AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTINOCICEPTIVO DO FITOL, UM

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTINOCICEPTIVO DO FITOL, UM ÁLCOOL
DITERPENO ENCONTRADO EM ÓLEO DE PLANTAS AROMÁTICAS
Irismara sousa silva( bolsista ICV/ UFPI), Jand Venes Rolim Medeiros(Orientador depto. de
Biomedicina- UFPI)
INTRODUÇÃO: O termo dor conceitua-se como uma experiência sensorial e emocional desagradável,
relacionado à lesão tecidual real ou potencial, ou descritas em termos desse tipo de dano. Quando se trata
de fármacos para o tratamento da dor, abre-se uma lacuna no que diz respeito ao regime medicamentoso
que pode ser estabelecido, tendo em vista que ainda não dispomos de um fármaco analgésico e/ou antiinflamatório ideal, ou seja, que não promovam efeitos colaterais potenciais. Assim, tem-se a necessidade de
buscar medidas alternativas para o desenvolvimento de medicamentos para o combate da dor. Nessa
perspectiva, os produtos naturais encaixam-se como uma fonte promissora na pesquisa de moléculas com
potencial atividade analgésica. Os terpenóides são derivados de vários produtos naturais e representam
uma das maiores e mais variadas classes de metabólitos secundários de origem natural. O fitol (fig 1 ) é um
diterpeno pertencente ao grupo dos álcoois acíclicos insaturados de cadeia longa e ramificada. Dessa
forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar as propriedades antinociceptivas do fitol, um álcool
diterpeno, em modelos clássicos de nocicepção em camundongos.
METODOLOGIA: Foram utilizados camundongos machos Swiss (25-30 g) que ficaram alojados a uma
temperatura de 25 ± 2 ° C sob um ciclo claro /escuro 12/12-h luz com comida e água acessível. Todas as
experiências foram realizadas em conformidade com o Guia para Cuidados e Uso de Animais de
Laboratório (National Institute of Health, Bethesda, MD, EUA) e foram aprovados pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da UFPI (protocolo n º. 0066/10). As drogas foram adquiridas da Sigma Chemical. Todos os
fármacos foram dissolvidos em 0,9 de salina estéril (w / v) incluindo o Fitol. Todos os outros produtos
químicos eram de grau analítico e foram obtidos a partir de fornecedores comerciais padrão. No teste de
contorção abdominal induzida por ácido acético, cada grupo de animais (n=5) foram pré-tratados com
Salina, Fitol (75mg / kg, ip) e morfina (5 mg / kg, s.c., controle de referência). Depois de 30 minutos, 0,6% de
ácido acético (10 ml / kg, i.p.) foi administrado. Depois de esperar por 10 minutos, o número de contorções,
incluindo as contrações musculares abdominais e extensão da pata traseira, foram registradas durante 20
minutos. No teste de formalina, Os animais foram pré-tratados com DMSO a 2%, fitol (75 mg / kg, ip) e
morfina (5 mg / kg, sc; como controle de referência). Trinta minutos após a administração, 2,8% de formalina
(20 ul) foi administrado por via subcutânea (s.c.) na pata traseira direita. O tempo de lambedura foi gravado
nos tempos de 0 a 5 minutos (fase 1, que corresponde a um estímulo químico direto de nociceptores) e 2025 minutos após a injeção de formalina (fase 2, que envolve libertação de mediadores inflamatórios.
RESULTADOS: A fiigura 2 mostra que o número de contorções abdominais induzida por ácido acético, no
período de 20 min foi de 50,00 ± 6,914. O pré-tratamento com o Fitol (75 mg / kg, ip) diminuiu o número de
contorções para 3,800 ± 1,934, uma inibição de cerca de 92,4% das contorções (P<0.05). A morfina (5 mg /
kg, sc), um agonista opióide, reduziu o número de contorções em 98,8% (P<0.05), comparado com o grupo
de ácido acético, conforme o esperado. A figura 3a, mostra que a administração de formalina 2,8%
promoveu um elevado tempo de lambedura da pata na primeira e na segunda fase (60,36 ± 12,91 e 37,28 ±
11,19 s, respectivamente; Fig 3a). O pré-tratamento com fitol (75 mg / kg, ip) reverteu significativamente o
tempo de lambedura, em ambas as fases neurogênica (63,99%, P 0,05 b) e inflamatória (93,30%, P b 0,01).
Do mesmo modo, a administração de morfina também reverteu a dor induzida por formalina, diminuindo o
tempo de lambedura em 57,38% (P b 0,05) na fase 1 e 98,23% (pb 0,05) na fase 2.
Fig.1
Fig.2
Fig. 3
DISCURSÃO: A contorção abdominal induzida por ácido acético é um modelo de dor visceral, o qual tem
sido largamente utilizado na avaliação da atividade antinociceptiva periférica devido à sua alta sensibilidade.
O ácido acético induz a produção local de mediadores inflamatórios, incluindo as prostaglandinas,
serotonina, histamina, bradicinina, e substância P, que sensibizará nociceptores que conduzem a
hiperalgesia. O pré-tratamento com o fitol diminuiu significativamente a quantidade de contorções induzida
por ácido acético em camundongos. O efeito anti-nociceptivo do fitol neste modelo experimental sugere que
o mesmo atue através da inibição da síntese e ação de mediadores inflamatórios que contribuem para o
desenvolvimento da dor inflamatória. Estes dados, confirmam resultados já obtidos em modelos
experimentais de inflamação com o fitol, em que se observou que o fitol reverteu significativamente o edema
de pata induzido por histamina, serotonina, bradicinina e PGE2. Um modelo de nocicepção que tem sido
extensivamente utilizado para verificar o efeito anti-nociceptivo em novos compostos é o teste de lambedura
da pata induzida por formalina. Esse modelo avalia duas fases diferentes da nocicepção. A primeira fase,
classificada como uma dor neurogênica é uma resposta aguda observada imediatamente após a
administração de formalina, persistindo durante 5 minutos e que ocorre através da estimulação química
direta promovida pela formalina em nociceptores, no tipo C e parte da fibra Aδ aferentes; que também está
associada com a libertação de aminoácidos excitatórios. Os ácidos, como o glutamato, o aspartato, taurina
e glicina que são conhecidas por estarem envolvidas na transmissão da nocicepção periférica. A segunda
fase, entre 15 e 60 minutos aparece após a administração de formalina, classificada como uma dor
inflamatória, e é uma resposta associada com a liberação de produtos químicos os mediadores, tais como
histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas e aminoácidos excitatórios. Estes resultados confirmam
fortemente a capacidade do fitol de agir a nível central de nocicepção, por inibir a fase neurogénica, além de
atuar também a nível periférico, ao inibir a fase inflamatória, o que confirma os resultados encontrados no
teste de contorção abdominal induzida por ácido acético. CONCLUSAO: Os resultados obtidos sugerem
que o Fitol possui ação anti-nociceptiva, por diminuir as contorções abdominais induzidas por ácido acético
por atuar diminuindo o tempo de lambedura da pata no teste de formalina em camundongos.
APOIO: UFPI, UFC, BIOTEC
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