i UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL DOUTORADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS DIAGNÓSTICO DE VÍRUS CAUSADORES DE INFECÇÃO NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EM UMA UNIDADE TERCIÁRIA DE SAÚDE NO ESTADO DO AMAZONAS MICHELE DE SOUZA BASTOS BARRIONUEVO Manaus 2012 ii MICHELE DE SOUZA BASTOS BARRIONUEVO DIAGNÓSTICO DE VÍRUS CAUSADORES DE INFECÇÃO NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EM UMA UNIDADE TERCIÁRIA DE SAÚDE NO ESTADO DO AMAZONAS Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para obtenção do grau de doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas Orientador (a): Profa Dra. Maria Paula Gomes Mourão MANAUS 2012 iii Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade do Amazonas B276d Barrionuevo, Michele de Souza Bastos. Diagnóstico de vírus causadores de infecção no sistema nervoso central em uma Unidade Terciária de Saúde no Estado do Amazonas /Michele de Souza Bastos Barrionuevo: UEA, 2012. 104 p.: il.; 30 cm Orientador: Maria Paula Gomes Mourão Tese (Doutorado em Doenças Tropicais e Infecciosas) Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2012. Inclui bibliografia 1. Meningoencefalite. 2. Infecções agudas – Sistema Nervoso. 3. Herpesvírus. 4. Arbovírus. 5. Enterovírus I. Mourão, Maria Paula Gomes. II. Universidade do Estado do Amazonas. III. Título iv FOLHA DE JULGAMENTO DIAGNÓSTICO DE VÍRUS CAUSADORES DE INFECÇÃO NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EM UMA UNIDADE TERCIÁRIA DE SAÚDE NO ESTADO DO AMAZONAS MICHELE DE SOUZA BASTOS BARRIONUEVO “Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de Doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de PósGraduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado” Banca Julgadora: ____________________________________________ Profa Maria Paula Gomes Mourão, Dra. Presidente ________________________________________ Prof. Luiz Tadeu Moraes de Figueiredo, Dr. Membro _______________________________________ Prof. Marcelo Cordeiro dos Santos, Dr. Membro _____________________________________ Prof. Maurício Lacerda Nogueira, Dr. Membro ______________________________________ Prof. Wornei Silva Miranda Braga, Dr. Membro v Dedicatória “A minha mãe, Maria José de S. Bastos; a minha avó, Francisca P. de Souza, pelos melhores conselhos pelos bons exemplos e incentivos sempre.” vi Agradecimentos Em primeiro lugar aos meus meninos, por todos os momentos em que estiveram ao meu lado, pela paciência, pelo incentivo e por toda alegria que trouxeram e trazem a minha vida: Cesar Leiva, meu marido; Caio Cesar e Enzo, meus filhos. Aos meus irmãos, Ritta Bastos e Alessandro Bastos; à minha cunhada Lourdes Colares e a minha sobrinha, Salomé Bastos, por serem sempre carinhosos, incentivadores e solidários. Às minhas amigas Roselene Martins, Lauramares Aranha, Hildes Delduque e Regismeire Viana, pela amizade constante desde o mestrado, pelo incentivo, pela presença e pelo apoio nos momentos de difícil decisão. Aos meus professores orientadores da iniciação científica, Dra. Regina Luizão, Dra. Ângela Líbia e Dr. Adalberto Val que, pela dedicação e ensinamentos, despertaram em mim o interesse pela pesquisa. À minha orientadora, Dra. Maria Paula Gomes Mourão, não somente pela idéia central deste tema, mas também por ter acreditado, incentivado e orientado de modo preciso, este trabalho. À Rossicléia Lins Monte, por ter acreditado, incentivado, e pela primorosa triagem das amostras. À Dra. Regina Figueiredo, pela amizade, pelo incentivo constante e pela doação dos primeiros recursos, para que este trabalho fosse adiante. Ao amigo, Dr. Felipe Naveca, pela paciência, pelas minuciosas orientações metodológicas e pela amizade que se solidificou ao logo deste trabalho. Ao professor Luiz Tadeu Figueiredo pelos ensinamentos preciosos e pelas experiências compartilhadas e, sobretudo, pelo carinho e incentivo constante. Ao Dr. Rajendranath Ramasawmy, pelas orientações metodológicas e correções dos textos em inglês e, especialmente, pelo incentivo, tolerância e amizade. Ao Dr. Milton Moraes, pela orientação e ensinamentos de biologia molecular básica. Aos professores doutores, Edson Elias da Silva e Eliane Veiga da Costa, responsáveis pelo laboratório Referência Nacional de Enteroviroses, por terem me recebido com todo carinho e pelo treinamento em cultivo celular de enterovirus. À minha querida amiga Valquíria do Carmo Rodrigues Alves, pela presença constante em minha vida, pela participação e apoio e por ter sido uma grande companheira durante minha jornada academia. vii Às minhas preciosas alunas Natália Lessa e Valéria Kramer, não apenas pela dedicação, participação ativa nos experimentos deste estudo mas, sobretudo, pelo carinho e amizade. À minha amiga, Jainara Cristina Alves, pelo apoio e carinho sempre. Ao Dr. Sérgio Nozawa, por ter cedido gentilmente seu laboratório para o sequenciamento das amostras. A todos os professores do Curso de Pós-Graduação em Medicina Tropical, pelos preciosos ensinamentos. À Conceição Tufic e Altariza Freitas (Iza), secretárias do PPGMT, pela colaboração e apoio sempre. À Universidade do Estado do Amazonas e ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, por terem me acolhido e dado suporte para que este trabalho fosse realizado. Aos colegas da Gerência de Virologia da FMT-HVD, Dr. Wornei Braga, Dra. Cintia Mara Oliveira, Dra. Márcia Castilho, Elisabeth Galusso, Evaulino Itapirema, Liane Calado e alunos de graduação e pós-graduação Carol, Marcela, Sérgio e Renata, pelo apoio constante e convívio agradável. À Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, por permitir a realização deste estudo. À Dra. Leni Marreiros, Marlise Santana e Roosevelt Oliveira, pela pronta e eficiente colaboração sempre que foi necessária. À todos os colegas da pós-graduação, pela convivência agradável, pelo crescimento e amadurecimento conjuntos. À FAPEAM, que oportunamente financiou este projeto de pesquisa e concedeu a bolsa de estudo. À SUFRAMA, CAPES E FMURAKI, agências financiadoras e colaboradoras do PPGMT. viii “A coisa mais importante na vida é ter uma grande meta e possuir aptidão e perseverança para atingi-la”. Goethe ix Resumo As infecções agudas do sistema nervoso central são uma emergência médica e a maioria é causada por vírus. Dentre estes, os mais importantes são os herpesvírus humano os enterovírus e os arbovírus. A situação epidemiológica observada nos últimos quatro anos na cidade de Manaus revelou uma incidência de 21% de casos de meningites de provável etiologia viral, sem identificação do agente etiológico. Sendo assim, o objetivo principal deste estudo foi identificar agentes virais que causam infecção no sistema nervoso central em pacientes atendidos em uma Unidade Terciária de Saúde no Amazonas, a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, no período entre janeiro de 2010 a agosto de 2012. Durante a etapa deste estudo um total de 165 amostras de LCR foram testadas por métodos de diagnóstico molecular, tais como PCR e RT-PCR para identificação dos agentes virais. A média de idade destes pacientes foi de 27,2 anos; 91 (55,1%) eram do sexo masculino; 41 (24,8%) eram menores de 15 anos. O genoma de um ou mais agentes virais foi detectado em 49 (29,7%) das 165 amostras de LCR coletadas. Os enterovirus foram os mais prevalentes, sendo detectados em 16 (32,6%) das amostras positivas, seguido pelos EBV em 11 (22,4%), VZV em 10 (20,4%), CMV em 9 (18,4%), HSV-1 e HSV-2 em 2 (4,1%) cada, e pelos arbovirus em sete (14,3%); quatro vírus dengue (DENV); e três vírus Oropouche (OROV). A detecção de infecção simultânea por dois diferentes vírus, causando meningoencefalite, foi identificada em 8 (16,4%) dos pacientes analisados, sendo mais frequente a associação de CMV/VZV e EVs/EBV. Trata-se do primeiro estudo, na Amazônia Ocidental Brasileira, para detecção e monitoramento de infeções virais no sistema nervoso central que revela a importância desta abordagem para o manejo apropriado dos pacientes afetados pela doença e para o planejamento das políticas públicas de saúde. Palavras chave: Meningoencefalite, arbovírus, enterovírus, herpesvírus, diagnóstico molecular. x Summary Acute infections of the central nervous system (CNS) are an important cause of medical emergency. Most are due to viruses, especially the human herpesvirus, enteroviruses and arboviruses. Epidemiology surveillance during the recent four years in the city of Manaus revealed an incidence of 21% of meningitis of probable viral etiology. However, the viral agents were not identified. The main aim of this study was to identify the viruses that caused infections of the CNS in patients enrolled in a Tertiary Health Unit of the state of Amazonas, the Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, from January 2010 through August 2012. A total of 165 samples of cerebrospinal fluid (CSF) was submitted for viral molecular diagnostic by Polymerase Chain Reaction and Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction. The mean age of the patients was 27.2 years. Of the 165 patients, 41 (24.8%) were below 15 years and 91 (55.1%) were male. In 49 samples (29.7%), the viral agents’ genomes were identified. Among these patients, 11 were >15 years, 9, 6 and 5 suffered from encephalitis, meningitis and meningoencephalitis respectively. Co-infections (CMV/VZV; VZV/EBV; CMV/EVs and EBV/EVs) were detected in 16,4%. Enteroviruses (16/49; 32.6%) were the most prevalent, followed by EBV (11/49;22.4%), VZV (10/49;20.4%) CMV (9/49; 18.4%), HSV-1 (2/49; 4.1%), HSV-2 ((2/49; 4.1%), and the arbovíruses (7/49;14.3%). Of the arboviruses, 4 were of dengue virus (3 DENV-2 and 1 DENV-1) and 3 of the oropouche virus (OROV). This is the first time such a study has been undertaken for the identification of viral agents causing infections of the CNS in the Brazilian Occidental Amazon. The detection of different viruses in the CNS of patients with meningitis or encephalitis highlights the importance of maintaining a system of active laboratorial monitoring diagnostics with rapid methodology of high sensitivity in areas of viral hyperendemicity such as Manaus. Keywords: Meningoencephalitis, arbovirus, enterovírus, herpesvírus, molecular diagnostic. xi Lista de Abreviaturas AIDS CMV cDNA DNA DENV DENV-1 DENV-2 DENV-3 DENV-4 EBV EEEV EV FMT-HVD HEV HSV HSV-1 HSV-2 JEV LCR LACV MHC MAC-ELISA NHE OROV PCR PV RNA RT-PCR ROCV SLEV SMV SNC TBEV VZV VEEV WNV WEEV Síndrome da imunodeficiência adquirida Citomegalovírus DNA Complementar Ácido Desoxirribonucléico Vírus Dengue Vírus dengue sorotipo 1 Vírus dengue sorotipo 2 Vírus dengue sorotipo 3 Vírus dengue sorotipo 4 Vírus Epstein-Barr Vírus da Encefalite Equina do Leste Enterovírus Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado Enterovírus Humano Vírus herpes simples Vírus herpes simples tipo 1 Vírus herpes simples tipo 2 Vírus da Encefalite Japonesa Líquido Cefalorraquidiano Vírus Lacross Complexo de Histocompatibilidade Principal Ensaio imunoenzimático para captura de IgM Núcleo Hospitalar de Epidemiologia Vírus Oropouche Reação em Cadeia da Polimerase Poliovírus Ácido Ribonucléico Transcrição Reversa – Reação em Cadeia da Polimerase Vírus Rocio Vírus da Encefalite de Saint Louis Síndrome da Meningoencefalite Viral Sistema Nervoso Central Tick-borne encephalitis vírus Vírus Varicela Zoster Vírus da Encefalite Equina Venezuelana Vírus do Oeste do Nilo Vírus da Encefalite Equina do Oeste xii Lista de Figuras Figura 1: Figura 2: Figura 3: Distribuição dos casos de meningites, por etiologia, atendidos em uma unidade terciária de saúde do Estado do Amazonas, a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, entre 2007 e 2010................................................................................................................ 03 Representação esquemática do ciclo de vida dos arbovírus......................................................................................................... 14 Algoritmo de processamento das amostras de LCR para identificação viral................................................................................................................. 44 xiii Lista de Tabelas Tabela 1: Agentes causadores de doença neurológica, distribuídos de acordo com o material genético, DNA e RNA .............................................................. 05 Distribuição dos Herpesvirus de acordo com a doença, epidemiologia, transmissão e rotas de acesso ao sistema nervoso central ........................ 06 Classificação dos vírus da família Herpesviridae em subfamília, gênero, nome popular e latência .............................................................................. 07 Tabela 4: Propriedades biológicas das subfamílias dos Herpesviridae ....................... 08 Tabela 5: Distribuição dos vírus RNA, de acordo com a doença, epidemiológia, vetor e rotas de acesso ao sistema nervoso central ............................... 15 Características do líquido cefalorraquidiano nas infecções bacterianas e virais ................................................................................................... 25 Tabela 7: Relação dos vírus investigados na pesquisa................................................. 32 Tabela 8: Relação dos iniciadores utilizados para detectar os vírus da família Herpesviridae................................................................................................ 34 Tabela 9: Relação das cepas virais utilizadas como controle....................................... 36 Tabela 10: Relação dos iniciadores utilizados para detecção dos gêneros Alphavirus, Flavivirus e Orthobunyavirus........................................................................ 38 Relação dos iniciadores espécie-específicos utilizados no utilizados no estudo para identificação dos Alphavirus, Flavivirus e Orthobunyavirus .... 40 Relação dos iniciadores utilizados para detecção dos Enterovirus................................................................................................... 43 Tabela 2: Tabela 3: Tabela 6: Tabela 11: Tabela 12: xiv Sumário 1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do problema.......................................................................... 1.2 A doença...................................................................................................... 1.3 Etiologia das meningoencefalites virais....................................................... 1.3.1 A família Herpesviridae............................................................................. 1.3.2 Estrutura viral............................................................................................ 1.3.3 Replicação viral......................................................................................... 1.3.4 Vírus herpes simples................................................................................. 1.3.5 Vírus varicela zoster.................................................................................. 1.3.6 Vírus epstain-barr...................................................................................... 1.3.7 Citomegalovirus......................................................................................... 1.4 Arbovírus...................................................................................................... 1.4.1 Família Flaviviridae................................................................................... 1.4.2 Família Togaviridae................................................................................... 1.4.3 Família Bunyaviridae................................................................................. 1.4.4 Família Picornaviridae............................................................................... 1.5 Diagnóstico Laboratorial.............................................................................. 02 04 06 06 07 09 09 11 11 12 13 15 19 20 22 24 2 OBJETIVOS 2.1 Geral............................................................................................................. 2.2 Específicos................................................................................................... 28 28 3 MATERIAL E METÓDOS 3.1 Tipo de Estudo............................................................................................. 3.1.1 Participantes do Estudo............................................................................ 3.1.2 Critérios de Inclusão.................................................................................. 3.1.3 Critérios de Exclusão................................................................................ 3.1.4 Critério de Exclusão a posteriori............................................................... 3.1.5 Aspectos éticos......................................................................................... 3.2 Seleção dos pacientes e coleta do material biológico................................. 3.3 Algoritmo de investigação e diagnóstico...................................................... 3.4 Diagnóstico Molecular................................................................................ 3.4.1 Metodologia para identificação dos vírus DNA......................................... 3.4.1.1 Extração do DNA da amostra ............................................................... 3.4.1.2 PCR para identificação dos vírus da família Herpesviridae................... 30 30 30 30 30 31 31 31 33 33 33 33 xv 3.4.2 Metodologia para identificação dos Arbovírus.......................................... 3.4.2.1 Cepas virais controle.............................................................................. 3.4.2.2 Produção dos Estoque virais utilizados como controles........................ 3.4.2.3 Isolamento viral em culturas celulares de mosquito A. albopictus......... 3.4.2.4 Extração do RNA viral............................................................................ 3.4.2.5 Reação de Transcrição Reversa RT...................................................... 3.4.2.6 Reação em Cadeia da Polimerase........................................................ 3.4.2.7 Detecção dos gêneros Alphavirus, Flavivirus e Orthobunyavirus......... 3.4.2.8 Semi-Nested-PCR para identificação de Alphavirus e Flavivirus.......... 3.4.2.9 Nested-PCR para identificação do vírus Oropouche............................. 3.4.3 Detecção do genoma viral dos Enterovirus.............................................. 3.4.3.1 Tentativas de isolamento viral em culturas celulares........................... 3.4.3.2 Detecção do gênero Enterovirus por RT-PCR....................................... 3.5 Visualização dos produtos amplificados...................................................... 3.6 Fluxograma simplificado da metodologia..................................................... 3.7 Sequenciamento Nucleotídeo...................................................................... 34 34 35 35 36 36 37 37 39 39 41 41 41 43 44 45 4 RESULTADOS Resultados estão apresentados na forma de artigo........................................ Artigo publicado.................................................................................................. Artigo enviado para publicação......................................................................... 46 47 52 5 CONCLUSÃO 5.1 Conclusão.................................................................................................... 5.2 Considerações Finais.................................................................................. 75 77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 78 ANEXOS Anexo 1: Protocolo de aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa da FMT-HVD...................................................................................... Anexo 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pós-informado............ Anexo 3: Protocolo de seguimento hospitalar dos pacientes com suspeita de infecção viral no sistema nervoso central.......................................................... Anexo 4: Fluxograma para coleta e separação das amostras de LCR.............. 96 98 102 105 1 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1. Introdução 2 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA As infecções do sistema nervoso central (SNC) atingem anualmente milhões de pessoas em todo o mundo. Podem ser causadas por vírus DNA e RNA e são responsáveis por um grande numero de doenças neurológicas (1). Dentre elas, as mais frequentes são as meningites, encefalites e meningoencefalites (2), infecções de grande importância, devido ao grande potencial em causar danos neurológicos e morte(3). Estas infecções manifestam-se, geralmente, por um quadro clínico de início súbito, agudo e com alta gravidade por sua localização, dependendo do agente etiológico. Por outro lado, os sinais e sintomas apresentados por estes pacientes estão relacionados à irritação meníngea e/ou ao acometimento encefálico, com cefaleia, alterações da consciência e crises convulsivas e, na maioria dos casos, não permitem chegar, pelo quadro clínico, à etiologia. Também, deve-se ressaltar que existe tratamento antiviral efetivo para o caso de algumas meningoencefalites por vírus, como é o caso da herpética e da citomegalovirótica quando utilizado, idealmente com precocidade, pode melhorar significantemente a evolução desses quadros(4). Ainda, para outras meningoencefalites, como as por arbovírus e enterovírus, o conhecimento etiológico pode gerar medidas epidemiológicas visando ao controle de surtos(5). Neste contexto, deve-se ressaltar que o diagnóstico laboratorial rotineiro destas infecções não costuma ocorrer na maior parte do Brasil, apesar da sua enorme importância. A identificação de agentes virais causadores de meningites no Brasil só tem sido possível em algumas situações, como nos surtos, nas quais existe um esforço conjunto para o esclarecimento do agente etiológico. Sendo assim, o sistema de vigilância epidemiológica de meningites virais dispõe de poucos dados sobre os principais agentes(6). A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), localizada na cidade de Manaus, estado do Amazonas, é um centro de referência para doenças tropicais. O seu Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) é responsável por aproximadamente 80 a 90% das notificações de casos de meningites conhecidos no município de Manaus. As meningites virais são 3 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL diagnosticadas neste hospital, como na maior parte do país, através da clínica, citologia, bioquímica liquórica, e epidemiologia. No período entre 2007 a 2010 o NHE da FMT-HDV, notificou, entre todos os casos de meningites, 21% de meningite com suposta etiologia viral, porém sem diagnóstico etiológico definido (Figura 1). Essa situação epidemiológica vivida no Brasil e mais especificamente no Amazonas, demonstra a necessidade de desenvolver e padronizar metodologias que possibilitem o diagnóstico confiável de agentes causadores da infecção no sistema nervoso central. M.Outras Etiologias 4% M. Viral 21% M. Não Especificada 6% M. Bacteriana 66% M. Tuberculose 3% Fonte: SINAN/FMT-HVD Figura 1: Distribuição dos casos de meningites, por etiologia, atendidos em uma unidade terciária de saúde do Estado do Amazonas, a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, entre 2007 e 2010. 4 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1.2 A DOENÇA As doenças infecciosas estão continuamente emergindo nas populações humanas. Muitas destas infecções são reconhecidas como causa de doença neurológica e 39% evoluem para quadros grave causando encefalite(7). As infecções do sistema nervoso central podem ser classificadas segundo a forma de apresentação, evolução clínica e região afetada do SNC. Neste aspecto, as infecções são classificadas em meningites, encefalites e mielites. Meningites são mais comuns na população pediátrica, cursando de forma aguda com sinais meníngeos, cefaleia, fotofobia e febre. Geralmente é benigna, com duração de, no máximo, duas semanas. Os enterovírus são os principais responsáveis por casos de meningites virais em crianças(8). Encefalite é um processo agudo, geralmente difuso, que acomete o encéfalo, determinando alterações no nível de consciência, febre, convulsões e sinais neurológicos focais. Dentre as causas estão os vírus, agentes etiológicos mais importantes, destacando-se nos hospedeiros imunocompetentes os vírus do grupo herpesvirus, arbovirus e enterovírus(9-11). Mielite é a inflamação da medula espinhal e pode ser causada por vários agentes incluindo os vírus e pode apresentar-se como paralisia flácida aguda ou disfunção neurológica devido ao envolvimento da substancia branca. A infecção mais proeminente da medula espinhal pode resultar na síndrome da mielite transversa aguda, quando os indivíduos afetados exibem fraqueza, perda sensorial, e comprometimento da bexiga urinária(12). As infecções virais do sistema nervoso são quase sempre parte de uma doença infecciosa sistêmica e generalizada. Assim, outros órgãos podem estar envolvidos antes ou em associação com as manifestações clínicas do SNC, e as evidências devem ser investigadas a partir da história ou durante o exame clínico do paciente. Erupções cutâneas, por exemplo, são pouco frequentes em infecções virais do sistema nervoso central, no entanto, podem estar relacionadas às infecções por herpesvirus; sinais de doença gastrointestinal podem estar relacionadas à enterovírus, também achados de infecção respiratória, como a gripe, podem acompanhar infecções como encefalite pelo HSV-1(13). 5 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Há uma variedade de vírus que podem invadir e causar doença no sistema nervoso central, como observado na Tabela 1. Estes vírus estão agrupados de acordo com o seu material genético, que é constituído por ácido ribonucleico (RNA) ou ácido desoxirribonucleico (DNA)(14). Tabela 1. Agentes causadores de doença neurológica, distribuídos de acordo com material genético, DNA e RNA. Doença neurológica RNA vírus DNA vírus Meningites Coxsackievirus HSV-2 (associado com herpes genital primária), VZV Echovirus Caxumba (raro) Encefalites JE vírus HSV-1 (adultos) Coxsackievirus HSV-2 (recém-nascidos) Echovirus Adenovirus, VZV, CMV * Artropod-borne EBV WNV, EEEV, WEEV, VEEV SLEV Mielites WNV HSV-1, VZV, EBV Poliovirus Abreviaturas: CMV, citomegalovirus; EBV, vírus epstein-barr; EEEV, vírus da encefalite equina do leste; HSV, vírus do herpes simples; JEV, vírus da encefalite japonesa; VZV, vírus varicela zoster; VEEV, vírus da encefalite eqüina venezuelana; WEEV, vírus da encefalite eqüina do oeste; WNV, vírus do oeste do Nilo (14). 6 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1.3 ETIOLOGIAS DA MENINGOENCEFALITE VIRAL 1.3.1 A Família Herpesviridae A família Herpesviridae pertence à ordem Herpesvirales e possui mais de 200 espécies já identificadas(15); cinco delas são descritas como patógenos humanos causadores de infecção no SNC. (Tabela 2). Os herpesvírus são amplamente distribuídos na natureza. A maioria das espécies animais hospeda algum destes vírus, os quais são uma das principais causas de doenças virais humanas, perdendo apenas para o vírus da gripe. Eles são capazes de estabelecer infecção latente em tecidos específicos(14). Tabela 2. Distribuição dos herpesvirus de acordo com a doença, epidemiologia, transmissão e rotas de acesso ao sistema nervoso central. Vírus Doença no SNC Curso da doença Transmissão Rotas ao SNC Humana Neuronal, sangue Humana Neuronal, sangue Humana Sangue Humana Sangue Humana Sangue, neuronal Aguda (congênita) HSV tipo 1 Encefalite Esporádica (reativação) HSV tipo 2 Meningite e encefalite Aguda (congênita) CMV Encefalite (imunossuprimidos e neonatos) Aguda e EBV Encefalite, meningite, mielites, GuillainBerré síndrome Primária ou recorrente VZV Encefalite, meningite, mielite e cerebelite Subaguda Aguda Aguda pós-infecciosa, Reativação latente Abreviaturas: HSV, vírus do herpes simples; CMV, citomegalovírus; EBV, vírus epstein-barr; VZV, vírus varicela zoster. 7 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL O termo herpes é derivado do grego herpes, etos e do latim herpes, etis, que significa doença da pele(16). O Comitê Internacional de Taxonomia dos Vírus(17) classificou a família Herpesviridae em três subfamílias: alphaherpesvirinae, betaherpesvirinae e gammaherpesvirinae, de acordo com suas propriedades biológicas, sua localização e estado de latência (Tabela 3 e Tabela 4). Tabela 3. Classificação da família Herpesviridae em subfamília, gênero, nome popular e latência. Nome Oficial Subfamília Gênero Nome Popular Latência Human herpesvirus 1 Human herpesvirus 2 Human herpesvirus 3 Human herpesvirus 4 Human herpesvirus 5 Human herpesvirus 6 Human herpesvirus 7 Human herpesvirus 8 Alphaherpesvirinae Simplexvirus Neurônio Alphaherpesvirinae Simplexvirus Alphaherpesvirinae Varicellovirus Gammaherpesvirinae Lymphocryptovirus Betaherpesvirinae Cytomegalovirus Betaherpesvirinae Roseolovirus Betaherpesvirinae Roseolovirus Gamaherpesvirinae Rhadinovirus Herpes simples tipo 1 (HSV-1) Herpes simples tipo 2 (HSV-2) Varicela zoster (VZV) Epstein-Barr (EBV) Citomegalovirus (CMV) Herpes vírus linfotrópico (HHV-6) Vírus herpes humano 8 (HHV-8) Sarcoma de Kaposi (KSHV) Neurônio Neurônio Linfócito B Monócitos, linfócito Linfócito T Linfócito T Desconhecido Fonte: www.ictvonline.org (2012) 1.3.2 Estrutura viral O genoma dos herpesvirus é constituído de filamento linear de DNA fita dupla, circundado pelo capsídeo icosaédrico contendo 162 capsômeros. Os herpesvirus são dotados de envelope derivado de membrana nuclear, com capsídeo variando de 120 a 300nm. Esta variação está relacionada à espessura do tegumento e às características do envelope. Envelopes intactos são impermeáveis e geralmente mantêm o formato esférico do vírion(18). 8 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tabela 4. Propriedades biológicas das subfamílias dos vírus da família Herpesviridae Propriedades comuns - O genoma é de DNA dupla fita, linear e grande. - A síntese de DNA e montagem de capsídeo ocorre dentro do núcleo, adquire envelope por brotamento através da membrana nuclear. - Apresenta uma grande variedade de enzimas envolvidas no metabolismo e síntese do ácido nucléico. - Produção da progênie viral resulta na destruição da célula hospedeira. - Estabelece latência em seus hospedeiros naturais. Alphaherpesvirinae - Gama de hospedeiros variáveis - Ciclo reprodutivo curto. - Rápida propagação em cultura de células. - Destruição eficiente de células infectadas. - Estabelece latência, principalmente, mas não com exclusividade nos gânglios sensoriais. Betaherpesvirinae - Gama de hospedeiros restritos (propriedade não exclusiva desta subfamília) - Ciclo reprodutivo longo. - Propagação lenta em cultura. - Latência nas glândulas secretoras, células linforeticulares, rins e outros tecidos. Gammaherpesvirinae - Gama de hospedeiros experimentais limitados à família ou à ordem do hospedeiro natural. - Replicação in vitro em células linfoblastóides. - Na replicação in vivo e latência em ambos os linfócitos T ou B. Adaptado de (CLEATOR & KLAPPER, 2005) (15) 9 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1.3.3 Replicação viral O ciclo replicativo inicia-se com a ligação do vírus aos receptores de superfície celular, através das glicoproteínas do envelope externo. O nucleocapsídeo é liberado no citoplasma através da fusão do envoltório com a membrana plasmática. Após penetrar no núcleo celular a proteína regulatória viral é ativada e leva a tradução dos genes alfa e beta. Assim, ocorre a produção de múltiplas cópias do DNA de novos vírions do herpes vírus(18). O genoma viral é transcrito por uma RNA polimerase DNA dependente, e regulados por fatores nucleares da célula hospedeira. A inter-relação destes fatores determina se a infecção será lítica, persistente ou latente. Após a infecção no hospedeiro natural, o vírus estabelece uma infecção latente que persiste durante toda a vida. No estado latente apenas um pequeno subconjunto dos genes virais são expressos. A reativação, com expressão de proteínas virais e produção de progênie viral, pode ocorrer em intervalos e produzir infecção recorrente. 1.3.4 Vírus herpes simples Os vírus do herpes simples (HSV) foram os primeiros vírus humanos a serem descobertos e estão entre os mais intensamente estudados. Com base em similaridades do genoma, tipagem sorológica e sintomas clínicos, foram separados em dois tipos: herpes simples tipo 1 (HSV-1) e herpes simples tipo 2 (HSV-2)(19). O homem é o único hospedeiro natural. Durante a infecção, estes vírus estabelecem latência, sempre nos sítio da infecção primária que, para o HSV-1 é o gânglio trigêmeo; e para o HSV-2, o gânglio sacral. Outros sítios, como a raiz do gânglio dorsal, incluindo o cervical superior, vagal e gânglio genicular também podem abrigá-los(15). As infecções mais severas causadas por estes vírus ocorrem no sistema nervoso central são as encefalite e as meningites asséptica. 10 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL A encefalite por herpes simples produz uma infecção nos neurônios têmporomediais com intenso fenômeno inflamatório local. A doença é progressiva e a gravidade dos sintomas aumenta; leva a uma redução da consciência, podendo evoluir para casos graves como o coma e ou a morte. A encefalite herpética ocorre em todas as idades e gêneros com a mesma frequência(15). Os HSV são os agentes mais comuns em casos de encefalite esporádica fatal (20) . O HSV-1 é responsável por 90% dos casos de encefalite focal em adolescentes e adultos imunocompetentes. O HSV-2 está associado à encefalite em pacientes imunocomprometidos(21). A encefalite por herpesvírus não tratada tem uma taxa de 70% de letalidade; em pacientes tratados, diminui para 19%, no entanto 50% destes pacientes apresentam sequelas neurológicas que vão de moderada a grave. A incidência desta doença, só nos EUA, é de aproximadamente 2000 casos por ano, sendo o HSV-1 responsável por mais de 90% das encefalite na infância e nos adultos (22) . É preciso ressaltar que um terço dos casos de encefalite HSV-1 ocorre em menores de 20 anos, em consequência de uma infecção primária, enquanto o restante dos casos é decorrente da reativação viral. Em contraste, o HSV-2 é responsável por 80% dos casos no período neonatal, em consequência da passagem por um canal de parto infectado(23). Outras complicações observadas em associação com o HSV-2 são as doenças neurológicas, incluindo meningite asséptica, radiculopatia recorrente e mielite, em pacientes imunocomprometidos. Os sintomas observados são dores de cabeça, febre, rigidez de nuca e pleocitose linfomonocitária no LCR(24). A meningite causada pelo HSV-2 ocorre entre 4-8% dos casos de herpes genital primário. As mulheres parecem ser mais afetadas que os homens, apesar de o HSV-2 ser a causa mais comum. Ocasionalmente, o HSV-1 também pode causar meningite após infecção genital primária(15). A patogênese de encefalite por herpes ainda não é muito bem compreendida. A estrutura da vasculatura dentro do cérebro, juntamente com as meninges que o envolvem, representam, no hospedeiro fisiologicamente normal, uma barreira significativa à entrada de vírus para o parênquima cerebral. A disseminação viral através da via hematogênea para o cérebro é normalmente evitada pelas barreiras sangue-cérebro e sangue-líquido cefalorraquidiano. Para ter acesso ao órgão, o 11 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL vírus deve contornar as barreiras anatomo-fisiológicas. O vírus pode conseguir este trânsito a partir da periferia dentro das células nervosas. Várias vias têm sido propostas, mas, embora com toda a probabilidade, não há ainda, uma rota que explique todos os casos de encefalite por herpes(15). Acredita-se que os lobos frontais e temporais, associados à estrutura límbica do cérebro, parecem ser os alvos principais do processo infeccioso(25). 1.3.5 Vírus varicela zoster O vírus varicela-zoster (VZV), outro membro dos herpesvirus, causa encefalite que segue três diferentes padrões clínicos, dependendo da localização do vírus durante a reativação e de como ele foi transportado para o sistema nervoso central. A disseminação por via hematogênea leva à vasculite de grandes vasos (infartos isquêmicos ou hemorrágicos) e à vasculite de pequenos vasos (pequenas lesões isquêmicas ou hemorrágicas nas zonas de substância cinza e branca); e a disseminação ventricular leva à encefalite, que se apresenta em forma de periventriculite. Essa gravidade na infecção por VZV é mais observada em pacientes imunocomprometidos(23). A infecção por VZV ocorre em mais de 90% da população antes da adolescência e, aproximadamente, 20-30% irão desenvolver herpes zoster na vida adulta(26). A incidência na população, em geral, é de aproximadamente 2,9-3,3 por 1000 pessoas/ano e aumenta para 10,2 ou 11,6 em pacientes com idade acima dos 80 anos(27). 1.3.6 Vírus epstein-barr A infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) está associada a várias doenças do sistema nervoso central (SNC), em hospedeiros imunocomprometidos e imunocompetentes. Essas doenças podem ser meningite, encefalite e linfoma do sistema nervoso central, em pacientes com AIDS. O EBV também esta associado à síndrome de Guillain-Barré, mielorradiculite e encefalomieloradiculite(28). 12 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EBV infecta os linfócitos B e T de mais de 90% da população, em geral, antes da idade adulta. EBV replica na orofaringe e é transmitido através de secreções orais. Infecção primárias por EBV, frequentemente, resulta em mononucleose infecciosa(29). Encefalite e meningite são as complicações neurológicas mais comumente observadas em associação com a mononucleose infecciosa. A síndrome Guillain-Barré também está a ela relacionada. Estima-se que as complicações neurológicas ocorrem em 1-5% de indivíduos com mononucleose infecciosa(28). 1.3.7 Citomegalovirus Citomegalovírus é o herpesvirus que mais causa manifestações clinicas, variando desde uma infecção inaparente até casos fatais. Normalmente, a infecção ocorre na infância e permanece latente em indivíduos imunocompetentes. No entanto, pacientes imunocomprometidos, principalmente os transplantados de órgãos e os HIV, podem desenvolver uma doença clínica grave, a partir de uma infecção primária ou após reativação viral(30). A maioria das infecções são primárias é assintomática em 60% dos adultos nos países desenvolvidos e, praticamente, 100%, em países em desenvolvimento, apresentam anticorpos contra CMV. Normalmente a encefalite por CMV é autolimitada, apresentando episódios febris com manifestações clínicas de meningoencefalite não específicas, com dor de cabeça, confusão e raramente, convulsões e coma. O líquido cefalorraquidiano apresenta pleocitose, proteína levemente aumentada, níveis normais de glicose(31). 13 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1.4 Arbovírus O termo “arbovírus” origina-se das duas primeiras letras das palavras que compõem a expressão inglesa arthopod-borne, acrescida da palavra vírus. Significa vírus transmitidos por artrópodes (mosquitos e carrapatos) para primatas humanos e não humanos, aves, répteis, marsupiais, entre outros. Eles constituem o maior grupo conhecido, com 537 membros registrados no Catálogo Internacional dos Arbovírus distribuídos em 63 grupos antigênicos(32). Com base em suas propriedades físico-químicas, a maioria dos arbovírus se distribui por 5 famílias: Bunyaviridae, Flaviviridae, Reoviridae, Rhabdoviridae e Togaviridae(32, 33) . Os arbovírus são vírus mantidos na natureza, mediante transmissão biológica entre hospedeiros vertebrados suscetíveis e artrópodes hematófagos ou entre hospedeiros artrópodes, por meio da via transovariana e, possivelmente, da via venérea; multiplicam-se e produzem viremia nos vertebrados, assim como nos tecidos dos artrópodes. São transmitidos a novos vertebrados suscetíveis através da picada do inseto, após um período de incubação extrínseca, vide ciclo Figura 2(34). As infecções por arbovírus, pertencentes aos gêneros Flavivirus, Alphavirus e Bunyavirus, podem levar a uma síndrome clínica conhecida como doença aguda do sistema nervoso central, que se manifesta na forma de meningite e encefalite conforme observado na tabela 5(35). Os Arbovírus, amplamente distribuídos em todo o mundo, representam quase 30% de todas as doenças infecciosas emergentes da última década (36). Embora as variáveis que contribuem para a epidemiologia de todos os vírus sejam únicas, alguns outros fatores como os sócio-econômicos, os ambientais e os ecológicos têm papel relevante para a emergência destas arboviroses(37). O comportamento humano tem desempenhado um papel significativo na emergência e reemergência de doenças por arbovírus, sugerindo que o aumento da exposição humana aos mosquitos e a outros artrópodes vetores é um importante fator no surgimento da doença(36). A encefalite por arbovírus é causa importante de mortalidade e morbidade em muitas regiões tropicais do mundo onde estes vírus causam epidemias. 14 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL As viagens modernas e o comércio entre países facilitaram a propagação dos arbovírus de forma altamente eficiente. Vários exemplos comprovam isso, como a introdução do tigre asiático, o mosquito Aedes albopictus na América do Norte e Europa(38), a introdução do Vírus Oeste do Nilo (WNV), em 1999, na América do Norte, a partir do Oriente Médio(39); a propagação do vírus da encefalite japonesa (JEV) na Índia, Nepal e norte da Austrália(40, 41); e os surtos explosivos de 2005-2007 da infecção pelo vírus Chikungunya, no Oceano Índico e na Índia(42, 43). Figura 2. Representação esquemática do ciclo de vida dos arbovírus. (Ciclo adaptado de Hollidge, B.S. e col)(34). Os vetores são representados pelos mosquitos nesta figura. Para muitos arbovírus, a transmissão vertical de mosquito fêmea infectado para sua progênie ocorre por via transovariana, exemplo LACV [vermelho] e WNV [verde]. Mosquitos infectados do sexo masculino podem infectar mosquitos fêmeas virgens por transmissão venérea. No ciclo enzoótico, os arbovírus usam a transmissão silvestre (linhas em vermelho e verde) (por exemplo, LACV, pequenos roedores e WNV e SLEV, aves). Na maioria dos casos, humanos servem como hospedeiro final e não desempenham um papel importante na manutenção do ciclo dos arbovírus. No entanto, alguns arbovírus (por exemplo, VEEV, cavalos e JEV, porcos) estabeleceram ciclos de amplificação epizoótica em animais domésticos (cinza). Uma preocupação crescente é que alguns arbovírus (por exemplo, DENV) pode manter amplificação em humano (azul) em um cenário urbano. 15 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tabela 5. Distribuição dos vírus RNA de acordo com a doença, epidemiologia, vetor e rotas de acesso ao sistema nervoso central. RNA vírus Doença no SNC Alphavírus Meningites e Casos Fatais (%) Vetor Rotas SNC WEEV 3-10 Mosquitos EEEV >30 (WEEV, EEEV, VEEV) Sangue Encefalites VEEV <1 JEV – 25 Flavivírus Meningites e (JEV, SLEV, WNV, TBEV) Encefalites SLEV – 7 Mosquitos WNV – 11 a 33 Carrapatos Sangue TBEV – 20 Bunyavírus Meningites e Sangue <1% Vírus encefalite Califórnia Mosquitos Encefalites Abreviaturas: WEEV, vírus da encefalite equina do oeste; EEEV, vírus da encefalite equina do leste; VEEV, vírus da encefalite equina venezuelana; JEV, vírus da encefalite japonesa; SLEV, vírus da encefalite de Saint louis; WNV, vírus oeste do Nilo; TBEV, Tick-borne encephalitis vírus. 1.4.1 Família Flaviviridae Os Flavivírus, mesmo tirando a participação dos vírus do dengue, são importante causa de doença em todo mundo, destacando-se um complexo identificado filogeneticamente por vírus zoonóticos de aves, transmitido por mosquitos culicídeos e que ao infectarem o homem podem causar meningoencefalites(44). Membros importantes do complexo encefalite japonesa são os vírus da Encefalite de Saint Louis (SLEV), Rocio (ROCV), e vírus Oeste do Nilo (WNV). Cada um desses causa doença similar em humanos, variando de assintomática ou de uma doença de média gravidade gripe-símile a uma encefalite (45) . O vírus da encefalite Saint Louis está amplamente distribuído em todo o hemisfério ocidental do Canadá à Argentina. O SLEV foi isolado pela primeira vez 16 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL em 1933, durante uma grande epidemia que ocorreu em Saint Louis (Missouri, EUA), com relato de aproximadamente 1000 casos de encefalite(46). Foram descritos nos Estados Unidos, no período entre 1999 a 2007, 188 casos de doença neuroinvasiva, ocasionada pelo vírus da encefalite de Saint Louis dados provenientes de 19 estados - sendo Louisiana, Texas, Arizona, Michigan e Mississipi responsáveis por 87% de todos os casos(11). No Brasil, o SLEV foi isolado pela primeira vez na 1960 de um pool de mosquitos na Bacia Amazônica. Posteriormente, o vírus foi repetidamente isolado de animais e artrópodes na região Amazônica e estado de São Paulo(47). No entanto, o isolamento do SLEV, a partir de soros humanos, ficou restrito a apenas dois, isolados na região amazônica, na decada de setenta. Em ambos os casos, o quadro clinico foi de uma doença febril com icterícia, sem envolvimento do sistema nervoso central(47-49). Mais recentemente, o SLEV foi isolado de um paciente com doença febril, suspeito de dengue, em 2005, na cidade de São Pedro(50). No ano seguinte, foi detectado em quatro pacientes com sintomas clínicos semelhantes aos observados nos casos de dengue, assim como em dois outros pacientes, clinicamente diagnosticados com meningoencefalite viral, em São José do Rio Preto, São Paulo (51) . Além disso, um inquérito sorológico, realizado em equinos do Pantanal, revelou uma alta prevalência de anticorpos neutralizantes (50,9%) para SLEV (52). O WNV foi Isolado pela primeira vez em 1937 no distrito de West Nile, Uganda. Este vírus não tinha sido encontrado no hemisfério ocidental até 1999, quando foi detectado em um surto na cidade de Nova York, o que resultou em 62 casos de encefalite com sete mortes(39, 53, 54). Após a introdução de WNV em Nova York, o vírus se expandiu pelos 48 estados americanos e também para o Canadá, México, Caribe e Colômbia(55, 56) . Entre 2002 e 2003, a doença se expandiu de tal modo que houve confirmação de cerca de 3000 casos de doença neuroinvasiva (encefalite, meningite, paralisia flácida aguda)(57). WNV é agora a principal causa de encefalite por arbovírus nos Estados Unidos da América(55, 58). WNV tem a mais ampla distribuição geográfica de todos os flavivírus. Estende-se na América (do Norte à do Sul), Europa, Oriente Médio, África, Ásia Ocidental e Austrália(39). 17 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Estudos recentes notificaram a presença de anticorpos neutralizantes para WNV em equinos na Colômbia(59). Em 2007, o vírus foi isolado de equinos na Argentina(60). No Brasil, o WNV ainda não foi isolado, mas anticorpos neutralizantes foram recentemente relatados em cavalos no Pantanal(61). Mais recentemente foi verificada evidência sorológica de que o WNV tem circulado não apenas em cavalos, mas também em aves(62). Até o momento a presença deste vírus ainda não foi detectada em humanos(63). O vírus Rocio (ROCV) foi originalmente isolado do tecido nervoso de um caso de encefalite fatal na década de 70 e, posteriormente, foi responsável por uma epidemia de encefalite, em humanos, no Vale do Ribeira, sudeste do Estado de São Paulo, entre 1973 e 1980. Neste período foram notificados 1021 casos de encefalite, onde foi observado quadro clinico agudo de febre, dor de cabeça. Os pacientes evoluíram com convulsão e, ou alteração da consciência, resultando em 10% de letalidade(64). Além disso, cerca de 20% dos sobreviventes desenvolveram sequelas, tais como alterações motoras (49,65%), especialmente da marcha e equilíbrio(65). O vírus foi isolado de ave da espécie Zenothrichia capensis e estudos sorológicos sugerem que as aves selvagens podem ser seus reservatórios, como também, de pool de mosquitos do gênero Psorophora e Aedes(64, 66) . Apesar de a epidemia de ROCV ter sido um episódio isolado, ocorrido há mais de três décadas, inquéritos sorológicos em moradores do interior do Estado de São Paulo (5, 67) e do Estado da Bahia(68) mostraram evidência de anticorpos neutralizantes para ROCV. Recentemente, inquérito sorológico realizado em equinos dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Paraíba revelou soro positividade do tipo monotípica para o vírus Rocio em 6% dos animais testados (69), isso indica a dispersão deste vírus pelo país, especialmente em áreas rurais e mantém um risco permanente de reemergência do ROCV, podendo vir a causar novas epidemias(5). O dengue é a arbovirose mais importante em todo o mundo e está amplamente distribuída. Cerca de 2,5 bilhões de pessoas que vivem em áreas tropicais e subtropicais estão em risco de infecção por esse vírus(70). A infecção por dengue é causada por quatro sorotipos diferentes (DENV-1,2,3 e 4) e é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti. Pode causar infecção assintomática ou dois diferentes quadros clínicos: a febre do dengue (DF) e 18 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL / ou febre hemorrágica do dengue / síndrome do choque por dengue (FHD / SCD) (71) . Nos últimos anos, manifestações incomuns da infecção por dengue, como a síndrome neurológica, têm sido descritas(72-75), incluindo encefalite, encefalomielite aguda disseminada, mielite transversa e síndrome de Guillain Barré(75-78). Estes achados corroboraram com o aumento das evidências clínicas e laboratoriais, dando suporte à hipótese de neurotropismo pelo vírus dengue (79). Manaus, capital do estado do Amazonas, com quase 2 milhões de habitantes, sofre com surtos de dengue desde 1998, a partir da introdução do DENV-1(80). Em 2001, com a introdução do DENV-2 e a segunda epidemia(81). O DENV-3 foi detectado em 2002; desde então, observa-se um número crescente de casos graves da doença, principalmente em crianças(82). Até 2008 no Brasil, circulavam apenas três sorotipos do vírus, quando o DENV-4 foi detectado em três pacientes em Manaus(83), após 26 anos de seu primeiro relato na cidade de Boa Vista, estado de Roraima. Estes dados indicaram a circulação dos quatro sorotipos em momentos deferentes. No entanto, seguindo uma tendência de aumento da dengue no Brasil, nos primeiros meses de 2011, Manaus começou com um novo surto, com quase 40.000 casos, que afetou pacientes de todas as regiões da cidade e causou doenças de gravidades distintas. Durante este surto foi detectada a circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus dengue, evidência clara de hiperendemicidade o que poderá resultar em aumento da morbidade, formas graves da doença e mortes(84). Essa situação epidemiológica, observada em Manaus, deve ser vista como um alerta, principalmente, em relação ao surgimento de casos neurológicos em pacientes com síndrome febril, pois estudos realizados no Rio de Janeiro demonstraram que meningite e encefalite foram as manifestações neurológicas mais comuns entre os pacientes com dengue em área endêmica(85, 86) . Outro estudo, realizado pelos mesmos pesquisadores, também mostrou que o dengue é o agente mais comum de encefalite imunocompetentes(86). viral em pacientes adolescentes e adultos 19 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1.4.2 Família Togaviridae O gênero Alphavirus compreende 29 espécies virais, agrupados em, pelo menos, sete complexos antigênicos(87). Estes vírus são esféricos, envelopados, medem entre 60 a 70 nm de diâmetro, têm o genoma composto por RNA linear de fita simples, com polaridade positiva. As proteínas são codificadas por sete genes, sendo quatro não estruturais (NSP1, NSP2, NSP3 e NSP4) e as proteínas estruturais (glicoproteínas E1, E2 e E3, glicoproteínas do envelope e a proteína C do capsídeo)(88). Pertencentes a este gênero têm-se os vírus da Encefalite Equina Venezuelana (VEEV), Encefalite Equina do Leste (EEEV) e Encefalite Equina do Oeste (WEEV). São vírus do Novo Mundo e, como o nome sugere, causam encefalite em cavalos e em seres humanos. No entanto, os três vírus apresentam virulência e incidência variável(89). O VEEV foi detectado na década de 90 no México (7) e, posteriormente, no Peru, mas as maiores epidemia e epizootia ocorreram em 1995, quando este vírus infectou aproximadamente 100 mil pessoas e milhares de equinos na Venezuela e na Colômbia(90, 91) . O WEEV, em 2009, foi responsável por um caso fatal de encefalite no Uruguai(92). O EEEV, endêmico nas regiões das Américas, é encontrado desde o sudeste do Canadá. Atinge a costa leste e golfo dos Estados Unidos e Caribe e da América Central se estendeu para Trinidad, Brasil, Guiana e Argentina(93). Este vírus apresenta duas distintas variantes antigênicas: cepas da América do Norte e América do Sul(94). A primeira causa surtos periódicos de encefalite em humanos e equinos(95, 96); é altamente neurovirulenta e, em comparação com o VEEV e WEEV, causa encefalite em humanos de maior gravidade. Considerando que VEEV e WEEV normalmente causam doença febril mas raramente progride para a encefalite (97) , adultos infectados com cepas de EEEV americano, ao contrário, desenvolvem doença com evolução rápida, cujos sintomas iniciais são febre, calafrios, mialgia, artralgia, dor retro-ocular, dor de cabeça e redução dos níveis de consciência(95). Os indivíduos mais jovens, muitas vezes, experimentam, ainda, sintomas neurológicos 20 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL sem pródromos. A doença neurológica resulta em paralisia, convulsões, coma e morte em 30-80% dos pacientes. Estima-se, também que ocorram déficits neurológicos em 35% dos sobreviventes(97). Quando os Alphavirus causadores de encefalite infectam os neurônios, ocorre rapidamente alterações no SNC para iniciar uma resposta protetora (98). Os neurônios podem responder à infecção através da produção de Interferon β e γ, IL-6 e quimiocinas, como CXCL10, CCL21 e CX3CL1(99, 100). Macrófagos e células da glia são ativados nas fases iniciais da resposta e produzem rapidamente uma variedade de citocinas (IL-1, TNF-α, IL-6) e quimiocinas (CXCL10, CCL2, CCL5)(101, 102) os quais rapidamente regulam o complexo principal de histocompatibilidade (MHC) em células da micróglia, para melhorar a entrada de células ativas no SNC. Esta atividade imunológica pode contribuir para ambos os mecanismos de proteção ou patogênicos(103). Dentre os Alphavirus de importância no Brasil, tem-se descrito os vírus das Encefalites Equina Venezuelana (VEEV), Equina do Leste (EEEV) e Equina do Oeste (WEEV), como os agentes responsáveis por epizootias em equinos domésticos e surtos de doença febril aguda ou meningoencefalites em humanos (47). 1.4.3 Família Bunyaviridae Os vírus da família Bunyaviridae são esféricos, medem entre 80 a 120 nm e são envelopados. O genoma é constituído por três segmentos de RNA fita simples, denominados (S) pequeno, (M) médio e (L) grande(104). O segmento S codifica duas proteínas, a nucleoproteína estrutural N e uma outra, pequena, não estrutural NSs em sobreposição de fase de leitura. O segmento M codifica uma poliproteína precursora que, após clivagem, dá origem as proteínas estruturais G1 e G2 do envelope e a proteína NSm, presente apenas entre os Orthobunyavirus. A proteína L codifica uma grande proteína que contem atividade de RNA polimerase, genômicos(105). importante na replicação e transcrição dos segmentos 21 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Entre os membros da família Bunyaviridae, destacam-se os Hantavírus, causadores de doença pulmonar, e o vírus Oropouche (OROV), importante causa de doença febril no Brasil(106). O OROV é o arbovírus que, depois do dengue, causa mais epidemias de doença febril na Amazônia e é a segunda causa mais comum de arbovirose urbana no Brasil. Estima-se que nos últimos 30 anos tenham ocorridos mais de meio milhão de casos no Brasil(107). O vírus foi isolado, pela primeira vez, a partir do sangue de um trabalhador florestal em Trinidad, 1955. O primeiro isolamento no Brasil foi em 1960, a partir do sangue de uma preguiça (Bradypus tridactylus). O potencial da epidemia de OROV foi reconhecido durante um surto em Belém, Pará, em 1961, onde aproximadamente 11.000 pessoas foram infectadas(108). Nos últimos 40 anos, a febre do Oropouche tem emergido como um problema de saúde pública em áreas tropicais da América Central e do Sul(109). Além do Brasil, o OROV também foi isolado em Trinidad, Panamá e Peru(110). De 1960 a 1980, surtos de febre por Oropouche foram detectados apenas no Estado do Pará, principalmente em Belém e áreas vizinhas, onde milhares de pessoas foram infectadas(108, 109). As primeiras epidemias de OROV registradas, fora do estado do Pará ocorreram na década de 80 no Amazonas - nas cidades de Manaus e Barcelos(111); na cidade de Mazagão no Amapá; em outros estados amazônicos, incluindo Acre e Rondônia; e fora da Amazônia, no Maranhão e em Tocantins(107, recentemente, o OROV foi detectado nas cidades de Minas Gerais 112) . Mais (113) , Acre(114) e em Manaus(115). Um grande número de casos e surtos de febre por Oropouche têm sido relatados em áreas da Amazônia brasileira, o que sugere a circulação endêmica deste vírus(116). A infecção por Oropouche manifesta-se na forma de episódios febris agudos. Os primeiros sintomas são febre, dor de cabeça, calafrios, dor muscular, artralgia e fotofobia. Podem ocorrer, também, dor retro-ocular e, ocasionalmente, manifestações neurológicas, relatadas durante um surto de febre, no estado do Pará, em 1980. A maioria dos pacientes apresentou manifestações neurológicas típicas relacionadas à meningite assépticas no inicio da fase aguda e, aproximadamente, um terço deles apresentou náuseas e vômitos. Alguns evoluíram com letargia(117). 22 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Recentemente, em um estudo realizado com 110 amostras de LCR de pacientes com meningoencefalite, foi detectada a presença do OROV em três (2,7%) casos. Dois pacientes, entre estes, tinham outra doença afetando o SNC (AIDS e Neurocisticercose), evidenciando que a ocorrência de infecção no SNC causada por OROV, pode ser subestimada, especialmente em pacientes imunocomprometidos(118). Pouco se conhece sobre a patogênese da febre do Oropouche. O agente produz uma infecção sistêmica em humanos com fase virêmica, onde os títulos virais são geralmente altos nos dois primeiros dias da doença (119). O fato de que o OROV foi capaz de causar meningite asséptica - combinada com o isolamento do vírus no LCR - sugere que este vírus tem habilidade para atravessar a barreira hematoencefálica(120). Estudo realizado por Rodrigues e Col. 2011, utilizando hamsters como modelo experimental, para tentar simular a infecção natural, demonstrou que o vírus Oropouche causa viremia e possui marcante tropismo para fígado e cérebro. A invasão do SNC pelo OROV foi bastante evidente, com sinais de danos neurológicos graves, incluindo deficiência motora, paralisia dos membros posteriores. Os autores ainda sugerem as hipóteses de que o OROV pode chegar ao SNC via barreira hematoencefálica e ou por rotas de invasão neuronal(121). 1.4.4 Família Picornaviridae A família Picornaviridae (“pico”= pequeno, “RNA”= ácido ribonucléico) é composta por nove gêneros: Enterovirus, Aphthovirus, Cardiovirus, Hepatovirus, Parechovirus, Rhinovirus, Erbovirus, Kobovirus e Teschovirus. Somente os seis primeiros gêneros infectam humanos(122). Os Enterovírus (EVs) são assim designados devido a sua replicação ocorrer no trato gastrointestinal humano. Este gênero possui 10 espécies e sete são capazes de causar doença em humanos. De acordo com a ultima atualização do ICTV, os enterovirus estão classificados em 4 espécies: enterovirus humano grupo A, enterovirus humano grupo B, enterovirus humano grupo C e enterovirus humano 23 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL grupo D. Estes vírus são esféricos, não envelopados e medem 27nm de diâmetro (123) . A estrutura genômica dos enterovírus consiste em RNA de fita simples de polaridade positiva, com aproximadamente 7500 nucleotídeos e peso molecular de 2,6X106 D. A região 5’ NTR (não traduzida) do genoma está ligada covalentemente a uma pequena proteína viral, VPg (Virion Protein genome), que é codificada por um único gene em todos os picornavírus. Devido sua presença se dá no início da replicação do RNA, estudos sugerem que ela possa ter a função de um iniciador para esta síntese(122). A região 3' NTR (não traduzida) é menor e tem cerca de 47 nucleotídeos, contém uma estrutura secundária que está relacionada ao controle da síntese do RNA viral. Ambas as moléculas de RNA e mRNA possuem uma cauda poli (A) que varia de 35 a 100 nucleotídeos (Figura 4). Estudos mostram que sua função pode estar relacionada à infecciosidade viral(124). Os Enterovírus (EV) são uma importante causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Embora muitas infecções por enterovírus não pólio sejam assintomáticas, estima-se que eles causam entre 10-15 milhões ou mais de infecções sintomáticas só nos EUA(125). Muitas infecções por enterovírus não causam doença expressiva, mas, especialmente em crianças e em imunocomprometidos, podem levar a casos graves. Este grupo de vírus são a causa mais comum de meningite asséptica, uma das infecções mais frequentes no sistema nervoso central(122). A replicação dos picornavírus ocorre no citoplasma das células-alvo. Primeiramente, a partícula viral liga-se a receptores celulares específicos, presente na membrana plasmática; em seguida, ocorre a adsorção, e o vírus é internalizado por endocitose e tem seu capsídeo fragmentado. O RNA viral é, então, exposto, através de um processo que envolve mudanças estruturais no capsídeo. Uma vez dentro do citoplasma, a fita positiva de RNA viral é transcrita em proteínas essenciais para a replicação de novas partículas. O ciclo de replicação de uma única partícula viral pode levar de 5 a 10 horas, no entanto, muitas variáveis estão envolvidas, tais como: particularidades da cepa, temperatura, pH. Muitos picornavírus são liberados das células através da lise levando-as a morte(122). 24 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Com a introdução da vacina da poliomielite, o nicho ecológico dos poliovírus tem se tornado extremamente restrito. Contudo, observa-se um aumento significativo na circulação, detecção, identificação e evolução dos enterovírus nãopolio e o surgimento de surtos provocados por cepas epidêmicas e emergentes (126). Os enterovírus humanos são responsáveis por uma variedade de doenças e manifestações clínicas, tais como: miocardite, exantema, conjuntivite hemorrágica, meningite, encefalite, diabetes, dentre outras(127). As meningites virais, causadas por Enterovírus, são relatadas com grande frequência em diversos países do mundo, atingindo principalmente a faixa etária mais jovem e de classe socioeconômica baixa. Estão diretamente relacionadas às condições sanitárias precárias e às grandes aglomerações populacionais, que favorecem a transmissão por via fecal-oral. Dados epidemiológicos mostram que os Enterovirus são responsáveis por cerca de 85% de todos os casos de meningite nos quais um agente etiológico é identificado(128-132). Muitos sorotipos de enterovírus têm sido descritos como responsáveis por surtos ou casos esporádicos de meningite asséptica. Estudos epidemiológicos realizados no Brasil, sobre esses casos, têm identificado o Echovírus 30 nos estados do Paraná, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Belém, como o agente mais frequente(132-136), seguido pelo Enterovírus 71(137-140). Outras cepas de Enterovírus ainda foram identificadas (E-6, E-4), Coxsakievírus B (cepas 2, 3, 5, 6 e 9)(141, 142). 1.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial das meningites é realizado através do estudo do líquido cefalorraquidiano. Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos são: quimiocitológico, bacterioscopia direta e culturas. A obtenção do LCR para análise é um dos passos mais importantes para o diagnóstico. Sua análise é de grande importância, devendo ser considerada um conjunto de testes que expressem o estado do fluido e que possa caracterizá-lo dentro dos limites de normalidade ou não. Na Tabela 6, podem ser observadas algumas características do líquido cefalorraquidiano em infecções bacteriana e viral. 25 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL O LCR é um fluido corporal, livre de sangue, oligocelular e oligoprotéico intimamente relacionado com o SNC e seus envoltórios. Está presente nas cavidades ventriculares e no espaço subaracnóideo, envolvendo a medula espinhal e o encéfalo. Este fluido, em condições normais, contém concentração reduzida de proteínas, glicose, potássio e magnésio e relativamente elevada de cloreto de sódio. Valores normais de celularidade no LCR variam de 1 a 5 células por milímetro cúbico (mm3). E por apresentar aspecto límpido, incolor e translúcido recebe muitas vezes a denominação de “água de rocha”(143). Tabela 6. Características do líquido cefalorraquidiano nas infecções bacterianas e virais. Parâmetros do LCR Infecção bacteriana Infecção viral Glóbulos brancos Contagem total ( <5 céls/mm3) 1000-5000 céls/mm3 Tipicamente <500 céls/mm3 Predomínio de Neutrófilos, mas linfócitos podem estar presentes no início da doença. Predomínio de linfócitos, mas neutrófilos podem estar presente. Baixo Normal Elevada Normal/ levemente aumentada Diferencial (normalmente linfócitos, sem neutrófilos ou células vermelhas). LCR: Concentração de Glicose sérica (40 a 80mg/dl) Concentração de Proteínas (15 a 50mg/dl) Adaptado de (143) As infecções agudas do SNC, como encefalite e ou meningites, normalmente não sugerem um agente etiológico específico. Por isso, faz-se necessário o uso de métodos de diagnóstico específicos, sensíveis e rápidos, para que se faça a vigilância e a detecção precoce destes agentes. A maioria dos vírus não são facilmente detectados no LCR e pode não estar presente no sangue. Assim, o diagnóstico sorológico é difícil em áreas tropicais, onde alguns vírus são endêmicos, pois reações cruzadas podem ocorrer entre diferentes vírus, tornando difícil a interpretação dos resultados. 26 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL A pesquisa de anticorpos é um método muito utilizado para a identificação do agente etiológico no soro e pouco utilizado no LCR. No entanto, este teste tem certas limitações. A reação cruzada entre anticorpos, por exemplo, é um problema no ensaio de captura de IgM, também a neutralização por redução de placa é demorada(144-146). O método tradicional para identificação de arbovirus, o isolamento viral em cultura de células de mamíferos ou de insetos, é o método clássico de escolha para o diagnóstico, mas também tem suas limitações, pois o período de viremia é geralmente de curta duração e a probabilidade de obtenção de um isolado é baixa no soro e principalmente no líquor(144). Nos últimos anos, as técnicas baseadas na amplificação do ácido nucléico, principalmente a reação em cadeia da polimerase (PCR), têm revolucionado o diagnóstico de infecções no sistema nervoso central, especialmente aquelas causadas por vírus(147), sobretudo, por serem rápidas, sensíveis, específicas, reprodutíveis e passíveis de automação. As vantagens dessas técnicas foram observadas pelo sucesso no diagnóstico neurovirológico a partir da amplificação de qualquer ácido nucleico viral presente no LCR de pacientes com poucos dias de infecção(129, 148) . Atualmente são os métodos de escolha para detecção de herpes vírus e enterovírus(128). Nos últimos quatro anos, os dados epidemiológicos revelaram 21% de casos de meningite de provável etiologia viral na cidade de Manaus. Essa situação epidemiológica evidencia a necessidade de desenvolver e padronizar metodologias que possibilitem um diagnóstico rápido e confiável de agentes que causadores da infecção no sistema nervoso central. A escolha da RT-PCR e PCR justifica-se por seu uso bem sucedido no diagnóstico em todo o mundo, visto ser considerada de alta sensibilidade e especificidade e a confirmação laboratorial da etiologia é fundamental para a vigilância epidemiológica das meningites, assim como para o adequado tratamento dos casos. 27 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 2. Objetivos 28 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 2.1 GERAL Identificar agentes virais que causam infecção no Sistema Nervoso Central em pacientes de uma Unidade Terciária de Saúde no Amazonas. 2.2 Específicos 1. Detectar os Arbovírus que causam infecção no sistema nervoso central pertencente às famílias: - Flaviviridae (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, ROCV, SLEV, WNEV); - Togaviridae (WEE, VEE, EEE e MAYV); - Bunyaviridae (OROV); 2. Detectar os vírus da família Picornaviridae que causam infecção no sistema nervoso central, principalmente os enterovírus não pólio; 3. Detectar os vírus da família Herpesviridae (HSV1, HSV2, EBV, CMV E VZV), que causam infecção no sistema nervoso central; 4. Descrever os aspectos epidemiológicos, clínicos e achados liquóricos dos pacientes com infecção viral detectada; 29 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3. Material e Métodos 30 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3.1 Tipo de Estudo Descritivo prospectivo, do tipo série de casos, utilizando amostra de líquor de pacientes com suspeita clínica de Síndrome de Meningoencefalite Viral (SMV). 3.1.1 Participantes e amostras do Estudo Pacientes em qualquer idade com suspeita clínica de Síndrome de Meningoencefalite Viral (SMV), captados a partir da demanda das unidades de pronto atendimento da FMT-HVD, do Hospital 28 de Agosto, do Hospital Dr. João Lúcio Pereira Machado, dos Hospitais Infantil Zona Leste, Zona Oeste e Sul no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2012. 3.1.2 Critérios de Inclusão Pacientes que concordarem em participar do estudo, com quadro agudo, apresentando qualquer alteração neurológica. Líquor com exame direto negativo para Gram e tinta da china, compatível com infecção viral. 3.1.3 Critérios de Exclusão Amostras de LCRs recebidas pelo laboratório em quantidades insuficientes para uma extração do material genético (volume < 200 µl) não foram utilizadas no estudo, uma vez que não foi possível a estocagem de material clínico remanescente, para uma posterior repetição, caso necessário. 3.1.4 Critérios de Exclusão a posteriori Cultura do LCR tuberculosis ou fungos. positiva para bactérias piogênicas, Micobacterium 31 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3.1.5 Aspectos éticos Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da FMT-HVD (Processo Nº 2891, de 5 de dezembro de 2007), e está de acordo com as normas previstas na resolução Nº196/96, do Conselho Nacional de Saúde (Anexo 1). Todo Individuo que aceitou participar do estudo assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 3.2 Seleção dos pacientes e coleta do material biológico Pacientes com suspeita da Síndrome de Meningoencefalite Viral foram convidados a participar do estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pós-Informação (Anexo 2). Quando houve concordância em participar da pesquisa, foi preenchida a ficha clinica (Anexo 3), coletou-se os dados de identificação do prontuário do paciente, histórico de deslocamentos recentes e principais sinais e sintomas. O líquor foi coletado pelo médico do pronto atendimento, conforme o Fluxograma de coleta (Anexo 4). As amostras que apresentaram padrão viral após os testes bioquímicos e citológicos foram encaminhadas para o Laboratório de Virologia. Este material foi separado em três alíquotas. Alíquotas: 1 (extração do DNA viral), 2 (extração do RNA viral) e 3 (Isolamento viral). Após separação das alíquotas, estas foram armazenadas a -700C, compondo o banco de líquor da Gerência de Virologia. 3.3 Algoritmos de Investigação e Diagnóstico Os vírus avaliados nesta pesquisa foram os arbovírus, herpesvírus e enterovírus, responsáveis por casos de meningoencefalite viral, listados na tabela 7. As atividades de investigação laboratorial em todas as fases do estudo aconteceram na Gerência de Virologia da FMT-HVD. 32 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tabela 7: Relação de vírus investigados na pesquisa. Família Togaviridae Gênero Vírus (Abreviação) Alphavirus Encefalite equina do leste (EEEV); Encefalite equina do oeste (WEEV); Encefalite equina venezuelana (VEEV) e Mayaro (MAYV) Dengue 1-4 (DENV) Flaviviridae Flavivírus Saint Louis encefalite (SLEV) Rocio (ROCV) Ilhéus (ILHV) Bunyaviridae Orthobunyavirus Oropouche (OROV) Herpes Simples tipo 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) Herpesviridae Herpesvirus Citomegalovírus (CMV) Varicela-Zoster vírus (VZV) Epstein-Barr vírus (EBV) Picornaviridae Enterovírus Enterovirus não-polio O processamento das amostras seguiu o fluxo estabelecido dentro do Laboratório de Virologia. Primeiramente, foi realizada a extração do DNA viral e em seguida a PCR, para identificar os vírus da família Herpesviridae. Após esta etapa, as amostras, recebidas em volume suficiente, foram submetidas à extração do RNA viral e RT-PCR, para identificação dos arbovírus e enterovírus. A terceira alíquota foi encaminhada para tentativa de isolamento viral em culturas celulares específicas, para isolamento de arbovírus e enterovírus. Todas as amostras ficaram armazenadas a -70°C, em caixas específicas (criobox), etiquetadas e numeradas, seguindo a ordem de numeração gerada no ato de entrada da amostra. 33 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3.4 Diagnóstico molecular 3.4.1 Metodologia para identificação dos vírus DNA Visando à detecção dos cinco herpesvírus (HSV-1 e 2; CMV, VZV, EBV) em amostras de LCR, foi selecionado na literatura um protocolo (Multiplex PCR) descrito por Markoulatos, et al. (2001)(149) já estabelecido e validado, que permite a identificação dos cinco herpesvírus de maior interesse, utilizando apenas um tubo de reação para cada amostra clínica, sendo possível, ainda, usar um controle interno na reação, que é a amplificação do gene β-actina humano para validação da extração do ácido nucléico. 3.4.1.1 Extração do DNA amostra O DNA da amostra foi extraído a partir de 200l de líquido cefalorraquidiano, utilizando QIAamp Viral DNA Mini Kit (QIAGEN, Inc., USA), seguindo-se as instruções do fabricante. O volume final obtido foi de 40l. 3.4.1.2 PCR para identificação dos vírus da família Herpesviridae. A amplificação gênica foi realizada pela técnica da PCR multiplex descritos por Markoulatos, et al. (2001)(149), utilizando os primers H1P32, H1M32, EP5, EM3, H2M40, CP15CM3, VP32, VM20. Tabela 8. A mistura de PCR consistiu de 5l do extrato de DNA, 1U da enzima polimerase (Platinum Taq DNA polymerase-Invitrogen, USA), 2,5 µl da solução tampão 10 vezes concentrada (20mM Tris-HCl, (pH 8,0) 500mM KCl, 1µl de MgCl2 a 50mM, 4µl do pool de primer descrito na Tabela 9 a 100M, 1µl da mistura contendo 100M de cada dNTP e água suficiente para completar 25l. A mistura foi submetida a 30 ciclos de 95oC por 30 segundos (seg), 60oC por 30 seg. e 72oC por 30 seg., finalizando com um ciclo de 72oC por 10 min. As reações de PCR foram realizadas em termociclador marca Eppendorf. 34 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL A detecção do produto da PCR foi visualizado através de eletroforese em gel de agarose corado com brometo de etídio, sendo registrado em sistema de foto documentação digital. Tabela 8. Relação dos iniciadores utilizados para detectar os vírus da família Herpesviridae. Iniciadores Seqüência (5’-3’) H1P32 TGGGACACATGCCTTCTTGG H1M32 ACCCTTAGTCAGACTCTGTTACTTACCC EP5 AACATTGGCAGCAGGTAAGC EM3 ACTTACCAAGTGTCCATAGGAGC H2M40 GTACAGACCTTCGGAGG H2P4 CGCTTCATCATGGGC CP15 GTACACGCACGCTGGTTACC CM3 GTAGAAAGCCTCGACATCGC VP20 CACACGATAATGCCTGATCGG VM20 TGCTGATATTTCCACGGTACAGC B ACT TCTACAATG AGC TGCGTGTG B ACT CATCTCTTGCTCGAAGTCC Vírus Amplicon Região do Genoma (pb) RL2 HSV-1 147 EBV 182 Exon 4/5 terminal HSV-2 227 UL28 CMV 256 IRL11 VZV 275 ORF 8 Β ACT 540 3.4.2 Metodologia para identificação dos Arbovírus 3.4.2.1 Cepas virais controle Os arbovírus utilizados neste estudo como controles positivos - listados na Tabela 9 -, foram gentilmente cedidos pelo Prof. Dr. Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, do Laboratório de Pesquisa em Virologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. 35 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL A propagação destes vírus foi realizada por inoculação intracerebral em camundongos recém-nascidos ou em culturas celulares da linhagem C6/36 de mosquito A. albopictus(150). 3.4.2.2 Produção dos estoques virais utilizados como controles Suspensões dos vírus utilizados como controles foram obtidas a partir de macerados dos cérebros de camundongos infectados. Para tanto, ninhadas de camundongos (Mus musculus– variedade albino suíço) recém-nascidos (2 a 3 dia de vida) foram inoculadas pela via intra-cerebral com 0,025ml de cada um dos vírus, contidos em cérebros de camundongos previamente infectados, diluídos (1/20) em solução salina tamponada com fosfato (PBS pH 7,4). Os animais foram mantidos em gaiolas plásticas, juntamente com suas mães, para aleitamento. Foram observados, diariamente, por até 10 dias. Animais moribundos - que apresentaram encefalite foram sacrificados e armazenados a -70oC até o momento do uso. 3.4.2.3 Isolamento Viral em culturas celulares do clone C6/36 de mosquito Aedes albopictus. O isolamento viral para arbovírus foi realizado em culturas celulares de mosquito Aedes albopictus C6/36, a partir de amostras de LCRs, provenientes de pacientes com suspeita clinica da SMV. Após a confluência do tapete celular, 0,2 ml de LCR foi inoculado em tubos contendo 2 ml de suspensão viral em meio Leibowitz L15, contendo 10% de soro fetal bovino inativado. Os tubos foram incubados a 28°C, e diariamente, foi realizada a leitura dos tubos em microscópio investido, por sete dias consecutivos. As amostras que apresentaram efeito citopático (ECP) ou não, foram estocadas a -70°C para posterior identificação por RT-PCR. As amostras negativas na primeira passagem foram submetidas a uma segunda passagem. Também, foram mantidos frascos de células não infectadas, em todos os experimentos, como controles negativos. 36 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tabela 9: Relação das cepas virais utilizadas como controle no estudo. Família Gênero Vírus (abreviação) Estirpes (abreviação) Venezuelan Equine BeAr 40403 Encephalitis (VEEV) 78V 3531 Eastern Equine SpAn 14723 Alphaviridae Alphavirus Encephalitis (EEEV) Western Equine Rio 1257 Encephalitis (WEEV) BeAn 70100 Mayaro (MAYV) BeAr 20290 Dengue (DENV) DENV 1 RibH 830 DENV 2 Cea 24622 Flaviviridae Flavivirus DENV 3 Rib H1 St. Louis Encephalitis (SLEV) Rocio (ROCV) Bunyaviridae Orthobunyavirus Oropouche (OROV) BeAn 421498 SpH 34675 BeAn 19991 3.4.2.4 Extração do RNA da amostra O RNA da amostra foi extraído a partir de 140l da amostra de LCR e de fluído provenientes dos cultivos celulares, utilizando-se o QIAamp Viral RNA Mini Kit (QIAGEN, Inc., USA), seguindo-se as instruções do fabricante. O volume final obtido foi de 40l. 3.4.2.5 Reação de Transcrição reversa (RT) Para a reação de transcrição reversa foi utilizado o AccessQuickTM RT-PCR System kit (Promega). 37 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL A mistura de RT consistiu de 5l do extrato de RNA, 1 unidade (U) da enzima transcriptase reversa (Promega, USA), 12,5l do Master Mix AccessQuickTM (2x), 1µl do Random primer, 20U do inibidor de ribonuclease (RNaseOUT-Invitrogen, USA) e água suficiente para completar 20l. A mistura contendo o RNA e a enzima foi incubada a 72oC por 5 minutos. Após a incubação foi colocada em banho de gelo e adicionada o máster mix, seguindo para uma segunda incubação de 60 minutos a 45oC. Após obtenção do cDNA, este foi armazenado a – 20 ºC. A utilização do Random primers, na síntese de transcrição reversa, permitiu que o produto fosse utilizado para as reações de PCR dos diferentes grupos de vírus RNA (Arbovírus e Enterovirus). 3.4.2.6 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) Os iniciadores selecionados para detecção dos gêneros Alphavirus foram (M2W e cM3W) se ligam a regiões do gene da proteína nsP1, e para a detecção dos Flavivirus foram (FG1 e FG2), que se ligam a regiões do gene da proteína NS5, descritos por de Moraes Bonzoni (2005)(151). Para detecção do gênero Orthobunyavírus foram selecionados os iniciadores (BUN-C e BUN-S) que se ligam ao segmento S da Nucleoproteína do genoma viral do Oropouche, protocolo descrito por Moreli (2002)(152). Esses protocolos baseiam-se em sistema de amplificação, utilizando duplex, multiplex RT-PCR e Nested-PCR para detecção dos diferentes subtipos virais. 3.4.2.7 Detecção dos gêneros Alphavírus, Flavivírus e Orthobunyavírus. Foi realizada uma reação com os iniciadores específicos para detecção de cada gênero separadamente. Para detecção de Alphavirus usamos os iniciadores (M2W e cM3W), para Flavivírus (FG1 e FG2) e para Orthobunyavírus (BUN-C e BUN-S), todos a uma contração de 10mM. 38 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tabela 10: Relação dos iniciadores utilizados para detecção dos gêneros Alphavirus, Flavivirus e Orthobunyavirus. Iniciadores Sequência (5’-3’) M2W (+) YAGAGCDTTTTCGCAYSTRGCHW CM3W ACATRAANKGNGTNGTRTCRAANCCDAYCC (-) FG1 (+) TCAAGGAACTCCACACATGAGATGTACT FG2 (-) GTGTCCCATCCTGCTGTGTCATCAGCATACA BUN-S AGTAGTGTGCTCCAC BUN-C AGTAGTATACTCCAC Amplicon Referência 434 (153) 1000 (154) 700/1000 (152) A mistura de PCR consistiu de 5l do produto da RT, 1U da enzima (Platinum Taq DNA polymerase – Invitrogen, USA), 2,5µl da solução tampão 10 vezes concentrada (200mM Tris-HCl, pH 8,4, 500mM KCl), 1µl de MgCl2 a 50mM, 1µl de cada primer específico a 10mM, 1µl da mistura contendo 0,2mM de cada dNTP e água suficiente para completar 25l. A mistura contendo os iniciadores (M2W e cM3W), para identificação do gênero Alphavirus, foi submetida a 35 ciclos de 94oC por 45 seg. 45oC por 45 seg. e 72oC por 45 seg., finalizando com um ciclo de 72oC por 7 min. A mistura contendo os iniciadores (FG1 e FG2), para identificação do gênero Flavivirus, foi submetida a 35 ciclos de 94oC por 1 min, 53oC por 1 min e 72oC por 2 min, finalizando com um ciclo de 72oC por 5 min. A mistura contendo os iniciadores (BUN-C e BUN-S), para identificação do gênero Orthobunyavirus, foi submetida a 35 ciclos de 94oC por 45 seg. 50oC por 45 seg. e 72oC por 45 seg, finalizando com um ciclo de 72oC por 7 min. Todas as reações de PCR foram realizadas em termociclador da marca Eppendorf. 39 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3.4.2.8 Semi-Nested-PCR para identificação de Alphavirus e Flavivirus Para a amplificação espécie-específica dos vírus foi utilizada a Semi Nested PCR (S-N-PCR) com os iniciadores descritos na Tabela 11. A mistura de S-N-PCR consistiu de 1l do produto obtido na primeira PCR, 1U da enzima Platinum Taq DNA polymerase (Invitrogen, USA) e 2,5µl da solução tampão 10 vezes concentrada (200mM Tris-HCl, pH 8,4, 500mM KCl), 2µl de MgCl2 a 50mM, 1µl de cada iniciador externo cM3W (a 10mM) ou FG1 (a 10mM), 1µl de cada iniciador interno espécie-específico (a 10mM), 1µl da mistura contendo 0,2mM de cada dNTP e água suficiente para completar 25l. A mistura foi submetida a 28 ciclos térmicos iguais aos descritos para a PCR (seção 5.5.7). 3.4.2.9 Nested-PCR (N-PCR) para identificação do vírus Oropouche. A mistura da N-PCR para identificação do vírus Oropouche consistiu de 1l do produto obtido na primeira PCR, 1U da enzima Platinum Taq DNA polymerase (Invitrogen, USA) e 2,5µl da solução tampão 10 vezes concentrada (200mM TrisHCl, pH 8,4, 500mM KCl), 1µl de MgCl2 a 50mM, 1µl de cada primer BS-S e BS-C (a 10mM), 1µl da mistura contendo 0,2mM de cada dNTP e água suficiente para completar 25l. A mistura foi submetida a 28 ciclos de 94oC por 60 seg.; 55oC por 60 seg.; e 72oC por 60 seg., finalizando com um ciclo de 72oC por 7 min. 40 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tabela 11. Relação dos iniciadores espécie-específicos utilizados no estudo para identificação das espécies de Alphavirus, Flavivirus e Orthobunyavirus. Iniciadores (-) Seqüência (5’-3’) Amplicon (pb)* Iniciadores espécie-específicos para Flavivírus nDEN1 CGTTTTGCTCTTGTGTGCGC 472 nDEN2 GAACCAGTTTGGTTDRTTTCATCGCTGCC 316 nDEN3 TTCCTCGTCCTCAACAGCAGCTCTCGCACT 659 nDEN4 GCAATCGCTGAAGCCTTCTCCC 222 nSLE ATTCTTCTCTCAATCTCCGT 232 nBSQ AAGTGACACCTGTTCAGGGTA 388 nILH TCCACCGCTGATCTGAGCCCGTGA 474 nROC TCACTCTTCAGCCTTTCG 230 nYF CTGTCTCAACCCTGCGTGYC 171 Iniciadores espécie-específicos para Alphavirus nVEE ACGGAGGTAGACCCATCCGA 400 nEEE CCACGGTACCGTTGCC 124 nWEE GGCGGCAGACCTGCTGGAA 208 nMAY GGAAGTTGGCCAAGGC 270 Iniciadores espécie-específicos para Oropouche BS-S GTGGGGTCCAATTTGC 300 BS-C TGAACCCTATGCATCT 300 41 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3.4.3 Detecção do genoma viral dos Enterovirus 3.4.3.1 Tentativas de isolamento viral em Culturas Celulares Tentativas de isolamento viral foram realizadas a partir de LCRs provenientes de pacientes com suspeita clinica da SMV. As amostras foram inoculadas em culturas celulares, que permitem a replicação dos enterovírus. As linhagens celulares utilizadas foram (RD e HEp2), gentilmente cedidas pelo Dr. Edson Elias da Silva (Laboratório Referência para Enterovírus/IOC/FIOCRUZ). Foram inoculados 0,2 ml de cada amostras de LCR que teve volume suficiente, em tubos contendo 1,0mL de suspensão de células RD (rabdomiosarcoma humano) e em tubos contendo células HEp2 (células de carcinoma epidermóide de laringe humana). Após 30 minutos de adsorção do inóculo, foi adicionado o meio (MEM-Earle’s), contendo 2% de soro fetal bovino. Os tubos foram incubados a 37°C e, diariamente, foi realizada a leitura destes tubos em microscópio investido, por sete dias consecutivos. Todas as amostras inoculadas foram estocadas a -70°C para posterior identificação por RT-PCR. As amostras negativas na primeira passagem foram submetidas a uma segunda passagem. 3.4.3.2 Detecção do gênero Enterovírus por RT-PCR Foram utilizados três protocolos diferentes para a identificação molecular dos enterovírus. A extração do RNA da amostra foi realizada conforme já descrito na seção 3.4.2.4 e a síntese de cDNA, de acordo com a exposta na seção 3.4.2.5. O controle utilizado foi cepa vacinal do poliovírus, gentilmente cedida pelo Dr. Felipe Naveca, do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane (CPqL&MD/FIOCRUZ Amazônia) 42 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1 – Protocolo: Para a detecção do gênero Enterovirus, primeiramente foram utilizados os iniciadores grupo-específico EVR e EVF (tabela 12) que flanqueiam a região terminal 5’NC (não codificante) do RNA, a qual é conservada e comum ao genoma de todos os enterovírus humanos conhecidos. Este par de iniciadores é utilizado na rotina de diagnóstico do Laboratório de Enterovirus IOC/FIOCRUZ (dados não publicados). A mistura foi submetida a 35 ciclos de 94oC por 30 seg. 55oC por 30 seg., e 72oC por 30 seg., finalizando com um ciclo de 72oC por 7 min. 2 – Protocolo: Para a tipagem molecular dos enterovírus isolados, foi utilizado o protocolo descrito por Oberste e colaboradores (155), utilizando a sequência dos iniciadores 222 e 292 (Tabela 12), que amplificam 357 pb do gene, codificadora da região da proteína VP1. Isso permite a identificação dos sorotipos após sequenciamento. A mistura de PCR consistiu de 3l do produto da RT, 1U da enzima Platinum Taq DNA polymerase (Invitrogen, USA) e 2,5µl da solução tampão 10 vezes concentrada (200mM Tris-HCl, pH 8,4, 500mM KCl), 1µl de MgCl2 a 50mM, 1µl de cada iniciador específico a 10mM, 1µl da mistura contendo 0,2mM de cada dNTP e água suficiente para completar 25l. A mistura foi submetida a 35 ciclos de 94oC por 30 seg., 42oC por 30 seg., e 72oC por 30 seg., finalizando com um ciclo de 72oC por 7 min. Devido a uma positividade muito baixa, em consequência da utilização de um protocolo de PCR com apenas uma rodada de amplificação, e o tamanho do produto amplificado de 357 pb, foi utilizado um terceiro protocolo para detecção do gênero enterovírus. 3 – Protocolo: O terceiro protocolo permitiu duas rodadas de amplificação. Foram utilizados os iniciadores grupo-específico HK2F, HK3R e HK10R, descritos na Tabela 12. Estes iniciadores flanqueiam a região terminal 5’NC (não codificante) do RNA, região 43 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL conservada e comum ao genoma de todos os enterovírus humanos conhecidos. Foi preparada uma mistura para a primeira amplificação com volume final de 25ul, contendo 3 µl do DNA da amostra, 0,3 mM de MgCl2, 0,2 mM de cada iniciador específico (HK2F e HK3R), 0,4 mM de cada dNTP, 01 U enzima Taq DNA polimerase (Invitrogen). A PCR foi realizada sob as seguintes condições ciclagem: 30 segundos a 95°C, 1 minuto a 63°C, seguido de 10 ciclos e 30 segundos a 95°C, 30 segundos a 60°C, 30 segundos a 72°C seguidos de 30 ciclos, com um passo de extensão final a 72°C durante 7 min. 1 µL da reação de PCR foi adicionada a uma mistura de reamplificação com volume final de 49 µL, seguindo as mesmas condições de ciclagem da PCR. 3.5 Visualização dos produtos amplificados Os fragmentos detectados foram separados por eletroforese num gel de agarose 2% e foram visualizadas em um transiluminador sob luz ultravioleta e corado com brometo de etídio. Utilizando marcador de tamanho molecular 100 bp A figura 3 representa de forma simplificada todos os passos realizados na metodologia. Tabela 12: Relação dos iniciadores utilizados para detecção dos Enterovirus. Primers Sequencia (5’ – 3’) EVR ATT GTC ACC ATA AGC AGC C EVF CTC CGG CCC CTG AAT GCG GCT A 222 – R CIC CIG GIG GIA YRW ACA T 292 – F MIG CIG YIG ARA CNG G HK2 – F CAA GCA CTT CTG TTT CCC CGC HK3 – R ATT GTC ACC ATA AGC AGC CA HK10 – R ACG GAC ACC CAA AGT AGT CG Amplicon 153 pb 357 pb 398 pb 44 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3.6 Fluxograma simplificado da metodologia Sequenciamento Figura 3. Algoritmo de processamento das amostras de LCR para identificação viral. 45 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3.7 Sequenciamento nucleotídeo Para o sequenciamento, todos os procedimentos foram executados usandose o kit de sequenciamento de DNA Big Dye terminator Cycle Sequencing kit Version 3.1 (Applyed Biosystems), seguindo-se as instruções do fabricante e analisando as amostras no sequenciador automático ABI 3130xl. Para edição manual, alinhamento dos nucleotídeos e tradução da sequência de aminoácidos, convertido em um arquivo FASTA, foi utilizado o programa BioEdit Sequence Alignment Edit, versão 7.0.9.0(156). As sequências foram confrontadas com outras, existentes no GeneBank, através do programa BLAST (Basic Local Alignment Search Tool). http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi. 46 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 4. Resultados Os resultados estão apresentados na forma de Artigos. 47 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Artigo Publicado – “Identification of Oropouche Orthobunyavirus in the cerebrospinal fluid of three patients in the Amazonia, Brazil” Am. J. Trop. Med. Hyg., 86(4), 2012, pp. 732–735 doi:10.4269/ajtmh.2012.11-0485 Copyright © 2012 by The American Society of Tropical Medicine and Hygiene Short Report: Identification of Oropouche Orthobunyavirus in the Cerebrospinal Fluid of Three Patients in the Amazonas, Brazil Michele de Souza Bastos,* Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, Felipe Gomes Naveca, Rossicleia Lins Monte, Natália Lessa, Regina Maria Pinto de Figueiredo, João Bosco de Lima Gimaque, Guilherme Pivoto João, Rajendranath Ramasawmy, and Maria Paula Gomes Mourão Fundação De Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira Dourado, University of State of Amazonas, Manaus, AM, Brazil; School of Medicine of the University of São Paulo in Ribeirão Preto, SP, Brazil; Instituto Leônidas e Maria Deane - FIOCRUZ, Amazônia, Manaus, Brasil; Nilton Lins University Center, Manaus, AM, Brasil; University Federal of Amazon, Manaus, AM, Brazil Abstract. Oropouche fever is the second most frequent arboviral infection in Brazil, surpassed only by dengue. Oropouche virus (OROV) causes large and explosive outbreaks of acute febrile illness in cities and villages in the Amazon and Central-Plateau regions. Cerebrospinal fluid (CSF) samples from 110 meningoencephalitis patients were analyzed. The RNA extracted from fluid was submitted to reverse transcription-polymerase chain reaction and sequencing to identify OROV. Three CSF samples showed the presence of OROV causing infection in the central nervous system (CNS). These patients are adults. Two of the patients had other diseases affecting CNS and immune systems: neurocysticercosis and acquired immunodeficiency syndrome, respectively. Nucleotide sequence analysis showed that the OROV from the CSF of these patients belonged to genotype I. We show here that severe Oropouche disease is occurring during outbreaks of this virus in Brazil INTRODUCTION In Brazil, many CNS infections seemed to be caused by viruses such as enterovirus, cytomegalovirus, herpes simplex virus type 1, varicella-zoster virus or Epstein-Barr virus.6 In addition to OROV, another Orthobunyavirus, the Tucunduba virus has been reported to cause meningoencephalitis in Brazil.7 However, identification of the virus causing CNS infection is uncommon. We report here three cases of CNS infection by OROV diagnosed using reverse transcription (RT) followed by polymerase chain reaction (PCR) and nucleotide sequencing from RNA extracted from cerebrospinal fluid (CSF). Oropouche virus (OROV) is an Orthobunyavirus in the Bunyaviridae family. These viruses are negative polarity trisegmented single-stranded RNA viruses. The RNA segments, known as large (L), medium (M), and small (S), encode an RNA-dependent RNA polymerase, envelope surface glycoproteins (Gn and Gc), and a nucleocapsid protein, respectively. The virus replicates in the cytoplasm, buds into the Golgi apparatus, and is excreted by the cell.1 Oropouche virus is an arbovirus, transmitted to sloths, marsupials, primates, and birds by Aedes serratus and Culex quinquefasciatus mosquitoes. Notably, this virus has adapted to an urban cycle involving man, with midges (Culicoides paraensis) as the primary vector.2 Oropouche fever is the second most frequent arboviral infection in Brazil, surpassed only by dengue. Oropouche virus causes large and explosive outbreaks of acute febrile illness in cities and villages in the Amazon and Central-Plateau regions of Brazil. An estimated 500,000 cases of OROV infection have occurred in Brazil in the past 48 years. In addition to outbreaks, OROV can also cause sporadic human infections.3 We have recently reported an outbreak of OROV, occurring from 2007 through 2008, in Manaus, the capital of Amazonas State, a large city with 2 million inhabitants.4 In that report, 128 OROV serologically confirmed patients, 2–81 years of age, were identified. In addition to fever, the patients had headache (72.7%), myalgias (70.3%), and arthralgias (57.8%). Rash was observed in 42.2%, and hemorrhagic phenomena (petechiae, epistaxis, and gingival bleeding) were observed in 15.5%. All patients recovered without sequelae and were not hospitalized. Despite reference of sporadic cases of symptoms of involvement of the central nervous system (CNS) in OROV outbreaks, data concerning CNS symptoms were not given.4,5 MATERIALS AND METHODS Cerebrospinal fluid samples from 110 meningoencephalitis patients were analyzed. All study patients provided an informed consent and authorized in a signed document divulgation of results obtained as part of this work. This study was approved (nr.0048.0.114.000-07) by the Ethics Review Board of the Tropical Medicine Foundation of Amazonas (FMTAM), Manaus, Amazonas, Brazil. These patients were hospitalized and treated, from 2005 to 2010, in the Hospital of the Institute of Tropical Medicine of Amazonas State (TMF-AM), a tertiary care center specializing in tropical and infectious diseases located in the city of Manaus. The analysis of viruses in the CSFs attended to the best interest of the patients as part of the routine diagnostic procedures. Detection of virus genomes. Nucleic acids were extracted from the CSF of the patients by using the QIAmp viral RNA Mini Kit (QIAGEN, Valencia, CA), following the manufacturer’s specifications. For the RT-PCR, the reverse transcription was conducted in 5 mL of the RNA extracts with random primers (AccessQuick RT-PCR System, Promega, Madison, WI). The RT-PCR was followed by a nested-PCR, with specific Simbu serogroup primers selected on the basis of the nucleotide sequence of OROV TrVL9760 strain S segment, producing 300 base pair amplicons, as previously reported.8 The samples were also tested by PCR for herpesvirus (herpes simplex virus types 1 and 2, varicella zoster virus, cytomegalovirus, and Epstein-Barr virus),9 and by RT-PCR for enterovirus.10 *Address correspondence to Michele de Souza Bastos, Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Av. Pedro Teixeira, 25 – Dom Pedro Manaus-Am, Brazil, CEP: 69040-000. E-mails: [email protected] or [email protected] 732 733 OROPOUCHE ORTHOBUNYAVIRUS + The amplicons were directly sequenced after purification. Aliquots of 40 mL of each amplicon were purified with the QIAmp PCR purification kit (QIAGEN) and sequenced in both directions by using the Simbu serogroup primers and the BigDye Terminator Cycle Sequence Kit v3.1 in an ABI3130 l automated sequencer (Applied Biosystems, Foster City, CA). Nucleotide sequences were subjected to the basic local alignment search tool (BLAST) (www.ncbi.nlm.nih .gov/blast) analysis using the megablast algorithm for highly similar sequences.11 Detection of IgM antibodies to OROV. Immunoglobulin M (IgM) and IgG antibodies to OROV were analyzed in the CSF of the patients by an in-house enzyme immunoassay that uses virus-infected cultured cells as antigen (EIA-ICC).12 RESULTS Detection of virus genomes was performed in CSF samples by PCR for herpesvirus, RT-PCR for enterovirus, and RTnested-PCR for OROV. The CSF samples having OROV genome detected by RT-PCR were also tested for IgM- and IgG-specific antibodies to OROV in the CSF of the patients by an in-house EIA. All of the 110 CSFs samples were negative in the RT-PCR for enterovirus and in the PCR for herpesvirus. Three patients (2.7%) were positive for OROV by RT-nested-PCR. The CSF of the three patients positive for OROV was searched for antibodies to OROV by the EIA-ICC assay. All three patients showed IgG antibodies to OROV in the CSF and one of these patients (patient 2) showed also specific IgM to OROV. These three patients had fever and symptoms of CNS involvement suggesting meningoencephalitis. Cerebrospinal fluid of these patients showed a predominantly lympho-monocytic pattern, suggestive of viral infection, as shown in Table 1. The amplicons obtained from CSFs of the three patients by RTnested-PCR for OROV were directly sequenced. All three sequences AMLq13 (Gene Bank accession HM107840), AMLq14 (HM107841), and AMLq16 (HM107842), showed 100%, 99%, and 100% similarity, respectively, to the provisional reference sequence of OROV TRVL9760 (AF64531) and to the strain BeAn19991 (AF164532), isolated in Brazil 50 years ago.13 To genotype the three OROV detected in this study, their sequences were aligned with a dataset of Oropouche sequences TRVL9760 (AF164531), BeH505663 (AF164543), BeH505442 (AF164542), DEI209 (AF164551), BeH544552 (AF164546), BeAn19991 (AF164532), BeH475248 (AF164540), GML444477 (AF164555), GML445252 (AF164557), and GML444911 (AF164556) and Aino virus (M22011) as an outgroup, using the ClustalX software.14 Phylogenetic analysis was conducted with the neighbor-joining method and the Kimura 2-parameter nucleotide substitution model using MEGA 4 software (Figure 1).15 DISCUSSION Oropouche virus, present only in South America, is one of the most important arbovirus that infects humans in the Brazilian Amazon. In this study, OROV was found to cause CNS infection in three patients. Clinical presentation of OROV infection was first reported by Pinheiro and others2 and since then, < 10 sporadic cases have been reported. In this study, the three patients with meningoencephalitis presented a clear lympho-monocytic cellular pattern in CSF, high protein, and normal to slightly decreased glucose levels. This is strongly suggestive of a viral infection. Of note, two of these patients presented with underlying infections that may affect the CNS and immune systems. One patient had neurocysticercosis whose diagnosis was based on magnetic resonance suggestive image and the other patient had human immunodeficiency virus (HIV)/acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) and herpes zoster. As not all patients infected with neurocysticercosis and HIV/AIDS and herpes zoster developed meningitis, it is probable that the two patients coinfected with OROV progressed to meningitis because of being immunocompromised. The third patient developed meningitis probably because of OROV as no other infections were observed. This infection was also confirmed by the presence of IgM- and IgG-specific antibodies to OROV in the CSF. Thus, it is possible that the invasion of CNS by OROV has been facilitated by previous blood-brain barrier damage. All three patients survived despite a long hospitalization. Saeed13 and others8 reported the first molecular epidemiology analysis of OROV, suggesting the existence of at least three genotypes (I, II, and III) of the virus in the Americas. In this study, OROV from the three patients belonged to genotype I, grouping with the first isolated OROV, from Trinidad TRVL9760, 1955 (AF64531), and the first Brazilian isolate of OROV BeAn19991, 1960 (AF164532). In Brazil, the genotype I was originally isolated in Santa Maria County, Table 1 Clinical and laboratory data of the 3 patients having infection by OROV in CSF* Patient 1 OROV sequence Genera/age (years) Profession/county of origin/year Signs and symptoms AMLq13 Male/54 Fisherman/Uricurituba/ September 2006 Headache, dizziness, cloud vision, and Romberg sign Neurocysticercosis (diagnosed by a magnetic resonance image) 6 monocytes/mL, glucose: 59 mg/dL, protein: 40 mg/dL Associated diseases CSF analysis Outcome Survived after 4 days hospitalization 2 AMLq14 Male/20 Agriculture worker/Manacapuru/ February 2007 Headache, fever, chills and malaise 3 No reference AMLq16 Female/37 Domestic worker/ Manaus/ June 2007 Headache, nausea, vomiting, and paraplegia HIV/AIDS Herpes zoster 134 cells/mL (100% lympho-monocytic cells), glucose: 50 mg/dL, protein: 107 mg/dL Survived after 24 days hospitalization 533 cells/mL (100% lymphomonocytic cells), glucose: 107 mg/dL, protein: 136 mg/dL Survived after 32 days hospitalization *OROV = oropouche virus; CSF = cerebrospinal fluid; HIV = human immunodeficiency virus; AIDS = acquired immunodeficiency syndrome. 734 BASTOS AND OTHERS Figure 1. Phylogenetic analysis showing Oropouche virus (OROV) genotypes detected by reverse transcription-polymerase chain reaction (RT-PCR) in cerebrospinal fluids of three patients having meningoencephalitis (bold-italics). This neighbor-joining consensus tree was inferred from 1,000 bootstrap replicates. The percentage of replicate trees, which clustered together in the bootstrap testing, is shown next to the branches. Kimura 2-parameter nucleotide substitution model was chosen as the best-fit after a run on FindModel using all 28 models implemented. (http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/findmodel/findmodel.html). Country and year of isolation is referred between brackets. at the State of Para, and in the following years, it has been reported in outbreaks of acute febrile illness in the State of Amazonas and other western Brazilian States.3,16 Therefore, the high similarity of the short nucleotide sequences of the conserved N gene of OROV, with old OROV isolates reported in this study, could be similar or bears little difference if other parts of the viral genome were analyzed. Though we only identified three patients here, the occurrence of CNS involvement in OROV infections may be vastly underestimated, especially in patients immunocompromised and those with previous blood-brain barrier disruption. Finally, these cases of severe Oropouche disease show that OROV should be investigated in cases of meningoencephalitis of unknown etiology. Received July 26, 2011. Accepted for publication January 23, 2012. Financial support: This research was supported by the Amazonas Research Supporting Foundation (FAPEAM grant 871/10) to Michele de Souza Bastos and (FAPEAM grant 887/10) to Maria Paula Gomes Mourão. Authors’ addresses: Michele de Souza Bastos and João Bosco de Lima Gimaque, Fundação De Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, AM, Brasil; University of State of Amazonas, Manaus, AM, Brazil, E-mails: [email protected] and gimaque@ ig.com.br. Rossicleia Lins Monte, Regina Maria Pinto de Figueiredo, and Guilherme Pivoto João, Fundação De Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, AM, Brasil, E-mails: [email protected] .gov.br, [email protected], and guilhermepivoto@hotmail .com. Rajendranath Ramasawmy, Fundação De Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, AM, Brasil; Nilton Lins University Center, Manaus, AM, Brasil, E-mail: ramasawm@gmail .com. Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, School of Medicine of the University of São Paulo in Ribeirão Preto, SP, Brazil, E-mail: [email protected]. Felipe Gomes Naveca, Instituto Leônidas e Maria Deane - FIOCRUZ, Amazônia, Manaus, Brasil, E-mail: [email protected]. Natália Lessa, Fundação De Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, AM, Brasil; University Federal of Amazon, Manaus, AM, Brazil, E-mail: [email protected]. Maria Paula Gomes Mourão, Fundação De Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, AM, Brasil; University of State of Amazonas, Manaus, AM, Brazil; Nilton Lins University Center, Manaus, AM, Brasil, E-mail: mariapaula [email protected]. REFERENCES 1. Elliot RM, Bouloy M, Calisher CH, Goldbach R, Moyer JT, Nichol ST, Pettersson R, Plyusnin A, Schmaljohn CS, 2000. Bunyaviridae. Van Regenmortel MH, Fauquet CM, Bishop DH, Carstens EB, Estes MK, Lemon SM, Maniloff J, Mayo MA, McGeoch DJ, Pringle CR, Wickner RB, eds. 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Oropouche fever epidemic in northern Brazil: epidemiology and molecular characterization of isolates. J Clin Virol 44: 129–133. 52 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO VIRAL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Artigo enviado para publicação – “Detection of Herpesvirus, Enterovirus and Arbovirus infection in patients with suspected central nervous system viral infection in the Western Brazilian Amazon” Journal of Medical Virology Detection of Herpesvirus, Enterovirus and Arbovirus infection in patients with suspected central nervous system viral infection in the Western Brazilian Amazon r Fo Journal: Manuscript ID: Wiley - Manuscript type: Date Submitted by the Author: Draft Research Article n/a Pe Complete List of Authors: Journal of Medical Virology er Bastos, Michele; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia; Universidade Federal do Amazonas, Lessa, Natalia; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia Naveca, Felipe; Centro de Pesquisa Leonidas & Maria Deane, Virologia Martins, Valquiria; Universidade Federal do Amazonas, Figueiredo, Regina; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia Gimaque, Joao Bosco; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia Kramer, Valeria; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia Monte, Rossicleia; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Bacteriologia Fragoso, Silvio; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia Lacerda, Mauiricio; Famerp, Virology; Braga, Wornei; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia Figueiredo, Luiz Tadeu; University of São Paulo at Ribeirão Preto, Virus Research Unit Ramasawmy, Rajendranath; Universidade do Estado do Amazonas, ; Universidade Nilton Lins, ; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia Mourao, M.; Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Virologia; Universidade do Estado do Amazonas, ; Universidade Nilton Lins, ew vi Re Keywords: Encephalitis , Herpesvirus, Enterovirus, Arbovirus, Meningitis John Wiley & Sons Page 1 of 20 Detection of Herpesvirus, Enterovirus and Arbovirus infection in patients with suspected central nervous system viral infection in the Western Brazilian Amazon Michele S Bastos1,2, Natália Lessa1,3, Felipe G Naveca4, Valquíria RA Martins2, Regina MP Figueiredo1, João Bosco L Gimaque1,2, Valéria Munique Kramer1, Rossicléia L Monte1, Silvio Fragoso1, Maurício L Nogueira7, Wornei S Braga1, Luiz Tadeu M Figueiredo6, Rajendranath Ramasawmy1,5, Maria Paula G Mourão1,2,5. 1. Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, Amazonas, Brazil. r Fo 2. Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brazil. 3. Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brazil. Pe 4. Centro de Pesquisa Leonidas & Maria Deane, FIOCRUZ, Manaus, Amazonas, Brazil. 5. Universidade Nilton Lins, Manaus, Amazonas, Brazil. er 6. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. 7. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. vi Re Keywords: Encephalitis, Meningitis, Arbovirus, Enterovirus, Herpesvirus ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology Running Title: Viral Infection in Central Nervous System, Amazon, Brazil Corresponding Author Michele de Souza Bastos Laboratório de Virologia (FMT-HVD) Av. Pedro Teixeira, 25. Bairro: Dom Pedro Manaus-Am. Brazil CEP: 69040-000 Tel: 55 92 21273447 email: [email protected] 1 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology Abstract Acute infections of the central nervous system (CNS) are commonly caused by emerging pathogens. In this study, we investigated the presence of herpesviruses (HHV), enteroviruses (EVs) and arboviruses in CSF samples from 165 patients with suspected CNS viral infection through polymerase chain reaction (PCR) and reverse transcriptase PCR. The genome of one or more viral agents was detected in 29.7% (49/165) of the CSF samples. EVs were predominant (16/49; 32.6%) followed by r Fo Epstein-Barr virus (EBV) (22.4%), Varicella Zoster virus (VZV) (20.4%), Cytomegalovirus (CMV) (18.4%), herpes simplex virus (HSV-1) (4,1%), (HSV-2) (4.1%) and the arboviruses (14.3%). Of the arboviruses, 4 were of dengue virus Pe (DENV) and 3 of oropouche virus (OROV). The detection of different viruses in the CNS of patients with meningitis or encephalitis highlights the importance of er maintaining an active laboratory monitoring diagnostics with rapid methodology of high sensitivity in areas of viral hyperendemicity for tailoring treatment. ew vi Re 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 2 of 20 2 John Wiley & Sons Page 3 of 20 Introduction Acute infections of the CNS remain a medical emergency. Many are caused by viruses besides bacteria and fungi. Among the viruses, the most important are the human herpesviruses (HHVs), enteroviruses (EVs) and arboviruses [Reimann et al., 2008; Dupuis et al., 2011]. Several arboviruses, especially from the genus Flavivirus, are associated with encephalitis. In Brazil, three important flaviviruses and one Orthobunyavirus among the arboviruses causing infection in the CNS are Rocio r Fo (ROCV) [de Souza Lopes et al., 1978], St. Louis encephalitis virus (SLEV) [Mondini et al., 2007], dengue (DENV) [Soares et al., 2011] and Oropouche (OROV) [Bastos et al., 2012]. Pe Manaus, the capital City of the Amazonas state with almost 2 million er inhabitants, is located in the middle of Amazon rain forest. In Manaus, during a fouryear period from 2006 to 2009, 585 cases of meningitis were reported. Of these, 109 Re (18.6%) were suspected to be of viral etiology. These preliminary data highlights the importance in identifying the viral etiological agents responsible for infections of the vi CNS and hereby, offering an adequate antiviral treatment. In this study, we investigated ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology the presence of HHVs, EVs, flaviviruses, alphaviruses and orthobunyavirus that may cause infections of the CNS through molecular techniques. Methods Patients and CSF samples A total of 165 patients with suspected CNS infection other than bacterial or fungal enrolled at the Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMTHVD), a tertiary public health for Infectious Diseases from January 2010 through August 2012 were included in this study. The FMT-HVD is a pioneer on investigation 3 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology of acute febrile syndrome, including hemorrhagic fevers, in the Amazon region since 1998. Recently, from 2009 the monitoring of viral agents in CSF of patients with suspected CNS viral infection is investigated. The hospital receives about 90% of all the CSF of patients of the state. The case definition of a CNS viral infection was the presence of acute neurological signs and symptoms such as headache, fever, focal neurologic findings, altered consciousness and laboratory findings such as total CSF cell count >5 cells/ r Fo mm3, predominantly by mononuclear cells and negative for fungal and bacterial infections. This study was approved by the Ethics Committee of the FMT-HVD. Written informed consent was obtained from all the patients included in the study or their responsible party. er Pe Lumbar puncture was performed in all patients on the day of hospital admission. An aliquot of the CSF was submitted for routine analysis: total and differential cells Re count; determination of protein, lactate and glucose, and microbiological tests for bacteria and fungi. Purification of Nucleic acids ew vi 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 4 of 20 Both DNA and RNA were extracted from 200µl and 140 µl of CSF samples respectively using the QIAamp Viral DNA and RNA Mini Kit (QIAGEN, Inc., USA), following the manufacturer's instructions. The DNA and RNA were stored at -80°C before use. After purification of RNA from the CSF, cDNA was synthesized by reverse transcription with AccessQuickTM RT-PCR System kit (Promega, USA). The RT mixture consisted of 5 µl of RNA, 1 unit of the enzyme reverse transcriptase, 12.5µl of AccessQuickTM Master Mix (2x), 1µl of Random primer and 20U of RNase inhibitor 4 John Wiley & Sons Page 5 of 20 (RNaseOUT -Invitrogen, USA) in a final volume of 20µl completed with RNase free water. The mixture was incubated at 72 °C for 5 minutes (min) and at 45oC for 60 min. and stored at - 20 °C until use. Diagnostic testing Specific viruses were determined according to the following: - For the detection of five herpesvirus: herpes simplex virus type 1and 2 (HSV-1 and HSV-2), Cytomegalovirus (CMV), varicella zoster virus (VZV), Epstein-Barr virus r Fo (EBV) in CSF samples, the protocol (multiplex PCR) described elsewhere was applied [Markoulatos et al., 2001]. Pe - For detection of flaviviruses (DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4, yellow fever virus (YFV), ROCV, Ilheus virus (ILHV) and SLEV) and alphaviruses (Western er equine encephalitis virus (WEEV), Eastern equine encephalitis (EEEV), Venezuelan equine encephalitis virus (VEEV) and Mayaro (MAYV)), the methods described by Re Bronzoni et al. were used [de Morais Bronzoni et al., 2005; Bronzoni et al., 2004]. vi - The detection of Orthobunyavirus Oropouche was performed as described elsewhere [Moreli et al., 2002]. ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology - For the detection of the genus EV was performed as described elsewhere [Zoll et al., 1992]. Statistical methods The Epi Info version 3.3.2 software was used for data handling. Statistical analyses were performed using SPSS version 17. P values < 0.05 were considered significant. ANOVA and chi-square tests with Yates correction were used for statistical comparisons. Results 5 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology Patient characteristics, clinical manifestation and incidence During the study period, 165 patients with suspected CNS viral infection were enrolled and CSF sample from all of them were submitted to molecular identification of the viral agent. Baseline characteristics as well as laboratory findings and clinical symptoms are shown in Table 1. The mean age of the patients was 27.2 years old (ranging from 1 to 70 years) and 91 (55.1%) were male. Of the 165 patients, 41 (24.8%) were under 15 years old. r Fo The genome of one or more viral agents was detected in the CSF samples of 49 (29.7%) patients in total (11 were below 15 years). The viruses detected are listed in Table 2. Viral monoinfection was detected in 41 patients (83.7%) while co-infection in Pe eight (3 with CMV / VZV; 1 with VZV / EBV, 1 with CMV / EVs and 3 with EV/ er EBV). Screening of Alphaviruses (EEEV, WEEV, VEEV and MAYV) as well as other Flaviviruses (SLEV, ILHV, ROCV) were also performed. However, none of these viruses were detected. Re Clinical diagnosis was available for only 54 patients of whom 23, 21, 8 and 2 vi had encephalitis, meningitis, meningoencephalitis and myelitis respectively. The viral ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 6 of 20 agent was detected in 37% (20/54) of the patients. Of the 20 patients with known viral agents, 9, 6 and 5 had encephalitis, meningitis and meningoencephalitis respectively. The most common symptoms were: headache, neck stiffness, fever, altered level of consciousness and vomiting in 61%, 37%, 35.2%, 24.1% and 22.2% of the patients respectively. Laboratory findings of the 49 patients, including the 20 patients with known clinical diagnosis and with viral genome detected in the CSF are shown in Table 3. 6 John Wiley & Sons Page 7 of 20 CSF cell count displayed a mean of 271.6cells/mm3 (range 6 to1976 cells). High protein level with a mean of 144.5 mg/dl (47-544) was observed in 41 patients. Glucose level in the CSF samples was below reference value in one patient 19 mg/dl, as shown in Table 3. The leukocyte counts in CSF of patients infected with EV varied from 15 to 1976 cells/mm3 (mean 360.9) compared to 6 to 1130 cells/mm3 (mean 178.6) in EV negative sample (p = 0.01) as shown Table 4. The protein level in CSF of patients with HHV varied from 21.6 to 544 mg/dl (mean 155.8) compared to 9.8 to 857 mg/dl (mean 105.6) in HHV negative sample (p = 0.02). r Fo Of the 49 CSF samples in which the viral agents were detected, HHV was the most common (34/49; 69.4%) as follows: EBV and VZV present in 11 and 10 patients Pe respectively, CMV in 9, HSV-1 and HSV-2 in two each. HSV-2 was detected in a patient with a clinical diagnosis of meningitis. EV was identified in 16 (32.6%) of the er 49 samples. The mean age of these patients was 25.6 years old (≤ 4 - 59) and 10 were female. Of those positive for EV, one had encephalitis while another one meningitis. Re Infection with arbovirus was observed in 14.2% (7/49) of the samples. Only two vi genera, Flavivirus and Orthobunyavirus, were observed. Of the genus Flavivirus, only ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology dengue virus was detected, one DENV-1 and 2 DENV-2. OROV was identified in three CSF samples. This group of viruses (DENV and OROV) was associated with 4, 2 and 1 cases of meningoencephalitis, meningitis and encephalitis respectively. Discussion Our study prospectively investigated the common viruses circulating in the Amazonas from CSF of patients with suspected CNS viral infection through PCR and RT-PCR technology to provide a rapid diagnosis for improving management of patients as the identification of the etiologic agent is extremely important for establishing the 7 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology prognosis of patients and for epidemiological studies as well as for tailoring treatment accordingly. With the combinations of different molecular tests: PCR, RT-PCR and SemiNested PCR for the detection of the genome of HHV, EVs, flaviviruses, alphaviruses and OROV, it was possible to perform the first survey of viral CNS infections in the Amazonas state. The abovementioned viruses were responsible for at least 29.7% of suspected viral infection of the CNS suggesting that the remaining 70.3 % may be either r Fo of non-viral or of other viral agents. Low detection rate has also been observed worldwide as the causative agent of a substantial number of CNS infections remains unknown [Huppatz et al., 2009; Tan et al., 2010]. Pe The HHV (HSV-1, HSV-2, VZV, EBV and CMV) can cause a variety of acute er infections of the CNS from either a primary infection or reactivation of latent virus, and are often associated with encephalitis and meningitis [Kupila et al., 2004; Frantzidou et Re al., 2008]. In this study, the genome of herpesvirus has been detected in more than half of the patients who were PCR positive. The HSV-2 was associated with a female patient vi with meningitis. Of note, high prevalence of herpes meningitis has been reported in ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 8 of 20 women [Kupila et al., 2004 ]. CNS infections associated with VZV is very well known [Persson et al., 2009]. The VZV was present in 10 patients. Four of them had co-infections, three with CMV and one with EBV. Among the six VZV-mono-infected patients, one patient was below 15 years with previous diagnosis of encephalitis while another one was a 54-year old female patient with human immunodeficiency virus (HIV) and scalp skin lesions of herpes zoster that had altered level of consciousness and respiratory distress syndrome. Severe neurological complications have been suggested to be more frequent in patients 8 John Wiley & Sons Page 9 of 20 with HIV [Meyding-Lamade et al., 2012]. All the other patients, positive for VZV, showed no skin symptoms and were immunocompetent. Of note, it is well-established that VZV can cause CNS disease and other neuropathies in the absence of rash illness [Mendoza et al., 2007; Echevarria et al., 1997]. The high number of EBV infections observed is surprising. However, in immunocompromised individuals, reactivation of latent EBV infection is known. Of note, although EBV was associated with other viruses that cause CNS disease, it cannot r Fo be excluded that EBV is not involved in the development of encephalitis. For the time being, the clinical significance of EBV DNA in CSF of patients with suspected infection of the CNS is still poorly understood as this virus remains latent in B Pe lymphocytes after primary infection and can be detected even in the absence of symptoms [Maurmann et al., 2003]. Here, EBV was detected in 11 patients, of whom 7 er had concomitant co-infections: 3 with HIV, 3 with EV and 1 with VZV. EBV has been reported to be often associated with other agents in the CNS infection [Martelius et al., Re 2011]. Co-infections between EBV and EV have been cited [Dupuis et al., 2011]. The vi presence of mRNA of EBV in CSF of patients co-infected with other virus highlights that this virus is able to replicate in the presence of another virus [Weinberg et al., ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology 2011]. CMV was detected in 9 CSF samples. Four of these patients were HIV positive and the remaining five were immunocompetent patients. The presence of CMV in the CSF immunocompetent individuals with neurological manifestation suggests that CMV may play a role in meningoencephalitis. In Brazil, nearly 90% of individual are CMV seropositive by child-bearing age. Infection with CMV usually occurs during childhood and remains latent in immunocompetent individuals [Taylor-Wiedeman et al., 1991]. However, it has also been demonstrated that detection of CMV DNA in CSF samples 9 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology were not necessarily correlated with a latent CMV infection [Studahl et al., 1995]. Here, CMV was detected in 5 CSF samples of immunocompetent patients, a result similar to that observed by two recent studies [Mendoza et al., 2007; Nahdi et al., 2012]. These findings also underline an important role of CMV in acute CNS infection in immunocompetent individuals. Here, EVs were the most detected as in other studies in Brazil [ Mendonza et al., 2007; Vidal et al., 2011] and elsewhere [Dupuis et al., 2011] suggesting EVs are the r Fo most common cause of infection in the CNS. Over 50% of infections were detected in adults. A similar study in England showed that EVs are common causes of infection of the CNS in immunocompetent adults [Ihekwaba et al., 2008]. Pe We also observed two different arboviruses in 7 patients. The OROV, present er only in South America, is one of the most important arboviruses that infect humans in the Brazilian Amazon. OROV was detected in the CNS of three patients with Re meningoencephalitis recently [Bastos et al., 2012]. Neurologic manifestations associated with OROV are not very common. However, in the Amazon during an vi outbreak of Oropouche fever were reported neurological manifestations typical of ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 10 of 20 aseptic meningitis early in the acute phase [Pinheiro et al., 1982]. The invasion of the CNS by OROV was described in an animal model, showing signs of serious neurological damage, including motor impairment and paralysis of the hind limbs [Rodrigues et al., 2011]. DENV was the only flavivirus detected in 4 patients. Those patients had signs and symptoms consistent with classic dengue (fever, headache and myoartralgia) in the acute phase of infection but evolved with presentation of neurological neck stiffness and impaired consciousness. The DENV-2 was detected in the CSF of three patients, a 9-year-old boy who had a clinical diagnosis consistent with encephalitis, a 32 years old woman with signs and symptoms of classical dengue 10 John Wiley & Sons Page 11 of 20 (thrombocytopenia 17,000) who developed neurological signs, with neck stiffness and altered level of consciousness suggestive of meningoencephalitis, and one patient with meningitis. The DENV-1 was detected in the patient with meningitis. None of these patients evolved to severe disease or death. Unusual manifestations of dengue infection, such as neurological syndrome, have been increasingly reported and among these are encephalitis, transverse myelitis and Guillain Barré syndrome [Borawake et al., 2011]. However, several studies have r Fo also shown that dengue can cause meningitis. Studies in Jamaica and Vietnam showed 13.5% and 4.2% respectively of the CNS infection are caused by dengue virus and the most common manifestation was meningitis [Solomon et al., 2000; Jackson et al., 2008]. er Pe Although alphaviruses were not detected, the presence of DENV and OROV infections together with the other viruses highlights the need for increased surveillance Re in CNS infection, especially in patients with neurological manifestations in areas of viral hyperendemicity such as Manaus with a simultaneous circulation of four DENV vi serotypes [Bastos et al., 2012], OROV [Mourão et al., 2009] and MAYV [Mourão et al., ew 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology 2012]. The leukocyte count and biochemical analysis of the CSF samples infected by viruses showed pleocytosis. Protein level was high in 78% of virus positive samples suggesting alteration in the blood-CSF barrier and is consistent with an infectious process in the CNS [Dimas et al., 2008]. Concerning glucose level which depends on the correlation with blood glucose levels, we are unable to say if the increase or decrease in glucose levels were related to infection in the CNS as we did not measure 11 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology blood glucose level. However, the leukocyte count and biochemical analysis of the CSF samples showed classical parameters of virus infection. Conclusions Laboratory identification of the agent responsible for CNS infections is needed since clinical manifestations do not indicate the specific etiologic agent. Hence, the use of diagnostic methods that is specific, sensitive and fast is needed in order to provide an adequate antiviral therapy besides suggesting suitable epidemiological measures to r Fo control these diseases. Altogether, the detection of different viruses in the CNS of patients with meningitis or encephalitis highlights the importance of maintaining a system of active laboratory monitoring diagnostics with rapid methodology of high Pe sensitivity in areas of viral hyperendemicity. Funding er Re This work was supported by the Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado do Amazonas (FAPEAM) to Dr. MS Bastos [grant 871/2010 and grant 437/2012]. Conflicts of Interest ew vi 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 12 of 20 All authors: no conflicts. Acknowledgments We thank all members of the clinical staff of the Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Hospital Universitário Getúlio Vargas and Hospital Pronto Socorro Dr. João Lucio Machado and the patients for willing to participate in this study. A special thank to Elizabeth dos Santos Galusso and Marcia Castilho for managing the samples. 12 John Wiley & Sons Page 13 of 20 References Bastos Mde S, Figueiredo LT, Naveca FG, Monte RL, Lessa N, Figueiredo RMP, Gimaque JBL, Pivoto G, Ramasawmy R, Mourão MP. 2012. Identification of Oropouche Orthobunyavirus in the cerebrospinal fluid of three patients in the Amazonas, Brazil. Am J Trop Med and Hyg 86:732-735. Bastos MS, de Figueiredo RM, Ramasawmy R, Itapirema E, Gimaque JB, Santos LO, Figueiredo LT, Mourao MP. 2012. Simultaneous circulation of all four dengue serotypes in Manaus, State of Amazonas, Brazil in 2011. Rev Soc Bras Med Trop 45:393-394. Borawake K, Prayag P, Wagh A, Dole S. 2011. Dengue encephalitis. Ind J Crit Care Med 15:190-193. r Fo Bronzoni RV, Moreli ML, Cruz AC, Figueiredo LT. 2004. Multiplex nested PCR for Brazilian Alphavirus diagnosis. 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Variable N PCR+(%) (95%CI) Total sample 165 49 (29,7) (22.7 – 36.6) ≤ 15 41 11 (26,8) (13.3 – 40.4) < 15 124 38 (30,6) (22.5 – 38.7) 74 20 (27.0) (16,9 – 37.1) p-value Age group 0.69 Gender Female 0.31 29 (31.9) (27,0 – 36.8) 129 43 (33.3) ( 25.0 – 41.4) 36 6 (16.7) (4.6 – 28.8) Yes 34 15 (44.1) No 17 3 (17.6) Yes 20 8 (40.0) 0.76 No 31 10 (32,3) Yes 12 5 (41.7) (13.8 – 69.6) 0.73 No 39 13 (33.3) (18.1 – 48.4) ew Yes 20 4 (20.0) (2.5 – 37.5) 0.08 No 31 14 (45.2) (27.7 – 62.7) Yes 13 7 (53.8) (26.8 – 80.8) No 38 11 (28.9) (14.9 – 42.9) Yes 8 4 (50.0) ( 15.4 – 84.7 ) No 43 14 (32.6) ( 18.7 – 46.5) Procedency FMT-HVD Other Signs Symptoms Headache Fever (27.5 – 60.7) 0.06 0.07 (-0.5 – 35.7) (29.1 – 50.9) (15.9 – 48.7) vi Vomiting er Pe 91 Re Male r Fo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 16 of 20 Neck stiffness Consciousness 0.17 Convulsion 0.43 16 John Wiley & Sons Page 17 of 20 Table 2. Viruses observed in the cerebrospinal fluid of patients with suspected viral infection of the central nervous system. Virus Positive PCR CSF sample n=49 Codetection n= 8 <15 anos n= 11 Clinical Diagnosis Evs 16 (32.6%) 3 (18.7%) 13 (81.2%) 12 (75%) 4 (25%) Encephalitis n=1 Meningitis n=1 EBV 11 (22.4%) 2 (18.2%) 9 (81.8%) 7 (63,6%) 4 (36.7%) Encephalitis n=1 Meningitis n=2 ME n=1 VZV 10 (20.4%) 1 (10%) 6 (60%) 4 (40%) Encephalitis n=1 CMV 9 (18.4%) 1 (11.1%) 8 (88.8%) 5 (55,6%) 4 (44.6%) Encephalitis n=3 Meningitis n=1 r Fo >15 anos n= 38 9 (90%) Monodetection n= 41 HSV-1 2 (4.1%) 2 (100%) 0 2 (100%) 0 - HSV-2 2 (4.1%) Pe 1 (50%) 1 (50%) 2 (100%) 0 Meningitis n=1 DENV 4 (8.2%) 1 (25%) er 4 (100%) 0 Encephalitis n=1 Meningitis n=2 ME n=1 OROV 3 (6.1%) 0 0 ME n=3 3 (75%) Re 3 (100%) 3 (100%) EVs, enteroviruses; EBV, Epstein-barrvirus; VZV, varicella zoster vírus; CMV, cytomegalovirus; HSV-1, herpes simplex virus type-1; HSV-2, herpes simplex virus type-2; oropouche vírus; ME, meningoencephalitis. DENV, dengue vírus; OROV, ew vi 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology 17 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology Table 3. Clinical diagnosis and laboratory of the 49 patients with viral genome positive cerebrospinal fluid (CSF) from patients with central nervous system infection in the Western Brazilian Amazon Biochemical parameters Protein (mg/dl) 42 47 57 202 196 129 168 78 457 50 44 66 76 209 120 37 67 22 96 57 427 142 313 73 83 185 324 544 84 392 138 78 168 457 41 Glucose (mg/dl) 46 70 43 34 59 48 26 41 41 50 88 67 52 55 63 95 71 62 19↓ 52 39 166 27 52 46 43 27 34 53 35 59 54 26 41 59 Clinical diagnosis N/A N/A N/A M N/A N/A E M E E N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A E E N/A N/A M E N/A E ME N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A 148 54 N/A Re Virus HSV-1 HSV-1 HSV-2 HSV-2 CMV CMV CMV, EV CMV CMV CMV CMV,VZV CMV,VZV CMV,VZV VZV VZV VZV VZV VZV VZV, EBV VZV EBV EBV EBV EBV, EV EBV, EV EBV EBV EBV EBV, EV EBV EV EV EV EV EV ew 100 - er N. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 15 y/F 198 vi Leukocyte counts Leukocyte /µl L% N% 42 100 160 98 2 314 100 677 94 6 10 100 1520 100 80 100 77 100 51 100 7 100 122 100 202 99 1 11 100 126 100 426 100 25 100 12 100 18 100 31 100 44 100 256 64 36 96 100 576 60 40 139 94 6 1066 86 14 410 100 277 78 22 202 100 283 100 528 91 9 448 100 1976 95 5 80 100 51 100 90 100 - Pe Age/ Sex 04y/M 15 y/F 07 y/F 18 y/F 30y/M 19y/M 32y/F 23y/M 30y/M 25y/M 43y/F 09y/M 43y/M 45y/M 30y/M 40y/M 38y/M 45y/F 19y/F 13y/M 01y/M 20y/M 24y/M 30y/M 06y/M 30y/M 45y/M 30y/M 28y/M 47y/M 21y/F 25y/M 32y/F 30y/M 33y/F r Fo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 18 of 20 Co morbidity HIV HIV Tuberculosis, HIV Malaria Tuberculosis, HIV HIV, Rush HIV HIV HIV HIV HIV EV 18 John Wiley & Sons Page 19 of 20 Table 3. Continuation N. 37 Age/ Sex 30 y/M Leukocyte counts Leukocyte /µl L% N% 224 85 15 Biochemical parameters Protein Glucose (mg/dl) (mg/dl) 184 24 Clinical diagnosis M Virus EV 38 11 y/F 458 98 2 146 46 N/A EV 39 59 y/M 208 100 - 106 56 N/A EV 40 32 y/F 163 100 - 57 91 N/A EV 41 04 y/F 341 99 1 61 25 N/A EV 42 21 y/F 283 100 - 41 95 N/A EV 43 54 y/M 6 100 - 40 59 ME OROV 44 20 y/M 134 100 - 107 50 ME OROV 45 37 y/F 533 100 - 136 107 ME OROV 46 09 y/M 373 91 9 76 49 E DENV-2 47 32 y/F 112 92 8 434 73 ME DENV-2 48 25 y/F 20 100 - 24 75 M DENV-2 49 26 y/F 320 100 - 75 65 M DENV-1 r Fo Co morbidity HIV Pe (HIV) Human immunodeficiency virus ; L, lymphocyte; N, neutrophils; M, meningitis; E, encephalitis; ME, meningoencephalitis; EV, enterovirus; OROV, oropouche virus ; N/A: not available er ew vi Re 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Journal of Medical Virology 19 John Wiley & Sons Journal of Medical Virology Table 4. Laboratory findings for patients with enterovirus, herpesvirus or arbovirus infection. Laboratory finding in CSF Leukocyte count x106 Enterovirus n= 13 360,88 (p=0,01)* Herpesvirus n= 23 251,48 (P=0,36) Arbovirus n= 7 214,00 (P=0,91) Protein level, mg/dL 136,52 (p=0,4) 155,83 (P=0,02)* 127,37 (P= 0,77) Glucose level, mg/dL 55,12 (p=0,86) 53,6 (p=0,86) 68,29 (P=0,10) *Statistically significant (P>0,05) CSF: Cerebrospinal fluid r Fo er Pe ew vi Re 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Page 20 of 20 20 John Wiley & Sons