Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 AVALIAÇÃO DA BIODISPONIBILIDADE DE FERRO NA MISTURA FORTIFICADORA LIOFILIZADA A BASE DE FÍGADO SUÍNO Aline Ramalho dos Santos ProfªDrª Silvana Mariana Srebernich Faculdade de Nutrição Centro de Ciências da Vida [email protected] Grupo de Pesquisa: Indicadores de Qualidade Nutricional para Alimentação Faculdade de Nutrição Centro de Ciências da Vida [email protected] Resumo: A biodisponibilidade do ferro pode variar de acordo com a fonte dietética, onde o ferro na forma heme apresenta alta biodisponibilidade e o ferro não heme apresenta baixa biodisponibilidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar a biodisponibilidade do ferro da mistura fortificadora liofilizada a base de fígado suíno. A biodisponibilidade de ferro foi determinada pelo Método de Eficiência da Regeneração de Hemoglobina, composto por duas fases (depleção e repleção) em que se utilizaram 21 ratos Wistar, distribuídos em três grupos experimentais. Os animais receberam dieta isenta de ferro (AIN-93G, sem ferro) por 28 dias (depleção), após o qual foi coletado sangue da cauda para determinação de hemoglobina pelo método de cianometahemoglobina. No período de repleção (21 dias) receberam às dietas controle AIN-93G (G1), mistura fortificadora (G2) e a dieta-controle com sulfato ferroso heptahidratado (G2.1) para comparação. Os resultados de Coeficiente de eficácia alimentar (CEA) obtidos para G1, G2 e G2.1 foram respectivamente 0,158, 0,243 e 0,251 com diferença estatística significativa em relação ao grupo controle (G1) e com valores semelhantes e sem diferença estatística significativa entre G2 e G2.1. Quanto aos resultados de Eficiência na Regeneração de Hemoglobina (HRE) os valores obtidos para G1, G2 e G2.1 foram respectivamente 50,69, 31,96 e 29,96% apresentando diferença estatística significativa entre a amostra controle (G1) e as amostras testes (G2 e G2.1), porem não entre as amostras testes. Conclui-se que a biodisponibilidade do mineral ferro da mistura fortificadora foi superior a do grupo controle demonstrando alta biodisponibilidade, correspondente a 108,7% em relação ao sulfato ferroso mostrando-se promissora para ser utilizada na prevenção e controle da anemia ferropriva em humanos, sobretudo em crianças em idade escolar. Palavras-chave: mistura fortificadora fígado suíno, biodisponibilidade de ferro. liofilizada, Área do Conhecimento: Ciências Agrárias – Ciência e Tecnologia de Alimentos – CNPq. 1. INTRODUÇÃO No mundo, a anemia afeta cerca de 1,62 bilhões de pessoas e as crianças em idade pré-escolar são as mais atingidas (47,7%) [1]. Estima-se que no Brasil cerca de 4,8 milhões de pré-escolares sejam afetados pela anemia ferropriva, o que representa cerca de metade dos pré-escolares brasileiros, sendo considerado um grave problema de saúde pública [2]. Nas crianças, as conseqüências podem ser irreversíveis [3] e podem afetar o desenvolvimento cognitivo, motor e social, comprometendo a aprendizagem e a imunidade, dentre outros processos fisiológicos essenciais à vida [4]. Para a prevenção da anemia ferropriva têmse a suplementação de ferro, a diversificação alimentar e a fortificação de alimentos [5], sendo esta última considerada a melhor forma para aumentar a ingestão do mineral ferro, por ser sustentável e simples [6]. Porém, é importante ressaltar que mais importante do que suprir a necessidade diária de ferro é a biodisponibilidade deste mineral. Nos alimentos, o ferro pode estar presente sob duas formas: heme e não heme [7]. O ferro heme é altamente biodisponível (20-30%) e está presente em carnes e vísceras, não estando exposto a fatores que inibem a sua absorção [8]. O ferro não heme está presente em alimentos como ovos, cereais, produtos lácteos e leguminosas [4] e apresenta uma absorção entre 2 e 10% no organismo, podendo ter sua absorção influenciada [9]. Relatório do Banco Mundial revelou que cerca de 5% do PIB de países em desenvolvimento são direcionados a gastos decorrentes da anemia ferropriva, o que representaria no Brasil um gasto médio de 242 bilhões de reais no tratamento de problemas de saúde oriundos da deficiência de ferro no ano de Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 2013 [10]. Estes gastos podem ser reduzidos se houver a implementação efetiva da fortificação de alimentos habitualmente consumidos pelo públicoalvo ou suplementação medicamentosa, como observado em alguns programas nacionais como o Programa de Fortificação de Farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico criado em 2004 e o Programa Nacional de Suplementação de Ferro criado em 2005 [11]. Dentre os alimentos que poderiam integrar estes ou outros programas de fortificação, têm-se a fortificação de preparações servidas na merenda escolar com um produto oriundo da carne suína, visto que sua produção é de grande escala no Brasil [12] e cerca de 48% do ferro presente encontra-se na forma heme [13]. Assim, em um estudo anterior desenvolveu-se uma mistura fortificadora liofilizada a base de fígado suíno visando a alimentação escolar sendo o objetivo deste estudo avaliar a biodisponibilidade de ferro dessa mistura fortificadora. 2. MÉTODO Preparou-se a mistura fortificadora conforme estudo anterior, determinando-se umidade, gordura, proteína e cinzas para a realização dos cálculos das formulações das dietas testes que foram utilizadas no ensaio biológico. As dietas experimentais foram preparadas segundo as especificações da dieta padrão AIN-93G [14], de modo que todas as dietas fossem isocalóricas e isoprotéicas. Foram preparadas três dietas experimentais (rações) contendo o ferro da fonte em estudo, além da dieta-controle contendo sulfato ferroso heptahidratado e da Dieta AIN-93-G. A biodisponibilidade de ferro foi determinada pelo Método de Eficiência da Regeneração de Hemoglobina composto por duas fases (depleção e repleção) em que se utilizaram 21 ratos Wistar, com aproximadamente 23 dias de idade e peso de 50 a 60 gramas. Na fase de depleção, composta por 28 dias,os animais receberam a dieta AIN-93-G (sem presença de ferro) e água deionizada ad libitum com o objetivo de induzir a anemia ferropriva. Ao termino desse período, realizou-se a coleta de sangue por gotejamento após incisão da porção terminal da cauda dos animais para determinação de hemoglobina e hematócrito. Após constatada a anemia ferropriva dos animais, iniciou-se a fase de repleção, onde estes foram distribuídos em três grupos de cinco animais de acordo com o nível de hemoglobina, que foram submetidos à dieta-teste e a dieta-controle com sulfato ferroso heptahidratado para efeito de comparação, sendo estas as dietas: Dieta Padrão (AIN-93-G), Dieta Teste (mistura fortificadora) e Dieta controle (sulfato ferroso heptahidratado). Durante a fase de repleção, a dietateste foi pesada diariamente e administrada aos animais de forma controlada (18g/dia), a água deionizada oferecida ad libitum. O ganho de peso (GP) e o consumo alimentar (CA) foram registrados semanalmente de forma a se obter o coeficiente de eficácia alimentar (CEA). Ao final do período de repleção (21 dias) coletou-se novamente sangue da cauda dos ratos para as determinações de hemoglobina e hematócrito de modo a determinar a utilização biológica do ferro, através do método de eficiência na recuperação de hemoglobina (HRE%), utilizando a seguinte expressão [15]: HRE = mgHbFe(Final)* – mgHbFe(Inicial)* x 100 mg Fe consumido * mgHbFe = peso do animal (g) x 0,067 mL de sangue/g de peso corporal* x g Hb/mL sangue x 3,35 mg Fe/g Hb. O Valor biológico relativo do ferro da mistura fortificadora também foi calculado, considerando o padrão (dieta controle contendo sulfato ferroso heptahidratado) com biodisponibilidade igual à 100%. Os dados foram submetidos à analise de variância (ANOVA) seguido do teste de Tukey e Dunnet ao nível de 5% de probabilidade [16]. 3. RESULTADOS Tabela 1. Resultados da determinação de ferro alimentar na mistura fortificadora expresso em g Fe/100g de matéria seca (médias e desvios padrão). Alimento teste Mistura fortificadora Dieta Teste* mg Fe/100g MS 24,710 (0,06) 6,941 (0,02) * dieta oferecida aos ratos com 28,09g de MF Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 Tabela 2. Consumo de ferro, ganho de hemoglobina (GHb) e razão entre o ganho de hemoglobina e consumo de ferro (GHb/Fe) por grupo de ratos para coleta de sangue realizada após 21 dias do início da fase de repleção (média e desvio-padrão) com comparação das médias pelos testes de Tukey e de Dunnett ao nível de 5% de probabilidade de erro. Grupos Dietas Consumo Ganho de hemoglobina Fe (mg) G1 AIN-93G 12,49 (0,23) GHb (g/dL) b 6,01 (1,49) b (GHb)/mg Fe 0,48 (0,14) a (Controle) G2 Mistura 16,39 (0,33) a * 8,20 (1,23) a * 0,50 (0,23) a ns 17,15 (0,27) a * 7,89 (1,11) a * 0,46 (0,16) a ns Fortificadora G2.1 AIN-93G + sulfato ferroso¹ d.m.s.(5%) (Tukey) 1,94 1,00 0,07 d.m.s.(5%) (Dunnett) 1,71 0,58 0,05 1 adição equivalente à quantidade de ferro presente na mistura fortificadora; G1 = grupo referencia utilizado no teste de Dunnett (comparação das medias individuais dos grupos testes em relação ao grupo referencia); As médias seguidas de letras iguais entre os grupos não diferem entre si pelo teste de Tukey (comparação de médias); (ns) = não significativo e (*) = significativo pelo teste de Dunnett. Tabela 3. Eficiência na Regeneração de Hemoglobina (HRE) por grupo de ratos para a coleta de sangue realizada após 21 dias do início da fase de repleção (média e desvio-padrão) com comparação das médias pelos testes de Tukey e Dunnett ao nível de 5% de probabilidade de erro. Grupos 1 Dietas HRE% G1 AIN-93G (controle) 50,69 (9,00) a G2 Mistura Fortificadora 31,96 (6,13) b* G2.1 Bolo de carne padrão 29,96 (5,76) * b Dunnett d.m.s. ( 5%) 7,14 Tukey d.m.s. (5%) 5,42 adição equivalente à quantidade de ferro presente na mistura fortificadora; G1 = grupo referencia utilizado no teste de Dunnett (comparação das medias individuais dos grupos testes em relação ao grupo referencia); As médias seguidas de letras iguais entre os grupos não diferem entre si (p > 0,05) pelo teste de Tukey (comparação de médias); * = significativo pelo teste de Dunnett. 4. DISCUSSÃO De acordo com os dados da Tabela 1, observa-se que a mistura fortificadora pura apresenta um alto teor do mineral ferro (24,71 mg/100g) e a principal justificativa para esse resultado consiste em seu ingrediente principal, o fígado suíno, que é um subproduto cárneo que possui altas concentrações de vitaminas e minerais. Além disso, a liofilização também contribui para a obtenção desse resultado, uma vez que permite a concentração dos nutrientes devido à retirada da água [17]. De acordo com as Dietary Reference Intakes [18], crianças com idade entre 4 e 8 anos necessitam da ingestão diária de 10mg de ferro para um crescimento e desenvolvimento adequado. Assim, considerando a intenção de adicionar este produto à merenda escolar, seria necessário a adição de 3,03g da MF à 60g de feijão carioca cozido (± 1 concha pequena cheia), garantindo a ingestão de 1,44mg de ferro, suficiente para suprir 15% das necessidades diárias deste público, conforme determinado no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE [19]. Em 2002 o governo federal determinou a fortificação da farinha de trigo e farinha de milho com ferro e ácido fólico. A dose determinada para o teor de ferro foi 4,2mg para cada 100g de farinha. A concentração de ferro encontrada na mistura fortificadora é bem superior (24,71mg/100g) ao encontrado nas farinhas fortificadas, demonstrando que é possível promover uma ingestão de ferro semelhante ou superior às farinhas fortificadas, consumindo uma quantidade menor, viabilizando o consumo [20]. Os dados da Tabela 2 mostram que o consumo de ferro foi menor no grupo G1 (controle) sendo esta diferença estatisticamente significativa em relação aos grupos G2 e G2.1 quando analisados pelo teste de Tukey, porem sem diferença estatística entre os grupos G2 e G2.1. Quando analisados pelo teste de Dunnett estes dados apresentaram diferença estatística significativa em relação ao controle (G1). Quanto ao ganho de hemoglobina (g/dL), nota-se que este foi maior nos grupos que receberam dietas testes (G2 e G2.1) e menor no grupo que recebeu a dieta controle (G1), porém essas diferenças não se mostraram estatisticamente significativas ao nível de 5% de probabilidade quando os dados foram analisados pelos testes de Tukey e Dunnett. Referente aos resultados encontrados ao analisar a razão entre o ganho de hemoglobina e o ferro consumido (GHb/Fe), nota-se que os resultados se encontram muito próximos entre si não apresentando diferença estatística significativa ao nível de 5% de probabilidade em ambos os testes, Tukey e Dunnett. Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 Estes resultados indicam que embora os grupos G2 e G2.1 tenham apresentando um consumo de ferro significativamente superior ao obtido pelo grupo controle, o ganho de hemoglobina (g/dL) e a razão entre o ganho de hemoglobina por miligrama de ferro consumido foram semelhantes em todos os grupos, não apresentando diferença significativa entre eles. A Tabela 3 apresenta os valores médios da eficiência na recuperação de hemoglobina (HRE) de acordo com as dietas. O valor de HRE reflete a habilidade dos ratos anêmicos em utilizar e reter o ferro dietético, isto é, a utilização biológica do ferro [21]. Assim, observando-se os dados da Tabela 10 referentes à Eficiência na Regeneração de Hemoglobina (HRE%) verifica-se que estes foram bem menores e muito próximos entre si nos grupos que receberam dietas testes (G2 e G2.1) quando comparados com o grupo controle (G1). Estes dados quando submetidos ao teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade mostraram diferença estatística significativa entre a amostra controle (G1) e as amostras testes (G2 e G2.1), porém não entre as amostras testes. Ainda os dados da Tabela 10 quando submetidos ao teste de Dunnett se mostraram estatisticamente diferentes da amostra controle. A Eficiência na Recuperação de Hemoglobina (HRE) expressa a porcentagem de ferro ingerido que é absorvido. Assim, ao observar a Tabela 10 nota-se que a HRE% apresentou relação inversa com a quantidade de ferro consumido, a medida que o grupo que recebeu a dieta com menor teor de ferro e consumiu a menor quantidade de ferro apresentou maior HRE% e os grupos que receberam as dietas com maiores teores de ferro e consumiram maior quantidade de ferro, apresentaram HRE% inferior. Resultado semelhante ao encontrado por Castro [22], no qual os grupos submetidos à dietas com teor de ferro inferior e que apresentaram consumo de ferro inferior aos outros grupos, apresentaram teores de HRE% mais elevados. Todavia, a HRE% obtido pela dieta teste (G2) foi próxima ao obtido pelo seu controle com sulfato ferroso (G2.1), demonstrando resultados favoráveis à mistura fortificadora, visto que a habilidade dos ratos anêmicos em utilizar e reter o ferro dietético foi semelhante nos dois grupos. A biodisponibilidade é a proporção absorvida do nutriente pelo organismo, proveniente do alimento ou dieta usada. O aumento do pool de ferro torna-se a medida da biodisponibilidade do elemento na dieta [23]. Os resultados são expressos como Valor Biológico Relativo ou biodisponibilidade relativa. O RBV da dieta teste foi calculado considerando o padrão (dieta controle com sulfato ferroso) com biodisponibilidade igual a 100%. O RBV é obtido dividindo a inclinação da reta da dieta teste pela inclinação da reta do sulfato ferroso. A partir das equações foi obtido o RBV da mistura fortificadora (MF), dividindo a inclinação da sua reta (a¹) pela do sulfato ferroso (a²). O valor encontrado foi de 108%, ou seja, a MF apresentou excelente biodisponibilidade de ferro sendo, portanto, promissora na melhoria do estado nutricional. Este resultado é superior ao encontrado por alguns autores na análise de RBV em roedores de mesma linhagem utilizando o método de depleção e repleção, como Castro [22] que avaliou o RBV de um suplemento alimentar à base de soro de leite, adicionado de inulina e enriquecido com ferro (12mg de fumarato ferroso/100g), zinco, cobre e vitamina A, e obteve como resultado um RBV igual à 76%. Navas-Carretero et al. [24] encontrou um RBV igual a 95% em estudo com ratos utilizando cereais fortificados com fumarato ferroso. O VRB demonstra que embora as duas dietas tenham sido formuladas com a mesma concentração de ferro, a biodisponibilidade de ferro da MF foi superior, o que pode ser justificado pela fonte do ingrediente principal utilizado na MF, sendo de origem animal e, portanto uma das principais fontes de ferro heme, o qual pode apresentar uma absorção cerca de 2 ou 3 vezes maior do que o ferro não heme [25]. Além disso, considerando que o objetivo da MF é fortificar a merenda oferecida aos escolares, a MF seria capaz de favorecer a biodisponibilidade de ferro não hemitico de origem vegetal, leite e ovos devido apresentar proteína animal, aminoácidos e vitamina A, os quais são capazes de aumentar a biodisponibilidade do ferro não-heme, formando compostos solúveis que auxiliam na absorção do mineral [26]. O sulfato ferroso é um medicamento de administração oral amplamente utilizado no tratamento da carência de ferro, entretanto é composto por ferro não hemítico e pode ter sua absorção comprometida por fatores inibidores [27]. Alguns estudos tem evidenciado algumas dificuldades em relação ao seu uso, como o tempo de tratamento prolongado e conseqüentemente baixa adesão, efeitos colaterais como náuseas, cólicas abdominais e obstipação (ocorrem em cerca de 20% dos pacientes submetidos à este tratamento) [28], baixa adesão aos programas nacionais de suplementação de ferro, distribuição deficiente desse mineral, dentre outros [29]. Assim, torna-se um aspecto positivo os resultados semelhantes Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 referentes à HRE% e VRB entre o grupo controle com sulfato ferroso e a mistura fortificadora, demonstrando biodisponibilidade semelhante, capaz de ser utilizado diariamente nas creches, favorecendo a absorção do ferro não heme presente na dieta e facilitando a prevenção ou adesão ao tratamento da anemia ferropriva. 5. CONCLUSÃO O ganho de hemoglobina foi maior para o grupo que recebeu dieta contendo ferro heme quando comparado com as sua respectiva dieta controle contendo sulfato ferroso. Isto se deve ao fato de que ferro heme proveniente de derivados de origem animal (carnes e derivados) apresenta maior índice de absorção, Concluiu-se que a biodisponibilidade do mineral ferro da mistura fortificadora foi superior a do grupo controle demonstrando alta biodisponibilidade, correspondente a 108% em relação ao sulfato ferroso mostrando-se promissora para ser utilizada na prevenção e controle da anemia ferropriva em humanos, sobretudo em crianças em idade escolar. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Pontifícia Universidade Católica de Campinas pela estrutura oferecida e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo apoio financeiro recebido para a realização desta pesquisa, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). 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