FREQUÊNCIA DE ANTICORPOS CONTRA O VÍRUS DA LÍNGUA AZUL NO MUNICÍPIO DE ITAPECURU-MIRIM/MA Orientanda: Mayra da Silva OLIVEIRA – Bolsista BIC/UEMA. Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária – CCA/UEMA. Orientador: Hamilton Pereira SANTOS. Prof. Dr. do Departamento de Patologia CCA/UEMA. Colaboradores: Helder de Moraes PEREIRA – Prof. do Departamento das Clínicas CCA/UEMA; Janaira SILVA SÁ – Mestranda/UEMA; Iara dos Santos da Silva OLIVEIRA – Mestranda/UEMA; Danillo Brenno de Assis TORRES – Graduando em Medicina Veterinária/UEMA; Arlene dos Santos SILVA – Graduanda em Medicina Veterinária/UEMA. A língua azul (LA) é uma doença viral, transmitida por vetores hematófagos do gênero Culicoides sp., que afeta todos os ruminantes domésticos e selvagens, contudo, a ocorrência da doença clínica tem sido demonstrada principalmente em ovinos (ALVES et al., 2009).Objetivou-se com este trabalho identificar a frequência de anticorpos contra o vírus da Língua Azul em rebanhos ovinos no município de Itapecuru-Mirim, Maranhão, bem como o conhecer o manejo sanitário adotado pelos criadores. O número de amostras foi determinado utilizando a Fórmula de Triola (1999); Callegari e Jacques (2003). Obtivemos um de n=136, onde elevamos para 150 amostras. Foram testados 15 animais por rebanho, em 10 rebanhos, sorteados de forma aleatória conforme preconizado por (SOUZA NETO, 1987), na seguinte proporção: um reprodutor, cinco matrizes, nove fêmeas jovens. As amostras de sangue foram colhidas através da punção da veia jugular, utilizando tubos à vácuo de 10 ml, sem anticoagulante, devidamente esterilizados e identificados. Foi empregada a técnica de imunodifusão em gel de ágar (IDGA), conforme (SILVA, 1978). Esta técnica consiste na detecção de anticorpos contra proteínas virais. De um total de 150 amostras submetidas ao teste de IDGA para detecção de anticorpos contra o vírus da Língua Azul, verificou-se que 132 (88%) foram reagentes e apenas 18 (12%) não reagentes (Figura 3). Dos animais reagentes, verificou-se que a maioria (n=79) foi de fêmeas em idade não reprodutiva (Tabela 1). Entretanto não houve associação estatística significativa entre estas duas variáveis, fase reprodutiva e reação positiva ao teste, (p > 0,05). Tabela 1 – Distribuição das amostras de ovinos por fase reprodutiva oriundos do município de Itapecuru-Mirim/MA, submetidas ao teste de IDGA, São Luís, 2012. FASE REPRODUTIVA NÃO REPRODUTIVA TOTAL Resultado do teste de IDGA REAGENTE NÃO REAGENTE 53 7 79 11 132 18 TOTAL 60 90 150 p = 0.9183 χ2 = 0.01052 Intervalo de confiança = 0.8925 a 1.135 Os 10 rebanhos pesquisados para a presença de anticorpos séricos contra VLA apresentaram animais reagentes, verificando pelo menos dez animais reagentes por rebanho, resultando em uma frequência de 100% de rebanhos reagentes. Isto indica que há circulação de um vírus do grupo Orbivirus na região, pois o antígeno empregado é grupo- específico e não permite a diferenciação entre anticorpos induzidos pela infecção causada pelo vírus da doença hemorrágica epizoótica (VEHD) e entre os diferentes sorotipos do VLA. Resultados semelhantes foram descritos por Dorneles et al. (2012) que estimaram a prevalência de anticorpos contra o vírus da língua azul (VLA) em 100% do rebanho ovino estudado no Distrito Federal. Os resultados encontrados neste trabalho são superiores aos relatados por Mota et al. (2011), que descreveram uma prevalência de rebanhos soropositivos de 24,4% e 27,5% para os caprinos e ovinos, respectivamente, no sertão de Pernambuco. E ainda superiores aos descritos por Nogueira (2009) em ovinos da Região de Araçatuba, onde 65% dos animais testados apresentaram reatividade positiva para os Orbivirus. As principais manifestações clínicas relatadas em ovinos nos 10 rebanhos visitados no município de Itapecuru-Mirim/MA, demonstrado no Gráfico 1, foram: língua edemaciada para fora da boca em dois rebanhos visitados, 20%, edema de face, lábios, língua ou mandíbula em quatro rebanhos, 40%, aborto e/ou nascimento de cordeiros fracos e com anomalias em seis rebanhos, 60%, inflamação dos cascos e claudicação em oito rebanhos, 80%. Gráfico 1 - Principais manifestações clínicas observadas em ovinos criados no município de Itapecuru-Mirim/MA, São Luís 2012. Na observação direta, onde foram consideradas as características das propriedades, constatou-se a presença de áreas alagadas com muita matéria orgânica nas 10 propriedades, áreas com florestas e/ou vegetação nativa em 8 das 10 propriedades (Figura 1). De acordo com Ward & Thurmond (1995) uma das explicações para o elevado número de animais soropositivos pode ser devido ao fato do clima da região ser propício, com temperaturas entre 25º e 35ºC, favoráveis à multiplicação dos Culicoides, que requerem calor e umidade, para se reproduzirem, bem como clima úmido quente, para se alimentarem. Avaliando as práticas de manejo adotadas nas criações podemos perceber que o manejo sanitário dos rebanhos avaliados mostrou-se deficiente. Assim como os dados obtidos permitiram afirmar que a alta frequência de anticorpos indica que VLA está amplamente disseminado nos rebanhos estudados e considerando outras pesquisas este vírus espalha-se pelos animais no país de forma silenciosa. A B C Figura 1 – Características observadas nas propriedades visitadas; A- Instalações feitas com madeira e piso ripado; B – Presença de áreas alagadas com muita matéria orgânica; C – Áreas com florestas e/ou vegetação nativa. Palavras- Chave: Frequência. Anticorpos. VLA. IDGA. REFERÊNCIAS: ALVES, F.A.L.; ALVES, C.J.; AZEVEDO, S.S. et al. Soroprevalência e fatores de risco para a língua azul em carneiros das mesorregiões do Sertão e da Borborema, semiárido do estado da Paraíba. Ciência Rural, v.32, p.484-489, 2009. CALLEGARI-JACQUES, S. M. (2003). Testes não-paramétricos. In: Bioestatística: CALLEGARI-JACQUES, S. M. Princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed. Cap. 18, 2003. DORNELES, E. M. S., MORCATTI, F. C., GUIMARÃES A, S., LOBATO, Z. I.P., LAGE, A. P.; GONÇALVES, V. S. P.; GOUVEIA, A. M. G.; HEINEMANN, M. B. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 4, p. 1521-1524, jul./ago. 2012. SOUZA NETO, J. 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