transtorno afetivo bipolar: representação social dos

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TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS ALUNOS
DO PRIMEIRO E ÙLTIMO TERMO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SAÚDE
BIPOLAR AFFECTIVE DISORDER: SOCIAL REPRESENTATION OF STUDENTS
OF THE FIRST AND LAST TERM OF UNDERGRADUATE COURSES IN HEALTH
Antonio Marcos da Silva – [email protected]
Valéria Crystina dos Reis Atanázio Araújo – [email protected]
Graduandos do UNISALESIANO
Prof. Me. Oscar Xavier de Aguiar – UNISALESIANO - [email protected]
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados obtidos
através da pesquisa elaborada e aplicada no contexto acadêmico com a finalidade
de conhecer qual a representação social do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) nos
alunos que estão ingressando e concluindo a graduação na área da saúde. A
análise dos resultados foi realizada a partir das respostas de cada pergunta tendo
como referencial teórico a teoria das representações sociais de Moscovici, S., assim
como Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica e o
Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais (DSM IV). Os resultados
obtidos evidenciam que ao passo que os alunos caminham dentro deste processo
do conhecimento do mundo científico, impressões oriundas do senso comum, aos
poucos vão sendo deixadas de lado ou tornam-se parte do novo mundo, também se
fez notar o alto índice de questões com ausência de informação de ambos os termos
que demonstra pouca ou nenhuma representação a cerca de algumas
peculiaridades do transtorno, e a inversão ocorrida com relação à questão referente
à depressão, onde o termo iniciante demonstrou-se mais representativo com relação
às características de identificação da depressão, do que o termo concluinte.
Palavras-chave: Transtorno afetivo bipolar. Representação social. Graduação em
saúde.
ABSTRACT
The aim of this study is to present the results obtained through research which
was designed and implemented in the academic context to understand the social
impact of bipolar affective disorder (BAD) in students who are in the health
graduation or finished this graduation. The analysis was performed dased on the
answers of each questions, that were based on theory of social representations of
Moscovici, S. and Compendium of Psychiatry: Behavioral Sciences and Clinical
Psychiatry and Diagnostic and Statistical Manual of mental disorders (DSM IV). The
results show that while students walk into this process of knowledge of the scientific
word, impressions derived from common sense, few will be left out or become part of
the new world, but with a new look, the concept more empirical, also noted the high
rate of issues with lack of information both terms that demonstrates little or no
representation about some peculiarities of the disorder, and the inversion occurred in
relation to the issue of the depression, where the term beginner demonstrated it is
more representative regarding the identifying characteristics of depression, the term
conclusive.
Keyword: Bipolar disorder. Social representation. Undergraduate health
INTRODUÇÃO
O tema abordado apresenta as características de uma doença crônica com
alto potencial biológico e que tem como principais formas de tratamento, a
medicalização, as psicoterapias e a hospitalização, este transtorno trás importantes
conseqüências psicossociais, interpessoais e de diminuição da qualidade de vida,
assim como o estigma, a desmoralização, os problemas familiares e conflitos
psicodinâmicos. Esta patologia afeta cerca de 1,6% da população e representa uma
das principais causas de incapacitação no mundo. Nos últimos 10 anos, tem-se
demonstrado que o TAB é um transtorno heterogêneo, com uma ampla variação de
sintomatologia e curso, consistindo de um conjunto de sinais e sintomas persistentes
por semanas ou meses que representa um desvio marcante no desempenho
habitual do indivíduo e que tendem a recorrer, por vezes, de forma periódica ou
cíclica.
Essas informações fazem parte das representações sociais de alunos
universitários na área da saúde e que no decorrer de sua graduação iram tornaremse mais complexas. As representações sociais são entidades quase tangíveis, que
se articulam e se cristalizam por meio de gestos, falas, encontro, de forma
ininterrupta, no universo cotidiano, impregnando a maioria de nossas relações
sociais. Os dados arrolados mostram a relevância de pesquisar nesta área a fim de
o conhecimento sobre o assunto.
O que pensam os alunos do primeiro e último termo dos cursos da área da
saúde sobre o TAB?
Com base na pergunta acima, pretende-se chegar à hipótese de que as
informações pertinentes ao transtorno ainda é muito sucinta dentre as áreas da
saúde, havendo assim a necessidade de formas mais efetivas de inserção de tais
informações.
O resultado que se é esperado ao final deste processo é a identificação de
uma representação social, pouco condizente com a realidade do transtorno afetivo
bipolar.
1
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR
O transtorno afetivo bipolar enquadra-se no grupo de patologias pertencentes
aos “transtornos do humor”, esta patologia, trás como características principais, os
episódios de “depressão maior”, de “mania” e de “hipomania”. Tais características
podem ser evidenciadas em documentos antigos como no caso da historia do Rei
Saul (velho testamento) que descreve uma síndrome depressiva, assim como a
história do suicídio de Ájax na Ilíade de Homero. Por volta de 400 a.C., Hipócrates
(pai da medicina) fez uso dos termos “mania e melancolia” para descrever
transtornos mentais (SADOCK, 2007).
Para Abreu et al. (2006) o TAB é considerado uma doença crônica que esta
presente entorno de 1,6% da população, apesar de a mesma possuir quadros leves
que não são reconhecidos e que elevaria significativamente, o percentual desta
prevalência. Tais sintomas, apresentam-se normalmente, no final da adolescência e
no inicio da vida adulta, basicamente entre 18 e 22 anos, mas também pode ocorrer
em faixas etárias mais jovem. No idoso, o transtorno associa-se em grande parte, a
fatores orgânicos, enquanto na infância apresenta-se, na maior parte das vezes, em
quadros atípicos, dificultando o diagnóstico. Estudos realizados apontam igual
prevalência entre homens e mulheres na fase adulta, mas na infância, é mais
comum em meninos do que em meninas.
De acordo com Sanches e Jorge (2004) faltam evidencias de que o TAB seja
mais prevalente em determinadas etnias ou mostre um perfil epidemiológico distinto
em etnias específicas. O que pode ocorrer em alguns relatos é a presença de
fatores como, por exemplo, “os ambientais”, que propiciam maior ou menor risco de
aquisição do TAB, para os indivíduos de determinadas etnias que estariam sujeitos a
eles.
Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, cerca de 50% dos
portadores do TAB, apresentam pelo menos um membro da família afetado. A
estimativa refere-se à cerca de 1,8 a 15 milhões de brasileiros que sejam portadores
do Transtorno (O QUE É..., 2012).
Segundo Abreu et al. (2006) os fatores que podem ocasionar o TAB podem
ser divididos em três, mas com interações entre os mesmos. Sendo o primeiro os
fatores biológicos, a adrenalina e a serotonina que são os dois neurotransmissores,
apresentam-se como os mais envolvidos na fisiopatologia do transtorno; já o
segundo são os genéticos, alguns estudos realizados com gêmeos monozigóticos,
referem-se a uma alta herdabilidade, já nos dizigóticos em casos de adoção e de
família com múltiplos afetados, permitiu concluir que o seu aparecimento depende
da presença de genes da vulnerabilidade e de fatores ambientais; e o terceiro fator
seriam os psicossociais que referem-se a traumas cerebrais precoces intra-uterinos,
neonatais ou precocemente na infância, infecções virais, privações alimentares,
maus-tratos e abuso físico ou sexual na infância podem resultar em alterações
permanentes, contribuiriam para o desenvolvimento dos transtornos.
Tanto no DSM-IV e a CID-10, o TAB corresponde a uma categoria distinta dos
quadros depressivos unipolares. Enquanto na CID-10 o diagnóstico de TAB é feito
com base na presença de pelo menos dois (ou mais) episódios de alteração de
humor (dos quais ao menos um deve corresponder a um episódio maníaco ou
hipomaníaco), no DSM-IV a presença de um ou mais episódios de mania ou
hipomania permite efetuar o diagnóstico de TAB tipo I ou II, respectivamente. Nestes
não constatam o diagnóstico de "mania unipolar", como pode ser visto na CID-9,
mas a CID-10 permite a classificação dos pacientes como portadores de um
episódio maníaco único, pacientes estes não considerados como portadores de TAB
(SANCHES & JORGE, 2004).
De acordo com Bowden (2011), o longo curso do TAB desafia os processos
terapêuticos quando os pacientes almejam continuar empregados ou que tentam
retornar ao emprego após um período de incapacidade para o trabalho. Isto ocorre
devido ao fato de o transtorno comprometer a função familiar e social em
aproximadamente metade das pessoas com esse diagnóstico, a função cognitiva
apresenta comprometimentos sutis prolongados, relacionados a memória de
trabalho, outro fator importante seria o humor (mania, hipomania, estados mistos e
depressivos) que possibilitam a distratibilidade, fala e pensamentos maníacos,
comportamento de risco e agitação, todos esses comportamentos podem
interferirem nas responsabilidades profissionais.
Segundo Sadock (2007) o tratamento de pacientes com transtorno de humor
de envolver a orientação para que a segurança do paciente possa ser garantida,
deve haver uma avaliação diagnóstica completa, promover um plano de tratamento
que vise não só tratar os sintomas imediatos, mas também contribuir para o bem
estar futuro, não menos importante, dar ênfase aos acontecimentos estressantes da
vida que de forma clara as taxas de recaídas. Fazem parte do contexto de
tratamento do paciente, a hospitalização, as terapias psicossociais (terapia cognitiva,
terapia interpessoal, terapia comportamental, terapia de orientação psicanalítica,
terapia familiar) e a farmacoterapia.
2
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
O termo Representação Social vem há tempos se difundindo dentre as
sociedades, seja no meio cultural, político ou religioso. Tal conceito inspirou grandes
nomes do século passado a pesquisarem sobre o assunto. Segundo Oliveira &
Werba (1998), a “representação social” teve origem na Sociologia com Durkheim e
na Antropologia com Levi-Bruhl, inicialmente conhecido como “Representação
Coletiva”, e foi base para a elaboração de uma teoria da religião, da magia e do
pensamento mítico. Posteriormente, contribuiu para a criação da Teoria das
Representações Sociais, a Teoria da Linguagem de Saussure, a Teoria das
Representações Infantis de Piaget e a Teoria do Desenvolvimento Cultural de
Vigotsky.
De acordo com Wagner (2003) a representação social possui um conceito
multifacetado. Por um lado, ela é concebida como um processo social que
compreende a comunicação e discurso, ao longo do qual significados e objetos
sociais são construídos e elaborados. Por outro lado, na relação com o conteúdo de
pesquisas
orientadas
empiricamente,
as
representações
sociais
são
operacionalizadas como atributos individuais, como estruturas individuais de
conhecimento, símbolos e afetos distribuídos entre as pessoas em grupos ou
sociedades. Esta visão duplicada do conceito o faz versátil, e dá inicio a várias
interpretações e utilizações que nem sempre são compatíveis uns com os outros.
De acordo com Farr (2003) a teoria das representações sociais (TRS) é uma
forma sociológica de Psicologia Social, que teve origem na Europa com o Psicólogo
Social romeno naturalizado francês Serge Moscovici, através da publicação de seu
estudo La Psychanalyse: Son image et son public.
De acordo com Guareschi e Jovchelovitch (2003), as principais bases da TRS
dentro da Psicologia, Moscovici vai buscar na obra piagetiana. Seu olhar para a
Sociologia lhe permite encontrar conceitos, e trazê-los para a Psicologia Social. Mas
foi com Durkheim que talvez ele possa ter reconhecido a real força da realidade
social, e através de seu pensamento, pode perceber que a sociologia durkheiniana
esquecia que a força do que é coletivo encontra sua mobilidade na dinâmica social,
que é consensual, mas permite os esforços dos sujeitos sociais, que o desafiam e o
modificam se necessário.
Para melhor entendimento desta diferenciação, Moscovici ressalta que a noção de
representação coletiva de Durkheim assemelha-se, ou identifica, uma categoria
coletiva que deve ser explicada a nível inferior, isto é, em nível de psicologia social,
e a partir daí, surge a noção de representação social de Moscovici. Este, por sua
vez, estava modernizando a ciência social, ao substituir as representações coletivas
por representações sociais, no intuito de tornar a ciência social mais adequada ao
mundo moderno (FARR, 2003).
De acordo com Oliveira e Werba (1998) os “universos reificados”, são restritos
e neles circulam as ciências e a objetividade, é neste universo que se situa e é
gerado o não-familiar. Já nos “universos consensuais” encontram-se as práticas
interativas do dia-a-dia, são as teorias do senso comum, onde impera o familiar.
Segundo Spink (2003) os estudos que visam entender as representações
sociais na perspectiva dos grupos, procurando aí tanto a diversidade quanto o que
existe de comum e compartilhado, utilizam formas de coleta de dados mais
estruturadas, em especial os questionários (auto-aplicados ou utilizados como
roteiro de entrevista) com perguntas abertas. A estrutura da representação social é,
neste caso, consequência da somatória da análise de associação de idéias de várias
perguntas.
3
PESQUISA
Para conhecer a representação social dos alunos das diferentes áreas da
saúde a cerca do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), realizou-se uma pesquisa de
campo no Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins localizada à rua
Dom Bosco, 265 na cidade de Lins – SP. Com início e término em Agosto/2012.
Foi elaborado um questionário contendo 10 perguntas sobre o referido tema e
após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, ocorreu à aplicação do mesmo,
inicialmente como um pré-teste e posteriormente, como pesquisa definitiva, a
amostra se constituiu de 70 alunos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e
Psicologia.
Foram analisadas as frequências das respostas por curso e, posteriormente,
calculadas as porcentagens de suas incidências sobre o total da amostra dos cursos
referentes ao primeiro e último termo. Realizou-se, também, uma análise
comparativa entre as respostas dos alunos do primeiro termo e do último termo de
cada curso e consideradas como ausência de informação as perguntas que não
foram respondidas.
Teve como base de respostas para análise das respostas o “Compêndio de
Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica e o DSM IV – Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais”.
A primeira questão “Você sabe o que é transtorno afetivo bipolar (TAB)?”
Evidenciou que 64,44% dos alunos do primeiro termo, acreditam terem
conhecimento sobre o transtorno assim como 84%, do último termo.
Desta forma, os dados obtidos apresentam uma discrepância de 19,56 pontos
percentuais indicando que os alunos do último termo acreditam serem detentores de
informações sobre o transtorno.
Já na segunda questão “Se a resposta for sim, então o que é Transtorno
Afetivo Bipolar?”, os resultados indicaram que tanto o primeiro termo (58,63%) como
o último termo (52,38%), apóiam-se na categoria “Variação de humor”, a segunda
categoria mais apontada foi “Mudança de comportamento” esta se apresentou com
um total de 27,58% para o primeiro termo e 23,81% para o último.
A terceira questão "Você conhece alguém com esse transtorno?", demonstrou
que 33,33% de alunos do primeiro termo e 40% dos alunos do último termo
informam ter conhecido. Por outro lado, a resposta negativa é maior para os alunos
do 1º termo (66,67%) ante os do último termo (60%).
Diante da questão 4 "Quais são as principais característica? Citar as três
principais" as respostas “Depressão maior” e “Mania/Hipomania” que são as
principais características do transtorno totalizando em conjunto 21,48% no primeiro e
30,67% no último termo. As demais representações somadas alcançaram 25,56%
no primeiro e 25,33% no último termo, mas a categoria “Em branco / Não sei” chama
atenção para o alto índice percentual (acima de 43% para os dois termos).
A questão de número 5, "Em sua opinião quais os tipos de tratamento que
você conhece? citar os três principais" apresenta alto índice percentual na categoria
“Em branco / Não sei / Não conheço” que aponta a ausência de informação com
61,49% no primeiro e 45,33% no último termo. Por outro lado, o primeiro termo
apresentou maior variabilidade de representações contendo 05 categorias contra 02
do último termo.
Na sexta questão, intitulada “Quais as principais dificuldades vivenciadas pela
família do indivíduo com esse transtorno?” apesar da categoria “Em branco / Não
sei” atingiram 71,12% no primeiro e 49,34% no último termo, em comparação com
os campos que continham algum tipo de informação, apresentou a categoria
“Relacionamento” com índice de 8,15% apontado pelos alunos do primeiro termo
contra 26,67% do último termo.
A sétima questão, identificada pelo título "O que é depressão?" expôs uma
multiplicidade de categorias representativas, mas entre elas a mais citada foi à
categoria “Humor deprimido” com 33,34% no primeiro e 20% no último termo. . As
categorias “Acentuada diminuição do interesse ou prazer” e “Doença psicológica”
aparecem como representações citadas à cima dos 15% no último termo e a baixo
dos 14% no primeiro, já na categoria “Pensamentos de morte ou ideação suicida” o
primeiro termo apresenta-se com 13,33% enquanto o último termo traz a categoria
com 4%.
De acordo com a questão 8, intitulada "O que é mania?", tanto o primeiro
termo com 75,55% quanto o último termo com 48%, apresentaram a categoria
“Comportamento repetitivo” como sendo a mais indicada na representação da
“mania”. Apresenta-se com 4% no último termo a representação de mania que mais
se aproxima da resposta cientifica.
Na questão de número 9, denominada "Em sua opinião quais são as causas
do Transtorno Afetivo Bipolar?" a categoria “Genes da vulnerabilidade, fatores
ambientais e os psicossociais” apresentou-se com margem percentual próxima entre
os dois termos e sendo a categoria “representativa” mais apontada por ambos os
termos.
A questão 10, com o título "Assinalar com um ‘X’ os enunciados que
estiverem corretos com relação aos sintomas do Transtorno Afetivo Bipolar nas
respectivas fases?" os alunos deveriam assinalar até 6 respostas corretas de um
total de 12 respostas. Nesta, o primeiro termo apresentou um total de 33,33% para
4, 5 ou 6 respostas certas, enquanto o último termo 42,11%.
Através das respostas obtidas com a aplicação do questionário, buscou-se
expor as representações sociais sobre o TAB, sendo que a primeira e terceira
questão, identificaram quantos alunos possuíam alguma representação e quantos
tiveram contato com o portador do transtorno. Esta tal representação social que
segundo Oliveira e Werba (1998), são “teorias” dos conhecimentos populares e do
senso comum, construídas e divididas coletivamente, tendo como objetivo elaborar e
interpretar o real. Observou-se que nesta pesquisa a representação social do TAB
esta mais vinculada ao contato indireto através de intermediários do que ao contato
direto, através do próprio portador do transtorno.
Na segunda questão, procurou-se extrair dos alunos que se apresentaram
sendo portadores da representação do TAB, uma definição sobre o transtorno. A
grande maioria dos pesquisados não fugiu da referência, mas de acordo com
Jovchelovitch
(2003),
objetificar
é
condensar
significados
diferentes
que
frequentemente ameaçam significados indizíveis, inescutáveis em uma realidade
familiar. Isso pode ter ocorrido com as formas de representar o TAB, expressas na
categoria “variação do humor” que foi citada anteriormente, e apresentou-se à cima
dos 50%, tanto para o primeiro como para último termo.
Analisando as respostas sobre as características principais do transtorno,
referentes à questão de número 4, o primeiro termo se apresentou com número
maior de respostas com variados sentidos para as características do TAB,
contrapondo o último termo com número mais sintetizado e objetivo da resposta
contida no material cientifico, mas apesar da questão incluir os alunos que não
responderam a pergunta de número 2 e conter três respostas, tanto o primeiro
quanto último termo, tiveram um percentual quase semelhantes de “ausência de
informação” e quase atingiram a metade da amostra. O mesmo ocorreu com a
questão de número 5 que utilizou como referência, o “Compêndio de Psiquiatria:
ciências dos comportamentos e psiquiatria clínica” que traz como fontes de
tratamento à Hospitalização, Terapia psicossocial e Farmacoterapia. (SADOCK,
2007, p. 599, 604). Desta forma, segundo Strey et al. (1998), os alunos do último
termo estariam em contato com os “universos reificados”, onde circulam as ciências
e a objetividade, é neste universo que se situa e é gerado o não-familiar. Já os
alunos do primeiro termo, estariam em meio aos “universos consensuais” que trazem
as práticas interativas do dia-a-dia, são as teorias do senso comum, onde impera o
familiar, e estariam iniciando ou ampliando seu contato com os universos reificados.
A questão 6, que trata das dificuldades vivenciadas pela família do portador
do TAB traz o primeiro termo com representações variadas enquanto o último termo
apresenta, em sua grande maioria, respostas voltadas para a categoria
“Relacionamento”. Isso pode ocorrer, de acordo com Bowden (2011), por que o
transtorno compromete a função familiar e social em aproximadamente metade das
pessoas com esse diagnóstico, a função cognitiva apresenta comprometimentos
sutis prolongados, relacionados à memória de trabalho, outro fator importante seria o
humor (mania, hipomania, estados mistos e depressivos) que possibilitam a
distratibilidade, fala e pensamentos maníacos, comportamento de risco e agitação.
A “depressão” apresentada na questão de número 7, apresentou uma
inversão nos termos, onde o primeiro termo superou o último termo, na soma das
categorias que compõem o episódio depressivo. Segundo Jovchelovitch (2003), os
símbolos dão a entender a capacidade de chamar à presença apesar da ausência,
já que sua característica fundamental é que eles possuem o significado de uma
outra coisa. Desta forma, eles geram o objeto representado, construindo uma nova
realidade que já esta lá. Também provocam uma fusão entre o sujeito e o objeto
porque eles são expressão da relação entre sujeito e objeto. Através de símbolos,
coisas diferentes podem ter o mesmo significado e podem mergulhar umas nas
outras, permitindo assim uma variabilidade infinita, e, ainda assim, são referenciais.
Apesar disso, fica a lacuna dando margem para uma posterior pesquisa que viria a
fim de esclarecer o por que do referencial teórico, nesta questão, estar mais próximo
do primeiro do que do último termo, visto o grau de envolvimento com os “universos
reificados”, que se deu durante a análise dos questionários a favor do último termo.
De acordo com Wagner (2003) a representação social possui um conceito
multifacetado. Por um lado, ela é concebida como um processo social que
compreende a comunicação e discurso, ao longo do qual significados e objetos
sociais são construídos e elaborados. Por outro lado, na relação com o conteúdo de
pesquisas
orientadas
empiricamente,
as
representações
sociais
são
operacionalizadas como atributos individuais, como estruturas individuais de
conhecimento, símbolos e afetos distribuídos entre as pessoas em grupos ou
sociedades.
Com base na citação anterior, pode ser observado, que as respostas oriundas
dos alunos, tanto do primeiro, quanto do último termo, para a questão de número 8,
voltaram-se
para
a
categoria
“comportamento
repetitivo”
que
de
forma
exemplificada, se assemelha ao TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) que
segundo Silva (2004) é composto por “obsessões” que seriam pensamentos e idéias
recorrentes de caráter intrusivo e desagradável que provocam o aumento
significativo da ansiedade e tomam grande parte do tempo dos indivíduos portadores
do TOC e as “compulsões”, conhecidas no popular como “manias”, são
comportamentos, ações ou atitudes de aspecto repetitivo que são adotadas para
responder a uma obsessão com a finalidade de diminuir a ansiedade que esta
provoca. Esta referência não satisfaz os critérios de mania empregados no TAB.
A pesquisa procurou identificar na questão de número 9, as representações
relacionadas aos fatores causais da patologia, que de acordo com Abreu (2006)
seriam os genes da vulnerabilidade, fatores ambientais e os psicossociais como
traumas cerebrais precoces intra-uterinos, neonatais ou precocemente na infância,
infecções virais, privações alimentares, maus-tratos e abuso físico ou sexual na
infância. Através desta referência, podemos observar que os alunos dos termos
(primeiro e último) se equivalem ao apresentarem esta resposta, mas ficam bem
abaixo de seus companheiros, em quantidade, quando comparado aos que
utilizaram respostas que continham sentidos variados ou não responderam.
A questão de número 10, foi inserida com formato mais técnicocientífico, no intuito de correlacionar as representações do TAB dos alunos com o
modelo científico, desta relação, utilizando o referencial de Strey et al. (1998) com os
mundos reificados, apresenta-se no quadro geral, o último termo mais envolvido
neste contexto dos mundos reificados do que o primeiro termo.
CONCLUSÃO
O trabalho evidenciou que ao passo que os alunos caminham dentro deste
processo do conhecimento do mundo científico, impressões oriundas do senso
comum aos poucos vão sendo deixadas de lado ou tornam-se parte do novo mundo,
mas com uma nova roupagem, um conceito mais empírico. Apesar do índice de
questões com ausência de informação de ambos os termos, também ocorreu à
inversão com relação a uma das questões, onde o termo iniciante demonstrou-se
mais representativo com relação às características de identificação do que o termo
concluinte, sendo passível de posterior aplicação de pesquisa e análise da mesma,
para identificação dos mecanismos existentes capazes de interferir e provocar tal
resultado.
A ênfase foi nos autores Sadock (2007), DSM-IV-TR (2002) e Guareschi e
Jovchelovich (2003), demonstrando sua aplicabilidade na análise das respostas
oriundas dos alunos dos cursos de graduação.
A pesquisa realizada, em busca da representação social do TAB nos
graduandos, demonstra que o aluno caminha com pouca representatividade com
relação ao TAB.
O presente trabalho responde à pergunta formulada demonstrando que as
informações pertinentes ao transtorno ainda é muito sucinta dentre as áreas da
saúde, havendo assim a necessidade de formas mais efetivas de inserção de tais
informações na atualidade.
Os objetivos do trabalho foram atingidos totalmente, pois comprovou-se que a
pouca informação e ou alteração do senso comum para formas cientifica-se no
contato do aluno em processo de formação com relação ao TAB.
A presente pesquisa proporcionou reflexão, aprofundamento, identificação de
conceitos, representações diversas a cerca do tema.
O assunto abordado é envolvente e atual, mas não se esgota aqui. Outros
aspectos poderão ser aprofundados em futuros trabalhos, tais como: a descoberta
da representação da “depressão”, que se apresentou com melhor representatividade
pelos alunos do primeiro termo do que do último; e a “mania”, tão vinculada ao TOC,
e descaracterizando a sua empregabilidade no TAB.
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