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HISTÓRIAS da HISTÓRIA
Cruzeiro na História
da Medicina
dade foi um verdadeiro farol que iluminou, com os seus raios invisíveis, o
conhecimento dos físicos no final do
século XIX.
Coimbra (H.U.C.), nas enfermarias 4ª
CH e 4ª CM (Cirurgia Homens e Cirurgia Mulheres), sob a direcção do
Professor Bártolo.
Foi nesta pausa do cruzeiro e na esperança de vencer as vicissitudes inesperadas do cancelamento da saída para
Wurzbourg, que me surgiu uma lembrança dos tempos de Coimbra para
prestar homenagem ao já falecido Professor Dr. Bártolo do Valle Pereira e ao
seu assistente Dr. Adriano Pimenta, cirurgião reformado do Hospital Distrital
de Aveiro, ora ocupado com o restauro de relíquias dos seus antepassados.
O método da linfografia consistia em
injectar um produto de contraste (lipiodol ultrafluido) nos capilares linfáticos, procurados no dorso do pé, ao
nível do primeiro espaço interdigital.
A seringa utilizada foi construída numa
oficina em Lisboa, idêntica à utilizada
pelo Professor António Martins do
Hospital do Ultramar, o qual publicou
o seu livro de Doutoramento sobre
linfografia, em estimada brochura.
Os trabalhos de investigação de circulação dos vasos linfáticos realizados
no edema das pernas e principalmente nos tumores malignos do tubo digestivo foram testemunhados por linfogramas notáveis, com a utilização de uma
seringa especial (Figura 1).
Para visualizar os capilares linfáticos e
provocar a sua dilatação injectava-se,
previamente no tecido celular subcutâneo, um corante «Panténe blue» chamado «azul Panténe».
Hermes de Oliveira Castanhas
Médico
Naquela tarde a agência de viagens encontrava-se fechada. Um aviso afixado
no vidro da porta informava que o cruzeiro fora suspenso porque o barco
do pensamento, subitamente, recolhera à Doca. No modesto saco de bagagem da memória encontrava-se o bilhete de viagem para a linda cidade
alemã de Wurzbourg. A sua Universi-
Figura 1 – Seringa de linfografia
50
Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Junho 2008
Estes estudos foram iniciados há 50
anos nos Hospitais da Universidade de
Nos H.U.C., o Dr. Adriano Pimenta
utilizou a linfografia não só na linfaedema da perna, mas sobretudo em
doentes cancerosos, nomeadamente
nos tumores do tubo digestivo, para
visualizar metástases nos gânglios linfáticos intra-abdominais que, na sua
existência, surgiam no linfograma como
imagens de subtracção ou de bloqueio
do tronco linfático. A execução destes
exames durava horas de espera para
assistir à progressão do contraste, que
periodicamente era forçado pelo mecanismo do parafuso micrométrico,
adicionando muito lentamente o êmbolo da seringa e evitando, desta maneira, a rotura dos capilares.
Este modelo especial de seringa de
linfografia deve ser uma peça rara, encontrando-se no museu «Casa do Dr.
Hermes».
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