RECUPERAÇÃO E RECONVERSÃO DO CONVENTO DE BARRÔ

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RECUPERAÇÃO E RECONVERSÃO
CONVENTO
DE
BARRÔ
DO
EM LAR, CENTRO DE DIA E SAD
MEMÓRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
1. INTRODUÇÃO
Refere-se a presente Memória Descritiva e Justificativa ao Projecto de Arquitectura
para a Recuperação e Reconversão do Convento de Jesus-Maria-José de Barrô e de parte
do antigo Colégio Feminino, com o mesmo nome, em Lar, Centro de Dia e Apoio
Domiciliário, que a Irmandade S. Francisco Xavier pretende levar a efeito no lugar do
Convento, freguesia de Barrô, concelho de Resende.
O Equipamento de Carácter Social pretende integrar o conjunto de unidades de
Apoio Social que se estão a instalar no Município de Resende, de forma a que, em conjunto
com os equipamentos já existentes e em funcionamento, se alargue a oferta de serviços
nesta área, num território ainda muito carenciado deste tipo de equipamentos e povoado por
uma percentagem já significativa de população idosa e de baixos recursos.
2. EDIFICADO EXISTENTE
Qualquer referência ao Convento de Jesus-Maria-José de Barrô, à sua descrição, ao
seu enquadramento histórico, social e religioso seria certamente matéria de significativo
interesse e que ajudaria certamente à compreensão da importância da oportunidade desta
intervenção.
No entanto, entendo que tal desiderato ocuparia esta Memória Descritiva e
Justificativa de uma forma ostensiva e desproporcionada, pelo que me limito a referenciar a
dissertação académica realizada pelo Arq. Nuno Pinto, no âmbito do Trabalho de Projecto
de final de curso, em 2006/2007, na ESAP, intitulado “Reabilitação do Convento de Barrô”, o
qual contém uma interessante descrição e enquadramento histórico, social e religioso do
conjunto em causa, trabalho este que consta dos arquivos da Câmara Municipal de
Resende.
Relativamente aos aspectos físicos do edificado existente, e de uma forma muito
sintética, importa referir que do Convento de Barrô restam hoje as suas ruínas, mantendo-se
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unicamente de pé a quase totalidade das suas paredes exteriores, os seus vãos e algumas
das paredes divisórias, todas elas já à muito despidas de reboco, expondo a pedra de
granito já envelhecida, sendo ainda a quase totalidade do seu espaço “interior” e a quase
totalidade das paredes envolvidas por um, por vezes espesso e intransponível, manto de
vegetação, numa quase completa fusão com a paisagem agrícola envolvente.
Destaca-se deste cenário o edifício da Igreja, recuperada à pouco mais de 20 anos, e
o corpo da Sala do Capítulo e Mirante (parte do antigo colégio) em avançado estado de
degradação. Este último destaca-se, eventualmente, fruto da sua relação volumétrica com o
edifício da Igreja e da sua utilização até um período mais recente.
Esta é assim a imagem do Convento de Jesus-Maria-José de Barrô à muito
assimilada pelas populações de aquém e além rio (Douro), a qual se constitui como
referência e “marca” do edifício e do conjunto em que se insere.
3. PROGRAMA
Relativamente ao Equipamento de carácter social, atendendo às carências e
necessidades sociais observadas, pretende-se dotar este equipamento de alguma
polivalência e flexibilidade, ao nível do programa e das valências, de forma a aproximar-se o
mais possível a resposta das necessidades encontradas.
Desta forma, surge como natural a articulação no mesmo equipamento das valências
de Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário, prevendo-se uma ocupação deste equipamento
social com o seguinte número de utentes:
– Lar
- 20 utentes
– Centro de Dia
- 20 utentes
– Apoio Domiciliário
- 20 utentes
Assim, o equipamento pretende funcionar como um pequeno núcleo com capacidade
para prestar apoio local nestas áreas e, complementarmente, alargar-se o leque de
respostas sociais no município de Resende.
As valências a considerar implicam um programa cujas diferentes funções se podem
subdividir em 4 núcleos distintos: as áreas destinadas aos utentes e ao publico/visitantes,
nas quais se prevê o estar/convívio, o desenvolvimento de actividades, o acesso às
refeições e à higiene; a área destinada ao alojamento (Lar) com capacidade para 20
utentes, subdividida em dois núcleos, com um total de 7 quartos duplos e 6 quartos simples;
as áreas destinadas aos “serviços”, onde se incluem a cozinha, a lavandaria, as áreas dos
funcionários e as demais áreas técnicas; e, finalmente, as áreas destinadas ao estar e lazer
no exterior (ao ar livre).
4. PROPOSTA
A instalação de um equipamento de carácter social pressupõe a construção de raíz
de um edifício para o efeito ou a adaptação/reconversão de um edifício existente.
No caso em apreço a opção passa pela recuperação e reconversão de um edifício
existente, o Convento de Barrô, fruto da oportunidade em aliar a instalação de um
equipamento de carácter social nesta freguesia à muito ansiada recuperação desta
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memória, ou melhor dizendo da sua ruína, antes que ela pereça definitivamente.
Em reforço desta opção o facto de se considerar que na recuperação deste edifício
se poderia/deveria equacionar um novo destino, um novo uso, pois não parece plausível, no
momento actual, recuperar a sua utilização original.
É neste contexto, na oportunidade de juntar dois objectivos pertinentes no mesmo
“momento”, que se pretende que aconteça a recuperação e reconversão do Convento de
Barrô em Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário.
A intervenção começa assim a desenhar-se em subordinação à expressão de força e
austeridade do que resta do Convento de Barrô a qual impõe a que o novo se subjugue ao
seu “peso” ancestral.
Nesta perspectiva, a intervenção subdivide-se em três níveis distintos, um primeiro
que prima pela limpeza, recuperação e consolidação do existente, mantendo e acentuando
até a expressão de austeridade que emana da pedra de granito e da volumetria “seca” do
edifício, em consequência da queda das coberturas inclinadas, cuja reposição entendo já
não se impor.
Num segundo nível procura-se clarificar a leitura e a hierarquia das diferentes
volumetrias e reforçar o seu eixo dominante, em cujo processo se purgam os elementos
perturbadores.
Para o efeito, elimina-se a cobertura inclinada do corpo perpendicular ao eixo
dominante, na contiguidade do Sala do Capítulo e Mirante interrompendo-se o
desmembramento quase em cascata desta cobertura para sul, e substitui-se esta por uma
cobertura plana ajardinada, anulando-se desta forma a expressão volumétrica deste corpo
ao integrá-lo no conjunto das plataformas ajardinadas.
Esta opção faz sentido, atendendo à forte percepção que todo o conjunto edificado e
as suas coberturas tem desde a cota alta, de onde se acede ao edifício a partir do
estacionamento de utentes e visitantes aí localizado.
Num terceiro nível, a intervenção nova que, em respeito pela importância e
simbolismo do existente, se resigna e procura colmatar e preencher os vazios, limitando as
demolições ao estritamente necessário para a implementação do programa proposto, de
forma a não comprometer a “memória”.
A intervenção torna-se assim significante, não só pelos seus aspectos particulares,
mas igualmente, e sobretudo, pela ideia que estrutura o conjunto e potencia o revisitar da
“memória”.
Ainda, procura-se que a nova função se organize e ocupe o edifício, para além de
uma lógica de relacionamento funcional, igualmente numa lógica de procura da luz e da
ventilação em suprimento das insuficiências que o edifício existente apresenta ao nível do
piso térreo.
Assim, a intervenção é marcada pela manutenção do pátio central, que receberá
uma cobertura, como o espaço de recepção e distribuição privilegiado, no qual serão
instalados os principais acessos verticais e a partir do qual se pode aceder às diferentes
áreas funcionais.
Desta forma, na sua envolvente serão instaladas todas as áreas funcionais
acessíveis pelos utentes e pelos visitantes, de forma a que se evitem os cruzamentos com a
circulações de serviço e se garanta a privacidade e a segurança necessárias ao regular
funcionamento do equipamento.
Desta forma, no piso térreo, à esquerda do pátio central, acessível aos utentes,
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estará localizado o ginásio, a sala de refeições e as instalações sanitárias colectivas de
apoio a este piso.
Mais à esquerda, acedidas por uma circulação de serviço (de acesso reservado),
com ligação directa ao exterior, estarão localizadas todas as áreas funcionais dos “serviços”,
tais como cozinha, despensa, armazém de produtos alimentares, lavandaria/tratamento de
roupa, pátio de serviço, estendal, vestiários, instalações sanitárias e área de estar/descanso
dos funcionários, arrecadação de produtos de limpeza e arrecadação geral.
À direita do pátio central, estará localizado o gabinete da direcção, a sala de reuniões
e a instalação sanitária de apoio.
Mais à direita estará localizado o pátio - área de estar e lazer exterior, o acesso à
Igreja e uma área de reserva.
Um percurso em rampa, que se projecta na face posterior do pátio central, articula e
liga as diferentes cotas deste piso, e permite a circulação dos utentes com mobilidade
condicionada entre as diferentes áreas funcionais de forma confortável e segura.
Ainda no piso térreo, no exterior junto ao acesso de serviço, estará localizado o
compartimento de lixos, a casa de máquinas e os compartimentos das botijas de gás e do
depósito de gasóleo.
No piso superior, à esquerda do pátio central, servido por um acesso reservado,
estará localizado um primeiro núcleo de quartos da área de alojamento - Lar, composto por
10 quartos (6 duplos e 4 simples), uma sala de estar c/ copa, a área de higiene (banho
assistido), a rouparia, a área de sujos (despejo de roupa suja/líquidos) e uma ligação de
serviço ao piso térreo.
À direita do pátio central, estará localizada a recepção/área administrativa, o
gabinete médico/técnico/atendimento de utentes, instalação sanitária de apoio e uma
instalação sanitária acessível destinada a utentes/visitantes.
Mais à direita, acessível aos utentes e visitantes, estará localizada a sala de
estar/convívio com bar de apoio e um mezzanino, a sala de actividades/biblioteca e as
instalações sanitárias colectivas de apoio a este piso.
Ainda mais à direita, servido por um acesso reservado, estará localizado um segundo
núcleo de quartos da área de alojamento - Lar, composto por 3 quartos (1 duplo e 2
simples), uma sala de estar c/ copa, e a rouparia.
O acesso principal (funcional) ao edifício é realizado à cota do piso superior, pois a
este se acede, através de uma rampa (em conformidade com o DL. 163/2006), desde o
estacionamento reservado a pessoas com mobilidade condicionada, destinado a utentes e
visitantes.
O acesso secundário (cerimonial) ao edifício é realizado à cota do piso inferior, no
vão exterior do pátio central, outrora acesso principal ao Convento de Barrô
Esta secundarização do anterior acesso principal reflecte uma das principais
preocupações da intervenção, que se revelou uma das mais complexas de resolver e foi
determinante para a estruturação funcional do equipamento social, uma vez que o acesso
principal ao edifício sempre foi feito pela cota inferior, desde um exíguo caminho público,
cuja alteração de perfil não se pode equacionar neste momento e neste contexto, e ao longo
do qual não é possível criar estacionamento para utentes e visitantes.
Ainda, a relação entre o desnível existente entre as diferentes cotas dos pavimentos
do piso térreo e a área de terreno envolvente ao edifício, passível de nela se organizar o
necessário estacionamento automóvel, não permite (de forma aceitável) a execução de
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rampas que permitam o acesso de pessoas com mobilidade condicionada ao piso inferior.
Neste contexto, não restou outra alternativa que não passar a aceder-se ao edifício à
cota do piso superior.
5. DIMENSIONAMENTO
De acordo com o programa proposto, a intervenção desenvolve-se em dois pisos,
com capacidade para 58 utentes (20 em Lar, 20 em Centro de Dia e 20 em Apoio
Domiciliário), estruturada da seguinte forma:
LAR, CENTRO DE DIA E APOIO DOMICILIÁRIO
Piso térreo
. entrada secundária (cerimonial) / átrio
. áreas de circulação de utentes / deficientes
. jardim interior (poço de luz)
113,97 m2
83,32 m2
7,31 m2
. instalações sanitárias dos utentes (inclui deficientes)
22,87 m2
. ginásio
34,88 m2
. sala de refeições (inclui ligação à cozinha)
82,49 m2
. circulação de serviço (inclui acesso ao piso 1)
56,92 m2
. recolha de roupa suja
5,14 m2
. arrecadação geral
10,34 m2
. cozinha
44,45 m2
. despensa
5,49 m2
. armazém de produtos alimentares
8,46 m2
. lavandaria / tratamento de roupa
. arrecadação de produtos de limpeza
36,68 m2
4,26 m2
. área privativa dos funcionários (inclui vestiários, sanitários e estar)
44,73 m2
. gabinete da direcção
14,99
. sala de reuniões
14,61
. instalação sanitária
. área de reserva
6,68
63,97 m2
. compartimentos de lixos
4,07 m2
. casa de máquinas
4,88 m2
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Total parcial
Área Útil
670,51 m2
Área Bruta
981,55 m2
Piso superior
. entrada principal (funcional) / distribuição
59,87 m2
. gabinete médico / atendimento de utentes
17,24 m2
. instalação sanitária
7,20 m2
. recepção / área administrativa
17,75 m2
. instalação sanitária de utentes / visitantes (acessível)
3,47 m2
. circulação de utentes
39,29 m2
. instalações sanitárias dos utentes (inclui deficientes)
24,38 m2
. sala de estar / convívio (inclui bar)
63,25 m2
. sala de actividades / biblioteca
28,28 m2
. circulações na área de alojamento (reservadas)
110,04 m2
. quartos duplos (20,35 + 20,94 + (5 x 21,31))
147,84 m2
. quartos simples ((2 x 14,13) + (4 x 14,34))
85,62 m2
. instalações sanitárias privativas ((3 x 6,09) + 10,15 + (9 x 6,12))
83,50 m2
. salas de estar c/ copa (12,64 + 32,04)
44,68 m2
. rouparias (2,72 + 3,81)
6,53 m2
. área de higiene (banho assistido)
10,36 m2
. área de sujos (despejo de roupa suja / líquidos)
5,82 m2
. circulação de serviço
9,60 m2
. arrumos
3,10 m2
Total parcial
Área Útil
Área Bruta
Área total da intervenção
767,82 m2
1103,60 m2
Área Útil
1438,33 m2
Área Bruta
2085,15 m2
Área de Implantação
1256,90 m2
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ARRANJOS EXTERIORES
. acesso do exterior e circulação automóvel (inclui estacionamentos)
387,34 m2
. rampas, passeios, percursos e escadarias
211,03 m2
. pátio de serviço
20,05 m2
. espelho de água
25,58 m2
. área ajardinada
351,90 m2
Área total dos arranjos exteriores
995,90 m2
Total parcial por tipo de revestimento / acabamento
. cubo de granito
474,27 m2
. lajeado de granito (inclui patamares das escadarias)
36,85 m2
. degraus em granito
61,00 ml
. betonilha escovado
89,52 m2
. tanque em betão armado
25,58 m2
. área ajardinada
351,90 m2
O técnico,
Jorge Topa (arq.)
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