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GAZETA DO POVO – Caderno G
Os professores Laercio Ruffa (esq.) e
Cícero Lira com alunos de teatro na PUC: incentivo a habilidades técnicas
CÊNICAS
Mais que técnica e talento, teatro
exige vocação
Faculdades de artes cênicas mudam grade curricular para dar conta de novas
linguagens e exigências
Publicado em 09/10/2011 | HELENA CARNIERI
No filme Tiros na Broadway (1994), de Woody Allen, a falta de talento para o teatro
é ridicularizada nas figuras de um diretor (John Cusack) que pede dicas a um
guarda-costas muito mais dotado para a dramaturgia (Chazz Palminteri), e de uma
estridente atriz chamada Olive (Jennifer Tilley), que acaba atrapalhando a peça com
sua performance irritante. Se esses personagens vivessem hoje em Curitiba, teriam
oportunidades de compensar tamanha incompetência?
Professores de diferentes cursos e profissionais do ramo acreditam que sim. A
versão corrente é que o trabalho duro pode amenizar a falta de talento, desde que o
profissional pesquise e busque referências. Porém, nada dará certo para quem tiver
preguiça.
Como aprender
Saiba quais são os principais cursos superiores e profissionalizantes de teatro em Curitiba:
PUCPR
Curso de Teatro, com duração de três anos e meio. www.pucpr.br/graduacao/teatro
Faculdade de Artes do Paraná
Licenciatura em Teatro e Bacharelado em Artes Cênicas, ambos com duração de quatro anos.
www.fap.pr.gov.br
UFPR
Curso de Tecnologia em Produção Cênica, com duração de três anos.
www.tpc.ufpr.br
Cena Hum
Curso profissionalizante de teatro com duração de três anos e diferentes oficinas.
www.cenahum.com.br/cursos/teatro/formacao-de-atores
Pé no Palco
Cursos livres, com turmas do básico ao avançado. www.penopalco.com.br
“Teatro demanda tempo, uma vida de estudo, disposição para viajar, passar horas
num lugar fechado e construir um repertório de outras áreas do conhecimento,
como artes visuais, música e literatura”, avisa o diretor da Companhia Brasileira de
Teatro, Marcio Abreu, resumindo esse perfil no conceito de “vocação”.
Ao verificar isso, professores da PUCPR decidiram ampliar as bases técnicas do curso
de teatro, oferecendo novas disciplinas, como TV e Cinema, Mímica, Canto e Dança.
O currículo fica um semestre mais extenso para que os alunos tenham mais
oportunidade de desenvolver essas habilidades. “Percebemos que o aluno de teatro
tem poucas referências da linguagem de outras mídias, e acaba precisando fazer
oficinas para atuar na televisão, por exemplo”, explica o diretor do curso, Laercio
Ruffa.
Além dos filmes publicitários, o ator de Curitiba encontra hoje espaço crescente em
programas televisivos como o quadro Casos e Causos, da RPC TV. A produção A
Fábrica acaba de ser premiada, nas categorias de melhor curta-metragem, atriz e
roteiro, no Festival de Brasília; isso depois de já ter levado os troféus de melhor
curta e melhor ator no Brazilian Film Festival of Toronto.
Texto
Enquanto a PUC investe na atuação para a câmera, a Faculdade de Artes do Paraná
(FAP) – que tem um curso específico de cinema, mais voltado para a direção –
também reformulou seu currículo de artes cênicas para contemplar um melhor
estudo da dramaturgia, que antes ficava em segundo plano. “Agora começamos a
dar conta dessa área, na qual havia um grande buraco, com muito pouca carga
horária para discutir o texto. Havia muita história do drama antigo, e não sobrava
tempo nem espaço para desenvolver o contemporâneo”, explica Márcio Mattana,
professor da FAP.
O mercado aprova as mudanças. “Gosto muito quando aulas para atores são
efetivamente focadas em trabalhos técnicos, que envolvam o conhecimento do ator
em relação ao uso de voz, presença no palco etc., mais do que o raciocínio teórico
sobre fundamentos da arte”, opina o diretor do humorístico Antropofocus, Andrei
Moscheto. “As pessoas aprendem mais a atuar pela maneira como usam o repertório
imaginativo e de referências que acumulam durante a vida”, conclui.
Técnicas
O ex-diretor do curso de teatro da UFPR (atualmente uma graduação tecnóloga em
produção teatral) Hugo Mengarelli concorda que as técnicas possam ser apreendidas
durante o curso, mas não acredita que este ensine a criar. Mais na linha de Woody
Allen, ele dá uma má notícia: “Nem todo mundo pode fazer teatro. Precisa sublimar,
e nem todos fazem isso.” Para tratar desse assunto, Mengarelli deve lançar em 2012
seu novo livro, Ética e Estética do Ator: Uma Questão de Desejo.
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Interatividade:
O que é mais importante para um profissional de teatro: talento, pesquisa, sorte ou
esforço?
Escreva para [email protected]
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor
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