Plantas - TOXCEN

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XXII Curso de Atualização em Toxicologia e
Preparatório para Plantonistas do TOXCEN/2015
PLANTAS TÓXICAS
Dra Andressa S. Abreu Pinasco
EPIDEMIOLOGIA
• 4ª Causa de intoxicações entre 1 a 4 anos
• Maioria de forma acidental
• TOXCEN 2012 - 1,21 % das notificações
FATORES QUE FAVORECEM AS
INTOXICAÇÕES
CRIANÇAS
ADULTOS
• Curiosidade
• Dificuldade de reconhecer
• Imitar hábitos dos adultos
as plantas tóxicas
• Fome
• Exposição profissional
• Maior período em casa
• Uso medicinal abusivo
• Maior proximidade com
• Como alucinógenos
plantas em vasos e jardins
• Tentativa de abortamento
DEFINIÇÃO DE PLANTAS TÓXICAS
Plantas que pela inalação, ingestão ou contato
podem causar efeitos lesivos ou distúrbios no
organismo dos homens e dos animais
PLANTAS X EFEITO TÓXICO
• Plantas que causam lesão de mucosa
• Plantas que causam irritação cutânea
• Plantas que causam distúrbios gastrintestinais
• Plantas que causam distúrbios neurológicos
• Plantas que causam distúrbios cardíacos
• Plantas que causam distúrbios respiratórios
• Plantas abortivas
PLANTAS QUE CAUSAM LESÃO DE MUCOSA
OXALATO DE CÁLCIO
Copo-de-leite
Comigo-ninguém-pode
LÁTEX
Chapéu de Napoleão
Coroa de Cristo
Taioba
Cheflera
Monstera
Tinhorão
Espirradeira
Avelós
Bico de Papagaio
Urtiga
VEGETAIS CONTENDO
OXALATO DE CÁLCIO
• Maioria absoluta dos acidentes
• Ráfides ou cristais de oxalato de cálcio ->
microagulhas distribuídas por todo o vegetal
• Ação mecânica -> liberação dos cristais -> irritação
mecânica ao penetrar nos tecidos
• Irritação agravada pela entrada de simultânea de
enzimas proteolíticas e ácido oxálico
VEGETAIS CONTENDO OXALATO DE CÁLCIO
• Manifestações Clínicas
• Ingestão: sialorréia, dor em queimação, edema de
cavidade oral, faringe e glote, disfagia, náusea e
vômitos
• Cutâneo: dermatite de contato
• Ocular: ceratoconjuntivite, edema, fotofobia e
lacrimejamento
VEGETAIS CONTENDO LÁTEX CÁUSTICO OU
IRRITANTE
• Ação direta de substâncias químicas da planta ainda
não bem identificadas
• Início dos sintomas logo após o contato com a planta
• Manifestações clínicas
• Ingestão: sialorréia, disfagia, dor e queimação da mucosa oral,
língua e lábios, edema da cavidade oral, faringe e glote
• Cutâneo: dermatite de contato
• Ocular: ceratoconjuntivite, irritação com congestão, edema,
fotofobia e lacrimejamento. Pode haver ulceração de córnea
LESÃO DE MUCOSA - TRATAMENTO
• Ingestão
• Esvaziamento gástrico (êmese e LG) não recomendado
• Oferecer líquidos frios ou gelados em pequenas doses
• Usar demulcente
• Cutâneo: lavar com água corrente, sem sabão ,
sem esfregar
• Ocular: lavar com água corrente ou SF (M-L)
• Encaminhar ao oftalmologista se necessário
• Sintomáticos: analgésico, corticóide
• EDA nos casos graves
• Dor retroesternal ou abdominal intensa e sinais de
sangramento GI
PLANTAS QUE CAUSAM IRRITAÇÃO CUTÂNEA
Trauma mecânico
Irritação química primária
Sensibilização alérgica
Fitofotodermatoses
LESÃO CUTÂNEA – TRAUMA MECÂNICO
• Exemplos
• Espinhos, espículas
• Pelos
• Ráfides de oxalato de cálcio
• Sintomas: escoriação, hiperemia, prurido
• Tratamento
• Retirar fragmentos
• Limpeza local
• Compressas frias
• Corticóide se necessário
Joá
Cacto
Urtiga
Coroa de Cristo
Urtiga
Urticária
LESÃO CUTÂNEA
IRRITAÇÃO QUÍMICA PRIMÁRIA (SEIVA)
Avelós
Chapéu de Napoleão
Espirradeira
Coroa de Cristo
LESÃO CUTÂNEA – SENSIBILIZAÇÃO
ALÉRGICA
Mamona
• População de risco: marceneiros, carpinteiros,
floricultores, jardineiros
• Envolve sensibilização do sistema imunológico
• Período de latência (exposição – início sintomas)
• Sintomas
• Dermatite alérgica
• Prurido, eritema, edema, vesícula, bolhas
• Tratamento: anti-histamínicos e corticóides
Tulipa
Crisântemo
LESÃO CUTÂNEA – FITOFOTODERMATOSE
Contato com plantas produtoras de furocumarínicos
(psoralens)
maior susceptibilidade aos raios solares
Dor
Edema
queimaduras
Eritema
Vesículas
(horas após exposição solar, com pico entre 12 e 36 h)
• Tratamento: descontaminação, antialérgicos e
analgésicos
PLANTAS QUE CAUSAM DISTÚRBIOS
GASTRINTESTINAIS
Joá
Mamona
Pinhão-paraguaio
Jequirití
DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS
• Vegetais que contém:
• Toxoalbuminas (proteínas tóxicas)
• Ricina - Mamona
• Curcina - Pinhão Paraguaio, Pinhão roxo
• Abrina - Jequiriti
• Glicoalcalóides (solaninas)
• Glicosídeos (saponinas)
DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS TOXOALBUMINAS
• Mamona
• Principio ativo: Ricina (toxoalbumina)
• Mecanismo de ação desconhecido
• Sub produtos
• Óleo de rícino – não contem ricina
• Torta de mamona – rica em ricina
• Semente de mamona – rica em ricina
• Absorção (semente mastigada): rápida pelo TGI
• Dose letal: 0,06-0,18g = 1-2 sementes
• Inativada pelo calor
DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS TOXOALBUMINAS
• Pinhão-paraguaio, Pinhão-roxo, Flor-decoral
• Principio ativo: Curcina (toxoalbumina)
• Mecanismo de ação: irritante da mucosa do
TGI e hemaglutinante
• Parte tóxica: folhas e frutos
Pinhão-paraguaio
Pinhão-roxo
Flor-de-coral
DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS TOXOALBUMINAS
• Jequiriti
• Princípio ativo: Abrina
(toxoalbumina)
• Toxicidade variável
• maturidade da semente (imatura é
mais tóxica)
• condições climáticas
• Mecanismo de ação: irritação da
mucosa TGI e hemaglutinante
• Pode ocorrer óbito com ½ a 2
sementes
DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS TOXOALBUMINAS
• Manifestações Clínicas
• Náuseas, vômitos sanguinolentos, cólicas
abdominais, irritação de orofaringe, esôfago,
estômago, diarréia mucossanguinolenta
• Hipotensão, taquicardia, choque, CIVD
• Vertigem, sonolência, torpor, prostração, coma,
convulsões
• Distúrbio hidroeletrolítico e ácido-básico grave
DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS TOXOALBUMINAS
• Tratamento
• Descontaminação GI –
• oferecer bastante líquido (vômitos!!)
• LG (se não ocorrerem vômitos ou a quantidade
eliminada pequena)
• CA
• Suporte – correção DHE e AB
• Sintomáticos – antiespasmódicos (dor ou cólicas
intensas) e antiéméticos (vômitos incoercíveis)
• Em 1978, durante a Guerra
Fria, Georgi Markov, escritor
e jornalista búlgaro que vivia
em Londres, morreu após ser
injetado ricina na parte
posterior de sua coxa com a
ponta de um cabo de guardachuva. Ele morreu 3 dias
depois de gastroenterite
severa e FMO.
PLANTAS QUE CAUSAM DISTÚRBIOS
NEUROLÓGICOS
Dama-da-noite
Saia-branca
Estramônio
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
• Princípio ativo: alcalóides beladonados
• Presente em toda a planta, em maior concentração
nas sementes
• Mecanismo de Ação: inibem a ação da acetilcolina nos
receptores do sistema nervoso autônomo
• Efeitos similares à intoxicação atropínica
(anticolinérgica)
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
• Manifestações clínicas
• Hipomotilidade TGI, boca seca, náuseas, vômitos
• Pele quente, seca, rubor e hipertermia
• Taquicardia sinusal, hipo ou hipertensão
• Agitação, confusão, delírios, alucinações,
convulsão, coma, midríase
• Disúria, oligúria, retenção urinária
DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS
• Tratamento
• Descontaminação Gástrica: LG + CA + catárticos
• Suporte + Sintomáticos
• Hipertermia: medidas físicas
• Arritmias: propranolol
• Agitação psicomotora e convulsões: BZD
PLANTAS QUE CAUSAM DISTÚRBIOS
CARDÍACOS
Dedal-de-dama
Espirradeira
Chapéu-denapoleão
Azaléia
DISTÚRBIOS CARDÍACOS
• Plantas ornamentais (jardins públicos e domiciliares)
• Principio ativo: glicosídios cardioativos
• Qualquer parte da planta é tóxica, desde as flores até a
raiz
• Mecanismo de ação: inibição da bomba Na-K-ATPase
• Aumenta Ca intracelular – aumenta força de contração do
miocárdio
DISTÚRBIOS CARDÍACOS
• Manifestações clínicas = intoxicação digitálica
• Náusea, vômitos, cólicas abdominais intensas,
diarréia mucossanguinolenta, hipercalemia
• Confusão mental, fadiga, mal estar, cefáleia,
tontura, sonolência, torpor, midríase, convulsões e
coma
• Bradicardia, hipotensão, arritmias (FA e FV),
bloqueios, assistolia
• Óbitos: arritmias, hipotensão e bradicardia
DISTÚRBIOS CARDÍACOS
• Tratamento
• Descontaminação gástrica: LG + CA + catártico
• Sintomáticos e Suporte:
• Corrigir hipercalemia. Monitorização cardíaca
• Bradicardia: atropina
• Convulsões: BZD ou fenobarbital
PLANTAS QUE CAUSAM DISTÚRBIOS
RESPIRATÓRIOS
Rabo-de-gato
Semente de maçã
Mandioca-brava
Semente de pêssego
Sorgo
DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS
• Princípio ativo: glicosídeos cianogênicos
• Tipos
• Amigdalina – semente de pêssego e maçã, amêndoa amarga
• Durrina – sorgo e gramíneas
• Linamarina – mandioca-brava, algumas espécies de feijão
• Mecanismo de ação
• Glicosídeos Cianogênicos ---- hidrólise------> Ácido Cianídrico (HCN)
• HCN liga-se ao Fe+++ da citocromo oxidase formando a cianetocitocromoxidase prejudicando o metabolismo oxidativo celular
(hipóxia celular e morte)
DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS
• Manifestações Clínicas
• Início dos sintomas: 30 min- 2 h após ingestão
• TGI: náuseas, vômitos, cólicas abdominais,
diarréia, acidose metabólica, hálito de amêndoas
• SNC: sonolência, letargia, trismo, midríase,
sonolência, opistótono, torpor, convulsões e coma
• AR: dispnéia, apnéia, face asfíxica, cianose
• ACV: hipotensão, choque, arritmias, sangue
vermelho rutilante
• Distúrbios ácido-básico: acidose - respiração de
Kussmaul
DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS
• Tratamento precoce
• Descontaminação Gástrica: LG
• Antídotos:
• Nitrito de sódio 3 %
• Oxida Hb em metemoglobina que é ávida por CN- e o tira
da circulação
• Hipossulfito de sódio 25%
• Sob ação da rodanase se liga ao CN- formando tiocianato,
eliminado pelos rins
• Azul de metileno 1%
• Se cianose importante ou metemoglobinemia > ou = 30%
• Alternativa: Hidroxicobalamina (Vit. B12)
• Formação de cianocobalamina (atóxica)
PLANTAS ABORTIVAS
• Alecrim
• uso interno e altas doses
• Arruda
• irritante e narcótico – ação direta
sobre útero
• Hemorragia em grávidas
• Canela
• doses excessivas: irritação mucosas,
hematúria e aborto
• Artemísia
• Ação local
PLANTAS ABORTIVAS
• Babosa:
• Congestão pélvica e aborto
• Buchinha Paulista
• Ação irritante para mucosas e efeito
abortivo por ação citotóxica
• Guiné
• Local: decoto das folhas e extratos
da raiz e folhas
• Papoula ou hibiscos
• Ação citostática, citotóxica e antiespermatogênica
OBRIGADA!
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