Modos Valor Tempos (simples/compostos) Valor Indicativo

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Modos
Valor
Indicativo
Expressa uma realidade, um
facto de cuja realização não se
duvida
Tempos
(simples/compostos)
Presente
Eu danço
Pretérito perfeito
Eu dancei
Eu tenho dançado
Pretérito imperfeito
Eu dançava
Condicional
Conjuntivo
Expressa um facto dependente
de uma hipótese, de uma
condição ou a atenuação de
uma
intencionalidade
comunicativa
Expressa uma dúvida, um
desejo, uma incerteza
Pretérito
mais-queperfeito
Eu dançara
Eu tinha dançado
Futuro
Eu dançarei
Eu terei dançado
Eu dançaria
Eu teria dançado
Presente
Eu dance
Imperfeito
Eu dançasse
Pretérito-mais-queperfeito
(só
existe
enquanto
tempo
composto)
Eu tivesse dançado
Pretérito perfeito (só
existe enquanto tempo
composto)
Eu tenha dançado
Imperativo
1
1
Expressa uma ordem, um
conselho, um pedido, uma
súplica ou exortação
Valor
Exprime uma acção actual,
contínua ou uma verdade
universal. Pode ainda ter um
sentido de passado (presente
narrativo ou histórico) ou de
futuro próximo.
Refere
uma
acção
completamente realizada. O
tempo simples produz um efeito
de pontualidade. O tempo
composto exprime, geralmente, a
repetição ou a continuidade de
uma acção.
Indica o aspeto durativo ou a
frequência de uma acção.
É uma forma de expressão de
cortesia.
Assinala uma acção anterior a
outra também passada.
Relata uma acção que se situa
num tempo posterior ao ato de
fala.
Utilizado em frases simples, pode
exprimir uma proibição, uma
ordem, um desejo, raiva ou
irritação.
Em
orações
subordinadas, exprime a ordem e
o desejo.
Coloca uma hipótese, indica uma
dúvida.
Futuro
dançar
tiver dançado
Dança
Dançai
O modo imperativo tem um carácter defetivo, visto só apresentar um tempo (o presente) e uma pessoa (a segunda
pessoas gramatical). Para expressar os valores associados ao imperativo em frases com sujeito gramatical diferente da
segunda pessoa (frases com o sujeito você/vocês, que é formalmente uma terceira pessoa) ou para expressar frases
imperativas negativas, usa-se o conjuntivo. Ex: Traga-me já o contrato!; Não venhas tarde!
1
As formas verbais não finitas
As formas verbais não finitas são o infinitivo (pessoal e impessoal), o gerúndio e o
particípio. Estas formas ocorrem normalmente associadas a outras formas verbais e não
variam em tempo.
2
Infinitivo impessoal
O infinitivo impessoal é uma forma que pode ocorrer em orações subordinadas
substantivas com função de sujeito (1), de complemento do verbo (2) e de complemento do
nome (3), em orações subordinadas adverbiais temporais (4) e em orações subordinadas
adverbiais causais (5):
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
Fumar mata.
O Pedro quer ir ao cinema.
A ideia de ir à praia agrada-me.
Eles encontraram o João ao sair de casa.
Eles caíram por escorregar no óleo.
Este tempo tem uma forma simples (ex: andar) e uma forma composta (ex: ter
andado).
Infinitivo pessoal
O português possui uma forma de infinitivo pessoal ou flexionado, além do infinitivo
impessoal. Esta forma, que tem flexão de pessoa e de número (por exemplo, ler, leres, ler,
lermos, lerdes, lerem), ocorre em certas orações subordinadas, como as finais:
Vim chamar-te para ires ao telefone.
Gerúndio
O gerúndio é uma das formas não finitas do verbo. Este tempo verbal tem uma forma
simples, constituída pela junção do sufixo –ndo ao tema verbal (andando, lendo, saindo), e
uma forma composta, que associa o gerúndio do verbo auxiliar ter ao particípio do verbo
principal (tendo andado, tendo lido, tendo saído).
O gerúndio expressa um valor durativo e não acabado, indicando a simultaneidade das
acções expressas pelo verbo no gerúndio e por um verbo numa forma finita (1) ou a
anterioridade da acção expressa pelo verbo no gerúndio em relação à acção expressa pela
forma verbal finita (2).
(1) Ela ouvia-o sorrindo.
(2) Dizendo isto, saiu da sala.
As construções que têm como núcleo um gerúndio têm um valor adverbial.
Dizendo isto, saiu da sala = Assim que disse isto, saiu da sala.
Particípio
O particípio é uma forma verbal não finita que entra na formação dos tempos
compostos e das construções passivas. Nos tempos compostos, ocorre como forma invariável:
Ela tinha ido à rua.
Os rapazes tinham jantado fora.
Em construções passivas, o particípio é uma forma que flexiona em género e em
número:
Estes carros foram reparados ontem.
Existem verbos que apresentam duas formas do particípio passado: uma regular
(forma fraca), habitualmente usada na formação dos tempos compostos com os auxiliares ter
e haver, e outra irregular (forma forte), geralmente utilizada com os auxiliares ser e estar. O
particípio regular é formado pela afixação do sufixo –do ao tema verbal: ama + do amado.
Tipologia verbal
Verbos regulares
Os verbos regulares mantêm o mesmo radical em todas as suas formas e os sufixos a
ele associados seguem o paradigma da respectiva conjugação. A maioria dos verbos da
primeira conjugação são regulares.
Verbos irregulares
Os verbos irregulares apresentam um conjunto de sufixos flexionais que não seguem o
exemplo da conjugação a que pertencem. Em alguns casos, a irregularidade destes verbos
pode afetar igualmente o radical. O verbo ser, por exemplo, apresenta mais do que um radical
na sua flexão: sou, és, fui, etc.
Verbos defetivos
Os verbos defectivos são aqueles que apenas ocorrem em certas combinações de
pessoa e de número e de tempo, modo e aspeto. A sua conjugação é, por isso, incompleta. Isto
pode acontecer por razões semânticas, como no caso dos verbos impessoais, que só ocorrem
na terceira pessoa (nevar, suceder, acontecer, …).
Também os verbos que designam vozes de animais (ladrar, miar, zurrar, …) são
considerados defectivos no seu uso normal embora possam ocorrer em qualquer pessoa num
contexto adequado.
Um verbo como falir só é usado por razões de eufonia, na primeira e na segunda
pessoas do plural do presente do indicativo (falimos, falis), e na segunda pessoa do plural do
imperativo (fali). Outros verbos defetivos do mesmo tipo são abolir, banir, colorir, demolir,
punir, etc.
3
Verbos impessoais
Os verbos impessoais apenas ocorrem na terceira pessoa do singular: é o caso de
haver na aceção de existir, do verbo fazer quando indica tempo decorrido, do verbo tratar
quando conjugado pronominalmente e dos verbos que indicam fenómenos meteorológicos –
nevar, chover, trovejar, anoitecer, amanhecer, etc. As frases com estes verbos não têm sujeito
expresso:
Há muitos problemas nesta cidade.
Faz cinco anos que ele emigrou.
Nevou ontem à noite.
Ontem choveu torrencialmente.
Trata-se de um projeto interessante.
Verbos unipessoais
Os verbos ditos unipessoais apenas flexionam na terceira pessoa do singular e do
plural. Esta restrição tem origem na semântica dos próprios verbos, que seleccionam sujeitos
não humanos. É o caso dos verbos que designam vozes ou comportamentos de animais:
Os cavalos relincharam.
O cão ladrou.
Os lobos uivaram toda a noite.
Os pássaros chilreavam alegremente.
O cavalo galopou velozmente.
Classes abertas de palavras
Verbos
Os verbos são os elementos centrais da estrutura das orações e constituem o núcleo
dos grupos verbais.
Do ponto de vista semântico, os verbos expressam acções, estados, qualidades,
processos ou eventos.
Numa língua como o português, que admite sujeitos nulos, o verbo pode ser a única
palavra a ocorrer numa oração: Cheguei!
Verbos principais
Os verbos principais seleccionam constituintes em posições que recebem uma função
sintática: sujeito, complemento direto, complemento indirecto, etc.
O Pedro cumprimentou a professora de Português.



Sujeito
Verbo
Complemento direto
A categoria e a interpretação desses constituintes é determinada pelo verbo principal.
Em função do número de complementos que seleccionam, da natureza categorial
desses complementos e da possibilidade de ocorrerem com um predicativo, os verbos
principais podem subclassificar-se em:
4





verbos transitivos;
verbos transitivos diretos;
verbos transitivos indirectos;
verbos transitivos diretos e indirectos;
verbos transitivos-predicativos.
Dependendo do contexto em que ocorre, o mesmo verbo pode pertencer a mais do
que uma subclasse.
A Maria aspirou a casa. (verbo transitivo direto)
Muitos aspiram à perfeição. (verbo transitivo indirecto)
O João fuma. (verbo intransitivo)
O João fuma cinco cigarros por dia. (verbo transitivo direto)
Verbos intransitivos
Os verbos intransitivos não seleccionam nenhum complemento:
O rapaz sorriu.
A Ana tropeçou.
O Marco adoeceu.
O grupo verbal em que estes verbos ocorrem pode ser constituído apenas pelo verbo,
como nos exemplos acima, ou pelo verbo e por um modificador:
O rapaz sorriu naturalmente.
A Ana tropeçou no degrau.
O Marco adoeceu ontem.
Alguns verbos intransitivos admitem, excepcionalmente, construções com predicativo
do sujeito (1 e 2) ou com um complemento (3).
(1) A Rita chegou esfomeada.
(2) O dia amanheceu nublado.
(3) Eles dormiram a sesta.
Verbos transitivos diretos
Os verbos transitivos diretos seleccionam um complemento com a função de
complemento direto:
A Maria comprou um livro.
O complemento seleccionado por estes verbos pode ser um grupo nominal ou uma
oração:
O Miguel adora motas.



GN
V
GN
5
O Diogo disse que ia ao cinema.



GN
V
O
Verbos transitivos indiretos
Os verbos transitivos indiretos seleccionam um complemento preposicionado, que
pode desempenhar a função de complemento indirecto ou de complemento oblíquo:
O Ricardo ligou à mãe.



Sujeito
V Complemento indireto
A Maria gosta de doces.



Sujeito
V Complemento oblíquo
Verbos transitivos diretos e indiretos
Os verbos transitivos diretos e indiretos seleccionam um complemento direto e um
complemento preposicionado, com a função de complemento indireto ou de complemento
oblíquo:
O João ofereceu uma rosa à Cristina.




Suj.
V C. direto c. indirecto
A Rita avisou o João de que não faria o jantar.




Suj.
V C. direto c. oblíquo
Verbos transitivos-predicativos2
Os verbos transitivos-predicativos seleccionam um complemento direto e um
predicativo do complemento direto, que pode aparecer sob a forma de grupo adjectival, grupo
nominal ou grupo preposicional:
O júri considerou a apresentação satisfatória.




Suj.
V
C. direto
predicativo do c. direto
Eles acharam as férias uma maravilha.




Suj.
V
C. direto
predicativo do c. direto
2
Exemplos de verbos transitivos-predicativos: considerar, achar, nomear, eleger, apelidar, denominar, proclamar,
declarar, reputar, sagrar, aceitar por, dar por, ter por, haver por, tomar por.
6
Corte o bolo em fatias.



V C. direto predicativo do c. direto
Verbos auxiliares
Os verbos auxiliares precedem os verbos principais numa mesma oração, mas, ao
contrário dos últimos, não seleccionam nem sujeito nem complementos. Os verbos auxiliares
mais frequentes são ser, ter e haver.
Ter e haver auxiliam a formação dos tempos compostos.
O João tinha/havia feito o jantar.
Todavia, neste contexto, o verbo haver é hoje pouco utilizado, reservando-se o seu uso
às situações em que ocorre como verbo principal, sinónimo de existir (conjugado unicamente
na terceira pessoa do singular.
O verbo ser é usado como auxiliar da passiva.
O jantar foi feito pelo João.
Regra geral, os verbos auxiliares não têm significado lexical, sendo apenas portadores
de informação gramatical (de tempo, modo e aspeto, e de pessoa e número). Por exemplo, o
verbo ter não conserva o seu sentido de posse na frase Tenho de ir ao correio hoje.
Além de ter, haver e ser, outros verbos auxiliares são: estar, andar, ir, ficar, vir, dever,
acabar, costumar, começar e continuar.
Os verbos auxiliares podem ter um valor aspectual quando se combinam com o
infinitivo ou o gerúndio de um verbo principal para indicar diferentes formas de perspectivar
uma situação:
 pontual: Começou a chover.
 progressiva: Ando a ler um romance.
 habitual: As gaivotas continuam a fazer o ninho junto do mar.
 perfectiva: Acabei de ler Os Maias.
Verbos auxiliares aspectuais: começar a, estar a, andar a, continuar a, deixar de, parar de,
acabar de, e similares.
Os verbos auxiliares podem ter um valor modal, pois, precedendo o verbo principal
no infinitivo, formam um complexo verbal para expressar modalidade – valores de desejo,
probabilidade, dever, possibilidade, necessidade, certeza, dúvida, etc:
 dever/obrigação: Os cidadãos têm de pagar os impostos.
 probabilidade: Ele já deve ter saído de casa.
 permissão: Podem sair.
Verbos copulativos
Os verbos copulativos ocorrem associados a um predicativo do sujeito:
A Ana é simpática.

 
7
Suj.
V
predicativo do sujeito
Estes verbos, apesar de serem sintaticamente proeminentes, não são o elemento
central da oração do ponto de vista semântico, veiculando sobretudo valores gramaticais –
tempo, modo, aspeto, pessoa e número. Nas construções em que os verbos copulativos
ocorrem, é o predicativo do sujeito que atribui propriedades ao sujeito da oração.
São copulativos verbos como ser, estar, ficar, parecer, permanecer ou continuar:
A Rita está cansada.
Eu fiquei desapontada.
O João parece triste.
Ela permanece doente.
A máquina continua avariada.
Aspeto verbal
Aspeto é a categoria gramatical que exprime a forma como a situação presente num
enunciado é perspectivada pelo locutor no que respeita ao seu desenvolvimento temporal.
Os valores aspectuais podem ser expressos lexicalmente, através da escolha dos itens
lexicais (sobretudo verbos, mas também perífrases verbais ou locuções adverbiais), ou
gramaticalmente, através dos tempos verbais, verbos auxiliares, quantificadores ou
modificadores.
O valor aspectual de um enunciado, por norma, não depende do seu valor temporal.
Observem-se os exemplos seguintes:
(1) O Rui conversou com a Sandra.
(2) O Rui estava a conversar com a Sandra quando lhe liguei.
(3) Dantes, o Rui conversava muito com a Sandra.
Todas as situações apresentadas acima podem ser localizadas temporalmente como
anteriores ao momento da enunciação. No entanto, apresentam diferentes valores aspectuais:
em (1), sabe-se que a conversa acabou (aspeto perfetivo); em (2), não é dada informação
sobre o momento em que a conversa terminou (aspeto imperfetivo); e, em (3), existe uma
situação que corresponde a um hábito (aspeto habitual).
Aspeto lexical
O aspeto lexical é um valor que resulta das propriedades (semânticas) inerentes aos
itens lexicais, tipicamente aos verbos. É este valor que permite distinguir situações estativas3
de situações dinâmicas:
A Ana conhece o João. (situação estativa)
A Ana cumprimentou o João. (situação dinâmica)
A distinção entre eventos pontuais e eventos durativos é também estabelecida com
recurso ao aspeto lexical. Por exemplo, verbos como nascer ou morrer indicam um estado de
3
Exemplos de verbos estativos (que exprimem estados): haver, existir, residir, morar, viver, ter, pertencer, saber,
conhecer, ver, gostar, amar, ser, estar, ficar, etc.
8
coisas pontual4 ou não durativo (por isso, pode dizer-se O João nasceu às três horas, mas não
O João nasceu durante três horas), enquanto verbos como viajar ou dormir têm um valor
durativo5:
O João nasceu às três horas. (valor pontual)
A Luísa dormiu durante quatro horas. (valor durativo)
Aspeto gramatical
9
O aspeto gramatical combina as informações dadas pelo aspeto lexical com as
fornecidas pelos diferentes tempos verbais, verbos auxiliares, quantificadores6 ou
modificadores.
O aspeto gramatical permite, assim, distinguir diferentes situações: perfetivas (ou
acabadas), imperfectivas (ou inacabadas), habituais, genéricas e iterativas.
Os valores aspectuais perfectivo e imperfectivo estão associados aos sufixos
flexionais. Os tempos verbais expressam esses valores através da oposição entre formas do
perfeito e do imperfeito.
 Quando um estado de coisas é apresentado como terminado, usam-se tempos
verbais perfectivos:
Eça de Queirós nasceu no séc. XIX.
As formas do pretérito perfeito e os tempos compostos têm, geralmente, um valor
perfectivo.

Quando um estado de coisas é apresentado como não acabado, usam-se
tempos verbais imperfectivos, como é o caso do pretérito imperfeito do
indicativo:
Dantes, passava as férias em casa da minha avó.
Um enunciado tem valor aspectual habitual quando descreve uma acção ou um estado
de coisas que decorre num período de tempo ilimitado. O presente e o pretérito imperfeito do
indicativo traduzem frequentemente este valor aspectual:
Saio do trabalho sempre às 18 horas.
Costumo ir àquele restaurante.
4
Exemplos de verbos que expressam eventos pontuais (ou não durativos): nascer, morrer, chegar, entrar, sair,
encontrar, ruir, estatelar-se, chocar, comprar, desmaiar, espirrar, cair, etc.; nomes que, pelo seu significado
intrínseco, exprimem valor aspectual pontual (ou não durativo): partida, chegada, nascimento, queda, desmaio, etc.
5
Exemplos de verbos que, pelo seu significado intrínseco, exprimem valor aspectual durativo: conversar, jogar,
correr, estudar, discursar; nomes que, pelo seu significado intrínseco, exprimem valor aspectual durativo: sesta,
almoço, viagem, corrida, conversa.
6
Palavras que especificam ou quantificam um conjunto. Podem remeter para a totalidade dos elementos de um
conjunto (quantificadores universais) ou expressar a quantidade de forma não precisa (quantificadores existenciais)
ou de forma exacta (quantificadores numerais).
Exemplos:
Todos, qualquer, nenhum, ambos, cada, tudo (universais); algum, muito, pouco, bastante, tanto, vários
(existenciais); dois, mil (numerais cardinais); dois quintos, um décimo, doze avos (numerais fracionários); dobro,
triplo (numerais multiplicativos).
Considera-se ainda a existência de quantificadores interrogativos (quanto, quantas) e quantificadores relativos
(quanto – Fiz tudo quanto podia para o ajudar.)
O aspeto genérico encontra-se em enunciados que referem uma pluralidade de
situações consideradas atemporais e verdadeiras em qualquer situação discursiva. Nestes
enunciados, o verbo ocorre geralmente no presente do indicativo ou no infinitivo impessoal:
Os cavalos têm crina.
A Terra gira à volta do Sol.
Ser descontente é ser homem.
10
Diz-se que um enunciado tem um valor aspectual iterativo quando uma acção ou um
estado de coisas se repete com frequência. O pretérito perfeito composto exprime, regra
geral, o valor iterativo:
A Maria tem ido à praia.
A Maria vai à praia todos os fins de semana.
Modalidade7
Ao falar, o locutor evidencia a sua atitude perante a realidade que descreve: um dado
estado de coisas pode ser apresentado como certo, possível, obrigatório, desejável, incerto,
etc. A modalidade é a categoria linguística que veicula essa informação.
A modalidade pode ser expressa por advérbios (provavelmente, talvez, possivelmente,
necessariamente, …), adjectivos (possível, provável, capaz, …) ou auxiliares modais (dever,
poder, ter de, saber, crer, permitir, obrigar, precisar de, necessitar de…), por meio da entoação
ou pelo modo verbal.
 O indicativo expressa a convicção no carácter factual da descrição:
Lisboa é a capital de Portugal.

O conjuntivo indica que o estado de coisas é considerado como possível,
desejável ou incerto:
Talvez leia este livro.

O imperativo expressa um estado de coisas concebido como resultado de uma
ordem:
Vai-te embora!

O condicional expressa uma probabilidade que é afirmada sob uma condição:
Se não te tivesses atrasado, já estaríamos a jantar.
Existem diferentes tipos de modalidade:
7
Ver, a propósito de aspecto verbal e de modalidade, Plural 11º, pp. 306-307 e Caderno de Actividades, fichas 12 e
13.

Modalidade epistémica8 – está relacionada com o domínio da (in)certeza, da
probabilidade ou da possibilidade/dúvida; o falante expressa a sua atitude
sobre a verdade ou falsidade do conteúdo proposicional do seu enunciado:
O José leu o romance.
Talvez o José tenha lido o romance.
O José pode não ter lido o romance.
O José deve ter lido o romance.
O João é capaz de se atrasar.

Modalidade deôntica9 – está relacionada com o domínio da
obrigação/proibição e da permissão; o enunciador procura agir sobre o seu
interlocutor, impondo, proibindo ou autorizando, a situação referida no seu
enunciado:
Tens de ir ao médico.
É proibido fumar.
Nas férias, podes acampar com os teus amigos.
José, pode sair.

Modalidade apreciativa – está relacionada com a expressão de uma opinião
(positiva ou negativa) em relação ao conteúdo de um enunciado:
Ainda bem que amanhã é sábado.
Que belo romance!
Lamento que tivessem assaltado o teu carro.
Discordo desse projecto.
Exercícios
1. Identifica o valor aspectual das situações apresentadas.
a) Ele acabou de redigir a ata da reunião.
b) A Tânia anda a ler muita banda desenhada.
c) Vou ao cinema todos os sábados.
d) Nem todas as bandas de rock são famosas.
e) Ela andava tão feliz.
f) O Rafael gritou quando ouviu um estrondo.
g) O exercício faz bem à saúde.
h) Chegas sistematicamente atrasado!
2. Refere o tipo de modalidade expresso em cada um dos enunciados que se
seguem.
a) Provavelmente o João não chega a horas.
8
9
Epistémico = relativo ao conhecimento e à crença.
Deontologia, termo relacionado com a noção de dever.
11
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
i)
j)
k)
l)
Que vestido maravilhoso!
Termina essa tarefa!
Podes terminar o trabalho na próxima aula.
Podes ter escrito isso, mas eu não vi a tua mensagem.
Eles devem chegar amanhã.
Felizmente tenho férias para a semana.
Podes ir para o teu quarto.
Amanhã tenho mesmo de ir às aulas.
Ainda se ele fosse capaz de andar sozinho…
Se o deixasse sozinho era logo atropelado.
Ser velho é muito complicado.
12
2.1. Identifica o valor associado a cada uma das frases anteriores.
3. Algumas destas afirmações sobre a modalidade são falsas. Identifica-as e procede
à sua correcção.
A- A modalidade deôntica está relacionada com o domínio da obrigação e da
permissão.
B- A modalidade apreciativa está directamente ligada à incerteza.
C- A modalidade nunca pode estar associada ao uso de adjectivos.
4. Completa o quadro.
Verbo no
Pessoa
infinitivo
andar
desenhar
3ª
viver
partir
pôr
fazer
ferir
Número
plural
Tempo
Modo
condicional
simples
condicional
viverão
2ª
1ª
singular
singular
presente
pretéritomais-queperfeito
indicativo
indicativo
tivesse feito
2ª
singular
pretérito
perfeito
conjuntivo
comer
teria
comido
teremos
acabado
acabar
dar
Forma
verbal
andei
3ª
plural
pretérito
imperfeito
conjuntivo
5. Completa o crucigrama seguindo as indicações abaixo.
13
6. Em cada uma das seguintes alíneas encontra-se uma frase incompleta. Escolhe a opção
que a completa correctamente.
a) Na frase “Ele sabia que eu já tinha ido a Moscovo.”, a forma verbal destacada
encontra-se no:
1. presente do conjuntivo.
2. pretérito perfeito do conjuntivo.
3. pretérito perfeito composto do indicativo.
4. pretérito-mais-que-perfeito composto do indicativo.
b) Na frase “Eu já terei embarcado quando o avião descolar.”, a forma verbal destacada
encontra-se no
1. futuro composto do conjuntivo.
2. futuro perfeito composto do indicativo.
3. pretérito perfeito do conjuntivo.
4. condicional composto.
c) Na frase “Eu lavo os dentes todas as manhãs.”, o valor aspectual do verbo é
1. genérico.
2. durativo.
3. perfectivo.
4. habitual.
d) Na frase “A mãe da Ana lá disse que a filha podia ir à festa.”, a perífrase (ou complexo)
verbal tem um valor modal de
1. possibilidade.
2. permissão.
3. probabilidade.
4. certeza.
e) A perífrase (ou complexo) verbal da frase “Tu ainda podes passar de ano.” tem um
valor modal de
1. possibilidade.
2. obrigação.
3. permissão.
4. dúvida.
7. Analisa as formas verbais destacadas e preenche o quadro.
Tempo
Valor aspetual
a.
b.
c.
d.
e.
O chá faz bem à saúde.
Eu tenho sonhado contigo.
Compraste pouca fruta.
Ela estuda Medicina.
Dos fracos não reza a
história.
8. Com as palavras comer, maçã e Miguel, constrói três enunciados com os valores modais a
seguir indicados:
a) Valor de obrigação _______________________________________________________
b) Valor de permissão ______________________________________________________
c) Valor de probabilidade ___________________________________________________
9. Associa cada um dos enunciados da primeira coluna com o respectivo valor modal:
a. Pode levar-se o cavalo até à água, mas não
se pode obrigá-lo a bebê-la.
1. Apreciação
b. É bom ser o que se quer parecer.
2. Possibilidade/impossibilidade.
c. Tem que se viver com o que se tem.
3. Proibição
d. Não podes circular em contramão.
4. Permissão
e. Em rio quedo não metas o dedo.
5. Imposição/obrigação
f. Não é boa a fala que ninguém compreende.
g. Podes convidar os teus amigos.
14
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