Pragas O eucalipto foi introduzido no Brasil na década de 40 se adaptando as diferentes regiões do Brasil. Sua proximidade taxonômica com diversas espécies brasileiras favoreceu a adaptação de muitos insetos, logo após o início dos plantios. Os extensos plantios homogêneos e contínuos, distribuídos por todo o Brasil forneceram grande quantidade de alimentos a estes insetos.Aliada a disponibilidade de alimento a baixa diversidade interferiu no equilíbrio ecológico destes insetos possibilitando seu aumento populacional descontrolado, tornando-os pragas. A ocorrência de pragas em eucalipto no Brasil foi registrada logo depois de sua introdução. Silva (1949) observou a ocorrência de Sarcina violascens (Lep. Limantriidae) atacando Eucalyptus tereticornis no Rio de Janeiro. Nas décadas de 1970 e 80, vários autores observaram lagartas desfolhadoras em eucalipto em São Paulo (Balut & Amante, 1971), em Minas Gerais (Zanúncio et. al.) Formigas cortadeiras As formigas cortadeiras, conhecidas desde o século XVI e, já relatadas pelo Jesuíta José de Anchieta em 1560 (Mariconi, 1970), são consideradas até hoje como o principal problema entomológico das florestas brasileiras. No Brasil estes insetos são chamados de saúvas ou quenquéns. Formigas Saúvas Saúvas são formigas cortadeiras do gênero Atta. Diferem-se das quenquéns por serem maiores e possuirem apenas três pares de espinhos no dorso do tórax. Ocorrem somente na América, sendo sua dispersao do sul dos EUA até a Argentina. Seus ninhos são denominados sauveiros e são facilmente reconhecidos pelo monte de terra solta na superfície (Gallo et. al. 2002). A seguir serão listadas as espécies de saúvas e sua distribuição no território Nacional de acordo com Della Lucia et. al., (1993). 1. Atta bisphaerica Forel, 1908 - "Saúva-mata-pasto" - SP, MG, RJ, Norte e Sul do Mato Grosso. 2. Atta capiguara Gonçalves, 1944 - "Saúva-parda" - SP, MT e MG. 3. Atta cephalotes (L., 1758)- "Saúva-da-mata" - AM, RO, RR, PA, AP, MA, PE (Recife e arredores) e Sul da BA. Provavelmente, ocorre no AC e Norte do MT. 4. Atta goiana Gonçalves, 1942 - "Saúva" - GO e MT. 5. Atta laevigata (F. Smith, 1858)- "Saúva-de-vidro" - SP, AM, RR, PA, MA, CE, PE, AL, BA, MG, RJ, MT, GO e Norte do PR. Provavelmente, ocorre em RO, PI e SE. 6. Atta opaciceps Borgmeier, 1939 - "Saúva-do-sertão-do-nordeste" -PI, CE, RN, PB, PE, SE e Nordeste da BA. Provavelmente ocorre em AL. 7. Atta robusta Borgmeier, 1939 - "Saúva-preta" - RJ. 8. Atta sexdens piriventris Santschi, 1919 - "Saúva- limão -sulina" - SP, Sul do PR, SC e RS 9. Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908- "Saúva-limão" - SP, MG (Sul e centro), ES, RJ, Sul do MT, Sul de GO e Norte e Oeste do PR. 10. Atta sexdens sexdens (L., 1758)- "Formiga-da-mandioca" - AM, AC, RO, RR., PA, AP, Norte do MT, Norte de GO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA e Norte de MG. 11. Atta silvai Gonçalves, 1982- "Saúva" - Sul da BA. 12. Atta vollenweideri Forel, 1939 - "Saúva" - RS e MT. Em Minas Gerais, as espécies mais frequentes e abundantes são: A. sexdens rubropilosa, A. laevigata e A. bisphaerica. Formigas quenquéns São formigas cortadeiras, principalmente do genero Acromyrmex. Os formigueiros deste gênero são pequenos e geralmente de poucos compartimentos (panelas). As operárias variam muito de tamanho, mas geralmente são bem menores que as saúvas. A ocorrência destas formigas vai desde a Califórnia (EUA) até a Patagônia, encontrando-se espécies deste gênero na América Central, Cuba, Trinidad e América do Sul, exceto no Chile As únicas espécies que não são da Região Neotropical são Acromyrmex versicolor versicolor (Pergande) e A. versicolor chisosensis (Wheeler). Comumente, encontram-se variações individuais na proporção dos espinhos do tronco e da cabeça em espécimens pertencentes à mesma colônia. A caracterização taxonômica realizada com base na proporção forma dos espinhos do tronco, o tipo de esculturação tegumentar e disposição dos tubérculos no gáster (GONÇALVES, 1961) são sinais facilmente visualizados nas operárias máximas. Com as modificações nomenclaturais no subgénero Moellerius feitas por FOWLER (1988) e as duas formas neárticas, além da descrição de Acro,nyrmexdiasi (GONÇALVES, 1983), o gênero conta atualmente com 63 espécies nominais. Dessas, 20 espécies e nove subespécies foram constatadas no Brasil. No Estado de São Paulo, dados sobre a atualização da distribuição geográfica do gênero apontam 11 espécies seis subespécies (ANDRADE e PORTI, 1993) 1. Acromyrmex ambiguus Emry, 1887- Quenquém-preto-brilhante- SP, BA e RS. 2. Acromyrmex aspersus (F. Smith, 1858)- Quenquém-rajada - MG, SP, BA, ES, RJ, MT, PR, SC e RS. 3. Acromyrmex coronatus (Fabricius, 1804) - Quenquém-de-árvore SP, PA, CE, BA, ES, MG, RJ, MT, GO, SC e MS. 4. Acromyrmex crassispinus Forel, 1909 - Quenquém-de-cisco e quenquém - SP, RJ, RS, MCI e DF. 5. Acromyrmex diasi (Gonçalves, 1983 - DF (Brasília). 6. Acromyrmex disciger Mayr, 1887 - Quenquém-mirim e formiga--carregadeira - SP, RJ, MG, PR E SC. 7. Acromyrmex heyeri Forel, 1899- Formiga-de-monte-vermelha PR, SC, RS e SP. 8. Acromyrmex hispidus fallAx Santschi, 1925- Formiga-mineira PR, -SC, SP e RS. 9. Acromyrmex hispidus formosus Santschi, 1925 - PR de acordo com KEMPF (1972). 10. Acromyrmex hystrix (Latreille, 1802) - Quenquém-de-cisco-da--amazônia - AM, PA, RO, GO, BA e MT. 11. Acromyrmex landolti balzani Emery, 1890- Boca-de-cisco, formiga-rapa-rapa, formiga-rapa e formiga-meia-lua? - SP, MG, SC, GO e MS (MAYHÉ-NUNES, 1991). 12. Acromyrmex landolti fracticornis Forel, 1909 - MT e MS. 13. Acromyrmex landolti landolti Forel, 1884- AM, PA, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, BA, MG, MT e AC. 14. Acromyrmex laticeps laticeps Emery, 1905 - Formiga-mineira e formiga-mineiravermelha - SC, RS e PR 15. Acromyrmex laticeps nigrosetosus Forel, 1908- Quenquém-campeira SP, AM, PA, MG, MA, ,MT, GO, RO, BA e SC 16. Acromyrmex lobicornis Emery, 1887- Quenquém-de-monte-preta e formiga-demonte- preta - BA e RS. 17. Acromyrmex lundi carli Santschi, 1925 - AM e PA. 18. Acromyrmex lundi lundi (Guérin, 1838) - Formiga-mineira-preta, quenquém-mineira e quenquém-mineira-preta - RS. 19. Acromyrmex lundi pubescens Emery, 1905 - MT. 20. Acromyrmex muticinodus (Forel 1901)-Formiga-mineira- CE, ES, RJ, SP, SC, MG e PR. 21. Acromyrmex niger (F. Smith, 1858)- SC, SP, CE, MG, RJ, ES e PR. 22. Acromyrmex nobilis Santschi, 1939 - AM. 23. Acromyrmex octospinosus (Reich, 1793) - Carieira e quenquém-mineira-daamazônia - AM, PA e RR. 24. Acromyrmex rugosus rochai Forel, 1904 - Formiga-quiçaçá - SP CE, MT e DF. 25. Acromyrmex rugosus rugosus (F. Smith, 1858) - Saúva, formiga-lavradeira e formiga-mulatinha - MS, RS, SP, PA, MÁ, PI, CE, RN, PB, PE, SE, BA, MG, MT e GO. 26. Acromyrmex striatus (Roger, 1863)- Formiga-de-rodeio e formiga de-eira - SC e RS. 27. Acromyrmex subterraneus bruneus Forel, 1911 - Quenquém-de-cisco-graúcha. -SP, CE, BA, RJ, SC, MG e ES. 28. Acromyrmex subterraneus molestans Santschi, 1925 - Quenquém--caiapó-capixaba - CE, MG, ES, RJ, BA e SP, de acordo com AEDRADE e PORTI (1993). 29. Acromyrmex subterraneus subterraneus Forel, 1893 - Caiapó -SP, AM, CE, RN, MG, RJ, MT, PR, SC e RS. A primeira pertence ao gênero Atta com 10 espécies e 3 subespécies e a segunda aos gêneros Acromyrmex, com 20 espécies e nove subespécies (Della Lucia et. al., 1993, cap. 3), e menos importante, os gêneros Sericomyrmex (9 espécies), Trachymyrmex (12 espécies) e Mycocepurus (3 espécies) (Anjos et. al., 1998).Segundo Anjos, 1998 há estudos indicando que cerca de 75% dos custos e tempo gastos no manejo integrado de pragas em florestas plantadas, ou 30% dos gastos totais até o terceiro ciclo eram destinados ao manejo integrado de formigas. O desfolhamento causado por formigas pode reduzir a produção de madeira no ano seguinte em um terço e, se isto ocorrer no primeiro ano de plantio, a perda total do ciclo pode chegar a 13% da colheita. Em ecossistemas tropicais as formigas consomem em média 15% da produção florestal. Para o controle de formigas são utilizados principalmente produtos químicos na forma de iscas. No entanto o manejo adequado dos plantios juntamente com o monitoramento é fundamental para o sucesso deste controle. Cupins Coptotermes spp. Heterotermes spp. Anoplotermes spp. Armitermes spp. Cornitermis spp. Neocapritermes spp. Procornitermes spp. Syntermes spp. Lagartas As Lagartas consideradas pragas do Eucalyptus no Brasil podem ser classificadas em desfolhadoras e broqueadoras. Besouros Os besouros podem ser classificados como desfolhadores, coleobrocas e besouro de raízes. Os besouros constituem um grupo de insetos muito importantes para a silvicultura brasileira. Estes estão incluídos em diversas famílias, principalmente as de Chrysomelidae, Curculionidade, Scarabaeidae, Buprestidae. Dentro deste grupo a principal espécie que apresenta importância para o setor florestal brasileiro é Costalimaita ferruginea. Gonipterus scutellatus (Coleoptera: Curculionidade) é uma das piores pragas nativa dos eucaliptais na Australia. Ele foi introduzido na Argentina em 1926 e, 30 anos depois, foi encontrado nos eucaliptais do Rio Grande do Sul. Mais cerca de 30 anos e já está em São Paulo. Não tardará e esta praga chegará aos maciços florestais de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Outros insetos nativos do Brasil, como as de Naupactus, também atacam as essências florestais. A família Buprestidae apresenta vàrias espécies de besouros que atacam as folhas novas, mas principalmente roem os ponteiros e galhos tenros de eucaliptais jovens. Suas espécias são ainda mal conhecidas pela Entomologia Florestal brasileira. A família Scarabaeidade apresenta espécies desfolhadoras vorazes em muitos tipos de essências florestais no Brasil, como Bolax flavolineatus, por exemplo. Tanto as larvas quantos os besouros adultos são pragas de resflorestamentos de eucalipto e de várias culturas agrícolas. Besouros Desfolhadores: 1. Gonipterus gibberus (Boisduval, 1835) (Coleoptera: Curculionidae) - PR, RS e SC. 2. Gonipterus scutellatus (Gyllenhal, 1833) (Coleoptera: Curculionidae) - PR, RS e SC. 3. Sternocolaspis quatuordecimcostata (Lefréve, 1877) (Coleoptera: Chrysomelidae) PA, RN, MA, BA, SP, SC, PR 4. Costalimaita ferruginea vulgata (Lefréve, 1885) (Coleoptera: Chrysomelidae) - RN, PA, MA, BA, GO, SP e PR 5. Bolax flavolineatus (Mann., 1829) (Coleoptera: Scarabaeidae) 6. Psylloptera spp. (Coleoptera: Buprestidae) SP, PR, BA.... Besouros coleobrocas 1. Platypus sulcatus (Chapius, 1865) (Coleoptera: Platipodidae) - SP, RS, PR 2. Phoracantha semipunctata (Fabricius, 1775) (Coleoptera: Cerambycidae) - origem australiana. No Brasil foi detectada em 1950. 3. Achryson surinamum (L. 1767) (Coleoptera: Cerambycidae) 4. Mallodon spinibarbis (L. 1758) (Coleoptera: Cerambycidae)) Besouros de raízes 1. (Migdolus fryanus (Westwood, 1863). (Coleoptera: Cerambycidae) ) Sugadores Dentre os insetos que sugam a seiva e provocam danos no eucalipto, podem ser citados, os psilideos, cigarrinhas, trips e pulgões. Estes primeiros são compostos por insetos de origem australiana com introdução recente no Brasil. Os insetos sugadores são de grande importância para o eucaliptos por agrigarem os psilideos, insetos saltadores, semelhante a pequenas cigarrinhas, pertencentes a Ordem Homoptera, superfamília Psylloidea (Hodkinson, 1988). São chamados Psilideos insetos saltadores, semelhante a pequenas cigarrinhas, pertencentes a Ordem Homoptera, superfamília Psylloidea (Hodkinson, 1988). Dentro deste grupo, são conhecidas em todo o mundo, cerca de 2500 espécies, sendo que a maioria se desenvolve em plantas lenhosas, dicotiledôneas (Burckhardt, 1994). Grande parte dos insetos da família Psyllidae são de origem Australiana sendo que a maioria das espécies se desenvolvem em eucaliptos ou outras Mirtaceas. Dentro desta família, o gênero Ctenarytaina Ferris e Klyver tem a mais ampla distribuição natural, indo desde a Índia e Sudeste da Ásia até a Austrália, Nova Zelandia e algumas ilhas do Pacífico (Burkchardt, 1998). Algumas espécies de Ctenarytaina tem sido introduzidas em outros continentes juntamente com seu hospedeiro, o eucalipto (Taylor, 1997). A espécie mais conhecida do gênero, Ctenarytaina eucalypti , ocorre naturalmente no sudeste da Austrália e Tasmania e foi introduzida na Nova Zelândia, Papua, Nova Guine, Sri Lanka, África do Sul, Ilhas Canárias, Califórnia e Europa( França, Itália, Portugal, Espanha, Ilhas Madeira, Inglaterra e Alemanha). No Brasil foi realizado levantamentos destes psilideos no Estado do Paraná e São Paulo, sendo encontrada três espécies, sendo uma delas também encontrada em Goiás. Possivelmente estes insetos estejam presentes nas demais regiões, podendo ainda haver também outras espécies ainda não coletadas nos levantamentos realizados anteriormente. A primeira ocorrência de C. eucalypti, no Brasil, foi relatada por Burckhardt, et. al. (1999), em mudas de E. dunnii, no município de Colombo, PR. Ctenarytaina sp. foi observada em plantações de Eucalyptus grandis, no município de Arapoti, Norte do Paraná em 1992 (Iede et. all. 1996). Em 1997 foi descrita a espécie Ctenarytaina spatulata (Taylor 1997). Esta espécie de origem australiana se espalhou por vários países. Foi observada em 1990 nas Ilhas do Sul em Nova Zelândia, em 1991 na Califórnia, USA, 1992 no Norte do Paraná, Brasil e em 1994 próximo a Montevidéu, no Uruguai. Para controle das principais pragas do eucalipto deve-se, sempre, considerar possibilidades de manejo integrado, de controle biológico, inclusive utilizando-se insetos parasitóides e predadores de pragas. Manejo integrado de pragas em florestas As populações de insetos são reguladas por forças físicas, nutricionais e biológicas. Em condições normais, estas forças contrabalançam a enorme capacidade reprodutiva dos insetos, que poderiam alcançar populações assustadoras, caso estas forças fossem retiradas. Na floresta os insetos benéficos estão principalmente em dois grandes grupos: Predadores, que se alimentam externamente e devoram suas presas (Tompson, 1943) e parasitóides que vivem sobre o hospedeiro ou dentro dele e, gradualmente o consome. As diferenças entre parasitóides e predadores não são rígidas. Os parasitóides usualmente são capazes de alimentar se e completar seu ciclo de vida em um único hospedeiro, enquanto o predador alimenta-se de vários indivíduos, movendo-se livremente para procurar outras presas. A maioria dos parasitóides pertence às ordens Hymenoptera e Diptera. Alguns parasitóides atacam diferentes hospedeiros e outros são limitados a alguns poucos, ou apenas um hospedeiro. Por outro lado, uma única espécie pode servir de hospedeiro para diferentes espécies de parasitóides. Os parasitóides também não estão livres de inimigos naturais, eles podem ser atacados por outros parasitóides (hiperparasitismo) (Furnis & Carolin,1977). A manipulação das forças biológicas se constitui numa das ferramentas mais poderosas do Manejo Integrado de Pragas (MIP), na agricultura ou na floresta e que envolve um grande número de técnicas. No que se refere aos aspectos biológicos do MIP estas técnicas podem ser sintetizadas em três linhas: o uso de técnicas culturais, o controle biológico e o uso de plantas resistentes. Os estudos de resistência de plantas se aproximaram do MIP em 1950, focado nas estratégias de defesas da planta e seus efeitos nos insetos herbívoros e em menor extensão, nos efeitos dos insetos na planta. Mais recentemente, estes estudos incluíram as interações entre plantas e o terceiro nível trófico, observando a interação tritrófica da perspectiva de cada componente. (Vinson, 1999). As técnicas culturais compreendem o manejo da cultura, englobando todas práticas que a beneficiam e, de maneira indireta influencia na dinâmica populacional dos insetos, tais como capina, roçagem, desbastes, adubação, etc... Os insetos destrutivos fazem parte dos ecossistemas florestais e tem impacto significativo na produtividade e outros valores da floresta, no entanto estes impactos adversos podem ser evitados ou mantidos abaixo dos níveis de dano econômico, através de medidas ecológicas, compatíveis com o manejo florestal (Waters & Stark, 1980) e integradas às outras atividades que conduzem a floresta ao seu objetivo final, seja ele a produção de madeira, celulose, papel, paisagístico ou ambiental. Controle biológico é um fenômeno natural que regula o número de plantas e animais com a utilização de inimigos naturais (agentes de mortalidade biótica) mantendo as populações (excluindo o homem possivelmente) em estado de equilíbrio com o ambiente (Bosch, et al. 1973), flutuando dentro de certos limites (Berti Filho, 1990). Uma vez que os insetos perfazem um total de 80% (talvez 1-1.5 milhões de espécie) de todos os animais terrestres, a inibição parcial de controle biológico natural geraria conseqüências inimagináveis. O homem poderia não sobreviver à intensa competição com comida e fibra e ele enfrentaria problemas relacionados à saúde devido a doenças transmitidas por insetos. Nestes termos, o controle biológico, então, é de grande importância para nós e, provavelmente crítico a nossa sobrevivência. (Bosch, et al. 1973). Controle biológico é um fenômeno natural que, quando aplicado adequadamente o um problema de praga, pode prover uma solução relativamente permanente, harmoniosa, e econômica. Mas por ser o controle biológico uma manifestação da associação natural de tipos diferentes de organismos vivos, i.e., parasitóides e patógenos com os hospedeiros e, predadores com as presas, o fenômeno é dinâmico, sujeito às perturbações por fatores outros como, as mudanças no ambiente, processos adaptativos e, limitações dos organismos envolvidos em cada caso (Huffaker & Mensageiro, 1964 apud. Bosch, et al. 1973). Quando se discute o manejo de pragas é necessário lembrar que existe mais de um milhão de espécies de insetos, mas apenas um pequeno percentual é considerado praga. Embora a maior parte do trabalho dos entomologistas concentra-se em matar estas pragas (Pyle et al., 1981), é indiscutível o papel benéfico de muitos insetos para o homem. O fato dos insetos estarem associados com algo maléfico (pragas e vetores) para a maioria da sociedade, torna difícil conscientizar a população sobre a necessidade de conservá-los. Dentre as razões citadas por pragas Pyle et al., (1981), do porquê conservar populações de insetos, estão os valores intelectuais, ecológicos e econômicos. Do ponto de vista econômico, os insetos estão quase sempre associados a prejuízos. No entanto, não está bem claro para a povo as possibilidades de lucros oriundos dos insetos, que podem ser uma enorme fonte de lucros, basta lembrar as abelhas e o bicho da seda, que mobilizam criadores, indústria e comércio em todo mundo. Um mercado recente, que tem mobilizado um grande número de pessoas é a produção e comercialização de parasitóides e predadores para uso na agricultura e florestas. O controle biológico no Brasil O controle biológico clássico no Brasil iniciou em 1921, com a importação de Prospaltella berlesi (Aphelinidae) dos Estados Unidos para o controle de Pseudaulacaspis pentagona no pessegueiro. Em 1929, foi introduzido da Uganda o parasitóide Prorops nasuta para controlar a broca do café (Hypothenemus hampei), dentro de um programa que continuou por vários anos, com a criação e distribuição deste parasitóide (denominada de vespa da Uganda), por mais de duas mil propriedades até 1939. Após esta data outros inimigos naturais foram introduzidos para o controle desta broca, como o braconideo Heterospilus coffeicola (Gonçalves, 1990) e vários outros para o controle de diversas pragas nas culturas da macieira, café, cana de açúcar, citrus, cacau e outras. (Berti Filho, 1990). Os sucessos alcançados nos primeiros programas incentivaram vários pesquisadores e instituições a investirem no controle biológico sendo publicados mais de 1400 trabalhos nas últimas duas décadas na área de entomopatógenos (Alves, 1998), com ênfase aos bioinseticidas virais e bacterianos. Na área florestal vários projetos com ênfase no controle biológico podem ser referenciados, tais como: 1. O uso de Trichogramma sp. (Hymenoptera Trichogrammtidae) no controle de lagartas desfolhadoras de Eucalyptus spp., coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (Berti Filho, 1990) que em 1982 liberou 168.000 indivíduos de Trichogramma soaresi na tentativa de controlar um foco de Blera varana Schaus em Eucalyptus cloeziana F. Muell. em Minas Gerais (Zanúncio, et al. 1993). 2. Programa de controle de lagartas desfolhadoras do eucalipto com uso de predadores, como Podisus nigrolimbatus Spínola (Hemiptera: Pentatomidae) e P. connexivus Bergroth, coordenado pela Universidade Federal de Viçosa -UFV, em convênio com diversas empresas florestais em Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Espirito Santo. (Zanúncio, et al. 1993). 3. O controle da vespa da Madeira Sirex noctilio Fabricius com a introdução do nematóide Deladenus siricidicola Bedding seu principal inimigo natural e posteriormente os parasitóides Megarhyssa nortoni (Cresson) e Rhyssa persuasoria (L.). O parasitóide Ibalia leucospoides Hochenwald foi introduzido naturalmente junto com a praga (Iede & Penteado, 2000). A vespa da madeira foi observada, no Brasil, pela primeira vez em 1988 (Iede & Penteado, 1988) e no ano seguinte iniciou o programa de controle, coordenado pela Embrapa Florestas, no Paraná, em cooperação com diversas empresas florestais que plantam Pinus sp. no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além destes, muitos trabalhos individuais ou em grupos têm apresentado alternativas ao controle de pragas florestais, com a identificação de inimigos naturais, testes de eficiência para predadores, parasitóides e microorganismos, principalmente vírus e bactérias. Dentro do controle biológico de formigas cortadeiras, principal praga florestal no Brasil, podem ser citados os trabalhos de Alves & Sosa Gomez, 1983; Anjos, et al. 1993; Della Lucia, et. al., 1993; Silva & Diehl-Fleig, 1995 e Specht, et al., 1994 Principais espécies de hemipteros predadores utilizados em florestas Podisus connexivus Bergroth, 1891 Podisus nigrolimbatus Spínola, 1852 Podisus sculptus Distant, 1889 Supputius cincticeps Stal, 1860 Alcaeorrhynchus grandis Reduviídeos Montina confusa Fonte: Embrapa Florestas