II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente A CONTRIBUIÇÃO DA GEOGRAFIA ESCOLAR PARA A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE MEIO AMBIENTE EM ESCOLAS RURAIS DO MUNICIPIO DE IPORÁ/GO RODRIGUES, Silvaci Santiano Gonçalves1; ALVES, Jackeline Silva2 Universidade Estadual de Goiás - Unidade Universitária de Iporá ¹[email protected] ²[email protected] RESUMO Neste trabalho buscou-se compreender a contribuição da geografia escolar para a construção do conceito de Meio Ambiente em escolas rurais do município de Iporá/GO. Para alcançar o objetivo proposto adotamos o seguinte caminho metodológico: Levantamento e revisão de referencial teórico que trata sobre o tema; leitura e observação das propostas pedagógicas das escolas-campo que permeiam a discussão sobre a construção do conceito em questão, considerando as propostas curriculares e também as expectativas de aprendizagem elaboradas pela S.E.E - Secretaria Estadual de Educação e S.M.E - Secretaria Municipal de Educação; observação dos procedimentos de operacionalização para a construção do conceito de Meio Ambiente adotado pelas professoras pesquisadas; elaboração, aplicação e interpretação de questionários fechados para alunos e professoras pesquisadas. Elaboração de desenhos pelos alunos envolvidos na pesquisa. Os desenhos analisados nos mostraram que o conceito de Meio Ambiente é para os educandos na maioria das vezes sinônimo de natureza não modificada pois estão relacionados aos ambientes naturais. Portanto percebemos ao concluirmos o trabalho que a Geografia escolar pouco tem contribuído para construção do conceito de Meio Ambiente. Palavras Chaves: Meio Ambiente – Conceitos geográficos –Ensino de Geografia. INTRODUÇÃO A Geografia escolar cumpre importante papel na formação do indivíduo em sua integralidade, pois pode auxiliá-lo a ampliar suas concepções de mundo, a compreender as transformações e processos que ocorrem através da interação dinâmica entre os elementos da natureza, possibilitando ainda uma melhor apreensão das relações que se estabelecem entre sociedade e natureza. Entretanto, reflexos dos ranços e dicotomias históricas presentes nas bases epistemológicas desta ciência, em cada uma das correntes de pensamento que o fundamentam, se mesclam à Geografia ensinada na educação básica (ensino fundamental e médio). 1 II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente Conforme proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p. 109), consiste como “[...] objetivo da Geografia explicar e compreender as relações entre a sociedade e a natureza, e como ocorre a apropriação desta por aquela”. A geografia cotidiana possibilita ao indivíduo experiências fundamentais para a formação da consciência de si e do mundo em que vivem. Assim, as questões atinentes aos estudos ambientais não podem ser ensinadas e compreendidas dissociadas do estudo da Geografia e da concepção de apropriação do espaço geográfico. Ao produzir sua própria existência, os homens organizados socialmente, constroem não só a sua história, conhecimento e processo de humanização, como também produzem o espaço geográfico; espaço este, que deve ser interpretado e apreendido. Diante do exposto, este texto constitui-se como resultado de um projeto de pesquisa vinculado à PrP-U.E.G1. intitulado “A contribuição da Geografia na construção dos conceitos de Meio Ambiente e Cidadania no ensino fundamental do Colégio de Aplicação em Iporá” e como desdobramento deste a realização do trabalho de conclusão de curso2 “A importância da Geografia escolar para a construção dos conceitos de Meio Ambiente e Cidadania em escolas rurais do município de Iporá/GO”. Para compreender o espaço em que vive o aluno não dever ser considerado apenas receptor passivo de um conhecimento socialmente construído pela humanidade. Para que a produção do conhecimento aconteça a contento, há que se considerar os referenciais que o aluno trás consigo, somando a isto, novos conhecimentos adquiridos, para então, (re)elaborar e construir o seu conhecimento geográfico. À medida que o ser humano aumentou a sua capacidade de intervenção sobre os elementos compositores do meio, seja para satisfazer suas necessidades imediatas ou para acumular bens, bruscas transformações ocorreram sobre os sistemas naturais, acarretando instabilidades que por vezes colocam em xeque a continuidade de utilização de muitos dos recursos naturais disponíveis. De acordo com Callai (1998, p. 56) apud Cavalcanti (2002, p. 13): A Geografia é a ciência que estuda, analisa e tenta explicar (conhecer) o espaço produzido pelo homem e, enquanto matéria de ensino, ela permite que o aluno „se perceba como participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali 1 Pro-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Estadual de Goiás. Período de vigência do projeto: Fevereiro de 2008 a 2009. Finalizado. 2 Trabalho de conclusão de curso realizado e defendido no curso de licenciatura da Universidade Estadual de Goiás – UnU de Iporá no ano de 2010. Este trabalho objetivou verificar como a Geografia escolar tem contribuído para a formação dos conceitos de Meio Ambiente e Cidadania nas escolas rurais: Escola Municipal Boaventura Domingues de Araújo; Escola Municipal Bugre; Escola Municipal Mangelo Pedro Borges e Escola Municipal Professora Vilma Batista Teixeira no município de Iporá/GO. 2 II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens e estão inseridos num processo de desenvolvimento. Logo, não há como negar a emergência e universalidade das questões ambientais que ameaçam e comprometem o equilíbrio ecológico terrestre, e que conseqüentemente coloca em risco a manutenção da vida em suas diversas escalas. Diante do exposto, esperamos atingir o objetivo proposto que consiste em compreender a contribuição da geografia escolar para a construção do conceito de Meio Ambiente em escolas rurais do município de Iporá/GO. MATERIAL E MÉTODOS Para elaborar esta pesquisa, buscando compreender de que modo a geografia escolar têm contribuído para a construção do conceito de Meio Ambiente nas escolas rurais do município de Iporá/GO adotamos o seguinte caminho metodológico: Levantamento, seleção e leitura de fontes bibliográficas que tratam sobre o tema, visando embasar a construção do referencial teórico que subsidiou as constatações empíricas. Levantamento e análise das Diretrizes e Propostas Curriculares elaboradas pela Secretaria Estadual de Educação, para o componente curricular de Geografia, destacando o enfoque dado às temáticas que versam sobre Meio Ambiente. Buscamos aqui compreender a forma como estavam organizadas as Unidades Temáticas tratadas e Procedimentos de Operacionalização sugeridos por estas propostas oficiais; considerando procedimentos didáticos o tratamento didático utilizado pelos professores no processo ensino/aprendizagem do conteúdo Meio Ambiente (Abordagem do conteúdo, métodos de verificação de aprendizagem, entre outros). A escolha das escolas-campo (escolas rurais), do município de Iporá de justifica pelo fato de pesquisa similar ter sido realizada em uma escola pública estadual no município (Colégio de Aplicação em Iporá). Optamos em realizar a mesma pesquisa nas escolas rurais, a fim de que posteriormente tivéssemos elementos que nos permitissem comparar a forma como é abordado e construído através do componente curricular de Geografia o conceito de Meio Ambiente, considerando ser este um tema transversal. As escolas-campo participantes desta investigação se caracterizam por serem escolas pequenas. O número de alunos também é reduzido. Foram pesquisados 24 alunos do (2o ao 5o ano das séries iniciais). Elaboramos e aplicamos um questionário fechado e solicitamos 3 II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente também aos alunos que através de desenhos representassem o seu entendimento sobre Meio Ambiente. RESULTADOS E DISCUSSÕES Através da análise dos desenhos elaborados pelos educandos pudemos perceber que prevalece uma visão de Meio Ambiente, pautada no entendimento aproximado do meio natural. Embora o ser humano apareça em alguns desenhos, não é tido como alguém que intervém e que degrada o meio natural. Durante a pesquisa junto às professoras constatamos que todas elas são pedagogas (uma vez que trabalham com as séries iniciais). Indagamos sobre a formação específica a fim de compreender se este aspecto poderia interferir sobre a relevância do ensino de geografia e a importância dada aos conceitos geográficos, entre os quais estão o de Meio Ambiente. Ao questionarmos os educandos sobre suas concepções sobre Meio Ambiente estes relacionaram este conceito principalmente a “árvores, plantas, bichos, animais selvagens, rios.” Em alguns, porém existem casas e ruas, se por um lado notamos o ambiente transformado, por outro estes ambientes estão em perfeitas condições, principalmente com muitas árvores. O que não é realidade especialmente no espaço em que estas escolas estão localizadas. Existe nestas concepções um ambiente transformado e não degradado, com os mais variados problemas ambientais, ou seja, uma visão romântica da relação sociedade/natureza. Vários dos desenhos mostram o ser humano como expectador/apreciador do meio. Por meio das entrevistas realizadas junto às professoras diagnosticamos que o tema é tratado de forma tradicional, simplista também com maior ênfase ao meio natural. Elas não utilizam textos com bases científicas consistentes, que possibilitem uma boa compreensão e fundamentação teórica acerca do tema meio ambiente. Assim questionamos: como trabalhar de forma transversal desconhecendo a visão de autores diferenciados sobre o tema e sem aprofundar no conhecimento sobre os mesmos?. Verificamos que tal situação é recorrente nas escolas pesquisadas, pois ao levantarmos o material didático utilizado pelas professoras percebemos que o livro didático ainda é o material mais usado. No entanto não podemos estigmatizar o uso do livro, como se fosse algo errado, pois da maneira como a escola exige que o mesmo seja trabalhado não oportuniza ao professor buscar outros materiais didáticos. 4 II Congresso de Educação – UEG/UnU Iporá A formação de professores: uma proposta de pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente Nesse sentido, o ensino/aprendizagem acaba ficando comprometido, pois como o ensino se pauta pelo conteúdo do livro didático, por mais que as professoras busquem outras fontes de informação, a idéia de construção de conceitos não se efetiva na prática, uma vez que é desconsiderado o conhecimento prévio do aluno. Portanto, acreditamos que o problema não é o livro didático, mas o uso quase exclusivo do mesmo como material didático. As educadoras, por orientação da SME, devem cumprir todo o conteúdo do livro, desconsiderando o que seja ou não relevante para a aprendizagem de seus alunos, contrariando o que diz Passini (2007, p. 38), “A escolha do conteúdo para ensinar geografia deve ser feita pensando na responsabilidade de formação do cidadão que precisa entender o mundo.” Portanto, para que isso se efetive, os professores deveriam estar aptos a trabalharem com o tema Meio Ambiente, de modo que os seus alunos pudessem compreender o seu meio como lugar em que também acontecem problemas ambientais, e assim intervir para resolução destes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabemos que os problemas ambientais se encontram localizados por toda parte do planeta. Pensamos que a Geografia como disciplina que estuda o espaço geográfico é considerada privilegiada no tratamento destes problemas. Ao concluirmos a pesquisa, percebemos que a Geografia escolar pouco tem contribuído para a construção do conceito de Meio Ambiente, pois a maneira que este conceito é abordado não contempla as propostas dos documentos oficiais em relação tanto ao ensino de Geografia quanto o Tema abordado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. História e geografia. Brasília, 2001. CAVALCANTE, Lana de Souza. Geografia e Práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002. PASSINE, Elza Yasuko; PASSINI, Romão; MALYSZ, Sandra T. (Orgs.). Prática de ensino de geografia e estágio supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007. 5