Curso de Fisioterapia Adriana Farah Lima FISIOTERAPIA EM LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR COM ÊNFASE NO TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO Rio de Janeiro 2007 2 ADRIANA FARAH LIMA FISIOTERAPIA EM LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR COM ÊNFASE NO TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta. Orientador: Prof Ms. Oswaldo Cupertino Simões Filho. Rio de Janeiro 2007 3 ADRIANA FARAH LIMA FISIOTERAPIA EM LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR COM ÊNFASE NO TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta. Aprovada em: ____/____/2007. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Prof. Ms. Oswaldo Cupertino Simões Filho ______________________________________________________ Prof. Esp. José Diniz Feijóo ______________________________________________________ Prof. Ms. Ricardo Ribeiro Grau: _________________ 4 DEDICATÓRIA Dedico esta minha vitória alcançada a Deus por ter me dado forças para sempre perseverar e nunca desistir, aos meus pais, familiares e amigos que sempre me apoiaram a chegar aqui. 5 AGRADECIMENTOS Ao meu querido orientador, Professor Oswaldo Simões, pelos seus conselhos e aos meus supervisores de estágios, pois sem eles não teria aprendido tanto o que é ser uma fisioterapeuta. 6 EPÍGRAFE “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” - Paulo Freire - 7 RESUMO Este trabalho consiste de uma revisão bibliográfica sobre lesão do ligamento cruzado anterior e seu tratamento fisioterapêutico. O joelho é a maior articulação do corpo, estando bastante sujeito a lesões, o que contribui para a alta incidência de lesões do ligamento cruzado anterior. A fisioterapia é um método terapêutico aplicado na recuperação dos pacientes com este tipo de lesão, submetido a cirurgias. Baseia na utilização de técnicas como cinesioterapia, eletroterapia, crioterapia e outras técnicas apropriadas para este tipo de lesão. Procurou-se através desta revisão bibliográfica, uma melhor compreensão das estruturas que compõem a articulação do joelho, e das suas funções, sendo dando ênfase às lesões, avaliações e tratamentos do ligamento cruzado anterior. Discutiu-se os métodos indicados pelos autores pesquisados, formando uma revisão atualizada sobre os tratamentos a serem seguidos. Palavra-chave: ligamento cruzado anterior, pós-cirúrgico e cinesioterapia. 8 ABSTRACT This work consists of a bibliographical revision on injury of the crossed ligament previous and its physiotherapeutic treatment. The knee is the biggest joint of the body, being sufficiently subject the injuries, what it contributes for the high incidence of injuries of the crossed ligament previous. The physiotherapy is a therapeutically method applied in the recovery of the patients with this type of injury, submitted the surgeries. It bases on the use of techniques as exercise, electrotherapy, ice in the place and others appropriate techniques for this type of injury. It was looked through this bibliographical revision, one better understanding of the structures that compose the joint of the knee, and its functions, being giving emphasis to the injuries, evaluations and treatments of the crossed ligament previous. One argued the methods indicated for the searched authors, forming a revision brought up to date on the treatments to be followed. Key-word: previous, after-surgical crossed ligament and exercise. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10 CAPÍTULO 1 ANATOMIA DO JOELHO..................................................................... 11 1.1.1 Articulação tibiofemoral............................................................................................. 12 1.1.2 Articulação patelofemoral .......................................................................................... 14 1.1.3 Musculatura extensora do joelho................................................................................ 15 1.1.4 Musculatura flexora do joelho.................................................................................... 17 1.2 Anatomia do LCA........................................................................................................ 18 1.2.1 Biomecânica do LCA ................................................................................................. 19 1.2.2 Mecanismo de lesão.................................................................................................... 20 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA FISIOTERAPÊUTICA ............. 23 2.1 Anamnese ..................................................................................................................... 24 2.1.1 Inspeção ...................................................................................................................... 25 2.1.2 Palpação...................................................................................................................... 27 2.1.3 Amplitude de movimento ........................................................................................... 28 2.1.4 Força muscular ........................................................................................................... 30 2.2 Testes específicos ......................................................................................................... 30 CAPÍTULO 3 RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR..... 34 3.1 Tipos de enxerto........................................................................................................... 36 3.2 Processo de ligamentização......................................................................................... 39 CAPÍTULO 4 TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO ................................................. 41 4.1 Protocolo de Canavan (2001)...................................................................................... 49 4.2 Protocolo de Kisner (2005) ......................................................................................... 51 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 55 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 56 10 INTRODUÇÃO O Ligamento Cruzado Anterior é um elemento importante da estabilização do joelho. Á ruptura do Ligamento Cruzado Anterior correlacionam-se lesões meniscais e condrais, com possíveis implicações funcionais para a articulação. O tratamento da lesão do Ligamento Cruzado Anterior tem como objetivo principal à estabilização funcional do joelho, podendo ser conservador ou cirúrgico. Idade fisiológica do paciente, nível de prática esportiva e lesões articulares associadas são elementos críticos na escolha da abordagem terapêutica. A técnica cirúrgica de reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior mais comum é o procedimento ligamentoplastia ou artroscopicamente assistido ou endoscópico usando enxerto autógeno. Os dois tecidos mais comuns usados para o enxerto autógeno são o enxerto de ossotendão-osso do terço central do tendão patelar, ou enxerto duplo do tendão de um músculo posterior da coxa (semitendíneo ou semimembranáceo). O propósito da reabilitação neste pós-operatório de imediato é a diminuição do edema para iniciar movimentos passivos que trabalhem arco de movimento do individuo, evitar grandes esforços para não haver nenhum tipo de complicação e no decorrer de sua evolução o trabalho de fortalecimento isométrico, exercício com resistência e treinamento proprioceptivo até estar restabelecido completamente e ter alta. 11 CAPITULO 1 ANATOMIA DO JOELHO Cailliet (1976, pág. 3), relata que o joelho é, provavelmente, a articulação mais complicada do corpo humano. Isto porque sua função está relacionada à sua estrutura óssea, à sua atividade muscular integrada e às suas estruturas ligamentares restritas e precisas. Kapandji (2000, pág. 74), descreve o joelho com uma articulação intermédia do membro inferior. É, principalmente, uma articulação com só um grau de liberdade – a flexãoextensão –, que lhe permite aproximar ou afastar, mais ou menos, a extremidade do membro à sua raiz, ou seja, regular a distância do corpo com relação ao chão. O joelho trabalha, essencialmente, em compressão, pela ação da gravidade. De forma acessória, a articulação do joelho possui um segundo grau de liberdade: a rotação sobre o eixo longitudinal da perna, que só aparece quando o joelho está flexionado. A articulação é formada pela extremidade distal do fêmur e extremidade proximal da tíbia com os meniscos interpostos, os quais dão simetria à articulação e ajudam a lubrificação. A articulação é rodeada por ligamentos e músculos. Os seus movimentos são, basicamente, flexão e extensão com o mínimo de rotação. O joelho do ser humano, diferente daquele dos primatas inferiores, é capaz de completa extensão (0º) e de flexão superior a 90º. Leve adução e abdução são fisiologicamente possíveis desde que a tíbia seja completamente estendida sobre o fêmur. Para Ellenbecker (2002, pág. 1): “[...] A própria articulação do joelho é capaz de se mover em seis graus de liberdade: três translações (ântero-posterior, medial-lateral e proximal-distal) e três rotações (interna-externa, em varo-valgo e flexão-extensão). Há pouca estabilidade intrínseca no joelho porque a articulação está localizada nas extremidades de dois braços de alavanca longo, o fêmur e a tíbia; portanto, a articulação depende muito de estruturas musculares e ligamentares para sua estabilidade e força. [...]”. Segundo Ellenbecker (2002, pág. 1), acrescenta que a articulação do joelho, ou articulação tibiofemoral, é a maior articulação do corpo. É de natureza ginglimóide, ou em charneira modificada, propiciando grande grau de amplitude de movimento . Macnicol (2002, pág. 2) diz que a articulação do joelho é sustentada por sua cápsula, pelos ligamentos e músculos circunjacentes, com a ajuda dos meniscos e da articulação patelofemoral. A configuração das superfícies articulares femoral e tibial está voltada principalmente para a sustentação do peso e o movimento de charneira (dobradiça) 12 relativamente não contida, que ocorre entre essas estruturas, está voltada para a velocidade de movimento. Winkel (2001, pág. 11) afirma que: “[...] a estabilidade do joelho é uma condição imprescindível para o perfeito funcionamento da articulação. A estabilidade é assegurada por estruturas dotadas de função estática e dinâmica. A cápsula articular, os ligamentos, os meniscos, os ossos o peso corporal são elementos responsáveis pela estabilidade estática, enquanto os músculos e tendões asseguram a estabilidade dinâmica. [...]”. Rasch (1991, pág.146), afirma que investigadores finlandeses recentemente que em homens e mulheres a articulação do joelho é o local mais comum de lesão desportiva que requer cirurgia, e que a freqüência em mulheres é significativamente mais alta que em homens. Figura A – art. do joelho; Organização das fibras do ligamento lateral medial na posição estendida. Figura B – Art. do joelho; Organização das fibras do ligamento lateral medial na posição flectida. Sobotta – Volume 2 (2000, pág. 289) 1.1.1. ARTICULAÇÃO TIBIOFEMORAL Ellenbecker (2002, pág. 2), afirma que a articulação tibiofemoral é a articulação entre o fêmur distal e a tíbia proximal. As superfícies de descarga de peso do fêmur são convexas, e os côndilos medial e lateral assimétricos localizam-se na extremidade distal do fêmur. Os côndilos se fundem anteriormente, criando um sulco troclear côncavo, em que a patela está posicionada de forma articulada. Posteriormente, os côndilos estão separados pela incisura intercondilar. Os côndilos do fêmur são convexos tanto no plano frontal como no plano sagital. Segundo Winkel (2001, pág 12): “As faces articulares da articulação fêmoro-tibial são formadas pela extremidade inferior do fêmur e pela extremidade superior da tíbia. Elas não se 13 situam sobre um eixo retilíneo, em nenhum dos três planos de corte (sagital, frontal e transversal)”. Ellenbecker (2002, pág. 2), a superfície articular do côndilo medial é maior que a superfície de contato do côndilo lateral. A altura da parede do côndilo lateral é maior ao longo do sulco troclear, auxiliando na prevenção da subluxação lateral da patela. Correspondendo às superfícies articulares do fêmur, há dois platôs côncavos e assimétricos na tíbia proximal. Os platôs tibiais lateral e medial estão separados por duas espinhas chamadas eminências ou tubérculos lateral e medial. Existem incongruências e assimetrias entre os platôs tibiais e medial e lateral. Primeiro, a superfície de contato do platô tibial medial é 50% maior que a superfície de contato do platô lateral. Segundo, o platô lateral é côncavo no plano frontal e convexo no plano sagital. É essa incongruência que possibilita a ocorrência de vários movimentos distintos na articulação tibiofemoral. O movimento no joelho pode ser caracterizado como uma combinação de rolamento, deslizamento e rotação. Segundo Hall (1993, pág. 120): “Os côndilos medial e lateral da tíbia e do fêmur articulam-se para formar uma articulação bicondilar. Pela sua proximidade, estas duas articulações condilares funcionam como uma única articulação do tipo dobradiça. Os côndilos da tíbia, conhecidos como platôs tibiais, formam suaves depressões separadas por uma região conhecida como eminência intercondilar. Os côndilos medial e lateral do fêmur diferem em tamanho, forma e orientação, o que faz com que o fêmur rode discretamente no sentido medial sobre a tíbia, enquanto o joelho é movido até a extensão completa. Este fenômeno foi descrito como um mecanismo de parafuso. A extensão completa é a posição de maior estabilidade do joelho”. Winkel (2001, pág. 12), afirma que a articulação tibiofemoral representa uma combinação de articulação esférica com articulação em dobradiça; por conseguinte, os seus movimentos são realizados sobre dois eixos: _sobre um eixo transversal que se localiza no plano frontal; sobre este eixo são executados os movimentos de flexão e extensão no plano sagital; _um eixo longitudinal que se situa no plano sagital, sobre o qual se realizam os movimentos de rotação interna e externa, dentro do plano transversal. A mobilidade da articulação fêmoro-tibial é altamente complexa, consistindo numa combinação de movimentos realizados simultaneamente nas diversas partes da articulação do joelho, afirma Winkel (2001, pág. 14). 14 Artrocinemática da articulação tibiofemoral Ellenbecker (2002, pág. 20) 1.1.2. ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL Ellenbecker (2002, pág. 2), a articulação patelofemoral é a articulação entre a patela e o fêmur. A patela caracteriza-se como um osso sesamóide triangular. Anteriormente, a patela é minimamente convexa em todas as direções. Distalmente, a patela tem forma de “V” e está circundada pelo tendão infrapatelar. A margem lateral da patela é mais delgada que a margem medial. Não obstante, as duas margens firmam as inserções da sinóvia, cápsula articular e expansão do quadríceps. Para Rasch (1991, pág. 121): “A articulação patelofemoral consiste na articulação da patela, envolvida pelo tendão patelar, com os côndilos femorais. A função primária da patela é aumentar o ângulo de inserção do tendão patelar na tíbia, melhorando, assim, o desempenho dos quatro músculos que compõem o quadríceps na extensão do joelho. A patela protege parcialmente a face anterior do joelho”. Winkel (2001, pág. 26), descreve que a patela é praticamente exclusiva dos vertebrados; ela se encontra incluída no tendão dos músculos extensores do joelho. O seu núcleo de ossificação aparece entre o 2º e o 4º ano de vida. Alguns indivíduos apresentam dois centros de ossificação, os quais se fundem rapidamente. Na ausência de fusão forma-se a patela bífida congênita. Ellenbecker (2002, pág. 2), diz que o próprio sulco articula-se com as facetas da patela em toda amplitude de movimento do joelho. A superfície retropatelar se compõe de sete facetas, quatro no lado medial e três no aspecto lateral. Geralmente as facetas mediais são mais convexas e menores que as facetas laterais, que não só são maiores, mas também mais côncavas. 15 Winkel (2001, pág. 26 e 27), afirma que podemos distinguir as seguintes variantes de facetas articulares da patela: Tipo I: duas facetas de tamanho quase idêntico. Tipo II: a faceta medial é côncava e menor que a faceta lateral (externa); esta é a variedade mais comum. Tipo III: faceta interna pequena e achatada. Tipo IV: faceta interna pequena e convexa (hipoplasia). Tipo V: patela em forma de “chapéu de caçador”. Ellenbecker (2002, pág. 2), a zona de contato nos aspectos lateral e medial do fêmur move-se distalmente, no sentido ântero-posterior ,à medida que prossegue a flexão. Além de melhorar a eficiência do quadríceps durante os 30º finais de extensão, a patela também funciona como guia para o tendão do quadríceps, diminui o atrito do mecanismo do quadríceps, controla a tensão da cápsula do joelho e funciona como um escudo protetor para a cartilagem do fêmur. É essencial que a patela tenha um trajeto muito favorável, para uma biomecânica normal. O trajeto da articulação patelofemoral é considerada normal se o ápice da patela está centrado no sulco troclear do fêmur, ao longo de todos os graus de flexão. Winkel (2001, pág. 27), complementa que os movimentos da articulação patelofemoral acompanham os movimentos da articulação tibiofemoral. 1.1.3. MUSCULATURA EXTENSORA DO JOELHO Ellenbecker (2002, pág. 10), os quatro extensores do joelho, consiste em reto da coxa, vasto intermédio, vasto lateral e vasto medial são coletivamente conhecidos como quadríceps femoral. Segundo Winkel (2001, 27): “As pesquisas eletromiográficas levaram à determinação do percentual que cabe aos diversos músculos que compõem o músculo quadríceps femoral, em relação à força total disponível para o movimento de extensão do joelho: m. reto anterior, m. vasto externo, m. vasto intermédio, m.vasto interno e m. vasto interno oblíquo”. Ellenbecker (2002, pág. 10) diz que o ligamento da patela (também conhecido como ligamentum patellae, tendão patelar e tendão infrapatelar) é a extensão do complexo muscular do quadríceps desde o pólo inferior da patela até a tuberosidade da tíbia, na parte ânteroposterior. 16 Dangelo e Fattini (2004, pág. 213): Músculo Reto da coxa Vasto medial Vasto lateral Vasto intermédio Origem Espinha ilíaca anterior inferior e borda do acetábulo Linha intertrocantérica e lábio medial da linha áspera Face anterior do trocânter maior e lábio lateral da linha áspera Faces anterior e lateral do corpo do fêmur Inserção Por tendão único, nas bordas proximais e laterais da patela e, por meio de ligamento patelar e retináculos da patela, na tuberosidade da tíbia Músculo da coxa; após a remoção da fáscia lata até o trato iliotibial; vista anterior. Sobotta – Volume 2 (2000, pág. 310) Segundo Dangelo e Fattini (2004, pág: 213), o tendão de inserção destas porções do músculo quadríceps da coxa é o mesmo que serve à inserção do músculo reto da coxa, já descrito. O ligamento patelar, que se estende do ápice da patela à tuberosidade da tíbia, é, na verdade, a extremidade distal do tendão do quadríceps. Este tendão emite fortes expansões fasciais, os retináculos medial e lateral da patela, que unem seus lados e o ligamento patelar aos côndilos femorais e tibiais e ajudam a formar a cápsula da articulação do joelho. O quadríceps é um poderoso extensor da perna. O reto da coxa pode ser bi-condilar é também um flexor da coxa. Segundo Winkel (2001, pág. 27 e 28), na fase final do movimento de extensão ativa, o músculo tensor da fáscia lata contribui com 0,5% da força total dos extensores. Os exames eletromiográficos demonstram que todos os músculos integrantes do 17 músculo quadríceps femoral participam ativamente dos movimentos de extensão, mas o seu grau de atividade depende sempre do grau de flexão do joelho em dado momento. A atividade dos músculos vasto interno e vasto externos é maior entre 0 e 15 e entre 60 e 90 graus de flexão. 1.1.4. MUSCULATURA FLEXORA DO JOELHO Ellenbecker (2002, pág. 12), os principais flexores do joelho consiste em três grandes músculos femorais, coletivamente conhecidos como músculos isquiotibiais da coxa: bíceps femoral, semitendíneo e semimenbranáceo. Os músculos isquiotibiais atravessam tanto a articulação do joelho como a do quadril e, portanto, têm função não apenas como flexores do joelho, mas também extensoras do quadril. Dangelo e Fattini (2004): Músculos Bíceps femoral Origem Inserção Cabeça longa –tuberosidade isquiática da pelve. Cabeça curta – fêmur, lábio Lateral da cabeça da fíbula. lateral da linha áspera. Semitendíneo Semimenbranáceo Porção superior da Superfície lateral da tíbia e tuberosidade isquiática. na fáscia profunda da perna. Tuberosidade isquiática. Tuberosidade da tíbia Músculos da coxa; Após a remoção parcial dos músculos glúteos máximo e médio. Sobotta – Volume 2 (2000, pág. 319) 18 Dangelo e Fattini (2004, pág. 215), na flexão da perna ela pode tocar a face posterior da coxa, sendo a extensão o retorno do segmento de qualquer grau de flexão. A extensão é, obviamente, menos ampla. Outros músculos que compõem a flexão do joelho são: gastrocnêmio, poplíteo e o trato iliotibial. 1.2. ANATOMIA DO LCA Strobel e Stedtfeld (2000, pág. 10), relatam que o ligamento cruzado anterior (LCA) origina-se de uma área elíptica, com aproximadamente 15-20 mm de comprimento na superfície póstero-medial do côndilo femoral lateral. Passa ventral, caudal e medialmente à área intercondilar anterior da tíbia, onde se insere entre as fixações anteriores dos meniscos. Tria (2002, pág. 20), diz que o ligamento é intra-articular, porém extra-sinovial. A sinóvia do joelho reveste os dois ligamentos cruzados, isolando-os do líquido sinovial. Uma simples ruptura do revestimento sinovial pode levar à destruição da integridade do ligamento pela exposição ao ambiente líquido e, também, por comprometer o aporte vascular, o qual parece estender-se desde o revestimento até a parte interna do ligamento. Strobel e Stedtfeld (2000, pág. 10), são reconhecidos duas subdivisões funcionais do ligamento: fibras ântero-posterior e fibras póstero-mediais. Como afirma Tria (2002, pág. 20): “[...] Estes nomes descrevem a posição anatômica de cada feixe a partir do côndilo femoral até a superfície do platô tibial. O feixe póstero-lateral origina-se da face posterior da origem femoral oval e se insere na face lateral da área de inserção tibial. Este feixe é maior e significativamente mais forte que ântero-medial. O feixe ânteromedial origina-se a partir da origem femoral anterior e se insere no lado medial da inserção tibial. Os feixes formam uma espiral entre si e possibilitam a rotação tibiofemoral por toda a amplitude de movimento do joelho. [...]”. Tria (2002, pág. 20), complementa que os dois feixes têm origem no côndilo femoral lateral e de dirigem distalmente e medialmente até se inserirem na superfície do platô tibial. Strobel e Stedtfeld (2000, pág. 10), em seu curso de aproximadamente 3 cm, as fibras se entrelaçam de tal maneira que vêm a formar uma área de inserção triangular na área intercondilar anterior. Neste local, as fibras ântero-mediais mais longas situam-se anteriormente e as póstero-laterais, mais curtas, posteriormente. No joelho estendido, as fibras ântero-mediais originam-se da parte mais superior da área de inserção femoral do LCA, enquanto as fibras póstero-laterais originam-se da parte mais inferior. Tria (2002, pág. 20), afirma que o aporte sangüíneo do ligamento origina-se principalmente a partir do lado femoral, através do vaso genicular médio, o qual se ramifica a 19 partir da artéria poplítea ao nível da linha articular. Como o suprimento sangüíneo é muito dependente de um lado, as rupturas da substância média do ligamento comumente levam à morte do ligamento por meio do comprometimento vascular e à perda da integridade estrutural das fibras de colágeno. Articulação do joelho; em flexão de 90º, após a remoção da cápsula articular e dos ligamentos laterais. Sobotta – Volume 2 (2000, pág. 288) 1.2.1. BIOMECÂNICA DO LCA Tria (2002, pág. 27), demonstrou que os ligamentos do joelho são fisiologicamente ativos e exibem comportamento mecânico complexo. A estabilização que eles proporcionam é dependente do comportamento biomecânico próprio para orientar, em grande parte, a movimentação do joelho nas cargas baixas aplicadas, enquanto servem para restringir a movimentação excessiva em cargas mais elevadas. Nesta função, eles auxiliam outras estruturas articulares na proteção dos tecidos moles periarticulares durante as movimentações normais e patológicas do joelho. Carril (2001, pág. 162), afirma que os ligamentos cruzado anterior e posterior formam o que se denomina pivô central do joelho, cuja função é garantir a estabilidade ânteroposterior deste e, junto aos ligamentos laterais, a estabilidade rotatória em extensão. É uma das lesões traumáticas mais freqüentes desta articulação e pode vir associada a lesão dos ligamentos laterais e dos meniscos, sobretudo nos casos em que se produz uma rotação do tronco em relação às extremidades inferiores. Ellenbecker (2002, pág. 20), afirma que o LCA auxilia no controle dos seis graus de 20 liberdade do movimento do joelho. Ao avaliar as propriedades biomecânicas de ligamentos humanos, procuramos determinar a rigidez linear e a resistência máxima à tração. Rigidez é a resistência oferecida a cargas externas por uma amostra ou uma estrutura ao se deformar; e resistência máxima à tração é a aplicação de carga e concomitante alongamento entre as extremidades clampeadas de uma amostra, registrados durante o teste de tração. Pereira (2004), afirma que em estudo a resistência do LCA varia conforme a idade. Uma análise da resistência do LCA em grupos de idade diferente verificou que o grupo mais jovem (20 a 35 anos / 2160 ± 157 N) apresentou resistência 50% maior que o 2º grupo (40 a 50 anos / 1503 ± 83 N) e três vezes maior que o terceiro grupo (60 a 97 anos / 658 ± 129 N). O LCA suporta carga de aproximadamente 2500 N em adultos jovens e em atividades diárias recebe carga de somente 20% do seu limite de resistência máxima. Tria (2002, pág. 28), o LCA serve a uma função altamente especializada na orientação da mobilidade do joelho, que é vital para a estabilidade articular e para a manutenção da função normal do joelho e da cinemática total. O LCA restringe a translação anterior excessiva da tíbia e também serve para limiar as rotações tibiais em varo-valgo e axial do joelho. Smillie (1980, pág. 207): “[...] Mas as funções dos ligamentos medial e lateral, cruzado anterior e posterior, juntamente com a cápsula, estão tão intimamente correlacionados para a manutenção da integridade e estabilidade da articulação, que é difícil atribuir uma função ou funções específicas a qualquer um dos ligamentos em particular”. 1.2.2. MECANISMO DE LESÃO Macnicol (2002, pág. 90 e 91), lacerações de LCA apresentam-se aguda ou cronicamente e, na lesão aguda, os outros ligamentos do joelho podem estar clinicamente normais. Amis e Scammell (1993) verificaram que o deslocamento anterior da tíbia, suficiente para promover a ruptura do LCA, deixará os ligamentos colaterais sem estiramento, embora ocorra estiramento das estruturas póstero-laterais. Uma desaceleração sem contato físico e uma súbita torção interna do joelho podem também causar ruptura “isolada” do LCA; o paciente vivencia uma sensação de estalido em aproximadamente metade dos casos. Hiperflexão com a tíbia na posição de rotação interna pode romper um ou ambos os cruzados, e a hiperextensão forçada causará laceração do LCA em grau variável de gravidade. Ocorrem lesões combinadas em decorrência de impacto sobre o lado do joelho; as estruturas colaterais 21 mediais sofrem laceração, seguida pelo LCA que se angula contra o côndilo lateral do fêmur. Podem ocorrer lesões associadas aos meniscos, subluxação patelar e fraturas osteocondrais. Tria (2002, pág: 163), explica que o LCA é o restritor primário do deslocamento anterior da tíbia sobre o fêmur. O LCA tem também como função primária a prevenção da hiperextensão do joelho e sua função secundária é controlar a estabilidade em varo / valgo e rotacional do joelho. Os restritores secundários da translação tibial anterior são o trato iliotibial (TIT), o ligamento colateral medial (LCM) e o ligamento colateral lateral (LCL), assim com as cápsulas medial e lateral, com o LCA intacto. Os restritores secundários somente contribuem com 3% da resistência à translação tibial anterior. A ausência do LCA causa instabilidade multiplanar do joelho, que se torna aparente durante atividades como corrida, salto, corrida com mudança de direção e manobras de desaceleração. Rasch (1991, pág. 152), explica que as entorses do joelho resultam de movimentos que ultrapassam os limites normais da articulação. Quando forçados além dessa restrição natural, os ligamentos podem ser submetidos a uma tensão superior a seu limite elástico (o ponto depois do qual ocorre lesão, ou deformação, permanente), colocando-os na região plástica de sua curva de carga-extensão. O resultado é uma deformação permanente dos ligamentos, cuja magnitude depende da força aplicada. No joelho, a entorse ligamentosa pode ocorrer em qualquer direção de movimento. No tipo talvez mais comum de lesão do joelho, freqüentemente visto no campo de futebol americano, o pé é fixado e o fêmur gira medialmente com referência à tíbia, que ao mesmo tempo gira lateralmente. Todo o joelho é deslocado medialmente, resultando em tensão ligamentosa medial. Quando a força é continuada, o ligamento cruzado anterior, e por fim, o cruzado posterior são submetidos à tensão. Carril (2001, pág. 162), afirma que lesões de LCA geralmente atinge pessoas jovens que praticam algum tipo de esporte (seja de forma habitual ou esporádica), sendo sempre maior a incidência em homens que em mulheres. Winkel (2001, pág. 72), quando a articulação apresenta uma mobilidade anormal. Trata-se, portanto, de um fenômeno tridimensional, a ser verificado em três planos, graças ao exame funcional da articulação: _plano frontal (varismo e valgismo), _plano transversal (rotação interna e externa), _plano sagital (subluxação da extremidade superior da tíbia para diante ou para trás). 22 Winkel (2001, pág. 72), continua afirmando que o grau de instabilidade é expresso em graus de 1+ a 3+. No grau 1, a mobilidade anormal da tíbia em relação ao fêmur não ultrapassa 0,5 cm; no 2º grau, a mobilidade anormal é da ordem de 0,5 a 1 cm; no grau 3+ , ela é superior a 1 cm. A determinação exata da gravidade da lesão só pode ser documentada pela radiografia. A presença de dor ou de derrame no período pós-traumático dificulta, às vezes, o exame funcional da articulação. Winkel (2001, pág. 73), Mesmo após a punção da hemartrose, pode a dor local tornar o exame quase impraticável. Nos casos deste tipo, recomenda-se realizar o exame, completado ou não pela radiografia, seja sob anestesia, seja durante a artroscopia. 23 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA FISIOTERAPÊUTICA Segundo Macnicol (2002, pág. 17), o exame cuidadoso do joelho é essencial, antes que sejam sugeridos testes adicionais ou que seja marcada uma artroscopia ou ligamentorrafia. Muito freqüentemente, a história sugere o diagnóstico. Se os aspectos físicos forem definidos com precisão, o diagnóstico poderá ficar estabelecido. A atenção aos detalhes do exame também pode evitar que o paciente passe por um número desnecessário de investigação, e vai permitir que o examinador se sinta razoavelmente confiante com relação à forma de tratamento que provavelmente obterá êxito. Hall (1993, pág. 286 e 287), conhecimentos básicos de anatomia humana e de princípios mecânicos fornecem a base essencial para um analista criterioso do movimento humano. O conhecimento completo de uma habilidade motora, de uma técnica ou do padrão do movimento a ser analisado também é desejável. Da mesma importância é o conhecimento do protocolo apropriado ou de um processo para conduzir a análise do movimento. Conduzir a análise verdadeira requer a capacidade de observar efetivamente e registrar as informações sobre o movimento em questão. Uma vez que as observações forem feitas, o analista emprega sua capacidade analítica e seu conhecimento. Porém, para uma análise ser significativa para alguém além do analista, são necessárias divulgações das habilidades. Ellenbecker (2002, pág. 25), acrescenta que um exame abrangente de um indivíduo com suspeita de lesão das estruturas ligamentares do joelho é o passo inicial no processo de tratamento e reabilitação integrais. O conhecimento de anatomia e da biomecânica da articulação do joelho tem importância fundamental, do mesmo modo que o conhecimento das demandas e também dos padrões motores específicos para as modalidades esportivas. Sullivan (1993, pág. 66), afirma que há três propósitos primários da avaliação da fisioterapia musculoesquelética são: (1) a identificação da lesão específica responsável pela queixa principal da dor e dos danos funcionais, (2) a avaliação da integridade e desempenho dos tecidos e estruturas envolvidos, e (3) a determinação da capacidade funcional do paciente durante as atividades ocupacionais e recreacionais diárias. O reexame periódico do sinal comparável, o estado funcional dos tecidos e as habilidades funcionais gerais do paciente fornecem uma medida mais objetiva do progresso, que a medida dos sintomas do paciente. Os sintomas podem flutuar amplamente em termos de 24 freqüência, intensidade, localização e correlação com a atividade. As influências psicológicas, culturais e ambientais do paciente podem afetar a percepção do comportamento e intensidade dos sintomas. Apenas os sintomas podem ser um indicador ilusório do sucesso terapêutico, ao lida com lesões mecânicas do sistema musculoesquelético. 2.1. ANAMNESE Macnicol (2002, pág, 17), é sempre útil seguir uma rotina ao coletar uma história ou conduzir um exame. Já no início, determine se os testes dinâmicos de andar, agachar e andar com “ginga de pato” devem ser solicitados antes ou depois do exame do paciente na mesa. O paciente pode deambular com claudicação a qual poderá ser causada por sintomas no joelho, ou por enfraquecimento muscular. Hall (1993, pág. 286): “O processo de observação visual é o mais freqüentemente utilizado na abordagem metodológica para analisar a mecânica do movimento humano. Baseados na informação adquirida ao observar um atleta executando uma prova, um paciente descendo uma rampa ou um aluno experimentando uma lição nova, treinadores, médicos e professores formulam, diariamente, julgamentos e recomendações”. Ellenbecker (2002, pág. 25), acrescenta que a avaliação começa com uma história clínica completa do paciente, consistindo na avaliação inicial de qualquer lesão musculoesquelética. Sullivan (1993, pág, 66), explica estes propósitos da avaliação musculoesqueléticas. O primeiro propósito da avaliação origina-se do fato de que a dor é comumente a razão primária pela qual um paciente busca o tratamento. A meta inicial consiste em identificar a fonte da dor ao executar testes com provas (aplicação de forças externas controladas, para a imposição de uma carga interna) aos tecidos e estruturas isoladas que sabidamente são capazes de causar os sintomas do paciente. Maitland descreve esse processo em relação ao exame das articulações, como a identificação de um sinal comparável. O sinal é o resultado do teste com provas, ou seja, dor, sensibilidade, restrição de movimento, ou espasmo muscular. O sinal deve corresponder aos sintomas do paciente. Ele é causado como um indicador da eficácia do tratamento, pelo seu reexame após o tratamento. O segundo propósito do exame é a avaliação da integridade e do estado funcional dos tecidos e estruturas envolvidos. Os tecidos do corpo se combinam para formar uma estrutura que desempenha uma função. O profissional examina a estrutura, para avaliar sua capacidade de desempenhar seu “papel”. 25 O terceiro propósito é a avaliação das habilidades funcionais do paciente durante as atividades da vida diária, tarefas ocupacionais, e atividades de lazer. A última meta da prática da fisioterapia é a restauração do máximo estado funcional do paciente, conforme permitem a integridade e desempenho dos tecidos e estruturas do corpo. Ellenbecker (2002, pág. 26), afirma que a identificação da localização e da intensidade da dor é sempre incluída no exame subjetivo. A escala de dor analógica usando o índice basal de “0” (ausência de dor) e “10” ( a pior dor já sentida) permite que o examinador valorize os sintomas do seu paciente e possibilita uma comparação nas reavaliações e nas sessões terapêuticas. A escala de Lysholm é comumente utilizada em pacientes com lesões ligamentares do joelho. Essa escala usa subtítulos para instabilidade, dor, independência na marcha e padrões motores nas atividades gerais da vida diária. Esse procedimento é de fácil aplicação nos pacientes e pode ajudar em resultados de pesquisa para pacientes com lesões ligamentares do joelho. Finalmente, no paciente pós-operatório, é importante que seja obtida informação do paciente no que tange ao procedimento cirúrgico exato realizado, e também se houve necessidade de qualquer outro procedimento adicional para tratamento do menisco ou de ligamento secundário, ou ainda de estruturas capsulares de sustentação. É recomendável uma relação bastante próxima com o cirurgião que encaminhou o paciente; também é importante o acesso ao prontuário cirúrgico. 2.1.1. INSPEÇÃO Sullivan (1993, pág. 81), descreve que dentro da inspeção devemos fazer a avaliação postural corporal total. Realiza essa etapa com o paciente de pé para impor uma carga de sustentação do peso sobre o corpo. Uma avaliação triplanar é conduzida para todos os segmentos corporais, articulações e diáfises. A avaliação triplanar refere-se à inspeção visual das partes corporais nos planos sagital, coronal e horizontal. A inspeção deve ser realizada a partir das vistas anterior, posterior e lateral. Um fio de prumo deve ser utilizado para o estabelecimento de um ponto de referência central, objetivando a inspeção de cada vista. 26 Macnicol (2002, pág. 18 e 19), observa o joelho na inspeção tanto pela frente como por trás, é um primeiro passo lógico no processo de exame. Devemos observar o aspecto da pele, a presença de cicatrizes e seu comprimento / largura, a presença de aumento de volume e o volume do músculo quadríceps. Contusões e equimoses podem indicar o local e a gravidade de uma lesão, e se ocorreu ruptura de uma hemartrose nos tecidos, causando um inchaço mole e indefinido, poderemos suspeitar de lacerações significativas de ligamento ou cápsula. O joelho cronicamente lesionado ou inflamado exibirá uma clássica inversão do contorno, visto que os músculos da coxa sofrem gradual atrofia, enquanto que o invólucro sinovial e capsular dilata-se, em razão da presença de líquido ou da hipertrofia sinovial. Afirmando Ellenbecker (2002, pág. 26): “Tanto na lesão aguda como na crônica do joelho, podemos obter um significado conjunto de informações simplesmente pela observação visual da postura de descarga de peso dos ângulos anterior, posterior e lateral. Podem ser observados fatores gerais de alinhamento das extremidades inferiores, como joelho varo e valgo, genu recurvatum e parâmetros dos pés e tornozelos. Além disso, pode ser feita uma comparação bilateral da circunferência dos quadríceps e dos tríceps surais; o examinador também pode obter uma idéia inicial da localização e da extensão do derrame articular. Finalmente, a capacidade do paciente em sustentar o peso na extremidade lesionada é avaliada por sua postura, pela diferença de comprometimento dos membros inferiores e pela postura do tronco”. Sullivan (1993, pág. 81), a circunferência do membro. Meça, para a avaliação da atrofia e edema. A circunferência do membro deve ser medida a intervalos regulares ao longo do eixo longitudinal da parte do corpo. Uma protuberância óssea é usada como um marco reprodutível para a reavaliação do estado do paciente. Macnicol (2002, pág. 20) acrescenta a medida da circunferência máxima da panturrilha nas duas pernas; isso pode indicar se a perna toda está fraca, e não apenas a coxa. Sullivan (1993, pág. 81) continua observando que devemos avaliar o edema de tecido mole. Avalia quanto ao edema de tecido mole extra-articular. Efusão articular. Avalia quanto ao edema articular intra-capsular. Ellenbecker (2002, pág. 27): “As localizações típicas para derrames articulares após a lesão de ligamentos do joelho são na bolsa suprapatelar, ao longo das linhas articulares medial e lateral, e posteriormente na fossa poplítea (cisto de Baker)”. Estado da pele. Observa a possível presença da pele seca ou úmida, formação de calos, descamações, alterações de cor, distribuição dos cabelos e uniformidades do aspecto. Sullivan (1993, pág. 81) Ellenbecker (2002, pág. 27), é importante uma quantificação objetiva das circunferências utilizando uma fita métrica, para que sejam obtidos valores basais tanto para o derrame articular como para a atrofia do membro. 27 Macnicol (2002, pág. 20), enfatiza a importância de um exame integral apropriado dos dois membros – o lesionado e o normal. A perna contralateral é a base a partir da qual o examinador deverá trabalhar, e o joelho deve ser comparado ao joelho contralateral durante o exame. Freqüentemente, podem ser observadas leves anormalidades bilaterais do funcionamento, secundárias à compleição do paciente e à estrutura dos joelhos. Essas anormalidades devem ser aceitas como “normais” para o paciente em questão. 2.1.2. PALPAÇÃO Ellenbecker (2002, pág. 27), inicia explicando que no exame de um paciente com lesão no joelho, as áreas mais dolorosas devem ser palpadas por último, não em primeiro lugar. Se na avaliação do nível de dor do paciente as áreas mais sensíveis foram palpadas em primeiro lugar, isso poderá mascarar áreas menos envolvidas, fazendo com que o paciente fique apreensivo durante o desenrolar do exame. Macnicol (2002, pág. 21) complementa que um modo de ampliar o quadro fornecido pela história obtida, pela compleição geral do paciente e pelo aspecto do joelho problemático consiste em “sentir” a temperatura e textura da pele e o tônus do músculo quadríceps. Problemas inflamatórios podem causar aumento de calor, podem ser observados efusões em grau variável. Portanto, o joelho inchado pode ser, principalmente, resultante de uma hipertrofia sinovial, de uma hemartrose ou efusão, ou uma combinação desses problemas. No ponto de vista de Sullivan (1993, pág. 82), se avalia na palpação quanto à sensibilidade, flexibilidade e densidade do tecido mole – inclusive pele, fáscia músculos, ligamentos e tendões. Aplique forças palpatórias paralela e perpendicularmente ao eixo longitudinal da estrutura. Examine em busca de sensibilidade e massas na linha articular. Edemaciamentos devem ser registrados, e será efetuada uma diferenciação entre edema e efusão. Macnicol (2002, pág. 21) diz que: “Edemas podem ser localizados ou generalizados, ocorrendo comumente sobre a linha articular lateral, em relação à patela, fossa poplítea e originando de músculos como o semimembranoso e o grupo da pata de ganso, se o edema for discreto. [...]”. Deve ser avaliada a temperatura da pele, usando o dorso da mão que faz a palpação sobre lesões ou membros distais. Sullivan (1993, pág. 82). 28 2.1.3. AMPLITUDE DE MOVIMENTO Ellenbecker (2002, pág. 28), descreve que a documentação da amplitude de movimento (ADM) do joelho faz-se necessária, tanto para estabelecer os volumes basais da ADM como para identificar pacientes que necessitam de ênfase especial na recuperação da ADM após lesão ou cirurgia. A literatura relata variação considerável na ADM do joelho. Os valores para a extensão do joelho variam de 0º até 5 a 10º de recurvatum ou hiperextensão, e de 135 a 160º de flexão do plano sagital. Sullivan (1993, pág. 82) descreve a avaliação da amplitude de movimento em ativa e passiva avaliando quanto à contribuição primária e secundária da (s) articulação (ões) para o problema. Observa a presença de padrões capsulares versus não-capsulares de restrição dos movimentos. Observa a sensação terminal e resposta à dor durante a amplitude de movimento passiva ao aplicar superpressão e avalia os movimentos articulares acessórios, sua sensação terminal e a resposta à dor. Ellenbecker (2002, pág. 28), concorda com Sullivan quando descreve que os movimentos passivos e as “percepções ao final do movimento”. Percepção final do movimento foi descrita por Cyriax e como a sensação transmitida às mãos do examinador nos pontos mais extremos da amplitude de movimento. A descrição mais comum de percepções finais na articulação tibiofemoral para a flexão é de aproximação de tecido mole, enquanto a percepção final para extensão e rotação medial e lateral da tíbia com relação ao fêmur é de estiramento de tecido ou capsular. O uso de um goniômetro universal padronizado para medir a ADM da articulação do joelho foi objeto de análise crítica e de estudo. Os resultados de confiabilidade interexaminadores resultaram em coeficientes de correlação intraclasse de 0,99 para flexão e 0,98 para extensão, enquanto se chegou a uma confiabilidade interexaminadores de 0,90 para a flexão e 0,86 para a extensão. Cipriano (2001, pág. 304 e 305), os testes de amplitude de movimento para flexão e extensão. Teste para flexão: com o paciente na posição de pronação e com a perna estendida, colocar o goniômetro no plano sagital com o centro na articulação do joelho. Instruir o paciente para flexionar a perna tanto quanto possível enquanto a acompanha com um braço do goniômetro. 29 Amplitude normal: 141° ± 6,5º ou mais a partir da posição 0 ou neutra. Músculos envolvidos na ação: bíceps da coxa, semimembranoso, semitendinoso, grácil, sartório, poplíteo, gastrocnêmio e plantar. Colocação do goniômetro para medir o movimento de flexão do joelho Marques (1997, pág. 34) Teste para extensão: com o paciente sentado e com o pé sobre o solo, colocar o goniômetro no plano sagital com o centro na articulação do joelho. Instruir o paciente para estender a perna tanto quanto possível enquanto a acompanha com um braço do goniômetro. Observar que nós estamos começando com a perna em 90º de flexão e queremos que o joelho estenda-se à posição 0 ou neutra. Amplitude normal: 0 a -2º. Músculos envolvidos na ação: reto da coxa, vasto medial, vasto intermédio e vasto lateral. Extensão ao máximo que o paciente consegue e a colocação do goniômetro Ciprinao (2001, pág. 305) 30 2.1.4. FORÇA MUSCULAR Sullivan (1993, pág. 82) conduz uma completa avaliação da força, através da resistência manual ao segmento corporal sob exame. Observando a promoção da dor a partir da resistência manual aplicada aos tecidos contráteis. Avalia no geral a força dos segmentos corporais relacionando à área que apresenta a lesão primária. Caso sejam identificadas deficiências, efetua avaliação mais minuciosa. Observa também a existência de movimentos compensatórios do tronco ou membros, em presença de fraqueza muscular. Quando apropriado, avalia as capacidades de torque muscular num nível mais elevado de funcionamento, mediante a realização de uma avaliação da força por dinamometria isocinética, em condições de cargas concêntricas e excêntricas nas várias velocidades do movimento. Ellenbecker (2002, pág. 37) acrescenta que o uso do teste muscular manual (TMM) se tornou padrão clínico para avaliação da força muscular desde sua formulação inicial no início do século XX em pacientes com poliomielite. Constatou-se que essa técnica era confiável entre examinadores com variação dentro de um grau (TMM é graduado de 0, ausência, até 5, normal). O TMM é uma técnica de avaliação barata e rápida que depende, em última análise, da avaliação subjetiva da força muscular pelo examinador. Não obstante, é o principal método de exame inicial usando clinicamente para discernir, com rapidez, a força da musculatura que circunda a articulação do joelho e também a musculatura estabilizadora proximal no paciente com lesão ligamentar do joelho. É recomendável a realização do TMM do quadríceps e dos isquiotibiais, e também o teste de flexão, extensão, abdução e adução, e rotação internaexterna do quadril. 2.2. TESTES ESPECÍFICOS Bisschop (2001, pág. 87), o diagnóstico de uma lesão em particular não reside na presença de um teste patognomônico mas, no quadro clínico completo (a soma das respostas positivas e negativas após a realização de um grupo de testes padrão importantes). Por exemplo, nenhum dos chamados testes patognomônicos meniscais possui um alto valor preditivo (entre 21 e 50%), o que significa que, em mais da metade dos sujeitos com testes positivos para o menisco, nenhuma lesão meniscal foi encontrada na artroscopia. Além disso, a presença de um teste positivo para a instabilidade somente tem valor se interpretado em 31 relação ao restante da avaliação clínica. Carril (2001, pág. 162), afirma que quando o ligamento está lesionado, produz-se uma instabilidade anterior do joelho: o paciente apresenta uma gaveta anterior, isto é, um deslocamento anormal da tíbia sob os côndilos femorais em sentido anterior. Bisschop (2001, pág. 93): “A anatomia funcional normal da amplitude em uma articulação normal a tíbia desliza apenas uns poucos milímetros, a sensação final é ligamentar rígida e a função do ligamento cruzado anterior é limitante; na situação patológica é comum a dor indicada por uma pequena lesão do ligamento cruzado anterior e o aumento da amplitude é vista nas rupturas do ligamento cruzado anterior e/ou da cápsula posterior”. Cipriano (2001, pág. 318), descreve o teste de gaveta anterior com o paciente na posição supina, flexionar a perna e colocar o pé a mesa. Pegar atrás do joelho fletido e exercer uma pressão de puxar e empurrar sobre a perna. Os tendões dos músculos posteriores da coxa devem estar relaxados para executar este teste com precisão. Bisschop (2001, pág. 92): “O procedimento do teste de gaveta anterior é tracionar a tíbia para diante com a mão posterior e acrescente um forte” puxão “quando o movimento chegar ao final. A mão sobre a patela estabiliza a coxa”. Teste da gaveta anterior Bisschop (2001, pág. 93) Se houver mais de 5 mm de movimento tibial sobre o fêmur quando a perna é tracionada, há lesão do ligamento cruzado anterior. (Cipriano 2001, pág. 320) 32 Cipriano (2001, pág. 319) Carril (2001, pág. 162), existem diversas formas de avaliar este deslocamento. As mais conhecidas e fáceis de realizar são o teste de Lachman: coloca-se o paciente em decúbito supino, com o joelho a aproximadamente 20º de flexão para evitar as contraturas musculares antiálgicas, e com nossas mãos deslocamos a tíbia para a frente. Macnicol (2002, pág. 31), descreve que o teste permite que o examinador avalie com precisão a frouxidão anterior, comprando-a com o joelho contralateral. Em 20-30° de flexão fica reduzida a limitação proporcionada pelos cornos meniscais posteriores e estruturas colaterais, em comparação com o teste de gaveta em 90º. Cipriano (2001, pág. 3221) Macnicol (2002, pág. 32) a força anterior é aplicada manualmente, ou com uma força padronizada de 89N. Normalmente não deve haver mais de 3mm de variação entre os joelhos, e distâncias menores que essa são de difícil percepção num exame clínico de rotina. São identificados quatro graus de aumento de frouxidão: 33 Grau I (3-6 mm) – subluxação palpável com ponto terminal macio; Grau II (6-9 mm) – subluxação visível com ponto terminal macio; Grau III (9-16 mm) – subluxação passiva quando a tíbia proximal é apoiada; Grau IV (16-20 mm) – subluxação ativa causada pela contração do quadríceps e gastrocnêmio. Carril (2001, pág. 163), descreve o teste de Pivot-Arif que se coloca a perna em valgo e rotação interna, realizando-se uma manobra desde a posição de extensão até uma flexão de na qual, se houver lesão que afete a uma amplitude de até 90º, aparecerá um ressalto ou subluxação da tíbia; e finalmente Jenk-teste, que é a mesma manobra do teste anterior, porém em sentido da flexão até a extensão. 34 CAPÍTULO 3 RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR Tria (2002, pág. 164), descreve que o tratamento cirúrgico da ruptura completa do LCA deve se levar em considerações fatores relativos ao paciente, tais como idade, sexo, estilo de vida, lesões do joelho concomitantes e expectativas para o futuro. O estilo de vida é um fator dos mais importantes. Pacientes que praticam regularmente esportes vigorosos correm sério risco de repetição da instabilidade. Isso inclui esportes que requeiram salto, corrida com mudança de direção, torção e arranque rápido. O candidato ideal para reconstrução do LCA é o jovem atleta que vai participar de uma competição entre escolas, universidade ou de nível profissional. As demandas desse nível de participação forçam o joelho e, por isso, é menos provável que o atleta possa superar a perda do LCA. Embora a idade não seja uma clara indicação ou contra-indicação para a reconstrução, os pacientes com mais de 40 anos têm menor probabilidade de participar de esportes altamente competitivos. Macnicol (2002, pág. 94) afirma que: “Em crianças, adolescentes e atletas com menos de 30 anos, é adequada a refixação do LCA, particularmente nos casos de avulsão da eminência intercondilar em que o fragmento não é passível de redução. Se a placa de crescimento ainda estiver aberta, devem ser evitados orifícios broqueados através da fise, a menos que falte, no máximo, um a dois anos para a maturidade do adolescente”. Segundo Carril (2001, pág. 163), dependendo da gravidade e do tipo de lesão, os tratamentos cirúrgicos que podemos ver são de reparação (através de sutura das pontas), de reinserção (ao nível proximal ou distal do ligamento) e de substituição (através de uma plastia procedente do tendão do semitendinoso, do ligamento patelar ou de um banco). A tendência atual é realizar estas intervenções através de artroscopia, uma vez que, em razão da pouca agressividade desta técnica, a sintomatologia pós-cirúrgica é mínima e conseqüentemente a recuperação resulta mais fácil, é precoce e com melhores resultados funcionais. Macnicol (2002, pág. 94), a reconstrução do LCA também está indicada em pacientes cuja lesão esteja associada à ruptura de ligamento colateral de grau III, ou com uma laceração de menisco reparável. Nos casos em que é detectada fratura osteocondral ou frouxidão multidirecional importante, uma intervenção cirúrgica imediata pode justificar-se, mas foi relatado maior risco de rigidez em decorrência de fibrose, e pode haver o caso de se esperar algumas semanas até que a hemartrose aguda tenha sido reabsorvida. Geralmente, as rupturas 35 parciais do LCA estão mais significativamente laceradas do que pode parecer durante a sondagem, com o “probe” ou gancho, mas é apropriada uma abordagem conservadora com acompanhamento cirúrgico em todos os pacientes, exceto no atleta de elite, porque a morbidez decorrente da cirurgia é apreciável. Segundo Ellenbecker (2002, pág. 113), todos o pacientes para passar pelo procedimento cirúrgico são examinados sob anestesia geral, para que seja confirmado o diagnóstico pré-operatório. Desde 1984, temos realizado rotineiramente exames artroscópicos da articulação, com o objetivo de avaliar a presença de lesões concomitantes. As mudanças no procedimento cirúrgico têm sido poucas. Contudo, são dignas de nota três modificações específicas: (1) descontinuação do procedimento extra-articular para reconstruções crônicas, (2) inclusão da plástica da incisão como parte do procedimento de rotina, e (3) maior ênfase no posicionamento preciso do enxerto, ou seja, aplicação do túnel. Antes de 1985, reconstruções crônicas eram acompanhadas de um procedimento extraarticular. Naquela época, acreditava-se que o procedimento era necessário, graças à lassidão concomitante dos limitadores secundários em joelhos com deficiência do ligamento cruzado anterior. Observamos que, evitando atividades precoces de extensão com o objetivo de proteger o procedimento extra-articular, vários pacientes subseqüentemente sofriam permanente tensão do joelho por flexão e também sintomas na parte anterior. Macnicol (2002, pág. 94 e 95), descreve que inicialmente, é aconselhada uma abordagem conservadora para a reconstrução na lesão crônica de LCA depois que artroscopia confirmou a presença de deficiência crônica do ligamento. Entretanto, o efeito terapêutico do exercício e do uso de órteses freqüentemente dura pouco e mais tarde o paciente retornará, afirmando que o joelho ainda está com problema. Para que a reconstrução seja bem sucedida, são atributos importantes a motivação e boa saúde em geral do paciente, e o fisioterapeuta que vem tratando do paciente é aliado importante na tomada da decisão sobre a intervenção cirúrgica. Em termos gerais, aceita-se que um terço dos pacientes que se apresentam continuará a ser tratado conservadoramente, sobretudo se suas aspirações esportivas foram truncadas, e um terço adicional deverá ser tratado com imediata reconstrução, devido à descompensação. O terço de pacientes situados “no meio” poderá receber incentivo, porém mais tarde talvez necessite de cirurgia. Ficou comprovado que a mensuração do grau de frouxidão ântero-lateral usando o artrômetro KT-1000 ajuda na tomada dessa decisão, e o resultado dependerá da 36 seleção do paciente, técnica e reabilitação pós-operatória. Tria (2002, pág. 164), a única contra-indicação absoluta para a reconstrução do ligamento cruzado anterior é a sépsis aguda. Verifica-se contra-indicação relativa num paciente que não é capaz de cumprir um protocolo de reabilitação pós-operatório ou que tenha expectativas irreais para o sucesso do procedimento cirúrgico. O potencial de complicações varia de 2 a 6%. Essas duas taxas devem ser avaliadas pelo paciente antes da intervenção cirúrgica. Nos últimos anos, os avanços no que se refere à reconstrução do ligamento cruzado anterior, dizem respeito ao desenvolvimento de enxertos artificiais, aprimoramento da técnica do terço médio do tendão patelar e desenvolvimento da técnica de incisão única, buscando reduzir ainda mais a morbidade da reconstrução do ligamento cruzado anterior. Tria (2002, pág. 172) 3.1. TIPOS DE ENXERTO Kisner (2005, pág. 535), a intervenção cirúrgica de maior sucesso para lesão ligamentar é a reconstrução intra-articular, que tem sido usada com mais freqüência para lesões do cruzado anterior ou posterior. O procedimento envolve o emprego de um enxerto autógeno (o tecido do próprio paciente), um aloenxerto (tecido doador) ou um enxerto sintético. Tem sido mostrado que o tendão patelar tem força tensiva inicialmente mais forte do que o LCA e é o material de enxerto de uso mais comum para reconstrução intra-articular. Outros substitutos não tão fortes quanto o tendão patelar são uma porção da banda IT ou tendão do semitendíneo ou grácil. Um aloenxerto ou enxerto sintético será utilizados quando um enxerto autógeno falhar em uma reconstrução prévia. Os empecilhos para o uso do tecido de aloenxerto incluem risco de transmissão de doença, diminuição da força do enxerto secundária a procedimentos de esterilização do enxerto e disponibilidade insuficiente do tecido de enxerto devido à limitação de recursos. Os avanços contínuos na fixação dos enxertos, a melhora e o refinamento das técnicas artroscópicas quase eliminaram a necessidade de longos períodos de imobilização do joelho operado e de apoio de peso protegido durante a deambulação. Tria (2002, pág. 167), a reconstrução intra-articular do LCA pode ser realizada com diversos tipos de tecidos autógenos, dentro os quais menisco, fascia lata livre, tendões do 37 isquiotibial, TIT proximal e o terço central do OPO. No entanto, atualmente, a maioria dos cirurgiões prefere o terço central do ligamento patelar. No ponto de vista de Balsini (2000): “Na procura de técnica alternativa para o tratamento das instabilidades anteriores crônicas do joelho, muitos autores centraram seu trabalho no enxerto dos tendões de flexores. Hoje a reconstrução do LCA com o tendão do semitendinoso e gracilis atingiu altos níveis de bons resultados e deixou de ser apenas nova técnica para ser a escolha para muitos cirurgiões”. No ponto de vista de Macnicol (2002, pág. 95), as reconstruções agudas com enxerto de semitendíneo proporciona tanta estabilidade como o tendão patelar, a despeito de sua debilidade relativa. Na reconstrução crônica o auto-enxerto ósseo-tendinoso ósseo-patelar tem sido considerado como “padrão áureo”, embora sua vantagem em comparação com a utilização de enxerto retirado dos isquiotibiais não seja tão nítida. Os resultados depois de transcorridos dois anos são similares, afora a maior morbidez no local doador com a coleta de tendão patelar. Os sintomas patelares complicam o uso do enxerto patelar mais freqüentemente que no caso do enxerto com semitendinoso, embora a resistência da fixação do primeiro tipo de enxerto seja maior. Por volta de 8 semanas foi observado que, no modelo que utiliza um cabrito, a falha do enxerto passa de seu local de inserção para a substância intermediária do tecido. Clancy (1981) demonstrou em macacos Rhesus que o enxerto permaneceu fraco por pelo menos um ano, e estudos clínicos recentes confirmam que, até certo ponto, é comum a persistência de frouxidão. Tria (2002, pág. 167), os tendões semitendinosos e grácil foram usados de diferentes formas como substitutos intra-articulares. Dentre essas formas, será o seu uso como enxerto livre e parcialmente preso (tanto na extremidade proximal como a distal). Recentes avanços nas técnicas artroscópicas permitiram passar os tendões do isquiotibial através de túneis femorais e tibiais, evitando dessa forma a posição over-the-top. Ao se usar o semitendionoso e o grácil juntos, em vez do tendão patelar, tem-se a vantagem de evitar dano ao mecanismo extensor (diminuindo assim a freqüência de dor patelofemoral pós-operatória e fraqueza do quadríceps) e complicações tais como fratura patelar ou avulsão do tendão patelar. Tria (2002, pág. 168), o uso de materiais de aloenxerto para reconstrução intraarticular tem um enorme apelo, mas a eficácia deste método ainda está sendo investigada. Os aloenxertos, como os auto-enxertos, se revascularizam, sofrem reorganização colágena e têm o potencial para responder à lesão. Há algumas evidências de que a revascularização e a substituição por maior número de células e fibras colágenas levam mais tempo nos 38 aloenxertos do que nos enxertos autógenos, o que sugere a necessidade de proteção prolongada do joelho após a realização do procedimento com a aplicação de aloenxerto. Os aloenxertos mais comumente usados são OPO e tendão calcâneo, com ou sem bloco ósseo do calcâneo acoplado. As vantagens são a ausência de morbidade nos locais doadores, maior versatilidade na seleção da força e do tamanho do tecido do aloenxerto, redução do tempo de cirurgia e melhor aparência estética, pois dispensa as incisões necessárias para a obtenção dos auto-enxertos. Ellenbecker (2002, pág. 166), classificou os ligamentos sintéticos em três tipos: próteses permanentes, moldes e suportes. Collins descreveu um quarto tipo, o composto. As próteses ligamentares são peculiares na substituição permanente e imediata do ligamento rompido. Esse tipo de ligamento depende da força intrínseca do material sintético em sua resistência às forças que persistentemente incidem na articulação. Não se deve esperar que qualquer crescimento interno de tecido autógeno vá aumentar o enxerto. Moldes ou stent (nomenclatura usada por Tria (2002), são ligamentos sintéticos planejados para, inicialmente, compartilhar as cargas incidentes no enxerto autógeno ou aloenxerto durante a maturação e a remodelagem. Suportes são ligamentos sintéticos projetados para promover crescimento intrínseco de tecido fibroso autógeno. O suporte proporciona estabilidade inicial à reconstrução, enquanto a estrutura depende da substituição do tecido fibroso autógeno por deformação, para proporcionar estabilidade prolongada e potencial de remodelagem ao enxerto. Segundo Tria (2002, pág. 169): “O Leeds-Keio é um exemplo de sintético do tipo suporte. Descrito como um tipo híbrido de implante, foi inicialmente concebido para suportar toda a carga de tensão. À medida que a invasão dos tecidos ao redor ocorre, ele torna-se capaz de compartilhar a carga e, finalmente, torna-se completamente biológico”. Ellenbecker (2002, pág. 166), enxertos compostos são uma combinação de prótese verdadeira e enxerto autógeno. Ao contrário de um molde temporário, a parte protética da reconstrução é projetada para funcionar como estabilizador a longo prazo, funcionando em conjunto com o auto-enxerto. Afirma Tria (2002, pág. 170), o uso de ligamentos sintéticos foi muito maior na Europa, Japão e África do Sul do que nos Estados Unidos. A resposta clínica desses implantes é bastante estimulante e esses procedimentos devem ser considerados em fase de pesquisa. Não há disponibilidade de séries a longo prazo, para comparação com as técnicas autógenas atuais. Maior avaliação e desenvolvimento deverão expandir as atuais indicações clínicas, que são as falhas na reconstrução intra-articular e o joelho artrítico, instável, sintomático, que 39 requer total amplitude de movimento imediatamente, para evitar maior deterioração da articulação. 3.2. PROCESSO DE LIGAMENTIZAÇÃO Côrrea (2006), no tratamento fisioterapêutico pós-operatório, o processo de ligamentização do enxerto deve ser respeitado. Para isso o conhecimento de alguns princípios histológicos e de biomecânica do ligamento normal e do enxerto é fundamental e de grande importância, principalmente para a compreensão dos tempos de reabilitação. Segundo Halling e col. (apud Camanho, 1996), após dois dias de cirurgia, verifica-se neste tendão patelar (exemplo) usado como enxerto uma dramática diminuição da celularidade, até que por volta os 14 dias encontra-se totalmente acelular. Almeida (2005), afirma que: “Entende-se por ligamentização o conjunto de etapas biológicas, que transformam o tendão rotulino em neoligamento substituto do primitivo cruzado anterior”. Almeida (2005), segundo um estudo de Espregueira Mendes, 1995, avaliando a seqüência de remodelação do fenótipo imunocitóquimico das várias estruturas do enxerto de tendão rotulino, ao longo do período pós-operatório, em coelhos existem quatro fases bem marcadas na ligamentização: A necrose desaparece de forma estatisticamente significativa (p < 0,0005) nos enxertos com mais de 6 semanas de período pós-operatório. Temos portanto uma 1ª fase de necrose até as seis semanas. Nesta fase a observação dos transplantes livres do tendão rotulino substituto do LCA mostrou que desde o segundo dia pós-operatório a densidade celular diminui com uma modificação da forma dos fibroblastos. Ao sétimo dia alguns raros fibroblastos disseminados foram ainda visíveis. Depois de duas semanas mais nenhum vaso nem nenhuma célula foram visíveis na periferia ou o centro do transplante. Neste estádio, o transplante está necrosado, acelular, verdadeiramente equivalente a uma prótese de colágeno. Segundo Côrrea (2006), entre a quarta e a oitava semana do pó-operatório, verifica-se o início de proliferação celular a partir da periferia. Por volta da décima segunda semana, verifica-se proliferação celular por toda a matriz de colágeno, estas células começam a se assemelhar com as células do LCA normal, porém em número reduzido. Em torno da décima sexta semana é descrita grande proliferação de células por toda a matriz que diminui por volta da vigésima quarta a vigésima sexta semana, quando os núcleos das células se assemelham 40 muito ao do LCA normal. Com cinqüenta e duas semanas, o aspecto do enxerto é histologicamente muito parecido com o ligamento normal. Almeida (2005), o aparecimento de vascularização central nos enxertos ocorreu de forma estatisticamente significativa (p < 0,05) depois das 14 semanas de período pósoperatório. Não se observaram vasos na região central de nenhum dos enxertos antes das 14 semanas. Temos uma terceira fase de revascularização de durante até as 14 semanas. Côrrea (2006), existem três parâmetros biomecânicos que diferenciam um tendão de um ligamento: as ligações cruzadas, o tipo de colágeno e o total de glicosaminoglicanos. Ao final da primeira semana, após a cirurgia, o enxerto do tendão mostra uma fragmentação importante em suas fibras colágenas. Por volta da 16ª semana. Após aproximadamente trinta semanas, as ligações cruzadas do enxerto se pareciam muito com a do LCA normal, apesar de sua concentração não ser a mesma. Os tipos de colágeno variam bastante entre o ligamento normal e o enxerto. O tendão normal apresenta colágeno tipo III, enquanto o LCA normal é composto de 14% deste tipo de colágeno. Após duas semanas de pós-operatório, já se evidencia a formação de colágeno III neste tendão enxertado, e com trinta semanas a concentração desta estrutura se assemelha com a do LCA, embora a percentagem seja maior do que no ligamento normal. Nesta mesma ocasião verifica-se que a concentração de glicosaminoglicanos no enxerto é semelhante a do LCA normal, embora também um pouco aumentada. A adaptação do enxerto dependerá basicamente de sua reintegração vascular. Durante as primeiras quatro, a seis semanas o enxerto será envolvido pó um tecido sinovial vascularizado que parece se originar tanto da gordura infrapatelar, quanto da própria sinóvia. Uma vascularização intrínseca foi notada no enxerto por volta de oito a dez semanas após a sua implantação. Após aproximadamente vinte semanas, a vascularização do enxerto estará quase completa. O processo de reabilitação tem grandes importância na fase de formação do novo colágeno. A movimentação precoce e a tensão sobre o enxerto são fundamentais para a reorganização e a disposição ordenada das fibras de colágenos. 41 CAPÍTULO 4 TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO Kisner (2005, pág. 537), há apenas duas décadas, a reabilitação após reconstrução do LCA envolvia longos períodos de imobilização completa do joelho em uma posição de flexão e um período extenso (geralmente 6-8 semanas) de apoio de peso restrito. Com os avanços nas técnicas cirúrgicas e uma compreensão melhor da regeneração dos tecidos, a mobilização pós-operatória e o apoio de peso precoces têm-se tornado padrão após uma reconstrução intraarticular no LCA. No ponto de vista do Canavan (2001, pág. 308), a reabilitação do ligamento cruzado anterior (LCA) requer a restauração da amplitude normal de movimento, da força e da capacidade funcional, ao mesmo tempo que protege o enxerto. A resistência do enxerto depende da resistência da fixação durante as primeiras 4 a 6 semanas. Estudos indicam que o enxerto perde resistência e é mais fraco durante as semanas 4 a 12. O programa de reabilitação deve proporcionar o nível de esforço apropriado para melhorar a cicatrização e a remodelação sem provocar uma relesão. Reconstruções que utilizam em enxerto do tendão patelar através de pinos ósseos proporcionam um enxerto forte e uma fixação firme com cicatrização óssea, mas o terapeuta deve estar consciente de que enxertos obtidos dos tendões dos músculos posteriores da coxa ou ilitibial podem também ser realizados. Esses enxertos fornecem resistência e meios de fixação diferentes, podem requerer alterações quanto ao momento oportuno e à progressão do protocolo de recuperação. Imobilização e órteses de proteção Ellenbecker (2002, pág. 145), a aplicação de órteses no pós-operatório representa uma área controversa no tratamento do LCA reconstruído. Historicamente, o padrão terapêutico tem sido a prescrição, no pós-operatório, de um imobilizador rígido para o joelho ou uma órtese de amplitude de movimento envolvendo toda perna. Com os avanços nas técnicas cirúrgicas o uso de órteses vem se tornando cada vez menos importante na fase pós-operatória imediata. Kisner (2005, pág 537) afirma o que Ellenbecker diz: “Com a fixação do enxerto, a necessidade e o uso de órteses no período pósoperatório inicial tornaram-se pontos de debate. A determinação do cirurgião quanto à necessidade ou não de proteção pós-operatória com órteses baseia-se no tipo de enxerto usado, nas observações intra-operatórias e na avaliação do grau esperado de cooperação do paciente na fase pós-operatória. Sendo usada uma órtese articulada 42 limitadora de amplitude, as condições de imobilização e uso da órtese têm de ser consideradas”. Crioterapia Segundo Tria (2002, pág. 290), a inflamação pode ser aguda ou crônica e sua natureza sofrerá variações durante todo o processo de reabilitação. A dor está diretamente relacionada ao grau de edema e aumento da temperatura. Estes são mediados pela histamina bradiquinina, prostaglandina e leucotrienos, que se formam nos limites da membrana da célula e unem os receptores dentro e ao redor do tecido lesionado. Além de causar dor, esses mediadores causam vasodilatação e extravasamento de líquido (edema) nos tecidos lesionados. O uso de crioterapia é eficaz porque reduz a velocidade de condução do nervo aferente e a transmissão da fibra delta relacionada à dor. A trasmissão sináptica das fibras sensoriais pode, também, ser impedida ou bloqueada, resultando numa analgesia / anestesia transitória após 10 a 15 minutos de aplicação constante. O tratamento com o frio local desacelera o metabolismo celular local, diminuindo a hipoxia e a morte das células na fase aguda. Mobilização patelar Ellenbecker (2002, pág. 148), esse exercício é crítico na promoção da completa amplitude de movimento do joelho. A perda da mobilidade patelar está associada a complicações motoras do joelho e, em casos extremos, à ocorrência da patela ínfera. Os deslizamentos patelares são efetuados em todos os quarto planos (superior, inferior, medial e lateral) com uma pressão contínua aplicada à margem patelar apropriada durante pelo menos 10 segundos. Lewit (2000, pág. 171), descreve a mobilização patelar com a perna estendida e os músculos quadríceps relaxados, a patela deve ficar livremente móvel contra o fêmur em todas as direções. Se houver alguma restrição, não haverá um bloqueio real; o que encontramos é uma certa resistência como se a patela estivesse movendo-se sobre uma superfície desigual ou rústica. Essa sensação é ainda mais nítida se uma certa pressão for aplicada na patela, de cima para baixo. Enquanto o paciente está deitado em posição de supino, com a perna estendida, o terapeuta pega a patela entre o polegar e o dedo indicador de uma das mãos, enquanto a outra mão exerce uma leve pressão de cima para baixo com a eminência tênar ou o polegar. Com as duas mãos agindo em harmonia, o terapeuta agora move a patela de maneira que sinta onde está a desigualdade; depois, ele aumenta ligeiramente a pressão para amortecer / diminuir esse problema, sem causar a dor. Depois de algumas repetições, ele sente que a desigualdade e a resistência cederam. Nesse momento, também, o paciente sente um alívio considerável. Essa 43 técnica pode ser ensinada ao paciente para o autotratamento. Outra forma descrita por Lewit (2000, pág. 171), é as técnicas de (dis) tração. A mais simples é deitar o paciente em decúbito ventral em um colchão sobre o chão, com o joelho fletido em um ângulo reto. O terapeuta (que fica em pé) coloca um dos pés na coxa do paciente, um pouco acima do joelho e segura a perna com as duas mãos ao redor do tornozelo, puxando-a em uma direção vertical. Tração do joelho com o paciente deitado em decúbito ventral. Lewit (2000, pág. 171) Ellenbecker (20002, pág. 148), estes exercícios são realizados durante 5 minutos sempre depois de encerrados os exercícios motores. Justifica-se alguma precaução se for detectada uma demora dos extensores, porque esse problema pode estar associado à deficiência de migração superior da patela, indicando a necessidade de maior ênfase nesse exercício. A mobilização da patela é realizada aproximadamente cinco a seis semanas depois da cirurgia. Segundo Tria (2002, pág. 293): “Usamos movimento passivo contínuo (MPC) no hospital, após a cirurgia. A principal função é facilitar a flexão precoce, que estimula o paciente e reforça a certeza de que o movimento precoce é importante e seguro, da mesma importância é o reconhecimento de que o MPC não facilitará a extensão. Esperamos que nossos pacientes atinjam 90 graus de flexão na primeira visita pós-operatória”. Já tria (2002, pág. 292), o movimento passivo afeta diferentemente cada tipo de tecido. Quando o movimento é passivo é selecionado como modalidade de tratamento, deve-se levar em consideração a natureza do tecido que está sendo tratado, o efeito do movimento passivo sobre o tecido e duração do tratamento necessária para se atingir o benefício desejado sem causar dano excessivo a outros tecidos do membro. O papel do movimento passivo contínuo (MPC) após as reconstruções dos ligamentos do joelho continua a ser controverso. Muitos dos protocolos publicados incorporam o uso de MPC; no momento, nenhum estudo apoiou o uso de movimento passivo contínuo como uma variável independente que traga benefícios ao 44 paciente. Além do custo, algumas desvantagens potenciais do MPC são: (1) não estimula a participação do paciente no movimento precoce; (2) requer extrema atenção aos assentos da amplitude de movimento, que podem ser afetados pelo movimento do paciente; e (3) a própria máquina pode provocar estresse indesejável sobre o enxerto. Os possíveis benefícios do MPC são (1) maior nutrição da cartilagem, (2) maior absorção de hemartrose, (3) redução das aderências; e (4) ganho da amplitude de movimento. Estimulação elétrica Tria (2002, pág. 291), o uso de estimulação elétrica para fortalecimento muscular a fim de evitar atrofia, quando as articulações eram imobilizadas ou quando os exercícios dinâmicos eram contra-indicados, foi alvo de intensas pesquisas básicas e clínicas. Selkowitz demonstrou que, nos adultos normais que estejam usando aparelhos imobilizadores de perna inteira e que tenham sido tratados com estimulação elétrica transcutânea dos músculos por um período superior a duas semanas, foi significativamente menor a ocorrência de atrofia, em comparação com aqueles tratados somente com exercícios isométricos. O uso da estimulação elétrica após a cirurgia do joelho somente pode ser justificado se o objetivo dessa modalidade for à redução da atrofia após um período de imobilização. Em estudos sobre a estimulação elétrica em pacientes que foram imobilizados, os pacientes não submetido à estimulação elétrica muscular transcutânea pareceram reagir da mesma forma que os submetidos a esta estimulação no período pós-operatório. Nos protocolos de movimento imediato atualmente em uso, a estimulação elétrica traz como benefício a contração do quadríceps antes que o paciente seja capaz de realizar contração voluntária ou co-contração. No entanto, os 3 a 7 dias ganhos de contração do quadríceps, provavelmente, não compensam o custo dessa modalidade. Alongamento Ellenbecker (2002, pág. 150), os alongamentos dos isquiotibiais e do gastrocnêmio / solear ao iniciados no dia seguinte à cirurgia. Defendemos um procedimento padronizado de alongamento estático contínuo, em que o alongamento é mantido durante 30 segundo e repetido cinco vezes. O alongamento mais comum para o isquiotibiais é o alongamento para corredores de barreiras (modificado) e o alongamento mais comum para o gastrocnêmio / solear é a tração com toalha. Esses alongamentos ajudam a controlar a dor, que ocorre por causa da resposta reflexa criada nos isquiotibiais quando o joelho é mantido na posição flexionada. O exercício de tração com toalha também pode ajudar a diminuir o desconforto na panturrilha, no tendão do calcâneo e no tornozelo. Além disso, esses alongamentos 45 representam componentes críticos do programa de amplitude de movimento do joelho em extensão. Alongamentos do quadríceps e da banda iliotibial são realizados para ajudar a conseguir completa flexão do quadril e da coxa. A avaliação completa da cadeia cinética da extremidade inferior revelará áreas deficientes que devem ser corrigidas. O programa de alongamento é realizado antes dos exercícios de fortalecimento e antes que sejam iniciadas atividades funcionais ou esportivas. Exercício Kisner (2005, pág. 537), a velocidade e a progressão dos exercícios após reconstrução do LCA dependerão do tipo de procedimento cirúrgico e de enxerto. Os exercícios e o apoio de peso podem progredir mais rápido após uma reconstrução artroscópica feita com enxerto autógeno de tendão patelar. Os procedimentos que utilizam enxertos menos resistentes, como uma porção do tendão do semitendíneo ou da banda IT ou uma progressão mais cuidadosa dos exercícios e do apoio de peso. Segundo Ellenbecker (2002, pág. 151), o programa de fortalecimento tem início na primeira visita pós-operatória. É fundamental que seja logo dada ênfase ao grupo do músculo quadríceps, para que o paciente tenha um retorno bem-sucedido e seguro a atividade funcional. Na fase de reabilitação pós-operatória aguda, o início de bons exercícios de contrações isométricas do quadríceps estabelece o ritmo para a progressão do programa de fortalecimento. As contrações isométricas do quadríceps são realizadas de hora em hora, conforme as seguintes normas: repetição das contrações durante dez segundos, dez repetições, dez vezes por dia. Outros exercícios incluídos na fase aguda são elevações da perna reta nos quatro planos do movimento dos quadris. A elevação da perna reta em adução tem efeito benéfico no vasto medial oblíquo (VMO). Elevação da perna reta na posição supina devem incluir suficiente contração isométrica do quadríceps para que esse músculo seja beneficiado. Elevação de perna reta nos outros dois planos também são importantes para a estabilização proximal. À medida que esses exercícios vão se tornando mais fáceis, serão acrescentados pesos com tiras de velcro no tornozelo para progredir com o fortalecimento muscular. Inicialmente, usamos 0,5 a 1 kg de peso, e terminamos, em alguns casos, com até 4,5 kg, desde que o peso não seja superior a 10% do peso corporal do paciente. Basicamente, esses exercícios são utilizados nos dois primeiros meses do pré-operatório; durante esse tempo, a ênfase recairá no controle da dor e edema, reaquisição da completa amplitude de movimento, 46 obtenção precoce do controle do quadríceps, estabilização proximal e retomada de um padrão de marcha normal. Assim que se inicie a sustentação parcial do peso, podem começar os exercícios em cadeia fechada (CCF). Tria (2002, pág. 293), os exercícios da cadeia fechada permitem uma reabilitação ideal do LCA reconstruído, minimizando forças potencialmente danosos sobre o enxerto e a lesão da articulação patelofemoral. Observa-se que o esforço do LCA era dramaticamente aumentado durante os últimos 30 graus de extensão do joelho, enquanto que não havia aumento do esforço / desgaste durante a flexão do joelho contra uma resistência. Os exercícios isométricos são realizados em zero grau por segundo, isto é, sem movimento articular visível. A velocidade é constante em zero, de modo que a resistência varia para igualar a força aplicada. As elevações do membro inferior em linha reta em supino são um exemplo comum de exercícios isométricos. É sabida que ocorre uma redução da atividade motora do quadríceps devida à inibição do reflexo secundário uma efusão do joelho. Os paciente incapazes de realizar esses exercícios até 2 ou 4 dias após a cirurgia provavelmente irão tolerar muito bem as sessões de exercícios para o quadríceps. A desvantagem dos exercícios isométricos é que eles somente são eficazes para o fortalecimento no ângulo usado. Ellenbecker (2002, pág. 153), afirma que quando o paciente progride para 50% a 75% da descarga de peso, são iniciados elevações dos dedos do pé para fortalecimento do gastrocnêmio / solear, exercícios isométricos com o paciente sentado junto à parede para controle do quadríceps e miniagachamentos para fortalecimento do quadríceps. A dor patelar pode ser diminuída mediante alteração do ângulo de flexão do joelho ou por uma mudança sutil no ângulo de postura dos dedos do pé para fora / para dentro, em não mais de 10º. Os exercícios isométricos com o paciente sentado junto à parede podem se tornar mais desafiadores pela modificação da técnica do exercício. Em primeiro lugar, o paciente pode contrair voluntariamente o músculo quadríceps, assim que atingir seu ângulo máximo de flexão do joelho, que tipicamente se situa entre 30 e 45º. Essa posição de contração e flexão do joelho é mantida até que ocorra fadiga muscular, e o exercício é repetido três a cinco vezes. Numa segunda modificação, o paciente faz uma contração do quadril em adução apertando uma bola entre as partes distais das coxas. Essa modificação promove uma contração mais vigorosa do VMO. Numa terceira variação, o paciente segura nas suas mãos 47 pesos (halteres) para aumentar o peso corporal, o promove uma contração do quadríceps ainda mais forte. Tria (2002, pág. 295), os exercícios isotônicos são comumente chamados de exercícios de treinamento com peso e de resistência programada (ERP). Podem ser empregadas várias modalidades, com peso livre ou máquina. Os exercícios isotônicos são realizados em velocidades variadas (30 a 90 graus/s) e aplicam uma resistência fixa, que é estabelecida pelo peso ou máquina usada. A carga muscular concêntrica e excêntrica são exemplos de contrações isotônicas. A carga excêntrica envolve o alongamento de uma unidade de fibra muscular enquanto ocorre a contração (isto é, força externa maior que a força exercida pelo músculo). As contrações excêntricas geram mais força. Isso se torna clinicamente útil no pósoperatório, quando o paciente não pode realizar uma elevação isométrica da perna em linha reta. Por exemplo, o terapeuta pode assistir passivamente com a flexão do quadril e o paciente, então, elevar a perna excentricamente. Dessa forma, o quadríceps realizará uma contração isométrica, enquanto o flexor do quadril (iliopsoas) realizará uma contração excêntrica. Os exercícios excêntricos são usados tanto nas fases iniciais de reabilitação como no final, para permitir o retorno às atividades esportivas. Os exercícios isocinéticos envolvem uma velocidade fica com uma resistência variável, que acomoda o indivíduo por toda a amplitude de movimento. Portanto, a velocidade é constante, a uma marca dinâmica previamente direcionada (geralmente, 30 a 450 graus/s), na qual a resistência varia para igualar exatamente a força aplicada em cada ponto da amplitude de movimento. Uma importante vantagem do treinamento isocinético é que a acomodação da resistência permite que o paciente trabalhe no nível submáximo, com níveis de movimento dolorosos e, no nível máximo, nos arcos de movimento, sem dor. Além disso, o paciente pode trabalhar no seu máximo ao arco de movimento mais fraco como com pesos livres. Os isocinéticos também preparam o paciente para contrações de velocidade mais alta, que são usadas nas atividades esportivas. Amplitude de movimento Afirma Ellenbecker (2002, pág. 145) que, a prática precoce da amplitude de movimento é necessidade absoluta para evitar complicações pós-operatórias. O objetivo da primeira semana pós-operatória é a obtenção de 0º de extensão e 90º de flexão. Pacientes são instruídos a fazer exercícios motores na posição sentada durante 10 minutos por sessão, aproximadamente quatro a seis vezes por dia. Podem ser iniciados os programas de amplitude 48 de movimento, nas modalidades passiva e ativa, de 0 a 90º, desde que tenha sido utilizado um enxerto forte com excelente fixação interna. Se houver qualquer dúvida concorrente à qualidade do enxerto ou da fixação interna, deverão ser evitados os movimentos ativos na faixa final (0-30º). A extensão passiva completa deve ser conseguida imediatamente. No caso de enxertos intra-articulares, é fundamental que o paciente seja logo instruído o posicionamento da perna para a manutenção de 0º, para que seja evitada a formação de tecido cicatricial na incisura intercondilar. A extensão completa do joelho deve ser obtida por volta da segunda a terceira semana pós-operatório. O programa deve possibilitar um aumento gradual na flexão do joelho até 120º por volta da quarta semana do pós-operatório, e de 135º por volta da quinta semana do pósoperatório. A atividade de flexão passiva do joelho ocorre tipicamente na posição sentada tradicional, usando a extremidade inferior contralateral para proporcionar excesso de pressão. As aderências que se formaram a essa altura, embora dolorosas para o paciente, não matutaram até o ponto de existir um bloqueio significativo. Apoio de peso Kisner (2005, pág. 537), na primeira semana após a cirurgia, durante a deambulação com muletas, o apoio de peso fica limitado entre 25 a 50%. O apoio é então progredido nas 2 a 3 semanas seguintes com base nos sintomas do paciente. O apoio de peso completo e a deambulação sem muletas, ao mesmo tempo usando a órtese de proteção, em geral são possíveis com cerca de 3 a 4 semanas, caso o apoio de peso seja indolor e o paciente tenha alcançado extensão do joelho ativa completa e força suficiente do quadríceps para controlar o joelho. A órtese (ajustada para permitir movimento entre 0º e 125º) pode precisar ser usada durante a deambulação e outras atividades com apoio de peso por 2 a 3 meses. Afirma Ellenbecker (2002, pág. 147), que permite a sustentação parcial do peso assim que sejam mínimos a dor e edema, se o tônus do quadríceps é satisfatório, se a extensão passiva do joelho é de 0 a 5º e se estimamos que a quantidade de translação anterior à igual ou inferior à encontrada no joelho contralateral. Tipicamente, essas qualificações são atendidas dentro da primeira semana pós-operatório. Inicialmente, o paciente usa muletas nos dois lados, e 25% do peso corporal repousam no pé envolvido. A quantidade de peso que o paciente tem permissão de aplicar ao membro envolvido aumenta em aproximadamente 25% a cada semana, desde que o paciente continue a atender aos critérios de avaliação. 49 Comumente os pacientes são dispensados do uso das muletas por voltada quarta semana do pós-operatório. Iniciamos e progredimos com a descarga de peso por meio de uma técnica de marcha que evita a posição de joelho travado e incentiva a flexão normal do joelho ao longo de todo o ciclo da marcha. Essa técnica possibilita a obtenção de um padrão normal de deambulação do calcanhar aos dedos do pé, contração do quadríceps durante a fase intermediária de postura do pé, e flexão do quadril e do joelho durante o ciclo da marcha. Treinamento de propriocepção e equilíbrio Ellenbecker (2002, pág. 153), o treinamento de equilíbrio e a propriocepção são iniciados assim que o paciente começar a sustentar parcialmente o peso. O primeiro exercício envolve transferência do peso de um lado para o outro, e da frente para trás. Um segundo exercício iniciado com sustentação parcial do peso é a caminhada entre copos. O exercício de caminhada entre copos ajuda a desenvolver a flexão do quadril e dos joelhos, o controle do quadríceps durante a marcha e controle adequado do gastrocnêmio / solear durante a fase de impulsão do pé. Esses componentes de controle da marcha são fundamentais nas fases iniciais da reabilitação para reduzir as tensões / forças incidentes do enxerto em processo de cura. Outra atividade para controle do equilíbrio é o exercício do equilíbrio sobre uma perna só. Nas fases finais da reabilitação, são iniciados exercícios pliométricos, com o objetivo de dar uma base funcional para o retorno à atividade. O primeiro exercício é o pulo numa caixa com superfície nivelada. A próxima fase de exercícios pliométricos utiliza saltos verticais nas caixas. É importante enfatizar que o exercício pliométrico é estressante, devendo haver previsão de repouso adequado no programa. Outros parâmetros a considerar durante a realização de exercícios pliométricos incluem superfície, calçado utilizado e aquecimento. 4.1. Protocolo de Canavan Canavan (2001, pág. 310), Reconstrução do ligamento cruzado anterior (tendão patelar: osso-tendão-osso). 50 0 a 4 semanas 5 dias 10 a 14 dias 2 ½ semanas 4 a 6 semanas 6 a 20 semanas Tala dobradiça e AM intermitente, ativo assistido e passivo (ext., flex. e mobilizações ); séries para quadríceps e levantamentos da perna estendida (sem peso); isométricos para os músculos posteriores da coxa; bombeamento do tornozelo; apoio de três pontos com muletas; brace de suporte pós-operatório travado em 0º quando não estiver ampliando; brace de suporte para dormir, durante seis semanas. Controle do quadríceps; biofeedback com EME e/ou com EMG, conforme necessário com levantamento da perna estendida; extensão passiva em prono. Destravar a dobradiça para a AM ativa e passiva; movimentos ativos do quadríceps e dos músculos posteriores da coxa dentro da amplitude e contra a gravidade; iniciar sustentação do peso com um terço do peso corporal (PC), com o joelho em extensão e o brace de suporte travado e aumentar em até um terço do PC a cada 3 dias, conforme tolerado; biofeedback com EMG para os músculos posteriores da coxa durante a marcha (e exercícios para quadríceps, caso a contração seja inadequada). ERP (pesos leves na estação Q & MPdC) para os quadríceps de 90 a 60º e para os músculos posteriores da coxa dentro da amplitude disponível, exercícios de meio agachamento, abdução e adução do quadril (resistência acima dos joelhos); continuar os levantamentos da perna estendida sem preso; bicicleta estática quando a amplitude for adequada. Caso consiga, executar os levantamentos da perna estendida, ambular com sustentação do peso total com o brace de suporte travado na extensão; ambulação intermitente com 10% do PC no padrão da marcha normal e com o suporte destravado; equilíbrio sobre uma perna. Ambulação com a marcha normal e o brace de suporte destravado: superfície suave em nível durante 5 minutos, 2 ou 3 vezes por dia. Aumentar cada sessão em até 5 minutos nos dias alternados. Biofeedback com EMG para os músculos posteriores da coxa nas sessões iniciais; continuar a ambulação com o suporte travado na extensão e a AM, ERP e levantamentos da perna estendida, como mencionado acima. (Suporte travado em 0º para dormir, até a semana 6.) Deambular com sustentação do peso total com suporte para LCA (brace de suporte para a ambulação até o mês 4), quando o conforto, o tamanho e o controle permitirem (entre 6 e 10 semanas) (biofeedback com EMG para os músculos posteriores da coxa nas sessões iniciais); AM; levantamentos da perna estendida sem peso; ERP para o quadríceps de 90 a 60º apenas, amplitude total para os músculos posteriores da coxa, agachamento, abdução e adução do quadril (acima do joelho); bicicleta estática; exercícios funcionais: subir degraus (StrairMaster), aparelho de remada; natação, placa deslizante. 51 5 a 7 meses 7 a 8 meses 8 a 9 meses 9 a 12 meses ADICIONAR ERP: começar com ERP para quadríceps até a extensão total (transição gradativa); iniciar corrida em linha reta com ½ velocidade, conforme tolerado, usando suporte para o LCA ou suporte adaptado (caso AM, força e condição clínica do joelho sejam satisfatórias). ADICIONAR progresso através dos programas de corrida gradativa, conforme tolerado (½, ¾, velocidade total) em seguida, programas de agilidade (½, ¾, total) e, por fim, o programa de saltos. ADICIONAR aumento gradativo nas atividades do esporte específico. Retornar aos esportes se todos os critérios tiverem sido preenchidos. Avaliação médica: Dia 1, dias 10 a 14, 4 semanas, 6 semanas, mensalmente, até ter certeza da progressão adequada. Cinco, 7, 9 e 12 meses. Avaliação pré-operatória IKDC e pósoperatória em 1 ano; KT-1000 no pré-operatório, 5, 9 e 12 meses. Fisioterapia: pré-operatória; pós-operatória; 5 dias; de 10 a 14 dias; 2 ½, 4 e 6 semanas; mensalmente, 5, 7 9 e 12 meses (conforme indicado.) Teste de força: Antes da avaliação médica e após 5 semanas de isométricos para o quadríceps em 60º (dinamômetro isocinético em 75º), isocinéticos para os músculos posteriores da coxa. Isocinéticos na estação Q & MPdC após 5 meses. 4.2. Protocolo de Kisner Kisner (2005, pág. 538), Reconstrução do LCA – Objetivos e Tratamento Fisioterapêuticos no Pós-operatório Acelerado para cada Fase da Reabilitação. Apresentação do paciente Avaliação funcional Tratamento Fase de Proteção Máxima Dia 1 a Semana 4 Dias Pós-operatórios 1-3 – Hemartrose pós-operatório; dor pós-operatória; ADM diminuída; contração voluntária do quadríceps diminuída; dependência para deambulação, órtese pós-operatória (pode usar ou não). Escala de dor, hemartrose-circunferência; estabilidade ligamentar-artrometria articular. (dia 7-14) Mobilidade patelar; controle muscular; estado funcional. Precoce: dias 1-14 – gelo, compressão, elevação e órtese de proteção; treinamento de marcha: muletas, apoio de peso (25-50%); ADM ativo-assistida (órteses limitadoras de 52 amplitude podem ou não ser usadas); mobilização patelar (graus I e II); isométricos intermitentes leves de quadríceps, posteriores da coxa e adutores em múltiplos ângulos (podem ser reforçados com estimulação elétrica); LPEs assistidos, em decúbito dorsal ; bombeamento de tornozelo. Tratamento Tardia: Semanas 2 a 4 – continuar como acima; progredir o apoio de peso: (75% até completo); começar agachamentos em cadeia fechada; panturrilha em pé e levantamento do antepé; LPEs nos quatro planos; ERP: posteriores da coxa; iniciar extensão do joelho em cadeia aberta (amplitude de 9040 graus); prover estabilização de tronco-pelve; iniciar condicionamento aeróbico Objetivos Apresentação do paciente Avaliação funcional Tratamento Proteger a regeneração dos tecidos; prevenir a inibição reflexa do músculo; diminuir a efusão articular; diminuir a dor;ADM de 0-125º; controle muscular da ADM; apoio de peso de 75% a total; estabelecer um programa de exercícios domiciliares. Fase de Proteção Máxima Semanas 5-10 Dor controlada; efusão articular controlada; sem aumento da instabilidade articular; ADM completa ou quase completa; força muscular regular a boa (3+/5 a 4/5); controle da articulação; deambulação independente. Escala de dor; efusão – circunferência; estabilidade ligamentar – artrometria articular; ADM; mobilidade patelar; força muscular; estado funcional. Precoce: Semanas 5-6 – isométricos em múltiplos ângulos; avançar o fortalecimento em cadeia fechada e ERP; programar alongamento para o membro inferior; treinamento de resistência à fadiga com bicicleta, piscina, aparelho de esqui (Transport) etc; treinamento proprioceptivo; apoio em uma perna, prancha inclinada, prancha deslizante; exercícios de estabilização, chutes e passos contra resistência elástica. Tardia: Semanas 7-10 – continuar como acima: avançar o fortalecimento (incluir padrões de PNF), resistência à fadiga e flexibilidade; avançar o treinamento proprioceptivo para 53 Tratamento Objetivo Apresentação do paciente Avaliação funcional Tratamento Objetivos Apresentação do paciente Avaliação funcional Tratamento Exercícios de step em alta velociade, exercícios de desafio em superfícies instáveis e trava de equilíbrio, iniciar um programa de caminhada / corrida no final dessa fase; iniciar exercícios pliométricos: pular, saltar ADM completa indolor; força muscular boa a normal (TMM); controle dinâmico da articulação; normalizar o padrão da marcha; normalizar a função de AVD; aderir ao programa domiciliar. Fase de Proteção Mínima Semanas 11-24 Sem instabilidade; sem edema; sem dor; força muscular boa a normal (4/5 a 5/5 no TMM); função de AVD sem restrições. Estabilidade ligamentar – artrometria; força muscular; estado funcional. Continuar o programa de alongamento de MI; avançar os ERP / iniciar treinamento isocinético (se desejado); avançar os exercícios em cadeia fechada e pliométrico (pular, pular corda, saltar de blocos: com duas pernas e com uma só); avançar o treinamento proprioceptivo; progredir os exercícios de agilidade; simular um treinamento de resistência à fadiga específico ao trabalho ou ao esporte; progredir o programa de corrida com velocidade rápida, curta distância, corrida com mudanças de direção. Aumentar a força; aumentar a potência; aumentar a resistência à fadiga; melhorar o controle neuromuscular e a estabilidade dinâmica. Fase de Retorno à atividade Depois de 6 meses Sem instabilidade; função muscular de 70% do membro não envolvido; sem sintomas de instabilidade, dor ou edema na fase prévia. Exame clínico completo; estabilidade ligamentar; força muscular; estado funcional. Continuar a progredir os exercícios de ERP e flexibilidade, avançar os exercícios de agilidade e corrida; implementar exercícios específicos ao esporte ou à ocupação; determinar a necessidade de órtese de proteção antes de retornar ao esporte ou ao trabalho. 54 Objetivos Aumentar a força, potência e resistência à fadiga; recuperar a habilidade para funcionar no nível mais alto desejado; transição para o programa de manutenção. 55 CONCLUSÃO Com base no estudo realizado a respeito da eficácia da fisioterapia na reabilitação de pacientes submetidos à reconstrução do LCA constatou-se que a atuação fisioterpêutica permite ao paciente uma reabilitação ideal, proporcionando ao mesmo uma recuperação mais segura. A reabilitação em reconstrução do LCA deve minimizar os efeitos adversos da imobilização sem sobrecarregar os tecidos em fase de cicatrização, e assim, permitir ao indivíduo retorno ao mesmo nível funcional anterior à lesão. A fisioterapia traz ao paciente uma redução do quadro de dor, ganho de amplitude de movimento funcional, redução do espasmo muscular, ganho de força muscular e uma melhor cicatrização do tecido lesado favorecida pela movimentação precoce. Os exercícios de treino de equilíbrio e propriocepção são considerados importantes para facilitar o retorno do paciente a sua marcha normal e também na realização de suas atividades de vida diária. Após o trabalho de reabilitação o paciente deve ser estimulado a continuar participando de um programa de manutenção. Nesta revisão bibliográfica, mostra que a fisioterapia é eficaz na reabilitação dos pacientes que realizam a reconstrução do LCA. 56 REFERÊNCIAS Almeida, Isabel Bastos de. Protocolo de recuperação após ligamentoplastia O.T.O do LCA. Disponível em: www.ess.ips.pt/fisioOnline/. Acesso em: 24 nov 2007. Balsini, Nilso Eduardo. 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