ENADE Comentado 2008: Geografia

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ENADE COMENTADO 2008
Geografia
Chanceler
Dom Dadeus Grings
Reitor
Joaquim Clotet
Vice-Reitor
Evilázio Teixeira
Conselho Editorial
Ana Maria Lisboa de Mello
Bettina Steren dos Santos
Eduardo Campos Pellanda
Elaine Turk Faria
Érico João Hammes
Gilberto Keller de Andrade
Helenita Rosa Franco
Ir. Armando Bortolini
Jane Rita Caetano da Silveira
Jorge Luis Nicolas Audy – Presidente
Jurandir Malerba
Lauro Kopper Filho
Luciano Klöckner
Marília Costa Morosini
Nuncia Maria S. de Constantino
Renato Tetelbom Stein
Ruth Maria Chittó Gauer
EDIPUCRS
Jerônimo Carlos Santos Braga – Diretor
Jorge Campos da Costa – Editor-Chefe
Ana Regina de Moraes Soster
Teresinha Maria Furlanetto Marques
(Organizadoras)
ENADE COMENTADO 2008
Geografia
Porto Alegre
2011
© EDIPUCRS, 2011
CAPA Rodrigo Valls
REVISÃO TEXTUAL Patrícia Aragão
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Gabriela Viale Pereira
Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico.
Questões retiradas da prova do ENADE 2008 da Geografia.
EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33
Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900
Porto Alegre – RS – Brasil
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
E56
ENADE comentado 2008 [recurso eletrônico] : geografia /
Ana Regina de Moraes Soster, Teresinha Maria
Furlanetto Marques (Organizadoras). – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2011.
94 p.
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader
Modo de Acesso: <http://www.pucrs.br/edipucrs>
ISBN 978-85-397-0118-6 (on-line)
1. Ensino Superior – Brasil – Avaliação. 2. Exame
Nacional de Cursos (Educação). 3. Geografia – Ensino
Superior. I. Soster, Ana Regina de Moraes. II. Marques,
Teresinha Maria Furlanetto.
CDD 378.81
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos,
microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de
qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua
editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com
busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos direitos Autorais).
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 7
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
COMPONENTE ESPECÍFICO − QUESTÕES OBJETIVAS
QUESTÃO 11 ........................................................................................................... 10
Antônio Carlos Castrogiovanni
QUESTÃO 12 ........................................................................................................... 12
Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 13 ........................................................................................................... 14
Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 14 ........................................................................................................... 17
Roberto Heemann
QUESTÃO 15 ........................................................................................................... 21
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 16 ........................................................................................................... 24
Roberto Heemann
QUESTÃO 17 ........................................................................................................... 26
João Marcelo Ketzer
QUESTÃO 18 ........................................................................................................... 29
Roselane Zordan Costella
QUESTÃO 19 ........................................................................................................... 32
Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 20 ........................................................................................................... 35
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Furlanetto Marques
QUESTÃO 21 ........................................................................................................... 37
Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 22 ........................................................................................................... 40
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 23 ........................................................................................................... 42
Ana Regina de Moraes Soster
QUESTÃO 24 ........................................................................................................... 44
Ana Regina de Moraes Soster
QUESTÃO 25 ........................................................................................................... 47
Ana Regina de Moraes Soster
QUESTÃO 26 ........................................................................................................... 51
Ana Regina de Moraes Soster
QUESTÃO 27 ........................................................................................................... 55
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 28 ........................................................................................................... 57
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 29 ........................................................................................................... 59
Roberto Heemann
QUESTÃO 30 ........................................................................................................... 62
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 31 ........................................................................................................... 64
Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 32 ........................................................................................................... 67
Teresinha Maria Furlanetto Marques
QUESTÃO 33 ........................................................................................................... 70
Antônio Carlos Castrogiovanni
QUESTÃO 34 ........................................................................................................... 72
Regis Alexandre Lahm
QUESTÃO 35 ........................................................................................................... 75
Regis Alexandre Lahm
QUESTÃO 36 ........................................................................................................... 79
Regis Alexandre Lahm e Roselane Zordan Costella
QUESTÃO 37 ........................................................................................................... 82
Antônio Carlos Castrogiovanni
COMPONENTE ESPECÍFICO − QUESTÕES DISCURSIVAS
QUESTÃO 38 – DISCURSIVA ................................................................................. 86
Roselane Zordan Costella
QUESTÃO 39 – DISCURSIVA ................................................................................. 88
Antônio Carlos Castrogiovanni
QUESTÃO 40 – DISCURSIVA ................................................................................. 91
João Marcelo Ketzer
LISTA DE CONTRIBUINTES ................................................................................... 93
APRESENTAÇÃO
O ENADE comentado de 2008 da prova específica de Geografia é uma
realização dos professores do Curso de Geografia, da Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Este
trabalho teve como objetivo contribuir para a análise crítica desta prova. Os
professores, ao resolverem as questões, seguiram o seguinte padrão:
Tipo de Questão
Gabarito
Autor
Comentários: Identificação dos conteúdos implicados na questão;
referência a competências/habilidades envolvidas; justificativa para a
alternativa correta; justificativa das razões para inadequação das
demais alternativas; considerações sobre a pertinência dos conteúdos
envolvidos na questão, da realidade acadêmica e profissional do
estudante.
Referências Bibliográficas
Esta prova foi constituída de 30 questões de diversos tipos, tais como:
asserção e razão, escolha simples, escolha combinada de resposta simples,
questões dissertativas, além da análise de gráficos, gravuras, mapas e imagens. De
um modo geral, as questões articularam mais de uma área do conhecimento
geográfico, exigindo do aluno a competência leitora, a competência lógicomatemática, habilidades para estabelecer relações com as questões do cotidiano,
clareza a respeito das problemáticas presentes no mundo em geral e no Brasil, em
particular, análise, interpretação e resolução de problemas, incluindo-se a
localização espacial.
É relevante destacar que algumas questões apresentaram enunciados pouco
claros, induzindo ao erro.
Ao final de cada questão disponibilizou-se uma referência bibliográfica
referente ao conteúdo trabalhado.
ENADE Comentado 2008: Geografia
7
Os professores esperam que este trabalho auxilie os alunos que irão realizar
a prova do ENADE 2011, contribuindo para uma reflexão dos conhecimentos
construídos durante o curso.
Bom trabalho!
Ana Regina de Moraes Soster
Teresinha Maria Furlanetto Marques
8
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
COMPONENTE ESPECÍFICO
QUESTÕES OBJETIVAS
QUESTÃO 11
Em 1994, Manuel Correa de Andrade escreveu acerca do processo de globalização: “o
contexto da universalidade dos problemas e da mobilidade das transformações forçará
o geógrafo a pensar com mais rapidez e dinamismo; a procurar adaptar e readaptar o
seu pensamento e a sua reflexão cada vez que houver um desafio; a repensar a sua
formação filosófica, epistemológica e ideológica e procurar atuar de forma menos
corporativa, mais interdisciplinar.” Não corrobora com esse pensamento a ideia de que
(A)
a geografia não poderá realizar sua tarefa somente com descrições, mas terá
de realizar um esforço de comparações e de generalizações que lhe permita
concluir a respeito da globalização.
(B)
a geografia manterá o status de ciência interdisciplinar caso adote, na análise
ambiental, uma abordagem geossistêmica.
(C) a geografia dos naturalistas e funcionalistas deverá passar por uma
modernização inegável, tornando-se mais preparada para interpretar a
complexidade do espaço geográfico.
(D) a geografia da racionalidade científica dominará o cenário das pesquisas,
subvertendo a noção expressa pela relação homem-meio da geografia tradicional.
(E)
o estudo da geografia deverá optar pela compreensão da complexidade do
espaço a fim de equilibrar dialeticamente a especialização com a generalidade.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (D)
Autor: Antônio Carlos Castrogiovanni
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
- Epistemologia da Geografia
- História do pensamento geográfico
- Metodologia
Referência a competências/habilidades envolvidas:
Compreender questões epistemológicas da geografia e da história do
pensamento geográfico, a fim de relacioná-las em seu momento histórico, suas
metodologias e suas proposições.
10
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Justificativa para a alternativa D ser a correta:
A questão requer a alternativa que não está de acordo com a proposta da
citação, nesse caso é a alternativa D, pois esta remete a um momento do
pensamento geográfico anterior à proposta feita por Manuel Correa de Andrade.
Justificativa das razões para inadequação das demais alternativas:
As outras quatro alternativas estão incorretas, pois todas dissertam sobre
tendências do pensamento geográfico relacionadas com a ideia que Manuel Correa
de Andrade propõe nesse trecho.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
Questão de importância vital para profissionais da Geografia, pois exige que o
avaliado possua um conhecimento epistemológico da sua ciência e seus métodos.
Além disso, demanda que seja compreendida a história do pensamento geográfico. É
imprescindível que acadêmicos e profissionais da área possuam um conhecimento
epistemológico de sua ciência para que compreendam as funções a serem exercidas.
Referências
CASTRO, Iná Elias de & outros. Explorações geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1998.
MENDONÇA, Francisco; KOZEL, Salete (Org.). Elementos de epistemologia da
geografia contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR, 2002.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo:
Hucitec, 1999.
ENADE Comentado 2008: Geografia
11
QUESTÃO 12
Entre os conceitos-chave da ciência geográfica, figura o de região, que, marcado por
diferentes acepções conforme a época ou a corrente do pensamento geográfico,
frequentemente, ocupa lugar central nos debates acadêmicos. Acerca desse
conceito, assinale a opção correta.
(A)
Conceitualmente, região natural, neste século XXI, ainda constitui, do ponto de
vista espacial, referência-chave para explicar diferenças no processo de
desenvolvimento socioeconômico.
(B)
Nos anos 50 do século passado, prevalecia a ideia de que região
corresponderia à área de ocorrência de uma mesma paisagem cultural,
caracterizada, portanto, como região-paisagem, ou landscape.
(C) Conceitualmente, o termo região tem sido empregado para designar uma
classe de área que apresenta grande uniformidade interna e grande diferença
em relação ao seu entorno.
(D) Após a década de 80 do século XX, no âmbito da geografia cultural, região
passou a ser entendida como organização do processo social vinculada ao
modo de produção capitalista.
(E)
Conceitualmente, do ponto de vista da geografia crítica, a região assumiu o
caráter de conjunto específico de relações culturais no qual a apropriação
simbólica do espaço geográfico é determinada pelo grupo social.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (C)
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
O conteúdo avaliado nesta questão é trabalhado na disciplina de Geografia
Regional e refere-se ao tema-chave para a ciência geográfica, que é o conceito de
região e seu significado. Além disso, também considera a utilização do conceito
como critério para a regionalização de áreas.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A questão exige do candidato a competência leitora e a habilidade de analisar
as proposições apresentadas nas opções, relacionando-as com as diferentes
12
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
escolas de pensamento geográfico, que se sucederam ao longo do tempo, desde o
século XIX. Cada escola de pensamento geográfico apresenta um conceito
particular de região e diferentes formas de regionalização do espaço.
Justificativa para a alternativa C ser a correta:
A pista para a escolha da opção correta encontra-se nas caracterizações de
região, nas cinco alternativas. A resposta certa é o conceito de região baseado na
geografia quantitativa, teorética ou nova geografia. Fundamentada no positivismo
lógico. Segundo Correa (1986) a região é definida como um conjunto de lugares em
que as diferenças internas entre esses lugares são menores do que as existentes
entre eles e qualquer elemento de outro conjunto de lugares.
São as técnicas matemáticas e estatísticas que possibilitam obter as
diferenças e as semelhanças entre os lugares. Essa forma de individualizar regiões
aboliu toda ideia de processo, de gênese, de origem.
Definir regiões passa a ser um problema de aplicação eficiente da estatística.
São, pois, os propósitos do pesquisador que norteiam os critérios a serem
selecionados para a divisão regional (LENCIONI, 2003).
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
Questão relevante para profissionais da Geografia, pois exige que o avaliado
possua um conhecimento epistemológico da sua ciência e seus métodos. É
imprescindível que o futuro profissional tenha o domínio do conceito de região e das
matrizes do pensamento que sustentam suas diferenciações.
Referências
CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César; CORRÊA, Roberto Lobato. BRASIL:
Questões atuais do território. São Paulo: Bertrand-Brasil, 1996.
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização espacial. São Paulo: Ática, 1986.
LENCIONI, Sandra. Região e Geografia. São Paulo: Edusp, 2003.
ENADE Comentado 2008: Geografia
13
QUESTÃO 13
“Não pensamos que a região haja desaparecido. O que esmaeceu foi a nossa
capacidade de reinterpretar e de reconhecer o espaço em suas divisões e recortes
atuais, desafiando-nos a exercer plenamente aquela tarefa permanente dos
intelectuais, isto é, a atualização dos conceitos”, dizia Milton Santos em 1994.
Em 1999, o geógrafo afirmava: “a região continua a existir, mas com um nível
de complexidade jamais visto pelo homem. Agora, nenhum subespaço do planeta
pode escapar ao processo conjunto de globalização e fragmentação, isto é, de
individualização e regionalização”.
Se existe hoje um resgate ou uma continuidade teoricamente consistente para
os estudos regionais e os métodos de regionalização, ele deve pautar-se em uma
reconstrução do conceito de região a partir de suas articulações com os processos
de globalização. Cabe-nos, portanto, à guisa de conclusão, corroborar plenamente o
pensamento de Milton Santos: devemos empreender uma atualização do conceito
de região levando em consideração alguns aspectos.
HAESBAERT. In: GEOgraphia, ano I, n. 1, 1999, p. 32 (com adaptações).
Com base nas ideias apresentadas no texto acima, é correto afirmar que os
aspectos a serem observados na atualização do conceito de região incluem
I
o grau de complexidade muito maior na definição dos recortes regionais,
atravessados por diversos agentes sociais que atuam em múltiplas escalas;
II
a interação entre os elementos da natureza e os recortes espaciais definidores
de ambientes uniformes;
III
a mutabilidade muito mais intensa, que altera mais rapidamente a coerência ou
a coesão regional;
IV
a inserção da região em processos concomitantes de globalização e fragmentação.
Estão certos apenas os itens
(A)
I e II.
(B)
I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.
(E)
I, III e IV.
14
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta.
Gabarito: alternativa (E)
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
O conteúdo avaliado nesta questão é trabalhado na disciplina de Geografia
Regional e que tem como objetivo estudar a evolução do conceito de região e a sua
aplicação em estudos regionais. É tema-chave para a ciência geográfica; além
disso, o texto e as afirmativas consideram a evolução do conceito regional e a
inserção desse conceito no sistema capitalista, que inclui ao mesmo tempo os
processos de globalização e a fragmentação das regiões.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A questão exige do candidato a competência leitora e a habilidade de analisar
o texto e o estabelecimento de relações com as afirmativas. A proposição conduz o
acadêmico em busca da resposta correta.
Justificativa para a alternativa E ser a correta:
A pista para a escolha da opção correta encontra-se no texto de Rogério
Haesbaert e nas quatro afirmativas sobre a evolução do conceito de região, ao
longo do tempo.
O conteúdo desta questão é trabalhado na disciplina de Geografia Regional,
que tem como objetivo trabalhar a evolução do conceito de região e a sua aplicação
em estudos regionais.
O estudo do conceito de região é pertinente não só para os alunos da
Academia como também para as escolas de ensino médio, pois os Parâmetros
Curriculares Nacionais identificam a necessidade de dar atenção à discussão
conceitual e explicam os conceitos como sendo
... a representação das características gerais de cada objeto pelo
pensamento. Conceituar significa a ação de formular uma ideia que
permita, por meio de palavras, estabelecer uma definição, uma
caracterização do objeto a ser conceituado. Tal condição implica
reconhecer que um conceito não é real em si, e sim uma representação
desse real, construída por meio do intelecto humano (PCN, 1999).
ENADE Comentado 2008: Geografia
15
O desenvolvimento e a aceleração do processo de globalização dão a impressão
de que o mundo caminha cada vez mais para uma economia unificada, uma dinâmica
cultural hegemônica, uma sociedade que só poderá ser compreendida como um
processo de reprodução social global. Gomes (1995) comenta que alguns autores
chegam a anunciar o fim das regiões devido à homogeneização dos espaços e à
uniformização dos processos sociais. No entanto, o geógrafo Milton Santos destaca a
universalidade do fenômeno da região afirmando que “nenhum subespaço do planeta
pode escapar ao processo conjunto de globalização e fragmentação, isto é,
individualização e regionalização” (1988, p. 64-65). As regiões são entendidas como o
suporte e a condição das relações globais, sem os quais estas não se realizam.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
Como referido na questão 12 que também aborda temas da Geografia
Regional, a questão é relevante para profissionais da Geografia, pois exige que o
avaliado possua um conhecimento epistemológico da sua ciência e seus métodos. É
imprescindível que o futuro profissional tenha o domínio do conceito de região e das
matrizes do pensamento que sustentam suas diferenciações.
Referências:
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares
Nacionais/Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1999.
GOMES, Paulo César da Costa. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO,
Iná Elias; ______; CORREA, Roberto Lobato. Geografia: conceitos e temas. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
LISBOA, Sarah S. A importância dos conceitos de Geografia para aprendizagem
dos conteúdos escolares. Revista Ponto de Vista, Viçosa, v. 4.
SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: HUCITEC, 1988.
16
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 14
Com uma área de 6.000 km2, o município X apresenta inúmeras nascentes, que
originam rios cristalinos, constituindo um grande potencial hídrico da região. A
degradação dos ecossistemas onde estão essas nascentes seguramente causará a
diminuição do volume de água do rio Y, que corta a cidade.
Com base nessas informações, na análise do balanço hídrico do município X
(gráfico I), considerada a média de 30 anos, bem como na variação temporal dos
totais de precipitação pluvial, ao longo de seis anos, no município X, e na variação
temporal da vazão do rio Y durante os mesmos seis anos (ambas no gráfico II),
julgue os itens seguintes.
I
O período seco, no município X, diminui sensivelmente o aporte de água do rio
Y, o que exige maior controle não só na distribuição como também na
fiscalização dos poços artesianos, cuja proliferação poderá causar grandes
danos ao abastecimento em geral, visto que, a cada perfuração realizada,
diminui a pressão subterrânea que regula o fluxo da água nas nascentes.
II
No gráfico II pode-se observar que o potencial hídrico do rio Y acompanha a
sazonalidade das chuvas e apresenta o limite de consumo de suas águas para
abastecimento humano, comércio, agricultura e outros usos. O limite inferior
expressa o ponto crítico de controle da demanda para se evitar colapso no
sistema de abastecimento.
III
O potencial hidrológico do município X, ao longo do ano, apresenta-se uniforme;
portanto, a disponibilidade de água para os diversos usos humanos é garantida
mesmo com as intervenções humanas na região.
IV
O comportamento da precipitação pluvial determina a curva de vazão do rio
Y, com um pequeno deslocamento no tempo, devido à dinâmica de
infiltração das águas superficiais no solo até serem incorporadas ao curso
d’água, como demonstrado no gráfico II.
V
A variabilidade temporal da precipitação pluvial no município X, representada
no gráfico II, pode ser considerada baixa, característica identificável no
balanço hídrico, mostrado no gráfico I.
ENADE Comentado 2008: Geografia
17
Estão certos apenas os itens
(A)
I e II.
(B)
III e IV.
(C) I, II e IV.
(D) II, III e V.
(E)
III, IV e V.
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta
Gabarito: alternativa (C)
Autor: Roberto Heemann
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Águas superficiais (nascentes, precipitação pluvial e balanço hídrico), águas
subterrâneas (taxas de infiltração, zonas de recarga e área de influencia da bacia) e
hidrogeologia. Avaliação integrada do contexto hidrológico 3D (sistema superficial e
aquífero) e 4D (fator tempo – períodos secos e sazonalidade das chuvas).
Referência a competências/habilidades envolvidas:
Competência lógico-matemática e relacional para análise e interpretação de
representações gráficas associadas a modelos de precipitação e cursos d’água.
Justificativa para a alternativa C ser a correta:
O item I faz referência à relação entre o período seco (município X) e a redução
do aporte de água do rio Y, fato confirmado pela análise dos gráficos I e II. Com relação
à segunda parte da afirmativa, “... o que exige maior controle não só na distribuição
como também na fiscalização dos poços artesianos, cuja proliferação poderá causar
grandes danos ao abastecimento em geral, visto que, a cada perfuração realizada,
diminui a pressão subterrânea que regula o fluxo da água nas nascentes.”, ela também
é verdadeira, porém é importante ressaltar que em qualquer cenário, época e contexto
hidrogeológico o controle e a fiscalização de poços são fundamentais.
O item II está correto porque, por meio da interpretação dos gráficos I e II, se
confirma que o potencial hídrico do rio Y acompanha a sazonalidade das chuvas e
apresenta o limite de consumo de suas águas. O limite inferior (período de maio a
18
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
setembro) expressa o ponto crítico de controle da demanda para se evitar uma
potencial situação de colapso no sistema de abastecimento.
O item IV é verdadeiro, pois, por meio da interpretação do gráfico II, o
comportamento da precipitação pluvial está relacionado com a curva de vazão do rio
Y, com um pequeno deslocamento no tempo, devido à dinâmica de infiltração das
águas superficiais no solo (e nos demais horizontes e substrato rochoso) até serem
incorporadas ao curso d’água.
Justificativa das razões para inadequação das demais alternativas:
O item III não é correto, pois o potencial hidrológico do município X, ao longo
do ano, não é uniforme; portanto, a disponibilidade de água para os diversos usos
humanos depende das taxas de precipitação, vazões, balanço hídrico e do
monitoramento e da fiscalização (entre outros fatores), considerando-se os limites da
bacia hidrográfica em questão.
O item V não é verdadeiro, pois a variabilidade temporal da precipitação
pluvial no município X (gráfico II) não é baixa, variando até valores >350 mm.
Também é importante apontar que o balanço hídrico considera a variação do volume
de água que entra (fluxos positivos – precipitação) e a saída de água (fluxos
negativos – evaporação e descarga) de uma determinada área durante um intervalo
de tempo específico, representando a variação no armazenamento.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
A referida questão aborda tópicos fundamentais relacionados ao ensino
acadêmico aplicado a questões práticas, as quais farão parte da rotina dos futuros
profissionais no mercado de trabalho. A análise temporal de bancos de dados
hidrológicos e sua respectiva visualização e interpretação são tarefas frequentes
executadas em autarquias administrativas, de fiscalização e planejamento. A aplicação
dos conceitos de balanço hídrico e bacia hidrográfica são fundamentais para o
estudante elaborar relações entre o meio físico e as interações urbanas e rurais de
consumo, demanda e preservação ambiental.
ENADE Comentado 2008: Geografia
19
Referências:
PINTO, N.S., MARTINS, J.A.; HOLTZ, A.C.T. Hidrologia de superfície. São Paulo:
Edgar Blucher, 1973.
TUCCI, C.E.M. (Org.). Hidrologia – Ciência e Aplicação. São Paulo: EDUSP, 1993.
TUCCI, C.E.M.; HESPANHOL, I.; CORDEIRO NETO, O.M. Gestão de água no
Brasil. Brasília: UNESCO, 2001.
VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGrawHill do
Brasil, 1975.
20
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 15
Ao informatizar os dados referentes a internações e atendimentos
ambulatoriais em sua rede hospitalar a partir do ano 2000, a secretaria de saúde de
uma cidade observou aumento gradativo no número de atendimentos a pacientes
com doenças respiratórias no período de outono-inverno, tendo verificado, ainda,
que os mais afetados eram crianças e idosos. A fim de melhor compreender o
fenômeno e traçar políticas públicas de combate às patologias do aparelho
respiratório, o governo local optou por contratar um geógrafo para analisar as
causas ambientais do problema. Em sua análise, o profissional precisará lidar com
uma série de variáveis interligadas.
Em face da situação apresentada, o procedimento mais completo a ser adotado pelo
geógrafo é
(A)
Utilizar dados referentes aos totais mensais de atendimentos a pacientes com
doenças respiratórias, separados por tipo de patologia, local de residência e
faixa etária dos pacientes; dados diários sobre material particulado, fumaça e
ozônio em suspensão no ar; dados referentes a temperaturas médias, pressão
atmosférica e umidade relativa do ar.
(B)
Obter dados do local de moradia dos pacientes atendidos, levando em
consideração as condições de saneamento básico e verificar se os níveis de
poluição do ar estão acima daqueles definidos pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA).
(C) Obter os seguintes dados: número diário de atendimentos a pacientes com
doenças respiratórias; local de residência e idade dos pacientes; níveis diários
de material particulado em suspensão no ar, fumaça e ozônio, medidos nos
pontos mais movimentados da cidade; dados de umidade relativa do ar,
temperatura, precipitação e pressão atmosférica dos horários sinóticos.
(D) Estabelecer a relação entre os episódios de inversão térmica na cidade e o
número de atendimentos médicos a pacientes com doenças respiratórias nos
dias em que ocorreu o fenômeno atmosférico, relacionando esse fato ao local
de moradia dos pacientes e aos níveis de poluição definidos como aceitáveis
pela Lei Federal n. 9.436/1997.
(E)
Submeter os pacientes com doenças respiratórias a questionários a fim de
verificar as condições ambientais a que estão expostos, realizar medições de
poluentes e partículas em suspensão nas áreas centrais da cidade e
estabelecer coeficiente de correlação entre as respostas dos pacientes, as
medições realizadas e as condições atmosféricas da cidade.
ENADE Comentado 2008: Geografia
21
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (C)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de
Estudos de População, Geografia Ambiental, Climatologia.
Referência a competências/habilidades:
A questão exige do aluno competência leitora e relacional. A habilidade
exigida do aluno remete a sua capacidade de reconhecer as variáveis mais
adequadas para o cruzamento de informações e sua posterior interpretação.
Justificativa para a alternativa C ser a correta:
A alternativa C está correta porque o geógrafo, na sua tomada de decisão,
cruzou as seguintes informações: o perfil etário da população atendida no posto de
saúde (crianças e idosos), o local de residência dos pacientes, os dados de
poluentes presentes na atmosfera nos locais de maior fluxo e os dados
atmosféricos. Com esse banco de dados, o profissional tem condições de verificar
se as doenças respiratórias têm como causa as condições de microclima, nas áreas
de residência da população.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
Na letra A, embora apresente variáveis pertinentes para análise, os valores
mensais são muito genéricos e não permitem a precisão acurada das correlações. A
letra B não apresenta as variáveis mais indicadas para a análise, porque o saneamento
básico é relevante para a saúde pública, mas não é determinante para as doenças
respiratórias. Na letra D, a inversão térmica, embora possa contribuir para os problemas
respiratórios, constitui-se em fenômeno eventual e de ampla área de abrangência, o
que não seria suficiente para explicar o aumento de atendimentos a partir de 2000. Na
letra E a referência à coleta na área central pode não significar a área de residência dos
doentes. Além disso, submeter os pacientes à coleta de informação demanda um
tempo muito maior sem a garantia de obtenção de dados confiáveis.
22
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
O conteúdo da questão é de suma importância para os geógrafos, pois exige
a capacidade de analisar, cruzar e avaliar informações e assim auxiliar na solução
de problemas ambientais que afetam a população em áreas urbanas.
Referências:
CONTI, José B. Clima e Meio Ambiente. São Paulo: Atual, 1998.
MENEGAT, Rualdo; ALMEIDA, Gerson (Orgs.). Desenvolvimento Sustentável e
Gestão Ambiental nas cidades – Estratégias a partir de Porto Alegre. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2004.
MONTEIRO, Carlos A. de F.; MENDONÇA, Francisco. Clima urbano. São Paulo:
Contexto, 2003.
SANTOS, Milton. O trabalho do geógrafo no terceiro mundo. São Paulo: Hucitec,
1986.
ENADE Comentado 2008: Geografia
23
QUESTÃO 16
No contexto atual, com o crescimento das preocupações em relação ao planejamento
ambiental ou territorial, a geomorfologia assume um novo lugar entre as geociências.
Embora caracterizada como ambiental ou aplicada, ela mantém-se voltada ao
tratamento dos processos erosivos que ocorrem ao longo da vertente, dos cursos
d’água ou da costa e litoral. A esse respeito, analise as asserções a seguir.
O objetivo da geomorfologia aplicada não é prevenir ou reduzir o desenvolvimento e
uso dos recursos naturais, mas, em vez disso, otimizar tal uso, para a redução tanto
dos custos quanto dos impactos ambientais
porque
o uso prático da geomorfologia deve priorizar e minimizar as distorções topográficas
e entender os processos inter-relacionados, tão necessários à restauração e à
manutenção do equilíbrio natural.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas.
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (B)
Autor: Roberto Heemann
Comentários:
24
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Os conteúdos implicados na questão são relativos às disciplinas de
Geomorfologia e Planejamento Urbano Ambiental.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A questão exige do candidato competência leitora e relacional e a habilidade
de interpretar e analisar criticamente as asserções apresentadas.
Justificativa para a alternativa B ser a correta:
O objetivo da geomorfologia aplicada é otimizar o aproveitamento dos
recursos naturais, porém, apesar de verdadeira, a asserção " o uso prático da
geomorfologia deve priorizar e minimizar as distorções topográficas e entender os
processos interrelacionados, tão necessários à restauração e à manutenção do
equilíbrio natural" não justifica a asserção anterior, pois o entendimento dos
processos morfogenéticos e o equilíbrio natural são características básicas dos
estudos das ciências geomorfológicas.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
Os conteúdos presentes na questão são relevantes para os graduandos em
Geografia, pois dizem respeito à importância e às aplicações da geomorfologia para o
entendimento dos processos morfogenéticos e no planejamento urbano e ambiental.
Referências:
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. Geomorfologia: uma atualização de bases e
conceitos. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. 372 p.
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. Geomorfologia e Meio Ambiente. Bertrand Brasil.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. 372 p.
ENADE Comentado 2008: Geografia
25
QUESTÃO 17
Com relação ao fenômeno da desertificação, analise as asserções a seguir.
Embora a desertificação seja concebida como um fenômeno climático, pode-se
distinguir outro tipo desse mesmo fenômeno, o ecológico,
porque
a desertificação, do ponto de vista ecológico, pode se desenvolver até mesmo em
ambiente úmido, podendo o elemento clima não sofrer variação tão perceptível
quanto aquela do manto vegetal e do solo.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas.
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (A)
Autor: João Marcelo Ketzer
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Os conteúdos presentes na questão dizem respeito aos processos de
desertificação, trabalhado em disciplinas como Águas Continentais e Geografia do
Rio Grande do Sul.
26
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A questão exige do candidato competência leitora e relacional e a habilidade
de interpretar e analisar criticamente as asserções apresentadas.
Justificativa para a alternativa A ser a correta:
Esta questão é confusa e induz o aluno ao erro. Considerando o conceito físico
de deserto, está errada, inclusive. O conceito de deserto está relacionado a um
fenômeno climático, em que precipitação anual e taxa de evaporação são variáveis
fundamentais. Deserto é uma região em que a precipitação é inferior a 250 mm/ano.
Existe, de forma simples, um “déficit” de umidade. Desertos podem ser frios ou quentes,
mas sempre muito secos. A causa da baixa precipitação anual pode ser variada, com
barreiras geográficas à umidade como cadeias de montanhas, correntes oceânicas
frias, por exemplo. A desertificação é, portanto, um fenômeno que leva à formação de
um deserto como descrito acima (essa seria uma definição geológica, com fenômenos
de longo prazo). Ao contrário do que induz a questão, os desertos podem ter uma
grande biodiversidade. Levando em consideração o exposto acima, a resposta correta
seria a “E”, sendo as duas asserções falsas.
O conceito de desertificação, no entanto, tem sido utilizado de forma mais
ampla (e por isso a questão induz ao erro), no sentido de degradação ambiental,
notadamente com causas antrópicas. Assim, deserto pressupõe (contrária a uma
definição física), por exemplo, uma perda de biodiversidade. De acordo com as
Nações Unidas, a desertificação é a degradação de terra em regiões de clima árido,
semiárido e subúmido seco. Ainda de acordo com a ONU, “é um processo gradual
de perda de produtividade do solo e cobertura vegetal causada por atividades
humanas e variações climáticas”. Mesmo considerando esta definição da ONU, a
questão acima induz ao erro, pois aceita a desertificação em regiões de clima úmido.
Assumindo a definição da ONU, a resposta correta poderia ser a “C”, na qual a
primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição
falsa, mas não a “A”.
ENADE Comentado 2008: Geografia
27
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
Os conteúdos presentes na questão são relevantes para os graduandos em
Geografia, pois as questões ambientais não podem ser desconsideradas nas diferentes
escalas do planejamento territorial, área na qual a atuação do geógrafo se faz cada vez
mais presente.
Referências:
SUERTEGARAY, Dirce. Deserto Grande do Sul - Controvérsia. Porto Alegre: Ed. da
Universidade/UFRGS, 1998.
VERDUM, Roberto, BASSO Alberto; SUERTEGARAY, Dirce. (Orgs.). Rio Grande do
Sul - Paisagens e Territórios em transformação. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
2004. http://www.unccd.int/main.php>. Acesso em: 09 mar. 2010.
28
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 18
Na obra Domínios da Natureza no Brasil: Potencialidades Paisagísticas, Aziz
Ab’Sáber discute as paisagens como heranças de processos fisiográficos e
biológicos e como patrimônio coletivo dos povos que, historicamente, as herdaram
como território de suas comunidades. A partir desse entendimento, pode-se refletir
sobre a herança que a sociedade atual irá deixar para as gerações futuras. O mapa
abaixo apresenta a situação atual das ações antrópicas nos biomas do Brasil, cujos
percentuais são listados na tabela.
Com base nas informações apresentadas no texto, no mapa e na tabela ao lado
deste, julgue os itens a seguir.
I
O bioma Amazônia, por apresentar o menor percentual de antropização, é o
que tem maiores chances de manter-se como herança.
II
A situação no bioma pampa se agravará se houver investimentos significativos
nas atividades agrossilvopastoris.
III
O bioma Cerrado sofrerá fortes transformações com a expansão da agricultura
em decorrência do cultivo de cana-de-açúcar.
Assinale a opção correta.
(A)
Apenas um item está certo.
(B)
Apenas os itens I e II estão certos.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E)
Todos os itens estão certos.
ENADE Comentado 2008: Geografia
29
Tipo de Questão: escolha simples
Gabarito: alternativa (E)
Autor: Roselane Zordan Costella
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Vegetação, ocupação econômica, preservação ambiental e, de forma indireta,
a aplicabilidade de conceitos ligados à ética ambiental e sustentabilidade.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A competência relacional está evidenciada na questão por meio da reflexão,
leitura espaço-ambiental e resolução de problemas. As habilidades exigidas são:
localização, relação, reconhecimento de elementos que definem a ocupação
socioeconômica e interpretação textual.
Justificativa para a alternativa E ser a correta:
A Amazônia, apesar de apresentar um desgaste ambiental muito grande, não
representa em relação aos outros biomas um percentual de agressão significativo.
Pela consciência nacional, pautada na mata arbórea, como a principal fonte de
recursos, a condição de fiscalização se torna maior, possibilitando maior herança no
que diz respeito às reservas florestais. A massa biótica é intensa reforçando a ideia
de que os refúgios florestais serão resgatados.
Os Pampas, principalmente no sul do país, estão sendo utilizados de forma
agressiva para o plantio de silviculturas, árvores silvestres como eucalipto, pínus,
acácia..., e este evento ocupacional mudará a paisagem de forma significativa,
alterando o solo e as condições naturais do bioma. O plantio deste tipo de cultura
está voltado para a produção da indústria de celulose.
O Cerrado está sendo ocupado pela expansão das lavouras de soja e canade-açúcar. O solo desta região é ácido e precisa de constante correção, provocando
agressões e alterações ambientais, bem como a retirada da vegetação. A ocupação
da agropecuária neste espaço reforça a condição de um país voltado para a
produção de matérias-primas.
30
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
O conteúdo abordado na questão e as competências exigidas pela mesma
representam parte significativa das reflexões de um futuro profissional em Geografia,
pois aborda a leitura crítica e relacional do espaço.
Referências:
BRANCO, Samuel Murgel. O desafio amazônico. São Paulo: Moderna, 2007.
CASTRO, Iná. Redescobrindo o Brasil. São Paulo: Bertrand Brasil, 2000.
ROSS, Jurandyr L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008.
ENADE Comentado 2008: Geografia
31
QUESTÃO 19
Figura I – Paisagem urbana do litoral brasileiro.
Figura II – Paisagem de manguezal do litoral brasileiro.
Folha de S. Paulo. “Folha Turismo”, 30/10/2000, p. G-14.
Considerando as figuras I e II acima, e a relação homem-natureza no que se refere
às questões ambientais, sociais e econômicas decorrentes da apropriação dos
recursos naturais, julgue os itens seguintes.
I
O fenômeno verificado na figura I não decorre de fato isolado, mas de um
conjunto de acontecimentos interligados, resultantes do crescimento urbano e
dos impactos deste sobre os ecossistemas.
II
O Estatuto das Cidades (Lei Federal n. 10.257, de 10 de julho de 2001) prevê a
desocupação urbana de áreas de preservação permanentes, como a
representada na figura II, previstas pela legislação de zoneamento ambiental.
III
Os manguezais, áreas especiais frágeis, são considerados de proteção
permanente desde a aprovação do Código Florestal brasileiro.
IV
Os manguezais, que se estendem da foz do rio Amazonas até o delta do rio
Parnaíba (PI), têm recebido monitoramento dos órgãos federais e estaduais
competentes, que asseguram os limites de ocupação dessas áreas pela
urbanização.
Assinale a opção correta.
(A)
Apenas um item está certo.
(B)
Apenas os itens I e II estão certos.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E)
Todos os itens estão certos.
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta
Gabarito: alternativa (C)
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
32
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Os conteúdos avaliados na questão se referem ao crescimento urbano, ao
estatuto das cidades e à presença de manguezais no litoral, desde o estado do
Amapá até o estado de Santa Catarina. Comenta ainda a relação entre a expansão
urbana, a ocupação dos manguezais e os efeitos sobre esse ecossistema. O
conteúdo desta questão é trabalhado nas disciplinas de Geografia do Brasil I e II e
na disciplina de Geografia Urbana.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A questão exige do candidato a competência de analisar as figuras I e II,
estabelecendo relações com itens I, II, III e IV, além do julgamento dos referidos
itens em busca da resposta correta.
As pistas para a escolha da opção correta encontram-se nas duas figuras e
nos quatro itens ali apresentados.
Justificativa para a alternativa C ser a correta:
Segundo Guimarães de Araújo, Suely (2003) em seu relatório sobre O
Estatuto da Cidade e a Questão Ambiental, as APPs em áreas urbanas não são
respeitadas e são muitas vezes ocupadas por assentamentos humanos informais,
sem estudo prévio de impacto ambiental. Essas áreas não podem ser regularizadas,
pois as normas de proteção ambiental não permitem a concessão de licença nas
áreas de APPs. A Constituição Federal de 1988 coloca acima dos interesses
individuais ou de determinada comunidade, o direito das coletividades em relação ao
ambiente ecologicamente equilibrado. Mas o Poder Público “não deve e nem de
perto conseguiria desalojar incontáveis famílias em áreas ambientalmente
protegidas” (GUIMARÃES DE ARAÚJO, 2003, p. 8). Como se pode observar, esta
questão não prevê a desocupação, pura e simples, conforme consta no item II.
Cada situação deve ser estudada em particular e tratada de tal forma que se
busque uma alternativa para os assentamentos informais, mesmo que para isso seja
necessário deslocar a população para outras áreas.
Os manguezais são considerados como áreas de preservação permanente no
Código Florestal Brasileiro, que data de 1965. Essas áreas incluem-se nas Zonas
ENADE Comentado 2008: Geografia
33
Costeiras e, devido as suas características especiais em termos biológicos, o
ecossistema manguezal está protegido legalmente contra a degradação. Mas,
apesar das leis federais e estaduais existentes, os manguezais vêm sofrendo grande
pressão com seu aterramento para a expansão urbana, desastres ecológicos por
derramamento de petróleo, poluição por lançamento de esgotos, entre outros
aspectos, o que se transforma em catástrofe contra essa área de proteção
permanente e não evidencia controle por parte dos órgãos públicos.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
O conteúdo abordado na questão e as competências exigidas pela mesma
representam parte significativa das reflexões de um futuro profissional em Geografia,
pois aborda a leitura crítica e relacional do espaço, analisando o processo de
urbanização, seus efeitos sobre as áreas ocupadas a as políticas públicas.
Referências:
GUIMARÃES DE ARAÚJO, Suely. O Estatuto da Cidade e a Questão Ambiental
(2003). Site consultado: bd.camara.gov.br./bd.estatutodacidade. A autora foi
Consultora Legislativa da Área XI – Geografia Regional, Ecologia e Desenvolvimento
Ambiental, Urbanismo, Habitação e Saneamento.
ROSS, Jurandyr. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil-Território e Sociedade no início
do Século XXI. Rio de Janeiro, 2001.
34
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 20
A globalização é o processo de constituição de uma economia mundial, da crescente
integração dos mercados nacionais e do aprofundamento da divisão internacional do
trabalho. No que diz respeito a esse processo, assinale a opção incorreta.
(A)
A globalização de capitais, proporcionada pelas fusões transnacionais, gera
gigantes econômicos.
(B)
A etapa atual da globalização fundamenta-se no aumento generalizado das
barreiras mercadológicas.
(C) Intensificam-se, nesse processo, as trocas comerciais e a organização dos
países em blocos econômicos.
(D) O processo de globalização acentuou as diferenças entre países desenvolvidos
e emergentes.
(E)
Os megablocos econômicos contribuem para ampliar a escala das atividades
econômicas e facilitar a centralização de capitais.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta incorreta
Gabarito: alternativa (B)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Furlanetto Marques
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de
Geografia da Produção e do Consumo e Geografia Regional.
Referência a competências/habilidades:
A competência leitora – ler o mundo – é exigida na questão, e a habilidade
para realizar esta competência é analisar o contexto econômico mundial.
Justificativa para a alternativa correta:
A alternativa B está incorreta, porque a atual etapa da globalização fundamentase no rompimento das fronteiras e das barreiras mercadológicas. As outras opções
oferecem informações que caracterizam o contexto mundial a partir dos anos 90, no
mundo globalizado.
ENADE Comentado 2008: Geografia
35
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
Os conteúdos envolvidos nesta questão são relevantes tanto para o
licenciado como para o bacharel em Geografia, pois a compreensão do mundo se
constitui na sua ferramenta de trabalho.
Referências:
BRENNER, Jayme. O mundo pós-guerra fria. São Paulo: Scipione, 1994.
HAESBAERT, Rogério. Blocos internacionais de poder. São Paulo: Contexto, 1991.
HAESBAERT, Rogério; PORTO-GONÇALVES, Carlos W. A nova des-ordem
mundial. São Paulo: Unesp, 2006.
SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2003.
36
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 21
Guerra fiscal tira 8,5 mil postos de trabalho do Paraná.
A agressividade dos incentivos concedidos pelos estados do Amazonas, de
Santa Catarina e da Bahia enfraquece setores da economia paranaense.
Madeireiras, confecções e fábricas de plástico são as mais atingidas pela disputa.
Os programas incluem desconto de até 90% do ICMS por 15 anos, desconto no
pagamento do imposto de renda das empresas e doação de terrenos e
infraestrutura; além disso, a mão de obra da região, em geral, é mais barata.
Somente o setor plástico contabiliza 15 empresas locais que preferiram transferir
investimentos, segundo o presidente do Sindicato da Indústria Plástica. “Essas
empresas gerariam, para o estado, cerca de 6 mil empregos”, disse o presidente.
Gazeta do Povo. Paraná, 8/9/2008 (com adaptações).
A partir das informações acima e com base no conceito de produção do espaço
geográfico, conclui-se que a expansão do meio técnico-científico-informacional
(A)
Apresenta-se como solução para as constantes disputas tributárias no cenário
nacional.
(B)
Destaca-se nos setores da economia tradicional, pois mantém as diretrizes da
sociedade local e regional.
(C) Caracteriza-se pelo aspecto social, visto que procura preservar os saberes
tradicionais.
(D) É seletiva, com reforço de algumas regiões e enfraquecimento relativo de
outras.
(E)
É ordenada e reforça os setores da economia de maneira equilibrada
e dinâmica.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (D)
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão relacionados com a economia
brasileira e as disputas regionais para a atração de indústrias (guerra fiscal). A
expressão “meio técnico-científico-informacional” foi cunhada por Milton Santos, um dos
mais importantes geógrafos brasileiros.
ENADE Comentado 2008: Geografia
37
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A questão exige do candidato a competência leitora e a habilidade de
analisar o excerto da Gazeta do Povo – PR e as informações ali contidas. Por
outro lado, a presença de dados percentuais exige a utilização da competência
lógico-matemática para completar o entendimento e favorecer o julgamento do
acadêmico, de forma acertada.
Justificativa para a alternativa D ser a correta:
A pista para a escolha da opção correta encontra-se na raiz da questão e
também na proposição, que deve ser completada com alternativa adequada.
Após a Segunda Guerra Mundial, nos anos 70, observa-se uma profunda
interação entre a ciência e a técnica nos países desenvolvidos e nos países
subdesenvolvidos. Essa união entre técnica e ciência ocorre sob a responsabilidade
do mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência e à técnica, torna-se um
mercado global. E a distribuição da ciência, da técnica e da informação não
acontece em todos os lugares ao mesmo tempo; ela é seletiva e vai aparecer em
alguns lugares em detrimento de outros.
O tema “guerra fiscal” assume importância crescente, frente aos benefícios
fiscais e financeiros que são concedidos pelos estados às grandes empresas, para
que estas se instalem em seus territórios. Estes benefícios produzem uma
concorrência predatória entre os estados, contribuindo para agravar a crise financeira
em que se encontram. O que se tem, de fato, é um confronto entre interesses
econômicos dos estados, os quais, através de concessão de benefícios, buscam o
favorecimento de suas economias.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
Na alternativa A, a expansão do meio técnico-científico e informacional não serve
como solução para as constantes disputas tributárias entre os estados brasileiros.
As alternativas B e C sugerem a utilização da ciência, da tecnologia e da
informação na economia tradicional, na manutenção de uma sociedade local e na
preservação dos saberes tradicionais. Na realidade, a utilização da tecnociência e
da informação originam a globalização, a mundialização das ideias, a abertura ao
novo e o descaso pelos saberes tradicionais.
38
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
A alternativa E sugere que o uso da ciência, da técnica e da informação teriam
como consequência a ordenação e o reforço da economia de maneira equilibrada e
dinâmica. Nesse caso ocorre justamente o contrário, ocasiona o crescimento e o
desenvolvimento de alguns em detrimento de outros. É a lógica do capitalismo.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
O conteúdo desta questão, trabalhado na disciplina de Geografia Econômica e
Geografia do Brasil, é muito pertinente, pois tem como objetivo a análise da realidade
brasileira, base que não pode ser desconsiderada pelo acadêmico em Geografia.
Referências:
AFFONSO, Rui de Brito Alves. Guerra Fiscal no Brasil: três estudos de caso. Minas
Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Série Estudos de Economia do Setor Público.
FAPESP. Edições FUNDAP, 1999.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científicoinformacional. São Paulo: Hucitec, 1994.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil-Território e Sociedade no início
do Século XXI. Rio de Janeiro, 2001.
ENADE Comentado 2008: Geografia
39
QUESTÃO 22
Analise as asserções a seguir.
No século XX, os anos 70, no Brasil, foram marcados pela modernização da
agricultura, influenciados pelo desenvolvimento do capitalismo agrário, pela
expansão das fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste e pela intensificação dos
movimentos sociais no campo,
porque
houve, nessa época, a inserção de tecnologias para a agricultura de precisão,
ampliação do acesso ao crédito agrícola e a forte mecanização em substituição à
mão de obra tradicional.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas.
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (E)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de
Geografia Agrária, Geografia do Brasil e Geografia da Produção e do Consumo.
Referência a competências/habilidades:
A questão é difícil e exige do acadêmico a competência leitora e relacional
para articular no momento histórico identificado, anos 70 do século XX, a conjuntura
40
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
política nacional, a forte expansão tecnológica no contexto mundial e as políticas de
crédito para o setor primário.
Justificativa para a alternativa E ser a correta:
A letra E corresponde à alternativa correta: a primeira asserção está incorreta
por afirmar que nos anos 70 houve a intensificação dos movimentos sociais no
campo. Esse período histórico caracterizou-se pelo aprofundamento da ditadura
militar no Brasil, impossibilitando a organização de movimentos sociais, tanto no
campo como na cidade. A segunda assertiva é falsa, pois embora o período citado
tenha se caracterizado pela introdução de novas tecnologias e mecanização, o
acesso ao crédito agrícola não ocorreu de forma ampliada para todos os segmentos
do setor. Nessa época o financiamento era destinado para a introdução de melhorias
no armazenamento e/ou comercialização.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
As demais alternativas não são corretas, pois partem do pressuposto de que
pelo menos uma das asserções é verdadeira.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
Os conteúdos envolvidos são pertinentes e relevantes, porque a compreensão
da organização territorial do Brasil de hoje pressupõe o conhecimento do processo.
Referências:
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo capitalista de produção e agricultura. São
Paulo: Ática, 1987.
______. Geografia das lutas no campo. São Paulo: Contexto, 1988.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil território e sociedade no início do
século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.
ENADE Comentado 2008: Geografia
41
QUESTÃO 23
Mediante o Decreto Presidencial n.º 6.040/2007, o governo brasileiro instituiu a
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, que, no inciso I do seu art. 3º, assim caracteriza esses povos e
comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem
como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam
territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas
gerados e transmitidos pela tradição.
A política acima referida inclui, entre os princípios que a norteiam,
I
o reconhecimento e a consolidação dos direitos dos povos e comunidades
tradicionais.
II
a articulação e integração com o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional.
III
a preservação dos direitos culturais, o exercício de práticas comunitárias, a
memória cultural e a identidade racial e étnica.
IV
a articulação com o Plano Nacional de Desenvolvimento Agrário e o Plano
Nacional de Recursos Hídricos.
Estão certos apenas os itens
(A)
I e II.
(B)
I e III.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E)
II, III e IV.
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (D)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de
Geografia Cultural, Geografia Agrária e Estudos de População.
42
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Referência a competências/habilidades:
A questão exige do candidato a competência leitora e relacional e a
habilidade de analisar as diferentes afirmações em cada uma das alternativas,
envolvendo comunidades remanescentes do Brasil Colônia e as atuais políticas
públicas de inclusão.
Justificativa para a alternativa D ser a correta:
A letra D está correta ao identificar as assertivas I, II e III como corretas. As
afirmativas I e III estão colocadas na raiz da questão ao esclarecer o Decreto
Presidencial. A dúvida para o candidato estaria entre as afirmativas II e IV.
A assertiva II está correta, uma vez que a sustentabilidade desses povos
passa necessariamente, de um lado, pela garantia alimentar dos mesmos e, de
outro, pelo aprendizado das relações e práticas por eles realizadas para a
preservação da biodiversidade.
A alternativa IV está errada, pois as políticas agrárias não fazem parte
deste decreto.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
As demais alternativas estão incorretas, pois não contemplam como corretas
as assertivas, I, II e II, ou indicam a assertiva IV como verdadeira.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
O conteúdo envolvido na questão é pertinente para o acadêmico em
Geografia, pois tanto o licenciado quanto o bacharel precisam ter o conhecimento e
a compreensão das diversidades socioambientais bem como das políticas nacionais.
Referências:
CLAVAL, Paul. A geografia cultural. Florianópolis: Ed. UFSC, 2005.
CORRÊA, Roberto; ROSENDAHL, Zeny. Paisagem, imaginário e espaço. Rio de
Janeiro: Ed. da UERJ, 2001.
YÁZIGI, Eduardo. A alma do lugar. São Paulo: Contexto, 2002.
ENADE Comentado 2008: Geografia
43
QUESTÃO 24
Analise as asserções a seguir.
No mundo, estima-se que metade da população viva em aglomerados urbanos, em
um processo de incremento contínuo, no qual já são contabilizadas 17 megacidades
com mais de 10 milhões de habitantes. As características da urbanização brasileira
fazem que esse processo seja não só um gerador de problemas ambientais, mas
também um problema ambiental em si
porque
a urbanização cria não apenas novas paisagens, mas também novos ecossistemas,
dependendo de grandes áreas externas para obtenção de energia, alimentos, água
e outros materiais.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (A)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados à área de Geografia
Urbana, Organização Territorial e Geografia do Brasil.
44
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Referência a competências/habilidades:
A competência leitora – ler o mundo – é exigida na questão e a
habilidade para realizar essa competência é analisar o processo de
urbanização e suas consequências.
Justificativa para a alternativa A ser a correta:
A alternativa A está correta porque as duas assertivas são verdadeiras e a
segunda é uma justificativa correta da primeira.
O processo de urbanização é antigo, mas assumiu uma maior velocidade a
partir do último quartel do século XX. Segundo Davis (2006, p. 13), “em 1950, havia
86 cidades no mundo com mais de 1 milhão de habitantes; hoje são 400 e em 2015
serão pelo menos 550.” Ainda de acordo com o referido autor, em tabela
apresentada em sua obra (2006, p. 15), com dados de maio de 2004 obtidos em
www.citypopulation.de/world.html, são 19 as cidades com mais de 10 milhões de
habitantes, na seguinte ordem crescente: Pequim, Istambul, Teerã, Rio de Janeiro,
Buenos Aires, Xangai, Lagos, Karachi, Manila, Cairo, Calcutá, Daca, Jacarta, Délhi,
Mumbai, São Paulo, Nova Iorque, Seul e Cidade do México.
Ao se observar as cidades listadas, verifica-se que a grande maioria são
cidades presentes em países pobres como o Brasil. No caso brasileiro, o processo
de urbanização resultou de contextos internos como a Lei de Terras (1850) e a
abolição da escravatura (1888) que, articulados, orientaram no final do século XIX os
primeiros movimentos de êxodo rural reforçados ao longo do século XX por
reorganizações territoriais nas áreas rurais decorrentes entre outros fatores, dos
modelos agrário e agrícola do país. À medida que há uma ampliação da população
urbana de forma desordenada, a densificação resultante originou processos de
favelização e ampliação das distâncias para obtenção das matérias-primas e energia
necessárias para o atendimento das necessidades das mesmas. Os ecossistemas
urbanos apresentam uma condição de equilíbrio instável, pela matriz de consumo
hoje dominante, constituindo-se em problemas ambientais em si também pelo
volume de produção de resíduos.
ENADE Comentado 2008: Geografia
45
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
As demais alternativas estão incorretas, pois informam que pelo menos uma das
assertivas é falsa – letras C, D e E – ou mesmo quando se consideram as duas
assertivas verdadeiras, caso da letra B, não se estabelece a relação entre ambas.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
A capacidade de ler o mundo, fazendo a relação entre os contextos
internos e externos, bem como a compreensão dos efeitos desses processos, é
papel do acadêmico de Geografia. Santos (1994, p. 69) coloca que “Nos
conjuntos que o presente nos oferece, a configuração territorial, apresentada ou
não em forma de paisagem, é a soma de pedaços de realizações atuais e
realizações do passado.” Desse modo, a compreensão da cidade, que é o
interno, só é possível se compreendermos os seus processos, os quais estão
vinculados aos contextos externos.
Referências:
ACSELRAD, Henri (Org.). A duração das cidades. Sustentabilidade e risco nas
políticas urbanas. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço e tempo: globalização e meio técnico-científico
informacional. São Paulo: HUCITEC, 1994.
SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2003.
46
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 25
O cartograma acima, que representa a área de polarização de uma cidade
categorizada como grande cidade média (lugar central), retrata a estrutura
hierárquica e expressa a organização espacial da rede urbana, assim como a forte
hierarquização da grande cidade média sobre os demais centros urbanos. Um dos
propositores da ideia de centralidade dos lugares, consolidada na década de 30 do
século passado, foi o geógrafo alemão Walter Christaller. Segundo sua teoria, a
grande cidade média de hoje corresponderia à capital regional, assim como as
cidades médias, a centros subregionais.
A respeito da teoria das localidades centrais e da estrutura da rede urbana,
representada no cartograma, julgue os itens a seguir.
ENADE Comentado 2008: Geografia
47
I
Segundo Christaller, a centralidade dos lugares seria uma hierarquização da
função desempenhada por uma cidade em um conjunto de cidades, que não
seria, obrigatoriamente, uma região.
II
As pequenas cidades geram, via de regra, expressiva densidade de centros
que se situam a uma pequena distância média entre si, ainda que esta possa
variar de acordo com a densidade demográfica da região em que se localizam.
III
A hierarquia entre as cidades resultaria da tendência natural de
centralização em uma rede de interdependência em que várias cidades
menores estão ligadas à cidade central.
IV
No cartograma, observa-se que o número de pequenos centros é baixo em
relação aos centros maiores, sendo elevada a distância média entre eles.
V
No cartograma, a localidade central de nível hierárquico mais elevado possui
ampla região de influência: nela, estão contidos os centros de nível
imediatamente abaixo.
Assinale a opção correta.
(A)
Apenas os itens I e II estão certos.
(B)
Apenas os itens II, III e IV estão certos.
(C) Apenas os itens III, IV e V estão certos.
(D) Apenas os itens I, II, III e V estão certos.
(E)
Todos os itens estão certos.
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta
Gabarito: alternativa (D)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados à área de Geografia
Regional, Geografia Urbana e Organização Territorial.
Referência a competências/habilidades:
A competência leitora e relacional é exigida na questão, através da
interpretação de um cartograma. A habilidade para realizar esta competência está
no reconhecimento dos conceitos de região e de hierarquia urbana aplicados.
Também será necessário que o aluno relacione esses conceitos com os processos
de constituição das redes urbanas.
48
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Justificativa para a alternativa D ser a correta:
A alternativa D está correta, pois informa que as assertivas I, II, III e V
estão corretas.
A assertiva I é verdadeira, pois, de acordo com a Teoria das Localidades
Centrais, todo núcleo urbano, independentemente de seu tamanho, é uma
localidade central, porém, uma localidade central só terá uma condição de
centralidade quando as funções centrais (bens e serviços) ali realizadas atenderem
uma população externa (região complementar) relevante, estabelecendo uma área
de influência (hinterlândia) significativa.
Na época da elaboração desta proposta teórica (década de 30), as propostas
teóricas predominantes estavam associadas ao determinismo ambiental e
possibilismo. Para a primeira a região (região natural) era definida a partir da
integração dos elementos da natureza, o que resultaria em uma certa uniformidade.
Para a segunda, a chamada região geográfica, era resultado da interação entre os
aspectos humanos e os aspectos de natureza, resultando em uma condição
harmoniosa e visível, constituindo modos de vida.
Tanto do ponto de vista do determinismo ambiental quanto do possibilismo, as
regiões resultantes não coincidem necessariamente com o arranjo hierárquico de
cidades articuladas a partir das funções centrais de uma delas.
A assertiva II está correta, porque localidades centrais de pequeno porte, por
apresentarem reduzida oferta de bens e serviços (funções centrais), complementamse umas às outras favorecendo a ocorrência de densificações.
A assertiva III, por sua vez, é verdadeira, pois a Teoria das Localidades
Centrais propõe os conceitos de alcance espacial máximo e alcance espacial
mínimo. Nessa perspectiva, determinadas funções centrais podem ser replicadas em
diferentes pontos de uma mesma localidade central e em todas as localidades
centrais, como, por exemplo, é o caso de uma padaria ou farmácia, que apresentam
alcance espacial mínimo. Porém, funções centrais, como hospitais ou universidades,
cujo custo de implantação é muito elevado, serão implantadas, de modo geral, em
localidades centrais com maior contingente populacional e/ou com um maior número
de funções centrais, apresentando assim um alcance espacial máximo e uma
região complementar ampliada.
ENADE Comentado 2008: Geografia
49
A assertiva V está correta porque o cartograma expressa justamente os
aspectos analisados nas assertivas anteriores, especialmente na III, pois a grande
cidade média ali representada se constitui em uma centralidade, com funções
centrais de alcance espacial máximo.
A assertiva IV está errada porque o cartograma apresenta, ao contrário do
que é informado, um elevado número de pequenos centros.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
A alternativa A está errada, pois não indica todas as assertivas que
são verdadeiras.
As alternativas B e C, além de não indicarem todas as assertivas corretas,
indicam a assertiva IV (falsa) como verdadeira, assim como a E.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
Os conteúdos envolvidos na questão são muito pertinentes, pois o acadêmico
de Geografia deve saber ler, analisar e interpretar a constituição das redes urbanas
e os arranjos espaciais resultantes.
Referências:
CORRÊA, Roberto L. A Rede urbana. São Paulo: Ática, 1989.
______. Região e Organização espacial. 8. ed. São Paulo, 2007.
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: HUCITEC, 1993.
50
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 26
Óia o rapa
Tremenda correria
Some com a mercadoria
Sujou, sujou, sujou, rapaziada
É penalty, é penalty
Os home tão na área
Levaram, levaram
Levaram na mão grande
É grande, é grande, é grande a confusão
É um armário esse negão
Derruba o tabuleiro
Mais parece um caminhão
Derruba o tabuleiro
Que barra pesada
Os cara tão aí
E a tal turma do rapa
Rapadura de engolir
Que barra pesada
Os cara tão aí
E a tal turma do rapa
Vai ser dura de engolir
Batida, batida
Não tem colhé de chá
Batida, batida
Não dá nem pra trampá
Batida, batida
Não tem colhé de chá
Que bode de vida
Não dá nem pra trampá
Lenine e Sérgio Natureza.
A cena retratada nessa letra de música sugere que
ENADE Comentado 2008: Geografia
51
(A)
A urbanização pretérita do Brasil não foi acompanhada pelo desenvolvimento
industrial nem por políticas de controle de natalidade, por isso, predominam os
subempregos e o mercado informal como alternativas de geração de renda para
a população mais pobre.
(B)
A modernização industrial herdada dos países desenvolvidos foi anterior à
urbanização, que resultou no surgimento de uma economia informal,
caracterizada por mão de obra pouco qualificada, cujos serviços, nos países
desenvolvidos, são oferecidos por empresas especializadas.
(C) As feiras nas metrópoles, apesar da modernização do espaço, ainda
constituem um forte traço da cultura dos países com urbanização tardia, cujas
cidades possuem espaços e culturas bastante diversificados.
(D) A urbanização tardia gera problemáticas bastante diferenciadas nas cidades
brasileiras, em que as grandes metrópoles enfrentam problemas bem
menores que os enfrentados pelas cidades médias ou pequenas.
(E)
A especulação em torno do espaço em todas as cidades, independentemente do
porte que tenham, explicita a importância do valor da terra e da disputa por
diferentes usos, ou seja, há uma tendência ao aperfeiçoamento das exigências
funcionais dos espaços urbanos.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (B)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados à área de Geografia
Urbana e Organização Espacial.
Referência a competências/habilidades:
A competência leitora e relacional é exigida na questão. A habilidade para
realizar esta competência está no reconhecimento dos processos de urbanização e
de constituição das redes urbanas presentes nas organizações espaciais.
Justificativa para a alternativa B ser a correta:
A letra da música de Lenine e Sérgio Natureza, na questão, pode ser
associada a uma condição presente nas grandes metrópoles dos países pobres,
como é caso do Brasil, e reflete o resultado de processos pretéritos cujos resultados
ainda são visíveis, embora os contextos que os originaram apresentem hoje outra
dinâmica, ainda muito excludente.
52
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
A alternativa A está correta, pois contempla uma das variáveis (industrialização)
responsável pelos processos de êxodo rural no Brasil, particularmente a partir da
segunda metade do século XX, resultando na densificação populacional nas áreas
urbanas das cidades brasileiras, ampliando e consolidando as estruturas de favelas, em
particular no centro-sul do país inicialmente, gerando uma economia informal e o
subemprego, que a partir da década de 70 ficou conhecida como hipertrofia do terciário.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
A alternativa A está errada, pois apesar da ocorrência de movimentos
populacionais no final do XIX e início do XX, das áreas rurais para as áreas urbanas,
particularmente de negros e imigrantes, até meados da década de 50 do século XX,
o Brasil era um país predominante agrário e rural. Além disso, a aplicação de
políticas de controle de natalidade não elimina o subemprego e a informalidade.
A alternativa C está errada, porque as feiras são eventos periódicos, resultantes
muitas vezes de ações do poder público, especialmente em países pobres, articuladas
ou não com a iniciativa privada que ocorrem com o objetivo de transformar a oferta de
bens e serviços de alcance espacial mínimo em alcance espacial máximo. Nesse
sentido, a letra da música não retrata a realidade de contexto, pois os bens e serviços
ali ofertados não apresentam uma condição de clandestinidade.
A alternativa D está errada, uma vez que é justamente nas grandes metrópoles
que a situação descrita na letra da música se faz mais presente. Ponto de chegada
dos processos de êxodo rural e dos movimentos migratórios internos em diferentes
momentos históricos, associados à ampliação do modo de vida urbano e da escala de
bens e serviços ofertados, os processos de conurbação e a constituição das áreas
metropolitanas a partir da década de 70 no Brasil, são, simultaneamente, causa e
consequência dos problemas enfrentados pelas grandes metrópoles. A cidade
polifônica (Canevacci) revela, entre muitas coisas, para quem a contempla, uma
diversidade de problemas cujas raízes muitas vezes estão fora dali.
A alternativa E está incorreta, pois, embora o valor da terra seja uma variável
relevante para a questão da moradia, sendo responsável pela formação das áreas
periféricas e das manchas de exclusão, nos processos de favelização, ele não é o
principal responsável pelo contexto representado na letra da música.
ENADE Comentado 2008: Geografia
53
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
Os conteúdos envolvidos na questão são muito pertinentes, pois o acadêmico de
Geografia deve saber ler, analisar e interpretar os processos responsáveis pelas
organizações espaciais no espaço urbano, bem como o perfil resultante da população,
em especial da população economicamente ativa.
Referências:
CORRÊA, Roberto L. A rede urbana. São Paulo: Ática, 1989.
______. Região e Organização Espacial. 8. ed. São Paulo, 2007.
RODRIGUES, Arlete M. Moradia nas cidades brasileiras. São Paulo: Contexto, 1989.
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: HUCITEC, 1993.
54
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 27
Com relação à atual dinâmica de organização espacial no campo, que tem sido
considerada pelo Estado não só a partir da delimitação do território, mas,
principalmente, pela real utilização deste, assinale a opção incorreta.
(A)
As comunidades dos faxinais tiveram o seu reconhecimento oficial em 1997, no
estado do Paraná, com a aprovação do Decreto Estadual n.º 3.446, mas,
somente em 2005, passaram a fazer parte da Comissão Nacional de
Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais.
(B)
O reconhecimento de direitos específicos das comunidades quilombolas é algo
relativamente recente no Brasil, tendo lhes sido reconhecida, pela Constituição
Federal de 1988, a propriedade definitiva da terra que ocupavam, devendo o
Estado, a partir de então, emitir-lhes os respectivos títulos de posse.
(C) Além do Brasil, países como Colômbia, Equador, Suriname, Nicarágua,
Honduras e Belize possuem comunidades de afrodescendentes que se
identificam como grupos étnicos e reivindicam seus direitos. Em todos esses
países, tais comunidades já obtiveram o reconhecimento legal de seus direitos e
a titulação de suas terras.
(D) Historicamente, a formação das comunidades caiçaras só pode ser entendida no
contexto da ocupação do litoral brasileiro e dos ciclos econômicos vividos pelas
regiões Sul e Sudeste. O caráter predominantemente agrícola fez que as terras
férteis, úmidas e quentes das baixadas fossem as mais ocupadas.
(E)
As comunidades tradicionais convivem com a biodiversidade e são capazes de
nomear e classificar as espécies vivas segundo suas próprias categorias e
nomes. Exemplo desses saberes é a medicina popular brasileira como herança
legada pelos índios.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta incorreta
Gabarito: alternativa (C)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de
Geografia Regional, Geografia Cultural, Geografia da Produção e do Consumo,
Geografia do Brasil.
Referência a competências/habilidades:
A questão exige do candidato a competência leitora e relacional e a habilidade de
analisar as diferentes afirmações em cada uma das alternativas, envolvendo
comunidades remanescentes do Brasil Colônia.
ENADE Comentado 2008: Geografia
55
Justificativa para a alternativa C ser a correta:
O objetivo da questão é assinalar a opção incorreta, que corresponde à letra C.
As afirmações contidas nessa opção são incorretas, pois: em primeiro lugar, nem todos
os países citados têm comunidades de afrodescendentes; em segundo lugar, mesmo
aqueles que tenham recebido escravos negros, esses não estão politicamente
organizados, no sentido de reivindicar o seu reconhecimento. Deve-se ainda considerar
que há muito pouco tempo esses países começaram a se organizar internamente,
enquanto unidades políticas autônomas. O reconhecimento da diversidade cultural em
um país implica o amadurecimento da população como um todo.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
As demais opções trazem afirmações corretas sobre as comunidades
tradicionais vinculadas às áreas rurais, como a dos quilombolas, a dos caiçaras e a dos
faxinais, que somente a partir da Constituição de 1988 passaram a ser reconhecidas. O
objetivo é de preservação da sua identidade cultural, fruto do contexto do Brasil Colônia,
e de seus conhecimentos da biodiversidade resultantes da proximidade com a natureza.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
Esse conteúdo é relevante para os estudos geográficos, pois o reconhecimento
da diversidade cultural se impõe cada vez mais no mundo globalizado. Mas, ao
mesmo tempo, esse tema nem sempre recebe o tratamento adequado nas leituras e
debates realizados, porque os grupos minoritários têm uma reduzida visibilidade,
particularmente, ao se localizarem nas áreas rurais.
Referências:
CLAVAL, Paul. A geografia cultural. Florianópolis: Ed. UFSC, 2005.
CORRÊA, Roberto; ROSENDAHL, Zeny. Paisagem, imaginário e espaço. Rio de
Janeiro: Ed. da UERJ, 2001.
YÁZIGI, Eduardo. A alma do lugar. São Paulo: Contexto, 2002.
56
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 28
Analise as asserções a seguir.
O atual momento, caracterizado por análises sobre territórios agrícolas cada vez
mais vastos, é o momento da criação do meio técnico, que substitui o meio natural,
porque
a modernização agrícola tem sido testemunhada não só quanto aos capitais, mas
também quanto à tecnologia e às formas de organização do espaço agrário.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (E)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de
Geografia da Produção e do Consumo, e Geografia Agrária.
Referência a competências/habilidades:
A questão exige do candidato a competência leitora e relacional e a
habilidade de analisar as diferentes afirmações em cada uma das alternativas
relativas à organização do espaço agrário, à introdução de mudanças tecnológicas e
ao aporte de recursos.
ENADE Comentado 2008: Geografia
57
Justificativa para a alternativa E ser a correta:
A alternativa E está correta, pois as duas asserções contem informações que
não procedem.
A primeira assertiva está errada, pois embora o atual momento se
caracterize por análises sobre os territórios agrícolas, esses não são “cada vez
mais vastos”, ao contrário, o crescimento populacional, a expansão das áreas
urbanas, os processos de desertificação resultantes de ações antrópicas, entre
outros, têm favorecido a redução das áreas agrícolas. Pode-se ainda acrescentar
que o momento atual não corresponde ao momento da “criação do meio técnico,
que substitui o meio natural”, e sim da expansão do meio técnico-científicoinformacional, o qual ampliou de forma acelerada as articulações entre os
elementos constitutivos da rede produtiva presente nas áreas agrícolas.
A segunda assertiva é verdadeira ao afirmar a existência de uma modernização
tecnológica e reorganizações no espaço agrário, porém está errada ao afirmar a
modernização dos capitais, pois o que houve foi a modernização na forma como os
capitais são investidos no setor, favorecida pelos avanços tecnológicos.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
As demais alternativas são inadequadas, uma vez que partem do pressuposto
de que uma das assertivas é verdadeira.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
A compreensão dos processos de organização e reorganização do espaço
rural é extremamente relevante para a leitura do mundo globalizado, uma vez que o
acadêmico de Geografia, tanto licenciado como bacharel, deve ser capaz de
relacionar e compreender os reflexos dos avanços tecnológicos no processo
produtivo e na organização dos territórios.
Referências:
SANTOS, Milton. Meio técnico científico informacional. São Paulo: HUCITEC, 2004.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil território e Sociedade no início do
século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo capitalista de produção e agricultura. São
Paulo: Ática, 1987.
58
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 29
A adoção da bacia hidrográfica como área de trabalho para avaliação
ambiental segue a orientação de um ato legal — a Resolução CONAMA n.º 1/2006,
que, em seu art. 5º, item III, assim estabelece: “(...) definir os limites da área
geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada de
área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica
na qual se localiza”. Na mesma linha, a FAO (Foods and Agriculture Organization)
recomenda o planejamento adequado de bacias hidrográficas, considerado
fundamental para a conservação de regiões tropicais.
Rosely Ferreira dos Santos. Planejamento ambiental. Teoria e
prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004 (com adaptações).
Diante do acima exposto, infere-se que
I
a previsão, o controle e o monitoramento dos efeitos ambientais a jusante das
pequenas bacias, com a finalidade de outorga da cobrança e uso da água, são de
fundamental importância;
II
a bacia hidrográfica deve ser avaliada como um sistema complexo, aberto,
onde fluxos de matéria e energia circulam, criando redes contínuas e
descontínuas;
III
a forma e o tamanho da bacia hidrográfica não apresentam grandes diferenças
nos resultados dos estudos ambientais, mas a intensidade pluviométrica, sim.
Assinale a opção correta.
(A)
Apenas um item está certo.
(B)
Apenas os itens I e II estão certos.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E)
Todos os itens estão certos.
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta
Gabarito: alternativa (B)
Autor: Roberto Heemann
Comentários:
ENADE Comentado 2008: Geografia
59
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Águas superficiais (limites de bacias hidrográficas, montante e jusante),
hidrogeologia e monitoramento ambiental.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A competência leitora e relacional está evidenciada na questão pela reflexão
a respeito do conceito aplicado de limites de bacias hidrográficas e sua importância
para o correto monitoramento ambiental.
Justificativa para a alternativa B ser a correta:
O item I faz referência a previsão, controle e monitoramento dos efeitos
ambientais a jusante das pequenas bacias, isto é, garante que potenciais fontes
contaminantes serão detectadas em casos de descarga e/ou vazamentos. Portanto,
esse monitoramento é de fundamental importância para a outorga da cobrança e
uso da água.
O item II também está correto, pois a bacia hidrográfica pode ser considerada
como um sistema complexo, aberto, em que fluxos de matéria e energia circulam,
criando redes contínuas e descontínuas.
Justificativa das razões para inadequação das demais alternativas:
O item III não é verdadeiro porque a forma e o tamanho da bacia hidrográfica
são fatores importantes nos resultados dos estudos ambientais, refletindo a
abrangência de potenciais impactos, o alcance de medidas mitigadoras/contenção,
bem como o mais adequado sistema de amostragem e monitoramento ambiental a
ser utilizado. A intensidade pluviométrica é um entre vários fatores a serem
considerados nos estudos ambientais.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
A questão 29 relaciona o monitoramento ambiental com o correto
enquadramento da bacia hidrográfica, permitindo a outorga da cobrança e uso da
água pelos órgãos competentes. É de grande procedência para os estudantes
60
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
interpretarem o desafio do conceito de relação econômica e de fiscalização para o
uso sustentável da água.
Referências:
PINTO, N.S.; MARTINS, J.A.; HOLTZ, A.C.T. Hidrologia de superfície. São Paulo:
Edgar Blucher, 1973.
SANTOS, Rosely Ferreira dos. Planejamento ambiental. Teoria e prática. São Paulo:
Oficina de Textos, 2004 (com adaptações).
TUCCI, C.E.M. (Org.). Hidrologia – Ciência e Aplicação. São Paulo: EDUSP, 1993.
TUCCI, C.E.M.; HESPANHOL, I.; CORDEIRO NETO, O.M. Gestão de Água no
Brasil. Brasília: UNESCO, 2001.
VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGrawHill
do Brasil, 1975.
ENADE Comentado 2008: Geografia
61
QUESTÃO 30
Analise as asserções a seguir.
Planejamento ambiental corresponde ao processo que leva ao estabelecimento de
um conjunto coordenado de ações, visando à consecução de determinados
objetivos, através de uma linha ética de desenvolvimento,
porque
envolve, como política pública, estudo detalhado e preciso do meio físico, biótico e
socioeconômico de uma dada região, não constituindo, pois, uma simples
planificação de ações.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas.
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (A)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados às disciplinas de
Geografia Ambiental, Geografia do Brasil e Paisagens Climato-Botânicas e
Monitoramento Espaço Ambiental.
62
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Referência a competências/habilidades:
A competência relacional está evidenciada na questão por meio da análise
das duas assertivas. Além disso, exige do candidato competência leitora.
Justificativa para a alternativa A ser a correta:
A letra A corresponde à alternativa correta porque as duas asserções são
verdadeiras, e a segunda é uma justificativa da primeira.
O planejamento ambiental tem um caráter holístico e só é possível a partir de
uma ação do estado embora deva articular os outros segmentos da sociedade, em
particular
as
populações
envolvidas,
considerando-se
a
sustentabilidade
socioambiental. Exige ainda um estudo técnico detalhado e preciso dos aspectos
físicos dos seres vivos e da sociedade. Nesse sentido além das condições
socioeconômicas deve-se levar em conta os contextos culturais da área em estudo.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
As demais alternativas são inadequadas, pois partem do pressuposto de
que uma das assertivas é falsa, alternativas C, D e E, e a alternativa B, embora
apresente as duas proposições como verdadeiras, a segunda não é indicada
como justificativa da primeira.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
O acadêmico de Geografia, em particular o bacharel, deve ter clareza a
respeito das variáveis que compõem um planejamento ambiental de uma dada
região. Deve considerar também as questões relacionadas à ética e à
sustentabilidade socioambiental.
Referências:
MENEGAT, Rualdo; ALMEIDA, Gerson (Orgs.). Desenvolvimento Sustentável e
Gestão Ambiental nas cidades - Estratégias a partir de Porto Alegre. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2004.
ROSS, Jurandyr. Geomorfologia, Ambiental e Planejamento. São Paulo: Contexto, 2010.
VITTE, Antonio Carlos; GUERRA, Antonio José Teixeira (orgs.). Reflexões sobre a
geografia física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
ENADE Comentado 2008: Geografia
63
QUESTÃO 31
O Ministério do Meio Ambiente, com o objetivo de indicar áreas prioritárias e
estratégias para a conservação da biodiversidade, apresentou dois estudos sobre
nível de prioridade, cujos resultados, para anos distintos, estão resumidos nos
mapas a seguir.
Pela observação dos mapas acima e com base na Política Nacional de Meio
Ambiente, é possível constatar que
(A)
As grandes áreas de reservas indígenas deixaram de ser contempladas no
mapa I.
(B)
O aumento significativo de áreas prioritárias observado no mapa I deve-se à
ampliação de políticas públicas.
(C) A gestão de áreas protegidas é limitada por organizações da sociedade civil de
interesse público.
(D) As áreas fragmentadas, em ambos os mapas, oferecem poucos riscos
demográficos e genéticos, apesar dos efeitos de seu isolamento.
(E)
O estabelecimento e o manejo das áreas protegidas restringem-se à
composição local de espécies, ao aparecimento e desaparecimento de
ecossistemas e à mudança da paisagem.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (B)
Autor: Ana Regina de Moraes Soster e Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
64
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Os conteúdos avaliados nesta questão estão associados particularmente à
disciplina de Geografia Ambiental.
Referência a competências/habilidades:
A questão exige do candidato a competência leitora e relacional através de
uma leitura espaço-ambiental na qual é preciso que o aluno localize, reconheça os
aspectos envolvidos na questão e os relacione para a interpretação.
Justificativa para a alternativa B ser a correta:
A alternativa B está correta, pois pode-se afirmar que, a partir da década de 90,
os conflitos existentes nas décadas anteriores, 70 e 80, dão origem a um conjunto de
projetos alternativos possibilitados por um conjunto de redes internas e externas que
priorizam a biodiversidade. As discussões a respeito das questões ambientais são
ampliadas internamente acompanhando os movimentos ambientais existentes no
mundo. Exemplo disso foi a Agenda 21, a Rio 92 e a criação do Ministério do Meio
Ambiente, entre outros eventos que levaram à ampliação de políticas públicas
referentes ao setor, particularmente na região amazônica, como as Reservas
Extrativistas, as Unidades de Conservação e a demarcação das terras indígenas,
correspondendo a 36% do território da região (BECKER; STENNER, 2008, p. 36).
Deve-se destacar, porém, que embora as questões socioambientais estejam
hoje em outro patamar, ainda são relevantes as dificuldades existentes na região,
como bem referem Becker e Stenner (2008, p. 28),
há, contudo, que se registrar os problemas (...) a dificuldade de
inserção nos mercados, em virtude de carências gerenciais, e de
problemas de acessibilidade e competitividade; a sua característica
pontual, não alcançando escala significativa de atuação ao nível de
tão vasta região; e, por consequência, sua falta de autonomia.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
A alternativa A está incorreta, pois as áreas indígenas apresentam prioridade
extremamente alta.
A alternativa C é incorreta, uma vez que o Estado se faz presente na região
com geopolíticas específicas, em particular aquelas oriundas do MCT.
ENADE Comentado 2008: Geografia
65
A alternativa D é incorreta ao afirmar que as condições de isolamento
reduzem os riscos demográficos e genéticos na medida em que estas mesmas
condições dificultam o controle e a proteção das áreas protegidas, e a alternativa E
está incorreta porque as áreas protegidas não podem ser consideradas de forma
isolada. Tanto do ponto de vista socioambiental como do econômico, estas áreas
estão articuladas e precisam ser pensadas de forma contextualizada considerando
aspectos e condições que muitas vezes extrapolam seus limites, como no caso dos
recursos hídricos, por exemplo.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos:
Os conteúdos envolvidos na questão são extremamente relevantes para os
graduandos em Geografia, tanto licenciados como bacharéis, pois o conhecimento
do país pressupõe o reconhecimento das nossas diferenças, necessidades e
características. Ao mesmo tempo, as questões geopolíticas e ambientais estão
presentes nas tomadas de decisão para o planejamento e viabilização de políticas
públicas nas quais o geógrafo tem papel relevante junto a equipes interdisciplinares.
Referências:
BRASIL. Política Ambiental Integrada para o Desenvolvimento Sustentável. Relatório
de Gestão 2003:2006. Ministério do Meio Ambiente.
BECKER, Berttha K.; STENNER, Claudio. Um futuro para a Amazônia. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008.
CHRISTOFOLETTI, Antonio; BECKER, Bertha K.; DAVIDOVICH, Fany R.; GEIGER,
Pedro P. (orgs.) Geografia e Meio Ambiente no Brasil. São Paulo: Hucitec e
Annablume, 3. ed. 2002.
66
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 32
No artigo Os Biocombustíveis, o Etanol e a Fome no Mundo, Nelson Bacic Olic
afirma que a expressiva alta dos alimentos nos últimos dois anos e a crise alimentar
que vem afetando muitos países pobres como o Haiti, Burkina Faso e Níger, entre
outros, levou vários especialistas ligados a organismos multilaterais, como o Fundo
Monetário Internacional, a afirmar que esses problemas poderiam se alastrar por
outros países e eram causados pela expansão dos cultivos dedicados à produção de
biocombustíveis (o etanol em particular) em detrimento daqueles dedicados à
alimentação humana. Com relação a esse assunto, analise as asserções a seguir.
O problema da crise alimentar decorre de uma combinação de fatores que atuam de
forma diferenciada em vários países
porque
a produção norte-americana do etanol já consome cerca de 20% do milho produzido
no país e essa cultura vem avançando gradativamente sobre áreas de outros plantios.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas.
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (B)
Autor: Teresinha Maria Furlanetto Marques
Comentários:
ENADE Comentado 2008: Geografia
67
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Na questão 32 os conteúdos avaliados estão associados às disciplinas de
Estudos de População, Geografia Econômica e Estudos Regionais.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A questão exige do candidato a competência leitora e serve para medir níveis de
comportamentos mais complexos como as habilidades intelectuais, especialmente a
análise de relações.
Justificativa para a alternativa B ser a correta:
As pistas para a resolução da questão estão no texto e na asserção e na
razão. O acadêmico deve verificar primeiro a veracidade de cada proposição e, em
seguida, verificar se existe entre elas relação de causa. As duas proposições são
verdadeiras, mas não existe relação de causa/efeito entre elas.
Nelson Bacic Olic, em seu artigo Os Biocombustíveis, o Etanol e a Fome no
Mundo, na Revista Pangéa, em 29/04/2008, comenta que existe, em primeiro lugar,
uma preocupação no mundo com a redução do lançamento de gases-estufa no
ambiente. Em segundo lugar destaca a redução da dependência dos países em
relação ao petróleo, então os biocombustíveis (etanol) apresentam-se como uma
alternativa viável para o atendimento dessas questões. Os EUA são os maiores
produtores mundiais de milho, e a decisão dos governos dos Estados Unidos e os
governos da União Europeia em aumentar a produção de álcool acirra as
discussões, pois significa a utilização de áreas agrícolas para a produção de
biocombustíveis e não de alimentos, o que poderia aumentar a fome entre os países
africanos, já tão afetados por esse flagelo.
As duas asserções estão corretas e a segunda não é justificativa para a
primeira, pois a fome no mundo é mais antiga e decorre de outros fatores, tais como
preço, frustração de safras, má distribuição entre os consumidores, condições
climáticas, água, entre outros, muito mais do que a produção de milho para o fabrico
de etanol. Por outro lado, o aumento da lavoura de milho nos EUA para a produção
de etanol, certamente, utiliza terras de outros plantios, o que poderia diminuir a
oferta de alimentos para o mercado externo.
68
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Referências:
AYERBE, Luis Fernando. Estados Unidos e América Latina – A construção da
hegemonia. São Paulo: UNESP, 2002.
KARNAL, Leandro. Estados Unidos – A Formação da Nação. São Paulo:
Contexto, 2005.
SEBASTIÁN, Luis de. África, Pecado da Europa. Madrid: Trotta, 2006.
VIZENTINI, Paulo F; RIBEIRO, Luiz D.; PEREIRA Ana Lúcia D. Breve história da
África. Porto Alegre: Leitura XXI, 2007.
ENADE Comentado 2008: Geografia
69
QUESTÃO 33
O colapso da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e da Iugoslávia e o
caos praticamente total em países como Somália, Libéria, Serra Leoa e Afeganistão
estão provocando a emergência de novas e preocupantes formas de violência.
FONT, Joan Nogué e RUFI, Joan Vicent. Geopolítica, identidade
e globalização. São Paulo: Annablume, 2006 (com adaptações).
Considerando as ideias do texto acima, julgue os seguintes itens.
I
Os processos separatistas representam o avanço das ideias nacionalistas
apoiadas pelos princípios do capitalismo.
II
Tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes, a violência foi
incrementada como resultado da polarização social.
III
O lado obscuro da globalização pode ser observado no incremento da
violência e do crime.
Assinale a opção correta.
(A)
Apenas um item está certo.
(B)
Apenas os itens I e II estão certos.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E)
Todos os itens estão certos
Tipo de Questão: escolha combinada de resposta correta
Gabarito: alternativa (D)
Autor: Antônio Carlos Castrogiovanni
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Os conteúdos trabalhados na questão são desenvolvidos particularmente nas
temáticas de: Geografia Política, Tensões e conflitos mundiais e Globalização.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
É preciso conhecer a Geografia Política e seus principais conceitos, para
compreender expressões como separatismo, nacionalismo, países emergentes,
entre outras.
70
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Relacionar os conceitos básicos da Geografia Política a uma situação de
tensões e conflitos atuais permite interpretar possíveis tendências da organização do
espaço mundial.
Justificativa para a alternativa D ser a correta:
Trata-se de uma questão que exige a escolha combinada de resultados, e
estão corretas duas afirmações propostas: as de números II e III. A afirmação II está
correta, pois coloca a polarização social como uma das causas da incrementação da
violência em países emergentes. A afirmação III está correta, pois cita pontos
negativos da globalização: o aumento da violência e o crime.
Justificativa das razões para inadequação das demais alternativas:
A afirmação de número I está incorreta, pois relaciona processos separatistas
como consequência de pensamentos nacionalistas.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
O conteúdo da questão é atual e exige conhecimentos vitais da Geografia
Política; aborda algumas tensões que não são retratadas pela mídia com frequência,
mas que demonstram tendências futuras.
Referências:
FONT, Joan Nogué; RUFI, Joan Vicent. Geopolítica, identidade e globalização. São
Paulo: Annablume, 2006 (com adaptações).
FRANCO, Paulo S. S. e MORAES, Marcos A. de. Geopolítica, Apocalipse do Século
XX. Campinas, Átomo, 2000.
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. Quem tem medo da geopolítica? São Paulo,
Hucitec, 1999.
ENADE Comentado 2008: Geografia
71
QUESTÃO 34
Os gestores públicos do município X, atentos às transformações espaciais ocorridas
no município e preocupados em garantir a qualidade dos recursos naturais da
região, resolveram elaborar edital para a contratação de serviço técnico
especializado para o município. Para a zona rural, são exigidos cadastros
georreferenciados de todas as propriedades rurais de acordo com a legislação
federal em vigor, mapeamento de todas as áreas de preservação permanente,
mapeamento das áreas de reserva legal para todas as propriedades. No sítio urbano
do município, exige-se o cadastro georreferenciado de todos os arruamentos,
quadras, lotes, edificações, rede de energia elétrica, rede de saneamento básico.
Considerando a situação hipotética acima apresentada, assinale a opção em que é
apresentado o instrumental mais adequado, do ponto de vista técnico, para a
execução do serviço.
(A)
Imagens de sensoriamento remoto do satélite Landsat 5 TM; cartas
topográficas na escala de 1:10.000; equipamento para posicionamento por
satélites de navegação.
(B)
Aerolevantamento na escala de 1:20.000 para a área urbana, e de 1:2.000 para a
zona rural; equipamento para posicionamento por satélites de navegação.
(C) Imagens de sensoriamento remoto do satélite Ikonos; cartas topográficas na
escala de 1:10.000; equipamento para posicionamento por satélites
de navegação.
(D) Imagens de sensoriamento remoto do satélite CBERS II, cartas topográficas na
escala de 1:10.000; equipamento para posicionamento por satélites geodésicos.
(E)
Aerolevantamento na escala de 1:2.000 para a área urbana, e de 1:10.000 para a
zona rural, equipamento para posicionamento por satélites topográficos.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (E)
Autor: Regis Alexandre Lahm
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Geoprocessamento, sensoriamento remoto, aerofotogrametria, cartografia,
posicionamento por satélites, legislação ambiental, escalas cartográficas.
72
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Referência a competências/habilidades envolvidas:
Análise visual de produtos advindos da teledetecção, noções de escala
cartográfica, posicionamento geodésico.
Justificativa para a alternativa E ser a correta:
Para a consecução dos objetivos propostos previstos pela Legislação Federal,
são necessários produtos cartográficos com escalas grandes, para visualização dos
alvos, que podem ser provenientes de produtos de aerolevantamento ou de
sensores de alta resolução ortorretificados. Também são necessários aparelhos de
GPS com precisão e acurácia.
Justificativas para inadequação das demais alternativas:
A – Imagens do sensor Landsat TM 5 não possuem a resolução espacial (que
é a de 30m X 30m) adequada à observação de alvos, tais como arruamentos,
quadras, lotes, edificações, rede de energia elétrica, rede de saneamento básico.
Também não são as mais indicadas para a visualização de propriedades rurais que
possuem pequenas superfícies. Do mesmo modo, as áreas de preservação
permanente e as áreas de reserva legal de pequenas superfícies não são
detectadas por esse tipo de sensor. Além disso, satélites de navegação não têm
precisão geodésica para atingir os objetivos do edital.
B – Nesta questão, além de as escalas para análise visual estarem invertidas
(deveria ser escala maior de 1:2000 para área urbana e escala menor de 1:20.000
para área rural), os Satélites de navegação não têm precisão geodésica para atingir
os objetivos do edital.
C – As imagens do satélite Ikonos, desde que ortorretificadas, até poderiam
servir para atender o edital, mas a resposta não faz menção à ortorretificação, e,
ainda assim, satélites de navegação não têm precisão geodésica para atingir os
objetivos
do
edital.
As
cartas
topográficas,
desde
que
oriundas
de
aerolevantamentos atuais, poderiam servir para consecução de parte do edital.
Porém, a alternativa não faz menção a isto.
D – O sensor CBERS II, com resolução espacial de 20 X 20m, não permite
análise visual da área urbana e da área rural de maneira a atender o referido edital;
ENADE Comentado 2008: Geografia
73
ou seja, não podem ser observados em nível de detalhe alvos como arruamentos,
quadras, lotes e propriedades rurais e áreas de preservação permanente com
pequenas superfícies.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
É de extrema importância que profissionais da área de Geografia saibam
definir as resoluções espaciais adequadas, provenientes dos mais variados
sensores que capturam imagens orbitais, bem como aerofotos verticais advindas de
aerolevantamentos, para poderem detectar nos produtos oriundos da teledetecção,
o que realmente pode ser observado a partir destes produtos. É importante também
relacionar a escala cartográfica dos produtos mencionados visando a medição e a
comparação entre as cartas topográficas e a superfície real do globo terrestre.
Referências:
MOREIRA, Maurício Alves. Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias
de aplicação. 2. ed. Viçosa: UFV, 2003.
NOVO, Evlyn Márcia Leão de Moraes. Sensoriamento remoto: princípios e
aplicações. 3. ed. São Paulo: Adgard Blucher, 2008. 388 p.
RAISZ, Erwin. Cartografía general. Barcelona: Omega, 1953. 453 p.
RICCI, Mauro; PETRI, Setembrino. Princípios de aerofotogrametria e interpretação
geológica. São Paulo: Nacional, 1965.
ROCHA, Cézar Henrique Barra. Geoprocessamento: tecnologia transdisciplinar. Juiz
de Fora: C. H. B. Rocha, 2000. 220 p.
VALDÉS, Francisco Doménech. Prácticas de topografía, cartografía, fotogrametría.
Barcelona: CEAC, 1997. 387 p.
74
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 35
Os mapas temáticos podem ser construídos levando-se em conta vários métodos;
cada um deles apropriado às características e à forma de manifestação (em pontos,
em linhas, em áreas) dos fenômenos considerados em cada tema, seja a
abordagem qualitativa, ordenada ou quantitativa. Pode-se empreender também uma
apreciação sob o ponto de vista estático ou dinâmico. Assim, é possível agrupar
esses métodos em quatro categorias fundamentais de representação: qualitativa,
ordenada, quantitativa e dinâmica.
De acordo com os métodos de representação e a forma de manifestação dos
fenômenos geográficos, os mapas I, II e III, acima apresentados, são classificados,
respectivamente, em:
(A)
Mapa zonal e ordenado; mapa linear e quantitativo; mapa pontual e ordenado.
(B)
Mapa zonal e qualitativo; mapa linear e ordenado; mapa pontual e qualitativo.
(C) Mapa zonal e qualitativo; mapa linear e quantitativo; mapa pontual e quantitativo.
(D) Mapa zonal e qualitativo; mapa linear e quantitativo; mapa pontual e ordenado.
(E)
Mapa zonal e ordenado; mapa linear e qualitativo; mapa pontual e qualitativo.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (D)
Autor: Regis Alexandre Lahm
Comentários:
ENADE Comentado 2008: Geografia
75
Conteúdos da Questão:
Cartografia temática, representações gráficas, domínio dos códigos,
semiologia gráfica, relações de similaridade/diversidade (percepção dissociativa,
associativa e seletiva), ordem e de proporcionalidade, representação por pontos,
linhas e áreas (zonais).
Referência a competências/habilidades envolvidas:
Análise visual de mapas temáticos, interpretação de representações gráficas,
emprego de representações de caráter zonal, linear e pontual, tradução de variáveis
visuais, distinção entre variáveis qualitativas, quantitativas e ordenadas e identificação
visual em um só golpe.
Justificativa para a alternativa D ser a correta:
O mapa I apresenta polígonos fechados (abordagem zonal) com dimensão
espacial
qualitativa
(representação
de
microrregiões);
são
as
microrregiões
estabelecidas pelo IBGE para o Estado do Amapá e que levam em consideração, como
critérios, a presença de elementos do quadro natural, relações sociais e econômicas
particulares, produção propriamente dita, distribuição, troca e consumo, tentando incluir
as atividades urbanas e rurais em caráter totalizante (cf. IBGE, 1990, p. 8). O mapa II
apresenta linhas graficadas de caráter quantitativo, pois a relação de proporção é
imediata; quanto mais fina a linha, menor o fluxo de carros, informando assim o número
de automóveis que percorrem as vias por dia (nº Carros/ dia). O mapa III não possibilita
a leitura de sua legenda de forma clara (o tamanho da figura na questão não permite a
leitura de sua legenda); o que poderia ser um problema, apresenta formas pontuais que
evidenciam ordenação, visto que, na legenda, o que está sendo mostrado (apesar de
pouco claro) é, provavelmente, e, por eliminação das demais alternativas, uma
informação ordenada.
Justificativa para inadequação das demais alternativas:
A – Esta alternativa apresenta o mapa I como sendo zonal e ordenado.
Com base nos critérios apresentados (IBGE, 1990, p. 8) e na própria legenda no
mapa, tal consideração não condiz com o referido mapa. Dito de outro modo, o
76
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
mapa I não pode ser considerado como ordenado, pois as diferentes tonalidades
apresentadas servem, nesse caso, apenas para diferenciar as microrregiões do
IBGE
(similaridade/diversidade),
caracterizando-o
como
um
mapa
que
proporciona uma percepção seletivo-qualitativa. Assim, embora as outras
proposições da alternativa, as respectivas aos mapas II e III (“‘mapa linear e
quantitativo’ e ‘mapa pontual e ordenado’”) estejam corretas, os motivos aduzidos
tornam incorreta a alternativa A.
B – Esta alternativa é incorreta porque, apesar de o mapa I ser zonal e
qualitativo e o mapa II ser linear, o que é correto, o mapa II não é ordenado, pois
não ordena categorias e sim quantifica o nº carros/dia. Por sua vez, o mapa III é
pontual (única afirmação não temerária acerca desse mapa). Porém, em virtude de
sua legenda não estar clara não se pode afirmar se o mesmo é qualitativo
(apresentando relações de similaridade/diversidade) ou ordenado (categorias se
ordenando espontaneamente). Aparentemente, as categorias se ordenam de forma
espontânea, o que o caracterizaria como um mapa pontual e ordenado. De todo
modo, a dificuldade apresentada pela terceira parte desta asserção é eliminada em
virtude de, repete-se, o mapa II ser quantitativo.
C – Esta alternativa apresenta o mapa I como sendo zonal e qualitativo, o que
é correto. O mapa II é apresentado como sendo linear e com atributo quantitativo, o
que também é correto. O mapa III é apresentado como pontual, o que é verdadeiro,
porém, pelas mesmas razões exemplificadas antes, aparentemente as categorias se
ordenam de forma espontânea, o que o caracterizaria como um mapa pontual e
ordenado, e não quantitativo.
E – Esta alternativa apresenta o mapa I como sendo zonal, mas tal mapa
não pode ser classificado como ordenado, pois as categorias, em uma visão de um
só golpe, não se ordenam, mas sim se classificam segundo microrregiões do IBGE
(1990), caracterizando-o como um mapa qualitativo. Do mesmo modo, o mapa II,
que é linear, não pode ser considerado como qualitativo, visto que ele expressa
atributos de quantidade (nº carros/ dia). A última proposição desta alternativa
necessita de um esclarecimento: o mapa III é classificado como pontual; o que é
verdadeiro. Porém, em virtude de a legenda do mapa não ser clara, ele pode ser
classificado como um mapa que contém atributos qualitativos ou categorias que se
ENADE Comentado 2008: Geografia
77
ordenam de forma espontânea. Ainda assim, a alternativa é incorreta porque as
duas primeiras proposições (“mapa zonal e ordenado” e “mapa linear e qualitativo”)
estão erradas.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
A questão trabalha com conceitos (re)construídos na disciplina de
Cartografia Temática, relações de similaridade/diversidade (percepção dissociativa,
associativa e seletiva). Tal subárea da Cartografia procura capacitar para a leitura
cartográfica, bem como para a representação cartográfica. São saberes e
habilidades necessárias tanto ao bacharel quanto ao licenciado em Geografia, visto
que ambos são profissionais que devem saber lidar com as formas possíveis e
mais adequadas para a construção de sistemas de comunicação cartográfica
(semiologia gráfica). Isso tudo passa pela utilização de símbolos e sinais, visando
compor uma linguagem gráfica, bidimensional, atemporal e destinada à visão, o
que permite a compreensão de variáveis geográficas através da visão em “um só
golpe”. É importante lembrar que todos os atlas e mapas temáticos (escolares ou
não) se utilizam destas representações, o que encaminha à importância de se
trabalhar com esses saberes na Educação Básica e na atuação profissional.
Referências:
IBGE. Divisão Regional do Brasil em Mesorregiões e Microrregiões Geográficas,
v.1, 1990, p. 8.
LAHM, Regis Alexandre. Técnicas de Sensoriamento remoto e geoprocessamento
aplicados à cartografia. In: CASTROGIOVANNI, A.C. Inquietações geográficas.
Porto Alegre: Dos Autores, 2000. p. 65-75.
MARTINELLI, Marcelo. Curso de cartografia temática. São Paulo: Contexto, 1991.
______. Cartografia Temática: caderno de mapas. São Paulo: EDUSP, 2003. 168 p.
______. Mapas da geografia e cartografia temática. 2. ed. São Paulo: Contexto,
2005. 112 p.
NOGUEIRA, Ruth E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de
dados. Florianópolis: UFSC, 2008. 314 p.
78
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 36
Com relação ao ensino da geografia, analise as asserções a seguir.
A localização e o mapeamento de dados e informações espaciais não encerram uma
análise geográfica, ao contrário, marcam seu início
porque
tal análise ocorre quando o sujeito aprendiz se reporta ao processo de produção do
espaço e, entre outras atividades, o confronta com a configuração espacial do mapa.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
(A)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma
justificativa correta da primeira.
(B)
As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição
verdadeira.
(E)
As duas asserções são proposições falsas.
Tipo de Questão: asserção e razão
Gabarito: alternativa (B)
Autor: Regis Alexandre Lahm e Roselane Zordan Costella
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Cartografia, localização, mapeamento, análise geográfica e metodologias
de ensino.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
Localização espacial, análise geográfica.
ENADE Comentado 2008: Geografia
79
A competência relacional envolvida na questão refere-se a aplicar
metodologias de ensino na leitura e à compreensão do mapa em relação à
produção do espaço.
As habilidades desenvolvidas são: reconhecer o mapa como um instrumento de
análise e não como um fim para a compreensão conceitual, relacionar dinamicamente a
cartografia com a representação do espaço em mudanças e entender a lógica da
complexidade existente entre o contexto geográfico, seu estudo e a capacidade de
(re)ler a sua organização.
Justificativa para a alternativa B ser a correta:
Questão extremamente difícil porque traz duas asserções que fazem
proposições corretas acerca do ensino de Geografia, mas que não se complementam
entre si. É verdade que uma análise geográfica não se caracteriza apenas pela
localização e pelo mapeamento de dados e informações. Por outros termos, o mapa é
uma ferramenta que ajuda no entendimento das dinâmicas e processos de produção do
espaço (1º asserção). Logo (2º asserção), um aprendiz que queira fazer uma análise
geográfica deve se referir ao processo de produção do espaço, mas depende do
processo de produção do espaço, o que não necessariamente está diretamente ligado
à configuração espacial de um mapa. Ou seja, à segunda proposição.
A primeira asserção é verdadeira porque provoca a reflexão em relação ao
comportamento do sujeito de analisar o espaço geográfico, levando em
consideração que o levantamento de dados e suas compreensões estatísticas não
representam o fazer geografia; os dados servem antes de tudo para serem lidos e
interpretados, produzindo textualizações e interpretações analíticas.
A segunda asserção é igualmente verdadeira porque o aprendiz deverá, além
de compreender as análises espaciais propostas, confrontar essas análises com
ferramentas cartográficas, propondo uma leitura do espaço e do mapa.
A segunda asserção não justifica a primeira porque a análise e representação
do espaço não se limitam à confrontação da realidade dos processos interpretativos
com os dados emitidos num mapa, esta leitura é mais ampla e complexa.
Enfim, o mapa é uma representação do espaço, assim devendo ser
construído, reconstruído, analisado, interpretado e lido. Esse instrumento é um texto
80
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
em que o aprendiz constrói condições de leitura e (re)leitura. O aprendiz não se
limita a confrontar informações para construir o conhecimento referente ao espaço, é
necessário confrontar o conhecimento, que vai além das informações: o
conhecimento, aqui referido, representa a produção do novo.
Justificativa para inadequação das demais alternativas:
A - Na alternativa A, a segunda asserção não é uma justificativa correta da primeira.
C - As duas asserções são verdadeiras.
D - As duas asserções são verdadeiras.
E - As duas asserções são verdadeiras.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
É importante que o estudante e o profissional da Geografia tenham em mente
que não bastam apenas a localização e o mapeamento de dados e informações para
uma análise geográfica. É necessário a análise de diferentes aspectos geográficos
referentes à área de estudo para que se possa analisá-la corretamente. O ensino da
Geografia compreende processos que deverão ser dominados pelos alunos. A partir
destes processos metodológicos se aproximam os conceitos acadêmicos da condição
de ensinar, e assim torna-se indispensável compreender que aprender Geografia vai
além do saber enciclopédico: representa o conhecimento com propriedade do espaço
e suas razões epistêmicas de compor o objeto de estudo dessa disciplina.
Referências:
ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e
representação 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
JOLY, Fernand. A cartografia. 8. ed. Campinas: Papirus, 2005.
LAHM, Regis Alexandre. Técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento
aplicados à cartografia. In: CASTROGIOVANNI, A.C. Inquietações geográficas.
Porto Alegre: Dos Autores, 2000. p. 65-75.
NOGUEIRA, Ruth E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de
dados. Florianópolis: UFSC, 2008. 314 p
RAISZ, Erwin. Cartografía general. Barcelona: Omega, 1953. 453 p.
ENADE Comentado 2008: Geografia
81
QUESTÃO 37
Segundo Rossato e Silva (2007), a geografia escolar ainda está longe da
superação da lógica tradicional. A abordagem dos fenômenos naturais é
meramente descritiva, classificatória e pouco cuidadosa, sendo desconsideradas
as relações entre os elementos naturais e as inovações científicas sobre a
temática, repetindo-se concepções ultrapassadas academicamente. Para romper
com essa abordagem, o(a) professor(a) deve buscar práticas de ensino que
incorporem contextualizações diferenciadas, a fim de proporcionar ao aluno a
construção dos conceitos, a compreensão das dinâmicas dos fenômenos, e não a
simples memorização. Nessa perspectiva, uma das formas de abordagem de
temas relacionados à climatologia em sala de aula, por exemplo, é por meio da
aproximação do conteúdo à realidade do aluno.
Considere como exemplo dessa prática a utilização da seguinte atividade.
Você vai fazer observações do tempo durante 10 dias. Para isso, utilize a tabela
abaixo, escolha uma hora (que deverá ser sempre a mesma) para fazer as
observações sobre o tempo e registre-as diariamente. Preencha todas as colunas,
orientando-se pelas indicações apresentadas ao final da tabela.
Constitui(em) objetivo(s) que está(ão) de acordo com a atividade acima proposta
82
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
I
Promover um processo de ensino-aprendizagem facilitador da elaboração de
conceitos ligados ao clima e associados ao cotidiano do aluno.
II
Despertar o interesse dos alunos pelas correntes teóricas específicas da área
de climatologia.
III
Aplicar, sobre as condições meteorológicas, procedimentos pedagógicos que
partam da vivência do aluno e avaliar sua eficiência na compreensão da
dinâmica climática.
IV
Verificar a percepção dos alunos em relação ao avanço de massas de ar frias
sobre a região observada.
V
Testar a aplicabilidade do registro das condições de tempo para a identificação
da evolução dos sistemas meteorológicos sobre uma determinada área.
Estão certos apenas os itens
(A)
I e III.
(B)
II e IV.
(C) I, II e IV.
(D) II, III e V.
(E)
III, IV e V.
Tipo de Questão: escolha simples de resposta correta
Gabarito: alternativa (A)
Autor: Antônio Carlos Castrogiovanni
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Os conteúdos exigidos na questão referem-se às abordagens metodológicas
do Ensino da Geografia. Os alunos precisam dominar os processos de
aprendizagem que envolve a construção do conhecimento e o desenvolvimento de
habilidades e competências que estruturem um novo pensar na educação.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A competência que se faz presente é o reconhecimento da leitura do espaço
e da relação desta leitura com os conceitos que envolvem a Geografia.
As habilidades exigidas são o conhecimento de metodologias adequadas ao
ensino da Geografia e a compreensão de conceitos geográficos diante da
apresentação de um recurso didático.
ENADE Comentado 2008: Geografia
83
Justificativa para a alternativa A ser a correta:
As alternativas I e III estão corretas, pois as atividades relacionam os
acontecimentos do lugar com os conceitos de Geografia, contemplando o que a raiz
da questão evidencia quando se refere a um ensino balizado na construção e não
somente na memorização. A atividade proposta representa uma análise de
situações cotidianas que explicarão, certamente, as dinâmicas climáticas de forma
significativa, já que parte de um contexto conhecido.
Justificativa das razões para a inadequação das demais respostas:
As alternativas, II, IV e V não estão corretas, pois não condizem com os objetivos
metodológicos do ensino da Geografia, e sim evidenciam outros conceitos que não
estão presentes na questão: linha científica referente ao clima, evolução de sistemas
meteorológicos e avanços de massas de ar. Essas alternativas não referenciam a
relação aluno e contexto, e sim assuntos destacados de forma isolada.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
Estudar os processos que envolvem a aprendizagem é de fundamental
relevância para que formemos educadores em Geografia e não instrutores. As
metodologias ligadas à importância da leitura do espaço e do contexto do aluno
envolvem os estudos mais significativos para o ensino da Geografia. Conhecer as
linhas metodológicas e saber aplicá-las torna o professor um mediador da
aprendizagem, transformando as informações em conhecimento.
Referências:
BECKER, Fernando. A epistemologia do professor – O cotidiano escolar. 20. ed.
Petrópolis: Vozes, 2003.
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Ensino da Geografia: práticas e
textualizações do cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.
COLL, Cesar. O construtivismo na sala de aula. 6. ed. São Paulo: Ática, 2002.
84
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
COMPONENTE ESPECÍFICO
QUESTÕES DISCURSIVAS
QUESTÃO 38 – DISCURSIVA
LE SANIN, J. G. Metodologia para introduzir a geografia no ensino fundamental. In:
ALMEIDA, R. D. Cartografia escolar. São Paulo: Contexto, 2007, p. 107.
Tendo o esquema acima como referência, discorra acerca da geografia como
ciência social voltada à organização do espaço.
(valor: 10,0 pontos)
Tipo de Questão: Discursiva
Gabarito: foram evidenciadas ideias indispensáveis para a realização da questão, já
que não apresenta escolha simples
Autor: Roselane Zordan Costella
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
Os conteúdos compreendidos e exigidos para a resolução da questão são:
conceito de espaço, de tempo, de sistema, de escala, de representação e de outros
que possam articular de forma epistêmica o objeto de estudo da Geografia.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A competência solicitada na questão é o desenvolvimento da capacidade de
ler o mundo por meio das representações do sujeito.
As habilidades para atingir esta competência estão articuladas no processo de
reconhecimento de conceitos epistêmicos da Geografia, bem como na interpretação de
gráficos ou figuras que simbolizam a aplicabilidade das relações deste conceito.
Justificativa para que a questão fique correta:
A questão evidencia um gráfico que, para interpretá-lo, o aluno precisa ter
como referência reflexões que abordem:
86
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
- o espaço como um sistema de ações e relações que resultam num conjunto
de leituras complexas e interpretativas;
- a leitura do espaço precisa levar em consideração o local e o global,
promovendo a mobilidade do conhecimento das relações;
- os conceitos de espaço, tempo e representação precisam estar articulados
para compreender o conjunto de eventos, reconhecendo-os como um processo de
continuidades, sem vazios e situações isoladas.
A resolução desta questão envolve a condição do aluno de organizar o
pensamento para textualizar a leitura do espaço como uma representação temporal,
local, global, sistêmica e relacional.
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
É indispensável para um geógrafo ou um licenciado em Geografia saber os
conceitos que embasam teoricamente esta ciência para que consigam ler o espaço
trabalhado de forma articulada, responsável e competente. Tanto na pesquisa
quanto no ensino, o entendimento da ciência promove o desenvolvimento da
competência primordial de um profissional. Reconhecer as articulações que
envolvem as ações evidenciadas no espaço capacita o aluno a aplicar este
conhecimento em inúmeras análises, qualificando-o profissionalmente.
Referências:
CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo Cezar da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato
(Org.) Geografia, conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
GOMES, Edvânia T.A.; CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeni. Paisagem,
imaginário e espaço. Rio de Janeiro: EDURJ. 2001.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e Emoção. 2. ed.
São Paulo: Hucitec, 1997.
ENADE Comentado 2008: Geografia
87
QUESTÃO 39 – DISCURSIVA
Hoje, há uma crescente segmentação territorial das etapas do trabalho,
intensificando-se as trocas e relações entre regiões. Esses intercâmbios frequentes e
espessos não são obrigatoriamente entre áreas contíguas. Ao longo do tempo, cada
lugar é alvo de sucessivas divisões do trabalho. Mas esse lugar, visto em um corte
temporal, isto é, em um momento dado, acolhe simultaneamente várias divisões do
trabalho. Como essas não se realizam independentemente dos fluxos, sobrepõem-se
nele também diversos circuitos de produção.
SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do
século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 143-44 (com adaptações).
Uma grande corporação multifuncional e multilocacional possui, no que se
refere à sua espacialidade, não apenas diversas localizações, mas também intensas e
complexas interações espaciais, envolvendo, de um lado, suas próprias localizações
e, de outro, numerosas empresas e grupos. Em outras palavras, o espaço de atuação
de uma grande corporação constitui um meio vital para sua existência e reprodução
ampliada. Esse espaço é, por outro lado, submetido à ação da corporação, sendo
diferencialmente alterado em suas dimensões e conteúdos social e econômico.
CORREA, Roberto Lobato. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2006, p. 163 (com adaptações).
Considerando os fragmentos de texto e as figuras acima apresentados, redija um
texto dissertativo, analisando a dinâmica econômica e as novas territorialidades
relacionadas à atividade econômica a que se referem os quadros.
(valor: 10,0 pontos)
88
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
Tipo de Questão: Discursiva
Gabarito: Discursiva
Autor: Antônio Carlos Castrogiovanni
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
São explorados conteúdos como Geografia Econômica, territorialidades,
redes e fluxos e a partir das informações fornecidas pela questão, a partir dos quais,
é necessário que o estudante escreva sobre esses assuntos.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A competência solicitada na questão é o desenvolvimento da capacidade de
ler o mundo. As habilidades para atingir esta competência estão articuladas no
processo de reconhecimento de conceitos da Geografia econômica, bem como a
interpretação de mapa e organograma que representam os fluxos e redes
resultantes dos contextos apresentados.
Justificativa para que a questão fique correta:
A questão discursiva exige primeiramente dos estudantes a leitura e
interpretação das duas passagens de autores da Geografia, cada uma delas referese a determinado ponto, no entanto, ambas possuem um caminho comum e é a
partir disso que se pode desenvolvê-la.
Deve ser feita uma dissertação que de maneira clara e objetiva, que
demonstre as novas tendências econômicas, sua espacialização e territorialidade e
como elas se relacionam através de redes, com fluxos constituídos de maneira
diferente do que se via anteriormente devido a novas opções de comunicação e
transporte; devem ser abordadas também novas características de mão de obra e
matéria-prima.
Para sustentar as colocações, o aluno deve utilizar como base a indústria
fumageira e sua atual estrutura locacional no Brasil, como demonstrado no
organograma e no mapa apresentados.
ENADE Comentado 2008: Geografia
89
Considerações sobre a pertinência dos conteúdos envolvidos na questão, da
realidade acadêmica e profissional do estudante:
É imprescindível para um geógrafo ou um licenciado em Geografia ler o
espaço trabalhado de forma articulada, responsável e competente. Tanto na
pesquisa quanto no ensino, são necessários o entendimento dos processos
econômicos e a constituição dos fluxos e redes nos territórios. O acadêmico deve
reconhecer as articulações que envolvem as ações evidenciadas no espaço.
Referências:
CORREA, Roberto Lobato. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2006. p. 163 (com adaptações).
______. Rede Urbana, São Paulo: Ática, série Princípios, 1989.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do
século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 143-44 (com adaptações).
90
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
QUESTÃO 40 – DISCURSIVA
Compare as figuras a seguir.
Considerando as questões ambientais resultantes dos processos de apropriação
dos recursos naturais, discorra sobre a construção de pequenas centrais
hidrelétricas (PCH).
(valor: 10,0 pontos)
Tipo de Questão: Discursiva
Gabarito: Discursiva
Autor: João Marcelo Ketzer
Comentários:
Identificação dos conteúdos implicados na questão:
A temática na questão está relacionada a conteúdos trabalhados nas
disciplinas da área da Geografia Ambiental, pois refere-se a: meio ambiente,
impactos ambientais e águas continentais.
Referência a competências/habilidades envolvidas:
A competência solicitada na questão é o desenvolvimento da capacidade
leitora – de ler o mundo – e a capacidade lógico-matemática para a interpretação
dos dados representados nas figuras. As habilidades para atingir essa competência
estão articuladas no processo de reconhecimento de conceitos da Geografia
Ambiental e de Águas Continentais, bem como na interpretação das figuras que
representam possibilidades de intervenção do homem no espaço.
Justificativa para que a questão fique correta:
A humanidade hoje demanda uma grande quantidade de energia, sendo que
essa demanda aumenta juntamente com o desenvolvimento, acesso a bens de
ENADE Comentado 2008: Geografia
91
consumo e crescimento populacional. A utilização de combustíveis fósseis tem sido
apontada como uma alternativa segura para o suprimento dessa demanda
energética, porém causa danos significativos ao meio ambiente, incluindo a emissão
de gases de efeito estufa, que causa a mudança de clima. Nesse sentido, a busca
por fontes de energia renovável que possam contribuir para suprir a demanda
energética torna-se ainda mais importante. O Brasil é um país com grande potencial
hídrico para geração de eletricidade e dispõe, na atualidade, de grandes centrais
hidrelétricas, onde a maior parte da energia elétrica do país é produzida. A
construção (e licenciamento) de novas e grandes hidrelétricas, porém, tem
enfrentado grande resistência de órgãos ambientais, devido à extensa e intensa
modificação associada a sua implantação. Essas grandes centrais necessariamente
precisam de um extenso reservatório a montante da barragem, formado a partir da
inundação de uma grande área. A formação do reservatório pode trazer prejuízos,
por exemplo, aos ecossistemas locais, ao microclima da região, às populações
locais, e a emissão de gases de efeito estufa, notadamente o metano. A construção
de pequenas centrais hidrelétricas, no entanto, não necessita da formação de um
grande reservatório e, portanto, os impactos ambientais relacionados são
sensivelmente reduzidos. Além disso, essas pequenas centrais geram energia de
forma descentralizada e, quando amplamente distribuídas, têm sido apontadas como
parte da solução para geração de energia e uso dos recursos naturais dentro de
uma perspectiva de desenvolvimento sustentável.
Referências:
TUCCI, C.E.M. (Org.). Hidrologia – Ciência e Aplicação. São Paulo: EDUSP, 1993.
TUCCI, C.E.M.; HESPANHOL, I.; CORDEIRO NETO, O.M. Gestão de água no
Brasil. Brasília: UNESCO, 2001.
LEFF, Enrique e outros. A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2003. 342 p.
PLANTENBERG, Clarita Müller; AB’SABER, Aziz Nacib. Previsão de impactos. São
Paulo: Editora EDUSP, 2002. 573 p.
92
SOSTER, Ana Regina de M. e MARQUES, Teresinha M. F. (Orgs.)
LISTA DE CONTRIBUINTES
Ana Regina de Moraes Soster
Antônio Carlos Castrogiovanni
João Marcelo Ketzer
Regis Alexandre Lahm
Roberto Heemann
Roselane Zordan Costella
Teresinha Maria Furlanetto Marques
ENADE Comentado 2008: Geografia
93
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