danielle de oliveira maia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Desenvolvimento de um novo complexo macrocíclico
do sistema cobalto cyclam
Danielle de Oliveira Maia
_______________________________________
Dissertação de Mestrado
Natal/RN, julho de 2011
Danielle de Oliveira Maia
Desenvolvimento de um novo complexo macrocíclico do sistema cobalto cyclam
Dissertação apresentada ao Programa
Pós-Graduação
em
Química
Universidade Federal do Rio Grande
Norte como requisito para a obtenção
título de mestre em química, área
concentração Química Inorgânica.
de
da
do
do
de
Orientadora: Profa. Dra. Fabiana
Roberta Gonçalves e Silva Hussein
Co-orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima
Pontes
Natal - RN
2011
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Química
Maia, Danielle de Oliveira.
Desenvolvimento de um novo complexo macrocíclico do sistema cobalto cyclam /
Danielle de Oliveira Maia. Natal, RN, 2011
93 f.
Orientador: Fabiana Roberta Gonçalves e Silva Hussein.
Co-orientador: Daniel de Lima Pontes.
Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.
1. Cobalto – Dissertação. 2. Cobalto cyclam – Dissertação 3. Tiossulfato –
Dissertação. 4. Compostos de coordenação – Dissertação. 5. Voltametria cíclica–
Dissertação. 6. Luminescência – Dissertação I. Hussein, Fabiana Roberta Gonçalves e
Silva. II. Pontes, Daniel de Lima. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. VI.
Título.
RN/UFRN/BSE- Química
CDU 546.73
Dedico este trabalho aos meus pais,
grandes educadores.
AGRADECIMENTOS
Todas as palavras que conheço são muito pouco, para expressar toda minha gratidão a
todos os que participaram desta jornada, mas este é meu humilde reconhecimento.
A professora Fabiana Roberta por ter sido durante esta jornada uma grande orientadora
e amiga, que acreditou e depositou sua confiança em mim.
Ao professor Daniel Pontes, por compartilhar seus conhecimentos estar sempre disposto
a discutir e principalmente por compartilhar experiências que irão me acompanhar por
toda a vida.
Aos meus pais que me ensinaram tudo que é fundamental na vida, a eles devo tudo que
sou.
A minha irmã Michelle Maia pelo apoio, carinho e incentivo.
Aos meus amigos: Roseane, Roberta, Márcia, Marli, Aline Felipe, Dayane Chianca,
William, Cássia e Emanoel pela paciência, amizade e carinho.
Aos meus amigos de laboratório de Química de Coordenação: Cilmara,Yuri, Denise,
Wendy e Aline pelo companheirismo.
Aos professores Carlos Martinez, Nedja Suely e alunas Jéssica Horacina, Danielly
Medeiros, Aline, Elizama, Edivânia, Sheila, Eliane, Henrique e Elayne pelo uso das
instalações do laboratório de Análise Térmica e Eletroanalítica (LATEL), pela paciência
e amizade.
Aos professores José Luís e Márcia Rodrigues e aos alunos Ângelo Anderson e
Anndson pelo uso das instalações do laboratório Membranas e Colóides.
A Capes, pela concessão da bolsa de pesquisa e suporte financeiro.
E principalmente a Deus, por colocar todos vocês no meu caminho e guiar meus passos
ao encontro de pessoas tão maravilhosas. Que ele continue guiando e iluminando nossas
vidas. Amém.
“Não se deve ir atrás de objetivos fáceis.
É preciso buscar o que só pode ser
alcançado por meio dos maiores esforços”.
Albert Einstein
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo sintetizar e estudar as características
espectroscópicas
e
eletroquímicas
Na[Co(cyclam)(tios)2],
dos
compostos
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl,
de
coordenação
trans-[Co(en)2Cl2]Cl
e
transtrans-
Na[Co(en)2(tios)2], em que tios = tiossulfato e en = etilenodiamina. Os compostos
obtidos foram caracterizados por: Análise elementar (CHN), Espectroscopia de
Absorção na Região do Infravermelho (IV), Espectroscopia de Absorção na Região do
UV-Visível, Espectroscopia de Luminescência e Eletroquímica (voltametria cíclica). A
análise elementar (CHN) sugere as seguintes estruturas para os complexos: trans[Co(cyclam)Cl2]Cl.6H2O
e
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2].7H2O.
Na
análise
eletroquímica, ao se fazer uma comparação dos potenciais catódicos (Ec) referentes aos
processos de redução dos complexos trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl e trans-[Co(en)2Cl2]Cl,
observa-se valores mais negativos (-655 mV) no segundo complexo, sugerindo uma
maior doação eletrônica ao centro metálico neste complexo o que pode ser atribuído a
uma maior proximidade dos átomos de nitrogênio da etilenodiamina em relação a
ligação metal–nitrogênio do cyclam, devido ao efeito do ajuste do anel macrocíclico ao
centro metálico (efeito macrocíclico), o que faz com que a ligação metal-nitrogênio não
seja tão próxima quanto da etilenodiamina, fato que difere os ligantes em estudo.
Comportamento similar é também observado para os complexos, em que os cloretos são
substituídos pelo ligante tiossulfato, trans-Na[Co(en)2(tios)2] (-640 mV) e
trans-
Na[Co(cyclam)(tios)2] (- 376 mV). Na espectroscopia de absorção na região do UVvisível observa-se a banda de transferência de carga LMCT (p do ligante  d* do
metal),
como
sendo
a
de
maior
comprimento
de
onda
para
o
trans-
Na[Co(cyclam)(tios)2] (350 nm, p tios  d* Co3+) e trans-Na[Co(en)2(tios)2] (333
nm, p tios  d* Co3+) comparativamente ao complexo precursor, trans[Co(cyclam)Cl2]Cl (318 nm, p Cl-  d* Co3+) indicando uma maior facilidade de
transferência de densidade eletrônica para o metal nos complexos com o ligante
tiossulfato. Na análise de infravermelho observou-se a coordenação do ligante
tiossulfato ao metal nos complexos através de bandas na região de 620-635 cm-1,
características que comprovam a forma monodentada de coordenação via átomo de
enxofre e a permanência das bandas νN-H para complexos com etilenodiamina, bandas
em 3283 e 3267 cm-1, e complexos com o cyclam, bandas em 3213 e 3133 cm-1. Na
análise de luminescência foi observada uma banda de transferência de carga em 397 nm
e bandas d-d no espectro de emissão do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em 438,
450, 467, 481 e 492 nm.
Palavras-chave: Cobalto cyclam. Tiossulfato. Compostos de coordenação. Voltametria
cíclica. Luminescência.
ABSTRACT
In this work were synthesized and studied the spectroscopic and electrochemical
characteristics of the coordination compounds trans-[Co (cyclam)Cl2]Cl, transNa[Co(cyclam)(tios)2], trans-[Co(en)2Cl2]Cl and trans-Na[Co(en)2(tios)2], where tios =
thiosulfate and en = ethylenediamine. The compounds were characterized by: Elemental
Analysis (CHN), Absorption Spectroscopy in the Infrared (IR), Uv-Visible Absorption
Spectroscopy, Luminescence Spectroscopy and Electrochemistry (cyclic voltammetry).
Elemental Analysis (CHN) suggests the following structures for the complex: trans[Co(cyclam)Cl2]Cl.6H2O and trans-Na[Co(cyclam)(tios)2].7H2O. The electrochemical
analysis, when compared the cathodic potential (Ec) processes of the complexes trans[Co(cyclam)Cl2]Cl and trans-[Co(en)2Cl2]Cl, indicated a more negative value (-655
mV) for the second complex, suggesting a greater electron donation to the metal center
in this complex which can be attributed to a greater proximity of the nitrogen atoms of
ethylenediamine in relation to metal-nitrogen cyclam. Due to the effect of setting
macrocyclic ring to the metal center, the metal-nitrogen bound in the cyclam are not as
close as the ethylenediamine, this fact became these two ligands different. Similar
behavior is also observed for complexes in which the chlorides are replaced by
thiosulfate ligand, trans-Na[Co(en)2(tios)2] (-640 mV) and trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
(-376 mV). In absorption spectroscopy in the UV-visible, there is the band of charge
transfer LMCT (ligand p d* the metal) in the trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] (350
nm, p tios  d* Co3+) and in the trans-Na[Co(en)2(tios)2] (333 nm, p tios d*
Co3+), that present higher wavelength compared to complex precursor trans[Co(cyclam)Cl2]Cl (318 nm, pCl  d* Co3+), indicating a facility of electron density
transfer for the metal in the complex with the thiosulfate ligand. The infrared analysis
showed the coordination of the thiosulfate ligand to the metal by bands in the region
(620-635 cm-1), features that prove the monodentate coordination via the sulfur atom.
The νN-H bands of the complexes with ethylenediamine are (3283 and 3267 cm-1) and
the complex with cyclam bands are (3213 and 3133 cm-1). The luminescence spectrum
of the trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] present charge transfer band at 397 nm and bands dd at 438, 450, 467, 481 and 492 nm.
Keywords: Cobalt cyclam. Thiosulfate. Coordination compounds. Cyclic voltammetry.
Luminescence.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Anel porfírinico (1). Grupo Heme apresentando a coordenação do
ferro aos ligantes (2)..........................................................................
23
Figura 2 -
Estrutura do grupo Heme da hemoglobina e da clorofila A..............
24
Figura 3 -
Representação esquemática do criptante...........................................
25
Figura 4 -
Estruturas de éter de coroa e aza de coroa........................................
26
Figura 5 -
Estrutura química do cyclam e cyclen ..............................................
27
Figura 6 -
Reação de obtenção do cyclam.....................................................
28
Figura 7 -
Estrutura do ligante etilenodiamina...............................................
29
Figura 8 -
Estrutura dos ligantes: trans-[Co(en)2Cl2 (a) e cis-[Co(en)2Cl2]Cl
(b) ....................................................................................................
29
Figura 9 -
Estrutura do íon tiossulfato...........................................................
30
Figura10 -
Estrutura de diferentes complexos de Ouro com ligantes
apresentando enxofre como átomos doadores. Sanocrysin (1),
átomo de ouro coordenado ao ligante tiossulfato, Miocrysin (2) e
Aurotioglucose (3)...........................................................................
Figura11 -
Possibilidades de coordenação
do
ligante tiossulfato:
31
(a)
monodentado pelo enxofre, (b) em ponte pelo átomo de enxofre,
(c)
bidentado
pelos
átomos
de
enxofre
e
oxigênio
simultaneamente.................................................................................
32
Figura12 -
Estrutura de complexos de Ru(II) com o tiossulfato.........................
33
Figura13 -
Fórmula estrutural da coenzima B12..................................................
34
Figura14 -
Estrutura do complexo [CoH(CO)3] – tricarbonilcobaltohidreto(I)...
34
Figura15 -
Estrutura do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl.............................
36
Figura16 -
Estrutura do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]........................
38
Figura17 -
Estrutura do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl....................................
39
Figura18 -
Estrutura do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2]...............................
40
Figura19 -
Representação do estado fundamental e dos estados excitados
singleto e tripleto...............................................................................
Figura20 -
Esquema dos níveis de energia de uma molécula orgânica
mostrando os possíveis caminhos de decaimento da energia
absorvida. As setas sólidas indicam absorção e emissão da
radiação. As setas pontilhadas indicam transições não radiativas. O
44
estado triplete é indicado por T e os estados singletos são indicados
por S2, S1 e S0.........................................................................
Figura21 -
45
Espectro de absorção na região do infravermelho para o ligante
cyclam em pastilha de KBr.....................................................
Figura22 -
49
Espectro de absorção na região do infravermelho para o complexo
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl em pastilha de KBr...............................
Figura23-
Sobreposição
dos
espectros
de
absorção
na
região
51
do
infravermelho do cyclam (livre) (azul) e do complexo trans[Co(cyclam)Cl2]Cl (preto)................................................................
Figura24 -
Sobreposição
dos
espectros
de
absorção
na
região
52
do
infravermelho do cyclam livre (azul) e complexo trans[Co(cyclam)Cl2]Cl (preto) na região de 4000 a 2200 cm-1...............
Figura25 -
Espectro de absorção na região do infravermelho para o sal
tiossulfato de sódio (Na2S2O3.5H2O) em pastilha de KBr.................
Figura26 -
54
Espectro de absorção na região do infravermelho para o complexo
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em pastilha de KBr.................
Figura27 -
53
Sobreposição
dos
espectros
de
absorção
na
região
56
do
infravermelho do ligante cyclam (vermelho) e complexo transNa[Co(cyclam)(tios)2 (preto)............................................................
Figura28 -
Sobreposição
dos
espectros
de
absorção
na
região
58
do
infravermelho do sal tiossulfato de sódio (azul) e do complexo
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] (preto)..................................................
Figura29 -
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo
trans-[Co(en)2Cl2]Cl em pastilha de KBr..........................................
Figura30 -
61
Espectro de absorção na região do UV-Visível do ligante cyclam
em metanol na concentração de 10-3 mol.l-1.....................................
Figura32 -
60
Espectro de absorção na região do infravermelho para o complexo
trans-Na[Co(en)2(tios)2] em pastilha de KBr..................................
Figura31-
59
63
Espectro de absorção na região do UV-Visível do complexo trans[Co(cyclam)Cl2]Cl obtido em metanol
nas concentrações 10-4
(espectro principal) e 10-3 mol.l-1 (Detalhe do espectro ampliado na
região de 400 a 800nm)...................................................................
Figura33 -
Espectro de absorção na região do UV-Visível para o sal
tiossulfato de sódio obtido em metanol na concentração 10 -3
64
mol.l-1................................................................................................
Figura 34 -
65
Espectro de absorção na região do UV-Visível do complexo transNa[Co(cyclam)(tios)2] em metanol na concentração de 10-4 e 10-3
mol.l-1..............................................................................................
Figura 35 -
66
Espectro de absorção na região do UV-Visível do complexo trans[Co(en)2Cl2]Cl em metanol na concentração de 10-4 e 10-3
mol.l-1.................................................................................................
Figura 36 -
69
Espectro de absorção na região do UV-Visível do complexo transNa[Co(en)2(tios)2]
em metanol na concentração de 10-4 e 10-3
mol.l-1.................................................................................................
70
Figura 37 -
Espectro de excitação do ligante cyclam fixando λem em 340 nm.....
72
Figura 38 -
Espectro de emissão do ligante cyclam fixando λexc em 290 nm.......
73
Figura 39 -
Espectro de excitação do sal tiossulfato de sódio fixando λ em em
320 nm..............................................................................................
Figura 40 -
Espectro de emissão do sal tiossulfato de sódio fixando λexc em 280
nm ....................................................................................................
Figura 41-
79
Voltamograma do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl em KCl
(0,1 M), pH=3, v = 100 mV.s-1..........................................................
Figura 48 -
78
Voltamograma do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em KCl
(0,1 M), pH=3, v = 100 mV.s-1..........................................................
Figura 47 -
77
Voltamograma do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2 ]Cl em KCl (0,1
M), pH=3, v = 100 mV.s-1..................................................................
Figura 46 -
77
Espectro de emissão do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
fixando λexc em 289 nm....................................................................
Figura 45 -
76
Espectro de excitação do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2],
fixando λem em 397 nm......................................................................
Figura 44 -
75
Espectro de emissão do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
fixando λexc em 230 nm.....................................................................
Figura 43 -
74
Espectro de excitação do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
fixando λem em 289 nm.....................................................................
Figura 42 -
74
80
Voltamograma do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2] em KCl (0,1
M), pH=3, v = 100 mV.s-1................................................................
81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Substâncias utilizadas nas sínteses dos complexos........................
Tabela 2 -
Composição
percentual
calculada
e
experimental
para
complexos...........................................................................
Tabela 3 -
48
Atribuições das principais bandas do espectro de infravermelho
para o ligante cyclam.....................................................................
Tabela 4 -
51
Atribuições das principais bandas encontradas no espectro de
infravermelho para o sal tiossulfato de sódio................................
Tabela 6 -
Atribuições das freqüências na região do Infravermelho (cm ) para
57
Atribuições das freqüências na região do infravermelho (cm-1) para
o complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl...........................................
Tabela 8-
60
-1
Atribuições das freqüências na região do infravermelho (cm ) para
o complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2].....................................
Tabela 9-
62
Absortividade molar do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl em
metanol............................................................................................
Tabela10-
66
Comparativo das bandas de transferência de carga (LMCT) dos
complexos
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
e
trans-
Na[Co(cyclam)(tios)2...............................................................................................
Tabela12-
Bandas d-d dos complexos.............................................................
Tabela13-
Absortividade molar do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl em
metanol...............................................................................................
Tabela14-
64
Absortividade molar do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em
metanol......................................................................................
Tabela11-
54
-1
o complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]...............................
Tabela 7-
49
Atribuições das freqüências na região do Infravermelho (cm-1) para
o complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl....................................
Tabela 5 -
35
67
68
69
Absortividade molar do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2] em
metanol............................................................................................
Tabela15-
Bandas d-d dos complexos.............................................................
Tabela16-
Atribuições dos E1/2 para os complexos..........................................
Tabela17-
Dados eletroquímicos dos complexos..............................................
70
71
80
82
LISTA DE FLUXOGRAMAS
Fluxograma 1 -
Síntese do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl.................
36
Fluxograma 2 -
Síntese do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]............
37
Fluxograma 3 -
Síntese do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl........................
39
Fluxograma 4 -
Síntese do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2]..................
40
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
Tios
Tiossulfato
UV-Vis Espectroscopia de absorção na região do ultravioleta e visível
IV
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho

Absortividade molar
E1/2
Potencial de meia onda
λ
Comprimento de onda
exc
Excitação
em
Emissão
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..............................................................................
19
2
OBJETIVOS...................................................................................
21
2.1
OBJETIVOS GERAIS...............................................................................
21
2.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................
21
3
ESTADO DA ARTE................................................................................
22
3.1
COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO.....................................................
22
3.1.1
Macrocíclicos..............................................................................................
23
3.1.2
Cyclam.........................................................................................................
27
3.1.3
Etilenodiamina..........................................................................................
29
3.1.4
Íon Tiossulfato..........................................................................................
30
3.1.5
Cobalto.......................................................................................................
33
4
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL...............................................
35
4.1
REAGENTES............................................................................................
35
4.2
PROCEDIMENTO PARA SÍNTESE DOS COMPLEXOS....................
35
4.2.1
Síntese do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl.......................................
35
4.2.2
Síntese do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]..................................
37
4.2.3
Síntese do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl..............................................
38
4.2.4
Síntese do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2]........................................
39
4.3
PROCEDIMENTOS DE CARACTERIZAÇÃO....................................
41
4.3.1
Análise Elementar (CHN)........................................................................
41
4.3.2
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho (IV).............
41
4.3.3
Espectroscopia de absorção na região do ultravioleta–visível (UV) ...
41
4.3.4
Espectroscopia de luminescência............................................................
42
4.3.5
Análise eletroquímica...............................................................................
42
4.4
TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO..................................................
42
4.4.1
Análise Elementar (CHN).......................................................................
42
4.4.2
Espectroscopia na região do infravermelho..........................................
42
4.4.3
Espectroscopia na região do ultravioleta – visível................................
43
4.4.4
Espectroscopia de luminescência............................................................
44
4.4.5
Análise eletroquímica..............................................................................
46
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................
48
5.1
ANÁLISE ELEMENTAR (CHN)...........................................................
48
5.2
ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO............................................................................................
5.2.1
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para o
ligante cyclam...........................................................................................
5.2.2
ESPECTROSCOPIA
DE
ABSORÇÃO
NA
REGIÃO
62
Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para
o complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl..............................................
5.3.3
63
Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para
o sal tiossulfato de sódio.................................................................
5.3.4
65
Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para
o complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]........................................
5.3.5
65
Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para
o complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl....................................................
5.3.6
62
Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para
o ligante cyclam................................................................................
5.3.2
61
DO
ULTRAVIOLETA e VISÍVEL (UV-VIS)...............................................
5.3.1
59
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para
complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2............................................................
5.3
55
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para
complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl................................................................
5.2.6
53
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para
complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]....................................................
5.2.5
50
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para o sal
tiossulfato de sódio...................................................................................
5.2.4
48
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para o
complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl..........................................................
5.2.3
48
68
Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para
o complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2................................................
69
5.4
ESPECTROSCOPIA DE LUMINESCÊNCIA........................................
72
5.4.1
Espectroscopia de luminescência do ligante cyclam..............................
72
5.4.2
Espectroscopia de luminescência do sal tiossulfato de sódio................
73
5.4.3
Espectroscopia
de
luminescência
do
complexo
trans-
[Co(cyclam)Cl2]Cl...................................................................................
75
5.4.4
Espectroscopia de luminescência do complexo transNa[Co(cyclam)(tios)2]............................................................................ 76
5.5
ANÁLISE
ELETROQUÍMICA
–
VOLTAMETRIA
CÍCLICA.............................................................................................
5.5.1
Voltametria
cíclica
do
complexo
precursor
trans-
[Co(cyclam)Cl2]Cl..............................................................................
5.5.2
Voltametria
cíclica
do
complexo
78
78
trans-
Na[Co(cyclam)(tios)2]........................................................................
79
5.5.3
Voltametria cíclica do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl...................
80
5.5.4
Voltametria cíclica do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2].............
81
6
CONCLUSÃO...........................................................................................
83
REFERÊNCIAS.......................................................................................
85
19
1 INTRODUÇÃO
Os compostos de coordenação dos metais de transição são de muita importância
em diversas áreas da química, desempenhando papéis significantes em campos que vão
desde a medicina, agricultura até a metalurgia [1].
Complexos que possuem o íon metálico coordenado a ligantes que apresentam
átomos de nitrogênio ou enxofre como espécies doadoras de elétrons, são
reconhecidamente importantes em sistemas biológicos, podendo ser encontrados em
metaloproteínas bem como em metalofármacos. Tais átomos estão presentes, por
exemplo, em metaloproteínas tais como a hemoglobina, onde o átomo de ferro está
ligado a quatro átomos de nitrogênio da porfirina, na Anidrase carbônica, onde o átomo
de zinco está ligado ao átomo de nitrogênio do grupo imidazol de aminoácidos histidina
e ainda as proteínas do grupo das rubredoxinas onde um átomo de ferro está coordenado
a átomos de enxofre de quatro aminoácidos cisteína [2]. Tal observação classifica os
ligantes contendo átomos de nitrogênio e enxofre em sua estrutura como espécies de
grande interesse no estudo de suas aplicações biológicas.
No decorrer dos últimos quarenta anos, a química de coordenação, envolvendo
ligantes macrocíclicos, principalmente dos tetraazamacrocílicos, vem se desenvolvendo
enormemente e tem se mostrado como uma fascinante área de interesse dentro da
química inorgânica [3]. Os compostos macrocíclicos e seus derivados possuem uma
ampla variedade de aplicações, que vão desde a química analítica, reações de oxidaçãoredução, separação e transporte de gases, até separação de metais. É relevante também
observar que essencialmente nos anos mais recentes as aplicações nas áreas médicas
receberam especial atenção [4].
Cyclam ou 1, 4, 8, 11 - tetraazamacrocíclico é um ligante macrocíclico, sendo
classificado como poliazamacrocíclicos devido à presença de quatro átomos de
nitrogênio em sua estrutura que podem se coordenar a diferentes centros metálicos
originando assim diferentes complexos metálicos [4]. Um importante diferencial deste
ligante, frente a sistemas macrocíclicos porfirínicos, é a possibilidade da obtenção de
complexos com isomerias cis e trans, assim como também pode ser observado em
sistemas contendo ligantes nitrogenados similares, porém não cíclicos, onde possuem
grande destaque os compostos de bis (etilenodiamina).
Outro ligante estudado neste trabalho é o íon tiossulfato (S2O32-) que por possuir
átomos de enxofre e de oxigênio em sua estrutura pode originar compostos com
20
diferentes geometrias e características eletrônicas, dependendo da natureza e do número
de átomos doadores coordenados ao metal [5].
21
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
O objetivo geral deste trabalho constitui-se na obtenção e estudo de um novo
complexo contendo o ligante macrocíclico cyclam, trans-Na[Co(cyclam)(tios)2], em que
tios = tiossulfato, bem como da avaliação das características espectroscópicas e
eletroquímicas de compostos contendo ligantes nitrogenados cíclicos (cyclam) e não
cíclicos (etilenodiamina), tendo como ligantes axiais os íons tiossulfato e cloreto.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
-
Desenvolver
uma
metodologia
para
a
síntese
do
complexo
trans-
Na[Co(cyclam)(tios)2];
- Sintetizar os complexos trans-[Co(cyclam)Cl2 ]Cl,
trans-[Co(en)2Cl2]Cl e trans-
Na[Co(en)2(tios)2];
- Caracterizar e estudar os compostos sintetizados através de técnicas Espectroscópicas
(Espectroscopia Eletrônica na Região do Ultravioleta e Visível, Espectroscopia
Vibracional na Região do Infravermelho e Luminescência para os compostos contendo
o ligante cyclam).
- Caracterizar e estudar os compostos sintetizados através de Voltametria Cíclica.
-Comparar o efeito dos ligantes nitrogenados cíclicos e lineares, cyclam e
etilenodiamina respectivamente, em relação às características espectroscópicas dos
compostos.
- Comparar o efeito dos ligantes axiais tiossulfato e cloreto em relação às características
espectroscópicas dos compostos.
22
3 ESTADO DA ARTE
3.1 COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO
Alguns pesquisadores, onde podemos citar principalmente Sophus Mads
Jorgensen e Alfred Werner, estudaram os compostos de coordenação buscando explicar
as interações observadas entre metais e os ligantes nesta classe de compostos.
Entretanto, a explicação para as interações metal-ligantes nos compostos de
coordenação que apresentou maior êxito foi sugerida por Alfred Werner em 1893,
servindo de base para toda a química de coordenação moderna [6]. Como resultado de
seus estudos, Werner propôs que compostos de coordenação são substâncias que
apresentam um átomo ou íon central, frequentemente um metal, rodeado por um grupo
de íons, moléculas ou radicais ligados a este elemento central por forças que variam de
acordo com as características das espécies envolvidas [6]. As espécies que se ligam
diretamente ao átomo central são conhecidas como ligantes, que por sua vez, atuam
como bases de Lewis, apresentando pelo menos um par de elétrons livres [1].
Os ligantes podem ser classificados de acordo com o número de átomos
doadores através do qual ocorre a coordenação ao centro metálico. Tal diferenciação
originou as seguintes classificações: Ligantes monodentados, onde apenas um átomo
doador do ligante está coordenado ao centro metálico, como por exemplo: Cl-, NH3 e
CN-. Ligantes bidentados, apresentam dois ou mais átomos do ligante coordenados
simultaneamente a um mesmo centro metálico, como por exemplo: etilenodiamina (en),
bipiridina (bpy) e oxalato (ox). Ligantes polidentados, onde mais do que dois átomos
doadores do ligante estão coordenados simultaneamente a um mesmo centro metálico,
por exemplo: 1, 4, 8,11-tetraazaciclotetradecane (cyclam), porfirina [6].
Nos últimos anos tem sido observado um grande interesse no estudo de
compostos de coordenação, devido principalmente à variedade de aplicações destas
espécies, tais como, em catálise homogênea e heterogênea, fazendo uso de complexos
com o íon cianeto [7], produção de medicamentos, como a cisplatina, utilizada no
tratamento de certos tipos de câncer [8], além de atuarem em reações biológicas, onde
pode ser citada como exemplo a hemoglobina [9], uma metaloproteína responsável pelo
transporte de oxigênio em mamíferos, cuja estrutura é apresentada na Figura 1. No
grupo heme da hemoglobina, mais especificamente na forma oxihemoglobina, o átomo
de ferro (II) está coordenado simultaneamente aos quatro átomos de nitrogênios da
porfirina, localizada no plano equatorial, bem como aos átomos de nitrogênio do anel
23
imidazólico do aminoácido histidina e oxigênio da molécula de O 2, estes últimos nas
posições axiais do complexo.
Figura 1 – Anel porfírinico (1). Grupo Heme apresentando a coordenação do ferro aos ligantes (2).
(1)
(2)
Fonte: Hoy, J.A., Hargrove, M.S. (2008).
Na interação metal-ligante, os ligantes podem atuar como espécies doadoras ( e
) ou retiradoras de elétrons (), dependendo da natureza do ligante, o que pode ser
evidenciado através da sua posição na série espectroquímica. Nos complexos em estudo
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, trans-Na[Co(cyclam)(tios)2], trans-[Co(en)2Cl2]Cl e transNa[Co(en)2(tios)2], os ligantes tiossulfato e cloreto atuam como ligantes doadores ( e
) para o Co3+, os orbitais p dos ligantes se encontram ocupados, ocorrendo uma
transferência de elétrons dos orbitais próximos do ligante para orbitais próximos do
metal, visto que o cobalto nestes complexos está no seu estado de oxidação III,
apresentando uma deficiência em elétrons. Abaixo a série espectroquímica proposta por
Tsuchida em ordem decrescente da força dos ligantes [10].
CO > CN- > PPh3 > NO2- > SO32-> phen > bpy > en > NH3> py > CH3CN > ONO- >
NCS- > OH2 > C2O42- > ONO2->OSO32-> OCHO- > OH- > OCO22-> OCOR- > S2O32> F- >N3-> Cl- > SCN- > S2- > Br- > I3.1.1 Macrocíclicos
O termo macrocíclico é dado a todas as moléculas cíclicas contendo no mínimo
nove átomos, dos quais três são heteroátomos com características doadoras de elétrons
24
[11]. Os compostos macrocíclicos podem ser divididos quanto a sua origem
basicamente em dois grandes grupos: os macrocíclicos naturais, de origem biológica, e
os macrocíclicos sintéticos.
As porfirinas, aqui ilustradas pelo grupo Heme (anel de 16 membros presente na
proteína hemoglobina), Figura 2, servem de exemplo clássico de macrocíclicos de
origem biológica, apresentando importância vital no transporte de moléculas de O 2 e
CO2 em vertebrados. Outros sistemas tetraazamacrocíclicos, semelhantes às porfirinas,
são também encontrados nos vegetais fazendo parte da constituição da molécula de
clorifila (A e B). Outro exemplo representativo é a vitamina B12 (cianocobalamina),
importante co-fator da cadeia respiratória, que é um macrocíclico formado por um anel
de 15 membros [12,13].
Figura 2 - Estrutura do Grupo Heme da hemoglobina e da Clorofila A.
Fonte: Bunzli, J.-C.G;Choppin, G.R. (1989).
Devido à existência de um grande número de ligantes macrocíclicos sintéticos,
há dificuldades em se fazer uma classificação precisa, entretanto duas classes se
apresentam como centrais, os criptantes e os coronantes.
Os criptantes, Figura 3, são ligantes que formam uma “gaiola” em torno de um
íon metálico. Dessa forma estas estruturas encapsulam os íons metálicos dando origem a
complexos metálicos. Os criptantes podem atuar como dispositivos moleculares
conversores de luz (DMCL), que por sua vez são utilizados freqüentemente em
aplicações médicas e clínicas, podendo atuar como uma espécie ativa em
radioimunoterapia [14].
25
Figura 3 - Representação esquemática do criptante.
N
N
N
N
N
N
N
N
Fonte: SabbatinI, N; Guardigli, M. (1993).
Os coronantes, apresentados na Figura 4, são agentes complexantes cíclicos,
contendo vários átomos doadores, geralmente de três a doze, onde estão incluídos os
éteres de coroa, contendo átomos de oxigênio como doadores, e os aza coroa, nestes os
átomos doadores são átomos de nitrogênio, os poliazamacrocíclicos constituem um
exemplo desta classificação [15,16].
26
Figura 4 - Estruturas de éter de coroa e aza de coroa.
Fonte: Saez, R; Caro, P. A. (1998).
Um ligante macrocíclico quando ligado a centros metálicos, confere à espécie
formada características específicas e diferentes de sistemas acíclicos com os mesmos
átomos doadores, como maior força de campo ligante, elevada constante de estabilidade
termodinâmica, efeito este denominado de (efeito macrocíclico), aliados a uma maior
estabilidade cinética. Assim, espécies quelantes macrocíclicos, além de possuírem alta
afinidade com metais de transição [17,18], oferecem o benefício de formar complexos
com elevada estabilidade. Com isso, muitos dos processos biológicos têm a participação
de complexos contendo ligantes macrocíclicos como espécies ativas, tais como
transporte e armazenamento de oxigênio, catálise enzimática, entre outros. Atualmente
estudos do comportamento dessas espécies são abordados, também na indústria
farmacêutica, devido a novas concepções de medicamentos, sendo estes uns dos fatores
27
decisivos para o aumento do interesse no estudo e desenvolvimento de novos
complexos contendo ligantes macrocíclicos [18, 19, 20, 21].
O campo da química de coordenação de poliazamacrocíclicos sintéticos (dos
quais o primeiro exemplo, foi relatado em 1937 por Van Alphen), atingiu espetacular
crescimento desde a publicação de artigos seminais de Curtis, Thompson e Curtis no
início dos anos de 1960 [4]. Os poliazamacrocíclicos têm sido estudados nas últimas
décadas, devido a sua complexação com íons metálicos e lantanídeos [22].
Os
primeiros poliazamacrocíclicos sintetizados foram os tetraazamacrocíclicos, seguidos
pelos triaza e, mais recentemente, os pentaazamacrocíclicos [23].
Dois tetraazamacrocíclicos representam papel importante na química de
coordenação de macrocíclicos, o 1, 4, 7, 10-tetraazaciclododecano (cyclen), e o 1, 4, 8,
11-tetraazaciclotetradecano (cyclam) apresentados na Figura 5 [4].
Figura 5-Estrutura química do cyclam e cyclen.
Fonte: Meyer, M., V; Dahaoui-Gindrey, Lecomte, C; Guilard, R. (1998).
3.1.2. Cyclam
O cyclam (1, 4, 8, 11-tetraazaciclotetradecano) foi sintetizado em 1937 por Van
Alphen e suas propriedades complexantes foram evidenciadas mais tarde através dos
trabalhos de C.J. Pedersen, D. Cram e J.M. Lehn, porém o grande salto no estudo desse
ligante ocorreu a partir da publicação dos artigos de Curtis e Thompson nos anos 1960,
versando sobre a estabilidade termodinâmica e cinética desses compostos [4].
28
As sínteses do cyclam e de seus derivados funcionalizados, originados a partir da
inclusão de grupos orgânicos tanto nos átomos de carbono quanto nos átomos de
nitrogênio do anel, são objetos de grande número de publicações e patentes [24]. Desde
sua descoberta, no final da década de 30 do século passado, várias rotas sintéticas foram
propostas. Uma das proposições interessantes, devido ao bom rendimento da reação
(75%), foi sugerida por Hervé, apresentado na figura 6, que consiste na utilização de
uma tetraamina linear como molécula de partida, protegida por butanodiona, com
posterior ciclização com 1,3-dibromopropano, seguida de desproteção com etanol,
formando o macrocíclico [25].
Figura 6 - Reação de obtenção do cyclam.
NH2
NH
MeCOCOMe
CH3CN,7ºC,2h
NH2
NH
NH
N
Me
Me
NH
N
BrCH2CH2CH2Br
K2CO3,CH3CN
60ºC, 6h
Me
NH
HN
,4HCl
NH
HN
N
N
N
N
HCl, EtOH
2dias, 60ºC
Me
Fonte: Hervé, G; Bernard, H; Le Bris, N; Yaaouanc, J. J; Handel, H; Toupet, L. (1998).
O grande interesse despertado por esse ligante provém da sua habilidade em
coordenar-se com diferentes íons metálicos, especialmente metais de transição, devido
aos quatro átomos de nitrogênio doadores de elétrons em sua estrutura, sendo suas
propriedades de maior interesse derivado a essas características [22]. Isso permite uma
ampla gama de possibilidades de aplicações do cyclam, que vão desde a retirada de
metais pesados de efluentes [26], aplicações em catálise [4], agentes de contraste em
imagem de ressonância magnética, sondas luminescentes, radioimunoterapia [27,28],
29
identificação molecular de DNA e RNA, além de contribuir como modelo para
metaloenzimas [29], atividade antiviral [30,31], inibidores de crescimento de células
tumorais [32] e no tratamento do mal de Alzheimer [33].
3.1.3 Etilenodiamina
O ligante etilenodiamina (en), figura 7, apresenta uma estrutura simples,
composta de 2 átomos de carbono, 8 átomos de hidrogênio e 2 átomos de nitrogênio.
Complexos contendo etilenodiamina como ligante, têm sido amplamente discutida na
literatura, devido a grande capacidade de complexação do grupo amina e suas
aplicações biológicas, como é o caso do complexo cis-[Pd(en)2Cl2] no tratamento contra
o câncer [33]. A interação deste ligante com o centro metálico ocorre de forma
bidentada, devido à presença de dois átomos de nitrogênio doadores. A figura 8
apresenta dois complexos citados na literatura em que o cobalto está coordenado a dois
ligantes etilenodiamina e aos cloretos em isomerias trans (a) e cis (b) [34].
Figura 7 – Estrutura do ligante etilenodiamina.
Fonte: Miller, B; Wild, S; Zorbas, H; Wolfgang, B. (1999).
Figura 8 - Estrutura dos ligantes: trans-[Co(en)2Cl2]Cl (a) e cis-[Co(en)2Cl2]Cl (b).
Cl
Co
H2 N
H2 N
Cl
(a)
N H2
N H2
N H2
N H2
H2 N
H2 N
Co
Cl
Cl
(b)
Fonte: Miller, B; Wild, S; Zorbas, H; Wolfgang, B. (1999).
30
3.1.4 Íon Tiossulfato
O íon tiossulfato, (S2O3)2-, cuja estrutura é apresentada na figura 9, é um
oxiânion de enxofre que pode ser produzido pela reação de íons sulfito com o enxofre,
conforme reação 1, podendo ser encontrado em fontes de águas termais. Este composto
pode ser produzido por bactérias, sob determinadas condições, mas também pode ser
degradada por outras bactérias originando sulfeto de hidrogênio. Algumas bactérias são
capazes de produzir o tiossulfato por oxidação do enxofre ou pela degradação da Lcisteína [5].
Figura 9 – Estrutura do íon tiossulfato.
S(s) + SO32-(aq)
S2O32- (aq)
Reação 1 - Obtenção do tiossulfato
Fonte: Byun, J.C; Jung, D.S; Youn, J.S; Kang,C.H; Lee, S.J; Kim, W.H; Lee, N.H; Kim, G.C; Han, C.H.
(2006).
Derivados de tiossulfato podem ser usados como fungicidas agentes de
branqueamento de papel e medicamentos antireumáticos. Estudos relatam à atividade
antibacteriana apresentada por complexos de metais de transição com ligantes
tiossulfatos e aminas aromáticas, como é o caso do complexo de Cu 2+ coordenado aos
ligantes 1,10-fenantrolina e ao tiossulfato, sendo este último ligado ao metal de forma
monodentada através do átomo de enxofre. Tal composto apresenta atividade contra
bactérias Gram negativas, em cepas tais como, Escherichia Coli, Klebsiella spp e
Enterobacter SP [5, 35].
Além da atividade antibacteriana, o ligante tiossulfato ao se coordenar ao ouro
de forma monodentada, é um medicamento muito eficaz no tratamento da tuberculose e
hanseníase, conhecido por Sanocrysin (1). Encontram-se também na literatura,
31
medicamentos em que o ouro se encontra coordenado a dois átomos de enxofre, que são
usados no tratamento da artrite reumatóide, como é o caso do Myocrisin (2) e o
Aurothioglucose, conhecido comercialmente por Solganol (3), figura 10 [36, 37].
Figura 10 – Estrutura de diferentes complexos de Ouro com ligantes apresentando enxofre como
átomos doadores. Sanocrysin (1), átomo de ouro coordenado ao ligante tiossulfato,
Miocrysin (2) e Aurotioglucose (3).
Fonte: Dhawale, S.W. (1993).
O ânion tiossulfato (S2O3)2-, quando não coordenado, possui simetria C3v, apresentando
o comprimento da ligação S-S igual a 2,01 Å e ligações S-O bem mais curtas, com
comprimentos iguais a 1,47 Å (dados obtidos para o sal Na2S2O3). Este íon pode atuar
como ligante na formação de complexos com diferentes metais de transição, onde,
devido à presença de átomos doadores, oxigênio e enxofre em sua estrutura, pode
originar compostos com diferentes estruturas e modos de coordenação. Pode atuar como
um ligante monodentado, tendo o enxofre ou oxigênio como átomos doadores, (Figura
11a) ou ainda como ligantes bidentado, com a coordenação simultânea dos átomos de
enxofre e oxigênio a um mesmo centro metálico, (Figura 11b). Outra possibilidade de
coordenação deste ligante é a formação de complexos, onde o íon tiossulfato atua como
um ligante em ponte, com a coordenação dos átomos doadores do ligante a dois centros
metálicos simultaneamente, (Figura 11c) [4].
32
Figura 11 - Possibilidades de coordenação do ligante tiossulfato: (a) monodentado coordenado pelo
átomo de enxofre, (b) em ponte, coordenado pelo átomo de enxofre, (c) bidentado,
coordenado pelos átomos de enxofre e oxigênio simultaneamente.
(a)
(b)
(c)
Fonte: Meyer, M., V; Dahaoui-Gindrey; Lecomte, C; Guilard, R. (1998).
Embora a química de coordenação de compostos contendo o macrocíclico
cyclam venha sendo alvo de diversos estudos, apenas um pequeno número de
compostos tendo ligantes axiais com átomos de enxofre com espécies doadoras são
relatados. Nenhum trabalho apresenta estudos ou mesmo descreve a síntese de
complexos metálicos de cobalto tendo em sua estrutura os ligantes cyclam e o ligante
tiossulfato simultaneamente. Entretanto, os complexos [Co3+(en)2X2]n , onde X
representa diferentes ligantes tais como por exemplo os íons cloreto e tiossulfato com
isomerias trans e cis são bem conhecidos e tem sido caracterizados, bem como o
composto trans-Na[Co(en)2(S2O3)2], sendo que este último não foi estudado por
técnicas eletroquímicas, tais como a voltametria cíclica. Na literatura, nos últimos anos,
tem-se estudado a influência trans, em complexos com geometria octaédrica, em
especial, as provocadas por enxofre coordenado a cobalto(III), como é o caso de
complexos, trans-[Co(en)2(S2O3)2]- e seus derivados, trans-[Co(en)2(OH2)(S2O3)]+
[38]. Este complexo possui a mesma simetria do trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl,
grupo
pontual C4v, porém o ligante bidentado etilenodiamina não apresenta estrutura cíclica
como o cyclam.
Encontra-se na literatura outros trabalhos em que o tiossulfato atua como
ligante, dentre eles, destaca-se os complexos de rutênio (II), Na2[Ru(HaaiR’)2(S2O3)2,
HaaiR’=1-alquil-2-(fenilazo)imidazol) e Na2[Ru(ClaaiR’)2(S2O3)2], ClaaiR= 1-alquil-2(clorofenilazo)-imidazol), figura 12,
devido a tendência do tiossulfato formar
complexos estáveis com metais de baixo spin, e complexos monodentados através do
33
átomo de enxofre terminal, estabelecendo interações  com íons metálicos, sendo
estabilizadas por ligações p-d (ligante-metal) [39].
Figura 12 - Estrutura dos complexos de Ru(II) com o tiossulfato.
Na2[Ru(HaaiR’)2(S2O3)2]
Na2[Ru(ClaaiR’)2(S2O3)2]
Fonte: Mandal, H. K; Gosh, P. K; Mahapatra, A. (2010).
3.1.5 Cobalto
Cobalto é um elemento necessário para o corpo humano, sendo encontrado em
pequenas quantidades em ossos e vários órgãos em torno de 2,5 mg. Cobalto é um metal
de transição que tem sido alvo de muitos estudos na Química de Coordenação, devido a
sua ampla variabilidade de funções ao se coordenar a um ligante [40]
Na figura 13, é apresentada a estrutura da coenzima B12, onde o Cobalto (III),
presente em uma configuração de baixo spin, está coordenado a quatro nitrogênios de
um ligante macrocíclico tetradentado, com estrutura similar a porfirina presente na
hemoglobina, e tendo nas posições axiais o átomo de nitrogênio do grupo benzimidazol
e um carbono da molécula de açúcar desoxiadenosina, derivado da base nitrogenada
adenosina[40,41].
Nos complexos estudados neste trabalho, trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl e
trans-
Na[Co(cyclam)(tios)2], os centros metálicos estão coordenados aos átomos nitrogênios
de um macrocíciclo tetradentado, cyclam, o qual apresenta uma cadeia menor,
comparativamente ao macrocíclico encontrado na coenzima B12.
34
Figura 13 - Fórmula estrutural da coenzima B12.
Fonte: Wiberg, E; Wiberg, N; Holleman, A. F. (1995).
Os complexos de cobalto tem uma grande importância como catalisadores na
indústria química. No complexo [CoH(CO)3] [1], estrutura apresentada na figura 14, o
centro metálico está coordenado a três carbonilas e um hidreto, apresentando geometria
tetraédrica. Este complexo é utilizado como catalisador homogêneo no processo de
isomerização do álcool alílico 3-hidroxipropeno, (CH2=CHCH2OH) a propanal
(CH3CH2CHOH).
Figura 14 – Estrutura do complexo [CoH(CO)3] – tricarbonilcobaltohidreto(I).
H
OC
Co
CO
OC
Fonte: Shriver, D. F; Atkins, P. W; Langford, C. H. (1999).
35
4
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.1 REAGENTES
Na Tabela 1 estão apresentadas às substâncias empregadas como reagentes e
solventes na síntese de novos complexos macrocíclicos do sistema Co-cyclam.
Tabela 1 - Substâncias utilizadas na síntese dos complexos.
MM(g.mol-
Substâncias
Procedência
Pureza(%)
Cyclam
UMR-CNRS*
98
200,32
Cloreto de Cobalto
Cromato-Produtos Químicos
(II)
LTDA
98
165,83
96
248,18
Tiossulfato de sódio
Cromato-Produtos Químicos
LTDA
1
)
Metanol
Proquímios
99,5
32,04
Etilenodiamina
Isofar
99
60,10
Etanol
Proquímios
99,5
46,07
99,5
58,08
37 P.A.
36,46
Acetona
Ácido Clorídrico
Cromato-Produtos Químicos
LTDA
Biotec – Especialidades Químicas
*Cedido por Dr. Raphaël Tripier, chefe de pesquisa do Laboratório de Síntese Orgânica
da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Centro Nacional de Pesquisa Científica
da França (UMR-CNRS).
4.2 PROCEDIMENTOS PARA A SÍNTESE DOS COMPLEXOS
4.2.1 Síntese do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
O complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, cuja estrutura é apresentada na figura 15,
foi sintetizado seguindo metodologia descrita por Poon et all, 1966 [42] para a obtenção
de complexos metálicos contendo ligantes macrocíclicos, porém com algumas
adaptações. Para a síntese do complexo utilizou-se uma proporção de 1,5 mmol do
CoCl2.6H2O para 1 mmol do cyclam. Pesou-se 0,05 g de cyclam e 0,088 g de
CoCl2.6H2O. Em seguida o CoCl2 foi solubilizada em metanol em um balão de fundo
redondo. No mesmo balão foram também solubilizados 0,05g de cyclam verificando-se
36
a mudança da coloração da solução imediata de rosa para marrom. A solução resultante
foi mantida sob constante borbulhamento de oxigênio durante 1 hora. Após este período
foi adicionado 0,1 mL de HCl concentrado e mantido por mais 1 hora sob
borbulhamento, onde observou-se a mudança da solução para verde. Após este período
o solvente foi então evaporado a 60°C e o sólido obtido, com coloração verde, foi
lavado com acetona, seco e armazenado em dessecador. (Rendimento: 63,5%). O
Fluxograma 1 mostra o esquema de síntese e caracterização.
Fluxograma 1- Síntese do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
Cyclam
(1mmol)
CoCl2. 6H2O
(1,5 mmol)
Submetido a 1hora de
borbulhamento com O2 + 0,1
mL HCl + 1hora de
borbulhamento com O2 vácuo
20 ml de metanol
Trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
Evaporação a 60°C, lavagem
com acetona, seco e
armazenado em dessecador
Caracterização
CHN
UV-visível
Luminescência
IV
Figura 15 - Estrutura do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl.
+
Cl
N
N
Co
N
Cl
N
Voltametria
cíclica
37
4.2.2 Síntese do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
O complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2], cuja provável estrutura é apresentada
na figura 16, foi sintetizado partindo-se do trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl. Para a síntese do
complexo utilizou-se uma proporção de 1 mmol do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
e 2 mmol do tiossulfato de sódio.
Pesou-se (0,02g) do complexo trans-
[Co(cyclam)Cl2]Cl e (0,027g) do tiossulfato de sódio. Em seguida foram dissolvidos o
complexo e o tiossulfato de sódio em 20 mL de metanol à temperatura ambiente, sob
agitação constante em um balão de fundo chato. Após 4 horas a reação foi dada como
encerrada e a solução foi removida do sistema reacional. A mesma se apresentou com
uma coloração amarela esverdeada. O solvente foi evaporado a 60°C e o composto
obtido lavado com acetona e seco em dessecador. Após a secagem um sólido de
coloração amarela esverdeado foi obtido e submetido a análises para sua devida
caracterização. (Rendimento: 60%). O Fluxograma 2 mostra o esquema de síntese do
complexo.
Fluxograma 2 - Síntese do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2].
Tiossulfato de sódio
Trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
Submetida à agitação constante durante
4 horas
20 mL de metanol
Trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
Caracterização
CHN
UV-visível
IV
Evaporação a 60°C, lavagem com
acetona, seco e armazenado em
dessecador
Luminescência
Voltametria
cíclica
38
Figura 16 - Estrutura do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2].
O
S S
N
N
O
O
Co
N
O
S
O S
O
N
4.2.3 Síntese do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl
O complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl, cuja estrutura é apresentada na figura 17, foi
sintetizado conforme procedimento
descrito na literatura, porém, com algumas
adaptações [43]. Preparou-se uma solução de CoCl2.6H2O (4g) em 5 mL de água
destilada e em seguida adicionou-se 10 mL de etilenodiamina a esta solução ,
percebendo-se uma imediata alteração na coloração da solução de violeta para marrom,
com a formação de precipitado. A solução resultante foi mantida sob constante
borbulhamento de oxigênio durante 1 hora em uma temperatura de 60°C. Após este
período foram adicionados 17 mL de HCl concentrado e mantido por mais 1 hora sob
borbulhamento de oxigênio, onde observou-se a mudança da cor solução para verde. A
solução foi então mantida em repouso por mais uma hora à temperatura ambiente, sendo
observada a formação de cristais de cor verde. Em seguida o material foi filtrado, lavado
com etanol e seco (Rendimento: 62%). O Fluxograma 3 mostra o esquema de síntese.
39
Fluxograma 3 – Síntese do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl.
CoCl2. 6H2O (4g)
5 mL água destilada
Submetido à 1 hora de
borbulhamento + 17 mL de
HCl
+
1
hora
de
borbulhamento
10 mL de etilenodiamina
trans-[Co(en)2Cl2]Cl
Lavagem com etanol,
filtrado e seco
Caracterização
UV-visível
IV
Voltametria cíclica
Figura 17 - Estrutura do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl.
+
Cl
NH 2
NH 2
Co
NH 2
Cl
NH 2
4.2.4 Síntese do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2]
O complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2], cuja estrutura é apresentada na figura 18,
foi sintetizado conforme descrito na literatura, porém com algumas adaptações [38]. Em
um balão de fundo redondo foram adicionados 1 g de CoCl2.6H2O e 2g de tiossulfato de
sódio. Ao dissolver o cloreto de cobalto e o tiossulfato de sódio em água destilada,
percebeu-se a mudança da cor da solução de violeta para azul. Em seguida adicionou ao
40
meio reacional, 5 mL de ácido acético (0,8 M) e 5,4 mL de etilenodiamina (99%),
havendo mudança de coloração de azul para marrom.
A solução foi então resfriada sob borbulhamento de oxigênio, durante duas
horas, sendo observada a formação de precipitado verde escuro. A filtração foi realizada
a vácuo e o material foi lavado com etanol e seco (Rendimento: 59%). O Fluxograma 4
mostra o esquema de síntese do complexo.
Fluxograma 4 - Síntese do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2].
CoCl2. 6 H2O
(1g)
Tiossulfato de sódio
(2g)
5 mL de ácido acético
(0,8 M) e 5,4 mL de
etilenodiamina (99%)
Água destilada
trans-Na[Co(en)2(tios)2]
Caracterização
UV-visível
Submetida a 2 horas de
borbulhamento, filtrado e
lavado com metanol ou etanol.
O procedimento informa
etanol.
IV
Voltametria cíclica
Figura 18 - Estrutura do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2].
O
O
O
S
NH 2
S
NH 2
Co
NH 2
S
O
NH 2
S
O
O
41
4.3
PROCEDIMENTOS DE CARACTERIZAÇÃO

Os complexos sintetizados foram caracterizados conforme descrito a seguir:
4.3.1 Análise Elementar (CHN)
Os teores de carbono, hidrogênio e nitrogênio (CHN) dos complexos trans[Co(cyclam)Cl2]Cl e trans-Na[Co(cyclam)(tios)2, foram determinados no laboratório da
Central Analítica do Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal
de Pernambuco, UFPE, utilizando-se o equipamento de análise elementar CHN Carlo
Erba 1110.
4.3.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho (IV)
Os espectros de absorção na região do infravermelho do ligante cyclam,
tiossulfato (na forma do seu sal de sódio, Na2S2O3) e dos complexos trans[Co(cyclam)Cl2]Cl, trans-Na[Co(cyclam)(tios)2], trans-[Co(en)2Cl2]Cl
e
trans-
[Co(en)2Cl2]Cl , foram obtido na faixa espectral de 400 a 4000 cm-1. As amostras foram
dispersas em KBr seco, previamente maceradas e prensadas em pastilhas, e analisadas
em um espectrofotômetro de infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
Nexus 470 Thermo Licolet, com número de varredura 32 e resolução 4.
4.3.3 Espectroscopia de absorção na região do ultravioleta- visível (UV)
Os espectros de absorção na região do Ultravioleta e Visível dos ligantes cyclam
e tiossulfato (na forma do seu sal de sódio, Na2S2O3) e dos complexos, trans[Co(cyclam)Cl2]Cl,
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2],
trans-[Co(en)2Cl2]Cl
e
trans-
Na[Co(en)2(tios)2] foram obtidos na faixa espectral de 200 a 800 cm-1, utilizando o
espectrofotômetro Schimadzu UV 1800. As medidas foram realizadas utilizando
metanol como solvente e soluções dos complexos nas concentrações de 10-3 e 10-4
mol.l-1. O coeficiente de absortividade molar  das bandas observadas nos espectros foi
calculado utilizando a expressão de Lambert –Beer: A= .b.c, onde A corresponde a
absorbância, b o caminho óptico (1 cm) e c a concentração da solução do complexo.
42
4.3.4 Espectroscopia de Luminescência
Os espectros de emissão e excitação do ligante cyclam e dos complexos trans[Co(cyclam)Cl2]Cl
e
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
foram
registrados
em
um
espectrômetro Hitachi F 4500 na Universidade Federal do Paraná.
4.3.5 Análise eletroquímica
 Voltametria cíclica
Os voltamogramas cíclicos dos complexos trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, transNa[Co(cyclam)(tios)2], trans-[Co(en)2Cl2]Cl e trans-Na[Co(en)2(tios)2] foram obtidos
empregando-se um sistema eletroquímico constituído de um potenciostato Galvanostato
modelo PGSTAT302N da Autolab/Eco Chemie e monitorado pelo software GPES 4.9.
Efetuaram-se as medidas eletroquímicas em uma célula eletroquímica de vidro, com
eletrólito KCl 0,1 M pH=3, e velocidade de 100 mV.s-1, utilizando-se três eletrodos:
trabalho (carbono vítreo), contra eletrodo (platina) e o de referência (Ag/AgCl).
Realizou-se a análise dos voltamogramas cíclicos por meio dos cálculos dos
potenciais anódicos (Epa) e catódicos (Epc). Esses parâmetros foram determinados
diretamente dos voltamogramas. A partir dos valores de potencial de pico, calculou-se o
potencial redox (E½) obtido através da média aritmética entre os potenciais (Epa e Epc).
4.4 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO
4.4.1 Análise Elementar (CHN)
A análise elementar de CHN, fornece dados quantitativos de percentagens de
carbono, hidrogênio e nitrogênio, sendo bastante úteis na proposição de uma possível
fórmula molecular do composto sintetizado, através de uma avaliação dos valores
teóricos e experimentais.
4.4.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho.
A Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho (IV) é uma técnica
instrumental bastante útil no estudo de compostos de coordenação, devido a sua
importante contribuição na proposição e elucidação estrutural [44] dos complexos.
43
Através do emprego desta técnica é possível se constatar a presença ou não de
espécies coordenadas ao íon metálico central, havendo também a possibilidade de
determinar quais átomos do ligante participam da interação com o metal. Esta técnica
instrumental fornece ainda informações a respeito da variação do comprimento de
determinadas ligações na estrutura do ligante antes e após a coordenação, bem como
fornece informações a respeito dos comprimentos das ligações metal - ligante quando da
presença de ligantes com características doadores  ou ainda doadores ou receptores 
[1].
A região do infravermelho está localizada aproximadamente na faixa
compreendida entre 100 a 5000 cm-1, porém, através da técnica de infravermelho
utilizada neste trabalho são reportadas as transições vibracionais na região de 450 a
4000 cm-1 [45].
A ligação química entre dois átomos em uma molécula pode ser comparada a
uma mola, assim, quando uma radiação apropriada na região do infravermelho é
absorvida por uma molécula, esta se converte em energia de vibração molecular [44].
Com isso, é necessária certa energia de vibração mínina para que os átomos unidos
através dessa ligação sejam movimentados. As vibrações moleculares podem ser
classificadas em deformações axiais e deformações angulares. Uma deformação axial,
ou estiramento, ocorre quando há uma movimentação dos átomos ao longo do eixo da
ligação, onde a distância interatômica aumenta e diminui. Já a deformação angular
ocorre quando a vibração molecular envolve a variação no ângulo de ligação entre pelo
menos três átomos [44].
4.4.3 Espectroscopia de absorção na região do ultravioleta e visível (UV-VIS)
A Espectroscopia eletrônica, também conhecida como Espectroscopia no
Ultravioleta e Visível (UV-VIS), abrange a região espectral de 190 a 800 nm. Quando
um feixe com radiações eletromagnéticas com comprimentos de onda nesta faixa de
energia incide em uma determinada molécula, os elétrons das camadas mais externas
dos átomos absorvem energia sendo então excitados para orbitais mais energéticos [1].
A Espectroscopia eletrônica na região do Ultravioleta e Visível é uma técnica
muito importante para química de coordenação, pois através da sua utilização é possível
se determinar as transições eletrônicas apresentadas por uma substância e com isso
realizar um estudo dos níveis energéticos da molécula. No espectro eletrônico de
complexos com metais de transição, podem ser encontradas bandas referentes às
44
transições intraligantes (σ→σ*, π→π*, n→ σ*,etc), bandas de transferência de carga
ligante-metal (LMCT), bandas de transferência de carga metal-ligante (MLCT), bandas
de transferência de carga metal - metal (MMCT), no caso de complexos binucleares e
bandas originadas a partir de transições d-d.
4.4.4 Espectroscopia de luminescência
A luminescência molecular é o processo de emissão de radiação eletromagnética
por uma determinada molécula. Ocorre quando as moléculas que são excitadas, a partir
de um determinado estado energético, retornam ao seu estado fundamental emitindo
radiação eletromagnética. Esse fenômeno é denominado de fotoluminescência, quando a
absorção de fótons de luz (hex) é o responsável pela excitação da molécula, ocorrendo à
elevação de elétrons de valência de um orbital menos energético para um orbital de
maior energia e, logo após, retornando ao estado de menor energia (estado fundamental)
[46].
A luminescência molecular é formalmente dividida em fluorescência e
fosforescência, dependendo da natureza do estado excitado envolvido no processo. Se o
estado excitado envolvido é um estado singleto, onde o spin do elétron no orbital
excitado mantém sua orientação original, tem-se a fluorescência. Por outro lado, na
fosforescência, a orientação do elétron que foi promovido ao estado excitado é
invertida, atingindo um estado excitado tripleto, figura 19. Em conseqüência da retenção
da orientação original, o retorno de uma certa população de elétrons que se encontra no
estado excitado singleto para o estado fundamental (que tem caráter singleto) é
permitido, ocorrendo muito rapidamente (tempo de vida na ordem de nanosegundos).
Figura 19 - Representação do estado fundamental e dos estados excitados singleto e tripleto.
Fonte: Silva, F. R. G; Malta, O. L; Menezes, J. F. S; Rocha, G. B; Alves, S; Brito, H. F; Longo, R. L.
(2000).
45
Após a absorção de radiação de comprimento de onda característico, a um
determinado número de moléculas é promovida para um estado excitado singleto, S 2,
figura 20. Segundo a regra de Kasha [47], a molécula se desativa por relaxamento
através dos níveis vibracionais de estados eletrônicos de mesma multiplicidade até
atingir o primeiro nível vibracional do estado excitado singleto de menor energia (S 1).
Este processo de relaxamento recebe o nome de conversão interno sendo um fenômeno
que ocorre com muita rapidez (10-l3 a 10-11 s) e sem emissão
Figura 20- Esquema dos níveis de energia de uma molécula orgânica, mostrando os possíveis caminhos
de decaimento da energia absorvida. As setas sólidas indicam absorção e emissão da radiação. As setas
pontilhadas indicam transições não-radiativas. O estado triplete é indicado por T e os estados singletos são
indicados por S2, S1 e S0.
Fonte: Kascha M; Valled,D. J.C; Catalán J. (2000).
A partir de S1, podem ocorre dois processos de emissão: o primeiro por
conversão interna, onde a multiplicidade da população molecular não muda; o segundo
por cruzamento intersistema, onde a multiplicidade da população molecular é invertida.
No primeiro processo, se a diferença de energia entre S 1 e S0 (estado fundamental) não
46
for muito grande e existir possibilidade de sobreposição de níveis vibracionais, a
molécula pode ser levada ao mais baixo nível vibracional de S 0 por relaxamento
vibracional, sem emissão de radiação eletromagnética, ou seja, ocorre uma conversão
interna. Se, no entanto, a diferença energética entre S 1 e S0 for relativamente grande, a
desativação para o estado fundamental se dá com emissão de radiação na forma de
fluorescência. No segundo processo, ocorre um cruzamento intersistema para o estado
tripleto T. Esse estado decai radiativamente para o estado fundamental S 0 emitindo uma
radiação na forma de fosforescência [48].
4.4.5 Análise por voltametria cíclica
Voltametria compreende um conjunto de métodos eletroanalíticos nos quais as
informações a respeito de um determinado composto são obtidas através da medida de
corrente em função de um potencial aplicado sob condições que promovem a
polarização de um eletrodo de trabalho. Este método eletroanalítico é bastante utilizado
em química inorgânica, físico-química e química biológica sendo empregado tanto com
propósitos analíticos, quanto nos estudos fundamentais de processos de transferências
de elétrons, oxidação e de redução, em vários meios, processos de adsorção sobre
superfícies e mecanismos de transferência de elétrons em superfícies de elétrons
modificados.
É uma técnica que possui uma ampla aplicabilidade nos estudos de reações
redox, na detecção de intermediários da reação e no acompanhamento de reações
envolvendo produtos formados nos eletrodos. Em voltametria, potencial variável é
aplicado no eletrodo de trabalho presente em uma célula eletroquímica. Este sinal
produz uma resposta característica na forma de variação corrente, a qual é a grandeza
medida (sinal de interesse) neste método.
A célula eletroquímica aplicada nas técnicas voltamétricas é composta por três
eletrodos imersos em uma solução contendo o composto em avaliação e também de um
eletrólito inerte denominado eletrólito suporte. Um dos três eletrodos é o eletrodo de
trabalho, cujo potencial é linearmente variado com o tempo. Geralmente eles possuem a
forma de um pequeno disco plano construído a partir de material condutor cilíndrico
embutido em um cilindro de um material inerte. O condutor pode ser um metal nobre,
tal como platina ou ouro, mas também são empregados materiais à base de carbono,
como pasta de carbono, fibra de carbono, carbono vítreo e nanotubos. O segundo
47
eletrodo é um eletrodo de referência (geralmente, um eletrodo de calomelano saturado
ou um eletrodo de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl), cujo potencial permanece constante
durante o experimento. O terceiro eletrodo é o contra-eletrodo que é frequentemente
confeccionado com um fio de platina, cuja função é permitir o transporte de corrente
entre a fonte de sinal e o eletrodo de trabalho através da solução em estudo [49].
Das diversas técnicas eletroquímicas existentes, a voltametria cíclica é uma das
mais utilizadas, pois, permite obter rapidamente uma quantidade extraordinária de
informações sobre as reações de transferência de elétrons, investigar a reatividade
química das espécies geradas eletroquimicamente e identificar espécies presentes em
solução, com a obtenção de dados cinéticos e, por fim, auxilia na elucidação de
mecanismos eletródicos [50].
A voltametria cíclica é uma técnica de varredura reversa de potencial, em que
potencial aplicado ao eletrodo é variado numa velocidade conhecida e, ao atingir o
potencial final desejado, a varredura é revertida ao valor inicial, na mesma velocidade,
onde é obtido como resposta a essa perturbação, um par de picos, catódico e anódico,
para sistemas reversíveis, quando a variação (ΔEpc-Epa = 59 mV), sendo para sistemas
quase-reversíveis esta variação (ΔEpc-Epa > 59 mV) [51].
Na química de coordenação, esta técnica eletroanalítica é bastante útil na
determinação de potencial redox de complexos, podendo fornecer informações sobre a
capacidade doadora ou receptora dos ligantes em um determinado composto, através da
comparação dos valores de potenciais catódicos e anódicos, bem como dos valores de
potencial de meia onda em sistemas reversíveis e quase-reversíveis.
48
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Análise Elementar (CHN)
De acordo com a tabela abaixo, a análise elementar de CHN, sugere as seguintes
estruturas
para
os
complexos:
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl.
6H2O
e
trans-
Na[Co(cyclam)(tios)2]. 7 H2O.
Tabela 2 – Composição percentual calculada e experimental para complexos.
Complexos
%C
%H
%N
(teor/exp)
(teor/exp)
(teor/exp)
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl. 6H2O
25,57/25,34
6,81/6,51
11,93/11,77
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]. 7 H2O
19,11/19,25
5,41/5,32
8,92/8,55
teor = teórico/exp = experimental
Fonte: A autora.
5.2 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
5.2.1 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para o ligante cyclam
O espectro de infravermelho para o ligante cyclam livre, ou seja, não
coordenado a centros metálicos é apresentado na figura 21, e as tentativas de atribuições
das principais bandas observadas no espectro são apresentadas na Tabela 3. Podem ser
observadas no espectro desta molécula a presença de duas bandas características do
ligante cyclam, sendo a primeira, em 3266 cm-1, associada a deformação axial N-H da
amina secundária; a segunda banda, observada em 3187 cm-1, corresponde a
deformação axial N-H de ligações de hidrogênio inter ou intramoleculares [52]. Essa
informação é corroborada pela banda observada em 1516 cm-1, que está associada ao
modo de deformação angular N-H, confirmando a existência de ligação N-H livre
[53,54].
Na região entre 3107 e 2651 cm-1 encontram-se as bandas associadas às
deformações axiais das ligações C-H, confirmando a presença destes grupos na
molécula em análise.
As bandas observadas em 1330 e 1283 cm-1 são atribuídas à deformação angular
assimétrica no plano das ligações C-H, C-N e C-C do anel macrocíclico [54,55]. A
49
banda observada em 1125 cm-1 está associada à deformação axial das ligações C-N e CC, respectivamente, do anel macrocíclico.
As bandas observadas em 965 e 886 cm-1 são associadas à deformação
assimétrica no plano de ligações C-H do anel macrocíclico. Já as bandas presentes em
826 e 793 cm-1 são atribuídas à deformação angular assimétrica no plano de ligações CH e C-C do anel macrocíclico [55].
Figura 21 - Espectro de absorção na região do infravermelho para o ligante cyclam em pastilha de KBr.
100
90
-1
30
20
-1
-1
1125 cm
40
965 cm 886 cm-1
826 cm
-1
793 cm
-1
1330 cm-1
1283 cm
1516 cm
-1
50
-1
-1
3107 cm
-1
60
2651 cm
70
3266 cm
-1
3187 cm
Transmitância (%)
80
10
0
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Tabela 3 - Atribuições das principais bandas no espectro de infravermelho (cm-1)
para o ligante cyclam.
Números de onda (cm-1)
Atribuições
3266 e 3187
N-H
3107 a 2651
C-H
1516
N-H
1330 e 1283
C-C + C-N + C-H
1125
C-N
965 e 886
C-H
826 e 793
C-C + C-H
Fonte: A autora.
50
5.2.2 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para o complexo
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
O espectro de infravermelho do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl é
apresentado na figura 22. As tentativas de atribuições das principais bandas encontradas
no espectro são apresentadas na tabela 4.
A banda observada no espectro em 3413 cm-1 pode indicar a presença de água
no complexo. Os três modos vibracionais ativos no infravermelho para a molécula de
água (2A1 + B1), grupo pontual C2v, são normalmente encontrados em 3652, 3756 e
1595 cm-1, sendo os dois primeiros valores referentes às deformações axiais simétricas e
assimétricas da molécula e último atribuído à deformação angular.
O espectro do complexo apresentou bandas características do ligante cyclam o
que confirma a presença deste ligante, agora na esfera de coordenação do cobalto. As
bandas em 3203 e 3101 cm-1 são associadas aos estiramentos N-H do anel macrocíclico
[55]. Podem ser observadas ainda as bandas referentes às deformações angulares
simétricas e assimétricas de NH2, encontradas em 1101 a 1012 cm-1 [56].
Na região entre 2924 e 2689 cm-1 encontram-se bandas referentes a deformações
axiais das ligações C-H do cyclam. As bandas observadas em 1454, 1376, 1312 e 1285
cm-1, são atribuídas às deformações axiais de ligações C-C e C-N do anel macrocíclico,
respectivamente. Em comparação ao espectro do cyclam essas bandas foram deslocadas
(para maiores valores) devido à coordenação ao metal [55].
As bandas provenientes da deformação angular de CH2 do cyclam são
frequentemente utilizados como um indicativo da isomeria do complexo, tendo em vista
que os complexos do tipo [M(cyclam)X2]n podem apresentar isomeria trans, onde o
cyclam está posicionado no plano equatorial da molécula e os dois ligantes X em
posições axiais ou isomeria cis, onde o os dois ligantes X estão posicionados na esfera
de coordenação próximos um ao outro. A região de análise é a compreendida entre 800
e 900 cm-1, sendo geralmente atribuída à isomeria trans a um complexo quando são
observadas 3 bandas nesta região e isomeria cis, quando verificada a presença de 4
bandas no espectro de infravermelho do complexo [56].
No espectro de infravermelho do complexo [Co(cyclam)Cl2]Cl, figura 22, são
observadas duas bandas, em 897 e 862 cm-1, referentes às deformações angulares
assimétrica no plano de ligações C-H e C-C do anel macrocíclico, indicando assim que
o complexo apresenta isomeria trans[56].
51
Figura 22 – Espectro de absorção na região do infravermelho para o complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
em pastilha de KBr.
20
0
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1019 cm
-1
1454 cm
-1
40
3203 cm
-1
3101 cm
-1
2924 cm
-1
2869 cm
-1
60
3413 cm
Transmitância (%)
-1
80
1312 cm -1
-11285 cm
-1 1101 cm
1060 cm
-1
-1
1012 cm
897 cm -1
862 cm
-1
808 cm
100
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Tabela 4 - Atribuições das freqüências na região do Infravermelho (cm -1) para o complexo trans[Co(cyclam)Cl2 ]Cl.
Números de onda (cm-1)
Atribuições
3413
OH (H2O)
3203 e 3101
N-H
2924 e 2869
C-H
1454, 1376, 1312 e 1285
C-C + CN
1101 a 1012
N-H
897 e 862
C-H
800 a 850
C-H +C-C
Fonte: A autora.
A sobreposição dos espectros de infravermelho do ligante cyclam não
coordenado e do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl mostra mais claramente os
deslocamentos de bandas, evidenciando a coordenação do ligante ao metal, como pode
ser visto na figura 23.
52
Figura 23 - Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho do cyclam livre (azul) e
do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl (preto).
100
90
Transmitância (%)
80
70
60
50
40
30
20
4000
Cyclam
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
3000
2000
1000
-1
Número de onda (cm )
Comparando o espectro de absorção na região do infravermelho do ligante livre
cyclam com o espectro do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, figura 24, podem ser
observadas algumas mudanças, relacionadas à coordenação do ligante ao cobalto, na
região de 4000 a 2200 cm-1 atribuída à deformação axial N-H, observando um
deslocamento destas bandas
para regiões de menores energias, evidenciando a
coordenação ligante-metal nessa região. Pode ser observado ainda ao se comparar os
dois espectros à ausência de algumas bandas referentes à deformação axial C-H do
ligante cyclam no espectro do complexo localizadas na região de 2900 a 2600 cm -1,
figura 24, mostrando que esta área pode também ser utilizada para confirmação da
coordenação do ligante macrocíclico cyclam ao metal.
53
Figura 24 - Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho do cyclam livre (azul) e
do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl (preto) na região de 4000 a 2200 cm-1.
100
90
Transmitância (%)
80
70
60
50
40
30
20
4000
Cyclam
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
3500
3000
2500
-1
Número de onda (cm )
5.2.3 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para o sal tiossulfato
de sódio
O íon tiossulfato (S2O32-), cuja estrutura é mostrada na figura 9, pertence ao
grupo pontual C3v, apresentando 6 modos vibracionais ativos no infravermelho (3A1 +
3E), portanto, pelo menos seis bandas devem ser observadas no espectro deste íon.
O espectro de infravermelho obtido para o sal tiossulfato de sódio hidratado
(Na2S2O3.5H2O) é apresentado na figura 25, e as tentativas de atribuição das principais
bandas observadas no espectro são descritas na Tabela 5.
Verificando o espectro deste sal, observa-se a presença de uma banda intensa em
3439 cm-1, referente à deformação axial O-H, e outro em 1654 cm-1, referente à
deformação angular H-O-H da molécula de água presente na estrutura cristalina do sal
de tiossulfato utilizado para obtenção do espectro.
As bandas em 1164 e 1005 cm-1 são atribuídas às deformação axial simétrica e
assimétrica do grupo SO3, respectivamente. A deformação angular simétrica e
54
assimétrica do SO3 é observada em 667 e 541 cm-1, respectivamente, [57].
deformação axial S-S é muito fraca, sendo observada na faixa de 454 cm-1 [58]
Figura 25 - Espectro de absorção na região do infravermelho para o sal tiossulfato de sódio
(Na2S2O3.5H2O) em pastilha de KBr.
100
60
3500
3000
2500
2000
1500
1000
-1
541 cm
-1
454 cm
-1
667 cm
1005 cm
-1
1164 cm
0
4000
3439 cm
-1
20
-1
-1
40
1654 cm
Transmitância (%)
80
500
-1
Número de onda (cm )
Tabela 5 - Atribuições das principais bandas encontradas no espectro de infravermelho para o sal
tiossulfato de sódio (Na2S2O3.5H2O).
Números de Onda (cm-1)
Atribuições
3439
O-H (H2O)
1654
H-O-H (H2O)
1164
sSO3
1005
a SO3
667
s SO3
541
a SO3
454
 S-S
Fonte: A autora.
A
55
5.2.4 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para complexo transNa[Co(cyclam)(tios)2]
O espectro de infravermelho do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] é
mostrado na figura 26, e as atribuições das principais bandas são descritas na tabela 6. A
banda larga com máxima absorção em 3465 cm-1 é referente à sobreposição dos
estiramentos simétrico e assimétrico H-O-H da molécula de água presente na amostra
do complexo utilizado para obtenção do espectro. A presença da água pode ainda ser
comprovada através da verificação da presença da banda em 1628 cm-1, referente à
deformação angular H-O-H.
Através da análise do espectro do complexo é possível se observar à presença
de transições vibracionais características da presença do ligante macrocíclico cyclam,
tais como as bandas em 3213 e 3133 cm-1, referentes à deformação axial da ligação N-H
[55]. Tais bandas apresentam-se um pouco deslocadas para menores valores de número
de onda, em relação ao ligante livre, onde estas bandas são observadas em 3266 e 3187
cm-1. Este deslocamento pode ser atribuído ao efeito da coordenação do metal,
diminuindo a densidade eletrônica nos átomos de nitrogênio do cyclam, os quais são os
átomos doadores, provocando uma diminuição na densidade eletrônica entre os átomos
de N e H deste ligante, e conseqüente diminuição do número de onda referente ao NH.
É importante destacar ainda que no complexo precursor, trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, as
deformações axiais NH são observadas em menores valores (3203 e 3101cm-1) do que
no complexo em questão, trans-Na[Co(cyclam)(tios)2], indicando assim um maior
efeito de doação  dos nitrogênios para o metal no composto contendo os íons cloretos
em posições axiais do que no composto contendo o íon tiossulfato. Na região entre 2921
e 2868 cm-1 encontram-se bandas referentes às deformações axiais das ligações C-H.
A espectroscopia de absorção na região do infravermelho é uma técnica muito
importante na caracterização e estudo de compostos de coordenação do íon tiossulfato.
Tal observação se deve aos diferentes modos possíveis de interação do ligante
tiossulfato com centros metálicos, podendo ocorrer à coordenação através dos átomos
de oxigênio ou enxofre, ou ambos simultaneamente, originando compostos onde este
íon apresenta-se coordenado de forma bidentada ou ainda gerar espécies binucleares.
A caracterização da forma de coordenação do íon tiossulfato, através do espectro
de infravermelho, é realizada principalmente através da análise do comportamento da
banda referente à deformação axial assimétrica do grupo SO3, as(SO3), normalmente
encontrada na região entre 1100 e 1200 cm-1. Esta banda é encontrada no espectro do
56
íon tiossulfato na sua forma de sal de sódio na região próxima a 1130 cm-1. Entretanto,
quando da coordenação deste ligante através do átomo de enxofre, este modo
vibracional é deslocado para regiões de maiores números de onda, normalmente
observados na região entre 1130 e 1175 cm-1. Comportamento inverso é observado
quando a coordenação ocorre via o átomo de oxigênio, sendo normalmente observada a
diminuição no número de onda desta transição, assumindo valores inferiores a 1130 cm 1
. Em compostos onde o átomo de enxofre está coordenado simultaneamente a dois
centros metálicos, complexos com ligante tiossulfato em ponte, esta transição
vibracional é observada freqüentemente acima de 1175 cm-1 [58].
A banda em 1462 cm-1 é atribuída à deformação axial simétrica do grupo SO3. A
banda em 1138 cm-1 é atribuída à deformação axial assimétrica do grupo SO3. A
deformação axial S-S é observada na faixa de 429 cm-1 [58]. A banda em 634 cm-1 é
atribuída à deformação axial M-S. A banda em 535 cm-1 é atribuída à deformação
angular simétrica e assimétrica SO3. Em 492 cm-1 é observada a deformação axial M-N
[56] indicando a presença do cyclam na coordenação.
Figura 26 - Espectro de absorção na região do infravermelho para o complexo transNa[Co(cyclam)(tios)2] em pastilha de KBr.
100
-1
0
4000
3500
3000
2500
2000
1500
-1
Número de onda (cm )
-1
1000
634 cm
-1
-1
1138 cm
-1
20
535 cm -1
492 cm
-1
429 cm
-1
1628 cm
-1
1462 cm
-1
40
2868 cm
3213 cm
-1
3133 cm
-1
2921 cm
60
3465 cm
Transmitância (%)
80
500
57
Tabela 6 - Atribuições das freqüências na região do Infravermelho (cm -1) para o complexo
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2].
Números de onda (cm-1)
3465
Atribuições
OH
3213 e 3133
N-H
2921 e 2868
C-H
1628
 H-O-H
1462
sSO3
1138
aSO3
634
M-S
535
aSO3
429
492
S-S
 M-N
Fonte: A autora.
Através da sobreposição dos espectros de infravermelho do cyclam livre e do
complexo, apresentada na figura 27, é possível se observar o efeito da coordenação do
metal e dos ligantes tiossulfato em relação ao deslocamento das bandas características
do ligante macrocíclico cyclam. Observou-se claramente um deslocamento para regiões
de maiores energias e diminuição de intensidade das bandas N-H do anel macrocíclico
no espectro do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] (preto) (3213 e 3133 cm-1) ,
quando sobreposto ao espectro do ligante cyclam (vermelho) (3266 e 3186 cm-1) ,
indicando a coordenação do cobalto ao cyclam pelos nitrogênios do anel macrocíclico.
As bandas localizadas na região de 2900 a 2600 cm-1 no espectro do ligante cyclam são
referentes às deformações axiais C-H do anel macrocíclico, percebe-se a ausência e
diminuição de intensidade de algumas destas bandas no espectro do complexo devido à
mudança de simetria.
58
Figura 27 – Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho do ligante cyclam
(vermelho) e complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] (preto).
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
cyclam
100
Transmitância (%)
80
60
40
20
0
4000
3000
2000
1000
-1
Número de onda (cm )
Na sobreposição dos espectros do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] (preto)
e o sal tiossulfato de sódio (azul), figura 28, observa-se o deslocamento de bandas
características do tiossulfato no complexo, indicando a pureza do complexo, caso
contrário estas bandas estariam na mesma região que estão no espectro do ligante
(puro). Percebe-se um deslocamento na deformação axial simétrica do grupo SO3 para
regiões de maiores energias no complexo, e deslocamento para menores energias da
deformação angular S-S comparada ao ligante livre, sendo um indicativo de
coordenação do tiossulfato ao metal [57].
59
Figura 28 – Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho do sal tiossulfato de
sódio(azul) e do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] (preto).
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
tiossulfato de sódio
100
Transmitância (%)
80
60
40
20
0
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
-1
Número de onda (cm )
5.2.5 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para
complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl
O espectro de infravermelho do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl, figura 29. As
atribuições das principais bandas presentes no espectro são mostradas na tabela 7.
As bandas observadas em 3205 e 3101 cm-1 são atribuídas às deformações axiais
N-H da etilenodiamina. Em 1506 e 1353 cm-1 é observada à deformação angular
simétrica e assimétrica de N-H, respectivamente. Em 1304 cm-1 observa-se a
deformação axial C-C e C-N da etilenodiamina. A presença de uma banda no intervalo
entre 870 a 900 cm-1 referente à deformação angular CH2, sugere a isomeria trans do
complexo. A banda em 589 cm-1 está atribuída a deformação axial M-N [59,60,61].
60
Figura 29 – Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl
em pastilha de KBr.
100
890 cm
-1
2500
2000
589 cm
1034 cm
3000
1506 cm
3500
3101 cm
0
4000
-1
-1
20
-1
40
-1
1353 cm
-1
60
3205 cm
Transmitância (%)
-1
80
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Tabela 7: Atribuições das freqüências na região do Infravermelho (cm -1) para o complexo
trans-[Co(en)2Cl2]Cl.
Números de onda (cm-1)
3205
3101
1506
1353
1034
890
589
Fonte: A autora.
Atribuições
νsN-H
νaN-H
sN-H
aN-H
νC-C e C-N
νC-H
νM-N
61
5.2.6 Espectroscopia de absorção na região do infravermelho para complexo transNa[Co(en)2(tios)2]
O espectro de infravermelho para o complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2], é apresentado
na figura 30 e os dados referentes às atribuições das principais bandas presentes no
espectro são descritos na tabela 8. As bandas em 3283 e 3267 cm-1 são atribuídas à
deformação axial N-H da etilenodiamina [59]. A banda 1453 cm-1 é atribuída à
deformação axial simétrica do grupo SO3. Em 1157 cm-1 é observada a deformação
axial assimétrica do grupo SO3. A banda em 1054 cm-1 é atribuída à deformação axial
C-C e C-N da etilenodiamina. A banda em 627 é atribuída à deformação axial M-S. As
bandas em 574 e 533 cm-1 são atribuídas às deformações angulares simétrica e
assimétrica SO3, respectivamente. A deformação axial S-S é observada na faixa de 468
cm-1 [58]. Em 512 cm-1 é observada a deformação axial M-N indicando a presença da
etilenodiamina na coordenação [59].
Figura 30 – Espectro de absorção na região do infravermelho para o complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2]
em pastilha de KBr.
100
574 cm
2000
1500
-1
Número de onda (cm )
1000
500
627 cm
-1
2500
-1
-1
-1
3000
1054 cm
3500
1157 cm
0
4000
3267 cm
20
-1
40
-1
1453 cm
-1
533cm 512 cm-1
60
3283 cm
Transmitância (%)
-1
451 cm
-1
80
62
Tabela 8 - Atribuições das freqüências na região do Infravermelho (cm-1) para o complexo
trans-Na[Co(en)2(tios)2].
Números de onda (cm-1)
3283
3267
1453
1157
1054
627
574
533
512
451
Atribuições
νs N-H
νa N-H
νs SO3
νa SO3
νC-C e C-N
ν M-S
s SO3
a SO3
ν M-N
ν S-S
Fonte: A autora.
5.3 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO ULTRAVIOLETA E
VISÍVEL (UV-VIS)
5.3.1 Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para o ligante
cyclam
O espectro eletrônico do cyclam não coordenado obtido em solução metanólica
na concentração 10-3 mol.l-1, é observado na figura 31.
O espectro deste ligante apresenta apenas uma banda com máximo de absorção
em 202 nm, atribuída a uma transição eletrônica n* dos átomos de nitrogênio [44].
O valor calculado para o coeficiente de absortividade molar () para o cyclam foi igual a
970 L.mol-1.cm-1.
63
1,0
202 nm
Figura 31 - Espectro de absorção na região do UV-Visível do ligante cyclam em metanol na
concentração de 10-3 mol.l-1.
Absorbância
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
5.3.2 Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para o
complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
No espectro de absorção do complexo precursor trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, figura
32, tabela 9, podem ser observadas a presença de 4 bandas, sendo que para melhor
visualização das bandas d-d, o espectro do complexo foi analisado em duas
concentrações diferentes, sendo estas 10 -3 mol.l-1 e 10-4 mol.l-1. No espectro obtido a
partir da concentração igual a 10 -4 mol.l-1 podem ser verificadas bandas em 254 e 318
nm. Verificando-se o espectro do complexo em uma concentração de 10-4 mol.l-1 as
bandas em 457 e 635 nm são claramente perceptíveis [62].
A banda em 254 nm com elevado valor de absortividade molar (12.10 3 L.mol1
.cm-1) refere-se à transição intraligante n* do cyclam [44], o qual está um pouco
deslocada para menores energias, comparativamente ao espectro eletrônico do cyclam
livre (202 nm), provavelmente por influência da sua coordenação ao metal. A banda em
318 nm é atribuída a uma transferência de carga do ligante para o metal (LMCT), dos
orbitais p de simetria  dos cloretos localizados em posições trans para os orbitais d*
do metal (p do Cl-  d* do Co3+). Esta transição apresenta coeficiente de
64
absortividade molar () igual a 1,2.103 L. mol-1. cm-1, valor característico de bandas de
transferências de carga.
As bandas em 457 nm ( = 22,3 L.mol-1.cm-1) e 635 nm ( = 16,4 L.mol-1.cm-1)
referem-se às transições do tipo d-d, no caso considerando a simetria D4h do complexo
temos as transições (1A1g  1 A2g e 1 A1g  1Eg, respectivamente) [43], por serem
transições proibidas por Spin, são bem menos intensas quando comparadas às bandas de
transferência de carga e intraligantes.
Figura 32 - Espectro de absorção na região do UV-Visível do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
obtido em metanol nas concentrações 10-4 (espectro principal) e 10-3 mol.l-1 (Detalhe
do espectro ampliado na região de 400 a 800nm).
254 nm
0,04
631nm
Absorbância
0,6
0,03
0,02
0,01
0,4
0,00
400
318 nm
Absorbância
0,8
450nm
1,0
0,05
0,2
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
0,0
300
400
500
600
700
Comprimento de onda (nm)
Tabela 9 - Absortividade molar do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl em metanol.
Comprimento de onda
(nm)
Transição
eletrônica
Absortividade molar
() L. mol-1.cm-1
254
n*
12 x 103
318
LMCT
1,2 x 103
450
d-d
22,3
631
d-d
16,4
Fonte: A autora.
800
65
5.3.3 Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para o sal
tiossulfato de sódio
No espectro eletrônico do íon tiossulfato na forma do seu sal de sódio, Na 2S2O3,
em solução metanólica com concentração igual a 10-3 mol.l-1, mostrado na figura 33, é
observada a presença de apenas uma banda com máximo de absorção em 203 nm,
atribuída a uma transição eletrônica n* [44]. Esta transição apresenta coeficiente de
absortividade molar () igual a 923,6 L.mol-1.cm-1.
1,0
203 nm
Figura 33 - Espectro de absorção na região do UV-Visível para o sal tiossulfato de sódio obtido em
metanol na concentração 10-3 mol.l-1.
Absorbância
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
5.3.4 Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para o
complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
O espectro eletrônico do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em uma
concentração de 10-4 mol.l-1, conforme mostrado na figura 34 e tabela 10, utilizando
metanol como solvente, apresentou duas bandas observadas em 219 e 350 nm. A banda
em 219 nm é atribuída a uma transição eletrônica intraligante do tipo n* [44],
podendo ser tanto referente ao cyclam como ao próprio tiossulfato, pois ambos os
66
ligantes, quando não coordenados, apresentam transições nesta região de comprimento
de onda, estando um pouco deslocada, para menores energias quando comparada ao
espectro dos ligantes, devido à coordenação dos ligantes ao metal. O coeficiente de
A b s o r b â n c ia
absortividade molar encontrado para essa banda foi 9,8.103 L.mol-1.cm-1. A transição em
C
o m
p r im
e n to
d e
n m
350 nm é atribuída a uma banda de transferência de carga do ligante para o metal
o n d a
5 8 8
4 0 0
5 0 0
6 03+
0
(LMCT), dos orbitais de simetria  do ligante
tiossulfato
para os orbitais
d* do Co
0 ,0
0 ,1
(p do S2O32- d* do Co3+). Esta banda apresenta
coeficiente de absortividade molar
0 ,2
n m
igual a 6,4.103 L.mol-1.cm-1. As bandas 386 e 588 nm, (bandas d-d), com coeficiente de
0 ,3
3 8 6
-1
absortividade molar, 416 e 53,9 L mol-1 0cm
, respectivamente, são observadas na
,4
concentração de 10-3 mol.l-1.
0 ,5
0 ,6
Figura 34 - Espectro de absorção na região do UV-Visível
do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em
metanol na concentração de 10-4 e 10-3 mol.l-1.
1,0
0,5
386 nm
0,6
219 nm
1,2
0,3
0,2
588 nm
350 nm
0,8
Absorbância
Absorbância
0,4
0,6
0,1
0,0
0,4
400
500
600
700
Comprimento de onda (nm)
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
Tabela 10 - Absortividade molar do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em metanol.
Comprimento de onda
Transição eletrônica
Absortividade molar
() L .mol-1.cm-1
(nm)
219
n*
9,754 x 103
350
LMCT
6,404 x 103
386
d-d
416
588
d-d
53,9
Fonte: A autora.
800
( n m
)
7 0 0
67
Os dados das bandas de transferência de carga (LMCT) para os complexos
trans-[Co(cyclam)(Cl)2]Cl e trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] estão apresentados na tabela
11. Onde o complexo com os dois ligantes tiossulfatos em posição trans apresenta um
maior comprimento de onda (350 nm) para esta transição do que no complexo precursor
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl com dois ligantes cloretos ligados ao metal na mesma
isomeria (318 nm). Tal observação indica uma maior facilidade na transferência de
densidade eletrônica ao metal dos ligantes tiossulfato do que dos íons cloretos, o que
acarreta em um enriquecimento eletrônico do metal neste complexo, quando comparado
ao seu complexo precursor.
Tabela 11 - Comparativo das bandas de transferência de carga (LMCT) dos complexos trans[Co(cyclam)(Cl)2]Cl e trans-Na[Co(cyclam)(tios)2].
Complexos
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
Bandas nm(, L. mol-1.cm-1)
318 (1,2.103)
350 (6,4.103)
Atribuição
LMCT, p do Cl-  d* do Co3+
LMCT, p do S2O32- d* do
Co3+
Fonte: A autora.
A tabela 12 apresenta os comprimentos de onda das bandas d-d dos complexos
sintetizados neste trabalho e de alguns compostos encontrados na literatura.
Comparando-se a posição das bandas d-d de diferentes complexos contendo o ligante
cyclam, observa-se uma variação na energia destas bandas com a natureza do ligante.
Assim, temos que no complexo com cloreto nas posições axiais a banda d-d de maior
energia é encontrada em 457 nm, já no complexo com o ligante tiossulfato é encontrada
em 386 nm. A variação observada está relacionada com a capacidade de desdobramento
dos orbitais d do metal com a coordenação do ligante, onde os ligantes mais fortes são
os que apresentam bandas d-d com menores comprimentos de onda. Assim, o ligante
tiossulfato possui um caráter de desdobramento do campo cristalino maior do que o
cloreto, quando coordenado ao metal.
68
Tabela 12 -Bandas d-d dos complexos.
Complexos
trans-[Co(cyclam)(Cl)2]Cla
Bandas
(nm)
457
635
Absortividade molar
(, L. mol-1.cm-1.)
22,3
16,4
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]a
386
588
416
53,9
trans-[Co(cyclam)(NO2)2]ClO4b
470
180
trans-[Co(cyclam)(NCS)2]NCSb
520
270
Fonte (a;b): A autora; Burguess, et all, 1999.
5.3.5 Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para o
complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl
O espectro eletrônico do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl obtido em uma
concentração igual a 10-3 mol.l-1 e utilizando metanol como solvente pode ser observado
na figura 35. As atribuições das bandas, bem como seus respectivos coeficientes de
absortividades molares são apresentados na tabela 13.
O espectro deste complexo apresentou uma banda em 209 nm atribuída a uma
transição eletrônica intraligante do tipo n* [44]. Esta banda apresenta coeficiente de
absortividade molar igual a 1,33 .103 L.mol-1.cm-1. Percebe-se a ausência de uma banda
de transferência de carga (LMCT) no espectro eletrônico do complexo, assim como uma
variação na energia da banda d-d, comparativamente aos dados da literatura, onde esta
transição eletrônica é observada na região de 620 nm [43].
As bandas em 338 e 466 nm são referentes às transições d-d, onde no composto
em questão com simetria D4h, são referentes às transições 1 A1g →1Eg e 1A1g → 1A2g,
respectivamente [43]. Os coeficientes de absortividade molar encontrados para estas
bandas foram respectivamente 52,6 e 50,4 L.mol-1.cm-1.
69
Figura 35 - Espectro de absorção na região do UV-Visível do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl em
metanol na concentração de 10-4 e 10-3 mol.l-1.
0,08
1,4
0,05
1,2
Absorbância
338 nm
0,06
Absorbância
1,6
209 nm
0,07
466 nm
1,8
1,0
0,04
0,03
0,02
0,01
0,8
0,00
0,6
-0,01
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
0,4
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
Tabela 13: Absortividade molar do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl em metanol.
Comprimento de
Transição
Absortividade molar
onda (nm)
eletrônica
() L .mol-1.cm-1
209
338
466
n*
d-d
d-d
1,33 .103
52,6
50,4
Fonte: A autora.
5.3.6 Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta e Visível para o
complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2]
O espectro eletrônico do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2], obtido em uma
concentração de 10-3 mol.l-1, tendo metanol como solvente é mostrado na figura 36. As
atribuições das bandas, bem como seus respectivos coeficientes de absortividades
molares são apresentados na tabela 13. O espectro do complexo apresentou quatro
bandas, sendo estas com máximos de absorção em 218, 333, 543 e 625 nm. A banda em
218 nm é atribuída a uma transição eletrônica intraligante n* [44] dos átomos do
tiossulfato. O coeficiente de absortividade molar para essa banda: 6,2.103 L mol-1 cm-1.
70
A transição em 333 nm é atribuída a uma banda de transferência de carga do
ligante para o metal (LMCT), dos orbitais de simetria  do ligante tiossulfato para os
orbitais d* do Co3+ (p do S2O32- d* do Co3+). Esta banda apresenta coeficiente de
absortividade molar igual a 12,6 103 L mol-1 cm-1. As bandas 543 e 625 nm, são
transições d-d do complexo, com coeficiente de absortividade molar, 45 e 36 L.mol1
.cm-1 [38].
333 nm
Figura 36 - Espectro de absorção na região do UV-Visível do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2] em
metanol na concentração de 10-4 e 10-3 mol.l-1.
1,4
0,10
0,05
625 nm
0,8
218 nm
Absorbância
1,0
543 nm
Absorbância
1,2
0,6
0,00
500
0,4
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
Tabela 14: Absortividade molar do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2] em metanol.
Comprimento
de onda (nm)
218
Transição
eletrônica
Absortividade molar
() L.mol-1.cm-1
6,2.103
333
543
n*
LMCT
d-d
12,6 103
45
625
d-d
36
Fonte: A autora.
71
Os dados das bandas d-d para os complexos trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, transNa[Co(cyclam)(tios)2] e trans-Na[Co(en)2(tios)2] estão apresentados na tabela 15. A
posição das bandas d-d de diferentes complexos está associada a uma variação na
energia destas bandas com a natureza do ligante. Comparando ambos os complexos
tetraamina (cyclam e Bis(etilenodiamina)) coordenados ao ligante tiossulfato, pode ser
observado um maior desdobramento do campo cristalino para o complexo contendo o
macrocíclico.
Através dos dados estruturais, obtidos através de Raios-X, para complexos
contendo etilenodiamina e cyclam coordenados a cobalto (III), observa-se uma pequena
variação nos valores dos comprimentos de ligação C-N. Tal fato pode ser ilustrado
através
da
comparação,
como
por
exemplo,
dos
complexos
trans-
[Co(cyclam)(NCS)2]NCS, em que o comprimento de ligação Co-N é igual a 1,97 Å
[63], e no composto trans-[Co(en)2(NCS)2]NCS, onde o comprimento da ligação C-N
foi determinado como sendo 1,94 Å [64]. Esta tendência está relacionada ao fato do
ligante etilenodiamina apresentar uma maior liberdade em relação à aproximação ao
metal, devido a natureza não cíclica de sua estrutura quando comparado ao ligante
cyclam, que devido a sua característica macrocíclica apresenta uma estrutura mais rígida
quanto a organização dos átomos de nitrogênio ao redor do centro metálico. Apesar
desta característica estrutural, os dados espectroscópicos mostram que apesar da maior
liberdade de aproximação ao metal do ligante etilenodiamina o efeito do desdobramento
do campo cristalino do cyclam é mais pronunciado.
Tabela 15: Bandas d-d dos complexos.
Complexos
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
Bandas d-d (nm)
450
631
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
386
588
543
625
trans-Na[Co(en)2(tios)2]
Fonte: A autora.
Ordenamento dos complexos em relação ao comprimento de onda (nm) das
bandas
d-d:
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
Na[Co(en)2(tios)2]
<
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
<
trans-
72
5.4 ESPECTROSCOPIA DE LUMINESCÊNCIA
Para se obter o espectro de excitação é necessário fixar o comprimento de onda
da emissão da amostra através do monocromador de emissão e, então, faz-se uma
variação do comprimento de onda da excitação. Obtendo-se, desta forma, as bandas ou
regiões espectrais referentes às transições de excitação da amostra que, por processo de
relaxamento, emite esta energia, absorvida pelas transições, no comprimento de onda
fixado no monocromador de emissão.
Para obter o espectro de emissão, de maneira contrária, fixa-se o comprimento
de onda da excitação e faz-se variar o comprimento de onda da emissão através do
monocromador de emissão. Representando assim, as bandas espectrais onde ocorre a
emissão radiativa da amostra, depois que ela foi excitada no comprimento de onda
fixado no monocromador de excitação.
5.4.1 Espectroscopia de luminescência do ligante cyclam
O espectro de excitação do ligante cyclam, figura 37, obtido no estado sólido,
fixando o comprimento de onda de emissão (λem) em 340 nm, apresenta duas bandas
com intensidades relativamente altas centradas em 231 e 291 nm.
Figura 37 - Espectro de excitação do ligante cyclam fixando λem em 340 nm.
291 nm
800
700
500
400
300
231 nm
Intensidade Relativa
600
200
100
0
200
210
220
230
240
250
260
270
280
Comprimento de onda (nm)
290
300
310
73
O espectro de emissão do ligante cyclam, obtido no estado sólido, figura 38,
fixando o comprimento de onda de excitação (λexc) em 291 nm, apresentou uma banda
larga com dois picos centrados em 330 e 339 nm, indicando que o cyclam apresenta
uma baixa intensidade na região do ultravioleta.
339 nm
600
330 nm
Figura 38 -Espectro de emissão do ligante cyclam fixando λexc em 290 nm.
330
340
Intensidade Relativa
500
400
300
200
100
310
320
350
360
370
380
390
400
Comprimento de onda (nm)
5.4.2 Espectroscopia de luminescência do sal tiossulfato de sódio
O espectro de excitação do sal tiossulfato de sódio, em estado sólido, fixando o
comprimento de onda de emissão (λem) em 320 nm, está apresentado na figura 39,
mostrando duas bandas uma em 231 e a outra em 280 nm.
74
280 nm
Figura 39 - Espectro de excitação do sal tiossulfato de sódio fixando λem em 320 nm.
231 nm
Intensidade Relativa
2000
1000
0
220
230
240
250
260
270
280
290
300
Comprimento de onda (nm)
O espectro de emissão do sal tiossulfato de sódio, figura 40, em estado sólido,
obtido fixando o λexc em 280 nm, apresentou uma banda larga de alta intensidade com
picos centrados em 306, 326 nm e 338 nm.
306 nm
Figura 40 - Espectro de emissão do sal tiossulfato de sódio fixando λexc em 280 nm.
2000
338 nm
326 nm
Intensidade Relativa
2500
1500
1000
300
310
320
330
Comprimento de onda (nm)
340
350
75
5.4.3 Espectroscopia de luminescência do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
O espectro de excitação do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, obtido no estado
sólido, fixando o comprimento de onda de emissão (λem) em 289 nm, está apresentado
na figura 41, mostrando três bandas: 220, 231 nm e a de intensidade relativamente alta
em 264 nm.
264 nm
Figura 41 - Espectro de excitação do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl fixando λem em 289 nm.
2000
231 nm
1000
220 nm
Intensidade Relativa
1500
500
200
210
220
230
240
250
260
270
Comprimento de onda (nm)
O espectro de emissão do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, figura 42, em
estado sólido, obtido fixando o λexc em 264 nm, apresentou uma banda larga com dois
picos: um em 330 nm e o outro em 339 nm,
comparada ao espectro
no qual apresenta alta intensidade
de emissão do cyclam, Figura 38,
intensidade na região do ultravioleta.
que apresenta baixa
76
Figura 42 - Espectro de emissão do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl fixando λexc em 264 nm.
Intensidade Relativa
1500
339 nm
330 nm
2000
1000
500
0
300
310
320
330
340
350
360
370
380
390
400
Comprimento de onda (nm)
5.4.4 Espectroscopia de luminescência do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
O espectro de excitação do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] obtido no
estado sólido, fixando o comprimento de onda de emissão (λ em) em 397 nm, está
apresentado na figura 43, mostrando duas bandas, uma banda bem definida em 289 nm
e outra banda larga centrada em torno de 331 nm. A banda em 289 nm, refere-se à
composição das transições do cyclam e tiossulfato enquanto que a banda em 331 nm é
atribuída à transferência de carga, visto que já foi observada no espectro de excitação.
77
289 nm
800
700
Intensidade Relativa
331 nm
Figura 43- Espectro de excitação do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2, fixando λem em 397 nm.
600
500
400
300
200
100
0
200
220
240
260
280
300
320
340
360
380
400
Comprimento de onda (nm)
O espectro de emissão do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2], figura 44, em
estado sólido, foi obtido fixando o λexc em 289 nm, apresentou uma banda de
transferência de carga de alta intensidade em 397 nm, um ombro em 438 nm, e outras
quatro bandas em 450, 467, 481 e 492 nm, como sendo as bandas d-d.
450 nm
2000
1500
380
400
420
440
460
480
Comprimento de onda (nm)
492 nm
481 nm
438 nm
Intensidade Relativa
2500
467 nm
397 nm
Figura 44 - Espectro de emissão do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] fixando λexc em 289 nm.
500
78
5.5 ANÁLISE ELETROQUÍMICA - VOLTAMETRIA CÍCLICA
5.5.1 Voltametria cíclica do complexo precursor trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
O estudo eletroquímico do complexo precursor trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl,
conforme mostrado na figura 45, apresenta um processo redox quase reversível com
potencial de meia onda (E1/2) igual a -86 mV, onde o pico catódico, referente ao
processo de redução Co3+ + e-  Co2+ é observado em -128 mV. O respectivo par
anódico, referente ao processo de oxidação do Co 2+  Co3+ + e-, é observado em 44
mV.
O baixo potencial de meia onda apresentado pelo complexo é atribuído à
presença dos ligantes cloretos coordenados ao centro metálico, que devido à sua
natureza  e  doadora, aumenta a densidade eletrônica sobre o centro metálico.
Figura 45 -Voltamograma do complexo trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl em KCl (0,1 M), pH=3,
v = 100mV.s-1
-6
4,0x10
-6
2,0x10
0,044V
Corrente (A)
0,0
-6
-2,0x10
-6
-4,0x10
-6
-6,0x10
-6
-8,0x10
-0,128V
-5
-1,0x10
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
Potencial (V)
.
0,4
0,6
0,8
79
5.5.2 Voltametria cíclica do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
No voltamograma do complexo, na figura 46, pode ser observada também a
presença de apenas um processo redox quase reversível com potencial de E1/2 igual a 247 mV, referente ao par redox Co 3+ + e-  Co2+, onde o pico catódico é observado em
– 376 mV e o potencial anódico em – 118 mV.
Figura 46 - Voltamograma do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] em KCl (0,1 M), pH=3, v = 100
mV.s-1.
-5
3,0x10
-5
2,0x10
-5
Corrente (A)
1,0x10
-0,118 V
0,0
-5
-1,0x10
-5
-2,0x10
-0,376 V
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Potencial (V)
Na Tabela 16, comparando os potenciais de meia onda dos complexos com os
ligantes tiossulfato (-247 mV) e cloretos (- 86 mV) pode ser observado o deslocamento
do potencial do par redox (Co 3+ + e-  Co2+) para valores mais negativos no complexo
com o ligante tiossulfato [65]. Tal deslocamento para potencias com valores negativos
pode ser explicado por uma característica de doação eletrônica mais pronunciada do
ligante tiossulfato ao metal. Esta tendência está de acordo com os resultados obtidos nos
espectros eletrônicos do complexo sintetizado e do precursor, onde é mostrado que o
complexo com íon tiossulfato coordenado apresenta uma banda de transferência de
carga LMCT em regiões menos energéticas do que no complexo com os ligantes
80
cloretos, indicando a maior facilidade de doação de densidade eletrônica do íon
tiossulfato para o metal.
Tabela 16 - Atribuições dos E1/2 para os complexos.
Complexos
E1/2(mV)
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
- 86
- 247
Fonte: A autora.
5.5.3 Voltametria cíclica do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl
O voltamograma cíclico do complexo, figura 47, apresenta apenas um processo
irreversível, neste caso um pico catódico, referente à redução do Co3+ a Co2+ em - 655
mV. É sabido que complexos de cobalto, quando no seu estado de oxidação 2+,
apresentam uma elevada labilidade dos seus ligantes. Esta característica pode ser
utilizada para explicar o fato de ser observado apenas o processo catódico (Co3+ + e- 
Co2+) no voltamograma do complexo em estudo. Uma vez que após a redução em - 655
mV temos a labilização dos ligantes o que acarreta na ausência do pico anódico.
Figura 47 - Voltamograma do complexo trans-[Co(en)2Cl2]Cl em KCl (0,1 M), pH=3, v = 100 mV.s-1.
Corrente (A)
0,0
-5,0x10
-6
-1,0x10
-5
-1,5x10
-5
-2,0x10
-5
-2,5x10
-5
-3,0x10
-5
-0,655 V
-1,0
-0,5
0,0
Potencial (V)
0,5
1,0
81
5.5.4 Voltametria cíclica do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2]
O voltamograma cíclico do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2] conforme
mostrado na figura 48, apresenta um processo redox quase reversível com potencial de
meia onda (E1/2) igual a - 476 mV, onde o pico catódico, referente ao processo de
redução Co3+ + e-  Co2+ é observado em - 640 mV. O respectivo par anódico,
referente ao processo de oxidação do Co2+  Co3+ + e-, é observado em - 312 mV. Em
795 mV observa-se outro pico anódico referente a processos de oxidação que ocorrem
no tiossulfato [66].
Figura 48 - Voltamograma do complexo trans-Na[Co(en)2(tios)2] em KCl (0,1 M), pH=3, v = 100 m
V.s-1.
2,0x10
-5
1,0x10
-5
0,795 V
-0,312 V
Corrente (A)
0,0
-5
-1,0x10
-5
-0,64V
-2,0x10
-5
-3,0x10
-5
-4,0x10
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Potencial (V)
A tabela 17, comparando os potenciais catódicos referente aos processos de
redução Co3+ + e-  Co2+ dos complexos trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl e trans[Co(en)Cl2]Cl, observa-se o deslocamento do potencial para valores mais negativos (655 mV) no segundo complexo, sugerindo uma maior proximidade do centro metálico
aos nitrogênios da etilenodiamina em relação ao metal–nitrogênios do cyclam, devido
ao efeito do ajuste do anel macrocíclico ao centro metálico (efeito macrocíclico), o que
faz com que a ligação metal-nitrogênio não seja tão próxima quanto da etileniodiamina.
Observa-se o mesmo comportamento ao se comparar os potenciais de meia onda (E1/2)
dos complexos trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] e trans-Na[Co(en)2(tios)2], em que há um
82
deslocamento para potenciais mais negativos no segundo complexo ( -476 mV), onde o
cobalto se coordena ao ligante etilenodiamina e a dois ligantes tiossulfatos em posição
axial, do que para o complexo em que o cobalto se coordena ao ligante cyclam e a dois
ligantes tiossulfatos em posição axial.
Tabela 17 – Dados eletroquímicos dos complexos.
Complexos
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl
trans-[Co(en)2Cl2]Cl
Ec
-128 mV
-655 mV
trans-Na[Co(cyclam)(tios)2]
trans-Na[Co(en)2(tios)2]
- 376 mV
-640 mV
Fonte: A autora.
Ea
44 mV
Processo
irreversível
-118 mV
-312 mV
795 mV (S2O3)2-
E
-172 mV
E1/2
- 86 mV
-258 mV
- 328 mV
-247 mV
-476 mV
83
6 CONCLUSÃO
A análise elementar (CHN) sugere as seguintes estruturas para os complexos:
trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl. 6H2O e trans-Na[Co(cyclam)(tios)2].7H2O. O espectro de
infravermelho dos complexos trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] e trans-Na[Co(en)2(tios)2]
apresentaram bandas características que comprovam a forma de coordenação
monodentada, via átomo de enxofre, do ligante tiossulfato (620 - 634 cm-1). Também
podem ser observadas bandas referentes aos estiramentos N-H do cyclam em 3213 e
3133 cm-1, e para o complexo com a etilenodiamina, em 3283 e 3267 cm-1,
comprovando a permanência do ligante macrocíclico e da etilenodiamina na esfera de
coordenação do metal após a reação com o íon tiossulfato.
De acordo com a análise de absorção no ultravioleta, banda de transferência de
carga LMCT como sendo a de maior comprimento de onda para o transNa[Co(cyclam)(tios)2] (350 nm) e trans-Na[Co(en)2(tios)2] (333 nm) comparativamente
ao complexo precursor trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl (318 nm),
indicando uma maior
facilidade de transferência de densidade eletrônica para o metal dos ligantes tiossulfatos
nos complexos. Fato este comprovado na análise eletroquímica, ao analisar o
comportamento dos ligantes tiossulfatos e cloretos quanto a sua capacidade doadora de
elétrons  e , ao se fazer uma comparação dos potenciais meia onda (E1/2) dos
complexos em estudo, trans-[Co(cyclam)Cl2]Cl, trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] e transNa[Co(en)2(tios)2], cujos valores são: -86 mV, -247 mV e -476 mV, respectivamente,
como já visto anteriormente, a primeira explicação está no fato da capacidade de doação
eletrônica mais intensa do ligante tiossulfato ao centro metálico e a segunda explicação
está no fato de se ao fazer um comparativo dos ligantes cyclam e etilenodiamina, o
deslocamento de potenciais para valores mais negativos no complexo transNa[Co(en)2(tios)2], pode ser atribuído a uma maior proximidade dos átomos de
nitrogênio da etilenodiamina em relação a ligação metal–nitrogênio do cyclam, devido
ao efeito do ajuste do anel macrocíclico ao centro metálico (efeito macrocíclico), o que
faz com que a ligação metal-nitrogênio não seja tão próximas quanto do ligante
etilenodiamina, fato que difere os ligantes em estudo.
Com base nos resultados obtidos é possível evidenciar a coordenação do ligante
tiossulfato ao cobalto e identificar uma característica de maior doação de densidade
eletrônica ao metal por parte do ligante tiossulfato, comparativamente ao ligante cloreto,
tendo em vista o forte deslocamento de E 1/2 para valores de potenciais mais negativos.
84
Tal verificação está também de acordo com a variação de energia da banda LMCT do
complexo.
No espectro de emissão do complexo trans-Na[Co(cyclam)(tios)2] foi observada
banda de transferência de carga em 397 nm e bandas d-d em 438, 450, 467, 481 e 492
nm.
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