Estado nutricional de plantas perenes

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Diagnose foliar
ESTADO NUTRICIONAL DE
PLANTAS PERENES: AVALIAÇÃO E
MONITORAMENTO
Ondino Cleante Bataglia1
Wagner Rodrigues dos Santos2
INTRODUÇÃO
A
O conhecimento
tecnológico é cada vez
mais imprescindível para
uma agricultura
competitiva
produtividade das plantas é determinada por
muitos fatores de produção. À medida que o produtor consegue
controlar com eficiência esses fatores de
produção ele pode assegurar a lucratividade de seu empreendimento e competir no mercado nacional
ou internacional.
O conhecimento tecnológico é cada vez mais imprescindível para uma agricultura competitiva. Numa convivência internacional de globalização de mercados não há mais espaço para improvisações e perdas de colheitas ou reduções de lucros por causa
de falhas de controle de fatores de produção perfeitamente previsíveis. É o caso da nutrição mineral das plantas.
Há vasto conhecimento disponível no país. É possível prevenir os insucessos devido a deficiências ou excessos de nutrientes pela correção dos solos usando a análise de solos como critério
para recomendação de corretivos e fertilizantes e também a própria planta como objeto de diagnóstico. Para plantas perenes principalmente, há grande possibilidade de se modificar as recomendações de adubações através do monitoramento nutricional.
A diagnose foliar pode ser feita por meio da observação
visual de sintomas de distúrbios nutricionais – diagnose visual ou
através de procedimentos mais sofisticados como a análise química das folhas. Em ambos os casos há necessidade de se observarem determinados princípios para que os resultados possam ser
devidamente interpretados e levem a recomendações com resultado econômico para os produtores.
ANÁLISE DE PLANTAS E DIAGNOSE FOLIAR
A idéia de se usar o teor mineral de plantas como critério
para avaliar o estado nutricional de plantas é bastante atraente.
Este princípio foi posto em prática inicialmente por LAGATU &
MAUME (1934) e seguido por muitos outros desde então. Trabalhos importantes foram publicados por LUNDERGARDH (1945),
GOODALL & GREGORY (1947) e CHAPMAN (1966). Atual-
1
Pesquisador do Instituto Agronômico, Campinas-SP. Telefone: (19) 3236-9119.
E-mail: [email protected]
2
Engo Agrícola, ICASA, Campinas-SP. Telefone (19) 3242-3522.
E-mail: [email protected]
mente, muitas publicações relatam aplicações e experiências para plantas cultivadas. Destacam-se o livro editado por
WALSH & BEATON (1973), os Anais
dos Colóquios Internacionais sobre o
Controle da Alimentação de Plantas
Cultivadas, a publicação FAO (1980)
sobre Análise de Solo e Plantas, o trabalho editado por MARTIN-PREVEL et al. (1987), o de BENTON
JONES et al. (1991), o de BERGMANN (1992), BATAGLIA et
al. (1992), o de MILLS & BENTON JONES (1996) e MALAVOLTA et al. (1997).
A interpretação correta dos resultados de uma análise depende de muita experimentação visando ao estabelecimento de
índices de calibração. Entre os critérios mais usados para diagnóstico são citados o nível crítico, faixas de concentração, e o sistema
integrado de diagnose e recomendação (DRIS). Este, bastante difundido recentemente, porém ainda pouco aplicado no Brasil.
PRINCÍPIOS DA ANÁLISE DE PLANTAS E
DIAGNOSE FOLIAR
As folhas são consideradas como o foco das atividades fisiológicas dentro das plantas. Alterações na nutrição mineral são
refletidas nas concentrações dos nutrientes nas folhas. A utilização da análise foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir relação entre o suprimento de nutrientes e os níveis dos elementos, e que aumentos ou decréscimos nas concentrações se relacionam com produções mais altas ou mais baixas,
respectivamente. O teor de nutriente dentro da planta é um valor
integral de todos os fatores que interagiram para afetá-lo. Para
fins de interpretação dos resultados de análise de plantas é preciso
conhecer os fatores que afetam a concentração dos nutrientes, os
procedimentos padronizados de amostragem e as relações entre
produção, suprimento e concentração de nutrientes nas folhas.
Procedimento de amostragem
A amostragem é a fase onde ocorrem os erros que mais
dificultam a interpretação dos resultados da análise foliar. Há necessidade de padronização para minimizar os efeitos dos diversos
fatores que afetam a composição das folhas. A maior precisão é
obtida por meio de amostras compostas, onde plantas distribuídas
pela área são amostradas e as folhas são juntadas. Amostras seletivas de plantas individuais são utilizadas para finalidades específicas.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001
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Diagnose foliar
Existe na literatura ampla divulgação de procedimentos para
amostragem, destacando-se as publicações de CHAPMAN (1966),
WALSH & BEATON (1973), TRANI et al. (1983), MARTINPREVEL et al. (1987), BENTON JONES et al. (1991), MILLS &
BENTON JONES (1996) e RAIJ et al. (1997). Na Tabela 1 são relacionadas instruções para amostragem de folhas de plantas perenes cultivadas no Brasil.
Relacionamento da produtividade com a concentração de nutrientes nas folhas e suprimento
Há uma relação básica entre a concentração de um nutriente e o crescimento ou produção de uma planta, conforme pode ser
observado na Figura 1. Nessa figura podem ser delimitadas as
seguintes fases:
• Sob severa deficiência, pode haver um decréscimo na concentração do nutriente com as primeiras aplicações de nutrientes,
devido ao estímulo do crescimento e subseqüente diluição do nutriente pela formação de material orgânico – efeito de diluição ou
efeito de Steembjerg;
Figura 1. Relação entre a concentração do nutriente no tecido e o
crescimento ou produção (SMITH, 1962).
Tabela 1. Instruções para amostragem de folhas de plantas perenes.
Cultura
Descrição da amostragem
Abacate
Coletar, em fevereiro ou março, folhas recém-expandidas, com idade entre 5 e 7 meses, na altura média das copas. Amostrar 50 árvores.
Abacaxi
Amostrar, pouco antes da indução floral, uma folha recém-madura “D” (normalmente a 4ª folha a partir do ápice). Cortar as folhas em
pedaços do 1 cm de largura, eliminando a porção basal sem clorofila. Homogeneizar e separar cerca do 200 g para envio ao laboratório. Amostrar 30 plantas.
Acerola
Amostrar nos quatro lados da planta, folhas jovens totalmente expandidas, dos ramos frutíferos. Amostrar 50 plantas.
Caju
Coletar folhas maduras (quarta folha) de novos crescimentos em pomares em produção. Amostrar 4 folhas por árvore em 10 plantas.
Banana
Retirar os 5-10 cm centrais da 3ª folha a partir da inflorescência, eliminando a nervura central e metades periféricas. Amostrar 30 plantas.
Cacau
Terceira folha a partir do ápice de lançamentos maduros, no verão. Quatro folhas por árvore em 25 plantas. Dar preferência a ramos
parcialmente sombreados.
Café
Coletar folha do 3º par no verão, ramos com frutos, quatro folhas por planta, 25 plantas.
Citros
Coletar a 3ª folha a partir do fruto, gerada na primavera, com 6 meses de idade, em ramos com frutos de 2 a 4 cm de diâmetro. Amostrar quatro folhas por planta, num total do 25 árvores por talhão.
Coco
Coletar três folíolos de cada lado da nervura central da folha 14 no verão, em 20 plantas.
Goiaba
Coletar o 3º par de folhas completamente desenvolvidas, dos ramos com frutos terminais. Amostrar 30 árvores.
Macadâmia
Coletar folhas recém-maduras e totalmente expandidas, no meio do último fluxo de vegetação. Amostrar 25 plantas por talhão, num
total do 100 folhas.
Maçã
Coletar quatro a oito folhas recém-maduras e totalmente expandidas em 25 plantas por talhão.
Mamão
Coletar 15 pecíolos de folhas jovens, totalmente expandidas e maduras (17ª a 20ª folhas a partir do ápice), com uma flor visível na
axila.
Manga
Coletar folhas no florescimento, do meio do último fluxo de vegetação, dos ramos com flor e na extremidade. Amostrar 4 folhas por
árvore, 20 plantas por talhão.
Maracujá
Coletar no outono a 3ª ou 4ª folha, a partir do ápice de ramos não sombreados. Amostrar 20 plantas.
Pêssego
Coletar folhas recém-maduras e totalmente expandidas da porção mediana dos ramos do ano. Amostrar 25 plantas, quatro folhas por
planta.
Seringueira
Em plantas adultas, coletar duas folhas mais desenvolvidas nos lançamentos maduros à sombra em 25 árvores, no verão, folhas com
cerca de 120 dias após o reenfolhamento.
Uva
Amostrar a folha recém-madura mais nova, contada a partir do ápice dos ramos da videira, retirando um total do 50 folhas.
Fonte: RAIJ et al. (1997); MILLS & JONES (1996).
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001
Diagnose foliar
• Sob deficiência moderada, a concentração do nutriente
na planta permanece constante, apesar da crescente disponibilidade. Isso ocorre porque a maior absorção é compensada pela formação de mais material orgânico;
• Na próxima fase, há uma resposta no crescimento da produção, proporcional ao crescimento da concentração, até se atingir uma concentração ótima (nível crítico), acima da qual não há
mais resposta na produção;
• Finalmente, não se consegue aumento de produção, apesar do contínuo acúmulo do nutriente, o que se denomina consumo de luxo, podendo-se seguir uma fase onde a absorção excessiva do nutriente pode provocar efeitos adversos de toxicidade, diminuindo o crescimento ou a produção da planta.
Interpretação dos resultados
• Nível crítico
O nível crítico corresponde à concentração na folha abaixo
da qual a taxa de crescimento, a produção ou a qualidade são significativamente diminuídas. O termo significativamente pode ter
interpretação diversa. Por exemplo, ULRICH & HILLS (1967)
estabeleceram que o nível crítico para diversas culturas corresponde
a uma produção de 95% da ótima (Figura 2), enquanto GALLO et
al. (1965) estabeleceram níveis críticos para milho com base numa
produção relativa de 80%.
• Faixas de concentração
Para a maioria das culturas geralmente não existe um determinado ponto de ótima produção, mas sim uma determinada
faixa, porque o aumento de produção obtido com doses crescentes
de nutrientes é sempre associado a um erro. O mesmo é verdadeiro em relação à concentração adequada ou nível crítico. Por isso,
às vezes é conveniente se recomendar níveis de adubação suficientes para manter as concentrações de nutrientes um pouco acima do nível crítico, numa faixa de suficiência.
Em princípio, as faixas de concentração são divididas em
cinco níveis: deficiência aguda, deficiência latente, níveis adequados, níveis altos e níveis tóxicos. As delimitações entre cada
uma dessas faixas pode ser feita de acordo com as considerações
Figura 2. Representação esquemática mostrando como as concentrações críticas são determinadas para partes específicas de
plantas em idades fisiológicas estabelecidas (ULRICH &
HILLS, 1967).
apresentadas na Tabela 2, conforme aparece na publicação de
COTTENIE (1980).
Nas publicações já citadas podem ser encontradas tabelas
contendo faixas de concentração de nutrientes equivalentes a teores baixos, suficientes e altos para mais de uma centena de plantas, abrangendo culturas agronômicas. Deve-se lembrar que as
calibrações não são universais, por isso é conveniente sempre ter
valores de referência locais.
Na Tabela 3 são apresentadas as faixas de teores de macro
e micronutrientes consideradas adequadas na diagnose foliar de
plantas perenes. É bom lembrar que esses valores se relacionam
aos procedimentos de amostragem indicados na Tabela 1. Se o
procedimento de amostragem for modificado, esses valores precisam ser revistos.
Tabela 2. Relação entre as faixas de concentração nas folhas e conseqüências no crescimento e qualidade da produção.
Excesso ou toxicidade
Decréscimo de produção possivelmente com
sintomas visuais
Consumo de luxo
Bom crescimento mas com acúmulo interno
de nutrientes e possíveis interações
Estado ótimo de nutrição
Bom crescimento e geralmente boa qualidade
Deficiência latente
Sem sintomas visuais de aumento de produção e
qualidade pela fertilização
Nível inicial de
toxicidade
Aumento
de
concentração
Deficiência aguda
Sintomas visuais e efeito direto da fertilização e
aplicação foliar
Limite de
resposta de produção
Limite de
sintomas visuais
Fonte: COTTENIE (1980).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001
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Diagnose foliar
Tabela 3. Faixas de teores adequados de macro e micronutrientes em folhas de plantas perenes.
Cultura
Faixas de teores adequados de nutrientes
Macronutrientes (g.kg-1)
N
P
K
Ca
Mg
S
Abacaxi
15-17
0,8-1,2
22-30
8-12
3-4
Abacate
16-20
0,8-2,5
7-20
10-30
2,5-8
2,0-6,0
Acerola
20-24
0,8-1,2
15-20
15-25
1,5-2,5
4,0-6,0
Banana
27-36
1,8-2,7
35-54
3-12
3-6
2,5-8,0
Café
26-32
1,2-2,0
18-25
10-15
3-5
1,5-2,0
Cacau
20-25
1,8-2,5
13-23
8-12
3-7
1,6-2,0
Caju
16-27
1,6-2,5
9-14
0,3-2,2
0,2-1,5
Coco
19-25
1,6-2,0
14,5-30
2,5-3,0
1,6-3,2
Goiaba
13-16
1,4-1,6
13-16
9-15
2,4-4,0
Laranja
23-27
1,2-1,6
10-15
35-45
2,5-4,0
2,0-3,0
Macadâmia
15-25
1,0-3,0
5-15
5-10
1,0-3,0
1,0-2,5
Maçã
19-26
1,4-4,0
15-20
12-16
2,5-4,0
2,0-4,0
Mamão
10-25
2,2-4,0
33-55
10-30
4,0-12,0
Manga
12-14
0,8-1,6
5-10
20-35
2,5-5,0
0,8-1,8
Maracujá(1)
42-52
1,5-2,5
20-30
17-27
3,0-4,0
3,2-4,0
Maracujá(2)
33-43
1,3-2,1
22-27
12-16
2,5-3,1
Seringueira
29-35
1,6-2,5
10-17
0,7-0,9
1,7-2,5
1,8-2,6
Pêssego
30-35
1,4-2,5
20-30
18-27
3,0-8,0
1,5-3,0
Uva
30-35
2,4-2,9
15-20
13-18
4,8-5,3
3,3-3,8
Micronutrientes (mg.kg-1)
B
Cu
Fe
Mn
Mo
Zn
Abacate
50-100
5-10
50-200
30-100
0,05-1,0
30-100
Abacaxi
20-40
5-10
100-200
50-200
5-15
Acerola
25-100
5-15
50-100
15-50
30-50
Café
50-80
10-20
50-200
50-200
0,1-0,2
10-20
Cacau
25-60
8-15
60-200
50-250
0,5-1,5
30-80
Banana
10-25
6-30
80-360
200-2000
Laranja
36-100
4-10
50-120
35-300
0,1-1,0
25-100
Macadâmia
25-50
6-12
25-200
100-400
0,5-2,5
15-50
Maçã
25-50
6-50
50-300
25-200
0,1-0,3
20-100
Mamão
20-30
4-10
25-100
20-150
15-40
Manga
50-100
10-50
50-200
50-100
20-40
Maracujá
40-60
5-20
100-200
100-250
Pêssego
20-60
5-16
100-250
40-160
20-50
Seringueira
20-70
10-15
50-120
40-150
20-40
Uva
45-53
18-22
97-105
67-73
30-35
(1)
(2)
20-50
1,0-1,2
50-80
3ª ou 4ª folha de maracujá coletada no outono.
Folha de maracujá com botão floral na axila.
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Diagnose foliar
Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS)
O sistema DRIS é um conceito de interpretação relativamente novo (BEAUFILS, 1973). A técnica baseia-se na comparação de índices, calculados através das relações entre nutrientes.
Na sua concepção, foi desenvolvido para tornar a interpretação
menos dependente de variações de amostragens com respeito à
idade e origem do tecido, permitir um ordenamento de fatores
limitantes de produção, e realçar a importância do balanço de
nutrientes.
Para o cálculo dos índices do DRIS, após a definição de
uma população padrão ou de referência, constituída por indivíduos de alta produtividade, estabelecem-se as relações entre nutrientes, com suas médias e respectivos desvios. Para um nutriente Y hipotético utiliza-se a seguinte fórmula para o cálculo do
índice (IY):
n
m
i-1
j-1
Σ f(Y / Xi ) - Σ f(Xj / Y)
IY =
n+m
onde:
n = número de relações entre nutrientes em que o nutriente Y está
no numerador
m = número de relações entre nutrientes em que o nutriente Y está
no denominador
CAMPO - CLIENTE
Registrar sintomas
Registrar aspectos locais
Coletar sistematicamente
amostras de partes da
planta precisamente definidas
Embalar em sacos de papel
e rotular.
Enviar para o laboratório com
informações
completas do local
As amostras são recebidas e
codificadas no laboratório.
Lavagem e descontaminação.
Secagem a 65 oC
O padrão e a
intensidade da
amostragem
dependem da
variabilidade do
campo e do
conhecimento da
cultura
Armazenar em
refrigerador se
necessário.
Enviar o mais
rapidamente
possível ao
laboratório
(até 48 horas)
Moagem em moinho de aço
inoxidável.
Armazenar em frasco vedado.
Usando-se a fórmula de JONES (1981):
Y
f(Y/X) =
Y
k
X
s
( )p
( )a
X
onde:
(Y/X)a = relação na amostra
(Y/X)p = relação na população de referência
s
= desvio padrão da relação Y/X
k
= constante de sensibilidade (10, 20, 30)
O DRIS, além da interpretação dos valores relativos da
importância de cada nutriente, permite trabalhar com o conceito
de balanço de nutrientes.
IY1 + IY2 +... + IYn
BN =
n
O balanço nutricional expressa o valor médio do somatório
dos valores absolutos de cada índice. Quanto mais esse valor se
distancia de zero, maior é o desequilíbrio nutricional para a amostra.
ASPECTOS PRÁTICOS DA DIAGNOSE FOLIAR
A Figura 3 mostra a seqüência de procedimentos para uma
análise foliar para fins de avaliação do estado nutricional das plantas.
É bom verificar que se trata de uma seqüência onde cada
fase compromete o sucesso do processo como um todo. Não adianta executar a análise no melhor laboratório do mundo se a amostragem for mal feita ou a amostra deteriorou-se no caminho para o
laboratório. Da mesma forma, o laboratório precisa ter qualidade
Controle de qualidade
Análises químicas
Holanda
ESALQ
Interpretação dos resultados
RELATÓRIO PARA O CLIENTE
Figura 3. Procedimentos da amostragem à interpretação dos resultados de análise de folhas.
como garantia para resultados confiáveis. Um bom indicativo sobre a qualidade do laboratório é sua participação em programas
nacionais ou internacionais de controle de qualidade de análises
de plantas, como os da ESALQ e da Universidade de Wageningen,
na Holanda.
O laboratório do Instituto Agronômico de Campinas participa desses dois programas de controle de qualidade e vem prestando serviços de análise de plantas desde 1954.
Para enviar amostras para esse laboratório o endereço é o
seguinte:
Instituto Agronômico
Laboratório de Análise de Solo e Planta
Avenida Barão de Itapura, 1481
Caixa Postal 28
13001-970 Campinas-SP
Mais informações podem ser obtidas através do e-mail:
[email protected]
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001
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Diagnose foliar
Informações sobre outros laboratórios que participam do
programa de qualidade da ESALQ podem ser obtidos no seguinte
endereço:
Programa Interlaboratorial de Análise de Tecido Vegetal
ESALQ - Departamento de Solos e Nutrição de Plantas
Avenida Pádua Dias, 11
Caixa Postal 9
13418-900 Piracicaba-SP
Como o procedimento de laboratório é peculiar de cada laboratório, em seguida são apresentados apenas detalhes importantes que estão mais relacionados com o agricultor, ou seja, a
amostragem e a remessa para o laboratório.
LITERATURA CITADA
BATAGLIA, O.C.; DECHEN, A.R.; SANTOS, W.R. Diagnose visual e análise de
plantas. In: DECHEN, A.R; BOARETTO, A.E.; VERDADE, F.C. Adubação,
Produtividade e Ecologia. Campinas: Fundação Cargill, 1992. p.369-393.
Cuidados com a amostragem
Algumas recomendações são básicas e devem ser observadas para qualquer cultura:
• Representatividade da amostra: a amostra deve representar unidades homogêneas de tipos de solo, idade, variedade e sistema de produção;
• Sistema de amostragem: deve ser padronizado de acordo
com as recomendações de cada planta;
• Contaminações: a amostragem deve ser feita antes da aplicação de defensivos ou adubos foliares, pois dificilmente
os resíduos são removidos no processo de descontaminação no laboratório;
• Embalagem: amostras de folha devem ser acondicionadas
em sacos de papel, que são porosos. Sacos plásticos favorecem a deterioração rápida das folhas e devem ser
evitados.
BEAUFILS, E.R. Diagnosis and Recommendation Integrated System (DRIS).
Pietermaritzburg: University of Natal, 1973. 132p. (Soil Sci. Bull. Nº 1).
BENTON JONES, J.; WOLF, B.; MILLS, H.A. Plant analysis handbook; a
practical sampling, preparation, analysis, and interpretation guide. MICROMACRO Publ., 1991. 213p.
BERGMANN, W. Nutritional disorders of plants. Development visual and
analytical diagnosis. New York, 1992. p.333-371.
CHAPMAN, H.D. Diagnostic criteria for plants and soils. Riverside: University
of California, 1966.
COTTENIE, A. Present status of plant analysis as a method for preparation of fertilizer
recommendations. In: FAO. Soils. Rome, 1980. p.21-36. (FAO Bulletin, 38/1).
EVENHUIS, B.; WAARD, P.W.F. Principles and practices in plant analysis. In:
FAO. Soils. Rome, 1980. p.152-163. (FAO Bulletin, 38/1).
FAO. Soil and plant testing and analysis. In: Soils. Rome, 1980. (FAO Bulletin, 38/1).
GALLO, J.R.; COELHO, F.A.S.; MIRANDA, L.T. A análise foliar na nutrição do
milho. I - Resultados preliminares. Bragantia, Campinas, v.24, p.XLVII-LIII,
1965.
GOODALL, D.W.; GREGORY, F.G. Chemical composition of plants as an index
of their nutritional status. East Malling: Imp. Bur. Hort. Plant Crops, 1947.
(Technical Communication, 17).
Remessa para o laboratório
• Identificação da amostra: deve ser feita de forma clara para
evitar confusão no laboratório.
• Remessa: as amostras devem chegar ao laboratório o mais
rápido possível, não mais de 48 horas. As amostras podem ser armazenadas em refrigerador por alguns dias se
houver necessidade. É bom evitar remessa em finais de
semana, quando correios e laboratórios podem não estar
operando.
MONITORAMENTO NUTRICIONAL
Entende-se por monitoramento o conjunto de procedimentos padronizados no espaço e no tempo. Devem ser demarcados
talhões semelhantes quanto a variedades, sistemas de produção,
tipo de solo, idade das plantas. Amostragens de solo, folhas e produtividade são os dados básicos para montagem de um sistema de
monitoramento. A formação de um banco de dados permite o estabelecimento local de níveis de referência para a área em estudo.
O monitoramento pode indicar:
• Se as plantas estão adequadamente nutridas ou se algum
nutriente está limitando a produção.
• Se o programa de adubação em uso fornece um suprimento ótimo de todos os nutrientes para assegurar produtividade e qualidade dos produtos;
• Se é necessário suplementar algum nutriente através da
adubação de cobertura (N, K, Mg) ou de aplicações foliares
8
(micronutrientes), se ainda houver tempo efetivo para
tais práticas;
• Se as recomendações, dependendo das práticas de manejo, precisam ser alteradas nos próximos anos, ou aumentando as doses ou o modo de aplicação dos nutrientes;
• Se há possibilidade de redução de uso de determinados
nutrientes quando as condições econômicas são desfavoráveis, sem grandes prejuízos na produtividade e na
qualidade.
JONES, C.A. Proposed modifications for DRIS for interpreting plant analyses.
Communications in Soil Science and Plant Analyses, v.12, p.785-794, 1981.
LAGATU, H.; MAUME, L. Le diagnostic foliare de la pomme de terre. Ann. Ecol.
Nat. Agric., Montpellier, v.22, p.50-158, 1934.
LUNDEGARDH, H. Die Blattanalyse. G. Fisher Jena Verlag, 1945.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A de. Avaliação do estado
nutricional das plantas: princípios e aplicações. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1989. 210p.
MARSCHNER, H. Mineral nutrition in higher plants. London: Academic Press,
Inc., 1986. 674p.
MARTIN-PRÉVEL, P.; GAGNARD, J.; GAUTIER, P. Plant Analysis; as a guide
to the nutrient requirements of temperate and tropical crops. Technique et
Documentation, 1987.
MILLS, H.A.; BENTON JONES, J. Plant Analysis Handbook II. MICRO-MACRO
Publishing, 1996. 422p.
MUNSON, R.D.; NELSON, W.L. Principles and practices in plant analysis. In:
WALSH, L.M. & BEATON, J.D. (eds.). Soil testing and plant analysis.
Madison: SSSA, 1973. p.223-248.
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001
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