2 FACULDADE CEARENSE – FAC BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS Ética profissional no mundo dos negócios. Carlos Eduardo Lopes Ferreira Orientação Prof. Ms. Nilo César Batista da Silva Artigo apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cearense – FAC, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, sob orientação do Prof. Ms. Nilo César Batista da Silva. Fortaleza - Ce Junho/2013 3 Ética profissional no mundo dos negócios. Carlos Eduardo Lopes Ferreira Orientação Prof. Ms. Nilo César Batista da Silva RESUMO: O presente trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre a Ética na perspectiva do mundo dos negócios. A pergunta que envolve esta reflexão é a seguinte: Podemos viver uma vida moralmente correta e ética no mundo dos negócios? Considerando que a ética perpassa toda a vida comportamental do ser humano, nas empresas e no mundo do trabalho, mais do que em qualquer outra situação da vida humana, esta pergunta se faz pertinente. As organizações são ciclos humanos e para atingir suas finalidades necessitam sempre fazer a reflexão no campo da ética. O percurso desta pesquisa bibliográfica se inicia pela reflexão das primeiras organizações humanas no ocidente, os gregos, os quais iniciaram sua reflexão sobre o comportamento moral do homem na pólis. Em seguida, se faz uma breve reflexão sobre o mundo do trabalho, considerando as empresas como lugar de negócio e também de realização humana e projeção social. Palavras Chaves: Ética, trabalho, mundo dos negócios. Abstract This paper aims to present a reflection on the ethics from the perspective of the business world. The question surrounding this reflection is the following: Can we live a moral life and ethical in business? Whereas ethics permeates the whole life of the human behavior, business and the world of work, more than in any other situation of human life, this question becomes relevant. Organizations are human and cycles to achieve its purposes require always make the reflection in the field of ethics. The route of this literature begins with the reflection of the first human organizations in the West, the Greeks, who began their reflection on the moral behavior of man in the polis. Then, with a brief reflection on the world of work, considering the company as a place of business and also of human achievement and social projection. Key Words: Ethics, work, business. 4 1. Introdução O presente trabalho tem como objetivo geral delimitar a importância da ética para o mundo dos negócios. Em se tratando que vivemos no mundo capitalista aonde o lucro tornase relevante em detrimento da condição humana, esta pesquisa se faz necessária no sentido de ilustrar a importância de inserir no mundo trabalho, na esfera dos negócios o mínimo de princípios e valores humanos. A pesquisa foi de cunho bibliográfico, onde procuramos compreender através do pensamento grego, aristotélico o embasamento teórico da ética e sua importância para o mundo profissional. O percurso desta pesquisa bibliográfica se inicia pela reflexão das primeiras organizações humanas no ocidente, os gregos, os quais iniciaram sua reflexão sobre o comportamento moral do homem na pólis. Em seguida, se faz uma breve reflexão sobre o mundo do trabalho, considerando as empresas como lugar de negócio e também de realização humana e projeção social. 2. Definição de Ética e moral na filosofia. O que se entende por ética? Ética é o mesmo que moral? Há quem não faça distinção entre ética e moral. Mas, a comunidade filosófica pretende distinguir o objeto da ética do objeto da moral. A própria etimologia dos termos entre si se distinguem, pois a palavra ética vem do grego, ethos, grosso modo quer dizer morada do ser; enquanto que moral vem da língua latina que se traduz por mores, isso quer dizer costumes. Decerto que o homem por natureza é o animal que se guia pelo crivo da razão. Mas, como se tal característica não fosse bastante para que ele almejasse a sua plenitude, ou seja, a sua causa final como individuo, cria-se a sociedade como necessidade humana. Ao que parece, um instinto gregário, torna-se vital e inerente ao seu Ser, justamente na comunidade que ele atinge a realização de sua natureza integral. Aristóteles afirma que “ninguém é virtuoso para si; ninguém é feliz sozinho; o homem solitário é inexplicável: “ou é um deus 5 ou uma besta”1. Nessa perspectiva o homem se constitui por natureza o animal social e político e a sua realização humana se dá em sociedade. Afirma o próprio Aristóteles: “agora é evidente que o homem muito mais que a abelha ou outro animal gregário é um animal social. Os homens não se associam somente em vista da existência material, mas, sobretudo em vista da vida feliz. A comunidade política existe para a realização do bem e não apenas para viver em agrupamento. Assim como todo ser humano tende para o seu fim, considerando que tal fim é a “Eudeimonia”, ou seja, a felicidade, também, a cidade na sua dimensão comunitária busca o seu fim último, a saber, o bem2. O que seria o Bem para Aristóteles? Viver bem na comunidade significa viver virtuosamente, o exercício da virtude seria o caminho que se faz para alcançar o bem. Nesse sentido, da ética emanam todos os princípios norteadores de nossas ações. De fato, toda e qualquer ação do homem na pólis deverá ser prescrita por normas de condutas naturais, não apenas normas de condutas legais, porque nem sempre o que consiste legal numa moral social será ético. Para o filósofo grego, nem toda ação ou paixão admite meio-termo, algumas situações já trazem em si mesma a implicação de maldade, por exemplo: o adultério, o furto e o assassino, nessas ações não é o excesso ou a sua deficiência que o diferencia, nessas jamais poderá haver retidão, ou virtude, somente unicamente o erro. E qual a natureza das virtudes? Como adquirimos as virtudes? PAristóteles esclarece que nunca há virtude quando há falta ou excesso. No entanto, a virtude implica a justa proporção que é a via de meio entre dois excessos3. E que as virtudes são aprendidas pelo hábito, ou seja, pelo exercício. “Com relação ao temor, ao ardor, ao desejo, a ira, à piedade e, em geral, ao gozo e á dor há um excesso e uma falta, e ambos não são bons; mas se experimentamos aquelas paixões quando se deve, no que se deve, contra quem se deve, com a finalidade e do modo como se deve, contra quem se deve, com a finalidade e do modo como se deve, então estaremos no meio e na excelência, que são próprios da virtude...”4 As virtudes éticas são numerosas, bem como são numerosos os impulsos e o sentimento que a razão deve moderar. “Por isso segundo a sua essência e segundo a razão 1 ARISTÓTELES, Política, I, 1255 ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco, I, 15 -16 3 Ibidem, pág. 9 4 Ibidem, pág. 33 2 6 que estabelece a sua natureza, a virtude é uma mediania, mas com relação ao bem e à perfeição ela consiste no ponto mais elevado da alma humana.”5 Somente através da razão o homem é capaz de chegar ao seu fim último, ou seja a felicidade – o bem. Sem o controle da razão o homem tenderia sempre para o excesso. Como as virtudes nascem em nós do hábito, pela natureza somos potencialmente capazes de formá-las perante o exercício. Através delas atingiremos o bem maior, justamente pelos atos que praticamos em nossas relações com os homens. Todavia, na maneira como nos relacionamos com os outros é que nos tornamos justos ou injustos. A investigação sobre a ética inicia-se desde os primeiros filósofos gregos, no momento em que o olhar dos filósofos sobre as tradições de seu tempo na vida da pólis gregas, se dirigia para as práticas cotidianas de conduta e das crenças de caráter social, político e religioso. Isto implica em dizer que a reflexão ética surge no horizonte de ruptura com a vivência do mito (destino) e o nascimento da percepção da liberdade humana. É também importante, ressaltar que nos poemas de Homero no que se refere à ética, encontrase o desenvolvimento de um modelo de agir humano que tem por finalidade a procura do ideal heroico de afirmação de si, ou seja, de exaltação da própria cultura hedonista em que vivia. Já nos filósofos pré-socráticos, encontramos algumas reflexões com o intuito de descobrir as razões pelas quais os homens devem se comportar de determinada maneira, porém, pode-se se constatar que os trabalhos dos pré-socráticos são muito mais uma referência de preceitos de moralidade do que propriamente reflexões éticas, uma vez que o foco central da reflexão destes filósofos era a natureza. Assim escreve Lima Vaz sobre o assunto: “Mas a experiência da liberdade aparece profundamente integrada à formação da cultura grega, presente de modo determinante no desenvolvimento do saber ético e nas origens da Ética, crescendo, sobretudo no terreno onde se dá o temeroso confronto entre o agir humano e o Destino e no campo político onde a liberdade do cidadão se exprime, sobretudo na liberdade de expressão e no direito de participação nas assembleias, essenciais à política democrática” (VAZ, 1999, p. 99) Assim, a Ética se constitui como uma reflexão sobre o comportamento moral dos indivíduos em sociedade. A reflexão que se fazia sobre a moral, ou seja, os ‘costumes do homem na Pólis, Segundo Adolfo Vazquez, pode ser definida como um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam o comportamento individual e social dos homens. Portanto, no plano da moral encontramos duas faces: a primeira, o normativo, 5 ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco, pág. 6-8 7 constituído pelas normas ou regras de ação e pelos imperativos que enunciam algo que deve ser; e segundo, o fatual que é o plano dos fatos morais, constituído por certos atos humanos que se realizam efetivamente.6 O normativo não existe independentemente do fatual, mas aponta para um comportamento efetivo, pois, toda norma postula um tipo de comportamento que considera devido, exigindo que esse comportamento passe a fazer parte do mundo dos fatos morais, isto é, do comportamento efetivo real dos homens. Assim de Acordo com Vazquez: Os atos adquirem um significado moral: são positivos ou moralmente valiosos quando estão de acordo com a norma e negativos quando violam ou não cumprem as normas. Portanto, certos atos são incluídos na esfera moral por cumprirem ou não uma determinada norma.7 De acordo com os estudos sobre ética, de Edouard Delruelle, “o termo ética permite delimitar uma dimensão do comportamento que escapa à moral. é a dimensão subjetiva e ponderada dos valores e das normas; a forma como cada um se conduz, como cada um se define enquanto sujeito moral”8. Nesse caso podemos utilizar os termos, «ética e moral» para definir os comportamentos humanos e nada impede de se utilizar essas duas palavras dando-lhes sentidos diferentes. “A ética, tal como a entendemos, é o estudo lógico da linguagem da moral”9. Numa visão pragmática, há quem sustente que a moral é ampla e abrangente. Quando suas normas são positivadas, está-se a falar de ética. Por isso é que existem “Códigos de Ética” e não “Códigos de Moral”. Mas para melhor adentrar ao universo ético, é necessário conhecer o que outros pensadores dizem sobre ética. Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.10 É uma ciência, pois tem objeto próprio, leis próprias e método próprio, na singela identificação do caráter científico de um determinado ramo do conhecimento. O objeto da Ética é a moral. A moral é um dos aspectos do comportamento humano. Com exatidão maior, o objeto da ética é a moralidade positiva, ou seja, “o conjunto de regras de comportamento e formas de vida através das quais tende o homem a realizar o 6 VAZQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. Tradução João Dell’ Anna. 20ª ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2000, p. 63 7 Ibidem, p. 64 8 DELRUELLE, Édouard. Metamorfose do Sujeito – A ética filosófica de Sócrates a Focault, Lisboa, Instituto Piaget, 2004p. 16. 9 HARE, R. M. A linguagem da Moral, São Paulo, Martins Fontes, 1996 p. 7. 10 Adolfo Sánchez Vázquez, Ética, p. 12. 8 valor do bem”11. A distinção conceitual não elimina o uso corrente das duas expressões como sinônimas. Se a ética é a doutrina do valor do bem e da conduta humana que tem por objetivo realizar esse valor, a nossa ciência “não é senão uma das formas de atualização ou de experiência de valores ou, por outras palavras, um dos aspectos da Axiologia ou Teoria dos Valores”12. Assim, o complexo de normas éticas se alicerça em valores, normalmente designados valores do bom. Há conexão indissolúvel entre o dever e o valioso. Pois à pergunta “o que devemos fazer?” só se poderá responder depois de saber a resposta à indagação “o que é valioso na vida?” Toda norma pressupõe uma valoração e, ao apreciá-la, surge o conceito do bom – correspondente ao valioso – e do mau – no sentido de desvalioso. E norma é regra de conduta que postula dever13. Todo juízo normativo é regra de conduta, mas nem toda regra de conduta é uma norma, pois algumas das regras de conduta têm caráter obrigatório, enquanto outras são facultativas. As regras a serem observadas para acessar a internet ou para viabilizar um programa de software, por exemplo, são de ordem prática e exprimem uma necessidade condicionada. 2. Ética para as empresas. Assim como se discute a necessidade e a conveniência de um Código de Ética para outras profissões, questiona-se a oportunidade de elaboração de um rol de deveres para as empresas. Elencar condutas antiéticas envolve um risco: tudo aquilo que não estiver exatamente tipificado escapa ao rótulo e passa a ser eticamente permitido. Por esse motivo é que muitas empresas deixam de adotar a estratégia da codificação moral. Simplesmente adotam “a regra dourada ‘aja com os outros como você gostaria que agissem com você’”14. Ou continuam a agir como sempre atuaram, com vistas exclusivamente na obtenção de retorno do capital investido. A tendência é a generalização dos Códigos de Ética Empresariais. “Os valores inerentes à cultura de uma empresa podem ser formalizados e expressos no chamado código de ética empresarial. Em alguns casos exemplares, a publicação e a distribuição de um 11 MÁYNEZ, Eduardo García, Ética – Ética empírica. Ética de bens. Ética formal. Ética valorativa, p. 12. Ibidem, p.12 13 Ibidem, p. 19. 14 ASHLEY, Patrícia Almeida, (coord.) Racionalidades para a ética empresarial e a gestão da empresa cidadã. Ética e responsabilidade social nos negócios, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 21. 12 9 código é uma forma de assumir explicitamente um conjunto de valores que já vêm governando a empresa e seus funcionários, há um tempo considerável. Em outros casos, a publicação e a distribuição de um código não passa de uma tentativa desesperada de persuadir ou ameaçar os funcionários a aceitarem um conjunto de princípios em seu dia a dia. E, algumas vezes, esse código não passa de uma tentativa hipócrita de estabelecer relações públicas.”15 Para as empresas que preferem a adoção de um Código de Ética, a crença é a de que tal opção propicia “que todos dentro e fora da organização conheçam o comprometimento da alta gerência com a sua definição de padrão de comportamento ético e, mais importante, que todos saibam que os dirigentes esperam que os funcionários ajam de acordo com esse padrão. O código define o comportamento considerado ético pelos executivos da empresa e fornece, por escrito, um conjunto de diretrizes que todos os funcionários devem seguir”.16 É essencial que a mais alta hierarquia da empresa não só explicite apoio a esse código, como demonstre, de forma nítida, atuar de acordo com o seu conteúdo. Nada mais nefasto do que distanciar a prática do discurso. Na linha do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Também é fundamental que o código derive de uma participação ativa de representantes de todos os setores da empresa. A experiência de comitês integrados por atores representativos de todas as áreas afetadas pelo código é a mais exitosa. Esse comitê deve se encarregar da discussão prévia, da colheita de opiniões, da consulta aos demais exemplares já provados em outras empresas, e com esse processo se legitimará o resultado do trabalho coletivo. 3. Ética nos negócios, a profissão como vocação. O comércio e a economia de mercado de trocas são atividades profundamente humanas que levam à prosperidade geral. Nessa conformidade, já insistimos que os negócios precisam ser reposicionados dentro da estrutura da existência humana. Assim como estudamos arte e literatura, estudos sociais e política para entender o que significa sermos humanos, também precisamos estudar economia e negócios a fim de alcançar um entendimento mais adequado e abrangente da pessoa humana. Achamos normal que, embora só algumas pessoas se especializem em literatura e dela se tornem profissionais, todos 15 16 R. SOLOMON, A melhor maneira de fazer negócios, São Paulo, Negócio, 2000. p. 88. ASHLEY, Patrícia Almeida, op. cit., p. 21. 10 precisamos de um entendimento geral de nosso papel para ajudar a definirmo-nos e à nossa sociedade. Da mesma maneira, algumas pessoas especializam-se em negócios e tornam-se seus principais defensores, mas todos precisam entender seu papel construtivo para aumentar a prosperidade geral da sociedade. Os líderes de negócios quase sempre veem sua vida em termos maiores do que ganhar dinheiro. Não que ganhar dinheiro seja sem importância. É antes mais uma medida de sucesso do que objeto de cobiça. Muitos líderes de negócios reconhecem que foram dotados de talento e desejo profundos de criar, de sobressair-se e, a longo prazo ( e talvez com frequência só a longo prazo), ser, de alguma forma, útil para suas comunidades ou seus semelhantes. Há um sentimento de satisfação em um trabalho bem feito, seja a curto prazo, como conseguir uma nova conta, seja a longo prazo, como tornar-se excelente vendedor. Assim como as empresas têm um conjunto de valores básicos que guiam seu sucesso, também o indivíduo é guiado pela combinação singular de valores que forma quem ele é. Entretanto, há uma grande diferença entre os valores básicos claramente definíveis, deliberadamente escolhidos, que identificam uma empresa e a busca durante a vida toda pelo indivíduo para responder à pergunta: o que me realiza como profissional? O que me motiva a despender tremenda energia mental e física numa empresa? A crescente percepção de quem somos é um desenvolvimento da vida toda. As empresas nem sempre se preocupam em desenvolver nos seus colaboradores a consciência desta dimensão vocacional. “o ponto de gravidade para a qual tendem todas as coisas,”17 isto é, o fluxo de realização de um ser humano no exercício de sua atividade profissional. É complicado ainda mais pelo fato de ser impossível experimentar tudo da vida em um momento, embora haja momentos mais definidores do que outros. Descobrimos a nós mesmos não apenas pela reflexão e introspecção, mas também pela maneira como agimos e reagimos ao mundo em que vivemos. Como resultado, há muitas maneiras de obter maior autoconhecimento. O que é indubitável é que o progresso no autoconhecimento é vital para identidade moral e a liderança. Esse processo começa pela ligação com os sonhos que soltam a paixão, a energia e o arrebatamento da pessoa a respeito da vida. Envolve ultrapassar os “zeros” de nossa vida. É trabalho árduo porque os hábitos de nossos pensamentos e sentimentos construíram no cérebro um conjunto de circuitos neurais muito movimentados, altamente reforçados. Exercícios para libertar nossos sonhos e nossas aspirações para o futuro ajudam. Focalizar 17 AHNER, Gene. Ética nos negócios, construir uma vida, não apenas ganhar dinheiro. São Paulo, Paulinas, 2009, p. 141-142 11 uma visão de nós mesmos no futuro leva-nos a transpor alguns dos inevitáveis obstáculos do presente. Em grande parte, a “jaula de ferro” na qual estamos todos presos não é examinada. No decorrer de uma vida atarefada, adotamos as expectativas dos outros ou somos seduzidos por ideias aceitas de poder, fama ou sucesso. Você sabe que começou a passar disso para o centro de si mesmo, quando, de repente, se sente arrebatado pelas possibilidades que sua vida oferece. Depois de chegar ao fim de cada período, examine o que anotou. Há algum tema constante? Há algum fio que entrelaça e liga os incidentes? Quais são os momentos definidores de sua vida quando você olha para trás? Você vê alguma ligação entre o que é importante para você agora e os incidentes vitais de sua vida conforme você os definiu? Faça a si mesmo um controle da realidade conversando sobre suas descobertas com um grupo ou um amigo e obtendo algum retorno. De algumas maneiras, um exercício como o proposto nunca se completa. Oferece um programa para a vida toda. Exige reflexão constante, da qual foge quem vive à deriva. Por outro lado, tal reflexão é realizada de várias maneiras. O que é indispensável é a necessidade de penetrar em nosso próprio íntimo, nossos sonhos, esperanças e paixões, para a vida ser vivida com integridade e autenticidade. 4. Ética do profissional de Contábeis. O bom exercício da atividade do profissional de contabilidade se caracteriza basicamente pela qualidade da prestação de serviços, o fornecimento de informações que visa de sobremaneira, a proteção do patrimônio das empresas e também de pessoas físicas, auxiliando-as em tomada de decisões presentes e futuras dessas entidades. O profissional contábil deve ter um comportamento ético inquestionável, saber manter sigilo, ter conduta pessoal, dignidade, honra, competência e serenidade para proporcionar ao usuário informações com segurança e confiabilidade. No capítulo II, artigo 2º do código de ética, em que trata dos deveres e proibições dos profissionais de contábeis se destaca a seguinte formulação, é dever do contabilista: I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais; 12 II - guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade.18 Por outro lado, percebemos que as organizações estão inseridas no ambiente competitivo, onde nem sempre as pessoas agem de forma ética, tal que não medem esforços e nem escrúpulos para ganhar dinheiro e alcançar sucesso. Do ponto de vista ético, o profissional de contábeis precisaria assumir uma posição em que não estivesse totalmente subornado as organizações ao ponto de não conseguir autonomia em suas tomadas de decisões, a partir de uma conduta ética firme, tanto profissional quanto individual. 5. Conclusão 18 Código de ética do Contabilista. Resolução CFC Nº 803/1996, Redação alterada pela Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010) 13 Percebemos ao longo desta pesquisa bibliográfica que as questões éticas estão sendo discutidas hoje no campo profissional, organizacional e governamental. Justamente devido aos problemas envolvendo áreas contábeis apresentados em rede nacional para a sociedade. Segundo o filósofo grego, Aristóteles, toda a atividade humana, em qualquer campo, tende a um fim que é, por sua vez, um bem: o Bem Supremo ou Sumo Bem, que seria resultado do exercício perfeito da razão, função própria do homem. Assim sendo, o homem virtuoso é aquele capaz de deliberar e escolher o que é mais adequado para si e para os outros, movido por uma sabedoria prática em busca do equilíbrio entre o excesso e a deficiência. A virtude não é, portanto, natureza; e não haveria um aprendizado suficientemente eficaz para garantir a ação virtuosa. A virtude, contudo, seria a forma mais plena da excelência moral; e, por tal razão, não poderia existir em seres incompletos ainda em formação, como as crianças. A excelência moral, revelada pela prática da virtude, seria, antes de tudo, uma disposição de caráter. Para o exercício da virtude seria, pois, necessário conhecer, julgar, ponderar, discernir, calcular e deliberar. A virtude, como excelência moral, corresponderia à ideia de uma razão reta relativa às questões da conduta. Diante disto, o profissional de contábil deverá manter-se sempre atualizado das legislações vigente e possuir bastante conhecimento do Código de Ética que regulamenta a sua profissão para exercer uma conduta ética profissional capaz de se auto realizar pessoalmente e responder as necessidades da Sociedade, através dos serviços prestados. Se a base de nossas ações morais não está apenas fora de nós mesmos, mas na relação com o outro que nem sempre escolhemos para conviver basicamente uma vida inteira, por isso, talvez precisemos voltarmo-nos para dentro de nós mesmos, para encontrarmos um padrão de pensamento moral baseado em virtude ou no cuidado. E a regra de ouro para a boa convivência diz que: “ não faça aos outros o que não quer que lhe façam. 6. Referências bibliográficas. 14 AHNER, Gene. Ética nos negócios, construir uma vida, não apenas ganhar dinheiro. São Paulo, Paulinas, 2009 ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Tradução e notas de Edson Beni, 2ª ed. Bauru SP, EDIPRO, 2007 ARISTÓTELES, Política. Tradução Mário da Gama Kury. 3ª ed. Brasília, Universidade de Brasília – UnB, 1997. ASHLEY, Patrícia Almeida (coord.) Racionalidades para a ética empresarial e a gestão da empresa cidadã. Ética e responsabilidade social nos negócios, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005. DELRUELLE, Édouard. Metamorfose do Sujeito – A ética filosófica de Sócrates a Focault, Lisboa, Instituto Piaget, 2004p. 16. HARE, R. M. A linguagem da Moral, São Paulo, Martins Fontes, 1996 p. 7. MÁYNEZ, Eduardo García. Ética – Ética empírica. Ética de bens. Ética formal. Ética valorativa, 18ª, México, Porrúa, 1970. SOLOMON R., A melhor maneira de fazer negócios, São Paulo, Negócio, 2000. VAZ, Henrique C. de Lima. Escritos de Filosofia IV: Introdução à Ética Filosófica. São Paulo: Edições Loyola, 1999. VAZQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. Tradução João Dell’ Anna. 20ª ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2000, p. 63 15 FACULDADE CEARENSE – FAC BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS Artigo apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cearense – FAC, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, sob orientação do Prof. Ms. Nilo César Batista da Silva. Ética profissional no mundo dos negócios. Carlos Eduardo Lopes Ferreira ________________________________________ Prof. Ms. Nilo César Batista da Silva Orientador ________________________________________ Profª Dra. Marcia Maria Machado Freitas Membro I ________________________________________ Prof Ms. Hamilton Teixeira dos Santos Júnior Membro II Fortaleza - Ce Junho/2013