Uma análise bíblica da dança na Igreja
Já faz algum tempo que desejo escrever acerca deste assunto, no entanto, até este momento
não tive oportunidade. Dança dentro da Igreja, o que a Bíblia diz a respeito? É o que
veremos nesta rápida reflexão.
Antes que os apressadinhos comentem, vamos iniciar falando do Rei Davi.
“E Davi saltava com todas as suas forças diante do Senhor; e estava Davi cingido
de um éfode de linho. Assim subindo, levavam Davi e todo o Israel a arca do
Senhor, com júbilo, e ao som das trombetas. E sucedeu que, entrando a arca do
Senhor na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela; e,
vendo ao rei Davi, que ia bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no
seu coração.” (2 Samuel 6:14-16)
Além desta passagem encontramos algumas outras que apresentam a dança como forma de
regozijo público (Juízes 11:34; 1 Samuel 18:6; 21:11; 29:5), de divertimento social
(Eclesiastes 3:4; Jeremias 31:4, 13; Mateus 11:17; Lucas 15:25) e em expressão pública de
louvor a Deus (Êxodo 15:20).
No entanto, devemos ressaltar que todo o povo dançava ao Senhor e não apenas um e, além
disso, as danças judaicas não se assemelham às danças atuais.
Tomar como base o fato que o Rei Davi dançou para defender o argumento que dança
dentro da Igreja é aceitável é completamente errôneo.
Davi dançou com o povo em uma manifestação de alegria pela chegada da arca em
Jerusalém. Ele não estava se apresentando aos demais.
Além disso, não encontramos nenhuma referência bíblica que nos apresente a dança no
culto a Deus, no Tabernáculo ou no Templo.
O ritual de culto no Antigo Testamento era extremamente sóbrio, sério. O Sumo Sacerdote
deveria entrar apenas uma vez na presença de Deus e ele corria risco de morte caso não se
portasse com reverência (Levítico 16:2).
Vamos citar como exemplo o Dia da Expiação, quando o Sumo Sacerdote entrava no
Santíssimo Lugar para oferecer sacrifício pelos pecados da nação de Israel. Era um dia feliz,
certo? Afinal o povo estava sendo remido de seus pecados, a Ira de Deus era aplacada e as
bênçãos sobre a nação de Israel permaneciam.
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Uma análise bíblica da dança na Igreja
No entanto, ao ler a Bíblia não encontramos nenhum registro de danças defronte o
Tabernáculo, pelo contrário, era um dia solene, um dia de jejum, de humilhação do povo
diante do Senhor (Levítico 16:31). Não havia danças, pulos ou comoções públicas diante da
Glória do Senhor.
Retornemos a Êxodo 32:1-18. Enquanto Moisés estava no monte Sinai, o povo de Israel
produz um ídolo (vv. 3-4), oferecem holocaustos e se entregam à bebedeira e a volúpia (v.
6).
Ao chegar ao arraial, Moisés contempla a música, o bezerro e as danças (v. 19). Essa é a
única vez que o povo de Israel se reúne para oferecer sacrifício e dançar, logo em seguida.
A união do culto religioso e a dança só esteve presente no paganismo, nos cultos aos ídolos
e aos demônios. O verdadeiro culto a Deus era repleto de seriedade, reverência e temor
diante da Glória e da Presença do Senhor Todo Poderoso.
A dança no Novo Testamento:
Se no Antigo Testamento não encontramos argumentos que sustentem a dança dentro do
culto ao Senhor, o Novo Testamento nos apresenta a cartada final.
Em Mateus 14:6 lemos: “Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de
Herodias diante dele, e agradou a Herodes.”
A filha de Herodias, durante a festa de aniversário de Herodes, dança diante dos convidados
e, graças a ela e a sua apresentação, João Batista foi decapitado (v. 10).
“Segundo o relato das Escrituras, mulheres e meninas hebreias dançavam
espontaneamente em ocasiões excepcionalmente alegres (Jeremias 31:4), e
especialmente depois da vitória na batalha, quando por isso cantavam ao Senhor
(Êxodo 15:19-21). Não há nenhum registro bíblico, no entanto, nem a mínima
indicação de que as mulheres judaicas dançaram alguma vez em público, diante
de um auditório. A dança da filha de Herodias na festa de aniversário de Herodes
era uma prática pagã.” (Donald C. Samps, Bíblia de Estudo Pentecostal, pag.
1417 – CPAD)
Além disso não encontramos nenhum registro de que a Igreja Primitiva dançava em louvor a
Deus e, se ela é o modelo ideal para a Igreja atual, por que não seguimos sua liturgia de
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culto?
Em 1 Coríntios 14:26 lemos: “Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós
tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação.”
O mesmo encontramos em Efésios 5:19, o Apóstolo Paulo nos exorta: “Falando entre vós em
salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso
coração;”
E, ao lermos Atos, encontramos uma Igreja que se ocupava da oração e da pregação do
Evangelho da Cruz, do Evangelho do arrependimento.
Tomar a dança de Davi como argumento para afirmar que devemos dançar dentro da Igreja
não é apenas uma clara demonstração de desconhecimento cultural e histórico, mas
também um grave erro, afinal, a Igreja Primitiva não dançava.
Ao adotarem as práticas pagãs, as Igrejas estão, não apenas entretendo o povo ao invés de
alimentá-lo espiritualmente, mas também introduzido costumes e práticas pagãs dentro do
corpo de Cristo.
Nenhum culto hebreu ou dos cristãos do primeiro século da Igreja possuía momentos de
“louvor com dança”, pois os cristãos e os judeus do período bíblico sabiam muito bem que
tal prática era comum nos cultos aos demônios.
De fato, a Igreja hoje tem se tornado mais um clube, uma casa de espetáculo do que um
membro do Corpo de Cristo Jesus e uma voz que conclama o mundo ao arrependimento.
Que Deus vos abençoe, fique na Paz de Cristo Jesus.
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