Diagnose foliar ESTADO NUTRICIONAL DE PLANTAS PERENES: AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO Ondino Cleante Bataglia1 Wagner Rodrigues dos Santos2 INTRODUÇÃO A O conhecimento tecnológico é cada vez mais imprescindível para uma agricultura competitiva produtividade das plantas é determinada por muitos fatores de produção. À medida que o produtor consegue controlar com eficiência esses fatores de produção ele pode assegurar a lucratividade de seu empreendimento e competir no mercado nacional ou internacional. O conhecimento tecnológico é cada vez mais imprescindível para uma agricultura competitiva. Numa convivência internacional de globalização de mercados não há mais espaço para improvisações e perdas de colheitas ou reduções de lucros por causa de falhas de controle de fatores de produção perfeitamente previsíveis. É o caso da nutrição mineral das plantas. Há vasto conhecimento disponível no país. É possível prevenir os insucessos devido a deficiências ou excessos de nutrientes pela correção dos solos usando a análise de solos como critério para recomendação de corretivos e fertilizantes e também a própria planta como objeto de diagnóstico. Para plantas perenes principalmente, há grande possibilidade de se modificar as recomendações de adubações através do monitoramento nutricional. A diagnose foliar pode ser feita por meio da observação visual de sintomas de distúrbios nutricionais – diagnose visual ou através de procedimentos mais sofisticados como a análise química das folhas. Em ambos os casos há necessidade de se observarem determinados princípios para que os resultados possam ser devidamente interpretados e levem a recomendações com resultado econômico para os produtores. ANÁLISE DE PLANTAS E DIAGNOSE FOLIAR A idéia de se usar o teor mineral de plantas como critério para avaliar o estado nutricional de plantas é bastante atraente. Este princípio foi posto em prática inicialmente por LAGATU & MAUME (1934) e seguido por muitos outros desde então. Trabalhos importantes foram publicados por LUNDERGARDH (1945), GOODALL & GREGORY (1947) e CHAPMAN (1966). Atual- 1 Pesquisador do Instituto Agronômico, Campinas-SP. Telefone: (19) 3236-9119. E-mail: [email protected] 2 Engo Agrícola, ICASA, Campinas-SP. Telefone (19) 3242-3522. E-mail: [email protected] mente, muitas publicações relatam aplicações e experiências para plantas cultivadas. Destacam-se o livro editado por WALSH & BEATON (1973), os Anais dos Colóquios Internacionais sobre o Controle da Alimentação de Plantas Cultivadas, a publicação FAO (1980) sobre Análise de Solo e Plantas, o trabalho editado por MARTIN-PREVEL et al. (1987), o de BENTON JONES et al. (1991), o de BERGMANN (1992), BATAGLIA et al. (1992), o de MILLS & BENTON JONES (1996) e MALAVOLTA et al. (1997). A interpretação correta dos resultados de uma análise depende de muita experimentação visando ao estabelecimento de índices de calibração. Entre os critérios mais usados para diagnóstico são citados o nível crítico, faixas de concentração, e o sistema integrado de diagnose e recomendação (DRIS). Este, bastante difundido recentemente, porém ainda pouco aplicado no Brasil. PRINCÍPIOS DA ANÁLISE DE PLANTAS E DIAGNOSE FOLIAR As folhas são consideradas como o foco das atividades fisiológicas dentro das plantas. Alterações na nutrição mineral são refletidas nas concentrações dos nutrientes nas folhas. A utilização da análise foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir relação entre o suprimento de nutrientes e os níveis dos elementos, e que aumentos ou decréscimos nas concentrações se relacionam com produções mais altas ou mais baixas, respectivamente. O teor de nutriente dentro da planta é um valor integral de todos os fatores que interagiram para afetá-lo. Para fins de interpretação dos resultados de análise de plantas é preciso conhecer os fatores que afetam a concentração dos nutrientes, os procedimentos padronizados de amostragem e as relações entre produção, suprimento e concentração de nutrientes nas folhas. Procedimento de amostragem A amostragem é a fase onde ocorrem os erros que mais dificultam a interpretação dos resultados da análise foliar. Há necessidade de padronização para minimizar os efeitos dos diversos fatores que afetam a composição das folhas. A maior precisão é obtida por meio de amostras compostas, onde plantas distribuídas pela área são amostradas e as folhas são juntadas. Amostras seletivas de plantas individuais são utilizadas para finalidades específicas. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001 3 Diagnose foliar Existe na literatura ampla divulgação de procedimentos para amostragem, destacando-se as publicações de CHAPMAN (1966), WALSH & BEATON (1973), TRANI et al. (1983), MARTINPREVEL et al. (1987), BENTON JONES et al. (1991), MILLS & BENTON JONES (1996) e RAIJ et al. (1997). Na Tabela 1 são relacionadas instruções para amostragem de folhas de plantas perenes cultivadas no Brasil. Relacionamento da produtividade com a concentração de nutrientes nas folhas e suprimento Há uma relação básica entre a concentração de um nutriente e o crescimento ou produção de uma planta, conforme pode ser observado na Figura 1. Nessa figura podem ser delimitadas as seguintes fases: • Sob severa deficiência, pode haver um decréscimo na concentração do nutriente com as primeiras aplicações de nutrientes, devido ao estímulo do crescimento e subseqüente diluição do nutriente pela formação de material orgânico – efeito de diluição ou efeito de Steembjerg; Figura 1. Relação entre a concentração do nutriente no tecido e o crescimento ou produção (SMITH, 1962). Tabela 1. Instruções para amostragem de folhas de plantas perenes. Cultura Descrição da amostragem Abacate Coletar, em fevereiro ou março, folhas recém-expandidas, com idade entre 5 e 7 meses, na altura média das copas. Amostrar 50 árvores. Abacaxi Amostrar, pouco antes da indução floral, uma folha recém-madura “D” (normalmente a 4ª folha a partir do ápice). Cortar as folhas em pedaços do 1 cm de largura, eliminando a porção basal sem clorofila. Homogeneizar e separar cerca do 200 g para envio ao laboratório. Amostrar 30 plantas. Acerola Amostrar nos quatro lados da planta, folhas jovens totalmente expandidas, dos ramos frutíferos. Amostrar 50 plantas. Caju Coletar folhas maduras (quarta folha) de novos crescimentos em pomares em produção. Amostrar 4 folhas por árvore em 10 plantas. Banana Retirar os 5-10 cm centrais da 3ª folha a partir da inflorescência, eliminando a nervura central e metades periféricas. Amostrar 30 plantas. Cacau Terceira folha a partir do ápice de lançamentos maduros, no verão. Quatro folhas por árvore em 25 plantas. Dar preferência a ramos parcialmente sombreados. Café Coletar folha do 3º par no verão, ramos com frutos, quatro folhas por planta, 25 plantas. Citros Coletar a 3ª folha a partir do fruto, gerada na primavera, com 6 meses de idade, em ramos com frutos de 2 a 4 cm de diâmetro. Amostrar quatro folhas por planta, num total do 25 árvores por talhão. Coco Coletar três folíolos de cada lado da nervura central da folha 14 no verão, em 20 plantas. Goiaba Coletar o 3º par de folhas completamente desenvolvidas, dos ramos com frutos terminais. Amostrar 30 árvores. Macadâmia Coletar folhas recém-maduras e totalmente expandidas, no meio do último fluxo de vegetação. Amostrar 25 plantas por talhão, num total do 100 folhas. Maçã Coletar quatro a oito folhas recém-maduras e totalmente expandidas em 25 plantas por talhão. Mamão Coletar 15 pecíolos de folhas jovens, totalmente expandidas e maduras (17ª a 20ª folhas a partir do ápice), com uma flor visível na axila. Manga Coletar folhas no florescimento, do meio do último fluxo de vegetação, dos ramos com flor e na extremidade. Amostrar 4 folhas por árvore, 20 plantas por talhão. Maracujá Coletar no outono a 3ª ou 4ª folha, a partir do ápice de ramos não sombreados. Amostrar 20 plantas. Pêssego Coletar folhas recém-maduras e totalmente expandidas da porção mediana dos ramos do ano. Amostrar 25 plantas, quatro folhas por planta. Seringueira Em plantas adultas, coletar duas folhas mais desenvolvidas nos lançamentos maduros à sombra em 25 árvores, no verão, folhas com cerca de 120 dias após o reenfolhamento. Uva Amostrar a folha recém-madura mais nova, contada a partir do ápice dos ramos da videira, retirando um total do 50 folhas. Fonte: RAIJ et al. (1997); MILLS & JONES (1996). 4 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001 Diagnose foliar • Sob deficiência moderada, a concentração do nutriente na planta permanece constante, apesar da crescente disponibilidade. Isso ocorre porque a maior absorção é compensada pela formação de mais material orgânico; • Na próxima fase, há uma resposta no crescimento da produção, proporcional ao crescimento da concentração, até se atingir uma concentração ótima (nível crítico), acima da qual não há mais resposta na produção; • Finalmente, não se consegue aumento de produção, apesar do contínuo acúmulo do nutriente, o que se denomina consumo de luxo, podendo-se seguir uma fase onde a absorção excessiva do nutriente pode provocar efeitos adversos de toxicidade, diminuindo o crescimento ou a produção da planta. Interpretação dos resultados • Nível crítico O nível crítico corresponde à concentração na folha abaixo da qual a taxa de crescimento, a produção ou a qualidade são significativamente diminuídas. O termo significativamente pode ter interpretação diversa. Por exemplo, ULRICH & HILLS (1967) estabeleceram que o nível crítico para diversas culturas corresponde a uma produção de 95% da ótima (Figura 2), enquanto GALLO et al. (1965) estabeleceram níveis críticos para milho com base numa produção relativa de 80%. • Faixas de concentração Para a maioria das culturas geralmente não existe um determinado ponto de ótima produção, mas sim uma determinada faixa, porque o aumento de produção obtido com doses crescentes de nutrientes é sempre associado a um erro. O mesmo é verdadeiro em relação à concentração adequada ou nível crítico. Por isso, às vezes é conveniente se recomendar níveis de adubação suficientes para manter as concentrações de nutrientes um pouco acima do nível crítico, numa faixa de suficiência. Em princípio, as faixas de concentração são divididas em cinco níveis: deficiência aguda, deficiência latente, níveis adequados, níveis altos e níveis tóxicos. As delimitações entre cada uma dessas faixas pode ser feita de acordo com as considerações Figura 2. Representação esquemática mostrando como as concentrações críticas são determinadas para partes específicas de plantas em idades fisiológicas estabelecidas (ULRICH & HILLS, 1967). apresentadas na Tabela 2, conforme aparece na publicação de COTTENIE (1980). Nas publicações já citadas podem ser encontradas tabelas contendo faixas de concentração de nutrientes equivalentes a teores baixos, suficientes e altos para mais de uma centena de plantas, abrangendo culturas agronômicas. Deve-se lembrar que as calibrações não são universais, por isso é conveniente sempre ter valores de referência locais. Na Tabela 3 são apresentadas as faixas de teores de macro e micronutrientes consideradas adequadas na diagnose foliar de plantas perenes. É bom lembrar que esses valores se relacionam aos procedimentos de amostragem indicados na Tabela 1. Se o procedimento de amostragem for modificado, esses valores precisam ser revistos. Tabela 2. Relação entre as faixas de concentração nas folhas e conseqüências no crescimento e qualidade da produção. Excesso ou toxicidade Decréscimo de produção possivelmente com sintomas visuais Consumo de luxo Bom crescimento mas com acúmulo interno de nutrientes e possíveis interações Estado ótimo de nutrição Bom crescimento e geralmente boa qualidade Deficiência latente Sem sintomas visuais de aumento de produção e qualidade pela fertilização Nível inicial de toxicidade Aumento de concentração Deficiência aguda Sintomas visuais e efeito direto da fertilização e aplicação foliar Limite de resposta de produção Limite de sintomas visuais Fonte: COTTENIE (1980). INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001 5 Diagnose foliar Tabela 3. Faixas de teores adequados de macro e micronutrientes em folhas de plantas perenes. Cultura Faixas de teores adequados de nutrientes Macronutrientes (g.kg-1) N P K Ca Mg S Abacaxi 15-17 0,8-1,2 22-30 8-12 3-4 Abacate 16-20 0,8-2,5 7-20 10-30 2,5-8 2,0-6,0 Acerola 20-24 0,8-1,2 15-20 15-25 1,5-2,5 4,0-6,0 Banana 27-36 1,8-2,7 35-54 3-12 3-6 2,5-8,0 Café 26-32 1,2-2,0 18-25 10-15 3-5 1,5-2,0 Cacau 20-25 1,8-2,5 13-23 8-12 3-7 1,6-2,0 Caju 16-27 1,6-2,5 9-14 0,3-2,2 0,2-1,5 Coco 19-25 1,6-2,0 14,5-30 2,5-3,0 1,6-3,2 Goiaba 13-16 1,4-1,6 13-16 9-15 2,4-4,0 Laranja 23-27 1,2-1,6 10-15 35-45 2,5-4,0 2,0-3,0 Macadâmia 15-25 1,0-3,0 5-15 5-10 1,0-3,0 1,0-2,5 Maçã 19-26 1,4-4,0 15-20 12-16 2,5-4,0 2,0-4,0 Mamão 10-25 2,2-4,0 33-55 10-30 4,0-12,0 Manga 12-14 0,8-1,6 5-10 20-35 2,5-5,0 0,8-1,8 Maracujá(1) 42-52 1,5-2,5 20-30 17-27 3,0-4,0 3,2-4,0 Maracujá(2) 33-43 1,3-2,1 22-27 12-16 2,5-3,1 Seringueira 29-35 1,6-2,5 10-17 0,7-0,9 1,7-2,5 1,8-2,6 Pêssego 30-35 1,4-2,5 20-30 18-27 3,0-8,0 1,5-3,0 Uva 30-35 2,4-2,9 15-20 13-18 4,8-5,3 3,3-3,8 Micronutrientes (mg.kg-1) B Cu Fe Mn Mo Zn Abacate 50-100 5-10 50-200 30-100 0,05-1,0 30-100 Abacaxi 20-40 5-10 100-200 50-200 5-15 Acerola 25-100 5-15 50-100 15-50 30-50 Café 50-80 10-20 50-200 50-200 0,1-0,2 10-20 Cacau 25-60 8-15 60-200 50-250 0,5-1,5 30-80 Banana 10-25 6-30 80-360 200-2000 Laranja 36-100 4-10 50-120 35-300 0,1-1,0 25-100 Macadâmia 25-50 6-12 25-200 100-400 0,5-2,5 15-50 Maçã 25-50 6-50 50-300 25-200 0,1-0,3 20-100 Mamão 20-30 4-10 25-100 20-150 15-40 Manga 50-100 10-50 50-200 50-100 20-40 Maracujá 40-60 5-20 100-200 100-250 Pêssego 20-60 5-16 100-250 40-160 20-50 Seringueira 20-70 10-15 50-120 40-150 20-40 Uva 45-53 18-22 97-105 67-73 30-35 (1) (2) 20-50 1,0-1,2 50-80 3ª ou 4ª folha de maracujá coletada no outono. Folha de maracujá com botão floral na axila. 6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001 Diagnose foliar Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS) O sistema DRIS é um conceito de interpretação relativamente novo (BEAUFILS, 1973). A técnica baseia-se na comparação de índices, calculados através das relações entre nutrientes. Na sua concepção, foi desenvolvido para tornar a interpretação menos dependente de variações de amostragens com respeito à idade e origem do tecido, permitir um ordenamento de fatores limitantes de produção, e realçar a importância do balanço de nutrientes. Para o cálculo dos índices do DRIS, após a definição de uma população padrão ou de referência, constituída por indivíduos de alta produtividade, estabelecem-se as relações entre nutrientes, com suas médias e respectivos desvios. Para um nutriente Y hipotético utiliza-se a seguinte fórmula para o cálculo do índice (IY): n m i-1 j-1 Σ f(Y / Xi ) - Σ f(Xj / Y) IY = n+m onde: n = número de relações entre nutrientes em que o nutriente Y está no numerador m = número de relações entre nutrientes em que o nutriente Y está no denominador CAMPO - CLIENTE Registrar sintomas Registrar aspectos locais Coletar sistematicamente amostras de partes da planta precisamente definidas Embalar em sacos de papel e rotular. Enviar para o laboratório com informações completas do local As amostras são recebidas e codificadas no laboratório. Lavagem e descontaminação. Secagem a 65 oC O padrão e a intensidade da amostragem dependem da variabilidade do campo e do conhecimento da cultura Armazenar em refrigerador se necessário. Enviar o mais rapidamente possível ao laboratório (até 48 horas) Moagem em moinho de aço inoxidável. Armazenar em frasco vedado. Usando-se a fórmula de JONES (1981): Y f(Y/X) = Y k X s ( )p ( )a X onde: (Y/X)a = relação na amostra (Y/X)p = relação na população de referência s = desvio padrão da relação Y/X k = constante de sensibilidade (10, 20, 30) O DRIS, além da interpretação dos valores relativos da importância de cada nutriente, permite trabalhar com o conceito de balanço de nutrientes. IY1 + IY2 +... + IYn BN = n O balanço nutricional expressa o valor médio do somatório dos valores absolutos de cada índice. Quanto mais esse valor se distancia de zero, maior é o desequilíbrio nutricional para a amostra. ASPECTOS PRÁTICOS DA DIAGNOSE FOLIAR A Figura 3 mostra a seqüência de procedimentos para uma análise foliar para fins de avaliação do estado nutricional das plantas. É bom verificar que se trata de uma seqüência onde cada fase compromete o sucesso do processo como um todo. Não adianta executar a análise no melhor laboratório do mundo se a amostragem for mal feita ou a amostra deteriorou-se no caminho para o laboratório. Da mesma forma, o laboratório precisa ter qualidade Controle de qualidade Análises químicas Holanda ESALQ Interpretação dos resultados RELATÓRIO PARA O CLIENTE Figura 3. Procedimentos da amostragem à interpretação dos resultados de análise de folhas. como garantia para resultados confiáveis. Um bom indicativo sobre a qualidade do laboratório é sua participação em programas nacionais ou internacionais de controle de qualidade de análises de plantas, como os da ESALQ e da Universidade de Wageningen, na Holanda. O laboratório do Instituto Agronômico de Campinas participa desses dois programas de controle de qualidade e vem prestando serviços de análise de plantas desde 1954. Para enviar amostras para esse laboratório o endereço é o seguinte: Instituto Agronômico Laboratório de Análise de Solo e Planta Avenida Barão de Itapura, 1481 Caixa Postal 28 13001-970 Campinas-SP Mais informações podem ser obtidas através do e-mail: [email protected] INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001 7 Diagnose foliar Informações sobre outros laboratórios que participam do programa de qualidade da ESALQ podem ser obtidos no seguinte endereço: Programa Interlaboratorial de Análise de Tecido Vegetal ESALQ - Departamento de Solos e Nutrição de Plantas Avenida Pádua Dias, 11 Caixa Postal 9 13418-900 Piracicaba-SP Como o procedimento de laboratório é peculiar de cada laboratório, em seguida são apresentados apenas detalhes importantes que estão mais relacionados com o agricultor, ou seja, a amostragem e a remessa para o laboratório. LITERATURA CITADA BATAGLIA, O.C.; DECHEN, A.R.; SANTOS, W.R. Diagnose visual e análise de plantas. In: DECHEN, A.R; BOARETTO, A.E.; VERDADE, F.C. Adubação, Produtividade e Ecologia. Campinas: Fundação Cargill, 1992. p.369-393. Cuidados com a amostragem Algumas recomendações são básicas e devem ser observadas para qualquer cultura: • Representatividade da amostra: a amostra deve representar unidades homogêneas de tipos de solo, idade, variedade e sistema de produção; • Sistema de amostragem: deve ser padronizado de acordo com as recomendações de cada planta; • Contaminações: a amostragem deve ser feita antes da aplicação de defensivos ou adubos foliares, pois dificilmente os resíduos são removidos no processo de descontaminação no laboratório; • Embalagem: amostras de folha devem ser acondicionadas em sacos de papel, que são porosos. Sacos plásticos favorecem a deterioração rápida das folhas e devem ser evitados. BEAUFILS, E.R. Diagnosis and Recommendation Integrated System (DRIS). Pietermaritzburg: University of Natal, 1973. 132p. (Soil Sci. Bull. Nº 1). BENTON JONES, J.; WOLF, B.; MILLS, H.A. Plant analysis handbook; a practical sampling, preparation, analysis, and interpretation guide. MICROMACRO Publ., 1991. 213p. BERGMANN, W. Nutritional disorders of plants. Development visual and analytical diagnosis. New York, 1992. p.333-371. CHAPMAN, H.D. Diagnostic criteria for plants and soils. Riverside: University of California, 1966. COTTENIE, A. Present status of plant analysis as a method for preparation of fertilizer recommendations. In: FAO. Soils. Rome, 1980. p.21-36. (FAO Bulletin, 38/1). EVENHUIS, B.; WAARD, P.W.F. Principles and practices in plant analysis. In: FAO. Soils. Rome, 1980. p.152-163. (FAO Bulletin, 38/1). FAO. Soil and plant testing and analysis. In: Soils. Rome, 1980. (FAO Bulletin, 38/1). GALLO, J.R.; COELHO, F.A.S.; MIRANDA, L.T. A análise foliar na nutrição do milho. I - Resultados preliminares. Bragantia, Campinas, v.24, p.XLVII-LIII, 1965. GOODALL, D.W.; GREGORY, F.G. Chemical composition of plants as an index of their nutritional status. East Malling: Imp. Bur. Hort. Plant Crops, 1947. (Technical Communication, 17). Remessa para o laboratório • Identificação da amostra: deve ser feita de forma clara para evitar confusão no laboratório. • Remessa: as amostras devem chegar ao laboratório o mais rápido possível, não mais de 48 horas. As amostras podem ser armazenadas em refrigerador por alguns dias se houver necessidade. É bom evitar remessa em finais de semana, quando correios e laboratórios podem não estar operando. MONITORAMENTO NUTRICIONAL Entende-se por monitoramento o conjunto de procedimentos padronizados no espaço e no tempo. Devem ser demarcados talhões semelhantes quanto a variedades, sistemas de produção, tipo de solo, idade das plantas. Amostragens de solo, folhas e produtividade são os dados básicos para montagem de um sistema de monitoramento. A formação de um banco de dados permite o estabelecimento local de níveis de referência para a área em estudo. O monitoramento pode indicar: • Se as plantas estão adequadamente nutridas ou se algum nutriente está limitando a produção. • Se o programa de adubação em uso fornece um suprimento ótimo de todos os nutrientes para assegurar produtividade e qualidade dos produtos; • Se é necessário suplementar algum nutriente através da adubação de cobertura (N, K, Mg) ou de aplicações foliares 8 (micronutrientes), se ainda houver tempo efetivo para tais práticas; • Se as recomendações, dependendo das práticas de manejo, precisam ser alteradas nos próximos anos, ou aumentando as doses ou o modo de aplicação dos nutrientes; • Se há possibilidade de redução de uso de determinados nutrientes quando as condições econômicas são desfavoráveis, sem grandes prejuízos na produtividade e na qualidade. JONES, C.A. Proposed modifications for DRIS for interpreting plant analyses. Communications in Soil Science and Plant Analyses, v.12, p.785-794, 1981. LAGATU, H.; MAUME, L. Le diagnostic foliare de la pomme de terre. Ann. Ecol. Nat. Agric., Montpellier, v.22, p.50-158, 1934. LUNDEGARDH, H. Die Blattanalyse. G. Fisher Jena Verlag, 1945. MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A de. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1989. 210p. MARSCHNER, H. Mineral nutrition in higher plants. London: Academic Press, Inc., 1986. 674p. MARTIN-PRÉVEL, P.; GAGNARD, J.; GAUTIER, P. Plant Analysis; as a guide to the nutrient requirements of temperate and tropical crops. Technique et Documentation, 1987. MILLS, H.A.; BENTON JONES, J. Plant Analysis Handbook II. MICRO-MACRO Publishing, 1996. 422p. MUNSON, R.D.; NELSON, W.L. Principles and practices in plant analysis. In: WALSH, L.M. & BEATON, J.D. (eds.). Soil testing and plant analysis. Madison: SSSA, 1973. p.223-248. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/FUNDAG, 1997. 285p. (Boletim Técnico 100). SMITH, P.F. Mineral analysis of plant tissue. Annual Review of Plant Physiology, Palo Alto, v.13, p.81-108, 1962. TRANI, P.E.; HIROCE, R.; BATAGLIA, O.C. Análises foliar: amostragem e interpretação. Campinas: Fundação Cargill, 1983. 18p. ULRICH, A.; HILLS, F.J. Principles and practices of plant analysis. In: Soil testing and plant analysis. Madison: SSSA, 1967. p.11-24. (Special Publications Series). WALSH, L.M.; BEATON, J.D. Soil testing and plant analysis. Madison: SSSA, 1973. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 96 – DEZEMBRO/2001