PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA JOÃO PAULO PERUSSOLO MARCUS VINICIUS GARCIA AMANCIO CHUVEIRO INTELIGENTE CURITIBA 2014 JOÃO PAULO PERUSSOLO MARCUS VINICIUS GARCIA AMANCIO CHUVEIRO INTELIGENTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Eletrônica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Eletrônico. Orientador: Prof. Me. Vilson Rodrigo Mognon CURITIBA 2014 JOÃO PAULO PERUSSOLO MARCUS VINICIUS GARCIA AMANCIO CHUVEIRO INTELIGENTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Eletrônica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Eletrônico. COMISSÃO EXAMINADORA _____________________________________ Prof. Dr. Gerson Linck Bichinho Pontifícia Universidade Católica do Paraná _____________________________________ Prof. Dr. James Alexandre Baraniuk Pontifícia Universidade Católica do Paraná _____________________________________ Prof. Me. Vilson Rodrigo Mognon Pontifícia Universidade Católica do Paraná Curitiba, 01 de dezembro de 2014. Dedicamos a Deus, aos nossos familiares, amigos e a todos que nos ajudaram na elaboração deste trabalho. AGRADECIMENTOS Queremos agradecer primeiramente a Deus, pela conclusão de mais essa etapa em nossas vidas, pela saúde, sabedoria e persistência ao longo desta jornada e pela oportunidade de desenvolvermos este trabalho de conclusão de curso da melhor maneira possível. Agradecemos aos nossos familiares, que nos deram apoio e incentivo nos momentos mais difíceis e acompanharam o nosso andamento. Agradecemos ao nosso orientador, professor Vilson Rodrigo Mognon, pela atenção, paciência e o apoio que nos ofereceu, principalmente nos momentos mais importantes do projeto. Agradecemos ao professor James Alexandre Baraniuk pelos conselhos ao longo deste ano, que sem dúvida foram fundamentais para a escolha do tema do projeto e o desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso. Agradecemos ao professor Gerson Linck Bichinho pelos conselhos e acompanhamento durante as apresentações. De maneira especial, agradecemos a todos os professores que ao longo desta graduação, disponibilizaram e compartilharam conosco o máximo de sabedoria e conhecimento. Aos nossos colegas de classe, que tivemos o prazer de conhecer durante o curso de engenharia, pela grande amizade que criamos não só durante a etapa final como em todo o decorrer do curso. À todos que, diretamente ou indiretamente, contribuíram neste projeto. "A persistência é o menor caminho do êxito." (CHARLES CHAPLIN, 1997, p.118) RESUMO O chuveiro elétrico está presente na maioria das residências brasileiras. Este aparelho é um dos vilões quando o assunto é consumo de energia, sendo responsável por grande percentual da conta de luz da população. Diante deste fato surge a proposta de um chuveiro inteligente, capaz de controlar eletronicamente a temperatura e o tempo do banho, de acordo com as preferências do usuário e, além disso, mostrar a quantidade de água e de energia que o usuário está utilizando. As etapas de desenvolvimento iniciam com uma pesquisa teórica a respeito dos sensores (temperatura, corrente elétrica, fluxo, etc.) e finalizam com um protótipo, passando por etapas intermediárias de teste de software e hardware. O principal componente do projeto é um microcontrolador que realizará a leitura dos diversos sensores e se comunicará com a interface homem máquina, em que serão obtidos temperatura e tempo de banho desejados. Foram usados também alguns periféricos, como circuito detector de zero e módulos de rádio, responsáveis pela sincronia da onda de chaveamento com a da rede e comunicação entre o chuveiro e a interface homem-máquina, respectivamente. A proposta mostra-se inovadora pois, além de proporcionar conforto, integra um conceito novo, que é o da medição de consumo da água no próprio chuveiro, o que ainda não é explorado hoje em dia. Palavras-chave: Chuveiro. Medição. Consumo de energia. Consumo de água. ABSTRACT The electric shower is present in most of the Brazilian homes. When it comes to energy consumption this device is one of the villains, accounting for a large percentage of the people's energy bills. Given this context the proposal of a smart shower, able to electronically control the temperature and bath time according to the user preferences and show the amount of water and energy that the user is spending. This work starts with a theoretical research on the sensors (temperature, electric current, water flow, etc.), and ends with a final prototype, passing through intermediate stages of testing software and hardware. The main component of the project is a microcontroller that performs the reading of multiple sensors and communicates with the human machine interface, where parameters such as temperature and time of desired bath will be obtained. Also, some peripherals were used, such as zero voltage detector and radio modules. These are responsible for the synchronism between the switching signal with the power line and the communication between the shower and the human machine interface respectively. The proposal shows itself innovative because in addition to providing comfort, integrates a new concept, which is the measurement of water consumption in the shower itself, which is unexplored today. Key-words: Shower. Measurement. Energy consumption. Water consumption. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Estrutura do tiristor do tipo SCR ............................................................... 21 Figura 2 - Estrutura do tiristor do tipo SCR com transistores .................................... 21 Figura 3 - Funcionamento do TRIAC ideal ................................................................ 23 Figura 4 - Circuito de Aplicação do TRIAC ................................................................ 23 Figura 5 - Esquemático do Microcontrolador ............................................................. 24 Figura 6 - Exemplo de barramento I2C ..................................................................... 26 Figura 7 - Programa Hercules ................................................................................... 28 Figura 8 - Diagrama em blocos do projeto proposto ................................................. 30 Figura 9 - Ilustração da estrutura interna do chuveiro ............................................... 31 Figura 10 - Dissipador de calor do circuito de potência ............................................. 32 Figura 11 - Diagrama de blocos do sistema do chuveiro .......................................... 33 Figura 12 - Circuito de acondicionamento do sensor de tensão................................ 34 Figura 13 - Circuito de Acondicionamento do Sensor de Corrente ........................... 35 Figura 14 - Circuito detector de passagem por zero ................................................. 36 Figura 15 - Circuito de Potência ................................................................................ 37 Figura 16 - Sensor de vazão de água ....................................................................... 38 Figura 17 - Diagrama de conexão LM35 ................................................................... 39 Figura 18 - Módulo Xbee ........................................................................................... 40 Figura 19 - Diagrama de blocos do circuito da Interface ........................................... 41 Figura 20 - Registradores do circuito integrado DS1307 ........................................... 42 Figura 21- Circuito de aplicação típico DS1307 ........................................................ 43 Figura 22 - Módulo VM800C ..................................................................................... 44 Figura 23 - Diagrama de blocos funcional do FT800 ................................................. 45 Figura 24 - Fluxograma mudança de tela .................................................................. 47 Figura 25 - FTDI EVE Screen Editor ......................................................................... 48 Figura 26 - Equações para obtenção do valor RMS de forma contínua e discreta ... 50 Figura 27 - Resposta do teste do sensor de tensão .................................................. 53 Figura 28 - Resposta do teste do sensor de corrente ............................................... 54 Figura 29 - Teste do detector de zero ....................................................................... 55 Figura 30 - Onda da tensão na carga ........................................................................ 56 Figura 31 - Cronograma do 1º semestre de 2014 ..................................................... 57 Figura 32 - Cronograma do 2º semestre de 2014 ..................................................... 57 Figura 33 - Esquemático da placa principal do chuveiro ........................................... 62 Figura 34 - Placa principal do chuveiro ..................................................................... 63 Figura 35 - Circuito de acondicionamento do sensor de tensão e de corrente ......... 63 Figura 36 - Placa do detector de zero ....................................................................... 64 Figura 37 - Chuveiro com o hardware e sensores instalados.................................... 64 Figura 38 - Hardware da interface ............................................................................. 65 Figura 39 – Tela gráfica de inicialização da interface ................................................ 65 Figura 40 – Telas gráficas de cadastro e visualização de usuários .......................... 66 Figura 41 – Telas gráficas do menu do usuário ........................................................ 67 Figura 42 – Telas gráficas de configurações e visualização de consumo ................. 68 Figura 43 – Tela gráfica de ajuste de hora e data ..................................................... 69 Figura 44 – Tela gráfica de alerta do tempo de banho .............................................. 69 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A Ampere Abinee Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ADC Analog-to-Digital Converter AREF Analog Reference CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua EEPROM Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory EVE Embedded Video Engine GND Ground GUI Graphical User Interface HW Hardware IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC Integrated Circuit I²C Inter-Integrated Circuit IHM Interface Homem Máquina Iout Corrente de saída ISBN International Standard Book Number L Litros LCD Liquid Crystal Display LSB Less Significant Bit MCU Microcontroller Unit p. Página Pa Pascal PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná RX Entrada de recepção de sinal SIBI Sistema Integrado de Bibliotecas SPI Serial Peripheral Interface SW Software TC Transformador de Corrente TX Saída de transmissão do sinal UART Universal Asynchronous Receiver/Transmitter TRIAC Triode for Alternating Current TTL Transistor-Transistor Logic RMS Root Mean Square RTC Real-Time Clock V Volt Vin Tensão de entrada Vpp Tensão pico a pico W Watts SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16 1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 17 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 18 1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 18 1.2.2 Objetivo específicos ................................................................................... 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 19 2.1 HISTÓRIA DO CHUVEIRO ELÉTRICO........................................................ 19 2.2 FUNCIONAMENTO BÁSICO DE UM CHUVEIRO ELÉTRICO .................... 20 2.3 CONTROLE DE POTÊNCIA ........................................................................ 20 2.3.1 Tiristores ..................................................................................................... 21 2.3.1.1 Triac.............................................................................................................. 22 2.4 SENSORES .................................................................................................. 23 2.4.1 Classificação dos sensores ....................................................................... 23 2.4.2 Parâmetros dos sensores .......................................................................... 24 2.5 MICROCONTROLADOR .............................................................................. 24 2.5.1 Conversor analógico digital ...................................................................... 25 2.5.2 Memória ....................................................................................................... 25 2.5.1 Comunicação I2C........................................................................................ 25 2.5.2 Comunicação SPI ....................................................................................... 27 2.5.3 Comunicação UART ................................................................................... 27 3 CONCEITOS DE METODOLOGIA .............................................................. 29 3.1 TOPOLOGIA DO SISTEMA ......................................................................... 29 3.2 DIAGRAMA EM BLOCOS ............................................................................ 30 3.3 DESCRIÇÃO GERAL DO CHUVEIRO ......................................................... 31 3.3.1 Dissipador de calor do circuito de potência ............................................ 32 3.4 DESCRIÇÃO GERAL DO HARDWARE DESENVOLVIDO .......................... 33 3.4.1 Hardware do chuveiro ................................................................................ 33 3.4.1.1 Sensor de tensão.......................................................................................... 33 3.4.1.2 Sensor de corrente ....................................................................................... 35 3.4.1.3 Circuito de detecção de zero ........................................................................ 36 3.4.1.4 Circuito de acoplamento óptico .................................................................... 36 3.4.1.5 Sensor de vazão ........................................................................................... 37 3.4.1.6 Sensor de temperatura ................................................................................. 38 3.4.1.7 Microcontrolador ATmega8 .......................................................................... 39 3.4.1.8 Módulo Xbee ................................................................................................ 40 3.4.2 Hardware da interface ................................................................................ 41 3.4.2.1 Microcontrolador ATmega328P .................................................................... 41 3.4.2.2 Relógio de tempo real................................................................................... 42 3.4.2.3 Módulo de desenvolvimento VM800C .......................................................... 43 3.4.2.4 Controlador gráfico FT800 ............................................................................ 44 3.5 DESCRIÇÃO GERAL DO FIRMWARE DESENVOLVIDO ........................... 45 3.5.1 Firmware do chuveiro ................................................................................ 45 3.5.2 Firmware da Interface ................................................................................. 46 3.5.2.1 Desenvolvimento gráfico das telas ............................................................... 47 3.5.3 Protocolo de comunicação ........................................................................ 48 3.5.3.1 Chuveiro ....................................................................................................... 48 3.5.3.2 Interface........................................................................................................ 49 3.6 ENSAIOS REALIZADOS .............................................................................. 49 3.6.1 Ensaio do sensor de tensão ...................................................................... 50 3.6.2 Ensaio do sensor de corrente ................................................................... 50 3.6.3 Ensaio do sensor de vazão ........................................................................ 51 3.6.4 Ensaio do detector de zero ........................................................................ 51 3.6.5 Ensaio do módulo XBEE ............................................................................ 51 3.6.6 Ensaio da comunicação SPI da interface ................................................. 51 3.6.7 Ensaio do circuito de potência .................................................................. 52 3.6.7.1 Funcionamento ............................................................................................. 52 3.6.7.2 Ângulo de disparo ......................................................................................... 52 3.6.8 Ensaio do protocolo de comunicação ...................................................... 52 3.7 RESULTADOS DOS ENSAIOS .................................................................... 53 3.7.1 Sensor de tensão ........................................................................................ 53 3.7.2 Sensor de corrente ..................................................................................... 54 3.7.3 Sensor de vazão ......................................................................................... 54 3.7.4 Detector de zero.......................................................................................... 55 3.7.5 Módulo XBEE .............................................................................................. 55 3.7.6 Comunicação SPI da interface .................................................................. 55 3.7.7 Circuito de potência ................................................................................... 56 3.7.8 Protocolo de comunicação ........................................................................ 56 3.8 CRONOGRAMA ........................................................................................... 56 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 58 4.1 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ................................................ 59 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60 APÊNDICE A – ESQUEMÁTICO DA PLACA PRINCIPAL DO CHUVEIRO ............ 62 APÊNDICE B – PLACA PRINCIPAL DO CHUVEIRO ............................................. 63 APÊNDICE C – CIRCUITO DE ACONDICIONAMENTO DO SENSOR DE TENSÃO E DE CORRENTE ..................................................................................................... 63 APÊNDICE D – PLACA DO DETECTOR DE ZERO ................................................ 64 APÊNDICE E – CHUVEIRO COM O HARDWARE E SENSORES INSTALADOS .. 64 APÊNDICE F – HARDWARE DA INTERFACE ........................................................ 65 APÊNDICE G – TELA GRÁFICA DE INICIALIZAÇÃO DA INTERFACE ................ 65 APÊNDICE H – TELAS GRÁFICAS DE CADASTRO E VISULIZAÇÃO DE USUÁRIOS ............................................................................................................... 66 APÊNDICE I – TELAS GRÁFICAS DO MENU DO USUÁRIO ................................. 67 APÊNDICE J – TELAS GRÁFICAS DE CONFIGURAÇÕES E VISUALIZAÇÃO DE CONSUMO................................................................................................................ 68 APÊNDICE L – TELA GRÁFICA DE AJUSTE DE HORA E DATA ......................... 69 APÊNDICE M – TELA GRÁFICA DE ALERTA DO TEMPO DE BANHO ................ 69 16 1 INTRODUÇÃO Água e energia elétrica são recursos fundamentais para a vida dos seres humanos. Sem a água não existiria vida e sem energia elétrica seríamos privados do imenso conforto que ela nos proporciona. A eletrônica permite a implementação de sistemas, os mais diversos, para conforto e bem estar do homem. Nesse sentido, também pode proporcionar economia de água e de energia elétrica consumidas durante o banho. Atualmente, um dos aparelhos que mais pesam na conta de luz e de água dos brasileiros é o chuveiro elétrico. Os mais comuns, possuem regulagem de temperatura da água efetuada por meio de uma chave com três posições: inverno, verão e desligado. Quando a água não é aquecida o suficiente, é comum o usuário regular o fluxo para ajuste da temperatura, de forma que, quanto menor o fluxo, mais a água esquenta. Modelos mais recentes apresentam uma inovação que consiste em um controle analógico de temperatura que, com aplicação da eletrônica de potência, dá ao usuário um controle gradativo da temperatura, porém não possuem nenhuma automatização. Aliando avanço tecnológico e sustentabilidade, é possível a criação de novos tipos de chuveiros. Neste projeto foi desenvolvido um chuveiro para uso residencial que permite o controle digital de temperatura, a medição do consumo de água, a medição do consumo de energia elétrica e a especificação do tempo de banho. Há uma interface de controle em que sã apresentadas as informações do consumo de água e de energia elétrica do chuveiro, e as opções de configurações de temperatura da água, e o tempo limite de banho. Através desse sistema, o usuário tem a vantagem de garantir conforto de forma econômica e sustentável, uma vez que o chuveiro só aplica a potência necessária para alcançar e manter uma temperatura de água estabelecida durante um tempo de banho pré-determinado, diferentemente dos modelos convencionais, que dispõem de três regulagens apenas. Para a realização desse projeto, foram empregadas as teorias de eletrônica, de eletrônica de potência, microprocessadores, circuitos elétricos, instrumentação eletrônica, sistemas de controle, mecânica do sólidos e fenômenos dos transportes. 17 1.1 JUSTIFICATIVA A tendência da busca de soluções sustentáveis, visando à economia de energia elétrica nos dias de hoje, tem levado ao surgimento de uma infinidade de novos aparelhos. Tendo em vista este cenário, e a partir da busca de uma solução inovadora, surgiu a ideia da criação de um chuveiro integrado, relacionado com consumo de água e de energia. O aquecimento de água apresenta diversas variáveis, como consumo e demanda de água e energia, fluxo, temperatura e riscos ao usuário. Enquanto o consumo e a demanda de energia são relacionados a problemas econômicos, fluxo e temperatura dizem respeito ao conforto dos usuários. (Prado,1998) A água é um dos recursos naturais mais importantes, que pode vir a se tornar escasso daqui a alguns anos. Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Congresso Mundial da Água em 2007, 1,8 bilhão de pessoas enfrentarão níveis críticos de falta de água já em 2025, e 2/3 da população mundial serão afetados. O chuveiro elétrico está presente em 73,1% das residências brasileiras, ou seja, mais de 110 milhões de brasileiros utilizam chuveiros elétricos. (PROCEL/Eletrobrás, 2007). É um dos aparelhos que mais consomem água e energia, sendo, portanto, um dos vilões do orçamento doméstico. De acordo com a ONU, cada pessoa necessita de 3,3 m³/pessoa/mês (cerca de 110 litros de água por dia para atender às necessidades de consumo e higiene). No entanto, no Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia (Sabesp,2010). Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), o banho ideal deve ter duração máxima de oito minutos e consumo de água de 3 litros por minuto. O chuveiro inteligente auxilia o usuário na redução do consumo de água e de energia, sem deixar de lado o conforto e a facilidade de uso. Ele também permite o controle digital da temperatura, a medição do consumo de água, a medição do consumo de energia e o controle do tempo de banho. Através de uma interface para controle do usuário são mostradas as informações de consumo e opções para configuração de temperatura da água e do tempo limite de banho. 18 De acordo com estudos realizados pelo Grupo de Chuveiros Elétricos da ABINEE em 2009, descobriu-se que há variações no custo por banho de oito minutos, quando adotados diferentes sistemas: R$ 0,22 para o chuveiro elétrico, R$ 0,35 para o sistema de aquecimento solar, R$ 0,58 para o sistema a gás, R$ 0,22 para o híbrido (solar e chuveiro elétrico) e R$ 0,78 para o boiler. Levando em consideração uma família de quatro pessoas, com a utilização do chuveiro elétrico há um consumo mensal de R$ 26,40. Se essa família optar pelo coletor solar, o consumo será de R$ 42,00 e, caso escolha o sistema a gás, de R$ 69,60. O chuveiro elétrico também se destacou na análise de consumo de água, consumindo em torno de 4 litros por minuto contra 8,7 do solar, 9,1 do sistema a gás e 8,4 do boiler elétrico. Considerando a água perdida no início de cada banho, até ser atingida a temperatura adequada, a perda nos sistemas solar e boiler é de 5 litros, 4,5 litros no sistema a gás, e próxima de zero no elétrico. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral Desenvolver um chuveiro para uso residencial com controle digital de temperatura, medição do consumo de água e de energia, e que, por meio de uma interface, informe o tempo do banho, a temperatura da água e o gasto de energia, com a obtenção dos parâmetros desejados. 1.2.2 Objetivo específicos Os objetivos específicos do trabalho são: a) Escolher um modelo de chuveiro adequado para realizar as devidas adaptações e introduzir o circuito; b) Desenvolver o hardware e o firmware para realizar o gerenciamento e controle do circuito de potência, sensor de temperatura, sensor de corrente e sensor de vazão de água; 19 c) Desenvolver uma Interface Homem Máquina para permitir e facilitar o controle das funções do chuveiro, além de possibilitar a visualização do consumo de energia e de água do mesmo; d) Realizar os devidos testes para verificação e correção de possíveis falhas. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 HISTÓRIA DO CHUVEIRO ELÉTRICO O banho é atividade comum e fundamental para a higiene do ser humano, e hoje este hábito de limpeza faz parte de sua rotina. O hábito de tomar banho é tão antigo quanto a própria humanidade. Registros históricos apontam que a prática de banhar-se individualmente remete de 3000 a.C. do antigo Egito. Os egípcios tomavam banho diariamente, além de praticar rituais de purificação de água. As civilizações grega e romana trouxeram também grandes contribuições para transformar o banho numa prática comum, a partir do desenvolvimento de sistemas de encanamento e aquecimento de água. Na Idade Média, o hábito de tomar banho caiu em desuso na Europa. Com o fortalecimento do cristianismo, o corpo passou a ser associado com a noção de pecado, e o banho transformou-se em uma atividade anual e de luxúria. Enquanto isso, no restante do mundo, outros povos continuavam a possuir este hábito. No Brasil, muitos dos povos indígenas tomavam banho diariamente, hábito que é considerado uma das heranças culturais deixadas por eles. Somente após a Revolução Industrial, com o aumento da população e das necessidades de saneamento e higiene, que a Europa retomou o costume de banho rotineiro, o que levou o desenvolvimento de novos sistemas de aquecimento da água. A maioria dos sistemas europeus eram baseados no aquecimento a gás, o que foi possível devido ao continente europeu já possuir naquela época uma extensa rede de distribuição de gás. Ao contrário da Europa, o Brasil possuía uma rede de energia elétrica que alcançava uma boa parte da população. Este fato levou que em meados da década de 40 o primeiro chuveiro elétrico fosse desenvolvido. 20 Na década de 70, foi lançado o primeiro chuveiro fabricado em termoplástico de engenharia, que por possuir um preço acessível, atraiu vários consumidores. Desde então, foram surgindo vários tipos de chuveiro elétricos com diferentes sistemas para controle de potência. 2.2 FUNCIONAMENTO BÁSICO DE UM CHUVEIRO ELÉTRICO O chuveiro elétrico consiste de um dispositivo de pequenas proporções, com uma câmara de plástico ou metal. Dentro há uma resistência elétrica, que necessita ser ativada por conexões com a rede elétrica. Geralmente, na parte de cima há uma chave com duas, três ou mais posições que alteram a temperatura por meio da potência na resistência. O usuário pode sofrer choque elétrico ao manusear o dispositivo com ele ligado. (Prado,1998) O princípio de funcionamento e a estrutura do chuveiro elétrico tiveram poucas alterações desde sua criação. Constituído por uma resistência feita de metais com alto ponto de fusão, o chuveiro elétrico nada mais é que um aquecedor de passagem. Primeiramente, ao liberar a água pelo registro, esta se acumula na câmara de aquecimento do chuveiro. Com o aumento da vazão de água, um diafragma é ativado, fechando um contato elétrico de modo a permitir a ligação do chuveiro com a energia elétrica. Assim, a resistência começa a aquecer devido a passagem de corrente elétrica transmitindo calor à água por condução. Quando a torneira é fechada, a o resto de água dentro do chuveiro escorre. O diafragma volta então para sua posição inicial interrompendo o contato com a energia elétrica, desligando o chuveiro. 2.3 CONTROLE DE POTÊNCIA “A eletrônica de potência pode ser definida como a aplicação da eletrônica de estado sólido para o controle e conversão da energia elétrica” (RASHID,1999, p. 1). De acordo com AHMED (2000, p. 14): A eletrônica de potência progrediu com rapidez nos últimos anos, com o desenvolvimento dos dispositivos semicondutores de potência que podem chavear altas correntes eficientemente em altas tesões. Uma vez que esses dispositivos oferecem alta confiabilidade e são de pequeno porte, a eletrônica de potência expandiu sua abrangência para diversas aplicações. 21 Segundo Fitzgerald (2006, p. 471): Os dispositivos de chaveamento são comuns a todos os circuitos de eletrônica de potência. Idealmente, o controle da corrente nesses dispositivos é muito parecido ao modo como as válvulas controlam o fluxo dos fluídos: não apresentarão resistência no estado ABERTO; no caso FECHADO não há passagem de corrente. Como aponta Rashid (1999, p.1), o desenvolvimento da tecnologia de microprocessadores/microcomputadores teve grande impacto no controle e na sintetização da estratégia de controle para os dispositivos semicondutores de potência. 2.3.1 Tiristores Tiristores são dispositivos semicondutores que tem em comum 4 camadas semicondutoras numa sequência p-n-p-n na sua estrutura. Entre os tiristores mais comuns estão: SCR (Retificador Controlado de Silício), TRIAC (tiristor tríodo bidirecional), DIAC (tiristor diodo bidirecional), MCT (tiristor controlado por MOS), entre outros. Os tiristores comumente possuem três terminais, sendo eles ânodo, catodo e porta (ou Gate). Sua estrutura pode ser vista na Figura 1. Figura 1 - Estrutura do tiristor do tipo SCR Fonte: FEEC – UNICAMP - Tiristores e retificadores controlados1. É possível fazer uma analogia com um circuito utilizando transistores para melhor entender o funcionamento do tiristor. O circuito equivalente é o da Figura 2. Figura 2 - Estrutura do tiristor do tipo SCR com transistores _______________ 1Disponível 2014. em: <http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/ee833/Modulo2.pdf> Acesso em jun. 22 Fonte: FEEC – UNICAMP - Tiristores e retificadores controlados2. Neste circuito, normalmente não há passagem de corrente até que haja um pulso no terminal G. Este colocará o transistor T2 em condição que, por sua vez, colocará o transistor T1 em condução, ao colocar sua base no potencial mais baixo. A condição do transistor T1 permitirá que o transistor T1 continue em condução mesmo que o pulso de entrada seja retirado. O circuito só voltará para estado de corte quando a corrente que circula nele for menor que um valor limite, necessário para manter os transistores em condução. Tal valor é chamado de corrente de manutenção. A corrente mínima para o acionamento do dispositivo é chamada de corrente de disparo. 2.3.1.1 Triac Para realizar controle da corrente CA um dos dispositivos mais usados é chamado TRIAC. Este é um semicondutor e sua principal característica é conduzir corrente CA entre dois terminais a partir de um pulso aplicado em seu gatilho. O dispositivo permanecerá em condução até que a corrente que circula nele caia abaixo de um valor mínimo, próximo de zero. Nas Figuras 3 e 4 é possível ver o funcionamento de um TRIAC ideal e um simples circuito de sua aplicação respectivamente. _______________ 2Disponível 2014. em: <http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/ee833/Modulo2.pdf> Acesso em jun. 23 Figura 3 - Funcionamento do TRIAC ideal Fonte: Fitzgerald, 2006, p. 476. Figura 4 - Circuito de Aplicação do TRIAC Fonte: Fitzgerald, 2006, p. 477. 2.4 SENSORES Segundo Ristic (1994), sensores são dispositivos que realizam a interface entre um equipamento eletrônico e o mundo físico. São transdutores responsáveis por converter uma entrada física ou química num sinal elétrico que possa ser lido, armazenado ou transmitido. 2.4.1 Classificação dos sensores Lidar com instrumentação requer familiaridade com diversos conceitos físicos e químicos na natureza. De maneira geral, todas estas grandezas podem ser divididas em seis domínios: 24 Térmico: temperatura, calor, fluxo de calor. Mecânico: força, pressão, velocidade, aceleração, posição. Químico: concentração, composição, taxa de reação. Magnético: campo magnético, intensidade, densidade de fluxo. Radiante: comprimento de onda, polarização, fase. Elétrico: tensão, corrente, carga. 2.4.2 Parâmetros dos sensores Sensibilidade absoluta: taxa de mudança do sinal de saída pela mudança no mensurando. Sensibilidade relativa: taxa normalizada pelo valor obtido quando o mensurando vale zero. Resolução: menor mudança no mensurando que causa variação na saída. Precisão: taxa de erro máximo na saída pelo fundo de escala, expressa em porcentagem. Offset: valor da saída quando o mensurando vale zero. Ruído: valor aleatório na saída, não relacionado com a entrada. 2.5 MICROCONTROLADOR O microcontrolador (Figura 5) é um circuito integrado programável com memória e periféricos de entrada e saída, sua programação permite o uso de diversas funções como por exemplo comunicação serial e conversão AD. Figura 5 - Esquemático do Microcontrolador Fonte: Binghamton University – A Single Chip Microcontroller3. _______________ 3Disponível em: <http://www.cs.binghamton.edu/~reckert/480/424LECT1_f03.html> Acesso em abr. 2014. 25 Segundo Souza (2005) “... poderíamos definir o microcontrolador como um ‘pequeno’ componente eletrônico, dotado de uma ‘inteligência’ programável, utilizado no controle de processos lógicos” (SOUZA, 2005, p.21). A microeletrônica evoluiu muito nos últimos anos possibilitando a produção de microcontroladores de baixo custo, fato que expandiu o crescimento do uso desses componentes em várias aplicações. 2.5.1 Conversor analógico digital O ADC converte uma entrada analógica para um valor de 10 bits, através de aproximações sucessivas. O valor mínimo representa GND, e o máximo, a tensão no pino AREF menos 1LSB. Opcionalmente, via software, AVCC ou uma referência interna de 2.56V pode ser conectada ao pino AVCC (Atmel, 2004)4. 2.5.2 Memória As memórias são circuitos integrados extremamente importantes nos projetos eletrônicos digitais em geral devido ao armazenamento temporário ou permanente de programas e dados (Sedra, 2007). As memórias podem ser classificas em voláteis e não voláteis. A primeira armazena informações somente enquanto está alimentada e perde os dados se for desligada. Já a segunda mantém os dados armazenados mesmo se for desligada. 2.5.1 Comunicação I2C “O protocolo I2C é um protocolo para comunicação serial com diversos periféricos, destinado a aplicações de baixo custo e transferência de dados de volume mediano." (Bezerra, 2004). _______________ 4Disponível em: <http://www.atmel.com/Images/doc2466.pdf> Acesso em abr. 2014. 26 O I2C foi desenvolvido em 1996, pela Philips. É usado para interconectar uma ampla gama de dispositivos eletrônicos, como microcontroladores, conversores de dados e outros circuitos de uso geral. É possível utilizar vários hardwares ligados no mesmo barramento I2C, pois a definição de acesso ocorre com o endereçamento via software. Por meio de software também é possível incluir ou excluir componentes do barramento sem afetar os outros dispositivos conectados. Como vantagens do uso do I2C temos o baixo consumo de corrente, baixa propensão a ruídos, desenvolvimento de firmware simplificado e facilidade no desenvolvimento de circuitos impressos. O Barramento I2C, conforme mostrado na Figura 6, possui duas vias. A primeira via é denominada SCL (Serial Clock Line), na qual é emitida um sinal de clock. A segunda via é denominada SDA (Serial Data Line), que é responsável pela comunicação bidirecional de dados. O sistema que inicia a comunicação é denominado Master, e os demais componentes são denominados SLAVE. O clock sempre é gerado pelo Master e a troca de informação ocorre d forma serial. Estas informações são compostas de dados, endereços e comandos. Deste modo o Master pode realizar comandos de leitura ou de escrita nos demais periféricos presentes no barramento. Figura 6 - Exemplo de barramento I2C Fonte: Silva, Ítallo Santos Lima e, 2012. Este protocolo foi usado na interface, para a comunicação do microcontrolador ATmega328P com o relógio de tempo real DS1307. 27 2.5.2 Comunicação SPI O SPI foi desenvolvido pela Motorola na década de 80. Sendo um protocolo de dados seriais síncrono, é geralmente usado nos microcontroladores e dispositivos periféricos. Muitos fabricantes adotaram esse padrão devido sua simplicidade. A comunicação SPI é gerenciada por um único periférico denominado Master, que é responsável por enviar ordens aos demais periféricos envolvidos, denominados Slaves. Os periféricos Slaves devem responder ao Master, ou seja, o Master solicita a ação e o Slave a executa. Para esta comunicação, é necessária a utilização de quatro sinais distintos, sendo eles: SCLK - Clock Serial gerado pelo microcontrolador MISO (Master IN Slave OUT) - Dados do Slave para Master; MOSI (Master OUT Slave IN) - Dados do Master para Slave; SS (Slave Select) - Seleciona qual Slave receberá os dados. O SCLK é gerado pelo mestre e é utilizado para garantir o sinal síncrono de clock para a comunicação. O MISO envia dados do periférico Slave para o mestre, e o MOSI envia os dados do Slave ao Master. O sinal SS permite selecionar qual Slave receberá os dados. Este protocolo de comunicação é usado na interface para estabelecer a comunicação entre o microcontrolador ATmega328P, que é o Master, e o módulo VM800C, que é o Slave. 2.5.3 Comunicação UART A comunicação serial denominada UART (Universal Asynchronous Receiver/Transmitter) é a forma de interface mais comum em circuitos de comunicação serial (Baldassin, 2013). Este tipo de comunicação é assíncrono e devem ser usados comandos para fazer a sincronia da comunicação. Os comandos mais usados são um bit de Start antes dos bits de dados e um bit de Stop após o envio do dado. Outra forma é utilizar um bit denominado de paridade para verificação de erros. 28 Há dois métodos que se baseiam em comunicação UART: O RS-232 E RS-422. É possível configurar a velocidade de comunicação, e o formato de dado conforme a necessidade do sistema para trocar informações. Isto justifica o fato de ser uma comunicação universal. A comunicação UART foi usada no projeto para estabelecer comunicação entre o chuveiro e a interface, através dos módulos de rádio. Durante a fase de testes foi estabelecida uma comunicação do chuveiro com o computador, através dos módulos de rádio, para facilitar a visualização dos dados provenientes do chuveiro. Isso ajudou na validação do protocolo de comunicação e programação do firmware da interface. O software gratuito Hercules, mostrado na Figura 7, foi usado para visualizar os dados recebidos na porta serial do computador. Figura 7 - Programa Hercules Fonte: o autor, 2014. 29 3 CONCEITOS DE METODOLOGIA 3.1 TOPOLOGIA DO SISTEMA Por se tratar de uma proposta que envolve medição, controle e atuação, o sistema desenvolvido pode ser divido em dois: sistema do chuveiro e sistema da interface. O sistema do chuveiro se refere a parte de hardware e firmware desenvolvida para ser embutida no chuveiro, a qual será responsável pela medição dos sensores, e atuação no controle de potência do chuveiro. O sistema da interface se refere a parte de hardware e firmware desenvolvida para a criação da interface, que tem por objetivo permitir o usuário controlar de maneira interativa e fácil o chuveiro. A comunicação dos dois sistemas é feita de modo sem fio, através da utilização de módulos de rádio. A integração dos sistemas permite que o usuário possa controlar a temperatura de banho e saber o consumo de energia e água durante o banho. Daí, vem a inteligência do chuveiro e o tema do projeto, chuveiro inteligente. As características e as funções de cada um dos sistemas são explicadas nas sessões seguintes. 30 3.2 DIAGRAMA EM BLOCOS O projeto conta com um sistema com diversos sensores, circuito de alimentação e de potência. Para melhor entendimento dos sistemas propostos, foi montado um diagrama conceitual em blocos, conforme mostrado na Figura 8. Figura 8 - Diagrama em blocos do projeto proposto Fonte: o autor, 2014. 31 3.3 DESCRIÇÃO GERAL DO CHUVEIRO A necessidade de possuir um bom espaço interno e controle eletrônico de temperatura foi um critério utilizado para a escolha do chuveiro. Isso serviu para facilitar a adaptação dos componentes elétricos dentro do chuveiro. O chuveiro escolhido foi o modelo GranDucha, da fabricante nacional FAME. Este chuveiro possui um sistema eletrônico de controle de temperatura e um espalhador de água projetado para oferecer maior volume de água. O modelo escolhido funciona em tensão alternada de 220 V, sua potência nominal é de 7000 W e a potência econômica é de 2500 W. Sua estrutura interna é mostrada na Figura 9. Sua eficiência energética é superior a 95%. Na tabela 1, são mostradas informações do consumo de energia mensal, considerando-se um banho diário de 8 minutos. Tabela 1 – Consumo de energia mensal do chuveiro Granducha CONSUMO DE Consumo Consumo ENERGIA mensal mensal MENSAL mínimo máximo Consumo (kWh) 11,14 30,1 10 30 3,0 3,0 Elevação de Temperatura (ºC) Vazão (L/min) Fonte: FAME Figura 9 - Ilustração da estrutura interna do chuveiro Fonte: FAME 32 3.3.1 Dissipador de calor do circuito de potência A corrente calculada para circular nos terminais do triac está na ordem de 32A. Assim, é necessária uma alternativa para resfriar este semicondutor para que ele trabalhe em uma temperatura aceitável (menor que 100 ºC). Este foi um fator decisivo na escolha do modelo de chuveiro para o projeto. O grupo optou por um que já contava com o controle eletrônico de temperatura e, deste modo, foi possível usar o mesmo dissipador de calor. Este consiste em uma peça de metal que fica acoplada com o cano de entrada de água do chuveiro. Ele é resfriado diretamente pela água que passa pelo cano. Esta peça metálica possui furos para parafusar 2 triacs, conforme é mostrado na Figura 10. Figura 10 - Dissipador de calor do circuito de potência Fonte: o autor, 2014. 33 3.4 DESCRIÇÃO GERAL DO HARDWARE DESENVOLVIDO 3.4.1 Hardware do chuveiro O hardware do chuveiro foi desenvolvido para integrar os diversos sensores, o controle de potência e a comunicação através do módulo de rádio. A Figura 11, abaixo, mostra o diagrama de blocos dos circuitos e sensores presentes no chuveiro. Figura 11 - Diagrama de blocos do sistema do chuveiro Fonte: o autor, 2014. 3.4.1.1 Sensor de tensão A medição de tensão é um procedimento comum na eletrônica e, usualmente, é realizado por meio de um conversor analógico digital. Esta conversão permite quantificar a tensão medida através de níveis digitais, que variam de acordo com a resolução do conversor. Como será utilizado um microcontrolador para realização de algumas funções, este também será responsável por realizar a conversão. Um ponto importante é que o microcontrolador funciona com uma alimentação de 5V e, por isso, só consegue converter valores de tensão que estejam entre 0V e 5V. Segundo Atmel(2004), é 34 necessário diminuir a discrepância entre o fundo de escalada variável medida e a alimentação do microcontrolador. No início havia diversas opções para a construção deste sensor. As duas principais eram usar um divisor resistivo e a outra, um transformador de tensão, que abaixaria a tensão de 220V para 12V. A vantagem da primeira é o custo e espaço reduzido, no entanto, priorizou-se o fator segurança e, então, foi escolhido usar o transformador, que isola eletricamente o circuito de processamento da rede elétrica. O transformador usado abaixa a tensão de 220V para 12V AC e, como o microcontrolador converte apenas valores em um fundo de escala específico, foi necessário usar um circuito de acondicionamento, que tinha duas funções: reduzir a amplitude do sinal para menos do que 5Vpp e adicionar um offset do sinal, de modo a manter este sempre positivo. O circuito de acondicionamento consiste de um amplificador operacional na configuração inversora e está mostrado na Figura 12. Figura 12 - Circuito de acondicionamento do sensor de tensão Fonte: o autor, 2014. Neste circuito os resistores R1 e R2 são responsáveis pelo ganho, e foram dimensionados considerando a tensão Vin do trafo igual a 12V RMS, ou seja, 33,94Vpp (Vrms * 2√2) e a tensão Vout, que deve ser entre 0V e 5V, encontrando um ganho igual a aproximadamente 0,1. Os resistores escolhidos foram 100KΩ para R1 e 10KΩ para R2. Com isso foi obtida uma tensão de saída de aproximadamente 3,4Vpp. O offset do sinal de saída depende da tensão no terminal não inversor, e foi obtida utilizando R3 igual a 33KΩ e R4 igual a 22KΩ, resultando em uma tensão média na saída de 2V. 35 3.4.1.2 Sensor de corrente “Os transformadores são usados frequentemente em aplicações de instrumentação para compatibilizar os valores das tensões e correntes com as faixas de operação de um medidor ou outro instrumento.” (Fitzgerald, 2006) Foi escolhido, para executar a medição de corrente o transformador de corrente TZ71L. Este consiste em dois enrolamentos acoplados por um núcleo magnético e produz em seu enrolamento secundário uma corrente 2500 vezes menor do que a corrente no primário. Assim como no sensor de tensão, foi usado um circuito de acondicionamento para aproveitar melhor o fundo de escala do conversor A/D. Este circuito está descrito na Figura 13 e consiste primeiramente de um resistor (R5) em paralelo com a saída do TC. Considerando-se a corrente de saída do TC(Iout) e a resistência R1, calcula-se VR1=Iout*R1, tensão que será amplificada num amplificador operacional operando nas mesmas configurações que o circuito de acondicionamento do sensor de tensão. Os resistores, no entanto, foram projetados para amplificar o sinal, e não atenuar. Estimou-se, pela potência de 7000W da resistência usada no chuveiro que a corrente máxima no primário do TC seria de 32A, o que causaria uma corrente de saída de 36mA pico a pico e uma queda de tensão de 1,7Vpp em R5, que foi dimensionando em 47Ω. Desse modo, utilizando 10KΩ para R1 e 22KΩ para R2, o ganho do circuito é 2,2 e gera uma tensão de saída de aproximadamente 3,7Vpp. Os resistores R3 e R4foram dimensionados para um offset na saída de aproximadamente 2V, obtendo-se 68KΩ e 10KΩ respectivamente. Figura 13 - Circuito de Acondicionamento do Sensor de Corrente Fonte: o autor, 2014. 36 3.4.1.3 Circuito de detecção de zero Para realizar o disparo do circuito de potência, é necessário que o sinal do circuito de controle esteja em sincronia com o sinal da rede elétrica. Para permitir esta sincronia foi usado um circuito comparador, cuja saída alternava entre 0V e 5V, nos semiciclos negativo e positivo respectivamente. Este circuito foi feito usando um comparador LM393. Sua entrada é conectada ao transformador de tensão e sua saída, a um pino de entrada do microcontrolador. O diagrama está exibido na Figura 14. Figura 14 - Circuito detector de passagem por zero Fonte: Datasheet LM393. 3.4.1.4 Circuito de acoplamento óptico Para que o microcontrolador controle o disparo de tensão no triac é necessário um circuito de acoplamento. Entre várias opções possíveis foi escolhido o acoplamento óptico, devido à necessidade de isolamento elétrico entre o circuito de potência e o de controle. Este circuito funciona por meio de um circuito integrado (MOC3011), que faz a transmissão do sinal do seu estágio de entrada para o de saída por meio de um feixe luminoso, excluindo a necessidade de conexão elétrica entre estes dois estágios. O esquemático do circuito com o triac e o acoplador está descrito na Figura 15. Os resistores R1 e R2 são limitadores de corrente, na ordem de 200Ω e 470 Ω, respectivamente. A entrada Vin é ligada ao microcontrolador e as saídas, à carga, em série com a rede elétrica. 37 Figura 15 - Circuito de Potência Fonte: o autor, 2014. 3.4.1.5 Sensor de vazão Para que a medição do consumo de água do chuveiro seja realizada, foi necessário o uso de um sensor para medir a vazão de água. Foram realizadas algumas pesquisas para saber os tipos de sensores disponíveis no mercado e foi escolhido o sensor modelo YF-21 1/2”, mostrado na Figura 16. Este sensor possui um rotor interno e um sensor de efeito Hall. No momento em que a água passa por este rotor, é gerado um sinal de onda quadrada cuja frequência é proporcional à vazão da água. Segundo a especificação do fabricante, o cálculo da vazão, em litros por minuto, pode ser aproximado seguindo a fórmula: Vazão = (número de pulsos / 7,5); Características: Tensão mínima de funcionamento: DC 4.5V Corrente máxima de funcionamento: 15mA (DC 5V) Tensão de funcionamento: DC 5V~24V Taxa de vazão: 0~60L/min Capacidade de carga: ≤10mA (DC 5V) Temperatura de operação: ≤80°C Temperatura do líquido: ≤120°C Umidade de operação: 35%~90%RH Pressão da água: ≤2.0MPa 38 Temperatura de armazenamento: -25 °C~+80°C Umidade de armazenamento: 25%~95%RH Figura 16 - Sensor de vazão de água Fonte: SeeedStudio– G1/2" Water Flow Sensor5. Considerando que o chuveiro tem uma vazão de 3 a 5L/min e uma pressão inferior a 2MPa, este sensor é adequado. Ele foi colocado na parte interna do chuveiro, na saída da câmara quente de água. O sensor é lido constantemente pelo microcontrolador ATmega8 através de uma porta digital e é necessário um resistor de pull-up para a leitura correta. O microcontrolador trata o sinal do sensor e envia a vazão lida para a interface a cada um segundo, permitindo que o usuário possa saber o consumo de água de cada banho. 3.4.1.6 Sensor de temperatura Para realizar o controle digital de temperatura foi necessária a escolha de um sensor de temperatura adequado para ficar dentro da caixa de passagem de água do chuveiro. Devido a ficar em contato direto com a água, este sensor deve possuir uma boa isolação, além suportar altas temperaturas. Após serem realizadas algumas pesquisas dos principais sensores de temperatura disponíveis no mercado, foi escolhido um circuito integrado de medição. _______________ 5Disponível em: <http://www.robotshop.com/en/seeedstudio-water-flow-sensor.html> Acesso em abr. 2014. 39 Há no mercado uma grande quantidade de circuitos integrados projetados especificamente para funcionar como sensores de temperatura. Estes tipos de sensores geralmente possuem circuitos de tratamento de sinal, que realizam, por exemplo, a amplificação, a filtragem e a compensação do sinal. Estes recursos permitem uma saída de tensão adequada, de modo que seja possível obter uma resposta linear, com boa precisão. Um dos sensores mais populares deste tipo de aplicação é o LM35, fabricado pela Texas Instruments. Esse sensor tem uma faixa de operação que vai de -55°C a +150°C, suportando a faixa de temperatura de trabalho de um chuveiro, que vai desde a temperatura ambiente até 40 ºC aproximadamente. Além disso, possui uma relação linear entre temperatura e tensão de saída de 10mV/°C e uma precisão garantida pelo fabricante de 0,25°C. O sensor de temperatura LM35 que será usado tem encapsulamento “TO-92”, conforme mostra a Figura 17, o que facilita sua colocação dentro câmara de água do chuveiro. Pode ser alimentado com tensões que variam de 4V e 30V, e sua saída (V out) será conectada a um pino de ADC do microcontrolador, que realizará a conversão de tensão em temperatura. Figura 17 - Diagrama de conexão LM35 Fonte: Texas Instruments – LM35 Precision Centigrade Temperature Sensors. 3.4.1.7 Microcontrolador ATmega8 Com todo o sistema de medição definido, se torna necessário definir o microprocessador mais adequado para controlar e gerenciar toda rotina necessária para 40 o funcionamento correto do projeto. É por meio dele que se dará a inteligência do chuveiro. O microcontrolador escolhido foi o ATmega8. A sua escolha se deve ao fato deste microcontrolador possuir fácil manipulação de hardware e de software, podendo ser programado em linguagem C, além de ter baixo custo e ser de fácil aquisição. “O ATmega8 é um microcontrolador de baixa potência do tipo CMOS de 8 bits baseado na aprimorada arquitetura RISC AVR. Executando várias instruções em um único ciclo de clock, o Atmega8 alcança uma capacidade aproximada de 1 MIPS por MHz, permitindo ao projetista otimizar o sistema com um baixo consumo de energia em função da velocidade de processo” (Atmel, 2006). Este microcontrolador foi desenvolvido pela empresa ATMEL. Apresenta uma ótima eficiência e opera com alimentação de 5V. Outras funcionalidades que ele possui são memória FLASH E EEPROM, interface de comunicação UART, I2C e SPI. 3.4.1.8 Módulo Xbee Foi decidido que a interface homem máquina iria se comunicar sem fio com o chuveiro. A maneira mais acessível aos integrantes do grupo de concretizar esta demanda foi utilizando um módulo de rádio XBee, conforme mostrado na Figura 18. Este módulo vem de fábrica operando no modo transparente. Neste modo, há uma conexão ponto a ponto entre dois rádios e, quando conectados, cada um a um microcontrolador, substituem uma conexão elétrica entre o TX de um e o RX do outro. Figura 18 - Módulo Xbee Fonte: RHYDOLABZ, 2014. 41 3.4.2 Hardware da interface O objetivo da interface é disponibilizar ao usuário um controle de fácil utilização das configurações do chuveiro, além de possibilitar a visualização de dados como o tempo do banho, o consumo de água e o de energia. Foi desenvolvido um hardware externo, para se comunicar com o chuveiro por meio de comunicação sem fio. Esse hardware possui um microcontrolador ATmega328P, um módulo de rádio Xbee uma placa de desenvolvimento VM800C. A Figura 19, abaixo, mostra o diagrama de blocos do circuito desenvolvido: Figura 19 - Diagrama de blocos do circuito da Interface Fonte: o autor, 2014. 3.4.2.1 Microcontrolador ATmega328P O microprocessador escolhido inicialmente para controlar e gerenciar o módulo VM800C foi o ATmega16. Porém, com aumento das telas gráficas e consequente aumento do código de programação, foi necessário uma memória flash maior do que 16Kbytes. Devido a este motivo, o microprocessador foi trocado para o ATmega328P, que possui 32Kbtes de memória flash. 42 Devido ser da mesma família de microprocessadores, as características do ATmega328P são muito semelhantes as características do ATmega8, já citado no hardware do chuveiro. 3.4.2.2 Relógio de tempo real Para armazenar o horário, data e informações de perfis de usuários foi feito um módulo que tem como base o circuito integrado DS1307 que é um relógio de tempo real (RTC). Este circuito integrado conta e armazena segundos, minutos, horas, dia, data, mês e ano. A data pode ser ajustada automaticamente para meses com menos de 31 dias, no final do mês, e há correções para o ano bissexto. O relógio pode operar tanto no formato 12 horas com indicador de AM / PM ou de 24 horas. O DS1307 comunica-se com o ATmega328P através do protocolo I2C. Além das funções de relógio e calendário, ele possui 56 bytes de memória livre para serem usados para armazenar dados. Esta memória foi usada no projeto para armazenar os perfis dos usuários. O DS1307 é alimentado com 5V, porém ele possui um circuito de detecção para verificar se alimentação for interrompida e passar a ser alimentado pela bateria de lítio (CR2025), automaticamente. Seu consumo de energia é baixo, o que faz com que ele possa manter os dados por muito tempo. Figura 20 - Registradores do circuito integrado DS1307 Fonte: Maxim Integrated. 43 Figura 21- Circuito de aplicação típico DS1307 Fonte: Maxim Integrated. 3.4.2.3 Módulo de desenvolvimento VM800C O módulo de desenvolvimento VM800C, é fabricado pela FTDI, empresa que oferece uma ampla gama de produtos, incluindo módulos, cabos e circuitos integrados para sistemas de conectividade USB, e controladores gráficos. Esse módulo é usado para desenvolver aplicações com o controlador gráfico FT800 Embedded Video Engine (EVE). A escolha desse módulo se deve ao fato de ele proporcionar gráficos de alta qualidade e facilitar o desenvolvimento de uma interface gráfica do usuário (GUI). O módulo vem pronto para ser usado com módulos LCD sensíveis ao toque, além de possuir amplificadores de som e alto-falantes integrados e funcionar com alimentação de 3,3V ou 5V.Todas as funções de gráfico, áudio e toque do chip FT800 podem ser acessadas através do módulo. Seu controle é feito através do protocolo de comunicação SPI. O ATmega328P funciona em modo Master e o módulo VM800C, em modo Slave. O módulo que foi usado no projeto é o VM800C50A, que conta com tela LCD 5,0” sensível ao toque, com resolução WQVGA(480x272), mostrado na Figura 22. 44 Figura 22 - Módulo VM800C Fonte: FTDI, 2014. 3.4.2.4 Controlador gráfico FT800 O FT800 Embedded Video Engine (EVE), combina três funções: controlador gráfico, processamento de áudio e controlador de toque resistivo. Todas essas funções estão presentes no mesmo chip, o que reduz custos de produção, gera economia energia e reduz espaço durante o desenvolvimento de um circuito. Com uma arquitetura avançada de orientação a objetos, sua comunicação com um microcontrolador pode ser feita através dos protocolos de comunicação SPI ou I2C. Através disso é possível usar microcontroladores de baixo custo para gerenciar uma interface gráfica. Conforme mostrado na Figura 23, este chip possui funções gráficas incorporadas para facilitar a programação de objetos gráficos complexos durante o desenvolvimento de aplicações, sintetizador de som embutido, com sons pré-programados, 256Kbytes de memória interna e baixo consumo de energia. 45 Figura 23 - Diagrama de blocos funcional do FT800 Fonte: FTDI, 2014. 3.5 DESCRIÇÃO GERAL DO FIRMWARE DESENVOLVIDO 3.5.1 Firmware do chuveiro O firmware do chuveiro tem o objetivo de: Realizar a leitura dos sensores e calcular os parâmetros vazão, potência média e temperatura; Enviar os parâmetros calculados à interface. O firmware do chuveiro consiste em um laço que realiza leituras dos sensores de tensão, corrente, vazão, temperatura, detecção de zero, controla o circuito de potência e se comunica com o microcontrolador da interface pelo módulo Xbee. Os sensores de tensão e corrente são amostrados em uma taxa de 3840Hz, ou seja, em 64 amostras por ciclo da rede elétrica. Com estes dados é calculada a potência instantânea, que é somada durante 60 ciclos da rede e, então, enviada à interface. Para que a frequência de amostragem fosse precisa, a leitura dos sensores foi feita por meio de interrupções. O comando para executar uma leitura é realizado pela interrupção do 46 timer, que é disparada a cada aproximadamente 130µS. Quando a conversão termina, uma outra interrupção é disparada pelo conversor A/D. A cada 2 conversões (uma de tensão e uma de corrente) os valores obtidos são multiplicados e calcula-se a potência instantânea. Ao final de 3840 potências instantâneas calculadas a função principal envia o valor resultante à interface. Além disso, a cada segundo, a função principal desabilita temporariamente as interrupções para ler a temperatura instantânea e, após obter este valor, faz alguma variação necessária no pulso enviado ao circuito de potência para que a temperatura esteja conforme o esperado e envia os valores calculados de potência, vazão e temperatura instantânea à interface. 3.5.2 Firmware da Interface O firmware da interface tem o objetivo de: Enviar a temperatura de banho escolhida pelo usuário ao chuveiro; Receber as informações de temperatura, vazão e potência do chuveiro; Comunicar-se com o módulo VM800C; Mostrar o consumo de água e energia durante e após o banho para o usuário. Alertar quando acabar o tempo de banho, que foi definido pelo usuário. Por meio da interface é possível cadastrar até quatro usuários diferentes, de modo que cada um tenha temperatura e tempo de banho diferentes. Os primeiros testes de firmware foram feitos para estabelecer a comunicação do módulo VM800C e o microntrolador, através da SPI. Com o sucesso destes testes, seguiu-se para a criação da interface gráfica do usuário, que foi feita em duas etapas. A primeira etapa consistiu no planejamento e desenho das telas de interação do usuário no software FTDI EVE Screen Editor. A segunda etapa foi juntar o código das telas desenhadas com a lógica de programação necessária para dar funcionalidade aos elementos desenhados. Nessa etapa foram feitas as lógicas para trocar de telas, salvar os dados de cada usuário e transmitir a temperatura de banho escolhida para o chuveiro. O firmware da interface tem como base uma máquina de estados finito. O firmware consiste basicamente em um laço infinito, de modo que o código fique sempre 47 sendo executado, atualizando as informações da tela, conforme mostrado no fluxograma da Figura 24. Cada tela que é mostrada possui um número para identificação. Esse número fica armazenado em uma variável. Quando a variável muda, ou seja, recebe outro número de tela, a tela visualizada pelo usuário é alterada. Figura 24 - Fluxograma mudança de tela Fonte: o autor, 2014. O firmware também conta com um código, que alerta quando acabou o tempo de banho definido pelo usuário. Esse código foi desenvolvido utilizando uma interrupção, que é ativada quando começa o banho, e inicia a contagem de tempo. Se o usuário exceder o tempo de banho, é mostrada uma tela de alerta com um aviso sonoro, que pode ser desativada no momento que o usuário tocar a tela. 3.5.2.1 Desenvolvimento gráfico das telas A FTDI disponibiliza um conjunto de ferramentas e utilidades para o desenvolvimento de aplicações com o chip FT800. Uma dessas ferramentas é o FTDI EVE Screen Editor, mostrado na Figura 25. Este software foi desenvolvido para permitir aos usuários a criar as interfaces gráficas de forma fácil e rápida, sem a necessidade da utilização de hardware. É possível criá-las escrevendo as instruções ou através do estilo 48 “arraste e solte”, com a geração automática das instruções. Todas as alterações feitas podem ser vistas de forma imediata na tela. As telas gráficas desenvolvidas para o projeto foram feitas através deste software, que acabou agilizando o desenvolvimento. No total foram criadas oito telas gráficas, que podem ser observadas no Apêndice G ao Apêndice M, deste documento. Figura 25 - FTDI EVE Screen Editor Fonte: FTDI, 2014. 3.5.3 Protocolo de comunicação Para realizar a transmissão de dados entre a interface e o chuveiro, foi necessário a criação de um protocolo de comunicação específico. 3.5.3.1 Chuveiro Transmissão O chuveiro envia a interface as informações de: temperatura da saída de água, vazão, potência consumida, um sinal para informar se acabou o banho e pôr fim a soma das variáveis para a interface checar se a transmissão chegou corretamente. 49 Recepção O chuveiro espera sempre receber uma temperatura de banho, que é enviada pela interface quando acaba o banho ou quando o usuário troca de temperatura de banho. 3.5.3.2 Interface Transmissão A interface fica constantemente enviando as informações de temperatura ao chuveiro, enquanto não começar o banho. Recepção A interface possui uma interrupção de recepção serial habilitada, ou seja, ela verifica constantemente se algum dado foi recebido pela serial. Caso algum dado seja recebido, a interrupção é disparada e é executado um código para receber corretamente os dados do chuveiro. Através do protocolo a interface recebe as informações de: temperatura da saída de água, vazão, potência consumida, sinal para informar se acabou o banho e pôr fim a soma das variáveis, onde realizada a checagem se todos as informações recebidas estão corretas. Caso a soma das variáveis recebidas não corresponda a soma enviada pelo chuveiro, tudo o que foi recebido é descartado e o processo de recebimento começa novamente. 3.6 ENSAIOS REALIZADOS Na medida em que o hardware foi sendo desenvolvido, algumas estratégias foram tomadas para manter o projeto funcionando, independente de quantas funções estivessem sendo executadas. Por exemplo, ao terminar o hardware de aquisição do sinal do sensor de tensão, este hardware foi testado com um firmware de testes (que será explicado na sequência). O segundo sensor foi o de corrente, e o firmware de testes foi modificado para realizar a leitura da tensão e da corrente simultaneamente. 50 Mais tarde, realizar o cálculo da potência, que já era possível com estes dois sensores e assim por diante. Na sequência será explicado cada um dos procedimentos de teste utilizados para garantir o funcionamento dos circuitos. 3.6.1 Ensaio do sensor de tensão Como já foi dito, o primeiro sensor a ser testado foi o de tensão. Este teste foi realizado utilizando um pino do ADC do microcontrolador ligado à saída do circuito de acondicionamento do sensor de tensão. A rotina do microcontrolador consistiu em calcular o valor RMS da tensão amostrada e enviar ao computador por transmissão serial. Com um Variac, a tensão na entrada do circuito foi sendo modificada e seus respectivos valores de tensão na entrada e saída do circuito, anotados. As equações 1 e 2 apresentam as equações para se obter o valor RMS de maneira contínua e discreta respectivamente. A equação 2 foi a utilizada pelo microcontrolador. Figura 26 - Equações para obtenção do valor RMS de forma contínua e discreta Fonte: o autor, 2014. 3.6.2 Ensaio do sensor de corrente Para testar o sensor de corrente, foi utilizado o mesmo sistema do sensor de tensão, a diferença é que não havia uma fonte de corrente variável. Assim, mediu-se a corrente de um equipamento, modificando-se o número de voltas do enrolamento primário do TC, simulando-se várias correntes. Os sinais foram amostrados pelo microcontrolador e enviados ao computador por transmissão serial. Como os sinais tensão e corrente têm características muito parecidas, foi possível utilizar o mesmo código de testes. 51 3.6.3 Ensaio do sensor de vazão O sensor de vazão tem em sua saída uma onda quadrada que oscila entre 0V e 5V, sendo que sua frequência oscila de forma proporcional à vazão medida. Desse modo a rotina de teste é um simples laço que conta quantas vezes em 1 segundo a tensão no pino mudou. Para obter uma relação entre frequência e vazão, foi medido o número de pulsos até que um galão de 20L de água enchesse completamente e, então, a partir da vazão total, calculada a instantânea. 3.6.4 Ensaio do detector de zero Esse circuito é responsável apenas por indicar o momento em que a onda muda de semiciclo (positivo e negativo). O teste realizado foi ligar o circuito à saída do transformador de tensão e medir com o auxílio de um osciloscópio seu sinal de entrada e seu sinal de saída e, então, verificar se a onda estava correta. 3.6.5 Ensaio do módulo XBEE O módulo XBee, operando no modo transparente, substitui uma conexão elétrica entre os pinos TX e RX dos microcontroladores. Por funcionar desta maneira, sua funcionalidade foi testada executando um simples código de enviar um caractere de um microcontrolador para o computador quando um byte específico, enviado pelo computador, fosse recebido na porta serial. Ao comprovar que o código estava funcionando, a ligação computador - microcontrolador foi retirada e substituída pelo módulo. 3.6.6 Ensaio da comunicação SPI da interface A comunicação entre o microcontrolador da interface e a tela touchscreen é realizada por meio de comunicação SPI. Para estabelecer esta conexão, vários processos de testes foram realizados, utilizando o osciloscópio para analisar os bytes que trafegavam pelo barramento e descobrir o que estava errado e realizar as devidas manutenções. Quando a comunicação foi estabelecida, os testes se resumiram a 52 firmware. Determinados comandos eram executados e o comportamento da tela, observado, até que se compreendesse completamente o que cada função fazia. 3.6.7 Ensaio do circuito de potência Por ser uma etapa muito importante, o circuito de potência foi testado em mais de uma etapa e, em cada teste, consistiu a avaliação de uma característica. 3.6.7.1 Funcionamento Esta etapa consistiu avaliar se o pulso enviado pelo microcontrolador estava ou não causando o disparo do triac no circuito de potência. Foi realizada colocando uma lâmpada incandescente no lugar onde seria inserida a resistência do chuveiro. Pela variação do brilho da lâmpada foi possível verificar a integridade do circuito. 3.6.7.2 Ângulo de disparo Para controlar a tensão na carga, além de garantir que o pulso esteja causando variação de tensão na resistência é necessário verificar se o ângulo de disparo está posicionado no local correto, ou seja, se a tensão eficaz na saída do circuito está conforme o planejado. Para isso é necessário verificar a sincronia entre o pulso de disparo e a onda da rede elétrica. Este teste foi realizado também com uma carga resistiva na saída. Entretanto, foi usado um osciloscópio para analisar se o pulso estava acontecendo no momento correto. A resolução do pulso é de aproximadamente 50 posições em um semiciclo e, dessa maneira, foi-se incrementando a posição do pulso de 0% a 100% e verificando-se a forma de onda com o osciloscópio. 3.6.8 Ensaio do protocolo de comunicação Foi decidido que a IHM enviaria alguns parâmetros ao chuveiro e receberia outros. Para conseguir efetuar esta parte com sucesso foram necessários testes constantes que exigiram as mais variadas alternativas como utilizar a própria tela touchscreen, displays LCD ou terminais de visualização de dados da porta serial no computador. A maior parte das vezes o protocolo foi testado utilizando firmwares que realizavam determinadas 53 ações quando um botão fosse pressionado. Por exemplo, em determinado momento, um microcontrolador foi conectado a um display LCD e a alguns pushbutons. Quando o botão 1 fosse pressionado, o microcontrolador enviaria por transmissão UART o Start Byte, caso fosse apertado o botão 2, enviaria o valor 10, 20 para o botão 3 e 30 para o botão 4. O outro microcontrolador por sua vez, enviaria de volta o caractere ‘a’, ao receber na sequência o Start Byte e o valor 10, ‘b’ ao receber Start Byte e o valor 20 e ‘c’ para Start Byte e o valor 30. Dessa maneira, foi possível perceber se o protocolo estava funcionando. À medida que o protocolo foi ficando mais complexo, outros testes foram realizados, utilizando a mesma lógica. 3.7 RESULTADOS DOS ENSAIOS Os resultados obtidos com os testes realizados foram os seguintes: 3.7.1 Sensor de tensão O gráfico presente na figura 27 mostra a relação obtida através do teste com a variação da tensão AC na entrada do sensor de tensão. No eixo Y temos a tensão medida com um voltímetro e no eixo X, a tensão calculada pelo circuito. Figura 27 - Resposta do teste do sensor de tensão Fonte: o autor, 2014. 54 3.7.2 Sensor de corrente A resposta do sensor de corrente foi obtida com menos pontos de análise devido à maior dificuldade de se fazer o teste, mesmo assim, é possível verificar sua linearidade na Figura 28. Figura 28 - Resposta do teste do sensor de corrente Fonte: o autor, 2014. 3.7.3 Sensor de vazão Para o teste de vazão foram feitos dois ensaios, em que o microcontrolador deveria contar a quantidade de pulsos no sensor de vazão até que um recipiente de 20 litros enchesse completamente. A partir do número de pulsos, o microcontrolador calculou a quantidade total de água e retornou ao computador. Os valores obtidos nos ensaios foram 20,02 litros e 19,75 litros, respectivamente. 55 3.7.4 Detector de zero A onda obtida no teste do circuito detector de zero está mostrada na Figura 29. Figura 29 - Teste do detector de zero Fonte: o autor, 2014. Desta forma ele funcionou conforme o esperado. No semiciclo positivo permanece em zero e no semiciclo negativo permanece em 5V. 3.7.5 Módulo XBEE Os resultados obtidos com os testes do módulo XBee foram positivos, ou seja, a comunicação foi estabelecida e os dados de teste, transmitidos. 3.7.6 Comunicação SPI da interface Após diversas amostragens de onda com o osciloscópio foi possível estabelecer a comunicação correta entre a tela touchscreen e o microcontrolador. A comprovação veio quando se viu os comandos digitados no firmware aparecendo na tela. 56 3.7.7 Circuito de potência Foi percebida a variação de brilho da lâmpada ao enviar os pulsos do microcontrolador ao circuito de potência, confirmando seu funcionamento. Quanto aos outros testes, verificou-se a onda característica de tensão alternada em carga controlada por triac, como é possível ver na Figura 30. Figura 30 - Onda da tensão na carga Fonte: o autor, 2014. 3.7.8 Protocolo de comunicação Na medida que o protocolo foi sendo desenvolvido, verificou-se sua funcionalidade, ao receber os bytes de teste na tela touchscreen, no monitor de porta serial do computador ou no display de LCD. 3.8 CRONOGRAMA Com vistas à organização do projeto, foi desenvolvido um cronograma para o primeiro e segundo semestre, conforme mostram as figuras 31 e 32, com as principais etapas a serem cumpridas. 57 Figura 31 - Cronograma do 1º semestre de 2014 Fonte: o autor, 2014. Figura 32 - Cronograma do 2º semestre de 2014 Fonte: o autor, 2014. 58 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para o desenvolvimento deste projeto foi necessário o uso de diversos conhecimentos adquiridos durante todo o curso de graduação, além de outros conhecimentos, teóricos ou práticos, que foram agregados à experiência dos integrantes do grupo. Apesar de ter o foco no ambiente residencial, o projeto pode ser usado em outros setores e possibilita o surgimento de novas ideias e novas pesquisas. O projeto visa, como produto final, um componente de fácil manuseio para o usuário, aliando bem estar e tecnologia de forma sustentável, contribuindo na conscientização da necessidade de se economizar água e energia. Como o projeto usou diversos sensores, foram realizadas diversas pesquisas para escolhe-los, apresentando justificativas de viabilidade econômica, acadêmica ou funcional. As pesquisas foram importantes para absorção de uma grande quantidade de conceitos, essenciais para o desenvolvimento do projeto, possibilitando também uma visão ampla de opções disponíveis para a realização do mesmo Contando com várias etapas desenvolvimento, primeiramente foram feitos testes individuais, com o desenvolvimento de pequenos protótipos, para testar cada um dos sensores e o circuito de potência, para então serem feitos os testes em conjunto e, posteriormente, os testes finais. Essa forma de trabalho facilitou a diminuição de erros durante o desenvolvimento. Os módulos de rádio Xbee ajudaram muito para estabelecer a comunicação sem fio entre os dois sistemas e seu uso facilitou os testes. Com o hardware e firmware do chuveiro pronto e testado, foi possível embuti-lo no chuveiro para então serem realizados os testes finais e últimos ajustes necessários. Uma das etapas mais importantes do projeto foi a de testes de validação, em que foram testados os sensores e o protótipo final, sendo possível verificar o funcionamento de ambos. Foram encontradas diversas dificuldades no decorrer do projeto. Erros que não imaginamos que teríamos surgiram durante o percurso, o que nos levou a desperdiçar um bom tempo para resolvê-los. Houve problemas de vazamento de água, quando foram feitas adaptações mecânicas para embutir os circuitos eletrônicos e os sensores no chuveiro. 59 A apresentação do projeto não foi feita de forma integral, devido a universidade não possuir laboratórios com instalações de tomadas específicas e saída de água, onde pudesse ser colocado o chuveiro. O desenvolvimento e a validação hardware do chuveiro foi um grande desafio, principalmente a parte que se refere a medição do consumo de energia. 4.1 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS Tendo em vista a possibilidade de aplicação comercial como produto, é possível fazer várias melhorias para serem implantadas. Na parte do chuveiro, se torna necessário fazer um hardware mais integrado, com uma fonte de alimentação embutida, para alimentação do microcontrolador. Outra sugestão é realizar mais testes com o chuveiro em funcionamento, para garantir que tudo esteja funcionando de forma correta. Um outro fator importante para aplicação comercial, seria buscar métodos para reduzir os custos do produto, otimizando o circuito do hardware presente no chuveiro e na interface. A interface pode receber recursos mais interativos, com o intuito de incentivar o usuário a realizar economia de água e energia durante o banho. Um desses recursos que poderiam ser implantados, é um histórico anual do consumo de água e energia. Esse histórico possibilitaria que cada usuário acompanhasse seu consumo e gasto diário, semanal, mensal e até mesmo anual de energia ou de água. 60 REFERÊNCIAS BALBINOT, Alexandre; BRUSAMARELLO, Valner João. Instrumentação e fundamentos de medidas. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010-2011. 2 v. ISBN 978-85216-1754-9 BEGA, Egídio Alberto. Instrumentação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2006. xviii, 583 p. ISBN 85-7193-137-2 FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY, Charles; UMANS, Stephen D. Máquinas elétricas: com introdução à eletrônica de potência. Porto Alegre: Bookman, 2006. xiii, 648 p. ISBN 978-85-60031-04-7 AHMED, Ashfaq. Eletrônica de potência. São Paulo: Pearson, c2000. 479 p. ISBN 97885-87918-03-1 RASHID, M. H. Eletrônica de potência: circuitos, dispositivos e aplicações. São Paulo: Makron Books, c1999. 828 p. ISBN 85-346-0598-X SEDRA, Adeal S. 2007.Microeletrônica. 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Acesso em: 23 abr. 2014. 62 APÊNDICE A – ESQUEMÁTICO DA PLACA PRINCIPAL DO CHUVEIRO Figura 33 - Esquemático da placa principal do chuveiro Fonte: o autor, 2014. 63 APÊNDICE B – PLACA PRINCIPAL DO CHUVEIRO Figura 34 - Placa principal do chuveiro Fonte: o autor, 2014. APÊNDICE C – CIRCUITO DE ACONDICIONAMENTO DO SENSOR DE TENSÃO E DE CORRENTE Figura 35 - Circuito de acondicionamento do sensor de tensão e de corrente Fonte: o autor, 2014. 64 APÊNDICE D – PLACA DO DETECTOR DE ZERO Figura 36 - Placa do detector de zero Fonte: o autor, 2014. APÊNDICE E – CHUVEIRO COM O HARDWARE E SENSORES INSTALADOS Figura 37 - Chuveiro com o hardware e sensores instalados Fonte: o autor, 2014. 65 APÊNDICE F – HARDWARE DA INTERFACE Figura 38 - Hardware da interface Fonte: o autor, 2014. APÊNDICE G – TELA GRÁFICA DE INICIALIZAÇÃO DA INTERFACE Figura 39 – Tela gráfica de inicialização da interface Fonte: o autor, 2014. 66 APÊNDICE H – TELAS GRÁFICAS DE CADASTRO E VISULIZAÇÃO DE USUÁRIOS Figura 40 – Telas gráficas de cadastro e visualização de usuários Fonte: o autor, 2014. 67 APÊNDICE I – TELAS GRÁFICAS DO MENU DO USUÁRIO Figura 41 – Telas gráficas do menu do usuário Fonte: o autor, 2014. 68 APÊNDICE J – TELAS GRÁFICAS DE CONFIGURAÇÕES E VISUALIZAÇÃO DE CONSUMO Figura 42 – Telas gráficas de configurações e visualização de consumo Fonte: o autor, 2014. 69 APÊNDICE L – TELA GRÁFICA DE AJUSTE DE HORA E DATA Figura 43 – Tela gráfica de ajuste de hora e data Fonte: o autor, 2014. APÊNDICE M – TELA GRÁFICA DE ALERTA DO TEMPO DE BANHO Figura 44 – Tela gráfica de alerta do tempo de banho Fonte: o autor, 2014.