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Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016
VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
PERCEPÇÕES DOS DISCENTES DA REDE ESTADUAL SOBRE O ENSINO DE
GENÉTICA NO MUNICÍPIO DE CHAPADINHA-MA
Franciane Silva Lima (Mestranda do PPECEM-UFMA)
Andréa Martins Cantanhede (Universidade Federal do Maranhão-UFMA)
RESUMO
O ensino de genética é considerado mecânico e complexo por apresentar termos difíceis.
Objetivou-se conhecer as percepções dos discentes da rede estadual sobre o conteúdo genética
no município de Chapadinha-MA. A pesquisa quali-quantitativa foi realizada em três escolas
estaduais com aplicação de questionário com questões abertas e analisadas com base na
frequência e percepções identificadas a partir da análise das respostas. Percebeu-se que os
alunos não compreendem a importância da genética, apenas memorizam os conteúdos sem
interligá-los a vida, demonstrando dificuldade e insatisfação. As metodologias de ensino
utilizadas e o livro didático precisam ser revistos. É necessário uso de aulas dinâmicas e
estratégias que associe teoria à prática contribuindo para a aprendizagem dos alunos.
Palavras-chave: Aprendizagem. Dificuldades. Ensino.
INTRODUÇÃO
A educação é um processo que ao longo das décadas vem se transformando, mas
infelizmente ainda não se pode dizer que há um ensino de qualidade para todos. No Brasil,
altos índices de analfabetismo continuam presentes, existindo grande porcentagem de pessoas,
que na adolescência, não conseguem sequer produzir um simples bilhete (IPEA, 2010).
O ensino de biologia é amplo, requer a participação ativa dos alunos sobre
questões que variam das mais simples do dia-dia até as mais complexas indagações
contemporâneas de caráter biológico. Contudo, o que acontece nas escolas é um ensino
mecânico e “decoreba”, formando um aluno sem criticidade diante de situações problemas
(PCNEM, 2006). Ensinar biologia e iniciar o conteúdo de genética é uma tarefa complexa
para professores. Normalmente, a maioria começa o conteúdo com os experimentos e suas
contribuições de Mendel. Porém, o que se precisa entender é que deve haver uma
contextualização e desmitificação de informações errôneas sobre a origem da disciplina
(BRANDÃO; FERREIRA, 2009).
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A genética é uma disciplina que não é bem vista pelos alunos devido a problemas
diversos relacionados a problemas na formação do professor, nível complexo de termos e
conteúdos, abstração nos livros didáticos sem estabelecer relação com a realidade, onde os
alunos concluem o ensino médio sem saber integrar os conceitos de gene, hereditariedade, leis
de Mendel ao mundo, não compreendendo os temas abordados na disciplina a situações
presentes no seu cotidiano (MOURA et al, 2013).
Questões genéticas estão cada vez mais presentes no cotidiano devido à
quantidade de informações de pesquisas desenvolvidas nesta área, deixando às vezes, o
professor inseguro diante de tal situação (PRIMON, 2005). Diante de tantas informações, o
professor tem um papel fundamental na formação dos alunos, com a função de desmitificar as
concepções errôneas e alienadas, proporcionando fundamentos pautados no científico, por
isso precisa manter-se informado e ter uma visão holística e crítica, proporcionando
discussões sobre os temas complexos diversos (PRIMON, 2005; LORETO e SEPEL, 2006).
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo conhecer as percepções dos
discentes da rede estadual sobre o conteúdo genética no município de Chapadinha-MA.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada no município de Chapadinha–MA, sendo de cunho qualiquantitativo. Oliveira (2010) define como qualitativa por buscar informações legítimas de um
contexto em prol de entender com profundidade as características e o significado de um grupo
de pessoas, objeto, ou fenômeno da realidade em que situa o objeto em que esta sendo
estudado na pesquisa. E quantitativa por “quantificar dados obtidos através de informações
coletadas através de questionários, entrevistas, observações e utilização de técnicas
estatísticas” (OLIVEIRA, 2010, p. 62).
Questionários abertos foram utilizados como instrumento de coleta de dados
aplicados aos alunos do terceiro ano do ensino médio (n=277), de três escolas estaduais de
nível médio, descritas no trabalho como escolas A, B e C, nos turnos diurno e noturno, para
obter informações sobre o perfil dos alunos e a aprendizagem do conteúdo genética, no
segundo semestre de 2013. Os dados foram apresentados em formato de tabela para melhor
visualização, sendo elencadas as falas dos entrevistados, a partir de uma unitarização, onde as
produções foram separadas por unidades de significado e depois os significados semelhantes
foram articulados (MORAES; GALLIAZZI, 2006), dando suporte a pesquisa de forma a
fundamentar as análises dos resultados. Os dados obtidos foram analisados e tabulados no
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programa Microsoft Excel para fazer a estatística com base na frequência das respostas e os
conteúdos das respostas abertas analisados para identificar a percepção dos alunos sobre
genética. Os resultados foram fundamentados e discutidos a base da fundamentação teórica
subsidiada neste trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram aplicados 277 questionários com alunos de três escolas de rede estadual de
Chapadinha, sendo a escola A 37,91% (n=105), B 37,91% (n=105) e C 23,83% (n=66). A
diferença entre o número de alunos na escola C foi devido à ausência dos alunos na escola, no
dia da aplicação do questionário, por conta de um prolongamento de feriado nacional. A idade
dos participantes da pesquisa variou de 16 a 60 anos, sendo 63,54% do sexo feminino e
33,94% masculino, a maioria solteira (81,51%). Percebe-se que há uma distorção idade-série
no ensino médio revelando uma porcentagem de 15,5% dos alunos, sendo um dos principais
problemas da educação. Pode ser desencadeado por repetência; entrada tardia na escola;
abandono e retorno do aluno evadido (SARAIVA, 2010).
Aspectos relacionados ao ensino de genética
Cerca de metade dos alunos das escolas pesquisadas, A (49%), B (58%) e C
(55%), reconhece a importância da disciplina genética para a sua vida. Foi possível perceber
que os alunos adquiriram certos conhecimentos de temas abordados pelo professor sobre
genética (Tabela 1), porém voltado à memorização de conceitos, sem conseguir compreendêlos e intercalá-los ao dia a dia. É necessário que os alunos construam conhecimentos de forma
a agir ativa e efetivamente na sociedade e colocar em prática seus conhecimentos diante de
questões que requeiram reflexão sobre preceitos éticos e morais, sociais e individuais
(CASAGRANDE, 2006; BARNI, 2010).
Tabela 1- Visão dos entrevistados sobre a importância de genética.
A
B
Ter conhecimentos dos
ancestrais e definir as
características
próprias;
aprender as características
e os traços humanos; saber
o passado, hereditariedade
e
descobrir
heranças;
Identificar os genes albinos;
descobrir a cor de uma
pessoa; mostrar que através
de cruzamentos pode haver
indivíduos albinos e negros;
aprender
conhecimentos
sobre
hereditariedade;
C
Aprender sobre como uma
pessoa pode ter uma anomalia
ou doença genética; mostrar
diferenças
humanas
e
aprender sobre mutações que
ocorre no corpo; explicar a
importância do genótipo e
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conhecer a origem humana
e identificar seu DNA;
descobrir
características
que herdamos; identificar
os genes albinos.
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manter informado sobre
nossa origem; importância de
transmitir características de
pais para filhos ao longo das
gerações.
fenótipo para a genética;
função de explicar como são
passadas as características
hereditárias; estudar a origem
do ser humano.
Fonte: Entrevistados da pesquisa.
Parafraseando Sobrinho (2009, p.12),
Isso ocorre devido à sobrecarga de conteúdo, o exíguo tempo destinado a cada um
deles, a seleção descontextualizada, o desconhecimento de como ocorre à
aprendizagem, a falta de valorização dos conhecimentos prévios e dos
questionamentos, a inexistência de aulas de experimentação, o desuso da pesquisa
em sala de aula. Tudo isso acarreta um ensino estático, desinteressante, desvinculado
do cotidiano, dificultando que o aluno seja sujeito em seu próprio aprendizado.
Quanto às dificuldades na aprendizagem nos conteúdos de genética, os alunos das
escolas não responderam: A (34%), B (43%) e C (45%), porém os demais relataram (Tabela
2).
Tabela 2- Dificuldade de aprendizagem, sobre genética, comuns entre os alunos participantes
da pesquisa.
A
B
C
“Construir
heredograma;
conteúdo
recombinação gênica;
cruzamentos;
memorizar tudo que
ensina;
em
todo
conteúdo,
não
consegue lembrar de
nada; não consegue
diferenciar
um
conteúdo de outro;
tipos sanguíneos”.
“A biologia é complicada, tem
assuntos que não são claros”;
as gerações; “conteúdo dos
genes; cruzamentos de 2
indivíduos; diferenciar genótipo
de fenótipo”; “dificuldade em
memorizar conteúdos; DNA,
RNA,
genes;
“todos
os
conteúdos; “hereditariedade”;
os
nomes
são
muito
complicados; problemas com
gametas; tipos sanguíneos.
“Cruzamentos;
bases
nitrogenadas; heredogramas;
DNA
e
cromossomos;
mutações
e
diferenças
genéticas; em todos os
conteúdos; fenótipo e genótipo;
genes recessivos e dominantes;
compreender os conteúdos;
não entender como existe
genes dominantes; organismos
transgênicos; os cálculos; falta
de
aulas
práticas
e
laboratório”.
Fonte: Entrevistados da pesquisa.
Grande parte dos alunos tem dificuldades em compreender os conteúdos de
genética, alguns nem sequer sabem dizer quais são as dificuldades, confirmando o que diz
Moreno (2007); Klautau-Guimarães; Pedreira; Oliveira (2013) que “a genética é uma ciência
caracterizada pela composição de terminologias complicadas e abstratas, dificultando a
compreensão dos alunos, assim não conseguindo correlacionar termos como DNA,
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cromossomos, genes, genoma, entre outros ao dia a dia, e isso atrapalha a compreensão e
entendimento dos fenômenos biológicos que são relevantes na vida e no campo da genética”.
Verifica-se que os alunos não estão apropriando o conhecimento científico
discutido na escola, não conseguem compreender, questionar e utilizá-los na sociedade,
destacando que boa parte dos estudantes relata que esquece rápido o que aprendeu,
prevalecendo informações do senso comum ou ideias alternativas que permanecem até mesmo
em estudantes de universidade (PEDRACINI et al., 2007). A maioria dos alunos considera
genética uma disciplina difícil: A (84%), B (78%) e C (82%), mesmo assim, a maioria afirma
que consegue relacionar os conteúdos ao dia a dia: A (68%), B (65%) e C (61%) (Gráfico 1 e
2).
SIM
NÃO
84%
16%
A
82%
78%
22%
A
68% 65% 61%
18%
B
C
Gráfico 1- Compreensão dos alunos sobre os
conteúdos de genética.
SIM
B
C
82% 77% 80%
32% 35% 39%
NÃO
NÃO JUSTIFICOU
Gráfico 2- Alunos que relatam relacionar os conteúdos
sobre genética vistos na sala de aula com o dia- a- dia.
Os alunos deram diversas justificativas por considerarem genética “difícil”,
principalmente associada às terminologias, aos métodos de ensino usados pelo professor, os
cálculos de frequência genotípica e fenotípica, e mesmo a falta de motivação para aprender,
pois não reconhecem sua importância (Tabela 3).
Tabela 3- Descrição dos motivos que os alunos consideram a disciplina genética “difícil”.
A
B
C
É difícil entender os
assuntos; genética possui
assuntos muito amplos; tem
palavras enroladas que é
difícil de explicar e
entender;
deveria
ser
adotado um método melhor
para o ensino de genética;
raramente encontra no dia
a dia; não sabe alelos
dominantes e recessivos.
Estudar genética é ruim,
principalmente
estruturas
humanas de animais; não
consegue
lembrar
posteriormente do conteúdo;
não consegue descobrir fatores
importantes em relação a
humanidade; mexe com o saber
matemático e dificulta; tem
muitos termos: alelos, genótipo
e cada um tem função diferente.
Conteúdo muito extenso;
não consegue aprender
nada;
não
consegue
lembrar posteriormente do
conteúdo; não entende o
que o professor explica;
não sabe de nada de
genética;
não
tem
paciência; por que são
muitas espécies; precisa de
esforço para compreender.
Fonte: Entrevistados da pesquisa.
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Cid; Neto (2005); Klautau-Guimarães; Pedreira; Oliveira (2013) relatam que
estudos realizados com diversos estudantes (ensino médio, vestibulandos e alunos de
graduação em biologia) após abordagem de temas relacionados a genética a consideram muito
difícil de aprender e que não conseguem associar conceitos básicos de genética e como há a
transmissão de informação de célula a célula e entre as gerações, mostrando o despreparo que
possuem para serem futuros cientistas ou mesmo cidadãos para conseguir associar ciência a
sua vida pessoal e sociedade.
Nas escolas A (82%), B (77%) e C (80%), grande dos alunos não explicaram
como relacionam a genética ao dia a dia (Gráfico 2), entretanto, os que conseguiram,
relataram as doenças genéticas, transgênicos, grupos sanguíneos, ou mesmo expressaram
ideias confusas sobre herança (Tabela 4)
Tabela 4: Grau de relação dos conteúdos da sala de aula ao dia a dia.
A
B
Algumas doenças do dia a
dia estão relacionadas a
genética; professor fala
sobre doenças, transgênicos
são assuntos do dia a dia;
encontra situações que são
parecidas as aulas; acontece
exemplos
do
professor
parecidos no dia a dia.
Professor explica relacionando
ao dia a dia; aparece traços do
conteúdo da sala no cotidiano,
por isso consegue solucionar;
tem vários exemplos da sala de
aula que consegue ver em casa;
genética está desde nas pessoas
desde que nasce, como grupos
sanguíneos.
C
Aquilo que a genética
ensina vivemos no dia a dia
com familiares e amigos;
muitos
assuntos
são
encontrados em casa; a
genética faz parte da vida;
quando ver algo parecido
visto em casa, consegue
explicar para as pessoas.
Fonte: Entrevistados da pesquisa.
Observa-se que a maioria dos alunos, independente da escola, relatou que
consegue relacionar genética ao dia a dia (Gráfico 2), porém não responderam como o fazem
(Tabela 4). Klautau-Guimarães; Pedreira; Oliveira (2013) descrevem isso como uma das
principais barreiras no ensino de genética, onde os conhecimentos prévios dos alunos não são
levados em consideração pelo professor, dificultando a compreensão dos conhecimentos
científicos, pois a desvinculação da ciência com o cotidiano dos alunos impede a
compreensão e a aprendizagem significativa.
É importante ressaltar que muitos entrevistados sequer conseguiram compreender
a pergunta: Na escola A: “Quando relaciona fica mais fácil; quando tem tempo livre, estuda
em casa; são muitas disciplinas a estudar; faz atividades em sala de aula; ser alguém no
futuro; Tempo curto para relacionar as aulas; o trabalho atrapalha muito”. Já na escola B:
“na sala aprende melhor; na matemática usamos todos os dias; é o futuro; foca em outros
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assuntos. E na escola C: “na sala aprende o melhor; só vive para estudar; quando tem
necessidade de aprender”. Percebe-se uma incoerência nas respostas, onde os alunos
concluíram com respostas não condizentes a pergunta. Conseguem decodificar os sinais, mas
ao término da leitura não conseguem compreender o enunciado da questão e
consequentemente fornecerem uma resposta. Esse é um fato preocupante, já que pesquisas
revelam que 68% dos brasileiros são analfabetos funcionais, sendo altos índices para um país
que deseja tanto erradicar essa situação da educação (SCOTO, 2013).
Sobre a forma de abordagem do conteúdo de genética, em geral, os alunos
consideram “adequada” (Gráfico 3) e que os professores relacionam com exemplos
cotidianos, contribuindo assim no processo ensino aprendizagem A (78%), B (77%) e C
(61%). (Gráfico 4).
SIM
SIM
NÃO
73%
64%
78%
53%
36%
A
77%
61%
47%
39%
27%
B
NÃO
22%
C
Gráfico 3- Visão dos alunos sobre a abordagem dos
conteúdos de genética pelo professor de forma
adequada.
A
23%
B
C
Gráfico 4- Utilização de exemplos e problemas do
cotidiano pelo professor dos conteúdos de genética.
A abordagem dos conteúdos de genética realizada pelos professores, segundo os
alunos pesquisados, ocorre de forma simples, com a utilização de exemplos relacionados ao
cotidiano, expressando um sólido domínio de conteúdo com aulas dinâmicas (tabela 5).
Tabela 5: Compreensão dos conteúdos de genética por meio de exemplos do cotidiano.
A
B
C
“Aborda com exemplos e
interatividade;
a
explicação do professor é
mais
fácil
de
compreender; ensina de
forma que os alunos não
sentem dificuldade; Cita
exemplos diversos do
cotidiano; Faz de tudo
para o aluno aprender;
“A
genética
permite
o
conhecimento da humanidade
com características selecionadas
a atender as necessidades;
Aborda os assuntos de forma
simples; cita vários exemplos do
cotidiano; Explica várias vezes o
conteúdo; interage com questões
cotidianas nas aulas; tenta
mostrar que conteúdos vão
“Professor explica muito
bem; demonstra confiança no
assunto; professor aborda
principais característica da
genética; as aulas dinâmicas
e assim mais fáceis de
aprender;
conteúdo
é
transmitido
muito
bem;
professor
explica
detalhadamente os assuntos
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professor
explica servir para o futuro; professor
detalhadamente
os se esforça o máximo; torna as
assuntos; explica e revisa aulas divertidas e dinâmicas”.
os conteúdos”.
da genética; professor dar
aulas com slides e tira as
dúvidas; explica por meio de
exemplos do dia a dia”.
Fonte: Entrevistados da pesquisa.
Para Fonseca e Bida (2013), o professor tem o papel de mediar o conhecimento
para o aluno, buscando inserir metodologias e recursos diversificados na sala de aula, sendo
capaz de despertar o interesse nos alunos e principalmente haver uma aprendizagem
significativa. São agentes responsáveis pelo ensino, por isso a metodologia e estratégia que
utilizará em sala de aula vai depender das metas e objetivos que pretende alcançar.
De acordo com Siervi (2010) na visão dos alunos, um bom professor é aquele que
domina o conteúdo e gosta de ensinar; possui uma metodologia que faça os alunos aprender; é
organizado e pontual; admite seus erros e tem compromisso no trabalho; tem boa relação com
os alunos, e tem o papel de não seguir um modelo de ensino, mas adequar a realidade dos
alunos para um ensino melhor e de conhecimento e isso pode ser encontrado na fala da
maioria dos alunos. Deste modo, a necessidade de escolher metodologias que sejam coerentes
ao que se quer ensinar é essencial para a aprendizagem dos alunos, caso contrário ocorre
insatisfação por parte dos alunos como é possível observar nos seus relatos (Tabela 6)
Tabela 6- Abordagem do conteúdo de genética com uso de metodologias inadequadas pelo
professor.
A
B
C
“Não lembra do que é ensinado;
os conteúdos são meio decorebas;
o conteúdo é complexo e extenso
e exige mais autenticidade no
ensino, mas deixa a desejar;
professor só ler, se usasse outras
formas de ensino facilitaria o
aprendizado; professor deveria
abordar o assunto de forma mais
simples, disciplina complicada;
professor explica, mas fica muitas
dúvidas; só tem aulas teóricas,
falta práticas”.
“Deveria
usar
uma
linguagem
menos
complicada; é muito difícil de
entender; deixa a desejar,
pois deveria incentivar mais
os alunos e levar tecnologias
para a aula ficar mais
prazerosa; não gosta de
genética; professor tenta, mas
dificilmente adota realmente
o assunto; falta aulas
práticas; alguns conteúdos
deveria ser mais detalhado”.
“O professor passa
apenas
um
resumo
quando é conteúdo visto
pela primeira vez e acha
que é o suficiente para o
aluno aprender; deveria
ter uma forma melhor de
explicar; não entende
nada; Assunto difícil e o
professor
deveria
ensinar de uma maneira
mais adequada para
facilitar o aprendizado”.
Fonte: Entrevistados da pesquisa.
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O conteúdo de genética é amplo e multidirecional, por isso o professor deve
trabalhar de forma contextualizada para aperfeiçoar e aprofundar conhecimentos de temas
diversos de forma a atrair a atenção do aluno, pois fica impossível o professor conseguir
trabalhar todos os temas abordados na disciplina e os alunos obter uma visão integrada de
todo o conteúdo (REICHMANN; SCHIMIN, 2013). Deste modo, exige-se um conhecimento
atualizado e integral do que se pretende ensinar e para quem ensinar, tentando eliminar a
forma tradicional de ensino que não permite o questionamento dos alunos, tirar dúvidas, não
havendo um ensino dinâmico e proveitoso para os alunos na busca de conhecimentos
(PCNEM, 2013).
Quanto ao livro de biologia adotado pela escola, muitos alunos possuem
dificuldades em compreendê-lo (Gráfico 5).
SIM
51%
49%
A
NÃO
53%
47%
B
58%
42%
C
Gráfico 5- Compreensão dos alunos sobre a linguagem utilizada no livro didático de biologia adotado pelo
professor.
Na escola B, os alunos não possuem livros didáticos, por causa da não devolução
em anos anteriores, como sugere PNLD. O professor aborda os conteúdos por meio de uma
apostila (de elaboração própria) que direciona as suas aulas. Na escola A (70%) e C (50%)
não responderam se sentem dificuldades em compreender a linguagem do livro didático que
os professores utilizam, e não houve um consenso entre os alunos como pode ser observado
na Tabela 7.
Tabela 7-Compreensão dos alunos sobre o livro de biologia adotado pelo professor.
A
C
Linguagem é clara e objetiva; é fácil e gosta
muito de biologia; professor explica e facilita
aprendizagem e leitura do livro; Tem muito
nome complicado e o professor tem que
ajudar; livro é bem explicado e com exemplos;
linguagem incompreensível; livro é muito
complexo; prefere as aulas sem livros.
Tem assuntos difíceis, mas também fáceis;
livro bem explicado; livro é bom e os
assuntos são ótimos para ler; professor
explica e facilita aprendizagem e leitura
do livro; muito confuso; muito complexo;
não consegue entender mesmo que leia
bastante; conteúdos difíceis de entender.
Fonte: dados da pesquisa.
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O livro didático é um recurso bastante utilizado pelos professores e relevante para
o ensino-aprendizagem do aluno. De acordo Rosa, Riba; Barazzutti (2012) o livro didático é
um material do professor que possui toda uma organização estrutural dos assuntos que serão
abordados, entretanto o professor deve selecionar e reestruturar sua forma de ensinar,
adequando os conteúdos a realidade e necessidade dos alunos, conferindo significado,
favorecendo situações de aprendizagem a partir das vivências dos alunos.
Atualmente há uma diversidade de recursos que o professor pode inserir nas aulas,
sendo essencial o uso do livro apenas como auxílio da prática do professor, pois o mesmo
deve também utilizar informações de assuntos encontrados em jornais, revistas, vídeos,
filmes, computadores como forma de discutir assuntos atuais e presentes na realidade do
aluno. Infelizmente, na maioria das escolas, o livro é o único recurso disponível para o
professor, e em muitos casos, a única fonte de pesquisa do estudante como menciona os PCN
(1997, p. 67),
O livro didático é um material de forte influência na prática de ensino brasileira. É
preciso que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a eventuais
restrições que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos. Além
disso, é importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a
ser utilizado, pois a variedade de fontes de informação é que contribuirá para o
aluno ter uma visão ampla do conhecimento.
A escolha do livro didático deve ser feita por professores capacitados, pois é um
auxílio importante para os estudantes, uma vez que o aluno deve apropriar-se da linguagem,
como também desenvolver valores éticos e críticos diante dos avanços da ciência conseguindo
contextualizar teoria a sua prática. O livro é um recurso importante e facilitador na prática
pedagógica do professor (FRISON et al, 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino de genética deve ser pautado num ensino que proporcione a capacidade do
indivíduo a participar ativamente na sociedade, bem como na tomada de decisão, entretanto o
que se pode observar neste estudo é que os alunos não compreendem os conhecimentos
mínimos necessários de genética de forma a opinar nas situações de seu cotidiano e
consideram esse conteúdo difícil e cheio de terminologias complexas. Os alunos não têm uma
percepção da relevância do ensino de genética para a vida, apenas memorizando os temas sem
interligá-los ao cotidiano, demonstrando dificuldade de compreensão dos assuntos e
insatisfação quanto ao ensino. Os alunos consideram o livro didático com linguagem
complexa, e apresentam dificuldade de compreendê-lo. Os professores precisam rever suas
metodologias de forma a contextualizar a teoria e a prática, tornando as aulas dinâmicas e
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menos conteudistas, bem como relacioná-las a realidade do indivíduo de forma a facilitar a
compreensão dos temas estudados e dar significado ao ensino, contribuindo no processo de
ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BARNI, G. S. A importância e o sentido de estudar genética para estudantes do terceiro
ano do ensino médio em uma escola da rede estadual de ensino em Gaspar (SC), 2010.
184 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Naturais e Matemática)-Universidade Regional de
Blumenau, 2010.
BRANDÃO, G. O; FERREIRA, L. B. O ensino de Genética no nível médio: a importância da
contextualização histórica dos experimentos de Mendel para o raciocínio sobre os
mecanismos da hereditariedade. Filosofia e História da Biologia, v. 4, p. 43-63, 2009.
______. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais: Orientações
Curriculares para o Ensino Médio. Brasília, 2006: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2006.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais
(Ensino Médio). Brasília: MEC. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf > Acesso em: 12 dez. 2013.
CASAGRANDE, G. L. A genética humana no livro didático de Biologia, 2006. 121 f.
Dissertação (Mestre em Educação Científica e Tecnológica)- Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2006.
CID, M; NETO, A. J. Dificuldade de aprendizagem e conhecimento pedagógico do conteúdo:
o caso da genética. Enseñanza de Las Ciências, 2005.
FONSECA, T. M. M; BIDA, G. L. A relação professor-aluno: realidade e possibilidades.
Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1782-8.pdf>
Acesso em: 10 set. 2013.
FRISON et al. Livro didático como instrumento de apoio para construção de propostas
de ensino de Ciências naturais. In VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em
Ciências, Florianópolis, nov, 2009.
KLAUTAU-GUIMARÃES, M. N; PEDREIRA, M. M; OLIVEIRA, S. F. Ensino de genética
e materiais didáticos na formação inicial de professores. In: IX congresso internacional
sobre investigación em didáctica de las ciências. Girona, sep. 2013.
IPEA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios- PNAD 2009 - Primeiras análises:
Situação da educação brasileira - avanços e problemas, 2010. Disponível em:
7120
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VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
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