ENDOPARASITAS EM RÉPTEIS DO ZOO DA MAIA Matos, P.G. 1 , Batista, C.2 , Alvura, N.2 , Soares, A. 1 , Santos, J1 Mateus, T.L.1,3,4,5 1 Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios do Lima 2 Serviços Veterinários, Zoo da Maia, Maia 3 Departamento de Medicina Veterinária, Escola Universitária Vasco da Gama, Coimbra 4 Centro de Estudos em Ciência Animal e Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real 5 EPIunit, Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Porto 18 e 19 de Fevereiro de 2017 Introdução A classe Reptilia com aproximadamente 7500 espécies identificadas, é constituída por seres ectotérmicos que apresentam um corpo coberto de escamas ao invés de penas ou pêlo (Jacobson, 2007). Na natureza estas espécies sofrem geralmente de parasitismo. Hoje em dia, cada vez mais se observam diferentes espécies de répteis serem mantidas em cativeiro em coleções privadas, no entanto, estas requerem muitos cuidados em relação à sua dieta e higiene. Quando estes cuidados não são assegurados, podem proliferar infeções parasitárias, uma vez que se mantém o ambiente restrito e o número de exemplares é reduzido, alguns parasitas tornam-se perigosos para a saúde do animal, podendo mesmo levar à morte (Montón, 2008). O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento do tipo de formas parasitárias gastrointestinais existentes na coleção de répteis do Zoo. Metodologia Foram recolhidas amostras de um grupo de 18 espécies de répteis das ordens Chelonia, Crocodylia e das subordens Lacertilia e Serpentes. As espécies estudadas foram: Boa constrictor, Python regius, Lampropeltis getula californiae, Lampropeltis triangulum hondurensis, Pantherophis guttatus, Python reticulatus, Epicrates angulifer, Lampropeltis getula splendida, Pantherophis obsoletus, Python molurus bivittatus (Figura 1), Morelia spilota, Epicrates cenchria maurus, pertencentes à subordem Serpentes. Da subordem Lacertilia, Pogona vitticeps, Corucia zebrata, Eublepharis macularius, Ophisaurusapodus. Testudo graeca da ordem Chelonia e por último, Caiman crocodilos (Figura 2) da ordem Crocodylia. Todos os répteis estavam aparentemente saudáveis e sem sinais de doença parasitária. As amostras foram analisadas com um método coprológico qualitativo de flutuação (Willis). © ZOO da Maia Figura 1 – Python molurus bivittatus © ZOO da Maia Figura 2 – Caiman crocodilos 35 Resultados 31 30 Foram recolhidas 94 amostras, de 18 espécies de répteis distintas, e em 74,7%) destas foram identificadas formas parasitárias. Na subordem Serpentes, 68,2% da amostras foram positivas (Figura 3), em Lacertilia 100%, Chelonia 50% e por último Crocodylia foi recolhida apenas uma amostra e também ela tinha formas parasitárias. Os parasitas mais frequentemente encontrados nas amostras analisadas foram os oxiurídeos (Figura 4) (47,9%) e os estrongilídeos (38,3%) tendo sido também identificados Isospora spp. (7,4%), Hymenolepis nana (Figura 5) (5,3%), ascarídeos (3,2%) e Eimeria spp. (2,1%). 29 25 20 15 15 10 7 5 5 4 2 0 0 0 0 Serpentes Oxiurídeos 0 1 Lacertilia Estrongilídeos Hymenolepis nana 2 0 0 0 0 0 1 Chelonia Eimeria spp. 1 0 0 0 0 Crocodylia Isospora spp. Ascarídeos Figura 3 – Número das diferentes formas parasitárias encontradas nas amostras positivas de cada Ordem taxonómica Discussão e Considerações finais © Cláudia Batista Figura 4 – Ovo de oxiurídeo de Jibóia ( Boa constrictor), MO 20X © Cláudia Batista Figura 5 – Ovo de Hymenolepis nana de Pitão Real (Python regius), MO 40X Bibliografia Batista, C., 2013. Parasitas Gastrointestinais e Artrópodes em Répteis e Anfíbios. Relatório de Estágio Final de Curso. Licenciatura em Enfermagem Veterinária. Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Jacobson, E.R., 2007. Infectious Diseases and Pathology of Reptiles, CRC Press, Taylor & Francis Group, 716 pp. Montón J.O., 2008. Atlas de Patología de Reptiles, Editorial Inter-Medica, Buenos Aires, 214 pp. Rataj A.V., Dovc A., Knific R.L., Mavri U. e Vlahovic K., 2011. Parasites in pet reptiles, AVS – Acta Veterinaria Scandinavica, 33(53): 2–5. A frequência de positividade encontrada neste estudo foi maior do que a de outros estudos semelhantes (Rataj et al., 2011; Batista, 2013), o que evidencia o risco parasitário que pode estar associado a coleções de répteis. Assim, estratégias de monitorização (como a análise coprológica) e de profilaxia quer sanitária (biossegurança) quer médica, são fundamentais em coleções de répteis.