânceres surgem no DNA de
uma célula somática durante o período de vida do indivíduo acometido. Em conseqüência
dessas alterações genéticas, as células neoplasias proliferam de forma descontrolada e
invadem tecidos vizinhos (KARP, 2005).
Os Proto-oncogenes possuem a função de estimular o processo de divisão celular
enquanto os supressores inibem. São responsáveis pela proliferação controlada das células
Humanas e quando mutados, os Proto-oncogenes tornam-se oncogenes, que são
carcinogênicos e estimuladores de multiplicação celular excessiva. As mutações também
interferem na expressão dos genes supressores, perdendo sua função de reparo celular. Assim,
contribui ativamente no desenvolvimento da doença (RIVOERI et al., 2001).
Marcadores tumorais são componentes celulares, estruturais e bioquímicos, que
podem definir as alterações estruturais em células normais e nas associadas a transformação
maligna. Classificam-se em dois tipos: marcadores intermediários, que medem as alterações
celulares e moleculares antes do aparecimento da doença e marcadores de diagnóstico,
presentes em associação com a malignidade (CAPELOZZI, 2001).
Entre os principais marcadores tumorais estão: AFP (Alfafetoproteína), CA
125,CA 15.3, CA 19.9, CA 27.29, CA 50, Calcitonina, Catepsina D, CEA (Antígeno
Carcinoembriônico), C-erbB-2, PAP (Fosfatase Ácida Prostática), PSA (Antígeno prostático
específico), p53, NSE (Enolase Neurônio-Específico) MCA (antígeno mucóide associado ao
carcinoma), Telomerase e VEGF (Fator de Crescimento Endotélio Vascular) (ALMEIDA et
al., 2007).
Considera-se marcador ideal aquele produzido por todos os tumores da mesma
linhagem, sendo possível sua detecção em quantidades mínimas de células. Seus níveis devem
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refletir com precisão a evolução clínica e a recidiva da doença, sua taxa normalizada indica a
regressão e cura da doença. Deve ainda, ser específico, sensível, apresentar características
proporcionais ao tamanho tumoral, contribuir para a seleção do tratamento e ser útil no
estabelecimento do prognóstico. Porém, muitos biomarcadores conhecidos pecam pela falta
de especificidade e sensibilidade (REIS, 2005).
O presente estudo teve como objetivo analisar e discutir a importância dos marcadores
tumorais no tratamento e diagnóstico do câncer.
Material e Métodos
Para elaboração deste trabalho, foi realizada uma pesquisa sistemática dos estudos
publicados sobre a importância dos marcadores tumorais no diagnóstico e tratamento do
câncer, desde o ano de 1999 até setembro de 2009, período coberto pelo conjunto de bases de
dados disponíveis e livros da área médica que possuem o assunto abordado.
Incluiu na revisão estudos observacionais descritivos ou analíticos, sobre marcadores
tumorais, no diagnóstico precoce de câncer, no tratamento e a sua importância para a
oncologia. Foram utilizados como critérios de exclusão os artigos e dados com data anterior
ao ano de 1999.
Na busca dos artigos utilizou-se palavras chaves, como: marcadores tumorais,
marcadores e câncer, marcadores e diagnóstico de câncer, importância dos marcadores na
oncologia.
Resultados e Discussão
Com base na literatura 44 marcadores foram citados. Dentre esses, foram escolhidos
20 marcadores, realizou uma analise descritiva, onde destacou sua expressão em células
tumorais e sua aplicabilidade na prática clínica. O quadro 1 mostra alguns dos principais
marcadores descritos, sua indicação e principais aplicações na prática clínica.
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Marcador
Beta HCG
(Gonadotrofina
coriônica Humana)
Indicação mais
freqüente
Câncer
hepatocelular, de
células germinativas
tumores de células
germinativas
(testículo e ovário)
CA 15-3
Câncer de mama
CA 19-9
Carcinomas trato
digestivo Pâncreas
Trato Biliar
Câncer ovariano,
pulmão, mama e
endométrio
AFP
(Alfafetoproteía)
CA 125
Outras situações
Principal Aplicação
Cirrose e hepatites
Avaliação de
tratamento
Gravidez
Monitoramento e
prognóstico
Patologias hepáticas
benignas
Patologias benignas
de pulmão, fibrose
cística, pancreatites
Endometriose, cisto
ovarianos, cirrose
Seguimento de
câncer de mama
Alta especificidade
para carcinomas de
pâncreas e trato biliar
Triagem para câncer
ovariano, incluindo
indicação cirúrgica
Processo metastático
Catepsina D
Câncer de mama
_
CEA (Antígeno
carcino-embriônico)
Cirrose, doenças
hepáticas
CYFRA 21
Câncer colorretal
Trato Digestivo,
pulmão
Câncer de pulmão
K-ras
Câncer de pulmão
Galectina 3
Câncer de tireóide
Gene p53
Câncer de colorretal
_
Iniciação e
progressão tumoral
Gene RB
Retinoblastoma
Câncer de pulmão,
mama, e próstata
Iniciação e
progressão tumoral
NSE (Enolase
Neurônio
Específico)
NIS
Câncer de pulmão
Prognósticos e
monitoramento
Câncer de tireóide
Tumores renais,
enfisemas e
pneumonias
_
MMP-9
Câncer de mama
P16
Câncer de colo
Prognóstico,
avaliação de
tratamento
Asma, pneumonias e Recorrência de tumor
tuberculose
primário
_
Prognóstico,
estadiamento da
doença
Adenomas
Diagnóstico
foliculares
Prognóstico
Artrite, retinopatia
diabética e psoriase
_
Detecção de
metástase ou
recorrência
Prognóstico de
câncer de mama
Definir diagnóstico
4
PSA (Antígeno
prostático
especifico)
Câncer de próstata
hiperplasia benigna
de próstata
Triagem, diagnóstico
e seguimento de
câncer de próstata.
Tireoglobulina TG
Câncer de tireóide
_
VEGF
Câncer de pulmão
pequenas células
Adenomas, bócio
multinodular tóxico e
Doença de Graves
_
Prognóstico e
detecção
de metástases
Quadro 1- Principais marcadores tumorais utilizados na prática clínica
Fonte: Vaz et al. (2007) ; Almeida et al. (2007)
Conclusões
Este estudo possibilitou ressaltar a importância dos marcadores tumorais no manejo
clínico de pacientes com câncer, desde o auxílio no diagnóstico, estadiamento e avaliação da
resposta terapêutica.
A utilização dos marcadores tumorais no diagnóstico e acompanhamento do câncer é
um grande aliado na detecção precoce da doença e no seu controle, pois, através dos
marcadores é possível avaliar a eficácia dos tratamentos existentes e promover terapias menos
invasivas.
O conhecimento sobre os marcadores tumorais pelos profissionais de saúde,
sobretudo os farmacêuticos e farmacêuticos bioquímicos contribui significativamente para o
tratamento e controle da doença, seja pela atenção farmacêutica prestada aos portadores da
doença e por seus conhecimentos em analises clínicas.
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Referências Bibliográficas
ALMEIDA C. R.. J et al. Marcadores tumorais: Revisão de literatura. Revista Brasileira de
Cancerologia, v. 53, n. 3, pág. 305-316, 2007.
CAPELOZZI. V. L Entendendo o papel de marcadores biológicos no câncer de pulmão.
Jornal de Pneumologia, v. 27, n.6, pág. 321-328, 2001.
KARP, G. Biologia Celular e molecular conceitos e experimentos. Tradução de Maria
Dalva Cesário et al. Barueri: Manole, 2005.
REIS C. J. F. Rastreamento e diagnóstico de neoplasias de ovário-papel dos marcadores
tumorais. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 27, n.4, pág. 222-227, 2008.
RIVOIRE, W. A. et al. Bases moleculares da oncogenes cervical. Revista Brasileira de
Cancerologia, v.47, n. 2, pág. 179-184, 2001.
SNUSTAD D. P. & SIMMONS M. J. Fundamentos de Genética. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara. 2001.
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