Adaptações ao fator Água

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As primeiras plantas a colonizarem o meio terrestre eram morfologicamente simples, sem vasos
condutores e dependentes da água para a reprodução. Assim necessitavam de locais húmidos
para sobreviverem (ex. musgos). Com a transformação do clima na terra as plantas evoluíram,
passando a não depender da água para a reprodução mas sim do vento, desenvolvendo ovários
abertos para facilitar a polinização e produzindo sementes desprotegidas, dispostas em cones
ou estróbilos (gimnospérmicas).
Quando o clima da terra arrefeceu, surgiram as plantas que hoje dominam, completamente
independentes da água para a reprodução. Estas plantas possuem ovários fechados em flores
adaptadas ao agente polinizador, de forma a otimizar a reprodução. Nestas plantas as sementes
estão protegidas no interior de um fruto (angiospérmicas), existindo neste caso a adaptação ao
agente dispersor.
Gimnospérmica: significa em grego: gimnos “nu” e sperma “semente”, ou seja, plantas com
“semente nua” dado estas espécies não possuírem a semente protegida pelas paredes do
ovário, não se formando um verdadeiro fruto.
São plantas já independentes da água para reprodução: os grãos de pólen são transportados até
ao gametófito feminino através do vento (polinização anemófila). Na família Pineacea os
estróbilos femininos e masculinos estão separados espacialmente na mesma árvore (monóica)
de forma a impedir a auto fecundação. Assim o estróbilo feminino está no topo da árvore
enquanto o masculino está na base.
As folhas das gimnospérmicas são na maioria aciculares ou escamiformes (conferindo vantagem
em ambientes secos e frios), embora possam existir folhas largas nalguns grupos. São
geralmente árvores de folha perene e produzem estróbilos ou cones com sementes nuas a que
normalmente se chamam pinhas (excepto Ginkgo e Gnetophyta).
Estão distribuídas pelas divisões Ginkgophyta (Gynkgo biloba), Cycadophyta (famílias
Cycadaceae, Stangeriaceae e Zamiaceae); Pinophyta (famílias Pinaceae;
Araucariaceae; Podocarpaceae, Sciadopityaceae, Cephalotaxaceae, Taxaceae e
Cupressaceae) e Gnetophyta (géneros Gnetum, Ephedra e Welwitschia), por 65
géneros e 720 espécies.
Angiospérmica: significa em grego: angios “urna” e sperma “semente”, ou seja, plantas
cujas sementes estão protegidas por um fruto.
Grupo de plantas dominantes no nosso planeta há mais de 100 milhões de anos, por serem
as que melhor se adaptam ao ambiente onde vivem. A sua reprodução está
completamente independente da água, as suas flores permitem sucesso reprodutor e a
semente é protegida por um fruto. Cada família é caracterizada por uma morfologia floral
semelhante.
Estão distribuídas por 13678 géneros e 257400 espécies..
Segundo Darwin, numa população de indivíduos da mesma espécie existem variações sobre as
quais o meio ambiente (biótico e abiótico) vai exercer uma seleção natural, favorecendo os
indivíduos melhor adaptados a esse meio. Os indivíduos com as adaptações selecionadas têm a
oportunidade de se reproduzir passando essas características à descendência (Teoria da
Evolução das Espécies)
Desta forma, a relação entre o habitat de uma planta e as suas características/adaptações
específicas é de extrema importância para a sobrevivência da espécie.
Habitat: “Local ou meio apropriado para a vida normal de qualquer ser vivo”.
Um habitat é um local ou fração do meio, adequado para a vida de uma
comunidade biológica. As suas características estão relacionadas com um
conjunto de propriedades intrínsecas e extrínsecas que acabam por individualizar
cada habitat. Os habitats são influenciados pelas características climáticas de cada
região.
As Florestas Tropicais têm um clima quente e húmido e uma flora luxuriante,
sendo o ecossistema com maior biodiversidade. As Florestas Temperadas e de
coníferas são habitats onde se verificam variações climáticas constantes, estando as espécies a
isso adaptadas. Nos Desertos, devido à baixa precipitação e à consequente falta de água, as
plantas são altamente especializadas na sua captura subterrânea.
As Savanas são habitats caracterizados por espaços vastos e secos com zonas arbustivas e
árvores dispersas. A biodiversidade das Montanhas é influenciada pelo seu microclima devido
às elevadas altitudes. A Tundra, onde a biodiversidade é baixa, é comum nas regiões polares
onde a vegetação no Inverno se encontra coberta por gelo.
As plantas ocupam diferentes habitats, consoante as suas necessidades, e estão
dependentes de muitos fatores abióticos como a humidade, luz, temperatura, solo
e de fatores bióticos como as relações intra e interespecíficas num determinado ecossistema
(competição por espaço e nutrientes, simbioses, parasitismo, etc.)
Para sobreviverem, as plantas adaptam-se de diferentes modos:
1) Adaptações anti predadores (tricomas, acúleos, resinas, toxinas)
2) Adaptações à falta de espaço e a canópias densas
3) Adaptações a agentes de polinização e dispersão específicos
4) Adaptações a fatores abióticos (temperatura, luz, vento, humidade)
O sucesso das plantas depende de uma boa adaptação ao meio onde vivem.
Adaptação: “ Conjunto de modificações através das quais um ser se ajusta às condições do meio
ambiente.”
Essas modificações podem ser morfológicas ou fisiológicas e capacitam os seres vivos a
sobreviver num habitat, promovendo a colonização.
Adaptações ao fator Água:
Plantas Halófitas: plantas que colonizam pântanos salinos e estão adaptadas a reduzir a
perda de água ou fazer o seu armazenamento durante longos períodos de seca (xeromórficas)
suportam percentagens elevadas de salinidade (ex. mangais).
Plantas Mesófitas: plantas que vivem em solos bem drenados e estão adaptadas a variações das
condições ecológicas.
Plantas Hidrófitas: plantas que crescem totalmente ou parcialmente submersas em água.
As suas adaptações podem ser:
Estruturais: desenvolvimento de espaços intracelulares com ar (aerênquima) nos caules e
raízes que permitem a difusão do oxigénio da parte aérea da planta para as raízes. Esta modificação
permite que a planta flutue na água, possibilitando a captação e distribuição do oxigénio aos tecidos
radiculares (ex. Cyperus cyperus, Eicchornia crassipes). Podem também desenvolver raízes adventícias
que lhes permitem fazer trocas gasosas, acima do solo encharcado, por exemplo através da formação
de pneumatóforos (ex. Taxodium distichum)
Reprodutoras: a germinação das sementes acontece na presença de água
em abundância, evitando competição reprodutora. Algumas destas plantas têm a
capacidade de dormência no solo, ou mesmo de flutuar. Outras têm a capacidade de florescer
antes da ocorrência de inundações.
Plantas Xerófitas: plantas que crescem em zonas onde o fator água é limitante e não está
facilmente disponível. Estas plantas, para impedir o emurchecimento, desenvolvem
diferentes tipos de adaptações. Podem evitar o período xérico, permanecendo na forma de
semente e limitando assim o seu período de vida ativa à época das chuvas; desenvolvem
estruturas de reserva no solo (bolbos, rizomas ou tubérculos) ou alteram a forma das suas
folhas, tornando-as suculentas ou reduzidas a espinhos.
Existem assim, diferentes tipos de Xerófitas:
Plantas
Xerófitas
Sensíveis à seca
Evitam períodos de seca
(Plantas anuais/efémeras,
decíduas de verão)
Resistentes à
seca
Evitam dissecação
(árido-ativos)
Toleram dissecação
(árido-tolerantes)
Eficiente na captura
e condução da água
(Raízes longas)
Espécies
poikilohídricas
(estados dormentes
durante as secas)
Reservatórios de água:
Caules e folhas suculentas
(Euphorbia sp., Aloe sp., Draco sp.)
Folhas reduzidas a espinhos
Fotossíntese realizada pelos caules
(Cactos, Euphorbia sp.)
Adaptações ao fator Temperatura
Algumas plantas são anuais, outras perdem as folhas para conseguirem sobreviver a
condições adversas. No Outono muitas árvores ficam com as folhas amarelas ou
encarniçadas, antes de as perderem. Este fenómeno deve-se à degradação da clorofila das
folhas, responsável pela cor verde, tornando-se outros pigmentos mais visíveis, como os
carotenoides ( responsáveis pela cor amarela) e a antocianina (de que resulta a cor vermelha)
para os tecidos permanentes da planta.
As árvores de folha caduca perdem as suas folhas principalmente por dois motivos:
• Evitar a acumulação de gelo
• Diminuir os gastos de energia com a manutenção de folhas,
quando a taxa de fotossíntese é reduzida.
As plantas mediterrânicas estão adaptadas ao calor no Verão: as folhas são
pequenas para que a área de exposição solar seja menor e assim evitar a perda de água por
transpiração. Para além disso são normalmente dotadas de tricomas na página inferior das
folhas que servem como rede de captação das gotas de água, que eventualmente, são libertas.
Outras plantas têm “folhas tremedeiras”, ou seja oscilam com o vento para diminuir
a temperatura.
Adaptações ao fator Solo/Espaço/Vento
Adaptações das plantas carnívoras: vivem em solos pobres em nutrientes
(especialmente azoto) e estão adaptadas para obter estes nutrientes a partir de
insetos. Estas plantas possuem adaptações para atrair os insetos, levando-os a entrar
nas suas armadilhas (folhas modificadas). A planta produz enzimas digestivos que
degradam o inseto, preso nas armadilhas.
As famílias Sarraceniaceae, Nepenthaceae, Droseraceae e Lentibulariaceae incluem
as espécies mais conhecidas (ex. Drosera sp.;Pinguicula sp.;Sarracenia sp.; Utricularia
sp.; Dionaea muscipula; Heliamphora sp.; Cephalotus follicularis).
Estas plantas são nativas da faixa tropical, ocorrendo no Sudeste Asiático, América e
Austrália, do sul da Europa e África.
Adaptações de espécies tropicais: algumas plantas tropicais têm adaptações para responder à
competição pela luz. Germinam sobre outras árvores e desenvolvem raízes adventícias de forma a
absorverem matéria orgânica em decomposição, disponível à superfície do tronco. A estas plantas
chamam-se epífitas. Estas espécies não absorvem matéria orgânica diretamente da árvore sobre a
qual crescem, não havendo assim uma relação direta de parasitismo, embora possa existir alguma
discussão sobre o assunto uma vez que a nova planta pode acabar por estrangular a primeira,
conquistando espaço na densa floresta (ex. Ficus macrophylla).
Outras espécies tropicais têm um tronco extremamente flexível que lhes permite sobreviver a
tornados e furacões, sem quebrar (ex. as palmeiras não possuem crescimento secundário
formando espiques flexíveis).
Biodiversidade
Conceito que engloba a variedade de seres vivos, incluindo a sua relação com o ecossistema
em que estão inseridos e a variabilidade intraespecífica.
Causas da Perda de Biodiversidade:
Diz-se que uma espécie está ameaçada quando existe um decréscimo nas suas
populações ao longo do tempo, o qual pode culminar na sua extinção. Chama-se estatuto de
conservação ao indicador da probabilidade de uma espécie continuar a existir no futuro,
sendo a classificação desenvolvida pela IUCN (União Internacional para a Conservação da
Natureza), a mais utilizada. Segundo esta classificação o estatuto de conservação
das espécies vai desde o “pouco preocupante” (LC) ao “extinto” (E).
O declínio das espécies deve-se a um conjunto de fatores naturais e antropogénicos
que causam modificações profundas nos ecossistemas direta ou indiretamente, as
chamadas ameaças à biodiversidade:
Destruição do Habitat
(desflorestação e fragmentação)
Introdução de espécies invasoras
(espécies exóticas num determinado habitat)
Poluição
(emissão de gases poluentes para atmosfera; contaminação dos habitats)
Alterações Climáticas
(modificação do clima)
Comércio Ilegal
(comércio de espécies extraídas ao seu habitat natural)
Sobre-exploração de recursos
(exploração não sustentável dos recursos)
De forma a mitigar as causas da crescente perda de biodiversidade deve-se promover a
implementação de atitudes e comportamentos ecológicos no dia-a-dia, no sentido da
sustentabilidade: a redução, reutilização e reciclagem dos nossos resíduos, a poupança de água
e energia, o aumento da utilização de energias renováveis, a diminuição da emissão de gases
poluentes para a atmosfera, a diminuição do consumo e promoção do comércio justo, a
consciencialização para a importância de considerar as variáveis ambientais nas
opções políticas, incluindo a preservação das espécies autóctones, etc.
Exemplos:
Acacia dealbata (Mimosa):
Os primeiros relatos da introdução em Portugal desta acácia datam de 1939, seguindo-se a
dispersão por todo o país. O objetivo inicial de utilização foi ornamental e para combate à
erosão do solo.
Hoje, esta espécie representa 0.6% da área florestal Portuguesa (18500ha) encontrando-se
distribuída na unidade biogeográfica do Litoral norte e centro. Em Portugal a Acacia dealbata é
considerada uma das mais agressivas espécies invasoras em ecossistemas terrestres.
Eichhornia crassipes (Jacinto de água):
Planta aquática, muito comum em águas paradas. Reproduz-se facilmente tanto por semente
como vegetativamente, por rizomas ou pequenos fragmentos. Cresce rapidamente, formando
tapetes que podem cobrir totalmente a superfície da água. Reduz a qualidade da água, a
biodiversidade, a luz disponível e o fluxo de água , aumenta a eutrofização.
Outras espécies invasoras:
Arundo donax L. ; Carpobrotus edulis (L.); Ipomoea acuminata (Vahl.); Myriophyllum aquaticum
Oxalis pes-caprae L.; Opuntia ficus-indica (L.) Miller
Curiosidades
70% da biodiversidade conhecida provém das florestas
A desflorestação provoca cerca de 15% das emissões
globais de CO2
1.6 biliões de pessoas dependem das florestas
A desflorestação da floresta tropical acontece a uma taxa de
15 milhões ha/ano
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