ATENÇÃO Caso o seu veículo publique – parcialmente ou na íntegra – esta matéria de serviço, envie-nos uma cópia da edição. O endereço é o SCN Quadra 5 Bloco “A” Torre Norte, sala 417, Edifício Brasília Shopping, Brasília (DF). CEP: 70715-900. Obrigado. Saúde em primeiro lugar Ministério da Saúde premiou em Brasília, durante Expoepi, experiências de prevenção e controle de doenças Desde 2003, agentes comunitários de saúde visitam diariamente a favela da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, para desenvolver o programa Vigilância, Prevenção e Controle de Tuberculose. De porta em porta, eles buscam possíveis pacientes com a doença e recolhem material orgânico dessas pessoas para exames. Caso haja o diagnóstico da tuberculose, o agente volta à casa do paciente para acompanhá-lo a uma consulta médica em um posto montado numa igreja dentro da Rocinha. Com essa estratégia, o programa conseguiu aumentar a taxa de cura da tuberculose na comunidade para 90%. Ações desse tipo, desenvolvidas por secretarias municipais e estaduais de saúde, que promovem o bem-estar e a qualidade de vida em várias partes do país, receberam como reconhecimento prêmios do Ministério da Saúde durante a 6ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), realizada entre os dias 15 e 17 de novembro, em Brasília. Dos 300 trabalhos enviados para análise do júri, 60 foram aprovados e apresentados no evento, dos quais 10 receberam prêmios pela qualidade das ações e importância para a saúde pública. Outros dois projetos conquistaram prêmios em categorias especiais (veja relação completa dos vencedores em box abaixo). Além da alta taxa de cura da tuberculose na Rocinha, o júri da Sexta Expoepi considerou outro ponto muito importante neste projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Junto com as consultas, os agentes de saúde que atuam no combate à tuberculose na área distribuem medicamentos para o tratamento. Com esse conjunto de iniciativas, a equipe do programa conseguiu reduzir de 23% para 6% a taxa de abandono do tratamento. “A maior dificuldade em controlar a tuberculose é o fato de muitas pessoas abandonarem o tratamento durante os dois primeiros meses. Nessa fase, a melhora dos sintomas é evidente. Os pacientes acham que não precisam mais ir ao posto pegar o medicamento”, explica a técnica do Controle de Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Elizabeth Cristina Coelho Soares. Para reforçar junto aos pacientes a importância de não abandonar o tratamento, o que pode agravar a doença, os agentes fazem a distribuição diária dos medicamentos nas casas. Desde que o projeto foi implementado, 1119 pessoas receberam tratamento. O júri da Expoepi considerou o projeto um exemplo a ser seguido por outras áreas do país com características urbanas semelhantes. Dengue – O projeto Vigilância, Prevenção e Controle da Dengue, da cidade de Araçatuba (SP) foi outra experiência premiada na Expoepi. O município desenvolveu um trabalho de pesquisa para identificar os focos do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. A partir dos resultados do estudo, as equipes intensificaram a mobilização junto à população para o combate à dengue. “Procuramos saber quais eram os fatores de agravo da doença e os criadouros predominantes do mosquito transmissor”, conta a chefe do Serviço da Vigilância Sanitária de Araçatuba, Ana Claudia Gomes da Rocha. “Se identificávamos, numa determinada área, que os focos do mosquito estavam em vasos de plantas, nos concentrávamos em alertar as pessoas sobre esse fator, sem esquecer, claro, das outras recomendações importantes”, diz Ana Cláudia. O programa também leva à população palestras educativas, peças de teatro e ações que envolviam os agentes do Programa Saúde da Família (PSF). O programa conta até com a presença de um personagem fictício para alertar a população contra a dengue, o Zé Limpinho. Os agentes de controle de endemias do município se unem às equipes do PSF e também participam do programa com ações educativas, além do combate aos focos do Aedes aegypti. “Em Araçatuba, graças a essas ações, a população luta contra o mosquito da dengue todos os dias, durante o ano todo”, afirma Ana Claudia. Coração – O município de Luzerna (SC) se destacou na Expoepi e recebeu um dos prêmios por apresentar um projeto no controle da hipertensão arterial e do diabetes. Durante um levantamento no ano de 2003, constatou-se que essas doenças eram responsáveis por 20% das internações e 30% das mortes registradas. A Secretaria de Saúde do Município, em parceria com o PSF, estudou uma estratégia de combate a essas doenças, montando um sistema de atendimento médico com livre demanda, ou seja, o paciente não precisa marcar hora para ser atendido. A Estratégia para o Controle da Hipertensão Arterial Sistêmica no Município de Luzerna também reorganizou a assistência farmacêutica da cidade, para atender todos os pacientes e evitar a falta de medicamentos. Além do atendimento, o programa promove reuniões e palestras com os profissionais de saúde e a comunidade para discussão de hábitos como alimentação saudável e prática de exercícios físicos. Um profissional de educação física participa do programa, composto por um grupo com cerca de 100 pacientes cada um. “Hoje, o programa trabalha com o controle dos pacientes e o numero de internações por hipertensos e diabéticos caiu de 38% para 13%”, revela João Rogério Nunes Filho, médico do programa. Mostra valoriza contribuições para o SUS Os trabalhos premiados na Expoepi foram considerados os mais importantes pela contribuição para melhora nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Na edição do evento deste ano, 30 trabalhos foram apresentados oralmente e outros 30 em formato de pôster. Os temas apresentados concorreram ao premio de R$ 30 mil. Os 10 trabalhos premiados pela Expoepi fazem parte das áreas de agravos e doenças não transmissíveis; prevenção e controle de tuberculose, hanseníase, malária e dengue; epidemiologia hospitalar; epidemiologia, prevenção e controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids; doenças imunopreveníveis, hepatites virais e doenças transmissíveis; saúde ambiental; e sistemas de informação e análise de situação de saúde. Segundo a organizadora do evento, Regina Fernandes, “o encontro foi positivo pelo alto nível das discussões e pela troca de informações”. Além das apresentações, foram promovidas oficinas de trabalho, mesas-redondas, palestras e conferências. Assim como em edições anteriores, na Sexta Expoepi foi programada uma homenagem aos profissionais que contribuíram com seus esforços para a história da saúde pública brasileira. Também aconteceu uma premiação final com alguns desses importantes nomes, com os Prêmios Adolfo Lutz & Vital Brazil e Carlos Chagas. Durante este momento, foram reconhecidas as melhores investigações de surtos conduzidos por um gestor federal e pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde. Entre os 60 trabalhos selecionados para a 6 ª Expoepi, 24 eram de secretarias estaduais e municipais da região Sudeste, 15 da região Sul, 12 do Nordeste, 6 projetos eram da região Norte e três do Centro-Oeste. Premiaram-se experiências desenvolvidas pelas secretarias municipais de saúde do Rio de Janeiro (RJ), Triunfo (RS), Luzerna (SC) e dos municípios paulistas de Marília, Campinas e Araçatuba. Além das secretarias municipais, também foram premiadas as secretarias estaduais de saúde de Minas Gerais e de Pernambuco, esta com dois trabalhos selecionados, além do Instituto José Frota, autarquia ligada à prefeitura de Fortaleza (CE). Lista dos vencedores da 6ª Expoepi: – Acidentes com Produtos Perigosos, Contaminação Ambiental e Vigilância em Saúde, da Secretaria de Saúde do município de Triunfo (RS). – O controle da tuberculose em uma área de vulnerabilidade social: A experiência na favela da Rocinha, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (RJ). – A Siant-Rábica (Sistema Anti-Rábica): criação de um arquivo para sistematizar as informações da campanha anti-rábica animal, uma ferramenta para o planejamento, organização e avaliação no Município de Campinas (SP). – As implementações na operacionalização de campo e participação comunitária no controle da dengue, da Secretaria Municipal de Saúde de Araçatuba (SP). – A Estratégia de atualização do banco de dados do programa de hanseníase no Estado de Pernambuco, em 2005. – A Integração da rede pública e privada como proposta de organização do diagnóstico sorológico para leishmaniose visceral canina em Minas Gerais. – O Potencial dos sistemas de informação em saúde para aprimorar indicadores da Programação Pactuada Integrada de Vigilância em Saúde (PPIVS): discutindo possibilidades na vigilância epidemiológica de doenças exantemáticas (aquelas que provocam manchas avermelhadas na pele) em Pernambuco, em 2005. – Investigação e controle dos acidentes e violências, um desafio para os serviços de vigilância epidemiológica, do Instituto Dr. José Frota (CE). – Prevenção entre populações mais vulneráveis ao HIV/aids: estratégias para a redução da vulnerabilidade entre profissionais do sexo, usuários de drogas e homens homossexuais em Marília (SP). – Estratégia para o controle da hipertensão arterial sistêmica no Município de Luzerna (SC). Além destes, houve dois prêmios especiais para trabalhos acadêmicos – Prêmio Carlos Chagas, para o trabalho Doença Meningocócica: Investigação de surto na comunidade Sucupira (SP), em 2006, de Flávia Helena Ciccone. – Prêmio Adolfo Lutz & Vital Brazil, para Um Surto de Febre Maculosa do Grupo das Rickettsioses, Rio de Janeiro, 2005, de Silvia Silva Oliveira.