Coracao- o que pode dar errado?

Propaganda
Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
O que pode dar errado? - Doenças do coração
O coração é uma bomba muscular no peito que está em constante funcionamento, enviando
sangue para o corpo, dia e noite, desde o nascimento até a morte. Ele contrai e relaxa 100 mil
vezes por dia e, para isso, necessita de um bom suprimento próprio de sangue, o qual é fornecido
pelas coronárias.
Como o coração funciona
A função básica do coração é enviar sangue vermelho, que é rico em oxigênio e nutrientes, através
das grandes artérias para o resto do corpo. Quando o oxigênio é extraído pelos tecidos, as veias
levam o sangue, que está agora azul e com pouco oxigênio, de volta ao coração. O coração tem
dois lados, que funcionam como bombas independentes.
Cada metade é subdividida em duas câmeras, de modo que existem 4 câmeras no total, As
câmeras superiores, átrios, funcionam como reservatórios de coleta, e as câmeras inferiores, os
ventrículos, se contraem para enviar sangue. O lado direito do coração recebe sangue através de
veias oriundas de todo o corpo e envia através dos pulmões para que ele possa receber oxigênio.
O lado esquerdo recebe o sangue que saiu do pulmão e o envia para os tecidos de todo o corpo,
que precisam de oxigênio.
Para atingir todos os diferentes órgãos e músculos, o sangue tem de ser enviado em alta pressão,
o que deve saber caso já tenha cortado uma artéria - o sangue espirra para todos os lados. Para
fazer isso, o coração é muito forte e, diferentemente dos músculos das pernas, por exemplo, ele
nunca se cansa. O músculo cardíaco requer, portanto, um ótimo suprimento de sangue, o que, o
que é fornecido pelas coronárias e suas ramificações.
As artérias coronárias
As coronárias da aorta - principal vaso sangüíneo do coração - no ponto em que ela emerge do
ventrículo esquerdo, que é responsável por enviar o sangue e, portanto, são as primeiras artérias a
receber sangue rico em oxigênio. A duas coronárias, a direita e a esquerda, são relativamente
pequenas, cada uma medindo apenas 3 a 4 milímetros de diâmetro.
1
Elas passam sobre a superfície do coração, encontrado-se na parte de trás do mesmo, quase
formando um círculo. Quando este padrão de vasos sangüíneos foi visto pela primeira vez pelos
antigos, eles o consideraram semelhantes a uma coroa e, por isso, usaram o nome latino que
temos hoje, artérias coronárias.
Como estas artérias são muito importantes, os médicos estão familiarizados com todas as suas
ramificações e com as variações que podem ocorrer entre as pessoas. A artéria coronária
esquerda apresenta dois ramos principais, as quais por sua vez apresentam outros ramos. Ela
supre quase todo o ventrículo esquerdo, que é o mais muscular dos ventrículos, pois ele tem que
enviar sangue para todo o corpo. A artéria coronária direita é geralmente menor e supre o lado de
baixo do coração e o ventrículo direito, a câmara que envia sangue para os pulmões. As artérias
coronárias têm uma estrutura semelhante a todas as outras artérias, mas são diferentes em um
aspecto: o sangue só pode correr através destes vasos para dentro do músculo cardíaco entre os
batimentos, quando ele relaxa.
Enquanto o músculo cardíaco está contraindo, a pressão é grande demais e não permite que
nenhum sangue passe através dele. Isto significa que o coração requer uma rede muito eficiente
de pequenos vasos sangüíneos dentro do músculo cardíaco para levar o sangue onde ele é
necessário. Na DCC, as artérias coronárias tornam-se obstruídas (como um cano de água que
adquire uma crosta interna), e o músculo cardíaco fica privado do sangue e oxigênio que ele
necessita. Isso pode não fazer diferença quando se está em repouso, mas se o seu coração tenta
trabalhar mais do que o normal - quando você sobe escadas, por exemplo - as coronárias podem
não ser capazes de responder adequadamente à demanda por oxigênio e você pode ter dor no
peito.
Se você descansa por um tempo, a dor geralmente desaparece. Quando a coronária torna-se
completamente bloqueada por um coágulo de sangue, aquela região do músculo cardíaco irrigada
por ela, morre.
Ateroma
O enrijecimento das artérias, a arteriosclerose e o ateroma são a mesma coisa. Quando você
nasce, os seus vasos sangüíneos são flexíveis e elásticos e o sangue flui através deles com
facilidade. No início da vida adulta, entretanto, podem-se formar depósitos de gordura nas paredes
das artérias. Eles se acumulam gradualmente, formando caroços que se projetam para o meio da
artéria e reduzem o fluxo sangüíneo.
2
A extensão destas mudanças e a velocidade com que ocorrem dependem do nível de gorduras
(tecnicamente chamados lipídios) no sangue, especialmente de um deles chamado colesterol de
lipoproteína de baixa densidade, ou LDL. Indivíduos com altos níveis sangüíneos de colesterol LDL
são mais passíveis de desenvolver ateroma grave, embora todos nós apresentemos algumas
alterações deste tipo quando chegamos à meia-idade. Na medida em que as placas de ateroma
tornam-se maiores, elas engrossam e enfraquecem a parede de artéria, e reduzem
progressivamente a quantidade de sangue que pode passar por ela.
Este processo pode afetar qualquer órgão, de modo que um ateroma das artérias que vão para o
cérebro pode levar a um derrame, daquelas que irrigam os membros pode levar à gangrena, e no
caso do coração, pode levar a um ataque do coração. O processo de enrijecimento das artérias é
curiosamente desigual pelo corpo e, especialmente, nas coronárias.
A obstrução pode afetar somente uma coronária ou parte dela, ou pode afetar a artéria em toda a
sua extensão. Isto pode ser importante para a decisão sobre o melhor tratamento para você. Na
DC, os médicos freqüentemente falam de doença em um, dois ou três vasos sangüíneos, com
referência ao número de ramos atingidos entre os três ramos principais (os dois ramos principais
da artéria coronária esquerda e a coronária direita). No geral, a doença de um ou dois vasos
sangüíneos pode ser tratada com medicação ou angioplastia, enquanto a doença de três vasos,
que afeta todas as coronárias principais, geralmente requer cirurgia de revascularização.
Trombose
Trombose é o tempo médio para coágulo, o processo natural que ocorre quando nos machucamos
para interromper um sangramento. Também possuímos substâncias químicas em nosso sangue
que agem como anticoagulantes naturais, que impedem que o sangue se coagule no momento
errado. Quando um vaso sangüíneo é danificado, uma série de substâncias químicas são liberadas
ao redor dele, causando a coagulação do sangue.
No caso da doença coronariana, o coágulo se forma não por causa de um traumatismo externo,
mas como resultado de uma lesão ao revestimento da artéria, causado pela gordura acumulada na
sua parede. Normalmente, o revestimento de nossas artérias é liso e não contém nenhum foco
onde posse se formar um coágulo. Quando um ateroma se desenvolve, surgem rachaduras no
revestimento da artéria. As pequenas células sangüíneas chamadas plaquetas aderem a estas
rachaduras para que elas se fechem. Quando as rachaduras são pequenas, este processo não
3
causa problemas. Mas em locais em que a artéria foi criticamente danificada, até um pequeno
coágulo pode causar um problema grave ao fluxo sangüíneo.
Sabemos que este processo é a causa da deterioração repentina na angina, conhecida como
angina instável. O ataque do coração já é causado por problemas bem diferentes. O depósito de
gordura na artéria não só contém gordura, mas também é cercado por cicatrizes causadas pelo
próprio colesterol. Uma tampa fibrosa, muito mais rígida que a artéria, se forma sobre o depósito de
gordura. Qualquer stress repentino pode levar esta tampa a se soltar causando um dano ainda
mais extenso à parede da artéria. Disto resulta a formação de um coágulo ainda maior, que
geralmente bloqueia a artéria toda.
Conseqüentemente, o sangue não chega ao músculo cardíaco depois daquele ponto e aquela
região do músculo morre. A trombose é, portanto, um dos problemas centrais na doença
coronariana. È a causa da maioria dos casos de deterioração repentina na angina e dos ataques
cardíacos. Como veremos adiante, os tratamento mais avançados para a doença de sua
ocorrência. Temos medicações complexas e caras que podem dissolver um coágulo durante um
ataque do coração e temos drogas simples, igualmente eficazes, que podem prevenir a sua
formação. Estamos procurando descobrir quais os fatores que levam algumas pessoas a terem
maior propensão a formar coágulos sangüíneos do que outras.
Ataque do coração
O ataque do coração é resultado de um bloqueio total de uma coronário problemática por um
coágulo ou trombo. O músculo cardíaco, ou miocárdio, posterior ao coágulo fica repentinamente
privado de sangue e oxigênio e se torna doloroso, com uma dor que fica mais intensa a cada
minuto.
Se o coágulo não se dispersar espontaneamente, o que raramente acontece, esta região do
coração morre em 5 a 10 minutos, resultando em um ataque do coração completo, ou infarto do
miocárdio (IM), para usar o seu nome técnico. A dimensão real do ataque do coração e a extensão
do músculo danificado depende de um série de fatores. O primeiro é o tamanho da artéria: quanto
maior a artéria bloqueada, maior a área danificada. O segundo é que geralmente a área danificada
é maior quando outras artérias coronarianas também estão com problemas.
Finalmente, o tamanho do ataque do coração depende também do desenvolvimento de um
suprimento colateral de sangue para aquela região. Se outras artérias colaterais se desenvolveram
4
para suprir a área ameaçada, o dano resultante é bem menor. A prática regular de exercícios é um
bom aspecto fundamental dos programas de tratamento para pessoas com DC.
O efeito imediato da lesão do músculo, além do dor, é uma redução na eficiência do coração, o que
pode causar quedas da pressão sangüínea levando a tonturas, sudorese ou náusea. O outro
problema importante nos estágios iniciais é que a lesão do músculo causa irregularidades do ritmo
cardíaco, ou arritmias cardíacas.
Estas irregularidades podem ser fatais, levando à chamada falência cardíaca. Por causa do perigo
destas arritmias, é vital que o coração seja monitorado de perto nas primeiras 48 horas e isto é
geralmente feito nas unidades coronarianas dos hospitais (UC). Felizmente, estas complicações
raramente aparecem depois de 2-3 dias e é neste momento que as pessoas podem ser
transferidas para uma enfermaria geral para se recuperarem antes de voltarem para casa. Após um
ataque do coração, o corpo começa imediatamente a reparar os danos. As célula removem o
músculo morto ou danificado e começa a se formar um tecido fibroso ou uma cicatriz, processo
este que leva de 6 a 8 semanas.
A cicatriz é forte, mas infelizmente o músculo cardíaco danificado não pode ser substituído e é
inevitável que haja um certo enfraquecimento do coração. Para a maioria das pessoas com um
pequeno ataque do coração, isto faz muito pouca diferença para a performance global do coração
com uma bomba. Contudo, se uma área maior foi danificada, há um aumento do coração e ele não
funciona mais tão eficientemente, o que é chamado de insuficiência cardíaca.
Os efeitos do envelhecimento
A doença coronariana é gradual e imprevisível. Os depósitos de gordura podem se acumular muito
lentamente ao longo de 20 a 30 anos. Os sintomas demoram a aparecer e a angina só se torna um
problema quando uma ou mais coronárias já estão 70% mais estreitas, comprometendo o fluxo
sangüíneo para aquela parte do coração. Como o processo é muito lento, o coração pode
encontrar maneiras de superar as alterações desenvolvendo novos vasos sangüíneos, chamado
vasos colaterais.
As coronárias formam uma rede de vasos sangüíneos ao redor do coração e, quando uma se torna
obstruída, a outra se expande para auxiliar a região afetada do músculo cardíaco. Embora a
obstrução da coronária ocorra lentamente, um coágulo pode aparecer a qualquer momento.
Indivíduos que apresentam apenas uma angina ocasional podem piorar repentinamente de sua
condição clínica e apresentar uma angina instável ou ter um ataque do coração.
5
Felizmente isso não acontece com muita freqüência. Aproximadamente 5% das pessoas com
angina em um ano experimentam tal deterioração. É muito mais preocupante o fato de um ataque
do coração poder ocorrer a qualquer momento em alguém que não tinha nenhum conhecimento de
ter algum problema no coração. Isto acontece porque um pequeno depósito de gordura, que não
causa problemas em termos do fluxo sangüíneo, pode se romper repentinamente.
O coágulo que se forma pode então bloquear a artéria. Estamos começando a compreender este
processo um pouco melhor, e já existem medicações que parecem capazes de impedir que ele
aconteça.
História 1: Angina Três meses atrás, Artur percebeu que estava tendo dor no peito sempre que
subia as escadas ou subia o morro para a sua casa, especialmente em dias frios. Seu clínico geral
lhe disse que ele tinha angina e prescreveu um tratamento com uma medicação antianginas
comum chamada atenolol. Artur de sente bem novamente e não tem sintomas.
História 2: Ataque do Coração João era um atleta dedicado e corria maratonas. Seu pai havia
morrido de um ataque do coração (IM) quando tinha 64 anos. João se sentia muito bem, mas,
durante uma corrida de 10 milhas ele caiu com dor no peito e morreu repentinamente. Um exame
post-mortem revelou que a causa de sua morte foi um ataque do coração.
Pontos centrais
•
Para funcionar como uma bomba, o músculo cardíaco é criticamente dependente das
coronárias para obter um bom suprimento sangüíneo.
•
Na doença coronariana, as coronárias ficam obstruídas por causa dos depósitos de gordura
ou ateroma.
•
A obstrução das coronárias pode privar o músculo cardíaco de oxigênio, e isto resulta na dor
da angina.
•
Um ataque do coração ocorre quando uma artéria com problemas é completamente
bloqueada por um coágulo e o músculo cardíaco posterior ao coágulo morre.
•
Após um ataque do coração, forma-se uma cicatriz no músculo danificado. Desde que não
seja muito grande, pode-se esperar uma recuperação completa.
•
http://www.lincx.com.br/lincx/orientacao/prevencao/dar_errado_coracao.html - topo
6
http://www.lincx.com.br/lincx/orientacao/prevencao/dar_errado_coracao.html - topo
FONTE: ISTOÉ - GUIA DA SAÚDE FAMILIAR - volume 6 "DOENÇAS DO CORAÇÃO" paginas
13 a 25
7
Download