Se não pega a camisinha, pega aids!!! Número 1 - Outubro de 2004 Como é enfrentar a aids A conselheira de saúde da Brasilândia, sra. Deutina, a Tina, contou como é viver com a aids há 14 anos e ajudar gente que também pegou o vírus a levar uma vida normal. Tina tem 38 anos, é moradora da comunidade e mãe de uma adolescente. A entrevista foi feita pelos jovens Sidney, Fernando e Danilo, com roteiro da Gisele, todos integrantes do Grupo Juventude Força e Ação do Icaraí Se Liga na Pegada!: Como você contraiu o vírus? Tina: De um namorado, por relação sexual, há 14 anos. SLP: Como você soube? Tina: Fui doar sangue. Aí mandaram repetir o exame. Para mim era uma sífilis, uma doença que meu marido tinha pego. A aids não passava pela minha cabeça. Não tive a reação das pessoas comuns de “ai! acabou a minha vida”. Um dia, eu cheguei cansada num final de semana e começou a choradeira na família. Eu falei: “Espera aí, pode parar com isso! Se eu morrer, vocês não vão ter lágrimas pra chorar. Eu quero gente disposta e alegre do meu lado para me levantar. Pra me por pra baixo, não quero ninguém.” SLP: Como é viver com a doença? Como ficam as amizades, namorado? Tina: Pra namoro, você muda muito a cabeça. Não consigo me relacionar com uma pessoa sem falar que tenho o vírus. Já tive namorados que não eram soropositivos. Não acho justo não falar, entende? Na parte dos cuidados, é normal, uso camisinha. SLP: Depois que você soube da doença, não teve nenhum trauma? Tina: Depois que descobri e comecei o tratamento, tive uma reação, mas não como essa depressão que o povo tem. Não entrei naquela pane: “Ai! minha vida acabou! Vou ficar deitada, não consigo mais fazer nada!” Descontava a raiva do vírus na comida. Então comecei a trabalhar…E trabalhar demais, me sobrecarreguei. Fiquei tão bitolada na doença, coisa de ajudar todo mundo, que não estava tendo tempo para mim. Parei e falei: “Assim não dá!”. Pronto. Todo mundo está aqui pra morrer um dia, toda doença tem tratamento. A sua cabeça controla o seu corpo. SLP: Você acha que hoje em dia existe preconceito com pessoas que tem o vírus? Tina: Existe porque 90% do preconceito é causado pelo desconhecimento do que é aids. Acho que se o soropositivo se informa e passa informação para a população que mora ao redor dele, então todos sabem como pega, como não pega e não tem preconceito. Eu já sofri preconceito de pessoas de classe média alta, pessoas que estudam, que entendem muito. O problema é delas, não é meu. SLP: O que a senhora falaria para outra pessoa que também tem o vírus e pensa que a vida já acabou? Tina: Mostro para a pessoa que eu tenho o vírus e o tempo que estou com ele. Ontem tive que atender uma moça aqui na vizinha. O marido morreu de aids e ela descobriu que também tinha o vírus. Aí veio uma menininha, filha dela. Disse que quem tem filho tem de se manter bem. Ela é a referência daquela criança. Costumo ocupar o tempo da pessoa. Se ela tem filho, vai cuidar do filho. Ou vai fazer sopa no Batuíra, ajudar na Igreja que freqüenta, conversar com o vizinho. Tudo ajuda. É muito importante o apoio familiar. A gente tem caso de pessoas com três, quatro filhos serem expulsas de casa e socorridas por vizinhos. O que me mantém muito bem é o apoio da minha família. Falo que a família de quem tem o vírus fica muito mais doente do que o soropositivo. A união é importante. Meu cunhado me pede para fazer uma torta, um bolo. Esse apoio ajuda muito. Sou privilegiada nisso também. Lógico que temos que convencer outras famílias a também agir assim. AIDS NÃO TEM CURA, MAS HÁ REMÉDIOS PARA ENFRENTAR A DOENÇA A cura da aids ainda não foi descoberta, mas existem medicamentos capazes de prolongar a vida dos portadores do vírus com melhor qualidade. Todo portador do vírus da aids tem direito de acesso ao tratamento gratuito. Acabar com o preconceito contribui para melhorar a vida das pessoas que convivem com o vírus. O NUMERO DE JOVENS CONTAMINADOS PELO VÍRUS É MUITO GRANDE... ...E vem crescendo entre as pessoas mais pobres. O ideal é se comunicar e se informar, não abrindo mão do uso da camisinha em todas as relações sexuais. A camisinha é o único método seguro para prevenir a aids. Faça sua parte, se proteja e proteja a pessoa com quem você transa. Se Liga, na Pegada! Não deixe de usar a camisinha!! Um pouco da história da aids Doença atinge qualquer pessoa, pobre ou rica, negra ou branca, jovem ou idosa A história da aids começa no início dos anos 80 quando, nos Estados Unidos e na Europa, várias pessoas começaram a apresentar um tipo câncer de pele muito raro ou uma grave pneumonia. E sabe o que todas tinham em comum? O sistema de defesa do corpo estava bastante fraco. A maior parte dos doentes morreu pouco tempo depois. Como muitas eram homossexuais, acreditava-se que era uma doença que atacava somente os gays. Isto gerou muito preconceito. Porém, novos casos foram surgindo e não eram apenas entre os gays. Usuários de drogas injetáveis, gente que fez transfusão de sangue e hemofílicos (pessoas que têm dificuldade na coagulação do sangue e que necessitam de transfusão de sangue) também começaram a apresentar os mesmos sintomas. Em 1982, deu-se o nome de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) a este quadro de doenças. Em 1983, cientistas descobriram que a aids era causada por um vírus, que é um ser vivo muito pequeno. Há diversos tipos de vírus, como o que causa a gripe, por exemplo. O vírus da aids, por enfraquecer o sistema de defesa do corpo, é chamado de HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). O vírus da aids impede o corpo de combater outras doenças, como a pneumonia. Nos dias de hoje, sabemos que qualquer pessoa pode se infectar pelo vírus do HIV, independente de ser pobre ou rica, negra ou branca, homossexual ou não, honesta ou não, jovem ou idosa. Assim se pega aids Assim não se pega aids 1. Relações sexuais: através de penetrações vaginais e anais, sexo oral, sem o uso da camisinha. O vírus se encontra no esperma e no fluído vaginal, além do sangue. Por isso a aids é considerada uma DST (Doença Sexualmente Transmissível), ou seja, é também transmitida por meio de relações sexuais. 2. Uso de seringa contaminada: compartilhar seringas pode transmitir o vírus, pois ele é encontrado também no resíduo de sangue nas agulhas. 3. Transfusão de sangue: se o doador estiver contaminado, seu sangue levará o vírus diretamente para a pessoa que está recebendo a transfusão. 4. Transmissão da mãe para o filho: pode acontecer enquanto o bebê estiver na barriga da mãe, na hora do parto ou ainda através da amamentação. napiscinanapiscina *Na piscina napiscinanapiscina embeijosembeijos *Em beijos embeijosembeijos sentodoônibus *No assento do ônibus noassentodo talheres *Em copos, pratos e talheres copospra maçanetada *Na maçaneta da porta portamaçanet mesmobatom *Usando o mesmo batom usandoomes suorlágrimassali *Suor, lágrimas, saliva vasuorlágrimas novasosanitário *No vaso sanitário novasosanitário *Picadas de insetos ou mordidas de animais nobanhonobanhonoba *No banho nhonobanhonobanho abraçandoabraçando *Abraçando abraçandoabraçando acariciandoacaricia *Acariciando acariciandoacaricia visitasahosp *Em visitas a hospitais itaisvisitaahosp Como podemos nos prevenir Na dúvida, faça o teste 1- Usar camisinhas em TODAS as relações sexuais. 2- Não compartilhar agulhas e seringas. Sempre usar agulhas descartáveis. 3- Na transfusão de sangue, exija que o sangue do doador tenha sido testado. 4- Para evitar a transmissão da mãe para o filho, o ideal é que o casal faça um TESTE ANTI-HIV quando planejar ter um bebê. Ficou com dúvidas? Gostaria de fazer o teste para saber se tem o HIV ou não? Você tem o vírus e precisa de apoio para contar a alguém? Você precisa de medicamentos? Precisa de camisinhas? Procure o Posto ou um Agente de Saúde e informe-se. É seu direito! Se liga na Pegada Somos o grupo Juventude Força e Ação do Icaraí e integramos o Projeto Formação de Jovens Protagonistas da Vila Brasilândia, desenvolvido em 2004, pela ECOS com apoio do CRT/DST/Aids. Neste projeto, participamos de oficinas de sexualidade, conversando sobre prevenção de DST/HIV/Aids. O boletim Se Liga na Pegada! é fruto das nossas discussões e do que aprendemos nas oficinas. Nossa idéia é que tudo isso seja passado para frente, para que outras pessoas também saibam mais sobre a prevenção das DST/Aids. Se você quiser nos conhecer mais, visite a nossa página no site: http://www.ecos.org.br Redação/Pesquisa: Josivan Silva, Denise Oliveira, Maira Oliveira, Anderson Novaes, Paloma de Assis, Ubiratan de Assis, Pamela de Assis e Francine de Souza Entrevista: Fernando Oliveira, Sidney de Santana, Danilo Átila e Gizele Nascimento Equipe do Projeto: Sandra Unbehaum; Maria Adrião; Claúdio Pedrosa e Iara Racy Marketing: Lena Franco Arte (grafitti): Titi Freak ECOS é uma organização não-governamental que promove a educação sexual e que atua na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, na prevenção ao uso indevido de drogas e à violência de gênero. Equipe Responsável José Roberto Simonetti Osmar Leite Sylvia Cavasin Vera Simonetti Financiadores Telefax: 11 3255 1238 [email protected] www.ecos.org.br