Parvoviridae e Parvoviroses Parvovirose Canina Parvovirose Suína Características gerais Vírus pequenos (Parvo) Esféricos não envelopados Genoma DNA fita simples Apresentam 3 polipetídeos estruturais Massa viral: ~80% proteína ~20% DNA Parvoviridae Ampla distribuição na natureza. Dividem-se em dois grupos: Não – Autônomos: dependentes de outros vírus (Co-infecção) Autônomos: vírus competentes. Ao todo, >50 PVs foram identificados. Parvoviridae Parvovírus Autônomos Requerem células na fase S para replicar Não-autônomos ou dependovirus (Adenoassociated viruses, AAV) AAV requerem uma co-infecção com vírus “helper" (Adenovirus ou Herpes ) em cultivo de células Dependem do “helper” para induzir a fase S Taxonomia Família: Parvoviridae. Parvovirinae: vertebrados Densovirinae: insetos Subfamília: Parvovirinae Gêneros: Parvovirus; Erythrovirus; Dependovirus. Taxonomia: Parvovirus: Erythrovirus: Minute mice virus, Aleutian mink disease, bovine parvovirus, canine parvovirus, chicken parvovirus, porcine parvovirus, feline panleukopenia virus. B19 virus – Humanos Dependovirus: Adeno–associated type1 a 5, avian Adeno– associated, bovine Adeno–associated, canine Adeno–associated, equine Adeno–associated, ovine Adeno–associated Parvovirus e Erythrovirus: vírus autônomos Generalidades Se replicam em células que se dividem rapidamente. Não bloqueiam proteínas regulatórias do ciclo celular (P53) Nem todas as células que se dividem são susceptíveis aos parvovirus Receptores celulares B19: precursores de eritrócitos Vírus panleucopenia felina: infecção congênita (cerebelo) Parvovirus autônomos: Infecções assintomáticas e Oncólise Infecções assintomáticas Baixa taxa de replicação no hospedeiro Integração no genoma?? Oncólise Podem inibir a formação de tumores em animais de laboratório. Replicação destrutiva. Erythrovirus: B19 Paver et al. 1973. Vírus pequenos em extratos fecais – gastroenterite Cossart et al. 1975. Imunomicroscopia. Partículas semelhantes a parvovírus. Doadores assintomáticos. Soro B19. Shneerson, 1980. Viremia com febre. Crianças jamaicanas – Anemia falciforme Eritema infeccioso, artrite aguda, crise aplástica, anemia persistente e hidropsia fetal. Parvovirus B-19 Se propaga por via respiratória. 60% dos adultos são B-19+. Células precursoras dos eritrócitos antígeno P do eritrócito Precursores dos eritrócitos, miócitos cardíacos. A infecção com B-19 nem sempre é produtiva A permissividade da célula depende da capacidade de processar o RNAm viral. Principais Doenças causadas pelo Parvovírus B19 Doença Hospedeiro Quinta doença ou Crianças Normais eritema infeccioso Artropatia (Artralgia ou Adultos Normais Artrite) Anemia Persistente Imunodeficientes ou imunocomprometido Crise Aplástica Anemias hemolíticas transitória Hidropsia fetal/ abortos Feto Anemia fetal Baço de Feto. Grandes inclusões (rosa) precursores de eritrócitos. Evidência de infecção com B19 B19: Quinta doença Dependovirus: AAV Não estão associados a enfermidades conhecidas nem com câncer. Replicação: Co-infecção com um vírus colaborador Exposição da célula a agentes tóxicos que afetem o DNA: luz ultravioleta, raios gama. Latência: Ausência do vírus colaborador o AAV não se replica Integra - se ao Cromossoma 19 Virion Estrutura e composição da partícula viral Morfologia: Não envelopados. Cápside isométrico. Nucleocapsídeo: 18-26 nm PM: 5,6 x 106 Da. Simetria icosaédrica. Nucleocapsídeo arredondados, enrugados com projeções 60 subunidades protéicas por nucleocapsídeo Estrutura cristal do parvovirus canino (CPV) Confocal: Minute Mice virus - MMV Células NB324K coradas com anti-soro contra proteínas do capsídeo (IFI) Lombardo et al. 2002. J. Virol:7049-7059 Microscopia Eletrônica de Transmissão: Criofratura: molde colorizado Parvovirus B19 modelo tridimensional Morfologia: “kite shaped” wedge Capsídeo: estabilidade da partícula viral. Resistência a: Inativação pelo pH: Estável em pH 3 a 9 Solventes orgânicos Nucleases Altas temperaturas (1h a 50°C). Permanência no meio ambiente Sensível a: Formalina β-propilactona Hidroxilamina Agentes Oxidantes Radiação ultravioleta Genoma Estrutura e Organização Estrutura geral DNA, Linear, não-segmentado, fita simples, Infeccioso. PM: Parvovirus: 1,8 x 106 Dependovirus: 1,6 x 106 Tamanho: ~5kb B19: 5.500 b Dependovirus: 4675 b Polaridade: senso negativo (-). Seqüências palíndromos nas extremidades - TP Polaridade da fita Fatores desconhecidos Parvovírus Autônomos encapsidam fita de polaridade negativa Fitas com polaridade positiva: 1% (MMV) a 50% (Lull e B19) Dependovirus (AAV) encapsidam fitas de ambas polaridades com a mesma freqüência(50%) Terminais Palíndromos - TP É a origem de replicação do DNA. TPs permitem a empacotamento do DNA viral. Abundantes seqüências GC em cada terminal Extremidades 3’ e 5’ da fita anti mensageira. Seqüências de ~115 a 300nu Dobra-se sobre si mesma formando como um grampo (hairpin) Autônomos: seqüências distintas B19: seqüências idênticas Dependovirus: seqüências idênticas, seqüências de repetição invertida (ITRs) importantes para a integração nos cromossomos. Genoma: organização Dois quadros de leitura não sobrepostos 1a. Extrema esquerda: proteínas não estruturais 2a. Extrema direita: proteínas estruturais ou do capsídeo Promotores B19: 1 promotor Autônomos: 2 promotores Dependovírus: 3 promotores Padrão geral de transcrição Síntese de RNAm dos promotores separados Três espécies de RNAm 2 RNAm Proteínas não estruturais 1 RNAm Proteínas do capsídeo (VP1 e VP2) B19: sinal Poly A no meio da seqüência Mapa de Transcrição B19 Proteínas Estruturais: Capsídeo 3 proteínas do Capsídeo: VP1: 80.000 a 86.000 Da. VP2: 64.000 a 75.000 Da. VP3: 60.000 a 62.000 Da. VP3 é derivada da clivagem de VP2. Predominância de VP2 B-19: 96%, CPV: 90% VP2: Motivo estrutural central oito fitas antiparalelas ß-Barrel Grandes loops de conexão Proteínas Não Estruturais: REP e NS AAV: Replicação REP mutações na região codificante bloqueia a replicação do DNA viral. Autônomos: Não – estruturais NS Proteínas Regulatórias (BERNS, K.I. Microbiological Reviews, Sept. 1990, p. 316-329) expressão do gene e replicação Proteína Não Estrutural 1: NS1 NS1: 83-kDa, Fosfo-proteína, núcleo Ativa “em trans” a transcrição de P4 e P38 Principal efetor da citotoxicidade Envolvidas replicação do DNA viral Modulação de promotores virais e celulares Várias atividades bioquímicas: ATPase, Helicase Endonuclease sítio-específica. Proteínas Não Estruturais: NS2 25 kDa, função não esclarecida. MMV. Fosforilada, citoplasma Não fosforilada, núcleo 3 isoformas: diferenças no término Carboxi splicing alternativos. Encontrada no início da fase S Meia-vida curta, ∼1 h. Replicação Receptores Célula em divisão Latência Replicação: receptores Receptores específicos AAV: Heparan sulfato (AAV2), ácido Siálico (AAV5) MMV: Ácido Siálico B19: Antígeno P de eritrócitos Replicação Núcleo das células infectadas Células em divisão Hairpin: Primers para DNA polimerase Modelo: Hairpin Rolling Latência: na ausência do vírus colaborador (Helper) o AAV se integra no genoma celular. Replicação do genoma viral: AAV Ciclo de vida: B19 Replicação: AAV ~ PV Replicação AAV Integra seu genoma no cromossomo 19 na ausência de Helper Replica e empacota na presença de Adenovirus Causa lise celular MMV Replica quando a célula está na fase S Produção de vírus e lise celular AAV integrado ao genoma celular: Cromossoma 19 Integração cromossoma 19 AAV tem afinidade específica com seqüências cromossoma 19. Região de Integração no cromossoma: Dois locais identificados: No cromossoma: cópia de ([GCTC]3) REP do vírus Recombinação não homóloga do terminal ITRs do AAV e as seqüências localizadas no cromossoma 19. Muitas Incógnitas Não se sabe se: genoma viral inicial (cadeia simples) se converte em genoma bicatenário “tandem repeats” Como se reativa o AAV do cromossoma 19? Sugeriu-se que ocorre através das seqüências AAVRev e seqüências terminais (TRS) dos ITRs. Hipótese: AAV-Rep corta o DNA viral integrado no sítio TRS e libera uma copia intacta do genoma viral “in tandem”. Funções do Vírus Colaborador Alterar o DNA celular (danificar?) Expressão dos genes precoces de Adenovirus: gene E1A, E1B, E2A, E2B: Síntese, Transporte, Tradução do RNAm. (Virologia Humana. Prof. Ledy Horto) Expressão do E4 (Virology. Berns K.) Promovem uma segunda síntese de cadeia pelo AAV: ss-DNA viral a ds-DNA. Funções do Vírus Colaborador. Formação AAV DNA dupla fita. ds-DNA AAV: controla e limita a freqüência de replicação AAV e sua expressão genética. É um molde para transcrição mRNA viral Colaborador: Capacidade de regenerar o DNA celular? Promoção da replicação do AAV (em parte): Estimulando a reparação do DNA celular danificado antes da célula entrar na fase S AAV: Latência Adeno-Associated Virus AAV oncolítico Terapia Gênica Favoráveis: Integração “ alta freqüência” no DNA celular – estado latente estável Não associados com doenças humanas Simplicidade do genoma, vetores podem ser construídos sem risco de expressarem produtos não desejados. Estratégias para vetores virais AAV: vetor Terapia Gênica Desfavoráveis: Tamanho: ~5kb DNA Integração: risco de danos Algumas seqüências do vírus devem ser mantidas para o empacotamento. A integração no DNA das células do hospedeiro poderia potencializar erros? Parvovirose Canina Assunto bom para cachorro! Parvovirose canina Parvovirose Canina Histórico: 1978 nos Estados Unidos (epizootia). CPV 1 e 2. Semelhança antigênica com o vírus da panleucopenia felina – Parvovírus Felino No Brasil, os primeiros surtos de parvovirose ocorreram em 1980. Atualmente, o VPC existe de forma enzoótica, amplamente distribuído. Parvovirose Canina Doença viral de cães caracterizada por diarréia hemorrágica severa e vômitos. Forma entérica. Forma miocárdica Dois distintos parvovírus: CPV-2, reconhecido em 1978, patogênico para cães domésticos e selvagens. "minute virus of canines" – MVC ou CPV-1 (Binn, 1970). CPV possui estreita relação antigênica com o vírus da panleucopenia felina (FPV) Enterite Canina Parvoviral Ataca mais os cães jovens que os adultos. Alta mortalidade Cães jovens e de raças puras Animais fracos ou debilitados por verminoses ou moléstias inclusive carenciais. Infecções naturais têm sido descritas em cães domésticos (Canis familaris), cães-do-mato (Speothos venaticus), coiotes (Canis latrans), lobinhos (Cerdocyon thous) e lobos-guarás (Chrysocyon brachyurus). Epizootiologia: Fatores integrados Vitalidade do Hospedeiro: imunidade/vacinação Virulência do vírus: carga viral Fatores ambientais. meio ambiente estressante: hospedeiro. meio ambiente seco: ↓ partículas virais Epizootiologia O vírus é transmitido pela eliminação fecal e a porta de entrada é a via oral. Experimentalmente: oral, nasal ou oro-nasal e pela inoculação IM, IV ou SC. Durante o período agudo da doença, são excretadas dez partículas virais por grama de fezes. O vírus pode estar presente em outras secreções e excretas durante a fase aguda da doença. Postula-se que insetos e roedores possam carrear o vírus de um local a outro. Epizootiologia Surtos em canis Persistência do vírus no meio ambiente vírus levado por pessoas ou materiais portadores assintomáticos. A eliminação ativa do vírus nas fezes: limitada as primeiras duas semanas pós-inoculação. Entretanto, existem evidências que alguns cães podem eliminar o vírus periodicamente por mais de um ano. Patogênese 1a. replicação viral: tecido linfóide da orofaringe e nas amídalas. Viremia 1-3 dpi Linfonodos retrofaríngeos, Timo, Linfonodos mesentérios Patogênese: observações 3 dpi, o cpv pode ser detectado na Placa de Peyer's A infecção nas células das criptas do epitélio intestinal ocorre depois da viremia. Anticorpos neutralizantes circulantes minimizam a extensão da infecção no epitélio intestinal. Não previnem a infecção. Patogênese: Viremia Início: 3 e 4 dpi Pode manter-se por mais dois ou três dias Disseminação para todo organismo. Tropismo: Células em divisão. medula óssea, tecidos linfopoiéticos e epitélios das criptas das glândulas de Lieberkhün nos intestinos. Patogenia No intestino, o vírus provoca necrose e descolamento do epitélio intestinal. Patogenia Patogenia: Diarréia Não havendo a reposição das células das vilosidades aumento de permeabilidade e diminuição da absorção formação de úlceras diarréia Patogenia: tecidos linfopoiéticos e medula óssea A replicação do vírus nos tecidos linfopoiéticos e medula óssea causa leucopenia com neutropenia e linfopenia, imunodeficiência, atrofia tímica depleção linfóide dos linfonodos e baço. Patogenia: miocardite Em cães neonatos ou “in útero” o vírus pode levar à Morte Súbita. A morte corre geralmente em animais com 3 a 8 semanas de idade. Em animais mais velhos, raramente. Foto: Miocardite parvoviral em cão jovem. Fatores predisponentes à moléstia grave: A idade. Os fatores genéticos: diferenças raciais em susceptibilidade Estresse. Infecções simultâneas com parasitas ou bactérias intestinais. Os mais suscetíveis ao CPV: Rottweilers Doberman Pinschers English Springer Spaniels. Sinais Clínicos de infecções inaparentes à doença aguda fatal menos freqüente. Filhotes: ↓seis meses de idade ↑susceptibilidade ao vírus. Sinais Clínicos anorexia, depressão, vômitos, pirexia, rápida desidratação, diarréia sanguinolenta, líquida e fétida. Morte Patologia: morte Destruição extensa do epitélio intestinal. Desidratação Choque endotóxico. Infecções Secundárias A necrose da mucosa intestinal e dos linfonodos mesentéricos pode predispor as infecções bacterianas. Os agentes bacterianos secundários mais comumente isolados são E. coli, Campylobacter spp., Salmonella spp. e Clostridium spp.. Septicemia e/ou endotoxemia podem ocorrer como resultado direto destes patógenos bacterianos. Diagnóstico: Diferencial gastrenterites bacterianas (salmonelose) gastrenterites virais (cinomose). Hemograma: leucopenia com neutropenia. Diagnóstico laboratorial: detecção do vírus nas fezes, vômitos em tecidos "post-mortem". Diagnóstico Laboratorial Microscopia eletrônica ou Imunomicroscopia eletrônica. Isolamento viral em culturas celulares. Reação de hemaglutinação seguida ou não pela inibição da hemaglutinação com anticorpos específicos. Ensaios imunoenzimáticos (ELISA); Imunoflurescência Imunoperoxidase Reação em cadeia pela polimerase. CPV: Microscopia Eletrônica Partículas de Parvovírus em fezes de cão infectado. x30,000). Imunofluorescência Antígenos virais nos linfonodos mesentérios Antígenos virais nas criptas epiteliais do intestino delgado Tratamento: Suporte Restabelecer e manter o equilíbrio eletrolítico Minimizar a perda de líquidos. Recomenda-se: fluidoterapia, antieméticos e antibióticos Transfusão sangüínea. Profilaxia Vacinação dos cães: há várias vacinas comerciais disponíveis. A primeira dose deve ser aplicada em filhotes com 60 dias de idade, seguida de reforço aos 90 e 120 dias Anualmente, durante toda existência do animal.