1 Atuação da fisioterapia no tratamento da lombalgia ocupacional Danielle Pereira Cabral1 [email protected] Dayane Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Traumato-0rtopedia com ênfase em terapia manual– Faculdade Ávila Resumo O presente artigo tratou a respeito do tratamento da lombalgia ocupacional. O objetivo foi conhecer quais as técnicas fisioterapêuticas usadas no tratamento dessa patologia. O tratamento das lombalgias ou lombociatalgias mecânicas deve objetivar ao alívio do quadro doloroso, às medidas imprescindíveis para impedir a recidiva, de forma constante e mais dolorosa, e às modificações anatômicas que em consequência vão emergindo e tornando-se graves. Comumente, as decisões do fisioterapeuta para o tratamento devem ser fundamentadas em avaliações dos sintomas do paciente e das respostas às intervenções, de forma que os resultados revelem sinal positivo de progresso do alívio das algias. Os recursos terapêuticos usados devem ser observados e apropriados para cada caso clínico (sendo classificadas em agudas, subagudas e crônicas), através de um prognóstico claro e preciso. Palavras-chave: Lombalgia; DORT; Tratamento; Fisioterapia; Técnicas; 1. Introdução O objetivo deste documento é descrever que os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) podem ser decorrentes da ação de variados aspectos do trabalho, sejam demandas físicas ou psicossociais. Pesquisas epidemiológicas revelam uma ligação entre DORT e demandas físicas, como a repetitividade de movimentos, as posturas anômalas e a utilização de força física (MUGGLETON et al., 1999; BERNARD, 1997); Demandas psicossociais ainda têm sido reconhecidas como fatores de risco para DORT (KUORINKA; FORCIER, 1995; BONGERS et al., 2002). Em meio às demandas psicossociais, o ritmo acelerado consiste em um fator de risco mais citado na literatura especializada, particularmente atrelado aos DORT em extremidades superiores. Nos últimos anos, a associação entre trabalho, estresse e seus efeitos sobre a saúde dos trabalhadores têm sido demonstradas em pesquisas utilizando-se para isso abordagens metodológicas diferenciadas. Em meio aos principais aspectos de risco estão: a organização do trabalho, os fatores ambientais e as possíveis sobrecargas de segmentos corporais em alguns movimentos, por exemplo: força excessiva para desempenhar algumas atividades, repetitividade e posturas erradas. A magnitude dos DORT tem sido estimada por meio de pesquisas de prevalência, particularmente apropriados para a abordagem de eventos de natureza não aguda, que se caracterizam por um curso insidioso. Não obstante a frequência destes distúrbios em uma população é possível descreve-los segundo os fatores de risco ocupacionais e extralaborais, usando o arsenal epidemiológico. Porém, quando se busca aferir os problemas produzidos no cotidiano de trabalho e reconhecer as variabilidades e demandas impostas aos trabalhadores, outra abordagem, além da epidemiológica, pode ser utilizada na pesquisa dos DORT (FERNANDES; ASSUNÇÃO; CARVALHO, 2010). ____________________ ¹ Fisioterapeuta, Pós-graduanda em Traumato-Ortopedia com ênfase em Terapia Manual ² Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia de Ensino Superior e Mestranda em Bioética e Direito em Saúde. 2 Quanto aos aspectos metodológicos, foram usadas quatro bases de dados para a revisão bibliográfica: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), consultadas através do site da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) do Ministério da Saúde, não obstante de EBSCO e SCIELO (Scientific Electronic Library Online). Outrossim, outros bancos de dados foram usados na pesquisa, mas não foi encontrado nenhum resultado. Os descritores usados para a busca dos artigos, conforme com o DECS (Descritores em Ciências da Saúde), foram: dor e lombalgia; tratamento e lombalgia; ultrassom; ultrassom e lombalgia; ultrassom e tratamento; lombalgia; fisioterapia e lombalgia. 2 Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) Conforme Verthein e Gomez (2000), a denominação doença relacionada ao trabalho foi ressaltada na década de 1980, quando os trabalhadores lutavam por obter reconhecimento e indenização acidentária pelos distúrbios psíquicos que os acometiam devido às suas condições de trabalho. Pleiteavam que as enfermidades físicas ou mentais fossem contempladas como doenças do trabalho, se desenvolvidas em função das atividades realizadas pelos trabalhadores. A expressão DORT parecia cumprir a essa expectativa, mas a reapropriação desse território pelo INSS, nos anos 90, reverteu a ideia, ressaltando com o conceito de distúrbio a noção de uma doença adquirida por predisposição do sujeito. Esse deslocamento insere a questão a na decisão, ainda do INSS (em 1987 e 1991), de que as LER fossem tipificadas como doenças do trabalho. O Decreto nº 2.172, de 05 de março de 1997, que dispõe sobre o Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, corrobora esse conceito. A Norma Técnica de Avaliação da Incapacidade, no ano de 1997, para fins de benefícios previdenciários, faz uso da noção da doença associada ao trabalho incorporando os adendos anteriores. A nova redação não diz respeito de forma explícita à "doença do trabalho"; mantém, porém essa configuração, ao referir-se aos DORT como doença relacionada ao trabalho, que seriam definidas pelo INSS como: "muitas doenças caracterizadas como distúrbios neurovegetativos. Doenças cujo nexo não está bem definido, aquelas não inerentes a uma ocupação, mas que acometem vários grupos de trabalhadores, mantendo sua determinação no trabalho". Na concepção de Augusto et al. (2008); Salim (2003), Frota e Filgueiras (2008) e Ximenes (2008), os DORT acometem especialmente os membros superiores, produzindo dor crônica e incapacidade. Para além dos sinais e sintomas físicos, no entanto, revelam características complexas que requerem pesquisas fundamentadas nas ciências humanas e sociais aplicadas à saúde. É importante incorporar as categorias antropológicas, sociológicas e psicossociais, objetivando aprofundar a compreensão desses distúrbios. Não obstante a incapacidade para o trabalho e repercussão na maioria das atividades rotineiras, os aspectos subjetivos dos pacientes implicam em intenso sofrimento físico e psíquico. Dessa forma, lançar luz nos fatores subjetivos dessas doenças é tão expressivo quanto identificar seus sinais e sintomas. Esse é um traço da cultura influenciada pelo paradigma biomédico: o sujeito está doente ou sadio desde que haja julgamento de um especialista. O desprezo pela subjetividade é, portanto, um obstáculo a ser superado na conquista da humanização do processo saúde-doença. A subnotificação de casos de DORT no Brasil é provocada por essa realidade, uma vez que se observa, na formação médica, a desvalorização do trabalho como fator etiológico de doenças. Em parte, isso se deve à formação do profissional de saúde, que é preparado para reconhecer sinais clínicos objetivos das doenças e laudos de exames complementares, subestimando-lhes o valor subjetivo, sendo que as DORT, na maioria dos casos, não apresentam sinais clínicos ao exame físico. Os centros de referência de saúde dos trabalhadores, na relação com a rede de assistência e reabilitação, deveriam sofrer modificações com ênfase à capacitação, atualização e organização dessa demanda, a 3 partir de uma maior compreensão da complexidade do fenômeno, tendo como referência um modelo de cuidado integral. 3 Conceito de Lombalgia Ocupacional Hildebrandt (1995), Deyo (1996), Helfenstein Júnior e César Siena (2010) afirmam que, a lombalgia perde apenas para a cefaléia em meio aos distúrbios dolorosos que mais afetam o homem. A dor lombar é causa constante de morbidade e incapacidade, estando associada ao importante impacto social e econômico. Pesquisas epidemiológicas relevam a prevalência das lombalgias na população em geral entre 50% a 80%. Uma das principais razões de consultas médicas, hospitalizações e intervenções cirúrgicas, acomete frequentemente homens acima de 40 anos e mulheres entre 50 a 60 anos de idade, estas provavelmente em decorrência da maior prevalência e consequências da osteoporose. De acordo com Silva et al. (2004) e Moraes (2003), a lombalgia ocupacional é a maior causa isolada de transtorno de saúde associados ao trabalho e de absenteísmo, a razão mais comum de incapacidade em trabalhadores com menos de 45 anos de idade, tem predileção por adultos jovens e é responsável por cerca de 1/4 dos casos de invalidez prematura. Por acometer a população economicamente ativa, estar relacionada a quadros de incapacidade laborativa, trazer sofrimento a pacientes e familiares, acarretar custos decorrentes da perda de produtividade, dos dias não trabalhados, de encargos médicos e legais, do pagamento de seguros e de indenizações por invalidez, a lombalgia ocupacional não deve ser analisada somente como uma questão médica, mas também como uma questão socioeconômica (WEINER et al., 2006; GOUMEOEN; SHIZAS, 2006; HELFENSTEIN JÚNIOR; CÉSAR SIENA, 2010). A lombalgia ocupacional revela etiologia multifatorial, elevada prevalência e incidência. O quadro clinico se manifesta como dor de variada duração e intensidade, podendo induzir à incapacidade laborativa e à invalidez. A lombalgia produz sofrimento nos trabalhadores, custos elevados às empresas, aos sistemas previdenciário e assistencial de saúde. A autora, pela importância da temática, elaborou este artigo de revisão bibliográfica dando ênfase ao embasamento teórico-conceitual e à experiência de especialistas. Os fatores causais mais diretamente associados às lombalgias ocupacionais dizem respeito aos mecânicos, aos posturais, aos traumáticos e os psicossociais (BRIGANO; MACEDO, 2005). A idade, a postura e a fadiga no trabalho são concebidas como fatores contribuintes para a elevada percentagem de recidiva da dor lombar. O trabalho sentado por longas horas, o trabalho pesado, o levantamento de peso, a falta de exercícios físicos e os problemas psicológicos revelam-se como alguns dos principais aspectos que contribuem para a cronicidade da dor lombar (MACEDO; BLANK, 2006). De acordo com Helfenstein Júnior e César Siena (2010), queixas constantes de dor na coluna lombar estão atreladas à tensão da musculatura paravertebral decorrente de posturas incômodas e da degeneração precoce dos discos intervertebrais pelo excesso de esforço físico. Acredita-se que muitos casos de lombalgia se devem a pressões incomuns sobre os músculos e os ligamentos que suportam a coluna vertebral. Tanto os esforços dinâmicos relacionados a deslocamentos, a transporte de cargas e à utilização de escadas, quanto os esforços estáticos relacionados com a sustentação de cargas pesadas, com a adoção de posturas incômodas e com a restrição de movimentos, podem contribuir para as lesões nas articulações e nos discos intervertebrais. Os fatores de risco para lombalgia ocupacional consistem nos traumas cumulativos, as atividades dinâmicas associadas com movimentos de flexão e rotação do tronco, o trabalho físico pesado, o agachamento, os macrotraumas, o levantamento ou carregamento de cargas, a exposição a longas jornadas de trabalho sem pausas, as 4 vibrações de corpo inteiro e a adoção de posturas estáticas e inapropriadas (SILVA; FASSA; VALLE, 2004; MORAES, PRZYSIEZNY, 2004). Para Brazil et al. (2004) inúmeros aspectos têm sido sinalizados como contributórios para o desencadeamento e a cronificação das síndromes dolorosas lombares, especialmente os aspectos psicossociais, a insatisfação com o trabalho, o sedentarismo, a obesidade, o hábito de fumar, a realização de trabalhos pesados, as síndromes depressivas, os litígios trabalhistas, as modificações climáticas, os fatores genéticos e antropológicos, as modificações de pressão atmosférica e temperatura, os hábitos posturais e o nível de escolaridade. Helfenstein Júnior e César Siena (2010) afirmam ainda que, estão relacionados como fatores de risco para a cronicidade e a incapacidade nas lombalgias inespecíficas os quadros de história prévia de dor lombar, o absenteísmo nos últimos 12 meses, a dor irradiada para as pernas, a redução de amplitude de elevação da perna, os sinais de comprometimento neurológico, a diminuição da força e da resistência muscular do tronco, o descondicionamento físico, o tabagismo, os sinais de depressão e de estresse psicológico, a baixa satisfação no trabalho, os problemas pessoais relacionados com o uso e abuso de álcool e os problemas conjugais e financeiros. 4 Diagnóstico Em função da elevada prevalência de alterações constantes em exames de imagem de pessoas assintomáticas, é importante a correlação dos achados imagenológicos com as informações coletadas na anamnese e no exame físico do paciente. É relevante ressaltar que manobras de dissimulação devem ser geralmente utilizadas. O diagnóstico da lombalgia ocupacional requer ainda uma minuciosa anamnese ocupacional, assim como uma análise cuidadosa da organização do trabalho e do ambiente laboral. Não é suficiente ao examinador somente aguardar a comunicação das queixas por parte do paciente. Elas devem ser questionadas de forma ativa. O médico deve impedir a postura de dirigir as perguntas somente para os sintomas localizados na região lombar e expandir seu arsenal de questionamentos com o objetivo de detectar de forma mais precisa a real origem da dor lombar e descrever a frequente existência dos sintomas não orgânicos, não se deixando induzir pelos aspectos dos exames de imagem. Segundo Helfenstein Júnior e César Siena (2010), a súbita “perda de força” de um músculo ou grupo muscular é comportamento característico de dor não-orgânica. As doenças que levam à fraqueza muscular se apresentam no exame físico com um grau constante de perda de força é quase impossível de ser imitada por pessoas com sintomas não-orgânicos. A eventual alodínia deve ser sempre avaliada, bem como percebidas eventuais expressões faciais histriônicas, tremores, verbalização exagerada da dor, a qual não é esperada mesmo nas doenças dolorosas de causa orgânica. Alguns pacientes podem expressar aumento da sudorese ou desmaios. Em geral, os desmaios obedecem às características de síncope psicogênica ou convulsão psicogênica não epiléptica, nas quais a queda do paciente nunca é acompanhada de lesão na cabeça (sob a observação direta do médico), entre outros detalhes, que não cabe aqui aprofundar. Um paciente que alega estar incapaz de trabalhar por mancar deverá ter assimetrias de desgaste na sola de seus sapatos. A simetria do solado (na ausência de desvios do retro-pé) pode ser um sinal de que a coxeadura ou claudicação é não-orgânica. A utilização de órteses questionáveis ou até ainda sem prescrição consiste em uma outra evidência associada a queixas não-orgânicas, especialmente bengalas e coletes lombares, particularmente sem a atrofia equivalente ou sem sinais cutâneos de uso prolongado. A observação de calosidades nas mãos permite verificar se o trabalhador está mesmo afastado de atividades físicas. Lacerações nas mãos e sujeira sub-ungueal também são sinais úteis. A ausência de atrofia muscular após período prolongado de inatividade e a manutenção do tônus 5 muscular do tronco e da cintura escapular são indícios de dor não-orgânica. Há alertas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para não ignorar a fibromialgia como causa frequente da dor lombar crônica. Outro estudo que reafirma esses alertas da OMS ressalta que o aspecto dos discos intervertebrais não se constitui em fator preditor de maior limitação funcional para o trabalho. O estudo foi realizado com uma coorte de tamanho maior e mais adequado que estudos anteriores. Houve apenas uma fraca associação estatística entre alterações discais moderadas ou graves e um prognóstico desfavorável. Nem mesmo o discograma provocativo pôde prever qualquer evento adverso futuro relacionado à dor nas costas ou ao trabalho. Os autores concluíram que pacientes com dor lombar crônica, mesmo os que possuíam alterações de imagem significativas nos discos intervertebrais, não podem ter sua incapacidade avaliada por meio da aparência desses discos nos exames de imagem. Os únicos fatores que puderam predizer a incapacidade relacionada à dor lombar crônica, com força estatística significativa, foram os fatores psicossociais (CARRAGEE et al., 2005). Sobrepujada apenas pela cefaléia dentre os distúrbios dolorosos que mais afetam o homem, a dor lombar é causa frequente de morbidade e incapacidade, estando associada ao importante impacto social e econômico. Estudos epidemiológicos apontam a prevalência das lombalgias na população em geral entre 50% a 80% (WADDEL, 2005). A dor lombar, um dos principais motivos de consultas médicas, hospitalizações e intervenções cirúrgicas, acomete comumente homens acima de 40 anos e mulheres entre 50 a 60 anos de idade, estas provavelmente em decorrência da maior prevalência e consequências da osteoporose (IGUTI, 2003). A lombalgia ocupacional, a maior causa isolada de transtorno de saúde relacionado com o trabalho e de absenteísmo, a causa mais comum de incapacidade em trabalhadores com menos de 45 anos de idade, tem predileção por adultos jovens e é responsável por aproximadamente 1/4 dos casos de invalidez prematura (SILVA et al., 2004). Por acometer a população economicamente ativa, estar relacionada a quadros de incapacidade laborativa, trazer sofrimento a pacientes e familiares, acarretar custos decorrentes da perda de produtividade, dos dias não trabalhados, de encargos médicos e legais, do pagamento de seguros e de indenizações por invalidez, a lombalgia ocupacional não deve ser analisada somente como uma questão médica, mas também como uma questão socioeconômica (MORAES, 2003). 5 Classificações A lombalgia pode ser dividida em primária ou secundária, com ou sem comprometimento neurológico; mecânico-degenerativa; não-mecânica; inflamatória, infecciosa, metabólica, neoplásica ou secundária a repercussão de doenças sistêmicas. Existe ainda o relevante grupo das lombalgias não orgânicas, de extrema relevância no contexto ocupacional ou pericial, graças aos constantes ganhos secundários relativos a esses casos. Em meio às lombalgias não orgânicas há aquelas secundárias à síndrome de Munchausen (pouco comum), as lombalgias afetadas com o interesse direto e consciente de ganhos secundários óbvios (comumente financeiros) e as lombalgias psicossomáticas, secundárias a conflitos psicológicos frequentemente inconscientes, podendo ou não ser seguidas de queixas somáticas. Os ganhos secundários ainda podem estar associados com este último tipo (psicossomático), no entanto, de maior complexidade que aqueles com simples simulação. Ainda pode ser dividida sob o ponto de vista do comprometimento dos tecidos como de origem muscular e ligamentar: lombalgia por fadiga da musculatura paravertebral e lombalgia por distensão muscular e ligamentar; de origem no sistema de mobilidade e estabilidade da coluna: 6 lombalgia por torção da coluna lombar ou ritmo lombo-pélvico inadequado e lombalgia por instabilidade articular; de origem no disco intervertebral: lombalgia por protrusão intradiscal do núcleo pulposo e lombalgia por hérnia de disco intervertebral; e de forma predominante psíquica: lombalgia como uma forma de conversão psicossomática ou visando ganhos secundários (WEINER, 2006). A Classificação Internacional de Comprometimentos, Incapacidades e Deficiências da Organização Mundial de Saúde reafirma a lombalgia como um comprometimento que demonstra perda ou anormalidade da estrutura da coluna lombar de etiologia psicológica, fisiológica ou anatômica ou, ainda, uma deficiência que expressa uma desvantagem que restringe ou inviabiliza o desempenho pleno de atividades físicas. Ainda a respeito da estimativa dessa classificação, a lombalgia pode demonstrar síndromes de uso excessivo, compressivas ou posturais, atreladas a desequilíbrios musculares, fraqueza muscular, redução da amplitude ou na coordenação de movimentos, aumento de fadiga e instabilidade de tronco. (BRIGANO et al., 2005). Schilling, em 1984, sugeriu uma classificação de doenças associadas com o trabalho classificada em três grupos: I. doenças que têm o trabalho como causa necessária, como os acidentes de trabalho e as doenças profissionais legalmente reconhecidas; II. doenças que têm o trabalho como um dos fatores contribuintes; III. doenças que têm o trabalho como agravante ou provocador de distúrbios latentes ou préexistentes. Aplicando-se a classificação de Schilling, a lombalgia ocupacional pode ser emoldurada como Schilling II quando o trabalho for concebido como um dos aspectos contribuintes para seu surgimento, ou Schilling III quando o trabalho for tido como aspecto agravante de um distúrbio ou patologia preexistente (EHLICH, 2003). A lombalgia pode ainda ser dividida conforme a clareza com que se chega ao diagnóstico etiológico como específica, quando for decorrente de uma causa bem definida, por exemplo, decorrente de uma situação de herniação discal, ou inespecífica, quando revelar diagnóstico pouco definido. As lombalgias inespecíficas significam 80% de todas as situações registradas em adultos e acometem especialmente indivíduos entre 20 e 55 anos. Pode ser ainda dividida como estática, quando dar-se em função da má postura (sobrecarga estática), ou cinética, quando consequente de sobrecargas de movimentação. (CARRAGEE, 2005). A lombalgia aguda, comumente associada a comprometimento de ligamentos, músculos e/ou lesões dos discos intervertebrais, é distinguida pela presença de dor de início súbito com duração inferior a seis semanas. Em grande parte das situações é autorestrita e dura em média até sete dias. Aproximadamente 90% dos pacientes convalescem de forma espontânea, 60% voltam às funções no prazo de um mês e cerca de 30% a 60% dos pacientes podem revelar recidiva da dor em um ano a dois anos (SILVA, 2006). A lombalgia subaguda apresenta duração de seis a doze semanas. Nestas situações, o retorno à função habitual dar-se em até três meses. A lombalgia crônica acontece em apenas aproximadamente de 8% das situações, ultrapassa 12 semanas, compromete a produtividade e possui maior dificuldade de se resolver por completo. Em uma pesquisa realizada no Brasil, 76,7% dos indivíduos com dor lombar crônica revelaram quadro álgico em intensidade que comprometia a realização das atividades laborais (WADDEL, 2004). 6 Etiologia e fatores de risco 7 Por tratar-se em grande parte dos casos em uma etiologia multifatorial, a procura por uma única causa ou mesmo da principal causa produtora da lombalgia torna-se uma atividade extremamente difícil (IGUTI, 2003). Na origem da lombalgia estão inseridos aspectos de risco individuais e profissionais. Os mais constantes aspectos fatores de risco individuais consistem em: a idade, o sexo, a taxa de massa corporal, o desequilíbrio muscular, a capacidade de força muscular, as condições socioeconômicas e a presença de outras enfermidades (SILVA et al., 2004). Os fatores de risco profissionais mais evidenciados abrangem as movimentações e as posturas incorretas consequentes das inadequações do ambiente de trabalho, das condições de funcionamento dos equipamentos disponíveis, assim como das formas de organização e de realização do trabalho (MORAES, 2003). Os aspectos causais associados de forma direta com as lombalgias ocupacionais consistem nos aspetos mecânicos, os posturais, os traumáticos e os psicossociais. A idade, a postura e a fadiga no trabalho são concebidas como aspectos contribuintes para o alto percentual de recidiva da dor lombar. O trabalho sedentário por longas horas, o trabalho pesado, o levantamento de peso, a falta de exercícios físicos e os problemas psicológicos expressam alguns dos principais aspectos que contribuem para a cronicidade da dor lombar (CARRAGEE, 2005). Queixas frequentes de dor na coluna lombar estão associadas à tensão da musculatura paravertebral decorrente de posturas incômodas e da degeneração precoce dos discos intervertebrais pelo excesso de esforço físico. Acredita-se que muitos casos de lombalgia se devem a pressões incomuns sobre os músculos e os ligamentos que suportam a coluna vertebral. Tanto os esforços dinâmicos relacionados a deslocamentos, a transporte de cargas e à utilização de escadas, quanto os esforços estáticos relacionados com a sustentação de cargas pesadas, com a adoção de posturas incômodas e com a restrição de movimentos, podem contribuir para as lesões nas articulações e nos discos intervertebrais. Outros autores reforçam a importância dos aspectos psicossociais, os quais concluíram existir um forte "fator psicossocial de incapacidade" relacionado à dor lombar crônica, tão forte a ponto de poder predizer quais pacientes com dor lombar aguda necessitarão de intervenção precoce, a fim de prevenir o desenvolvimento do quadro crônico. (HELFENSTEIN JÚNIOR; CÉSAR SIENA, 2010). Segundo Waddel (2004) e Iguti (2003), um estudo constatou que diferenças pré-existentes no estado de saúde não estavam associadas com as diferenças no comportamento dos pacientes com dor lombar crônica, nem nas escalas de dor referida. A evolução dos sintomas e a dor referida tinham relação estatisticamente significativa com os ganhos secundários sociais e econômicos. Esta constatação é fundamental ao profissional da saúde envolvido na avaliação desses doentes, destacando-se o médico perito. O mesmo estudo dividiu os pacientes com dor lombar crônica em classes, conforme o grau de interesses (ganhos) sociais e econômicos; comparou grupos de pacientes cuja variável "recompensa social" era a mesma, mas diferiam nos ganhos secundários econômicos. Quanto maior o ganho secundário econômico decorrente do comportamento da doença, maior o número de faltas do trabalho, maiores as queixas de incapacidade doméstica e mais frequente a depressão. No grupo em que o ganho secundário econômico era o mesmo, quanto maior o ganho secundário social, maior o número de faltas ao trabalho, maiores as queixas de incapacidade doméstica e mais frequente a depressão, revelando uma equidade de influência dos ganhos secundários nesses parâmetros, fossem eles econômicos ou sociais. As únicas diferenças observadas foram aquelas relacionadas à dor e sintomas inespecíficos. Os pacientes com dor lombar crônica do grupo com maiores interesses secundários sociais referiram maior intensidade da dor e mais sintomas inespecíficos, comuns às doenças concomitantes à ansiedade crônica. 8 Corroborando Moraes (2003), isso alerta para o indiscutível fato de que tratamentos voltados exclusivamente para a parte física (repouso, exercícios localizados, calor local, etc.) poderão não surtir efeitos terapêuticos desejáveis. Freud concluiu que os ganhos secundários se constituem na grande dificuldade do tratamento psicanalítico. Esse raciocínio freudiano se confirma nos dados objetivos supracitados, no que se refere à abordagem da dor lombar crônica. A intensa modificação do comportamento e do curso da doença causada pelos ganhos secundários também foram avaliadas por outros pesquisadores. Há fatores de risco ou fatores associados à dor lombar crônica, aparentemente bizarros, mas tão necessários ao conhecimento do especialista e do médico perito, quanto aos demais profissionais envolvidos. Entre eles, destaca-se a influência das esposas (ou acompanhantes) solícitas na dor referida ou percebida pelo paciente. Estudos demonstraram que quanto maior a solicitude (dedicação, cortesia, cuidados detalhados) das acompanhantes dos pacientes com dor lombar crônica, maior era a intensidade da dor percebida por esses pacientes, bem como maior o grau de incapacidade referida, independentemente de outros fatores. Há que se observar que este fator também faz parte dos ganhos secundários, tendo em vista que, quanto maior a dor ou a incapacidade referida, maior o apelo do doente para evocar solicitude, simpatia e atenção das acompanhantes ou esposas. Por fim, um estudo recente demonstrou que dor lombar com início gradual foi associada significantemente com aspectos psicológicos e não com atividades ocupacionais. (WEINER, 2006). 7 Prognóstico O prognóstico ocupacional dos pacientes com dor lombar crônica não deve ser embasado no aspecto da imagem (degeneração discal ou osteofitária) da coluna lombar do paciente ou do periciando. O encontro de sinais sugestivos de dor não-orgânica não implica em mal prognóstico, se bem tratado o paciente. A presença de fatores psicossociais desfavoráveis pode predizer um número maior de faltas no trabalho, caso o doente não seja corretamente tratado. Um grupo de estudiosos comprovou que mesmo os pacientes com dor lombar crônica aparentemente refratária, fortemente associada a fatores psicossociais podem apresentar melhora significativa do quadro, se abordados com uma reabilitação multidisciplinar, que inclui abordagem adequada dos sintomas somáticos e não somente de dores físicas regionais ou supostas alterações anatômicas de pouca relevância. Outro estudo reforçou tais conclusões de que o tratamento e a melhora dos pacientes com dor lombar crônica é possível, mesmo nos casos de longa data (SILVA, 2006). Isso traz à tona a necessidade de disseminar com mais amplitude esses conceitos técnicos e evidências entre os médicos peritos, frente às inúmeras aposentadorias por invalidez decorrentes de dor lombar crônica. A desconsideração sistemática dessas evidências médicas não terá outro resultado, senão o aumento substancial de gastos públicos; redução, no mercado de trabalho, de indivíduos economicamente ativos; e danos irreparáveis para os próprios pacientes, os quais teriam chances de tratamento, se assim não fossem considerados. Eventualmente, a mudança de atividade laboral pode ser necessária, não implicando, portanto, em aposentadoria por invalidez, mas em reabilitação profissional ou simples mudança de cargo exercido (WADELL, 2004). A real constatação de que o quadro de dor lombar crônica tem solução, se corretamente abordado, encontra lógica nos resultados encontrados por Rainville et al. (2003, apud SILVA, et al., 2004) que revelam que pacientes que obtiveram compensação financeira (p.ex.: conclusão favorável de litígio trabalhista ou previdenciário) relatavam dor lombar mais intensa que os pacientes aparentemente com o mesmo quadro que não receberam a compensação. 9 O raciocínio de causa e efeito poderia ser questionado, neste caso, com bases lógicas. Poderse-ia pensar que aqueles com dor lombar crônica que receberam a compensação financeira poderiam ter lesões mais graves na coluna, o que justificaria o ganho financeiro. Todavia, esse raciocínio lógico perde seu efeito frente aos achados de Rohling et al. (2005, apud MORAES, 2003) que demonstraram que os pacientes compensados financeiramente não apresentavam mais lesões graves que os não compensados. A compensação financeira tem, de fato, influência na dor referida, no contexto da dor lombar crônica. São considerados como fatores de risco para lombalgia ocupacional os traumas cumulativos, as atividades dinâmicas relacionadas com movimentos de flexão e rotação do tronco, o trabalho físico pesado, o agachamento, os macro-traumas, o levantamento ou carregamento de cargas, a exposição a longas jornadas de trabalho sem pausas, as vibrações de corpo inteiro e a adoção de posturas estáticas e inadequadas. Diversos fatores têm sido apontados como contributários para o desencadeamento e a cronificação das síndromes dolorosas lombares, particularmente os fatores psicossociais, a insatisfação com o trabalho, o sedentarismo, a obesidade, o hábito de fumar, a realização de trabalhos pesados, as síndromes depressivas, os litígios trabalhistas, as alterações climáticas, os fatores genéticos e antropológicos, as modificações de pressão atmosférica e temperatura, os hábitos posturais e o grau de escolaridade. Estão relacionados como fatores de risco para a cronicidade e a incapacidade nas lombalgias inespecíficas os quadros de história prévia de dor lombar, o absenteísmo nos últimos 12 meses, a dor irradiada para as pernas, a redução de amplitude de elevação da perna, os sinais de comprometimento neurológico, a diminuição da força e da resistência muscular do tronco, o descondicionamento físico, o tabagismo, os sinais de depressão e de estresse psicológico, a baixa satisfação no trabalho, os problemas pessoais relacionados com o uso e abuso de álcool e os problemas conjugais e financeiros. 7 Metodologia Foram usadas quatro bases de dados para a revisão bibliográfica: LILACS (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde) e MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), consultadas através do site da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) do Ministério da Saúde, não obstante de EBSCO e SCIELO (Scientific Electronic Library Online). Outrossim, outros bancos de dados foram usados na pesquisa, mas não foi encontrado nenhum resultado. Os descritores usados para a busca dos artigos, conforme com o DECS (Descritores em Ciências da Saúde), foram: dor e lombalgia; tratamento e lombalgia; ultrassom; ultrassom e lombalgia; ultrassom e tratamento; lombalgia; fisioterapia e lombalgia. 8 Resultados e Discussão O tratamento das lombalgias ou lombociatalgias mecânicas deve objetivar ao alívio do quadro doloroso, às medidas imprescindíveis para impedir a recidiva, de forma constante e mais dolorosa, e às modificações anatômicas que em consequência vão emergindo e tornando-se graves, conforme Fazzi e Toledo (1984, apud PIRES; DUMAS, 2008). Na síndrome lombar aguda introduz-se repouso por dois dias, sendo efetivo e representativo de uma perda da atividade laborativa 45% inferior do que o tradicional que distancia o paciente por uma semana. Ainda são usadas medidas fisioterápicas (calor, massagem, manipulação, o uso de cintos e coletes, o programa de atividade física, a tração no leito, a crioterapia, eletroterapia e a acupuntura), o repouso, a prescrição de analgésicos e antiinflamatórios (NEGRELLI, 2001; TELOKEN; ZYLBERSTEJN, 1994). Na fase pós-aguda, em que a dor já e mais suportável, possibilitando melhor mobilização, intensificam-se as medidas fisioterápicas com calor e exercícios de alongamento e gradual reforço muscular. Tais medidas terapêuticas funcionam como um auxílio para o relaxamento da musculatura lombar e auxiliam ainda na minimização do limiar de dor, sendo o seu 10 principal objetivo na profilaxia de novos episódios, não obstante serem aplicados programas de reabilitação e reeducação da postura de forma individualizada (HENNEMANN; SCHUMACHER, 1994; TELOKEN; ZYLBERSTEJN, 1994). Nota-se que o efeito da fisioterapia na melhora da dor lombar crônica é avaliado em inúmeras pesquisas. Notou-se que 54 pacientes com dor lombar crônica que fizeram os exercícios orientados (como alongamento, aeróbica de baixo impacto, caminhar, bicicleta ergométrica, natação) apresentaram um decréscimo das dores lombares subagudas ou crônicas, melhora da disfunção física e psicológica, não obstante a prevenção da recorrência, através de cursos de coluna e orientações específicas de modificação de comportamento, especialmente quando feitos no próprio local de trabalho (MACEDO et al., 2005; TREVISANI; ATALLAH, 2003). Silva e Ananias (2004) usaram, no tratamento, alongamentos da musculatura lombar (quadrado lombar, extensores do tronco) e da musculatura de membros inferiores (tensor da fáscia lata, glúteo máximo, piriforme, iliopsoas, adutores, quadríceps, isquiotibiais, tríceps sural), classificados em alongamentos passivos e alongamento ativo. O programa de alongamento foi feito com uma duração de 20 segundos continuados sob estiramento ao longo de três séries para cada músculo citado anteriormente. Silva e Ananias (2004), Costa et al. (2006) e Oliveira et al. (2006), levaram em conta que o ultrassom, sendo caracterizado por ondas ultrassônicas de alta frequência que promovem vibrações e colisões moleculares de forma a elevarem a atividade molecular, quando usado nesse estudo, desempenha um efeito térmico sobre as células e tecidos moles nos quais uma parte dele é absorvida e isto conduz a geração de calor dentro do tecido de forma que a temperatura muscular deverá ser elevada a um mínimo 3 a 4 graus Celsius ao longo de um mínimo de 5 minutos, para que haja a elevação na capacidade de deformação tecidual. Esse aquecimento controlado pode promover efeitos desejáveis como: alívio da dor, redução da rigidez articular e elevação do fluxo sanguíneo. A quantidade de absorção (tecidos com elevados conteúdos protéicos absorvem mais do que conteúdo de gordura) estando atrelado à natureza do tecido, seu grau de vascularização e da frequência do ultrassom (PIRES; DUMAS, 2008). Ainda segundo Pires e Dumas (2008), foram usados dois métodos, com os quais foram avaliados os efeitos do ultrassom pulsado, 1 MHZ, intensidade média de 0.8 w/cm² no estágio agudo de lesão muscular tardia, não obtendo nenhuma evidência convincente. No entanto, ao usar o ultrassom contínuo, 1 MHZ, intensidade média de 0.8 w/cm² no estágio agudo de lesão muscular tardia, evidenciou-se resultados benéficos e expressivos para tal modalidade. Não obstante, Chou et al. (2007) leva em conta que o tratamento para lombalgia crônica abrange a acupuntura (que consiste na inserção de agulhas em pontos específicos), cinesioterapia (um programa de exercício formal monitorado ou regime de exercício em casa, que vai desde programas de condicionamento físico geral ou exercício aeróbio de programas que objetivem o reforço muscular, flexibilidade, alongamento, ou variadas combinações desses elementos), massagem terapêutica, terapia cognitivo-comportamental ou relaxamento progressivo (uma técnica que abrange o estiramento e relaxamento dos músculos de forma que haja a liberação da tensão muscular), manipulação espinhal (terapia manual em que as cargas são usadas na coluna através de curtos ou longos métodos de alavancas e eixos de elevada velocidade, para que dessa forma promova um alívio das pressões vertebrais e corrija de certa forma, a curvatura lombar que está em excesso), a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), que usa uma pequena bateria que é acionada através do dispositivo para promover por meio de impulsos elétricos permanentes na superfície dos elétrodos, com o objetivo de promover alívio sintomático, modificando a percepção da dor, em outras palavras, analgesia e a tração (uma intervenção que abrange uma mobilização da articulação de modo a estirar ou puxar com o objetivo de esticar a coluna lombar). 11 Assim sendo, consegue-se promover um relaxamento muscular. Gaskell et al. (2007) revelam que a introdução de educação e aconselhamento sobre anatomia e doença espinhal, dor, exercício físico, postura, elevação e movimentação, estratégias de autoajuda e técnicas relaxamento são formas para que os pacientes possam se ajustar à percepção da sua dor e à sua limitação, levando em conta que a atividade e/ou educação física, princípios e cognitivas comportamentais poderiam ter conduzido a um aumento da sensação de controle e de confiança para gerir à sua condição um melhor entendimento dela, e/ou expectativas mais realistas de suas habilidades, enquanto isso, Lewis et al. (2008) ocasionam referências de uso de exercícios para aliviar as algias e correção da curvatura da lombar, face a um programa funcional com sessões de 1-2 vezes por semana, tendo a duração de 1-2 horas por um período de 8-10 semanas e abordando o fortalecimento, a coordenação e exercícios aeróbicos, ergonômicos e aconselhamento de exercícios em casa assim como, recursos educacionais como palestras, vídeos e programa de exercícios específicos de alongamento e relaxamento. Mesmo que focalizados nos músculos do abdômen transverso, multifidos, assoalho pélvico e diafragma em posições com baixa carga e avançando de acordo com a situação, os autores constatam que os exercícios ativos foram valiosa abordagem terapêutica, ainda que com a falta de consenso a respeito da melhor técnica e a intensidade para essa intervenção. Os programas usados no restabelecimento funcional consistiu em uma abordagem cognitiva comportamental cujo motivo é normalizar os padrões de comportamento e promover para as pessoas a confiança para vencerem o medo do movimento em consequência da dor. Em outra pesquisa, o fisioterapeuta recomendou aos pacientes a respeito dos exercícios, que objetivam melhorar a função de abdominais, costas, extensores, músculos dos membros inferiores e superiores e determinar uma ótima função da coluna vertebral. Os programas foram feitos em casa, sem equipamento adicional, com 10 minutos de aquecimento. Os exercícios foram feitos em três a quatro séries de 15-20 repetições. Houve evidência que o exercício teve um efeito sobre o músculo, força e flexibilidade em lombalgia. Os três meses do programa de exercício em casa promoveram perceptíveis resultados físicos positivos, pelo menos por um ano, sobre a dinâmica da força muscular nos extensores, flexores e nos membros inferiores, assim como sobre a coluna vertebral. A alteração positiva da resistência pode ser uma relevante condição para a continuação apropriada (conforme a modalidade do exercício e da repetição) da atividade física, assim como uma condição prévia para lidar com a dor (KUUKKANEN et al., 2007). 9 Conclusão Comumente, as decisões do fisioterapeuta para o tratamento devem ser fundamentadas em avaliações dos sintomas do paciente e das respostas às intervenções, de forma que os resultados revelem sinal positivo de progresso do alívio das algias. Os recursos terapêuticos usados devem ser observados e apropriados para cada caso clínico (sendo classificadas em agudas, subagudas e crônicas), através de um prognóstico claro e preciso. Fundamentando-se nas informações literárias observadas, nota-se que o ultrassom de corrente contínua apresenta um efeito mais dinâmico que uma corrente pulsada, dessa forma, viabilizando uma minimização acelerada da dor. Não obstante, pode ser associado o ultrassom com outros recursos para viabilizar a recuperação do paciente. Semelhantemente, foi comparado o ultrassom atrelado a alongamentos ativos e passivos. Outrossim, o uso de outros recursos terapêuticos tais como massagem, manipulação espinhal, estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), promovem seus benefícios, entre eles, melhora das algias, relaxamento da tensão muscular e alívio das pressões vertebrais. Portanto, a lombalgia diz respeito a uma das patologias mais estudadas na área médica em questão de estudo etiológica e sintomatologia clínica in vivo, abrangendo tratamentos conservadores, alternativos ou invasivos, inclusive com tratamento medicamentoso. 12 Entretanto, existem poucas informações que envolvem pesquisas de tratamento comparativo, preferencialmente, não invasivos. Isso colaboraria para que as técnicas terapêuticas se qualificassem e especializassem para satisfazer a demanda das situações registradas na Organização Mundial de Saúde (OMS) anualmente. Referências ARAÚJO, Elias Tavares. Perícia Médica. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/include/biblioteca_virtual/des_etic/24.htm>. Acesso 11 maio 2013. AUGUSTO, V.G; SAMPAIO, R,F; TIRADO,M.G.A; MANCINI, M.C; PARREIRA, V.F. Um olhar sobre as Ler/Dort no contexto clínico do fisioterapeuta. Rev Bras Fisioter. 2008;12(1):49-56. BERNARD, B.P. Musculoskeletal disorders and workplace factors: a critical review of epidemiologic evidence for work related musculoskeletal disorders of the neck, upper extremity, and low back [NIOSH Publication nº 97-141]. Cincinnati: DHHS; 1997. BINDER, M.C.P.; CORDEIRO,R.. Acidente de trabalho: Um problema de saúde pública no Brasil. Rev. Saúde Pública. São Paulo, v.37 n.4,p.915-24, 2003 BONGERS, P.M; KREMER, A.M; TER, LAAK J. Are psychosocial factors, risk factors for symptoms and signs of the shoulder, elbow, or hand/wrist?: A review of the epidemiological literature. Am J Ind Med 2002; 41:315-342. BOFF, Bernadete M. ;LEITE, Dóris F; AZAMBUJA, Maria Inês R. Morbidade subjacente à concessão de benefício por incapacidade temporária para o trabalho. Rev. Saúde Pública vol.36 n.3 São Paulo June 2002. BRIGANO, J.U; MACEDO, C.S.G. Análise da mobilidade lombar e influência da terapia manual e cinesioterapia na lombalgia. Semina: Ciênc Biol Saúde. 2005;26:75-82. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de investigação, diagnóstico, tratamento e prevenção das lesões por esforços repetitivos: distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Brasília (DF): Secretaria de Políticas de Saúde; 2000. BRAZIL, A.V; XIMENES, A.C; RADU, A.S; FERNANDES, A.R; APPEL, C, MAÇANEIRO, CH, et al. Diagnóstico e tratamento das lombalgias e lombociatalgias. Rev Brás Reumatol. 2004;66(6) 419-25. CARRAGEE, E.J; ALAMIN, T.F; MILLER, J.L; CARRAGEE, J.M. Discographic, MRI and psychosocial determinants of low back pain disability and remission: a prospective study in subjects with benign persistent back pain. Spine. 2005;5:24-35. CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA – Manual Técnico Disciplinar/CREMERS – Conselho Regional de Medicina do Estado Rio Grande do Sul, 2008. COSTA, Leticia B.; HARAKOYAMA, Mitti Ayako; MINUCI, Elaine Garcia; FISCHER, Frida Marina. Morbidade Declarada e Condições de Trabalho o caso dos motoristas de São Paulo e Belo Horizonte 2): 54-67, 2003. São Paulo Em Perspectiva, 17(2) 2003. SILVA, M.C; FASSA, A.G; KRIEBEL, D. Musculoskeletal pain in ragpickers in a southern city in Brazil. Am J Ind Med. 2006;49:327-36. DEYO, R.A; BASS, J.E. Lifestyle and low-back pain. The influence of smoking and obesity. Spine. 1989;14:501-6. 13 FERNANDES, Rita de Cássia Pereira; ASSUNÇÃO, Ada Ávila; CARVALHO, Fernando Martins. Tarefas repetitivas sob pressão temporal: os distúrbios musculoesqueléticos e o trabalho industrial. Ciênc. saúde coletiva vol.15 no.3 Rio de Janeiro May 2010. FROTA, Mirna Albuquerque; FILGUEIRAS, Marcelo de Carvalho Filgueiras; XIMENES, Lorena Barbosa Percepção de servidores municipais frente ao diagnóstico de distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho. Fisioter Pesq. v.15 n.4 São Paulo out. 2008. GONZAGA, P. Perícia médica da previdência social. São Paulo: Editora LTR; 2000. p. 35, 256. GOUMEOENS, P; SHIZAS C, SO, A.K. Low back pain in 2006: back to the root. Ver Med Suisse. 2006;2:1268-70. HELFENSTEIN JUNIOR, Milton; GOLDENFUM, Marco Aurélio; SIENA, César. Lombalgia Ocupacional. Rev Assoc Med Bras 2010; 56(5): 583-9 Rev Assoc Med Bras 2010; 56(5): 583-9 HILDEBRANDT, V. Back pain in the work population: prevalence rates in dutch trades and professions. Ergonomics. 1995;38:1283-98. KUORINKA, I; FORCIER, L, editors. Work related musculoskeletal disorders (WMSDs): a reference book for prevention. London: Taylor & Francis; 1995. MACEDO, E; BLANK, V.L.G. Processo de trabalho e prevalência de dor lombar em motoristas de caminhões transportadores de madeira no sul do Brasil. Cad Saúde Coletiva. 2006;14:435-50. MARCO, Eduardo Kutchell de. Perícia Médica Judicial em Gastroenterologia e Hepatologia em Ações Previdenciárias. Sorocaba Universidade Gama Filho. Fundação Unimed 2009. MENZEL, N.N. Psychosocial factors in musculoskeletal disorders. Crit Care Nurs Clin North Am. 2007;19(2):145-53. MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2001. MORAES, E.R.P; SILVA, M.A.G. A prevalência de lombalgia em capoeiristas do Rio de Janeiro. Rev Fisioter Bras. 2003;4:311-9. MORAES, S.T; PRZYSIEZNY, W. L. Estudo da influência da lateralidade e da barra infracapital na reprogramação postural em pacientes lombálgicos crônicos. Terapia Manual. 2004;3:278-83. MUGGLETON, J.M; ALLEN, R; CHAPPELL, P.H. Hand and arm injuries associated with repetitive manual work in industry: a review of disorders, risk factors and preventive measures. Ergonomics 1999; 42(5):714739. NASCENTES, E. Introdução a Conceitos e Funções de Perícia Médica. Minas Gerais: Fundação Unimed, 2004. NASCIMENTO, Thelma Maria do. Perícia médica em gastroenterologiahepatologia para a concessão de benefícios previdenciários. 2006. Disponível em: <www.portalbioetica.com.br/adm/artigos/Thelma11.07.06.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2011. SILVA, M.C; FASSA, A.G; VALLE, N.G.J. Dor lombar crônica em uma população adulta no sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Cad Saúde Pública. 2004;20:377-85. VERTHEIN, Marilene Affonso Romualdo; GOMEZ, Carlos Minayo. O território da doença relacionada ao trabalho: o corpo e a medicina nas LER. Perícia médica judicial em gastroenterologia e hepatologia em ações previdenciárias. Physis vol.10 no.2 Rio de Janeiro July/Dec. 2000. 14 WALSH, I.A.P.; CORRAL, S.; FRANCO, R.N.; CANETTI, E.E.F.; ALEM, M.E.R.; COURY, H.J.C.G. Capacidade para o trabalho em indivíduos com lesões músculos–esqueléticas crônicas. Rev. Saúde Pública v.38 n.2 São Paulo abr.2004. WEINER, D.K; SAKAMOTO, S; PEREIRA, S; BREUER, P. Chronic low back pain in older adults: prevalence, reliability, and validity of physical examination findings. J Am Geriatr Soc. 2006;54:11-20.