CÂNCER DE PRÓSTATA: CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DE

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ISSN: 1981-8963
DOI: 10.5205/reuol.3794-32322-1-ED.0711201307
Neves JL, Schwartz E, Zillmer JGV et al.
Câncer de próstata: caracterização dos usuários…
ARTIGO ORIGINAL
CÂNCER DE PRÓSTATA: CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE
ONCOLOGIA
PROSTATE CANCER: CHARACTERIZATION OF USERS OF A SERVICE OF ONCOLOGY
CÁNCER DE PRÓSTATA: CARACTERIZACIÓN DE LOS USUARIOS DE UN SERVICIO DE ONCOLOGÍA
Josiele de Lima Neves¹, Eda Schwartz², Juliana Graciela Vestena Zillmer³, Lílian Moura de Lima 4, Aline
Machado Feijó5, Bianca Pozza dos Santos6
RESUMO
Objetivo: caracterizar o perfil sociodemográfico dos homens com câncer de próstata, as co-morbidades e
fatores de risco associados ao seu diagnóstico. Método: estudo epidemiológico, com abordagem descritiva,
realizado com um questionário em um serviço de oncologia de um hospital de ensino no sul do Brasil. A
amostra foi constituída por 19 homens com câncer de próstata. O banco de dados foi construído no programa
Epi-info 6.04 e a análise estatística no software Stata 9.1. O estudo teve o projeto de pesquisa aprovado no
Comitê de Ética em Pesquisa, Protocolo 2008/23. Resultados: a totalidade da amostra era de cor branca,
baixa escolaridade, da área rural, viviam com companheira, com religião, com boa situação de saúde,
majoritariamente idosos, baixa ocorrência de hereditariedade para câncer de próstata, a co-morbidade de
maior frequência foi a hipertensão arterial. Conclusão: discussões que envolvem a população masculina
acometida pelo câncer vêm sendo analisadas nos últimos anos ainda de forma incipiente. Descritores:
Neoplasias da Próstata; Oncologia; Enfermagem Oncológica.
ABSTRACT
Objective: to characterize the socio-demographic profile of men with prostate cancer, comorbidities and risk
factors associated with their diagnosis. Method: an epidemiological study, with descriptive approach,
conducted with a questionnaire in an oncology service of a teaching hospital in southern Brazil. The sample
consisted of 19 men with prostate cancer. The database was built using Epi-Info 6.04 and the statistical
analysis in Stata 9.1. The study had the research project approved by the Ethics Committee in Research,
Protocol 2008/23. Results: the totality was white, with low education, from rural area, living with a partner,
with religion, with good health status, mostly elderly, low occurrence of heredity for prostate cancer,
comorbidity most frequent was hypertension. Conclusion: discussions involving the male population affected
by cancer have been analyzed in last years was still incipient. Descriptors: Prostate Neoplasia; Oncology;
Oncology Nursing.
RESUMEN
Objetivo: caracterizar el perfil socio-demográfico de los hombres con cáncer de próstata, las comorbilidades
y factores de riesgo asociados con el diagnóstico. Metodología: estudio epidemiológico, con enfoque
descriptivo, realizado con un cuestionario en una unidad de oncología de un hospital universitario en el sur de
Brasil. La muestra consistió en 19 hombres con cáncer de próstata. La base de datos ha sido desarrollada
usando el programa Epi-Info 6.04 y el análisis estadístico en el software Stata 9.1. El estudio tuvo el proyecto
de investigación aprobado por el Comité de Ética en Investigación, Protocolo 2008/23. Resultado: la totalidad
de la muestra consistió de color blanco, bajo nivel educativo, zona rural, viviendo con una pareja, con
religión, con buen estado de salud, en su mayoría ancianos, baja incidencia de la herencia del cáncer de
próstata, la comorbilidad más frecuente fue la hipertensión. Conclusión: las discusiones que involucran la
población masculina afectada por el cáncer han sido analizadas en los últimos años, aún incipientes.
Descriptores: Neoplasias de la Próstata; Oncología; Enfermería Oncológica.
¹Enfermeira, Hospital de Cardiologia, Aluna especial da disciplina Saúde da Família, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,
Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas/UFPel. Pelotas (RS), Brasil. E-mail: [email protected]; ²Enfermeira,
Professora Doutora Faculdade de Enfermagem / Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas/UFPel.
Pelotas (RS), Brasil. E-mail: [email protected]; ³Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Doutoranda em Enfermagem, Universidade
Federal de Santa Catarina/UFSC. E-mail: [email protected]; 4Enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde. Pelotas (RS), Brasil. E-mail:
[email protected]; 5Enfermeira, Hemocentro Regional de Pelotas/HEMOPel, Mestre em Enfermagem, Doutoranda em Enfermagem,
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas/UFPel. Pelotas (RS), Brasil. E-mail:
[email protected]; 6Enfermeira, Mestranda em Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Faculdade de
Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas/UFPEL. Pelotas (RS), Brasil. E-mail: [email protected]
Português/Inglês
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6360
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Neves JL, Schwartz E, Zillmer JGV et al.
INTRODUÇÃO
O Câncer (CA) é considerado um problema
de saúde pública no Brasil e no mundo, devido
à sua incidência nas últimas décadas, fato que
pode estar condicionado à elevação da
expectativa de vida e demarcado pela
mudança no comportamento das sociedades,
assim como, às atuais facilidades de registros
e métodos de divulgação de dados
epidemiológicos.1
Constata-se que no Brasil a neoplasia de
próstata é a mais frequente entre os homens,
perdendo apenas para o CA de pele não
melanoma.² A estimativa da incidência para o
câncer de próstata no Brasil, em 2010, foi de
52.350 casos, o que corresponde a um risco
estimado de 54 casos novos a cada 100 mil
homens. Apesar desta apresentar, em geral,
baixa malignidade, em virtude de sua
evolução lenta e silenciosa, favorece uma
despreocupação dos homens na busca dos
serviços de rastreamento e prevenção,
retardando o diagnóstico e elevando a
gravidade dos casos.3
Um estudo realizado na cidade de
Butucatu/SP identificou as características
demográficas e epidemiológicas de homens
com câncer de próstata, demonstrou que a
maioria deles, procura o serviço de saúde
quando apresentam sintomas da doença.
Atribuiu-se a este fato o desconhecimento
destes indivíduos sobre a incidência, a
prevalência e a idade, como fatores de risco
para o câncer de próstata.4 Além disto, temse a insuficiência de serviços de urologia na
rede pública de saúde, que somados a
dificuldade dos serviços de lidarem com as
demandas do sexo masculino, são fatores que
podem fortalecer a resistência dos homens à
prevenção do câncer de próstata, o que pode
estar condicionado a um aumento da
incidência desta patologia.5
Caracterizar o perfil dos homens com este
tipo de câncer é uma maneira de conhecer
seu comportamento e seus hábitos de
prevenção e cuidado com a saúde. O
desenvolvimento do câncer de próstata
expressa como é a relação do homem com o
serviço de saúde, sendo contrastante em
relação às mulheres na prevenção do câncer
de colo uterino, o que remete a necessidade
da
realização
de
ações
preventivas
6
relacionadas à saúde do homem.
Dessa forma, entende-se que conhecer o
perfil do homem com câncer de próstata, é
uma ferramenta gerencial importante, que
favorecerá o aprimoramento de ações
preventivas e de promoção da saúde destes
indivíduos. Elegeu-se como objetivo deste
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estudo caracterizar o perfil sócio-demográfico
dos homens com câncer de próstata, as comorbidades e fatores de risco associados ao
seu diagnóstico.
MÉTODO
Manuscrito elaborado a partir da
monografia << Caracterização dos Homens
com Câncer de Próstata de um Serviço de
Oncologia no Município de Pelotas/RS >>,
apresentado à Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal de Pelotas/UFPel.
20010.
Estudo epidemiológico, com abordagem
descritiva, vinculado à Pesquisa: Os clientes
oncológicos, suas famílias e os sistemas de
cuidado nas condições crônicas. A coleta de
dados foi realizada em um serviço de
oncologia de um hospital de ensino no sul do
Brasil, no período compreendido entre março
e julho de 2010.
A amostra deste estudo foi extraída do
total de sujeitos entrevistados na pesquisa
maior, sendo composta pelos homens com
câncer
de
próstata
que
realizaram
quimioterapia ou hormonioterapia, no referido
serviço e período de coleta de dados. Estes
indivíduos responderam a um questionário
estruturado,
previamente
codificado
e
aplicado por entrevistadores capacitados. Os
critérios de inclusão foram: ser do sexo
masculino e possuir diagnóstico de câncer de
próstata; conhecer seu diagnóstico e estar
realizando tratamento de quimioterapia e/ou
hormonioterapia no serviço de oncologia; ter
idade igual ou superior a 18 anos e concordar
em participar do estudo mediante assinatura
do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
As variáveis independentes utilizadas no
estudo foram constituídas por: cor/raça
(branca, preta, parda, amarela, indígena);
escolaridade (anos completos de estudo);
procedência (rural ou urbana); vive com
companheiro(a) (sim/não); religião (não
possui/possui); Situação geral de saúde
(regular, boa, ótima); situação comparada há
um ano (pior, igual, melhor); situação
comparada a outras pessoas da mesma idade
(pior, igual, melhor, ignora); fatores de risco:
faixa etária (51 a 60 anos, 61 a 70 anos, 71 a
80 anos e mais de 80 anos), antecedentes
familiares com câncer (sim/não); presença de
co-morbidades:
cardiopatias
(sim/não),
diabetes mellitus (sim/não), hipertensão
arterial sistêmica (sim/não) e outros
problemas de saúde (sim/não); Exame de
toque: conhece (sim/não), realizou (sim/não);
tempo do último exame (em anos); motivo
(indicação profissional, indicação familiares,
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automotivação, influência da mídia); Exame
PSA: realizou (sim/não); motivo (indicação
profissional,
indicação
familiares,
automotivação, influência da mídia);
Os questionários foram codificados pelos
entrevistadores e posteriormente digitados no
programa Epi-info 6.04, respeitando dupla
digitação e pareamento dos bancos de dados
para verificação de possíveis erros, corrigidos
posteriormente. Foi realizado o controle de
qualidade e a análise estatística, com
distribuição de frequência e média neste
mesmo programa.
Câncer de próstata: caracterização dos usuários…
apreciação no Comitê de Ética em pesquisa da
Universidade Católica de Pelotas, com parecer
favorável sob número 2008/23. Todos os
participantes assinaram o TCLE.
RESULTADOS
A amostra foi constituída por 19 homens
com diagnóstico de CA de próstata em
tratamento
quimioterápico
e/ou
por
hormonioterapia. Na Tabela 1 está disposta a
distribuição de frequência das características
sócio-demográficas destes indivíduos.
Foram respeitados os preceitos éticos de
acordo com a Resolução do COFEN n°
311/2007 e a Resolução nº 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. O estudo passou por
Tabela 1. Distribuição da amostra dos pacientes
oncológicos com câncer
de próstata segundo
características sociodemográficas. Pelotas, RS, UFPel,
2010
Características sociodemográficas
Escolaridade
Sem escolaridade
1 a 4 anos
5 a 8 anos
13 anos ou mais
Procedência
Rural
Urbana
Situação conjugal
Com companheiro
Sem companheiro
Religião
Não possui
Possui
n (19)
%
3
7
7
1
15,79
36,84
36,84
5,26
12
7
63,16
36,84
15
04
78,95
21,05
3
16
15,79
84,21
Fonte: Banco de dados da pesquisa “Os clientes
oncológicos e suas famílias e sistemas de cuidado nas
condições crônicas”, Pelotas, 2010
Quanto à cor da pele, 100% dos indivíduos
enquadraram-se na categoria branca (N=19),
sendo a média de idade de 71,8 anos
(DP=8,1), variando entre 57 e 85 anos.
Percebe-se que a escolaridade concentrou-se
entre os oito anos do ensino fundamental,
com distribuição igualitária de 36,84%, entre
as categorias de 1 a 4 anos e 5 a 8 anos de
estudo.
Houve
predomínio
entre
os
procedentes da zona rural com 63,2% (N=12)
dos entrevistados, assim como, em relação à
situação conjugal e religiosidade, nestas
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categorias, 78,9% (N=15) referiram viver com
companheira e 84,2% (N=16) relataram possuir
religião.
Na Tabela 2 estão apresentados os dados
referentes à autopercepção de saúde, sendo
52,63% (N=10) consideram ter uma saúde
regular, 47,37% (N=9) afirmam estar com uma
saúde melhor do que o ano anterior e quando
comparada a outras pessoas da mesma idade
63,16% (N=12) dizem estar com uma melhor
saúde.
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Tabela 2. Distribuição da amostra dos pacientes com
câncer de próstata conforme autopercepção de saúde.
Pelotas, RS, UFPel, 2010
Situação de saúde
n (19)
%
Situação geral
Regular
10
52,63
Boa
6
31.58
Ótima
3
15,79
Situação comparada com 1 ano
Pior
5
26,32
Igual
5
26,32
Melhor
9
47,37
Situação comparada a outras pessoas da mesma idade
Pior
2
10,53
Igual
2
10,53
Melhor
12
63,16
Ignora
3
15,79
Fonte: Banco de dados da pesquisa “Os clientes
oncológicos e suas famílias e sistemas de cuidado nas
condições crônicas”, Pelotas, 2010
Na Tabela 3, são apresenta os fatores
considerados
como
risco
para
o
desenvolvimento de CA de próstata. Nota-se
predomínio dos entrevistados na faixa etária
de 71-80 anos com 57,9% (N=11) e a
hereditariedade referida, apresentou uma
ocorrência de 15,8% (N=3) dos casos.
Tabela 3. Distribuição da amostra dos
pacientes com câncer de próstata de
acordo com os fatores de risco para o
adoecimento. Pelotas, RS, UFPel,
2010
Fatores de risco
Idade
51 - 60 anos
61 - 70 anos
71 - 80 anos
> 81 anos
Hereditariedade
Sim
Não
n(19)
%
3
3
11
2
15,79
15,79
57,89
10,53
3
16
15,79
84,21
Fonte: Banco de dados da pesquisa
“Os clientes oncológicos e suas
famílias e sistemas de cuidado nas
condições crônicas”, Pelotas, 2010
A Tabela 4 contém as informações
referentes à presença de co-morbidades autoreferidas entre os entrevistados. Verifica-se
que a hipertensão arterial
frequência de 52,6% (N=10)
entrevistados.
apresenta
entre os
Tabela 4. Distribuição da amostra dos
pacientes com câncer de próstata
segundo co-morbidades auto-referidas
associadas. Pelotas, RS, UFPel, 2010.
Co-morbidades
n(19)
%
Cardiopatias
Sim
4
21,05
Não
15
78,95
3
16
15,79
84,21
Sim
10
52,63
Não
9
47,37
6
13
31,56
68,42
Diabetes mellitus
Sim
Não
Hipertensão arterial
Outras
Sim
Não
Fonte: Banco de dados da pesquisa “Os
clientes oncológicos e suas famílias e
sistemas de cuidado nas condições
crônicas”, Pelotas, 2010
A Tabela 5 apresenta dados relacionados à
realização de exames de toque e PSA, além
dos motivos pelo quais os homens com câncer
de próstata realizaram estes exames.
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Tabela 5. Distribuição da amostra dos pacientes com
câncer de próstata segundo realização de exames
preventivos. Pelotas, RS. UFPel, 2010.
Exames preventivos
Conhece o exame de toque
Sim
Não
Realização do exame de toque
Sim
Não
Tempo do último exame de toque
< de 1 ano
1 – 4 anos
5 – 10 anos
Motivo da realização do exame de toque
Indicação do profissional de saúde
Indicação de familiares
Automotivação
Influência da mídia
Motivo da realização do PSA
Indicação do profissional de saúde
Indicação de familiares
Automotivação
Influência da mídia
n(19
%
18
1
94,74
5,26
17
2
84,47
10,52
3
6
8
15,79
31,58
42,11
12
2
2
1
63,16
10,53
10,53
5,26
15
2
1
1
78,95
10,53
5,26
5,26
Fonte: Banco de dados da pesquisa “Os clientes oncológicos e
suas famílias e sistemas de cuidado nas condições crônicas”,
Pelotas, 2010
Sobre o exame de toque, 94,74% (N=18)
afirmaram conhecer, 84,47% (N=17) já o
realizaram, 42,11% (N=8) se submeteram ao
último exame de toque entre 5 e 10 anos,
63,16% (N=12) afirmaram ter realizado o
exame por indicação de um profissional de
saúde. No que se refere à realização do PSA,
100% dos entrevistados referiram ter
realizado, sendo 78,95% (N=15) sob indicação
de um profissional de saúde.
DISCUSSÃO
Na amostra estudada, observou-se que a
totalidade dos entrevistados constituiu-se por
indivíduos da cor branca. Em contrapartida,
há relatos de que os negros morrem por
câncer de próstata de 2 à 3 vezes mais quando
comparados aos de cor branca, porém não há
razões conhecidas para esta diferença, apenas
evidências indicando uma maior porcentagem
de lipídios bioativos no sistema biológico dos
negros, o que sugere que estes consomem
uma taxa mais alta de gordura.7
evidenciado por pesquisadores de uma
Universidade
de
Botucatuva/SP
que
investigaram homens acometidos por CA de
próstata, dentre os quais 78 (28,57%)
referiram ser alfabetizados, sendo 50% destes
com ensino fundamental incompleto.9
A desinformação atinge com maior
intensidade a população masculina com baixo
nível
de
escolaridade
e
de
poder
10
socioeconômico. O que é confirmado por
pesquisa realizada na cidade de São Paulo,
que contou com 25 colaboradores, dos quais
36% possuíam ensino médio completo. Obtevese que 40% da amostra não possuíam nenhum
conhecimento sobre o câncer de próstata,
enquanto que nenhum participante afirmou
possuir conhecimento suficiente sobre a
doença.11
Em estudo realizado na cidade do Rio de
Janeiro, com 258 homens em tratamento para
o câncer de próstata identificou-se que a cor
da pele não influencia na sobrevida para este
tipo de câncer, porém prevaleceu um
comportamento biológico mais agressivo em
tumores de indivíduos com a cor da pele
branca quando comparado com tumores
encontrados em negros e pardos.8
Outra questão relevante no que tange a
realização de educação em saúde está
relacionada à acessibilidade aos serviços de
saúde que tem relação com a procedência dos
usuários.
Neste
estudo
foram
predominantemente advindos da zona rural.
Esta população.12 enfrenta barreiras em
função da menor disponibilidade de serviços,
particularmente em áreas esparsamente
povoadas. Além das grandes distâncias a
serem percorridas, das dificuldades de
transporte e da baixa renda, fatores que,
associados, reduzem a utilização de serviços
de saúde por esta clientela.
Em relação à compreensão do indivíduo
sobre o seu processo de adoecimento e
tratamento, observa-se que há uma relação
direta com o grau de escolaridade, aqueles
com menor nível de escolaridade demandam
maiores estratégias educativas, voltadas ao
esclarecimento e à adesão ao tratamento. Os
achados desta pesquisa vão ao encontro do
Quanto ao estado civil verifica-se que os
achados desta pesquisa vão ao encontro do
identificado em estudo realizado no estado de
São Paulo, com 78 homens acometidos por CA
de próstata, no qual houve predominância de
indivíduos casados (80%).9 Uma doença grave,
como o câncer causa alterações significativas
no cotidiano do casal, dos membros envolvidos
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no contexto familiar e até nas relações sociais
do doente.13
De maneira geral, os indivíduos que
enfrentam um adoecimento grave, como o
câncer, procuram na fé uma alternativa de
apoio espiritual, sendo a religião presente na
vida da maior parte dos participantes deste
estudo. O fato de possuir uma religião
favorece o lidar com a doença e o tratamento,
sendo um incentivo à busca da cura.14
Partindo-se do pressuposto de que a
terapia antineoplásica afeta a autoestima e a
qualidade de vida dos pacientes oncológicos,
uma pesquisa foi desenvolvida na cidade de
São Luís/MA, com uma amostra de 100
pacientes. Destes, 45% consideravam-se
irritados e 50% ansiosos, estes resultados
revelam o quanto é importante que a equipe
multiprofissional
realize
cuidados
humanizados, de forma a contribuir para a
melhora do estado de saúde dos pacientes
oncológicos.15
Estes pacientes tendem a aprofundar os
conhecimentos sobre seu estado de saúde no
decorrer do tratamento e ir adequando a
autopercepção sobre sua saúde. Os homens
entrevistados neste estudo consideraram que
houve uma melhora na condição de saúde,
que pode estar condicionada à terapêutica
utilizada para o tratamento.16
A maioria dos fatores de risco para o CA de
próstata é desconhecida, porém há um
elevado número de casos em homens com
história de pai ou irmão com este CA e com
idade superior a 50 anos.17 Observou-se que o
risco de desenvolver CA de próstata aumenta
de 2,2 vezes quando acomete um parente de
primeiro grau (pai ou irmão); 4,9 vezes
quando dois parentes de primeiro grau
possuem a doença e de 10,9 vezes quando três
parentes de primeiro grau são acometidos.18
Com base no exposto acima se considera
que os antecedentes familiares e a faixa
etária dos homens podem ser considerados
como fatores de risco para o desenvolvimento
de CA de próstata. A amostra deste estudo foi
constituída por indivíduos majoritariamente
idosos, entretanto apenas uma porcentagem
reduzida referiu possuir familiares com
história prévia de CA de próstata.
Além
disso,
sabendo-se
que
o
envelhecimento predispõe ao aparecimento
das doenças crônicas, esperava-se obter
resultados elevados para as patologias
crônicas concomitantes ao CA, tais como, o
diabetes melittus, a hipertensão arterial e as
doenças coronarianas, em contrapartida,
houve baixo número de indivíduos portadores
de outras cronicidades.19
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Câncer de próstata: caracterização dos usuários…
O aumento da mortalidade por CA de
próstata vem ocorrendo em paralelo à
elevação da prevalência de sobrepeso e
obesidade no Brasil e em todo o mundo. Em
estudo realizado na cidade no Ceará,
observou-se que ao analisar os riscos de 220
homens com diagnóstico de CA de próstata,
para desenvolver doenças crônicas, através da
distribuição de gordura corporal, 61,8%
tiveram um risco aumentado ou alto risco.20
Um estudo realizado no município de Juiz
de Fora – MG, contou com a participação de
160 homens com idade entre 50 e 80 anos,
revelando que 97,5% já ouviram falar sobre o
CA de próstata, sendo a imprensa o principal
veículo de informação (33,8%), seguido pelas
conversas com amigos (33,1%). Além disso,
65,7% deles referiram conhecer algum exame
de detecção do câncer de próstata, 20%
conheciam apenas o toque retal, 43,8% apenas
o exame PSA e 36,2% conheciam ambos.21
Observa-se que todos os participantes
desta pesquisa realizaram o PSA, entretanto
nem todos haviam realizado o exame de
toque, embora já estivessem em tratamento.
Acredita-se que o custo, a falta de
conhecimento, a sintomatologia e os fatores
culturais podem influenciar negativamente a
procura pelos serviços de saúde, assim como,
o estímulo da mídia pode favorecer as práticas
de saúde.18
Com o propósito de ampliar e facilitar o
acesso dos homens aos serviços de saúde foi
desenvolvida a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem, que prioriza a
captação precoce da população masculina nas
atividades de prevenção primária relativa às
doenças cardiovasculares e cânceres. Destacase a ampliação em 20% ao ano no número de
ultrassonografias de próstata para prevenção
e diagnóstico de tumores malignos. A política
de saúde do homem pretende organizar
campanhas anuais e distribuir cartilhas sobre
o diagnóstico, o tratamento do câncer e a
promoção de hábitos saudáveis.22
CONCLUSÃO
Destaca-se que a incidência do CA de
próstata vem aumentando no decorrer dos
anos, fato que pode estar relacionado ao
envelhecimento da população, assim como às
melhorias alcançadas com os registros na área
da oncologia. No Brasil, foi implantada a
Política Nacional de Saúde do Homem, que
pretende
melhorar
a
qualidade
de
atendimento preventivo aos homens, esperase que esta política ofereça condições de
rastreamento para os homens com risco de
desenvolver o câncer prostático e ajude a
diminuir a incidência deste tipo de câncer.
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Identificamos, através desta amostra, que
todos os pacientes com câncer prostático são
de cor branca, com baixa escolaridade,
provenientes da área rural, a maioria dos
homens possui companheira, possuem religião,
os homens consideram-se com uma boa
situação de saúde, a amostra é constituída por
indivíduos majoritariamente idosos.
Dentre os fatores de risco para o
desenvolvimento do câncer de próstata, os
dados do estudo evidenciaram que a elevada
idade dos homens é um risco para o câncer de
próstata, condizendo com os achados na
literatura, já a hereditariedade não se
caracterizou como fator de risco na amostra.
A co-morbidade auto-referida associada ao
câncer de próstata com maior frequência é a
hipertensão, verificou-se ainda que a maioria
já realizaram exames preventivos.
Verificou-se, através desta amostra, que as
características da população dos homens com
este tipo de câncer necessitam de uma
abordagem interdisciplinar coerente com a
realidade da população. Percebemos que a
amostra deste estudo foi pequena, limitando
assim tirar conclusões sobre esta temática,
tendo como base apenas este estudo.
Ao realizar o levantamento bibliográfico
para discorrer sobre o CA de próstata
constatou-se reduzido número de estudos que
abordassem o assunto, desse modo, ressaltase a relevância de desenvolver estudos acerca
da temática, a fim de caracterizar a
população e oferecer subsídios para a
elaboração de estratégias para a assistência
especializada a estes sujeitos.
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Submissão: 23/05/2012
Aceito: 24/08/2013
Publicado: 01/11/2013
Correspondência
Bianca Pozza dos Santos
Rua Alziro Zarur, 354
CEP: 96087-080  Pelotas (RS), Brasil
Português/Inglês
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