câncer de pele: proteção x informação

Propaganda
CÂNCER DE PELE: PROTEÇÃO X INFORMAÇÃO
TOMAZZI, Rita1; KUHN, Fernanda1;CECCHIN,Rita1; SCHMITT, Bruna Aimée Meinen1; COSER, Janaina2;
BAIOTTO, Cléia Rosani2
Palavras-chaves: Neoplasia. Prevenção. Grau de conhecimento.
Introdução
As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) de 2010 apontam que o câncer de pele,
não melanoma é o mais incidente na população brasileira, tanto em homens quanto em mulheres. A
elevada incidência do câncer de pele (cerca de 25% de todos os tumores malignos registrados no país) se
relaciona, principalmente, a trabalhadores que se expõem à radiação solar, tais como fazendeiros,
pescadores, agricultores, guardas de trânsito, garis, carteiros e outros. Tal fato se deve principalmente à
característica carcinogênica do espectro ultravioleta (UV) (SPENCE & JOHNSTON, 2003).
Mudanças no estilo de vida decorrentes das modernidades também podem contribuir para a maior
incidência do câncer. Considera-se ao menos que um terço dos novos casos de câncer que ocorrem,
anualmente, no mundo poderia ser prevenido. Por isso, é de fundamental importância que as pessoas
sejam orientadas sobre prevenção desta doença e como identificá-la precocemente. Diante desses fatos, o
projeto teve por objetivos identificar em um grupo de risco (trabalhadores de rua: garis, vendedores
ambulantes e trabalhadores de construção civil) sua exposição aos raios solares, bem como o seu
conhecimento a respeito do câncer de pele e de medidas preventivas.
Materiais e Métodos
De uma população que trabalha diariamente na rua, expostos ao sol, como garis, vendedores
ambulantes e trabalhadores de construção civil do centro da cidade de Cruz Alta/RS foram convidadas 50
pessoas aleatoriamente para participar da pesquisa. Após serem informadas dos objetivos da mesma e
assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido os participantes foram entrevistados. O critério
para inclusão na amostra estava relacionado a uma exposição diária ao sol em função da sua atividade
profissional.
O instrumento para a coleta dos dados consistiu de questões abertas e fechadas envolvendo os
seguintes aspectos; tempo de exposição ao sol diariamente; se usa ou não equipamentos de proteção;
quais são os cuidados tomados antes de se expor ao sol; se há ou se já houve evidencias de manchas
__________________
1
2
Acadêmicos - Curso de Biomedicina – UNICRUZ
Professores – Centro de Ciências da Saúde - UNICRUZ - [email protected]
na pele; história clínica de câncer de pele e se possui algum membro da família com a doença.
Resultados e Discussão
A amostra foi escolhida aleatoriamente entre indivíduos que se expõe ao sol durante o seu
trabalho e 50 pessoas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e responderam a todas
as questões do instrumento. Entre os indivíduos avaliados, 44% são do sexo feminino e 56% do sexo
masculino. Com relação á idade 30% tem de 21 a 30 anos, 24% tem de 41 a 50 anos, 20% tem entre
21 e 30 anos, 14% tem entre 51 e 60 anos e o restante dividido entre os indivíduos com menos de 20
anos e com mais de 60. A idade média do diagnóstico de melanoma na população geral é de 57 anos
para os homens, e 50 anos para as mulheres (DIEPGEN TL, MAHLER V, 2002).
O trabalho dos entrevistados exige uma exposição rotineira ao sol, como pode ser vista nos
resultados: 31% são vendedores ambulantes, 30% fazem a limpeza das ruas, 10% são operários da
construção civil, 8% são taxistas, 4% são catadores de lixo e os demais são carteiros, seguranças,
recenseadores e porteiros. Cerca de 25% deles estão neste trabalho há mais de 20 anos.
Quando indagados com relação ao número de horas que se expõe ao sol, percebe-se que uma
parcela muito elevada deste grupo passa mais de 8 horas no sol (84%) e os demais (16%) trabalham
pela manhã ou a tarde no sol. Um número bem significativo, mas ainda não suficiente, afirma utilizar
algum equipamento de proteção (74%). Das formas de proteção, 52% afirmaram utilizar um filtro
solar, destes, cerca de 50% citou o fator de proteção 30. A utilização de chapéus ou bonés foi citada
como uma forma de proteção diária por 27 indivíduos (54%), 15% citou procurar locais mais
sombreados para trabalhar e 11,8% utilizam roupas apropriadas para se cobrir do sol.
A pele dos indivíduos entrevistados foi caracterizada por eles como pele muito branca, não se
bronzeia, queima-se com facilidade quando exposto ao sol por 6%; pele muito branca, bronzeia-se
muito pouco ao expor-se ao sol, e se queima com facilidade 10%; pele branca, bronzeado gradual ao
exporem-se ao sol, queimaduras solares somente se permanece sob o sol por tempo prolongado por
56%; pele morena ou mais escura bronzeia-se facilmente, queimaduras solares são raras 24% e pele
muito escura, queimaduras solares são raras ou nunca se queima por 4%.
Os fatores fenotípicos, como o tipo de pele, cor dos olhos e cabelo, tendência a
bronzeamento, queimaduras e sardas, juntamente com a história pessoal e/ou familiar de câncer de
pele e a diminuição da capacidade de reparo do DNA, também são fatores de risco para o
desenvolvimento do câncer de pele (NORA; RAWASHDEH, 2004).
A investigação acerca de terem sofrido queimaduras do sol na infância identificou 12% dos
indivíduos com esta característica. Indagados quanto à exposição ao sol por longos períodos em
atividades recreativa, 30% respondeu se submeter ainda nos finais de semana ao sol forte, mas
apenas 2% da amostra tem o hábito de se bronzear com freqüência.
Com relação à evidência de manchas na pele, 29,4% responderam ter manchas, destes 4%
citaram que elas coçam, 2% que elas doem, 4% que elas mudam de cor, 2% que elas aumentam de
tamanho e 2% que elas são maiores que 5mm. No entanto, quando investigados sobre a consulta ao
médico, apenas 2% já o fizeram.
No grau de conhecimento sobre o câncer de pele, 62% dizem saber do que se trata, 30% não
saber e 8% ter alguma idéia. Mesmo assim, 80% relatam ter ouvido falar de como se proteger do
câncer de pele e, estas informações foram obtidas em: 17% revistas, 67% na televisão, 16% no rádio
e 27,5% nas campanhas na cidade. Estas informações demonstram que embora insuficiências as
informações estão chegando e que o veículo ainda de maior penetração ainda é a televisão.
Dos indivíduos entrevistados, apenas 6% tem alguém na família com câncer de pele e
nenhum deles relatou apresentar um diagnóstico de câncer confirmado. Cerca de 8 a 14% dos
pacientes que recebem o diagnóstico de melanoma apresentam história familiar positiva para essa
neoplasia (GRANGE; AVRIL, 1996).
Conclusão
Os dados avaliados permitem concluir que embora a população abordada tenha uma
exposição diária acentuada ao sol, demonstra algum grau de preocupação e conhecimento sobre
fatores risco e proteção com relação ao câncer de pele. Um número reduzido já possui diagnóstico
sugestivo de uma avaliação médica e que algumas campanhas de prevenção têm chegado a estes
trabalhadores. No entanto, como a idade média desta população é ainda baixa considerada à idade de
risco de incidência de câncer de pele, faz-se necessário intensificar as campanhas de prevenção.
Referências
GRANGE F, AVRIL MF. Interactions between genetic and epidemiological risk factors in cutaneous
malignant melanoma in France.Am J Hum Genet 1996; 59: A28.
GREENE MH. Update. 1999 Cancer 86:1644-57 1998
DIEPGEN TL, MAHLER V. The epidemiology of skin cancer.Br J Dermatol Suppl. 2002;
146(61):1-6.
NORA AB, PANAROTTO D, LOWATTO L, BONIATTI MM. Freqüência de aconselhamento para
prevenção de câncer da pele entre as diversas especialidades médicas em Caxias do Sul. An Bras
Dermatol. 2004; 79(1):45-51.
SPENCE RAJ, JOHNSTON PG. Oncologia: Câncer de Pele. Rio de Janeiro(RJ): Guanabara
Koogan, 2003; 125-134.
Download