USO DE CAL CITA PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES AQUOSOS DE CARACTERÍSTICAS ÁCIDAS GERADOS EM LABORATÓRIOS DE QUÍMICA Ozelito Possidônio de Amarante Junior' Romer Pessôa Fernandes' Luís Roberto Takiyama'" RESUMO Este trabalho propõe um sistema para o tratamento dos efluentes ácidos contendo elevadas concentrações de metais gerados em processos analíticos de laboratórios químicos. No intuito de eliminá-Ias, trataram-se os efluentes com calcário calcítico, precipitando-se, assim, os metais na forma de hidróxidos e carbonatos correspondentes. O efluente apresentou, inicialmente, características ácidas, com concentração média de ferro e manganês de 17,00 ± 0,05 mg/L e 14,00 ± 0,03 rng/L, respectivamente. Além destes metais, foram determinados alumínio, crôrnio, Cobre, mercúrio, estanho, chumbo, molibdênio, bário e zinco. Colunas de polietileno foram recheadas com calcário, em forma granular, sendo avaliada a eficácia no tratamento de resíduos aquosos pela observação do pH final do efluente. Três granulometrias diferentes foram testadas. Os resíduos tratados apresentaram concentrações de metais tóxicos abaixo dos limites estabelecidos na legislação vigente. Palavras-chave: tratamento de efluentes; laboratório; caIcita. Estudante de doutorado em Ciências da Engenharia e Ecologia Aplicada, EESC, USP . •• Estudante ••• Pesquisador de Mestrado em Química, III (Recursos Aquáticos), Ambiental, CCET, Universidade Centro de Recursos Hídricos Federal do Maranhão . Instituto de Pesquisas Científic~ e Tecnológicas do Estado do Amapá. 104 Cad. Pesq., São Luís. v. 14. n. I. p.104-117.jan./jun. 2003 ABSTRACT This paper proposes a system for treatment of acid wastewater with-high concentration of metais produced from analytical processes of chemical laboratory. For their elimination, lime (calcite powder) was used for precipitation ofthe metais as their hydroxide and carbonate. The effluent presented acid characteristics, and concentrations of iron and manganese was 17,00 ± 0,05 mg!L and 14,00 ± 0,03 mglL, respectively, Others metais were also analyzed, such as AI, Cr, Cu, Hg, Sn, Pb, Mo, Ba and Zn. The lime was used in the granular form placed in a column to treat the wastewater, Three different particle sizes ofthe lime were tested. The treated wastewater showed toxic metal concentrations lower than limits established in the legislation. Keywords: laboratory waste treatment; dolomite; precipitation. 1 INTRODUÇÃO As atividades industriais, desde a produção até o controle de qualidade, podem gerar resíduos que, no Brasil, ainda são comumente descartados sem qualquer tratamento. Entretanto, a visão de que o gerador de um resíduo é o responsável por seu destino tem levado laboratórios de instituições de ensino, de fiscalização do governo, empresas de consultoria ou fábricas a tomar providências no sentido de tratar as águas residuárias que têm sido emitidas de modo descontrolado no ambiente (JARDIM, 1997, pA). Esta mudança de comportamento é reforçada pelas exigên- eras da legislação vigente (AMARANTE lr. et al., 2000, p.61) A produção de "resíduo zero" defendida por BUZZETTI (1997, p. 67) é wna possibilidade quando o resíduo gerado é originado em um processo de produção, onde se obtém grandes quantidades de um resíduo com características homogêneas. No entanto, para resíduos de laboratório, em que várias espécies podem estar presentes, desde metais pesados, ânions tóxicos, ou outros compostos nocivos à vida, esta proposta torna-se complicada, uma vez que tais resíduos estarão em baixas concentrações, Ca{L Pesq., São Luís, v. 14, n. 1, p.104-1J 7,jan.ljun. 2003 105 sendo difícil seu uso alternativo (AMARANTE Jr. et al., 2000, p.61). Muitos íons possuem certa toxicidade, não sendo tolerados pelo homem ou por outros organismos vivos a partir de determinadas faixas de concentração. A presença destas espécies no ambiente pode ter origem natural ou antropogênica. Como fontes naturais, pode-se citar a ação dos corpos d'água diretamente sobre rochas ou solos ou, ainda, o intemperismo, processo lento, favorecido pela acidez natural das águas de chuva. Entretanto, com a poluição do ar, a acidez da chuva tem aumentado, tomando mais rápido o intemperismo, aumentando a concentração dos metais pesados. Do mesmo modo, as precipitações secas e úmidas são fontes destes elementos (GRASSI, 1997,p. 3). Os metais comumente chamados "metais pesados" são altamente tóxicos, solúveis em água, sendo facilmente absorvidos por organismos, onde se combinam com enzimas vitais, inibindo suas funções. Causam problemas psicológicos e neurológicos graves, mesmo em pequenas quantidades. 106 Estes metais são usados em indústrias metalúrgicas, em chapas metálicas, baterias, eletrodomésticos e, por apresentarem cores brilhantes, são utilizados em tintas, vernizes e pigmentos. Desta forma, tais elementos são inseridos no ambiente em qualquer lugar onde estes produtos são manufaturados, utilizados e descartados (NEBEL; WRIGHT, 1996, p. 158). Diferentes formas de remoção de metais têm sido estudadas, desde o uso de agentes precipitantes, como ditiocarbamatos (ANDRUS, 2000, p. 20) e cal (CHARERNTANYARAK, 1999, p. 135), extração com ácidos orgânicos (VEEKEN; HAMELERS, 1999,p. 129),até complexação com matéria orgânica modificada (GABALLAH; KILBERTUS, 1998, p. 241), com polímeros e taninos (CLARISSE et al., 2000, p. 162), com casca de caranguejo (AN et al., 2001, p. 3551) e trocaiônica com zeólitas naturais (OUKI; KAVANNAGH, 1999, p.115). Para o tratamento de efluentes, podem ser usadas reações como oxidação ou precipitação pela Cad. Pesq., São Luis, v. 14, n. 1, p.1 04-1 J 7,jan./jun. 2003 adição de permanganato de potássio, peróxido de hidrogênio, hipoclorito ou gás cloro (MULLIGAN et al., 2001, p. 199). Reações de neutralização podem ser efetuadas, ou, ainda, reações de redução com dióxido de enxofre, sais de sulfeto e sulfato ferroso (MULLIGAN et al., 2001, p. 199). É importante ressaltar que, se em um resíduo determinado composto está em concentrações relativamente elevadas, a sua precipitação pode provocar a co-precipitação de outros compostos presentes (MOZETO et al, 1998, p. 5). Em estudo feito com resíduo de indústria têxtil contendo o corante índigo, além de pequenas quantidades de contaminantes como chumbo, cobre, níquel e cromo, ficou demonstrado que estes metais podiam ser satisfatoriamente removidos pela floculação com sulfato de alumínio. O precipitado foi utilizado como aditivode argilas,melhorando sua resistência (OLNEIRA et aI., 1998, p. 99). Foram também recuperados metais-traço em salmouras, pela co-precipitação com ferro (III) e Mg (lI) na forma de hidróxido, ajustando-se o pH para 9,0 com NaOH. A elevação de pH diminuiu a eficiência de recuperação dos metais estudados (MARlANO; COSTA, 1993, p. 125). Uma altemativa de baixo custo para a remoção de metais pesados de uma solução aquosa foi estudada recentemente pela precipitação como hidróxidos ou carbonatos, empregando-se uma coluna recheada de dolomita. No citado trabalho, a precipitação de metais foi realizada para os efluentes de laboratório de controle de qualidade de minérios de ferro e manganês. As análises feitas naquele laboratório incluíam titulações de oxi-redução , gravimetria, colorimetria, absorção atômica de chama e espectroscopia de emissão atômica com plasma acoplado indutivamente (ICP-AES). Os resíduos apresentavam, inicialmente, características extremamente + ácidas (concentração de íons H superior a 1mol/L) e vários metais solúveis, tais como ferro, manganês, alumínio,estanho,mercúrio, cromo hexavalente, bário, cobre, cobalto, níquel, zinco, chumbo, entre outros. A maioria desses metais foi removida de for- Cad. Pesq., São Luís, v. 14, n. 1, p.104-117,jan./jun. 2003 107 ma satisfatória, mantendo-se abaixo dos níveis exigidos pela legislação, com exceção do mercúrio, que permaneceu em concentrações superiores àquelas estabelecidas para qualquer fonte poluidora(AMARANTEJr. etal., 2000, p. 61-71). No trabalho aqui apresentado, a dolomita é substituída pela calcita, na precipitação de metais em efluentes. A vantagem consiste no maior teor de carbonato de cálcio contido neste material, o que pode aumentar a eficiência do tratamento. A eficiência da calcita no tratamento foi avaliada pelo monitoramento do pH [mal, sendo também testadas diferentes granulometrias do material. 2 METODOLOGIA 2.1 Amostras utilizadas Os resíduos utilizados para o estudo foram aqueles gerados durante as análises químicas de minério de ferro, proveniente da Serra dos Carajás (Pará). Estas análises consistiam na determinação da concentração de ferro total (titulação dicromatométrica) e na determinação de elementos minoritários 108 (por ICP-AES) geraram os re.síduos estudados no presente trabalho. Estes rejeitos foram analisados antes e após o tratamento proposto por ICP-AES. 2.2 Procedimentos de análise Os efluentes foram analisaem ICP-AES, modelo Spectrojlame, da Spectro Analytical Instruments para a determinação da concentração de ferro' manganês, alumínio, fósforo, estanho, cromo, cobalto, cobre, níquel, zinco, chumbo, cádmio, bário e mercúrio. Procedeu-se conforme os procedimentos recomendados pelo fabricante do equipamento, escolhendo-se as linhas padrões de emissão com menor interferência Todas as análises foram realizadas no modo de varredura, com a finalidade de observar possíveis interferentes ou desvios na absorvância máxima, bem como a inexistência dos de efeito de matriz. Realizou-se a leitura do branco (neste estudo, usou-se água deionizada) e dos padrões, construindo-se curvas com relacionam a concentração dos elementos de interesse versus a intensidade de radiação emitida, seguidos das amostras. Cad. Pesq., São Luís, v. J 4, n. J, p. J 04- 11 7,jan./jun. 2003 2.3 Seleção do pH de precipitação Uma amostra contendo mistura de resíduos de diversos procedimentos do laboratório foi titulada com solução de hidróxido de sódio a 8 mol/L, dividida em oito replicatas, observando-se a precipitação dos metais em função do pH final. As replicatas foram analisadas antes e após adição de NaOH em ICP-AES, desconsiderando-se qualquer efeito de diluição, visto que a solução adicionada apresentava concentração elevada em relação à base. Desta forma, foi possível escolher a melhor faixa de pH para a precipitação dos elementos em estudo. 2.4 Tratamento com abertura de 22 rnrn, de forma a obter granulometria homogênea e maior área superficial. Desta forma, o volume de calcário calcítico dentro da coluna foi esti3 madoem2,43 dm. O volume de líquido no reci~iente foi, portanto, de 0,42 dm . Como a reação entre ácidos e carbonato libera grande quantidade de gás carbônico, foi necessário deixar um espaço na parte superior do reator para a eliminação do gás gerado durante o tratamento. Reservatório em coluna Uma coluna contendo calcário calcítico foi montada de modo que o efluente, por ação da gravidade, percorresse a coluna (sistema apresentado na Figura 1). O sistema foi formado por um reservatório plástico conectado por mangueira a uma 3 coluna (volume de 2,85 dm ), na qual era colocada calcita. O calcário calcítico obtido comercialmente em Fortaleza-CE foi triturado em britador de mandíbula, Coluna de calcita Sistema em co luna para o tratamento dos etluentes em estudo. Após O preparo da coluna contendo calcita, iniciaram-se os experimentos, observando-se a variação de pH em função da vazão utilizada neste processo. Cad. Pesq., São Luís, v. 14, n. 1, p. 104-ll 7,jan./jun. 2003 109 2.5 Efeito da granulometria do precipitante Depois de escolhida a vazão ideal, variou-se a granulometria do calcário calcítico, observando-se a variação de pH em função do tempo de tratamento. Utilizaram-se três faixas de dimensão: a primeira, com grânulos de diâmetros maiores que 4,00 e menores que 6,50 mm; a segunda, com diâmetros entre 6,50 e 8,00 mm; e a terceira com diâmetros entre 8,00 e 12,00 mm. Fez-se passar por este sistema uma amostra de cada um dos efluentes geradosna análise de minério de ferro, sempre em oito replicatas, tanto provenientes da análise dicromatométrica para determinação da concentração de ferro total em minérios de ferro, quanto da análise de minério de ferro em ICP-AES, sendo ambas as amostras ricas em metais como Fe, Mn, Al, Sn, Cu, Co, Zn, Ni, Pb, Hg e Ba, possuindo, ainda valores de pH inferiores a zero. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Seleção do pH para precipitação A variação da concentração relativa dos metais dissolvidos na 110 fase aquosa, para várias faixas de pH, após a adição de NaOH (grau analítico), é apresentada na Figura 2. Os resultados obtidos mostraram que, entre pH 6,0 e 8,0, obtém-se a menor concentração de metais solúveis. Assim, escolheu-se uma faixa de pH de trabalho mais estreita, com o intuito de garantir que a precipitação ocorresse em quantidade satisfatória, optando-se por va.,2 <0.0 4,50 6,22 7.99 9,00 11,99 pH lores de pH final entre 6,5 e 7,5. Fig.2: Concentrações relativas dos elementos em estudo em função da correção de pH. C/Co: relação entre a concentração final e a concentração inicial. Observou-se, ainda, que o aumento de pH favoreceu a precipitação de todos os elementos até um valor acima do qual foi percebida a redissolução devido à formação de complexos Cad. Pesq., São Luís, v. 14, n. 1, p.104-117,jan./jun. 2003 solúveis. 3.2 Tratamento em coluna Para otirnizar o uso do sistema, utilizou-se resíduo da análise do minério de ferro em ICP-AES, medindo-se o pH, em função da vazão. O melhor fluxo para o tratamento do efluente foi de 0,01 dmzmin, conforme mostra a Figura 3, possivelmente devido ao maior tempo de contato entre o calcário e o efluente, proporcio8 ..-----------~ 6j-------I\irl ~4j---- 0.05 0,03 0,02 0,015 0,01 elementos apresentaram, depois do tratamento, concentrações abaixo dos limites estabelecidos pela legislaçãoem vigor(BRASIL, 1986, p. 11356-11361). O mercúrio foi a única exceção, apresentando, ainda, concentração final de 2,0 mg/L, o que é 200 vezes superior ao limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 1986, p. 113 5611361). O ferro e o alumínio foram reduzidos a concentrações inferiores ao limite de detecção do método utilizado. 3.4 Teste de eficiência do reator dnT/rrin nado pela menor vazão. Fig. 3: Variação de pH em função da vazão. 3.3 Tratamento do efluente Os valores de concentração relativa dos metais (C/Co) nos efluentes das análises de minério de ferro em ICP-AES e por titulação dicromatométrica são apresentados na Figura 4. O tratamento foi eficiente, para ambos os efluentes, visto que todos os Utilizou-se o sistema repetidas vezes até que se observasse um pH final menor que a faixa de trabalho estabelecida (entre 6,5 e 7,5). O pH das amostras coletadas na saída da coluna diminuiu com o uso prolongado, obtendo-se, após a passagem de 55 volumes de reator, pH igual a 6,4 (valor ainda dentro dos limites exigidos pela legislação para pH). Este valor foi considerado indesejável, uma vez que é inferior ao limite de descarte estipulado por este estudo, abaixo do qual Cad. Pesq., São Luís, v. 14, n. 1, p. J04-117,jan./jun. 2003 111 não se pode garantir a remoção satisfatória dos elementos estudados. Portanto, a passagem de 50 volumes de reator seria uma boa referência para se trabalhar com os efluentes testados. O sistema pode ser recuperado, efetuandose uma remoção de sólidos na parte inferior da coluna, por passagem de água em fluxo inverso lep 40 ~ ~ 35 Õ. 30 É. o 25 u- 20 .Fe .. E1AI ger ~ 15 " " 10 o 5 o c o oP EISa oZn L- O C,in&1 ~r*:ial ~.p Fel _2500 ,;:! oFe .§:20oo I!iIHg ~1500 u- oCr ~1000 oSn .. " o c o .Zn 500 o DAI O oSa 1 Cmicial 2 ~oMn Crinal ao utilizado no tratamento. Fig.4: 112 Remoção de elementos impaetantes para efluentes de minério de ferro. FeT: efluente da análise dieromatométrica para a determinação de ferro total. ICP: efluente da análise realizada em ICP-AES para determina- ção de elementos ninoritários. 3.5 Eficiência do reator em função da granulometria A eficiênciado tratamentofoi maior para calcário de menor granulometria, obtendo-se valores de pH final acima de 7,10 para o tamanho entre 4,00 e 6,50 mm. Para granulometria intermediária, os valores de pH variaram entre 6,20 e 6,70, enquanto que para maior granulometria, o pH final variou entre 5,30 e 6,50 (tempo de uso de 180 min). O comportamento da variação de pH do efluente gerado em análise de minério de ferro por ICP-AES, em função do tempo, pode ser visto na Figura 5. A maior eficiência apresentada pelo sistema com menores partículas é explicado pela maior superfície de contato deste material. Considerando-se o tempo de tratamento entre 1 e 180 min, utilizando as três granulometrias testadas para os efluentes de análise em ICP-AES e para determinação da concentração de ferro total por dicromatometria, têm-se a variação de pH apresentada na Figura 6. Estes resultados indicam Cad. Pesq., São Luís, v. /4, n. 1,p./04-117,jan./jun. 2003 que as partículas com menor dimensão favorecem o tratamento, uma vez que apresentam maior superfície de contato com o efluente em tratamento. A análise de custos realizada no comércio de São Luís (MA) mostra que o uso de calcário fica aproximadamente doze vezes mais barato que o uso de soda cáustica. Entretanto, o uso de calcário produz uma massa de resíduo sólido 1,5 vezes maior que o uso de soda cáustica. O sólido produzido pode ser removido periodicamente da coluna de calcita, devendo ser enviado para aterro ou ter sua aplicação estudada. 3.6 Comparação entre os resultados obtidos para o sistema utilizando calcita edolomita. Os dados obtidos na literatura (AMARANTE JR. et al., 2000 p. 67-70), em trabalho utilizando dolomita foram comparados com aqueles obtidos com o mesmo sistema, substituindo-se este calcário pelo calcítico. Esta comparação é apresentada na Tabela 1. 1- Tabela Parâmetro Calcário Calcítico L'.pH em 180 min de uso do sistema para a menor granulornetria e resíduo ICP 0,25 0,40 L'.pH em 180 min de uso do sistema para a menor granulornetria e resíduo FeT 0,17 0,45 pH final após tratamento do resíduo de lCP para menor granulornetria 6,50 7,3 pH final após tratamento do resíduo de FeT para menor granulometria 6,52 7,1 Volumes de reator que podem ser usados antes da recuperação (limpeza) 40 50 Comparação entre os resultados obtidos para o sistema em- Cad. Pesq., São Luís, v. 14, n. 1, p.J04-117,jan./jun. 2003 113 maior tempo de uso antes que se faça necessário parar o tratamen--- to e efetuar a limpeza. Para o pH final após 180 min de uso, observou-se um valor mais próximo da 4,0<0<6,5 7,8 ~-----~; 7,7"" ' 7,6 I.... 7,5 <, ~ "'w.. 7,4 7,3 7,2 7,1 -, "- "'-.. +----"---~~-II; --< 7+---~----i O 100 200 Tempo/min 6,8 6,5 <0< 8,0 _H_. 6,7 .~ 6,6 J:6,5 .., \ ""- \ I-+-ICP! '---- ____ FeT "ti,4 "6,3 f----"~""____.----i 6,2 f-------=---j 6,1 f----,------; o 100 Tempolmin neutralidade no sistema que emprega calcário calcítico que o obtido naquele com dolornítico. Entretanto, a variação de pH neste mesmo tempo se mostrou superior para o tratamento proposto no atual estudo, cabendo ressaltar que a forma da curva observada 200 8,0 <0< 12,0 -----------. 7 '" 1,20 •••••• H •••• _ •••• __ .H •• H. __ .H ••••• [-+-lcpl 6 __ FeT :I: c. <I -lê. "'1 !r.:!==''''''''''~..p=.!:=~ 3 5+---~--_i 100 •• H ••••• 0,80 0,60· 0,40 0,20 0,00 5,5 t---....,,-----i O H.H.H.H. 1,00 6,5tL--=--==::::;--i ~ //[ / Granulometria 200 Tempo/min pregando calcá rio dolomítico e calcítico * Fonte: AMARANTE lR. et aI., 2000,p.70. Fig.5: Variação de pH, em função do tempo, para efluente de análise de minério de ferro em ICP-AES. 1E: diâmetro da partícula. Pode-se observar que, para o volume de reator, o sistema empregando calcitaapresenta um 114 na Figura 5 indica a estabilização desta variação de pH. O mesmo não foi observado nos resultados descritos por Armarante Jr. et al. (2000, p. 70). Fig.6: Variação de pH final, para 180 min de tratamento, em função da granulometria para dois tipos de efluentes. 4 CONCLUSÃO Cad. Pesq., São Luís, v. 14, n. 1, p. I04-J17,jan./jun. 2003 o calcário calcítico precipita satisfatoriamente os elementos de interesse e sua eficiência na correção do pH e na remoção de metais é superior àquelaapresentada pelo ca1cário dolomítico. Para mercúrio, a concentração tornase bastante reduzida mas, como no caso do tratamento com calcário dolomítico, não foi possível reduzi-Ia para o limite esta. belecido pelo CONAMA. Sugere-se que o procedimento analítico no qual o metal é utilizado (etapa de redução do ferro) sej a substituído por métodos alternativos que utilizem titânio ou zinco. Estes metais são menos tóxicos que o mercúrio e apresentam maior facilidade de remoção da solução. O sistema utilizado apresentou eficiência até o uso de 50 volumes de reator, sendo necessário, após isto, efetuar sua recuperação deste, facilmente realizada com água em contra corrente. O manuseio do calcário na forma de cal cita é mais fácil , se comparado à soda cáustica. A vantagem é que o calcário permanece fixo, fazendo-se passar o rejeito por ele. O procedimento é bastante simples e econômico, utilizando-se um reservatório e uma coluna contendo o calcário. O rejeito é conduzido por uma mangueira do reservatório até a coluna, por ação da gravidade, sendo desnecessário o uso de bombeamento, portanto sem qualquer consumo de energia. Para a obtenção da máxima eficiência do sistema, deve-se utilizar grânulos de tamanho entre 4,0 e 6,5 mm, o que garante valores desejados de pH para a precipitação quantitativa dos metais presentes na fase aquosa. REFERÊNCIAS AMARANTE Jr., O. 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