S E M A N A Porto Alegre / 2 de maio de 2008 / nº 18 / Ano XIII / www.fiergs.org.br E D I T O R I A L É hora de festejar? O “Investment Grade” concedido ao Brasil por uma agência internacional de avaliação de risco deve ser comemorado. Trata-se de um marco que coloca o país em posição privilegiada no ranking das nações. Mas não se pode esquecer que o “grau de investimento” ocorre em meio ao debate de algumas teses que podem ofuscar e desconstruir essa conquista a médio prazo. São propostas que fustigam a competitividade industrial, como a redução da jornada de trabalho ou a adesão à Convenção 158 da OIT. Essas idéias – se fossem validadas – significariam reduzir os graus de competição da economia brasileira, atrasando o nosso desenvolvimento. Na prática, seria travar a evolução social dos brasileiros. Produzindo menos e por custos maiores, haveria queda no nível de emprego, e terminaria a animação que hoje toma conta da economia nacional. Em vez de continuar subindo, o Brasil desceria vários degraus no ranking mundial. Não podemos permitir que a conquista atual se perca em devaneios ideológicos. Queremos que as comemorações sejam muitas e sucessivas. Paulo Fernandes Tigre, presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul Título do Brasil deve ser comemorado com cautela A notícia da entrada do Brasil no grupo de países com baixo risco para aplicações financeiras, graças ao título “Investment Grade” (grau de investimento) obtido na quarta-feira (dia 30), deve ser comemorada, mas com alguma cautela, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre. “Um dos efeitos internos positivos dessa nova posição do Brasil, que deve ser aproveitada, é o fato de abrir espaço para a redução da taxa de juros”, afirmou Tigre, ao acrescentar que “o país que consegue ter segurança para aplicar não deve ter o juro mais caro do mundo”. O presidente da FIERGS, no entanto, alertou para o impacto sobre o câmbio depois da nova classificação do país pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s, já que a maior confiabilidade naturalmente atrai um volume crescente de aplicações estrangeiras, forçando a valorização do real. “As cotações atuais já comprometem o ritmo das exportações brasileiras e isto precisa ser resolvido antes que seja tarde”, advertiu. Paulo Tigre também advertiu que se somos um país confiável e continuarmos com as mais altas taxas de juros, isso atrairá uma avalanche de capitais estrangeiros especulativos. “Então, precisamos reduzir os juros para aumentar a nossa competitividade criando, em paralelo, regras para que os recursos do exterior passem a ingressar no Brasil como investimentos produtivos e não nos transformem em um paraíso da especulação internacional”, destacou. Para o industrial, o importante será a manutenção das condições favoráveis a longo prazo. “Chegamos lá e agora, mais do que nunca, precisamos manter essa posição”, observou, apontando como requisitos a busca incessante da modernidade, através, por exemplo, da realização das Reformas Estruturais . O presidente da FIERGS entende, ainda, que é preciso afastar as propostas de atraso que hoje estão no debate nacional, como é o caso da redução da jornada de trabalho e a Convenção 158 da OIT. “Essas idéias certamente comprometem a nossa competitividade e isto pode custar caro no médio prazo, pois produzindo menos, haverá menos empresas e menos empregos e renda para os brasileiros”, assinalou Tigre. O grau de investimento é uma nota concedida pelas agências de classificação de risco que indica a capacidade de um país pagar sua dívida interna e externa. Entre os motivos que levaram o Brasil a ter a sua avaliação melhorada, estão as contas externas, que mesmo tendo piorado recentemente, passando a apresentar déficit nas transações correntes, não foram um empecilho para a avaliação de que o país encontra-se em melhor situação. Outro fator foi o Brasil ter sido pouco afetado pelos movimentos de crise no cenário internacional, provocados pelo mau momento da economia americana. A expectativa é de que o grau de investimento do país, agora anunciado pela Standard & Poor’s, venha a ser confirmado também pelas outras duas importantes agências de avaliação de risco, a Fitch e a Moody’s, ainda no primeiro semestre. Confiança do industrial gaúcho é a maior em quatro anos Os resultados do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI-RS) deste mês, medido pela FIERGS, demonstraram que os empresários gaúchos continuam otimistas em relação à evolução dos seus negócios. O indicador atingiu 60 pontos e, embora tenha registrado uma pequena queda em relação à pesquisa do quarto trimestre de 2007, é o maior valor para abril nos últimos quatro anos. “Os números mostram que a trajetória de expansão da indústria do Estado deverá manter-se em alta nos próximos meses. Industriais confiantes tendem a aumentar a produção, os investimentos e o emprego de modo a atender o esperado crescimento da demanda”, explicou o presidente da FIERGS, Paulo Tigre, ao divulgar os resultados nesta terça-feira. O ICEI-RS é calculado a cada trimestre a partir de outros dois índices: Condições Atuais e Expectativas. Em cada um deles o entrevistado avalia a economia brasileira e a própria empresa. Os indicadores variam de zero (o cenário pior possível) a cem pontos (o melhor). Resultados acima de 50 pontos sinalizam que os industriais estão confiantes. De acordo com o levantamento, a queda de dois pontos no ICEI-RS ocorreu, principalmente, devido ao Índice de Condições Atuais, que recuou quatro pontos, passando de 58 na última pesquisa para 54 em abril. Essa redução reflete a percepção de mudança no cenário econômico devido às dificuldades enfrentadas nos Estados Unidos, com repercussão nos indicadores financeiros brasileiros. Segundo Tigre, “o bom desempenho do mercado interno é o principal fator para o otimismo em relação à economia, superando os temores com as conseqüências da crise americana”, explicou. Já o Índice de Expectativas para os próximos seis meses manteve-se no mesmo patamar, em comparação ao último trimestre de 2007, chegando a 63 pontos. Foi o valor mais elevado em quatro anos e revela que os industriais gaúchos estão bastante otimistas com a evolução futura da economia brasileira e de seus negócios. Índice de Confiança do Empresário Industrial - RS CIERGS obtém mais uma liminar para liberação de mercadorias em aduanas O Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (CIERGS) obteve a quinta liminar que obriga os auditores fiscais da Receita Federal a liberarem as mercadorias para exportação e importação retidas em função da greve da categoria. A nova medida abrange o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, e determina que sejam atendidas até 40% das demandas dos associados da entidade. Já as decisões anteriores para as aduanas das cidades de Rio Grande, Uruguaiana, Caxias do Sul e Novo Hamburgo atingiram 100% das necessidades das empresas. Os juízes federais justificaram que embora o direito de greve esteja amparado no plano constitucional, a paralisação não pode prejudicar as atividades econômicas do setor privado, pois há o “risco de lesão irreparável” às empresas. A Unidade Jurídica do CIERGS também entrou na Justiça Federal com pedido de liberação de mercadorias em outras aduanas. A entidade aguarda as decisões em relação a São Borja, Chuí e Jaguarão. Nestas localidades há associados da entidade com dificuldades de embarcar e receber produtos. Para o CIERGS, uma alternativa importante e que deve ser mais amplamente utilizada é o Canal Verde – medida que libera da necessidade de fiscalização rigorosa e in loco as cargas importadas ou que serão exportadas. As liminares estão disponíveis no site www.fiergs.org.br/ unijur. Perdas com acidentes de trabalho no Brasil chegam a 4% do PIB empresas, como os de Qualidade, para inserir os de saúde e segurança. Também salientou as vantagens competitivas dos investimentos em SST. “Muitos países adotam as diretrizes da OIT nas suas concorrências. Na Europa, por exemplo, comprovar que possui gestão em SST é fundamental para uma corporação vender seus produtos e serviços”, salienta Dias. Para o presidente do Instituto Internacional da Saúde no Trabalho e da Associação Brasileira das Empresas de Segurança e Saúde no Trabalho, Ruddy Facci, “mais do que investir em planilhas e metas, o importante é focar os esforços na mudança cultural, com o envolvimento tanto da alta direção quanto dos colaboradores”, explicou. O Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes do Trabalho foi Instituído em 2003 pela OIT e faz referência à explosão de uma mina nos Estados Unidos, que matou 78 trabalhadores em 28 de abril de 1969. A data é celebrada em mais de cem países. Segundo a OIT, 270 milhões trabalhadores no mundo sofrem anualmente lesões graves ou mortais. São registradas seis mil mortes por dia. Os índices representam um custo equivalente a 4% do PIB mundial. Dados da Fundacentro colocam o Brasil em quarto lugar no ranking mundial de casos, com 2.503 mortes. Perde apenas para a China (14.924), Estados Unidos (5.764) e Rússia (3.090). O Serviço Social da Indústria lançou nesta segunda-feira o site Pro-SST (www.sesi.org.br/pro-sst), um sistema de informação onde estão inseridos dados sobre gestão em Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e dicas de prevenção. Foi desenvolvido em parceria com o Canadian Centre for Occupational Health and Safety. Foto: Dudu Leal Os acidentes de trabalho no Brasil causam prejuízos que variam de 2,3% a 4% do Produto Interno Bruto. Mas o resultado vai além das perdas econômicas. Anualmente, mais de 500 mil pessoas sofrem algum tipo de lesão durante o exercício das suas atividades profissionais. Atuando para reverter este cenário, a FIERGS, por meio do seu Conselho de Relações do Trabalho e Previdência Social (Contrab), realizou o Seminário Internacional sobre Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) e reuniu representantes de empresas, governos, trabalhadores e pesquisadores. O encontro ocorreu na segunda-feira, no Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, na sede da FIERGS. “Queremos sensibilizar os empresários e mostrar que investimentos em um sistema de gestão em saúde e segurança trazem ganhos em produtividade e competitividade, além de credibilidade junto à sociedade”, afirmou o coordenador do Contrab, Ayrton Giovannini, na abertura do seminário, destacando que “a prevenção é o caminho mais seguro para um ambiente profissional saudável”. De acordo com o conferencista português Luis Alves Dias, que tratou dos sistemas de gestão de SST do ponto de vista da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a implementação de ações preventivas deve ser “simples, prática e fácil de usar”. Conforme Dias, uma tendência mundial de sucesso é o aproveitamento dos programas já existentes nas Luis Alves Dias falou sobre diretrizes da OIT em Saúde e Segurança no Trabalho Seminário sobre Legislação Societária “As Novas Demonstrações Financeiras Introduzidas na Legislação Societária” é tema do seminário que será realizado pela FIERGS, por meio do Conselho Técnico de Assuntos Tributários, Legais e Financeiros (Contec), no dia 8 de maio, às 13h30min, na sede da entidade. O evento é destinado a contadores, auditores, administradores e todos profissionais que, de forma direta ou indireta, desenvolvem atividades relacionadas às Ciências Contábeis e ao Direito Tributário. O objetivo é tratar das inovações introduzidas na nossa legislação societária pela Lei nº 11.638/07. Também serão debatidos os aspectos polêmicos da lei, com o objetivo de adequá-la aos padrões internacionais de contabilidade. O seminário é uma parceria do Contec com a CCA Consultoria e Auditoria. As vagas são limitadas. Informações: (51) 3347-8555 ou 0800 51 8555. Concex começa interiorização Frederico Dürr (E) liderou a primeira ação do programa na Serra gaúcha Secretários municipais apresentam modelo de gestão da prefeitura Os secretários municipais da Fazenda, Cristiano Tatsch; de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Clóvis Magalhães; e de Captação de Recursos, Investimentos e Relações Internacionais, Claudio Gandolfi, estiveram na Reunião das Diretorias, na terça-feira. Tatsch ressaltou que, através da adoção do atual modelo de gestão e de cortes em custeio na prefeitura de Porto Alegre, foi possível registrar em 2007 um crescimento da arrecadação de 26% acima da inflação sem aumento de impostos. Afirmou ainda que sem a implantação dos mecanismos de gestão do PGQP não teria sido possível alcançar tais resultados, já que a prefeitura vinha de dois anos de déficit quando a atual gestão assumiu. Magalhães lembrou que também foram aplicadas ferramentas e metodologias na área de pessoal, dando um passo concreto, em algumas áreas, inicialmente, para a prática da “meritocracia” na função pública. O secretário disse que para 2008 a previsão de investimentos é de R$ 300 milhões, incluindo aí as contratações do PAC, enquanto em 2007 foi de R$ 187 milhões. Secretários participaram da Reunião das Diretorias na terça-feira G E N D A Educação Ambiental O programa Educação Ambiental Compartilhado, do governo do Estado e da iniciativa privada, será lançado na quartafeira, dia 7 de maio. A FIERGS, através do Codema, é uma das entidades apoiadoras. O evento será na sede da FIERGS, às 14h. Informações: (51) 3347-8791. além de visitas às empresas Marcopolo, Tramontina e Miolo. O objetivo é deslocar as discussões para o interior com a finalidade de identificar temas estratégicos e demandas regionais, além de repassar informações qualificadas e fortalecer o diálogo com entidades e empresas. A greve dos auditores da Receita Federal esteve entre os temas discutidos no encontro. Fotos: Divulgação O Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Concex) da FIERGS realizou na última semana o Programa de Interiorização. A primeira ação, liderada pelo vice-coordenador do Concex, Frederico Dürr, foi em Caxias do Sul, Farroupilha e Bento Gonçalves. O Programa incluiu reuniões nas CICs de Caxias do Sul e de Bento Gonçalves, A Vale do Rio Pardo A primeira reunião regional do Vale do Rio Pardo no ano, uma iniciativa da FIERGS, por meio da Caemp, será realizada na quinta-feira, dia 8 de maio, às 17h, em Venâncio Aires. O local será a sede da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), parceira da FIERGS no evento. O endereço é Avenida Osvaldo Aranha, 1.340, sala 400. Na ocasião também será assinado um termo de cooperação entre o Senai-RS, a Caciva e a Prefeitura Municipal de Venâncio Aires para a instalação de um curso de marcenaria na cidade. Informações: (51) 3347-8773 ou 3347-8680 (FIERGS) e 3741-2383 (Caciva). Banco de Alimentos Todo início de mês, o Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul promove o Sábado Solidário. No dia 10 de maio, doações de produtos não-perecíveis serão recebidos diretamente nas unidades dos supermercados Big e Nacional de Porto Alegre ou do interior do Rio Grande do Sul. O Banco de Alimentos é uma organização criada pelo Conselho de Cidadania do Sistema FIERGS e mais 12 instituições, com o objetivo de combater o desperdício, através da distribuição de doações para entidades carentes. Desde o início do projeto, em 2000, foram arrecadados e distribuídos mais de sete milhões de quilos de alimentos. Mais informações: 0800-541-6000. Mercado de Capitais A FIERGS, IEL-RS, Bovespa e Fundação Dom Cabral promovem dia 14 de maio, a partir das 15h30min, o evento “Gestão, Governança e Mercado de Capitais – Perspectivas das Empresas Gaúchas”. O seminário, na sede da Federação das Indústrias, lançará a pesquisa que busca identificar o estágio atual das empresas do Rio Grande do Sul previamente selecionadas e seu potencial para acessar o mercado de capitais. Informações: (51) 3347-8684.