CÂMARA DOS DEPUTADOS INDICAÇÃO Nº DE 2017 (Da Sra. Leandre) Sugere a criação de Centros de Referência e a implementação de tratamento não-farmacológico para a Doença de Alzheimer. Excelentíssimo Senhor Ministro da Saúde, Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS –, existem 47,5 milhões de pessoas com demência e a cada ano 7,7 milhões de novos casos são registrados. Destes números, entre 60% e 70% dos casos são de Alzheimer, sendo uma das principais causas de incapacidade e dependência das pessoas idosas em todo o mundo. Estima-se que entre 5% e 8% da população geral com 60 anos ou mais sofrem de demência em um determinado momento. O Brasil vem passando por rápida transição demográfica, aumentando o número de pessoas idosas, sendo que a expectativa é que em 2050, 30% da população tenha mais de 60 anos. Com isto, há que se atentar ao aumento dos casos de doenças neurodegenerativas, entre elas a Doença de Alzheimer – DA –, que tem maior prevalência na faixa etária mencionada. Nos termos do Protocolo Clinico e Diretrizes Terapêuticas para a Doença de Alzheimer, - portaria SAS/MS nº 1298, de 21 de novembro de 2013 –, a patologia mencionada “é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta por deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais” e prevê ainda a importância do atendimento multidisciplinar. CÂMARA DOS DEPUTADOS É de conhecimento que os pacientes com DA têm sua integridade física, mental e social comprometida, levando a situações de dependência total ou parcial, por inúmeras vezes com necessidade de cuidados complexos, afetando também os familiares responsáveis. Deste modo, por se tratar de uma doença que afeta todas as áreas da vida do idoso/família, há necessidade de intervenções integradas de diferentes profissionais de saúde, por meio de ações multidisciplinares e interdisciplinares. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer, quando a doença é diagnosticada em sua fase inicial, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família. Quase todas as vítimas dessa doença são pessoas idosas. E é muito comum que os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer (DA) sejam confundidos com o processo de envelhecimento normal. Essa confusão tende a adiar a busca por orientação profissional e, não tão raro, a doença é diagnosticada tardiamente. Segundo a Associação, os principais sintomas cognitivos são perda de memória, dificuldade de atenção, problemas na linguagem, funções motoras e executivas. Além desses sintomas, existem ainda os sintomas comportamentais como: apatia, depressão, distúrbio do sono, ansiedade, irritabilidade, delírios e alucinações. Em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo1 constatou-se que: Houve melhora dos sintomas comportamentais e psicológicos da demência entre os pacientes que tiveram cuidados primários com equipe multi e interdisciplinar, resolvendo as questões de forma colaborativa entre os profissionais; Que o estresse dos familiares/cuidadores, que leva por sua vez a outras problemáticas de saúde nestes, se dá devido à elevada carga horária de cuidados necessários. Porém, quando houve o 1 http://www.periodicos.ufc.br/index.php/rene/article/viewFile/2633/2020 CÂMARA DOS DEPUTADOS acompanhamento interdisciplinar, estas questões foram em sua boa parte resolvidas; e Utilizando-se da estimulação cognitiva e da psicoeducação, tanto para pacientes, quanto para cuidadores, ocorreu a estabilização da doença e melhoria da qualidade de vida. Para o cenário atual, enquanto ainda não existe cura para a Doença de Alzheimer, percebe-se necessária a existência de serviços de assistência ao paciente, ao cuidador e à família, com equipes multidisciplinares e interdisciplinares integradas, trabalhando com o intuito de manter os idosos independentes e ajudar a reduzir os custos com a doença. As ações multidisciplinares e interdisciplinares podem oferecer cuidados mais efetivos para os idosos com Doença de Alzheimer, maximizando seu nível cognitivo e funcional, com melhoria da qualidade de vida tanto para o paciente quanto para os familiares e os cuidadores. Deste modo, sugere-se a esse Ministério, que, em conjunto com o tratamento farmacológico já determinado pela portaria anteriormente mencionada, a criação de Centros de Referência com redes de assistência aos pacientes, ao cuidador e à família, bem como a implementação de tratamento não-farmacológico para a Doença de Alzheimer com ações multi e interdisciplinares, pois, com isto, poder-se-á dar mais qualidade de vida, desacelerando a evolução dos sintomas e melhorando, inclusive, o estado de saúde física e mental do paciente, do cuidador e da família. Sala das Sessões, em Deputada LEANDRE (PV/PR) de abril de 2017. CÂMARA DOS DEPUTADOS REQUERIMENTO Nº , DE 2017 (Da Sra. Leandre). Requer o envio de Indicação ao Poder Executivo que sugere criação de Centros de Referência e a implementação de tratamento não-farmacológico para a Doença de Alzheimer. Senhor Presidente, Nos termos do art. 113, inciso I e § 1º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, requeiro a V. Exª. que seja encaminhada ao Poder Executivo a Indicação em anexo, sugerindo a criação de Centros de Referência e o tratamento não-farmacológico para a Doença de Alzheimer. Sala das Sessões, em Deputada LEANDRE (PV/PR) de abril de 2017.