Histologia 6ªaula teórica: 25 Out 2005 Sistema Cardiovascular Funções: 1. Transporte de o2 e nutrientes até aos tecidos CO2 e produtos de excreção do metabolismo removidos para os pulmões, rim e outros órgãos. 2. Regulação térmica corporal. A variação do transporte do sangue a várias partes do organismo vai contribuir para regulação térmica. Ex: Quando há necessidade de dissipar calor, de baixar a temperatura corporal, os vasos sanguíneos da pele dilatam, de maneira que o sangue passe superficialmente na pele e arrefeça por contacto com o ar. O contrário sucede quando, num ambiente frio, é necessário manter a temperatura corporal: há vasoconstrição desses vasos sanguíneos e portanto passa menos sangue pela pele e é menos arrefecido. 3. Distribuição de moléculas (ex: hormonas) pelos vários tecidos e a distribuição de células (ex: células do sistema imunitário e células que fazem parte do próprio sangue e fazem parte do sistema cardiovascular). 4. Transporte do sangue até aos pulmões para ser oxigenado e libertar o CO2. Parede do Coração: • • • Camada interna: endocárdio: células achatadas de origem mesenquimatosa, que formam o endotélio. E debaixo do endotélio tecido conjuntivo laxo com fibras de colagénio, fibras elásticas e pode ter também células musculares lisas. (todo o sistema cardiovascular é revestido internamente por endotélio.) Camada subendotelial: situa-se entre o endocárdio e o miocárdio e é onde estão as fibras condutoras dos estímulos que são responsáveis pela contracção harmónica do coração, as fibras de Purkinje. Formada por tecido conjuntivo, que é contínuo com o tecido conjuntivo que reveste as células musculares cardíacas – perimísio. Camada intermédia: miocárdio: formado por células musculares cardíacas: estriadas, uninucleadas em posição central e com miofibrilas. Existem espaços claros que são discos intercalares: zonas onde existem complexos de união que unem as celulas musculares cardíacas entre si. Existem também muitos capilares sanguíneos. Camada com espessura variável. Algumas fibras de colagénio unem o miocárdio ao epicárdio. Camada externa: epicárdio: externamente é formado por epitélio pavimentoso simples, o mesotélio, que é sinónimo de folheto visceral do pericárdio. Contacta com o folheto parietal do pericárdio, apenas separado pelo líquido pericárdico (intersticial). Internamente é formado por tecido conjuntivo fibroelástico, vasos coronários, nervos e acumulações de tecido adiposo. A espessura das paredes das aurículas e dos ventrículos são diferentes e também são diferentes as células musculares: as dos ventrículos têm um diâmetro maior do que as das aurículas. Sistema de condução: Sistema Cardiovascular 6ª aula teórica • • 25-Out-2005 Histologia Nódulo sino-auricular situa-se na junção da veia cava superior com a aurícula direita. É o marcapasso, pois os seus miócitos têm despolarização de membrana espontânea rítmica mais frequente. É constituido por miócitos mais delgados que os miócitos contrácteis, miofribilar dispostas de forma irregular. É envolvido por tecido conjuntivo. Inervado por SNA. Nódulo auriculo-ventricular situa-se no septo interauricular, na junção da aurícula direita com o ventrículo direito.? Só é marca passo quando há falhas ao nível do nó AS. As células despolarizam a um ritmo mais baixo. De resto são semelhantes às do nó AS. São unidos pelos feixes internodais constituidos por células especializadas na condução: fibras de Purkinje. Do nó AV saem também fibras de Purkinje que contituem o feixe de Hiss ou A-V, que se ramifica no septo interventricular em ramo direito e esquerdo e que caminham em direcção ao ápice do coração. Depois ascendem pelas paredes laterais do coração. O feixe de Hiss é responsável pela contracção harmónica do coração: do ápice para a base, de modo que haja ejecção do sangue dos ventrículos para as artérias. As fibras de Purkinje localizam-se na camada subendocárdica. Têm células fusiformes, maiores do que os miócitos contrácteis; Tem poucas miofribilas que se dispõem sobretudo à periferia; Acumulam muito glicogénio, podendo assim ser identificadas. Algumas tem 2 núcleos. As células estão ligadas por demossomas e junções de hiato, por onde são transmitidas as despolarizaçoes, cuja velocideda é muito superior às dos miócitos contrácteis. Em suma, a sua função é conduzir muito rapidamente a onda de despolarização desde o nó SA a todo o coração. Esqueleto Cardíaco: constitui o suporte do coração. É formado por tecido conjuntivo denso, rico em colagénio grossas e pode ter em algumas zonas nódulos de cartilagem fibrosa. • Septo membranoso: entre os dois ventrículos • Trígono fibroso: entre os dois ânulos fibrosos • 2 Ânulos fibrosos: entre as aurículas e os ventrículos; onde se inserem as válvulas cardíacas e as fibras musculares das aurículas e dos ventrículos. Valvas Cardíacas • ligadas ao músculo pelas cordas tendinosas, constituídas por fibras de colagénio e revestidas por endotélio. • Têm um eixo de tecido conjuntivo fibroso • Têm uma camada subendotelial muito rica em fibras elásticas • A base está presa aos anéis fibrosos do esqueleto cardíacao • O outro bordo é livre Função endócrina do coração: algumas células cardíacas localizadas nas aurículas, especialmente nos apêndices auriculares, sintetizam o peptídeo natriurético atrial (ANP) que desempenha função de regulação de pressão arterial: vasodilatação periférica, diminuindo a pressão arterial e constrição da arteríola eferente do glomérulo renal, aumentando a excreção de água e de sódio na urina, o que diminui o volume extracelular. Vasos Estrutura geral: • Túnica íntima: contacta com o sangue – endotélio: epitélio pavimentoso simples. Camada subendotelial de tecido conjuntivo laxo. Lâmina limitante elástica interna, constituída por fibras elásticas dispostas circunferencialmente. Os espaços que existem entre estas fibras designamse fenestras ou janelas. Aula desgravada por Pedro Teiga e Sara Fontes 2/6 Sistema Cardiovascular 6ª aula teórica 25-Out-2005 Histologia • Túnica média: tecido muscular liso ou conjuntivo ou uma conjugação dos dois e fibras reticulares. Lâmina elástica externa. (Não existe nos capilares sanguíneos) • Adventícia: contacta com o tecido (conjuntivo) à volta do vaso. É formada por tecido conjuntivo com fibras de colagénio tipo I e elásticas dispostas longitudinalmente. As veias de grande calibre também têm tecido muscular liso. Vasos vasorum: irrigam os vasos de parede espessa. Nervi vasorum: papel importante na regulação da pressão arterial por possibilitarem a contracção dos vasos Endotélio: • Células alongadas com maior eixo paralelo ao fluxo sanguíneo. • Núcleos alongados • Células unidas por junções apertadas e syndesmos (“espécie” de demossomas) • Nos capilares cerebrais existem zonas onde as células do epitélio têm junções contínuas apertadas, que constituem a barreira hematoencefálica. Também existem barreiras no timo e testículo, mas estas têm composição diferente. Funções: 1. barreira física 2. permeabilidade selectiva 3. síntese de colagénio e proteoglicanos do tecido conjuntivo subendotelial e da lâmina basal 4. síntese e segregação de substâncias participantes da trombogénese (promovem a agregação plaquetária) 5. síntese de moléculas anticoagulantes 6. síntese de factores vasoactivos (vasoconstricção/vasodilatação) 7. participam na regulação da resposta imunitária, sintetizando moléculas que atraem os leucócitos para a parede dos vasos sanguíneos e que auxiliam o seu transporte através da parede dos vasos para os tecidos 8. síntese de moléculas intervenientes nas reacções inflamatórias agudas 9. síntese de factores de crescimento Sistema arterial (diferem em calibre e estrutura): 1. artérias de grande calibre – condutoras ou elásticas. (aorta) Túnica média: camadas concêntricas de fibras elásticas que formam membranas fenestradas, intercaladas com células musculares lisas. ( A fenestração é fundamental para deixar passar os nutrientes.)também tem fibras de colagénio. Adventícia: tecido conjuntivo. Grande lúmen, comparativamente à parede fina. Parede mais espessa e menor lúmen quando comparadas com as musculares 2. artérias musculares ou distribuidoras – calibre intermédio. Túnica média: camadas concêntricas de células musculares lisas e fibras elásticas limitadas à lâmina limitante elástica externa, de 1 a 3 camadas. Adventícia de tecido conjuntivo. Aspecto ondulado em corte histológico porque ficam contraídas. 3. arteríolas. Túnica média: Células musculares em número de camadas inferior ao das artérias musculares. Adventícia muito escassa (tecido conjuntivo contínuo com o tecido conjuntivo do meio). Lúmen mais estreito relativamente à espessura da parede. Aula desgravada por Pedro Teiga e Sara Fontes 3/6 Sistema Cardiovascular 6ª aula teórica 25-Out-2005 Histologia 4. arteríolas terminais ou pré-capilares: tem 1 única camada completa de tecido muscular liso à volta do endotélio. Vemos a inervação e um terminal de SNA, onde se libertam mediadores químicos, em ME 5. meta-arteríolas – Fazem a transição das arteríolas terminais para os capilares. Nesta transição a camada muscular lisa torna-se incompleta ou descontínua, mas entre cada espaço as células envolvem completamente o tubo, formando o esfíncter pré-capilar que regula o fluxo sanguíneo que entra nos capilares sanguíneos. A adventícia não se distingue do tecido conjuntivo circundante. Aparecem pericitos (que também se encontram nos capilares): Células com prolongamentos que envolvem as células endoteliais, são ricas em filamentos de actina e miosina, têm função contráctil e podem diferenciar em várias células, como macrófagos, células musculares lisas, fibroblastos. Na túnica íntima todas têm: endotélio, camada subendotelial, elástica interna (que por vezes não existe nas arteríolas) limitante Duas alterações patológicas da parede das artérias: Aterosclerose começa pelo espessamento da túnica íntima pela proliferação das células musculares lisas que lá existem e essas células e os macrófagos que lá existem vão começar a acumular lipídeosformam e vão formar placas de ateroma ou ateromas e vão diminui o volume do vaso sanguíneo. O endotélio pode sofrer lesão naquela zona e vamos ter um trombo sanguíneo e ter uma trombosecom diminuição da circulação sanguínea ou então esses trombos podemse destacar e encravar noutra zona formando uma embolia. Um dos vasos sanguíneos que é frequentemente sede de uma aterosclerose são as artérias coronárias que entopem, originado o enfarte do miocárdio. Os aneurismas resultam de um enfraquecimento da túnica média do vaso sanguíneo, levando a que ele esteja dilado naquela zona, podendo ocorrer ruptura do aneurisma com consequente hemorragia. Estas rupturas são particularmente perigosas no caso dos aneurismas cerebrais. Passando à microcirculação, a junção de artérias e veias pode-se fazer através de 4 tipos de sistemas 1. Capilares sanguíneos num leito capilar (artérias, arteríolas, arteríolas terminais ou pré-capilares, metaarteríolas e capilares sanguíneos). 2. Mas há outras zonas em que a ligação entre a arteríola e a vénula se dá nas anastomoses artério-venosas (importantes e muito frequentes na pele na pele para regulação do fluxo sang. para esta para haver um maior ou menor arrefecimento do sangue). Quando abrem, como a resistência à parede do sangue é menor do que na rede capilar o sangue passa pelas anatomoses e não vai passar pelos os capilares. Regula o fluxo sang. local e da pressão e temperatura, o sange não vai circular à superfície da célula, conservamdo calor. 3. Depois temos os “sistemas porta arterial” (fígado)em que temos capilares sanguíneos interpostos entre duas arteríolas, enquanto que o “sistema porta venoso” (glomérulos renais)é constituído por um sistema de capilares interpostos entre duas vénulas. Aula desgravada por Pedro Teiga e Sara Fontes 4/6 Sistema Cardiovascular 6ª aula teórica 25-Out-2005 Histologia 3 tipos de capilares: o contínuos – endotélio contínuo, sem fenestrações / poros; as moléculas atravessam as células endoteliais por vesículas de pinocitose (incorporação de material exerno à célula dentro desta) por um processo de Transcitose (em que também há excreção pela outra parte da célula). Tecido muscular, conjuntivo e nervoso. o fenestrados – células endoteliais com poros (70 a 80 micrómetros de diâmetro) cobertos por um diafragma, excepto nos glomérulos renais, e que permitem a difusão das substâncias. A lâmina basal é contínua. Têm micropinocitose e difusão pelos poros. Rim e glândulas endócrinas. o sinusóides ou descontínuos – lúmen com maior diâmetro, a lâmina basal não é contínua incompleta e há espaços entre as células endoteliais. Fígado e órgãos hematopoiéticos como a medula e o baço. Células endoteliais. Podem ter pregas matinais nas zonas de união entre duas células As vesículas de micropinocitose, por vezes, fundem-se umas com as outras formando canais que atravessam as células de um lado a outro. As trocas entre o lúmen e o tec conjuntivo adjacente aos capilares dão-se por: o Difusão passiva através das células (gases, iões e metabolitos de baixo peso molecular) o Pinocitose (proteínas e lípidos) o Transporte paracelular junções intercelulares - água e metabolitos e única zona onde passam células: leucócitos) Nos glomérulos renais as fenestras das células não têm diafragma No fígado surgem macrófagos dentro das células – células de kupfer. Sistema venoso Características o Parede mais fina mas lúmen maior. o A túnica adventícia é normalmente mais espessa que nas artérias correspondentes o Têm mais colagénio e menos fibras musculares e elásticas, sendo a parede menos ríjida. Válvulas. Em todas elas existem válvulas, que são constituídas por pregas da túnia íntima com endotélio e tecido subendotelial. São sobretudo mais frequentes nos sanguíneos e impedem o refluxo sanguíneo e fazem com que o sangue circule apenas numa direcção. Também têm vasa vasorum e nervos vasorum. 3 tipos de veias: 1. Veias de pequeno calibre a. vénulas pós-capilares b. colectoras c. musculares 2. Veias de médio calibre – túnica adventícia espessa 3. Veias de grande calibre – média constituída essencialmente por tecido conjuntivo e um pouco de tecido muscular. Arteríolas vs Vénulas Arteríolas têm um contorno circular quando cortadas transversalmente; não têm sangue habitualmente; a estrutura da parede é maior Vénulas têm um contorno mais irregular; têm sangue; Aula desgravada por Pedro Teiga e Sara Fontes 5/6 Sistema Cardiovascular 6ª aula teórica 25-Out-2005 Histologia Receptores sensitivos: Corpos carotídeos – na bifurcação da acarótida comum: receptores para o O2, CO2 e pH no sangue circulante. Corpos aórticos – crossa da aorta Têm 2 tipos de células: Tipo 1 – neurosensoriais, contêm vesículas com dopamina Tipo 2 – celulas de sustenção os corpos carotídeos e aórticos implicam capilares fenestrados e são enervados por fibras aferentes e eferentes. Baixa do O2 e aumento do CO2 ou baixa do pH, as tipo 1 detectam esas alterações e enviam impulsos para o tronco cerebral (para o núcleo cardiovascular) que vai promover o aumento da freqência cardíaca No Seio carotídeo existe um órgão sensível à presão sangúinea. Quando há uma dilatação e o aumento da pressão sang. o dilata, vai ser detectado por fibras aferentes que vão actuar no barroreceptor. Vasos linfáticos Características o Também são revestidos por um endotélio o As camadas são mt mal definidas e são mt finas o Não têm uma membrana basal bem definidas e não têm pericitos, ao contrário dos capilares sanguíneos. o Têm filamentos de ancoragem que são fibras de colagénio, que ligam o endotélio dos linfáticos aos tecidos vizinhos e os mantêm abertos. o Têm sangue ao invés de linfa o Pode conter linfócitos e macrócitos o válvulas que regulam a direcção do fluxo da linfa. The so longed for “End” Sugestões, críticas e agradecimentos para: [email protected] Aula desgravada por Pedro Teiga e Sara Fontes 6/6