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A INFLUÊNCIA DO SEDIMENTO EM AMBIENTES
AQUÁTICOS DE ÁGUA DOCE
Keila Camila da Silvaa, Cristiano Poletob
a
Universidade de São Paulo,e-mail: [email protected]; bUniversidade Federal do Rio
Grande do Sul,e-mail: [email protected]
Palavras-chave: Sedimento; Ecossistema Aquático; Degradação
Introdução
A água é um dos recursos naturais essenciais para a
manutenção da vida no planeta e sua qualidade nada mais é
do que o reflexo combinado de muitos processos que
ocorrem ao longo do curso d’água.
Embora quase toda superfície terrestre seja composta por
água, sua quantidade é muito pequena, daí nota-se a
importância de preservar esses ecossistemas, que são a base
dos mananciais para abastecimento.
Os ambientes naturais de água doce são os principais
receptores da maioria das substâncias tóxicas produzidas por
atividades industriais, domésticas e agrícolas que são
liberadas no meio ambiente (MASSARO, 2006).
Em seu sistema natural apresentam dinâmicas e outras
complexidades características, porém com o intenso uso
urbano e o estabelecimento de condições estressantes para a
comunidade biótica, observa-se a redução da quantidade de
espécies e as mudanças na qualidade e quantidade de águas.
Nesse contexto, pode-se entender que um ambiente aquático
se encontra poluído ou contaminado quando as condições
bióticas e abióticas são alteradas pela entrada de substâncias
aumentando a carga orgânica presente.
Parte significativa dos impactos negativos à qualidade da
água é causada pelos sedimentos erodidos, especialmente
daqueles originados em áreas que sofreram modificações
antrópicas e apresentam poluentes, como no caso de áreas
agrícolas, áreas onde ocorrem atividades de mineração e
centros urbanos (Poleto, Merten, 2006).
Alterações ambientais físicas e biológicas ao longo do tempo
modificam a paisagem e comprometem ecossistemas. Para
Fernandez (2004) as alterações ambientais ocorrem por
inumeráveis causas, muitas denominadas naturais e outras
oriundas de intervenções antropológicas, consideradas não
naturais.
Assim, um dos problemas enfrentados nos ecossistemas
aquáticos diz respeito ao sedimento. Os escoamentos
superficiais muitas vezes contem materiais tóxicos que
danificam o meio e os próprios organismos, causando a
contaminação de cursos d’água. Diversas espécies são
sensíveis aos efeitos dessa contaminação advinda do
sedimento.
Os ecossistemas aquáticos
O ecossistema compreende um sistema composto por seres
vivos, o meio biótico e o ambiente em si, o meio abiótico e
todas as suas relações.
Segundo Tansley (1935) é a combinação funcional dos
organismos com os factores ambientais, introduzindo assim
dois tipos de componentes interactivas no ecossistema: a
componente abiótica (relacionada com os ambientes) e a
componente biótica (relacionada com os seres vivos).
Ecossistemas aquáticos de água doce se configuram, em
quantidade, variações e regularidades de suma importância
para a população, fauna e flora que vivem e utilizam de seu
curso.
Muitos rios, bem como suas margens sustentam ecossistemas
valiosos e diversos. A preservação e conservação de
ecossistemas aquáticos são de suma importância para a
manutenção da qualidade de água. Segundo Fortier (2001)
com a intensa ocupação humana dessas áreas vê-se os efeitos
tóxicos dos metais pesados aos seres vivos que dependem
destes estarem assimiláveis pelos organismos. Assim, a
presença de elevados teores totais de metais na água e/ou
sedimentos não significa necessariamente que haverá danos
aos organismos vivos, mas certamente indicam a
possibilidade de toxicidade do meio.
Geralmente, a maior diversidade caracteriza os ambientes
não sujeitos a perturbações. Águas de má qualidade
apresentam, invariavelmente, um pequeno número de
espécies, ou seja, menor quanto o maior grau de seletividade
ou estresse provocado pelos poluentes, e um grande número
de indivíduos (Silveira, 2007).
O sedimento nos corpos hídricos
Os sedimentos podem ser conceituados como fragmentos de
rochas e de solo, desagregados pelo processo de
intemperismo ou pela ação da erosão. Compreendem, em sua
maioria, detritos minerais (como quartzo, feldspato e
carbonatos), mas também está presente uma quantidade
significativa de partículas orgânicas. Atualmente tem grande
importância os sedimentos de origem antropogênica,
formados pelas partículas provenientes de atividades
antrópicas (por exemplo: material de construção civil e
indústria) e materiais resultantes de ambientes naturais
altamente impactados pela ação humana (Perry, Taylor,
2007).
Os sedimentos e os problemas advindos representam,
atualmente, um grande desafio para a gestão dos recursos
hídricos.
Sabe-se que, ao longo dos séculos, a ação antrópica tem
alterado as paisagens naturais e provocado uma série de
consequências ao meio ambiente, algumas de caráter
irreversível. Entre as implicações mais graves, destaca-se a
degradação dos solos pelos processos erosivos, com
subsequente deterioração das águas em razão do
carreamento de sedimentos aos corpos hídricos,
especialmente aqueles associados a poluentes. (Sari, Poleto e
Castro, 2013).
A retenção de produtos tóxicos pelo sedimento é um dos
maiores danos ecológicos, depois da eutrofização, pois nele
fica a poluição armazenada. Pode-se considera-lo como o
indicador dos processos que ocorrem no ecossistema. A
capacidade do sedimento acumular compostos faz deste
compartimento um dos mais importantes na avaliação do
nível de contaminação dos ecossistemas aquáticos
continentais.
O assoreamento causa, além da contaminação, a destruição
dos habitats aquáticos. Os sedimentos também servem como
um reservatório de poluentes e, portanto, são uma fonte
potencial para a coluna de água, para os organismos e para
os consumidores humanos desses organismos (EPA, 2001).
A degradação dos ecossistemas aquáticos por ações humanas
quer seja ela a fauna ou a flora interferem na dinâmica e
representam prejuízos ao meio ambiente como um todo.
Considerações Finais
Atualmente, diversas substâncias tóxicas são produzidas
pelo ser humano e, potencialmente, podem atingir os
ecossistemas e organismos aquáticos, com impactos para a
saúde humana. As substâncias tóxicas permanecem retidas
por mais tempo nas águas e sedimentos dos lagos e
reservatórios do que na água corrente dos córregos e rios,
aumentando naqueles o risco à exposição em termos de
concentração e duração, quer para a biota aquática como
para o homem, que depende da água para beber ou de
alimentos, como os peixes, retirados dos mesmos.
Nesse contexto, devem existir medidas de controle
permanente nessas áreas. Os seres humanos têm tratado o
ambiente natural como fonte inesgotável e imutável, mas
pouco tem considerado o fato de que dependem dos sistemas
de suporte a vida que lhes são providenciados pelos
ecossistemas.
Cada vez mais chegam aos ambientes aquáticos quantidades
indiscriminadas de poluentes que acabam sendo dispersos no
ecossistema com a ajuda do homem e da própria natureza.
Referências Bibliográficas
EPA (United States Environmental Protection Agency).
Methods for Collection, Storage and Manipulation of
Sediments for Chemical and Toxicological Analyses:
Technical Manual. Office of Water (4305). EPA-823-B01-002., 2001, 208p.
Discussão
Ambientes aquáticos sofrem com a intensa atividade
antrópica. Essa degradação dos cursos d’água afetam sua
qualidade além de aumentar significativamente a quantidade
de sólidos suspensos, poluentes e outros resíduos.
Para uma avaliação dos níveis de contaminação de um
sistema aquático é importante estudar os sedimentos, devido
a capacidades que estes têm de transportar e armazenar
compostos poluentes, tais como metais (Poleto, 2008; Lima
et al., 2001).
Em relação aos aspectos sedimentológicos, o assoreamento
ocasionado pelos sedimentos causa uma redução da
velocidade da correnteza em rios e lagos, provocando uma
deposição gradual ao longo do curso, consequentemente
diminuindo sua capacidade de armazenamento e problemas
ambientais de diversas naturezas.
As principais ligações do sedimento com o meio aquático,
ou seja, lagos e reservatórios se dá através do assoreamento,
a turbidez e a retenção de produtos tóxicos.
A turbidez da água é uma das consequências nos ambientes
aquáticos da deposição de sedimentos apresentando danos
ecológicos, o impedimento da penetração da luz solar, com a
consequente diminuição da fotossíntese além do
recobrimento de habitats de diversas espécies.
Um grande problema que causa desequilíbrios químicos e
bióticos no meio aquático são os metais pesados, que
ocorrem na água e nos sedimentos. As substâncias tóxicas
são perigosas para os corpos hídricos.
Os metais pesados merecem atenção especial pelas
propriedades bioacumulativas e biomagnificantes em
organismos vivos, podendo originar grandes distúrbios em
ecossistemas. (Poleto, Castilho, 2008).
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