ParaOnde!?,Volume6,Nú mero2,p.1­10,jul./dez.2012 InstitutodeGeociê ncias,ProgramadePó s­Graduaçã oemGeografia,UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul, PortoAlegre,RS,Brasil. ISSN1982­0003 Porumageografiadamúsica:umpanoramamundialevinteanosdepesquisasnoBrasil LucasManassiPanitz MestreemGeografia.DoutorandonoProgramadePó s­graduaçã oemGeografia.UniversidadeFederaldoRioGrandedoSulet Université Bordeaux3.E­mail:[email protected] Recebidoem04/2012.Aceitoparapublicaçã oem12/2012. Versã oonlinepublicadaem01/02/2013(http://seer.ufrgs.br/paraonde) Resumo-Ageografiadamú sica,apesardequaseumsé culodeexistê nciaoficial,só recentementetê m tidoadevidaatençã odosgeó grafosinteressadosnoestudodaculturaedasmanifestaçõ esartıśticasem suadimensã oespacial.Aquantidadedemateriaisdisponıv́eisemformatodigitalatualmentepermite umbomreconhecimentodestecampodeestudoemgeografia,eindicaEstadosUnidos,Inglaterrae Françacomocentrosdediscussã oavançada,alé mdoBrasilcomopotencialâ mbitoibero­americano, porsuaconsiderá velproduçã oacadê mica.Nestesentido,é apresentadoumpanoramamundialnos estudosdeGeografiaemú sica,eumbalançodosvinteanosdepesquisadaGeografiabrasileira. Palavras-chave:Geografia.Mú sica.GeografiadaMú sica.GeografiaBrasileira. Introdução A mú sica há algum tempo vem despertando um crescente interesse na Geografia, embora ainda incompará velaoutrasciê nciashumanascomoaAntro­ pologia,aSociologiaeosEstudosCulturais.Contudo,há de ressaltar que a gê nese do interesse das ciê ncias humanaspelamú sicaremete,justamente,à gê neseda Geografiamoderna,daEtnologiaedaArqueologia.A Geografia da mú sica, apesar de quase um sé culo de existê ncia oficial, só recentemente tê m tido a devida atençã odosgeó grafosinteressadosnoestudodacultu­ raedasmanifestaçõ esartıśticasemsuadimensã oespa­ cial.Aquantidadedemateriaisdisponıv́eisemformato digital atualmente permite um bom reconhecimento destecampodeestudoemgeografia,eindicaEstados Unidos,InglaterraeFrançacomocentrosdediscussã o avançada.Noâ mbitoibero­americanoverifica­sesua poucadifusã o,comexceçã odoBrasil,ondeseencontra umconsiderá velnú merodetesesedissertaçõ espro­ duzidasnosú ltimosvinteanos,alé mdeartigosetradu­ çõ es de artigos seminais na temá tica. Neste sentido, será apresentadoumpanoramaglobaldestesestudos, eumaapresentaçã odestesvinteanosdepesquisano Brasil,marcadospeladiversidadedeabordagensepela valorizaçã odaculturabrasileira. Asraízesdadiscussão Aocontrá riodoquesepossaimaginar,quan­ dotratamosdemanifestaçõ esculturaiseespaçogeo­ grá fico,ointeressegeográ ficopelamú sicanã oaparece nogiroculturaldosanos1980,quandodecorridasas reorientaçõ esteó ricasnasciê nciassociais,emespecial nos paıśes anglo­saxõ es. As primeiras consideraçõ es que ligam a Geografia moderna à expressã o musical podemseratribuıd ́ asà FriedrichRatzeleseudiscıp ́ ulo Leo Frobenius, etnó logo e arqueó logo africanista. ComoobservaReynoso(2006),Ratzelinfluencioudeci­ didamenteaEscolaHistó ricoCulturalalemã eaustrıá­ ca,sendoFrobeniusoprincipalpesquisadorquelevou adianteasteoriasdogeó grafoalemã o.Atentoaosindı­́ ciosmateriaisdacultura,Ratzelobservousimilarida­ desentreosarcosdaAfricaOcidentaledaMelané sia, suascaracterıśticasmorfoló gicas,bemcomoasformas dasflechasusadasjuntocomoarco.Frobeniuslevoua pesquisaadianteerelacionousimilaridadesentreos tamboreseoutrosinstrumentosmusicais,queolevoua desenvolveranoçã odeCıŕculosCulturais(Kulturkreis) junto aos etnologistas austrıácos Fritz Graebner e Wilhelm Schimidt, inspirados em Ratzel. Partindo dessanoçã o,apartirdoestudodadistribuiçã oespacial deinstrumentosmusicais,entreoutrosprocedimen­ tos, Frobenius estabeleceu regionalizaçõ es na Africa queremetemaosciclosdedifusã odeetnias,propondo, por exemplo, a seguinte divisã o: Negra, Melané sio­ Negra, Indo­Negra e Semı́tico­Negra (MERRIAM, 1983).Estabelecendoá reasculturaisapartirdeuma espacialidadedosinstrumentosmusicaisnaAfrica, LeoFrobeniuspodeserconsideradooprimeirosis­ -1- tematizador do estudo entre espaço geográ fico e mú sica, que irá influenciar toda uma geraçã o de etnó logosemusicologistas.Dessaforma,nabusca deumagê nesedointeressedaGeografiamoderna pelamú sica,até opresentemomentoencontramos emRatzeloprincıp ́ ioinspiradordessadiscussã o, bemcomoemFrobeniusodesenvolvimentoteó ri­ coeempıŕicodamesma. Ebomlembrarqueanoçã odeKulturkreis postulavaquecertonú merodeciclosculturaisse desenvolviaemtodoomundo,emdistintosluga­ res,emdistintasé pocashistó ricasesedifundiam no espaço, dando origem a novas culturas; essas proposiçõ es basearam­se em princıp ́ ios difusio­ nistas,queinfluenciaramdiretamenteaAntropo­ logia e a Geografia Cultural norte­americanas, a partirdaUniversidadedeBerkeley.CarlSauer,filho de imigrantes germâ nicos radicados nos Estados Unidos,foiofundadordaGeografiaCulturalameri­ cana, també m chamada de Escola de Berkeley. Sauerfoiprofundamenteinfluenciadopelasteori­ asdifusionistasdeRatzel,utilizando­sedanoçã o de Area Cultural de seu colega, o antropó logo AlfredKroeber(este,discıp ́ ulodoprussianoFranz Boas,aquemsedeveacriaçã odanoçã odeArea Cultural,eresponsá velporlevaraosEstadosUni­ dosumaversã orenovadadaKulturkreis).CarlSau­ er,profundoleitordaobradeRatzel,herdaointe­ resse pelos estudos de difusã o e, sobretudo pela noçã odeAreaCultural,deBoaseKroeber,ampla­ mente relacionada com os postulados de Ratzel. Vendoassim,nã oseestranhaqueointeressegeo­ grá ficopelamú sicatenhasedadojustamentecom osdiscıp ́ ulosdeSauer,eque,comoveremosadian­ te,sejamosEstadosUnidoseoCanadá aquelesque desenvolvematé hojeboapartedaspublicaçõ esna á rea. Poré m, tal interesse nã o foi exclusividade dospaıśesgermâ nicosedosEstadosUnidos.Nas duas primeiras dé cadas do sé culo XX, na França, sã o desenvolvidas reflexõ es acerca de uma “Geo­ grafiamusical”comodisciplinapró pria.Nessesen­ tido o etnó logo, arqueó logo e geó grafo francê s GeorgesdeGironcourtpropõ eessenovocampode estudosparaageografianosAnnalesdeGéographie daAssociaçã oFrancesadeGeografia(GIRONCOURT, 1927),tendorealizadodiversosestudosnaTunı­́ sia,JavaeCamboja.Comaintençã odeestabelecer um novo campo de estudo na Geografia, o autor afirma que “pode­se admitir que o repertó rio de sonselesmesmosedesuasassociaçõ esemcombi­ naçõ es musicais foram até agora negligenciados pelosgeó grafos.”(ibidem,p.292).Segundooautor, aGeografiamusicaldeveriasedebruçarsobreas formas musicais atravé s do espaço e do tempo, permitindo analisar a fixaçã o e a mobilidade de sociedades e civilizaçõ es. A simples introduçã o, por exemplo, de certo tipo de chocalho em uma bandadejazznorte­americana,podedarinforma­ çõ esimportantessobreaorigemé tnicaegeográ fi­ cadedeterminadosgrupos,mastambé mdeinstru­ mentoseformasmusicaisquevã osetransforman­ do e se adaptando a cada sociedade em que sã o inseridos. E assim que, em trabalho posterior, Gironcourt (1939) expõ e alguns dos resultados pessoaiscoletadosaolongodedozeanosdedica­ dosaotema,desdeseuartigoseminaladvogando pelanovadisciplinageográ fica.Noreferidotexto,o autorafirmaatravé sdediversosestudosrealiza­ dospelomesmo,queé possıv́elrecomporamobili­ dadedepopulaçõ esesuasorigensatravé sdasfor­ mas musicais, pois estas formas permanecem no tempoenoespaçoaolongodahistó riahumanaou semodificamlevandoalgumascaracterıśticaspre­ té ritasparaoutroslugares:ouseja,há umcará ter defixidadeeumcará terdemobilidadedosgrupos humanososquaispodemserestudadosatravé sda mú sica. A principal diferença entre Frobenius e Gironcourté queenquantooprimeiroreconstituıá perı́odos histó ricos e pré ­histó ricos atravé s da culturamaterial,aosegundotambé minteressavam as formas nã o materializadas como os ritmos, o cantoeasdançastradicionais.Gironcourtperma­ nece desconhecido até hoje, tendo sido o novo corpoeditorialdarevistaLaGé ographieresponsá ­ velporresgataraimportâ nciadessesartigossemi­ naisquandodaorganizaçã odeumaediçã oespecial sobregeografiaemú sica.Dessaforma,considera­ sequedesdeasú ltimaspublicaçõ esdeGironcourt, ao final da dé cada de 1930, a geografia francesa permaneceudistantedotema,até quegruposde geó grafos retomaram seu interesse, e de forma maissistemá tica,dentrodeunidadesdepesquisas doCNRS­CentreNationaldelaRechercheScienti­ fique. Asgeografiasmusicaisanglófonas Nash&Carney(1996),doisdosprincipais precursoresdotemanaAmé ricadoNorte,fazem umretrospectodasú ltimastrê sdé cadasdetraba­ lhosnaá rea,nomundoangló fono.Noesforçode atribuirumaorigemà geografiadamusica,esem citarà FrobeniuseGironcourt,osautoresafirmam que -2- A pré ­histó ria da geografia da mú sica foi dominadaporetnomusicologiasefolcloris­ tas, os quais focaram nã o só nos tipos e localizaçõ es de instrumentos musicais, restringir­seaomapeamentodedifusã ode estilos musicais, ou analisar o imagé tico geográ fico nas letras de cançõ es, traba­ lhando com um restrito deliberado senso de geografia, oferecendo o â ngulo de um geó grafo fincado ao chã o, ao invé s de se perguntar o quanto uma abordagem geo­ grá fica pode reconfigurar o pró prio chã o que pisa. Ao contrá rio, nó s proce­demos com uma compreensã o que, ao injetar geografia na mú sica, poderá produzir um efeitoaná logoaqueDavidHarveyadvoga narelaçã ocomateoriasocial:“Aoinserir conceitos de espaço em qualquer teoria social, se produz um efeito de bor­ rar/confundir as proposiçõ es centrais daquelateoria”.ThePlaceofMusicapresen­ taespaçoelugarnã ocomosimpleslocais ondeamú sicaé fabricada,oudeondeeleé difundida/aoinvé sdisso,diferentesespa­ cialidadessã osugeridascomofor­madoras dosom.[…]Considerarolugardamú sica nã oé reduzi­laasualocalizaçã o,estabele­ cerumpontoexatonoespaço,maspermitir umaabordagemricaemesté ticas,culturas, economiasegeografiaspolıt́icasdalingua­ gemmusical(LEYSHONetal1998,p.4). mas també m em regiõ es musicais. Curt Sachs,eseuGeistunWerdenderMusikinstrumente (Significado e Desenvolvimento de Instrumentos Musicais) publicado em 1929[...]eoutrosprofundamenteinteres­ sadosnosaspectosespaciaisdesuaspes­ quisasetnomu­sicoló gicas(idem,p.70). Osautoresaindaavaliamquedesdeadé ca­ dade1960até 1996,maisdequarentaartigoshavi­ am sido publicados em revistas internacionais e nacionais e quase o mesmo nú mero de papers sobreotemaforamapresentadosemencontrosde geografiaeciê nciashumanas.Elesaindaatribuem aconferencia“ThePlaceofMusic”organizadopelo InstitutodeGeó grafosBritâ nicoseassessõ esespe­ ciaisdegeografiadamú sicanaAssociaçã odeGeó ­ grafosAmericanos,ambosrealizadosnaprimeira metadedadé cadade1990,comonotá veisindıćios da credibilidade da disciplina, considerada pelos mesmoscomumsubcampodageografiacultural; essacredibilidade,segundoosautores,també mfoi corroboradapelascitaçõ esdospesquisadoresda á reaematlas,enciclopé dias,bibliografias,livros­ textos de geografia humana e livros acadê micos. InfluenciadospelaGeografiaculturaldaEscolade Berkeley,osgeó grafosangló fonos(sobretudoesta­ dunidenses e cana­denses) focaram­se boa parte dotempoemdescriçã odasrepresentaçõ esespaci­ aisnascançõ es,nasaná liseslocacionaisededifu­ sã oderitmos,instrumentoseprá ticasmusicais,e naregionalizaçã odestes. Contudo,apartirdaaconferê nciaThePlace of Music em 1993, organizado pelo Instituto de Geó grafos Britâ nicos, surge uma renovaçã o dos estudos,emdireçã oaabordagensmaiscrıt́icas.De fato, a conferê ncia aparece em um momento de francarenovaçã odageografiaculturalnospaıśes delın ́ guainglesa,levadoadianteemgrandemedi­ daporpesquisadoresbritâ nicos,ejá passadomais deumadé cadadesdeoartigo“Osupra­orgâ nicona geografia cultural americana” de Duncan (1980), onde o autor faz uma crıt́ica à geografia cultural saueriana,equeé consideradoumdosmomentos maisimportantesdaviradaculturalnageografia anglo­saxã .AobraThePlaceofMusicreú neartigos de pesquisadores esta­dunidenses, canadenses e, sobretudobritâ nicos,docampodageografia,daetno­ musicologia, da histó ria, dos estudos culturais, entreoutros.Logoemsuaintroduçã o,seusorgani­ zadorestratamdeexporaperspectivadacoletâ ­ nea.Seopondoaotratamentodadopelamusicgeographydeinfluê nciasaueriana,comoGeorgeCar­ ney,PeterNash,entreoutros,osautoresafirmam: otrabalhogeográ ficosobremú sicateveaté pouco recentemente uma tendê ncia de Seguindo esta corrente de estudos é que ganhounotoriedadeageó grafasingapurenseLily Kongesuatesededoutoradosobremú sica,polıt́i­ casculturais,identidadeeglobalizaçã oemSinga­ pura.Kongfoiumadasprimeirasquesetemnotıćia quetrouxeparaodebateteó ricodageografia–já nesta fase de renovaçã o – a formulaçã o de uma aná lisegeográ ficadamú sicapopular.Kong(1995) afirma que, como interesse geográ fico, a mú sica nã ofoiexploradalargamenteeosestudospublica­ dosaté entã omantiveramumadistâ nciadasques­ tõ esteó ricasemetodoló gicasdageografiacultural renovada. Em artigos posteriores, Kong (1996, 1997)exploraaconstruçã odasidentidadeslocaise dos processos de trans­culturaçã o em Singapura atravé s da mú sica popular, expondo sua tese no sentidodeque“apesardeummundocomtendê n­ ciasglobalizantes,asfronteirasnã oestã ointeira­ menteapagadas.Defato[...]ondeocruzamentode forçasglobaisé maisforte,aafirmaçã odolocalé maior,conco­mitantemente”(1997,p.10). Analisando atualmente alguns dos princi­ paisperió dicosdegeografiadomundoangló fono,é possıv́elvisualizarumfé rtilpanoramadosestudos damú sicaemgeografia,combomnú merodegeó ­ grafostrabalhandonessaperspectiva–emmuitos dos casos relacionados com a agenda que Kong propusera–taiscomoAnderson,Morton&Revill (2005),Connel&Gibson(2004),Finn(2009),Flo­ rida&Jackson(2009),Gibson(1998,2009),Hogan (2007), Hudson (2006), Jazeel (2005), Kearney (2008), Kingsburry (2008), Kruse (2004), Revill -3- (2000,2005),Saldanha(2005),entreoutros.Em geralnessestrabalhos,eseguindoatendê nciada geografiaculturalanglo­saxô nica,obinô mio“spaceandplace”continuasendoomaisutilizadopara osestudosqueenvolvemgeografiaemú sica.Nota­ seigualmenteforteinfluê nciadosestudoscultura­ isnaformulaçã oteó ricadostrabalhos. Aperspectivafrancesaeofoconoterritório Seosartigospioneirosdotemasã oatribuı­́ dosaGironcourt,ospró ximostextosencontrados queretomamadiscussã o­já compropostasreno­ vadas­datamdadé cadade1990.Nessesentido, vemosemLé vy(1994,1999)umaretomadacom interessantesobservaçõ esteó ricasefilosó ficasao tema.Emseuartigo,Lé vyusaopanoramamusical eruditoeuropeuparacontextualizarseusdistintos desenvolvimentos,seuscondicionantespolıt́icose culturaiseasdifusõ esdeinovaçã omusicalporseu territó rio. Analisando os processos sociais­ polıt́icos­econô micosquecontribuıŕamparauma cenadevanguardamusicalnaVienadosinıćiosdo sé c.XX,caracterizadapelaatonalidade,Levyafir­ maqueaquestã odaidentidadedeumterritó rioe desuasmanifestaçõ esartıśticastemavercomo cruzamentodedistintasespacialidades­ interfa­ ces complexas entre redes, territó rios e regiõ es. Romagnan(2009),porsuavez,advogapelamú sica comoumnovocampodeestudosparaageografia. O autor nã o remonta o interesse até à é poca de Gironcourt,massimaosartigosseminaisdeLé vye Lechaume (1997), à abordagem cultural de Paul ClavaleJean­PierreAugustin,edefendeodiá logo daciê nciageográ ficacomasociologiadamú sicaea etnomusicologia. Romagnan introduz alguns aspectosimportantesdamú sicacomoumaativida­ dedegrandeimportâ nciaculturalesocial,explicaa contribuiçã o de soció logos, antropó logos e etno­ musicó logos,einsereaidé iadaatividademusical como um geo-indicador do territó rio ao abordar temas como polı́tica cultural, mú sica e espaço pú blico,sistemasdeproduçã odessaatividade,uso doslugaresdeprá ticasmusicaiseseussignifica­ dos,entreoutrostemas. OutrosautorescomoCalenge(2002,sobre geografiaeconô micadaculturaeredesdaindú s­ triacultural),Lamantia(2002,tratandodosefeitos territorializantesdasmú sicasdeambiente,como supermercadoselojas),Goré (2004,sobreacons­ truçã oterritorialeidentitá riaapartirdamú sicae dançatradicionais),reforçamaabordagemterrito­ rialdageografiafrancesaatualnosestudossobrea mú sica. Na sistematizaçã o desse campo de estu­ dos,temosGuiu(2006)eRaibaud(2008)comoos principaisarticuladoresdeorganizaçã odeperió ­ dicos, coló quios e coletâ neas de artigos. Raibaud afirmaque“amú sicaaparececomoumarealidade cognitivapossıv́elparacompreenderoespaçodas sociedades,inclusivecomoumprincıp ́ iodeorgani­ zaçã o territorial” (idem, p.2). Para este autor, a mú sica “borra os mapas: sua fluidez se adapta à organizaçã o em redes, conexõ es, ramificaçõ es (Amselle,2001),amú sicasemultiplicacomastec­ nologias da informaçã o e da comunicaçã o” (ibi­ dem). Dessaforma,verifica­sequemuitoembora ointeressedageografiafrancesapelamú sicaseja recente,ostrabalhoscontemporâ neosmostram­se bem organizados e tê m no territó rio, em suas diversasabordagens,asuaprincipalcategoriade aná lisegeográ fica. GeografiaemúsicanoBrasil:vinteanosdepesquisasepluralidadedeinteresses Aocompletarvinteanosdepesquisasobre mú sicanaGeografiabrasileira,iniciadocomadis­ sertaçã odeMello(1991),é possıv́elfazerumbreve balanço.Emboranã osejamnumerosas,aspesqui­ sasrealizadasdemonstramumaheterogeneidade deabordagens,usandoamú sicaparatrabalhosde cará terhumanistaeabordagensculturaisrenova­ das,enfoquesdageografiasocial,oucomoferra­ mentaparaoensino.Emtermosconceituais,tam­ bé m, encontramos diversidade nas abordagens, orafocando­senapaisagem,oranoespaçogeográ ­ fico,oranaregiã o,oranoterritó rio.Serã oexpostos nesta seçã o os trabalhos contidos no banco de tesesedissertaçõ esdaCAPES,eartigosemperió ­ dicosecoletâ neasdeGeografia. Considera­sequeJoã oBaptistaFerreirade Mellotenhasidooprecursordotemanageografia brasileira,comsuadissertaçã odefendidanaUFRJ em 1991. E a partir de autores como David Sea­ mons,DavidLey,AntoineBaillyeDouglasPocock, queMelloseinspiraparainterpretaracidadedo RiodeJaneirosobaó ticadeseuscompositores,no perıo ́ dode1928à 1991,trabalhandonaperspecti­ vadacançã ocomouma“literaturamusicada”.Mas será somente apó s uma dé cada do trabalho de Melloqueamú sicapassará aseruminteressecons­ tanteecrescentenaGeografiabrasileira.Apartir dadé cadade2000,ecommaiorprojeçã oapó sa segundametadedamesma,seobservaumainten­ sificaçã odamú sicacomoobjetodeestudogeográ ­ fico. Nesse sentido serã o mostradas possıv ́ eis linhasdeabordagemedeinteressetemá tico. Desde o trabalho percursor de Mello (1991), o interesse pela mú sica surge atrelado à -4- geografia humanı́ s tica. Em sua tese (MELLO, 2000),oautortratadosmundosvividosdacantora Marlene,apoiadonasfilosofiasdosignificado(fe­ nomenologia, existencialismo, hermenê utica) em direçã oaumageografiadoindivıd ́ uo.Importante ressaltar que o mesmo passa posteriormente a orientar trabalhos sobre mú sica (Quadro 1), seguindoosinteressesqueinauguraraemsuadis­ sertaçã o:amú sicapopularbrasileira(emespecial osamba)eoRiodeJaneiro.Assim,trabalhoscomo os de Guimarã es (2007), Santos (2009), Pizotti (2010) e Anjos (2011) reafirmam a tradiçã o da Geografiahumanıśtica,bemcomoRibeiro(2006). Nestaabordagemtemosoespaçovivido,geografi­ cidadeeolugarcomoconceitoscentraisdeaná lise. Pelofatodequeestacorrentedepensamentogeo­ grá fico desenvolveu tradicionalmente diversos estudosdeobrasliterá rias,nota­seumfoconotra­ tamentodossignificadosconstruıd ́ osatravé sdas letrasdascançõ es. Visualizam­seoeixodasgeografiassocial eculturalcomumapluralidadedeabordagens.Na presenteinterpretaçã ochama­seGeografiaCultu­ Quadro1.TrabalhosdefendidosnosPPG'semGeografia(Elaboraçã o:LucasPanitz). -5- raleSocialumgrandefilã odeinteressesetrata­ mentosteó ricosmaisoumenosaproximados,que visualizam a mú sica como um elemento que envolve produçã o do espaço, uso do territó rio, criaçã odeidentidades,territorialidades,regiona­ lidadeserepresentaçõ esdoespaço.Nesta,vemos interpretaçõ esoramaisligadasà sgeografiascrıt́i­ cas,oraemdireçã oà geografiaculturalrenovada debasefrancesaeanglo­saxã ,ouaindaumacom­ binaçã odeambas.Osinteressesparticularessã o heterogê neos, poré m concentram­se sobretudo noestudodosambaedocarnaval(FERNANDES, N., 2001; FERREIRA, 2002; MATOS, 2005; FRANGIOTTI,2007;BELO,2008;DOZENA,2009, XAVIER, C., 2010), do hip hop (LAITANO, 2001; XAVIER,D.,2005;OLIVEIRA,2006;RODRIGUES, 2005)emú sicaerudita(CASTRO,2009a;SOUZA, 2011).Alé mdisso,sevisualizatrabalhossobrea mú sicadonordeste–forró ,maracatu,movimento manguebit – (FERNANDES, G., 2001; SANTANA, 2006; PICCHI, 2011), mú sica eletrô nica (CAMARGO,2008;COSTA,2011),alé mdamú sica popularemumcontextomaisgeral,comoacena musicalpaulistanaemAlmeida(2002),ofandan­ goemTorres(2009),eamú sicapopulartrans­ fronteiriçaentreBrasil,ArgentinaeUruguai,em Panitz(2010) Uma terceira abordagem, em Correia (2009)eMachado(2012),indicaarelaçã oentrea mú sicaeoensinodeGeografia.Nessaabordagem, que nã o exclui aproximaçõ es humanistas ou da GeografiaSocialeCultural,ofocoé ousodamú si­ caparaconstruirconceitosgeográ ficosemsalade aula. AnalisandooGrá fico1,é possıv́elverque 80%dostrabalhosconcentram­seemtrê sá reas deinteresse:oSambaeoCarnaval,aMú sicaPopu­ lar Brasileira em suas diversas manifestaçõ es, e finalmente o rap e o movimento hip hop. Como assuntosaindaperifé ricostê m­seamú sicaerudi­ ta,amú sicaeletrô nicaeasfestasrave,eamú sica transfronteiriça. Nota­se, també m, que 75% da produçã oacadê micanaá reaprovemdasregiõ es sulesudestedopaıś–estaú ltimacomdoisterços daproduçã ototaldostrabalhos.Epossıv́elenten­ derqueaprimaziadostrabalhosemsamba,car­ navalehiphopestã oatreladosaessarelaçã o(ver Grá fico2). Grá fico1.Distribuiçã odostrabalhosempercentuale nú merosabsolutos(Elaboraçã o:LucasPanitz). Grá fico2.Distribuiçã odostrabalhosporUniversida­ de(Elaboraçã o:LucasPanitz). E possıv́el ainda citar produçõ es biblio­ grá ficas em perió dicos, livros e coletâ neas de Geografia. Encontramos em Mesquita (1994, 1997) algumas das primeiras publicaçõ es no Brasil,advogandoporumaGeografiadamú sica socialnosterritó riosfronteiriçosdoPrata.Cam­ pos(2006),porsuavez,ofereceopotencialda mú sicapopularparaaaná lisegeográ ficanoensi­ nofundamentalemé dio,noquetocaasquestõ es doambienteedaculturanordestinadosemiá ri­ do. Ainda voltados ao ensino, Correia e Kozel (2009)voltam­separaumageografiafenomeno­ ló gicaedasrepresentaçõ essociais,paradiscutir as ressignificaçõ es dos conteú dos geográ ficos pormeiodamú sica.Evangelistatrataemrecente livroasdistintas“ambiê nciasespaciais”dosam­ ba, da bossa­nova, do rock e do funk. Cardoso (2009),porsuavez,realizouumaaná lisedageo­ grafiaurbanadeSã oPauloatravé sdascançõ esdo compositorItamarAssumpçã o.Guimarã espropõ e reflexõ es teó ricas sobre a relaçã o entre a escala -6- musicaleaescalageográ ficacombaseemconside­ raçõ esmusicoló gicasdopesquisadorecompositor José MiguelWisnikeasconcepçõ esdeescalageo­ grá fica do geó grafo Roger Brunet. Em Castro (2009b), por fim, reconhecemos um esforço em remontar o interesse geográ fico pela mú sica, sobretudoapartirdaGeografiaanglo­saxã . temoferecido,semdú vidas,novosolharesparaas relaçõ esentreespaçoecultura. Referências ANDERSON, Ben; MORTON, Frances; REVILL, George. Practices of music and sound. Social & Cultural Geo­ graphy, v. 6, n. 5, 2005, 639­644. <http: //tinyurl­ .com/436e5nu>.[20dejulhode2011]. ANJOS,MelissaSouza.Lugaresepersonagensdouniver­ so Buarqueano. Dissertaçã o de mestrado dirigida por Joã oBaptistaFerreiradeMello.RiodeJaneiro:Universi­ dadeEstadualdoRiodeJaneiro,2011. GeografiaemúsicanoBrasil:algumasconsiderações Vimos que nos paı́ses anglo­saxõ es, por exemplo, há dois momentos distintos: a aborda­ gemdifusionistadaescolasauerianaearenovaçã o crıt́ica,inspiradanosestudosculturais.NaFrança manté m­seumpontodevistaterritorial:amú sica naconstruçã oenaafirmaçã odaidentidadeterrito­ rial,aproduçã odepolıt́icasterritoriaisvoltaspara amú sica,asterritorializaçõ esefê merasdosfesti­ vais,entreoutros.NoBrasil,contudo,nota­seuma diversidadedeabordagens,interessesetratamen­ tosmetodoló gicos.Estastê mvalorizadosignifica­ tivamentenosú ltimosvinteanosumaparteconsi­ derá veldadiversidademusicaldopaıśesuasrela­ çõ es com as identidades regionais e nacionais, a construçã odeterritorialidadesedediscursosgeo­ grá ficos, e as transformaçõ es do espaço urbano. Paratantosevisualizamaomenostrê sabordagens (aindaqueestaenumeraçã osejaapenasexpositi­ va,poisnaprá ticahá nuancesentreasmesmas). Emumprimeiromomentotemosabordagenscal­ cadasnasfilosofiasdosignificado(fenomenologia, hermenê utica,existencialismoeoutros)atravé sda GeografiaHumanıśtica–estautilizoulargamentea letradacançã ocomofontedesuaspesquisas.Tam­ bé m,abordagensemGeografiaSocialeCulturalas quaismanté matradiçã ocrıt́icadaGeografiabrasi­ leira nas ú ltimas dé cadas, utilizando referenciais teó ricosdasociologia,antropologia,histó riacultu­ raleestudosculturais­nestasutiliza­senã osó as letrasdascançõ es,comotambé maperspectivado som, as espacialidades da atividade musical e os discursos dos atores produtores da mú sica. Por fim,asabordagensvoltadasaoensinoemGeogra­ fia, produzindo compreensõ es para a construçã o deconceitosgeográ ficos. E importante ressaltar o reconhecimento porpartedaGeografiabrasileira,considerandoo papel da mú sica (seja ela popular, eletrô nica ou erudita)paraaproduçã odoespaçogeográ ficoem suasmaisdiversasformas.Nessesentido,adiversi­ dade de interesses apresentada e a indiscutıv́el riqueza musical do paıś, fazem deste campo de estudo um lugar fecundo para explorar o espaço geográ ficoemsuasmaisdiversasabordagensejá BELO,VanirdeLima.OenrododoCarnavalnosenredos dacidade:dinâ micaterritorialdasescolasdesambaem Sã oPaulo.Dissertaçã odemestradodirigidaporMarıá Mó nicaArroyo.Sã oPaulo:UniversidadedeSã oPaulo, 2008. CALENGE, Pierre. Les territoires de l'innovation: les ré seauxdel'industriedelamusiqueenrecomposition Territories of innovation: the transformation of the musicindustrynetworks.Gé ographie,Economie,Socié ­ t é , C a c h a n , v . 4 , 2 0 0 2 , 3 7 ­ 5 6 . <http://tinyurl.com/3k4e8aq>.[20dejulhode2011]. CAMARGO,A.Festas.Rave:umaabordagemdaGeogra­ fia Psicoló gica na identificaçã o de Territó rios Autô no­ mos. Dissertaçã o de Mestrado dirigida por Marinete Covezzi.Cuiabá :UniversidadeFederaldoMatoGrosso, 2008. <http:// tinyurl.com/3kr5tu3>. [20 de julho de 2011]. CAMPOS, Rui Ribeiro de. A Geografia da Semi­Aridez NordestinaeaMPB.RevistaSociedade&Natureza,Uber­ lâ ndia,18(35),2006,169­209. CARDOSO,Eduardo.Schiavone.Ametró polenalinhado baixo:ItamarAssumpçã oeageografiadacidadedeSã o Paulo.EspaçoeCultura25,2009,31­40. CASTRO,Daniel.Geografiaemú sica:aduplafacedeuma relaçã o.EspaçoeCultura26,p.7­18,Jul/Dez,2009b. CASTRO,Daniel.HeitorVilla­Lobos:aespacialidadena alma brasileira. Dissertaçã o de mestrado dirigida por Roberto Lobato Correa. Rio de Janeiro: Universidade FederaldoRiodeJaneiro,2009a. CONNELL,John.GIBSON,Chris.Worldmusic:deterrito­ rializing place and identity. Progress in Human Geo­ graphy 28, 2004, 342. <http:// tinyurl.com/428jj9o>. [20dejulhode2011]. CORREIA, Marcos Alberto. KOZEL, Salete. Representa­ çã oeEnsino:Ressignificaçã odeconteú dosgeográ ficos p o r m e i o d a m ú s i c a . D i s p o n ı́ v e l e m : <http://tiny.cc/srkid>.[20denovembrode2009] CORREIA, Marcos Alberto. Representaçã o e ensino, a mú sica nas aulas de geografia: razã o e emoçã o nas representaçõ es geográ ficas. Dissertaçã o de Mestrado dirigidaporSaleteKozel.Curitiba:UniversidadeFederal do Paraná , 2009. 116p. <http://tinyurl.com/3e8ltoz>. [20dejulhode2011]. COSTA, Juliana Cunha. Segregaçã o espacial e mú sica eletrô nica:acenaculturaldeSalvadoreCamaçar.Dis­ sertaçã o de Mestrado dirigida por Maria Auxiliadora. Salvador:UniversidadeFederaldaBahia,2010.89p. -7- DOZENA,Alexandro.AsTerritorialidadesdoSambana Cidade de Sã o Paulo. Tese de Doutorado dirigida por FranciscoCapuanoScarlato.Sã oPaulo:Universidadede Sã oPaulo,2009.266p.<http://tinyurl.com/3jyswyy>. [20dejulhode2011]. DUNCAN,James.ThesuperorganicinAmericancultural geography.AnnalsoftheAssociationofAmericanGeo­ graphers1980,181­198. EVANGELISTA,Hé lioAraú jo.RiodeJaneiroeamú sica. Umareflexã osobreadecadê ncia,acariocaeadapró ­ priamú sica.RiodeJaneiro:Armazé mDigital,2005. FERNANDES, Glauco Vieira. “Reterritorializaçã o” Da CulturaSertanejaEmLuizGonzaga.CadernosdeCultu­ ra e Ciê ncia, v. 3, n. 1, 2009. <http:// tinyurl­ .com/3srvs9n>.[20dejulhode2011]. FERNANDES, Nelson da Nó brega. Escolas de samba: sujeitoscelebranteseobjetoscelebrados.RiodeJanei­ r o : S e c r e t a r i a d a s C u l t u r a s , 2 0 0 1 . < http://tinyurl.com/3fzh4az>.[20dejulhode2011]. FERREIRA, Luiz Felipe. O lugar do carnaval: espaço e podernafestacarnavalescadoRiodeJaneiro,Parise Nice(1850­1930).TesededoutoradodirigidaporScott WilliamHoefle.RiodeJaneiro:UniversidadeFederaldo RiodeJaneiro,2002. FINN,John.Contestingculture:acasestudyofcommodi­ fication in Cuban music. GeoJournal, v. 74, n. 3, 2009,191­200. <http://tinyurl.com/3gxuqph>. [20 de julhode2011]. FLORIDA,Richard.JACKSON,Scott.Soniccity:theevol­ vingeconomicgeographyofthemusicindustry.Journal ofPlanningEducationandResearch29,2010,310­321. <http://tinyurl.com/4xkqyzg>.[20dejulhode2011]. FRANGIOTTI,Nanci.Oespaçodocarnavalnaperiferia dacidadedeSã oPaulo.Dissertaçã odemestradodirigi­ daporGló riadaAnunciaçã oAlves.Sã oPaulo:Universi­ dadedeSã oPaulo,2007. GUIMARAES,RaulBorges.EscalaGeográ ficaePartitura Musical: Consideraçõ es Acerca do Sistema Modal e Tonal.In:CORREA,R.L.;ROSENDAHL,Z.Espaçoecultu­ ra:Pluralidadetematica.EdUERJ,2008. GUIU, Claire (dir.). Gé ographies et musiques : quelles perspectives?Gé ographieetCultures59,2006. HOGAN, Ellen. 'Enigmatic territories': geographies of popular music. Critical Public Geographies Working Paper,DepartmentofAppliedSocialStudies,University CollegeCork,2007.<http://tinyurl.com/3dsoysk>.[20 dejulhode2011]. HUDSON,Ray.Makingmusicwork?Alternativeregene­ rationstrategiesinadeindustrializedlocality:thecase ofDerwentside.TransactionsoftheInstituteofBritish G e o g r a p h e r s , v. 2 0 , n . 4 , 1 9 9 5 , . 4 6 0 ­ 4 7 3 . <http://tinyurl.com/42j4m4u>.[20dejulhode2011]. JAZEEL,Tariq.Theworldissound?Geography,musico­ logy and British­Asian soundscapes. Area, v. 37, n. 3, 2005,233­241.<http://tinyurl.com/43qfuhm>.[20de julhode2011]. KEARNEY,Daithı.́CrossingtheRiver:ExploringtheGeo­ graphyofIrishTraditionalMusic.JournaloftheSociety for Musicology in Ireland 3, 2008, 127­139. <http://tinyurl.com/3g45y8g>.[20dejulhode2011]. KINGSBURY, Aaron. Music in the Fields: Constructing NarrativesoftheLate19thCenturyHawaiianPlantati­ onCulturalLandscape.YearbookoftheAssociationof Pacific Coast Geographers 70, 2008, 45­58. < http://tinyurl.com/3uhmdww>.[20dejulhode2011]. KONG,Lily.Making“musicatthemargins"?Asocialand culturalanalysisofXinyaoinSingapore.AsianStudies R e v i e w 1 9 , 1 9 9 6 , 9 9 ­ 1 2 4 . < http://tinyurl.com/3r35bw4>.[20dejulhode2011]. KONG,Lily.Popularmusicinatransnationalworld:the constructionoflocalidentitiesinSingapore.AsiaPacific V i e w p o i n t 3 8 , 1 9 9 7 , 1 9 ­ 3 6 . < http://tinyurl.com/4x4s2b4>.[20dejulhode2011]. GIBSON,Chris.“Wesingourhome,Wedanceourland”: indigenousself­determinationandcontemporarygeo­ politicsinAustralianpopularmusic.Environmentand P l a n n i n g D 1 6 , 1 9 9 8 , 1 6 3 ­ 1 8 4 . <http://tinyurl.com/3mumxfp>.[20dejulhode2011]. KONG, Lily. Popular music in geographical analyses. Progress in Human Geography 19, 1995, 183­183. < h t t p : / / p r o f i l e . n u s . e d u . s g / f a s s / g e o­ kongl/pihg19.pdf>.[20dejulhode2011]. GIBSON, Chris. Place and Music: performing'the regi­ on'ontheNewSouthWalesFarNorthCoast.Transfor­ m i n g C u l t u r e s e J o u r n a l 4 , 2 0 0 9 . <http://tinyurl.com/3dou7eq>.[20dejulhode2011]. KRUSE,Robert.TheGeographyoftheBeatles:Approa­ ching Concepts of Human Geography. Journal of Geo­ g r a p h y , v . 1 0 3 , n . 1 , p . 2 ­ 7 , 2 0 0 4 . <http://tinyurl.com/3pbn34g>.[20dejulhode2011]. GIRONCOURT, Georges. La gé ographie musicale. La Gé ographie XLVIII, 1927, 292­302. <http: //tinyurl­ .com/3e8shrk>.[20dejulhode2011]. LAMANTIA, Fré dé ric. Les effets" territorialisants" des sons, reflets de la socié té en ses lieux et de ses é tats d ' â m e . G é o c a r r e f o u r 7 8 / 2 , 2 0 0 3 , 1 7 3 ­ 1 7 5 . <http://tinyurl.com/43uweek>.[20dejulhode2011]. GIRONCOURT,Georges.RechercesdeGé ographiemusi­ caledansleSudTunisien.LaGé ographie,v.LXXL,n.6, 1939,65­74. GORE, Olivier. L'inscription territoriale de la musique traditionnelleenBretagne.Thè sededoctoratdirigé par JeanPihan.Rennes:Université deRennes,2004.421p. <http://tinyurl.com/3cl4fux>.[20dejulhode2011]. LECHAUME,Aline.Chanterlepays:surlescheminsdela chanson qué bé coise contemporaine. Gé ographie et Cultures,n.21,1997,45­58. LEROUX, Xavier. Pour une Gé ographie de la musique traditionelle dans le nord de la France. Bulletin de la Socié té gé ographique de Liè ge 49, 2007, 59­65. < http://tinyurl.com/3covpca>.[20dejulhode2011]. GUIMARAES,AnaCarolinaViana.Alegorias,requebros, memó riaeconstruçã odoslugaresdocarnavalcarioca. LEVY, Jacques. Espace, contrepoints–Des gé ographies Dissertaçã odemestradodirigidaporJoã oBaptistaFer­ musicales.Espaces–Lescahiersdel'IRCAM/Recherche reiradeMello.RiodeJaneiro:UniversidadeEstadualdo etmusique,1994,145­166. RiodeJaneiro,2007. LEVY,Jacques.Letournantgé ographique.Paris:Belin, -8- 1999. LEYSHON, Andrew. MATLESS, David. REVILL, George. Theplaceofmusic.NewYork:GuilfordPress,1998. BaptistaFerreiradeMello.RiodeJaneiro:Universidade EstadualdoRiodeJaneiro,2010. RAIBAUD, Yves (dir). Comment la musique vient aux territoires.Bourdeaux:MSHA,2008. LIMA, Nilo. Dos territó rios dos sentidos ocupados à sintonia com o entorno – um canto para a mú sica na geografia.Dissertaçã odeMestradoemGeografiadirigi­ daporMariaAdé liaAparecidadeSouza.Sã oPaulo:Uni­ versidadedeSã oPaulo,2002. REVILL,George.Musicandthepoliticsofsound:natio­ nalism, citizenship, and auditory space. Environment a n d P l a n n i n g D 1 8 , n . 5 , 2 0 0 0 , 5 9 7 ­ 6 1 4 . <http://tinyurl.com/3k9c45x>.[20dejulhode2011]. MACHADO,CarlosGeovaniRamos.OEnsinodeGeogra­ fiaeoHipHop.Dissertaçã odemestradodirigidapor Antô nioCarlosCastrogiovanni.PortoAlegre:Universi­ dadeFederaldoRioGrandedoSul,2012. REVILL,George..Vernacularcultureandtheplaceoffolk music.SocialandCulturalGeography6,n.5,2005.693­ 706. <http://tinyurl.com/3bcvhhq>. [20 de julho de 2011]. MELLO,Joã oBaptistaFerreira.DosEspaçosdaEscuri­ dã oaosLugaresdeExtremaLuminosidade­OUniverso daEstrelaMarlenecomoPalcoeDocumentoparaaCons­ truçã o de Conceitos Geográ ficos. Tese de doutorado dirigidaporRobertoLobatoCorrea.RiodeJaneiro:Uni­ versidadeFederaldoRiodeJaneiro,2000. REYNOSO, Carlos. Antropologıá de la mú sica: De los gé nerostribalesalaglobalizació n.VolumenI:Teorıásde lasimplicidad.BuenosAires:EditorialSb,2006. MELLO,Joã oBaptistaFerreira.ORiodeJaneirodosCom­ positores da mú sica popular brasileira –1928/1991 – umaintroduçã oà geografiahumanıśtica.Dissertaçã ode Mestrado dirigida por Roberto Lobato Correa. Rio de Janeiro:UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,1991. MERRIAM, Alan. Antropologia della musica. Palermo: Sellerio,1983. MESQUITA,Zilá .Ageografiasocialnamú sicadoPrata. EspaçoeCultura.3,1997,33­41. MESQUITA,Zilá .Apautamusicaldafronteira:umconvi­ teà Geografiacultural.In:CASTELLO.I.R.etal.Prá ticas de Integraçã o nas fronteiras: temas para o Mercosul. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1994. p.176­ 182. NASH,Peter.CARNEY,George.Theseventhemesofmusic geography. Canadian Geographer 40, 1996, 69­74. <http://tinyurl.com/3qbz5ac>.[20dejulhode2011]. OLIVEIRA,DenilsonAraú jo.TerritorialidadesnoMundo Globalizado:outrasleiturasdacidadeapartirdacultura hiphop.Dissertaçã odeMestradodirigidaporJorgeLuiz Barbosa. Niteró i: Universidade Federal Fluminense, 2006.169p. PANITZ,LucasManassi.Porumageografiadamú sica:as representaçõ esdoespaçogeográ ficonamú sicapopular platina. Dissertaçã o de Mestrado dirigida por Alvaro LuizHeidrich.PortoAlegre:UniversidadeFederaldoRio G r a n d e d o S u l , 2 0 1 0 . 2 0 0 p . <http://tinyurl.com/4ycfdmz>.[20dejulhode2011]. PANITZ,LucasManassi.Geografiaemú sica:umaintro­ duçã oaotema.Biblio3W.RevistaBibliográ ficadeGeo­ grafıáyCienciasSociales.[Enlın ́ ea].Barcelona:Univer­ sidaddeBarcelona,30demayode2012,Vol.XVII,nº 978.<http://www.ub.es/geocrit/b3w­978.htm>.[ISSN 1138­9796]. PICCHI,Bruno.DehomensecaranguejosaoCarangue­ joscomCé rebro:aregiã oculturaldoMovimentoMan­ guebiteoRecifecontemporâ neo.Dissertaçã odemes­ tradodirigidaporPauloRobertoTeixeiradeGodoy.Rio Claro:UniversidadeEstadualPaulista,2011. PIZOTTI, Alexandre Moura. Mangueira: um Simbó lico LugarForjadonoRitmodoSamboenoPassodeseus Desfilantes.Dissertaçã odemestradodirigidaporJoã o RIBEIRO,ClaudiaVial.Espaço­vivo:asvariá veisdeum espaço­vivoinvestigadasnacidadedeDiamantina,do pontodevistadosmú sicos.TesedeDoutoradodirigida por Oswaldo Bueno Amorim Filho. Belo Horizonte: PUCMG,2006.289p. RODRIGUES,GlaucoBruce.GeografiasInsurgentes:um Olhar libertá rio sobre a Produçã o do Espaço Urbano Atravé sdasPrá ticasdoMovimentoHipHop.Disserta­ çã odemestradodirigidaporMarceloLopesdeSouza. RiodeJaneiro:UniversidadeEstadualdoRiodeJaneiro, 2005. ROMAGNAN,Jean­Marie.Lamusique:unnouveauterra­ inpourlesgé ographes.Gé ographieetcultures36,2000, 107­126. ROSADAS, Michel. Nascentes e tributá rios de um Rio musical–salveEstá cio,CidadeNovaeaPraçaOnzedos bambas!EaViladeNoel“soquermostrarquefazsamba també m”. Dissertaçã o de Mestrado dirigida por Joã o BaptistaFerreiradeMello–InstitutodeGeografia,Uni­ versidadedoEstadodoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro, 2009.161p. SALDANHA,Arun.Tranceandvisibilityatdawn:racial dynamicsinGoa'sravescene.SocialandCulturalGeo­ g r a p h y , v . 6 , n . 5 , p . 7 0 7 ­ 7 2 1 , 2 0 0 5 . <http://tinyurl.com/3hpk7kp>.[20dejulhode2011]. SANTANA, Paola Verri. Maracatu : a centralidade da periferia.Dissertaçã odemestradodirigidaporAnaFani AlessandriCarlos.Sã oPaulo:UniversidadedeSã oPau­ lo,2006. SANTOS,MichelRosadas.NascenteseTributá riosdeum RioMusical–SalveEstá cio,CidadeNovaeaPraçaOnze dosBambas!AViladeNoel“...só querMostrarquefaz SambaTambé m...”.Dissertaçã odemestradodirigidapor Joã oBaptistaFerreiradeMello.RiodeJaneiro:Universi­ dadeEstadualdoRiodeJaneiro,2009. SOUZA, Fernando Lucci Resende. Composiçã o urbana, ritmosemelodiasdeumageografiadevida,Villa­Lobos o moderno compositor carioca: Na trilha dos Choros. Dissertaçã odemestradodirigidaporMarcioPiñ onde Oliveira. Niteró i : Universidade Federal Fluminense, 2011. TORRES,MarcosAlberto.ApaisagemsonoradaIlhados Valadares:percepçã oememó rianaconstruçã odoespa­ ço. Dissertaçã o de mestrado dirigida por Salete Kozel Teixeira. Curitiba : Universidade Federal do Paraná , 2009. -9- XAVIER,Clarissa.Festasemicaretas­amisturaelè trica daalegria:pelasvias,veiasculturaisemodelagemturıś­ tica.Dissertaçã odemestradodirigidopor CarlosEdu­ ardo Santos Maia. Goiâ nia: Universidade Federal de Goiá s,2010. XAVIER,DenisePrates.Repensandoaperiferiano perıo ́ do popular da histó ria: o uso do territó rio pelomovimentoHipHop.Dissertaçã odemestrado dirigidaporSamiraPedutiKahil.RioClaro:Univer­ sidadeEstadualPaulista,2005. Geographyandmusic:anintroduction Abstract-GeographyofMusic,despiteitsabsencefromthecanonofthediscipline,hasgainedsuchan importantdimensionforgeographersconcernedwithculturalstudiesandartisticexpressionsintheir spatial dimension. The increased availability of digital materials and archives allowed for the recognitionofthisfieldofstudyingeography,beingtheUnitedStates,theUnitedKingdom,Franceand Brazil (given its potential for ibero­american studies) important centers of debate and scholarly production.Thisarticleoffersanglobaloutlookandfocusesonthetwentyyearsofbrazilianscholarly production. Keywords:Geography.Music.GeographyofMusic.BrazilianGeography. Geografíaymúsica:unaintroducciónaltema Resumen-Lageografıádelamú sica,enquepeseprá cticamenteunsiglodeexistenciaoficial,solo recientementetuvoladebidaatenció ndelosgeó grafosinteresadosenestudiodelaculturaydelas manifestacionesartıśticasensudimensió nespacial.Lacantidaddematerialesdisponiblesenformato digitalpermiteunbuenoreconocimientodeestecampodeestudiosengeografıá,yapuntaEstados Unidos,InglaterrayFranciacomocentrosdediscusió navanzada,ademá selBrasilcomopotencial á mbitoibero­americano,porsuconsiderableproducció ncientıf́ica.Enestesentido,eltextopresenta unpanoramaglobaldelosestudiosdeGeografıáymú sica,yenfocaenlosveinteañ osdeproducció nde laGeografiabrasileñ a. Palabras-clave:Geografıá.Mú sica.GeografıádelaMú sica.Geografıábrasileñ a. -10-