A EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA DA FACULDADE DE FILOSOFIA

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A EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA DA FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E
LETRAS DE NATAL (RIO GRANDE DO NORTE, 1957-1967)
Isaac Terciano Mendonça Ferreira
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Programa de Pós-Graduação em Educação
Introdução
A Reforma do Ensino Superior (Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931) contendo
o Estatuto das Universidades Brasileiras demandou a formulação, a congregação das
instituições universitárias (a exemplo da Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Escola
de Engenharia e Faculdade de Educação, Ciências e Letras) e suas atividades interrelacionadas de ensino, pesquisa e extensão. No Rio Grande do Norte, a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Natal criada em 12 de março de 1955 e mantida pela
Associação dos Professores do Rio Grande do Norte (fundada a 4 de dezembro de 1920), foi
autorizada a funcionar pelo Decreto Federal de nº 40.573, de 18 de dezembro de 1956,
sancionado pelo Presidente Juscelino Kubitscheck. O trabalho, com apoio de fontes
documentais (relatórios apresentados pelos diretores dessa Instituição Universitária e matérias
de jornais), do período de 1957 a 1967, objetiva refletir sobre a formação universitária dos
graduandos dos cursos de Letras Neolatinas, História, Geografia, Pedagogia e Didática
desenvolvida pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal. O referencial teóricometodológico é o da história das instituições de Magalhães (2004), de conformidade com o
conceito de educação-instituição, que permite interrogar acerca das dinâmicas de
normatização e de formação em quadros de permanências e mudanças.
Palavras-chave: Formação Universitária. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal.
Rio Grande do Norte.
A criação de instituições universitárias
A partir dos anos de 1930, intelectuais (escritores, jornalistas, professores) e políticos
tomaram iniciativas para a criação no Brasil das primeiras instituições universitárias.
Constata-se que Getúlio Dornelles Vargas, ao tomar posse na chefia do Governo Provisório
em novembro desse mesmo ano, imediatamente criou o Ministério da Educação e Saúde
Pública (MES), por prescrição do Decreto nº 19.402, de 14 de novembro de 1930.
Para gerir esse ministério, Getúlio Vargas, como assim ficou conhecido, prontamente
indicou o professor mineiro Francisco Luís da Silva Campos que dirigiu o MES, de 14
novembro de 1930 a 15 de setembro de 1932.
A Exposição de Motivos do Ministro Francisco Campos acerca do projeto de
institucionalização do regime de universidade no Brasil traduz, substantivamente, a larga e
profunda meditação das elites intelectuais organizadas na Associação Brasileira de Educação
(fundada a 16 de outubro de 1924).
O projeto em que se consubstancia foi objeto de larga meditação, de demorado
exame e de amplos e vivos debates, em que foram ouvidas e consultadas todas as autoridades
em matérias de ensino, individuais e coletivas, assim como auscultadas todas correntes e
expressões de pensamento, desde as mais radicais às mais conservadoras. (EXPOSIÇÃO DE
MOTIVOS APRESENTADA AO CHEFE DO GOVERNO PROVISÓRIO....,1931, p. 3).
Salientando o debate efetivado pelas elites intelectuais, a Exposição de Motivos do
Ministro Francisco Luís da Silva Campos assegurou a Governo Provisório de Getúlio Vargas,
a promulgar a Reforma do Ensino Superior (Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931),
contendo o Estatuto das Universidades Brasileiras, com os preceitos orientadores da
institucionalização
do
regime
universitário.
O
Regime
universitário
demandava,
precipuamente, a formulação de instituições universitárias com atividades inter-relacionadas
de ensino, pesquisa e extensão com fins últimos,
[...] elevar o nível da cultura geral, estimular a investigação científica em
quaisquer domínios dos conhecimentos humanos. [...] Ministrar ensino
eficiente dos conhecimentos humanos adquiridos e de estimular o espírito da
investigação original, por meio de cursos e conferências de caráter
educacional ou utilitário. (DECRETO Nº 19.851, DE 11 DE ABRIL DE
1931, p. 3).
Com a Reforma do Ensino Superior e o Estatuto das Universidades com seus fins
inter-relacionados de ensino, de pesquisa e de extensão universitária com suas
interdependências com a sociedade que integraria se estruturariam as universidades
brasileiras. Por intercessão deste Estatuto, constituíram-se as normas para a organização das
universidades em todo território nacional, a fim de que atendessem, principalmente, aos
critérios dos reclamos e necessidades do País, sejam elas científicas, econômicas, sociais.
Mas, para se constituir uma universidade, seriam necessárias que formulassem e
congregassem pelo menos três das seguintes instituições universitárias: Faculdade de Direito,
Faculdade de Medicina, Escola de Engenharia e Faculdade de Educação, Ciências e Letras,
com suas atividades inter-relacionadas de ensino, pesquisa e extensão. Os cursos ministrados
pelas referidas instituições universitárias destinavam-se, sobretudo, “[...] a difusão de
conhecimentos úteis à vida individual ou coletiva, à solução de problemas sociais ou à
propagação de idéias e princípios que salvaguardem os altos interesses nacionais.” (DECRETO
Nº 19.851 DE 11 DE ABRIL DE 1931, 1931, p. 8).
Na medida em que foram sendo implantadas as instituições universitárias o que
prevaleceu não foi a forma da Faculdade de Educação, Ciências e Letras, mas a de Faculdade
[Nacional] de Filosofia, Ciências e Letras (Lei nº 452, de 5 de julho de 1937).
Porém, o Decreto-Lei n° 1.190 de 4 de abril de 1939 alterava a forma da Faculdade
[Nacional] de Filosofia, Ciências e Letras, para Faculdade Nacional de Filosofia,
compreendendo quatro cursos seriados de três anos: Filosofia, Ciências, Letras, Pedagogia, e
um curso especial de Didática, com duração de um ano. A institucionalização das faculdades
de filosofia, enquanto instituição voltada para o preparo de professores surgiu junto com as
licenciaturas instituídas ao ser organizada a Faculdade Nacional de Filosofia (Decreto-Lei de
nº 1.190 de 1939), da Universidade do Brasil, que instituiu a padronização por todo o Brasil.
Essa faculdade visava
[...] preparar trabalhadores intelectuais para o exercício das altas atividades
de ordem desinteressada ou técnica; preparar candidatos ao magistério do
ensino secundário e normal [e] [...] realizar pesquisas nos vários domínios da
cultura, que constituem objeto de ensino. (DECRETO-LEI Nº 1.190, DE 4
DE ABRIL DE 1939, p. 1).
No Rio Grande do Norte, a institucionalização de uma faculdade de filosofia se deu
quando um grupo de intelectuais, das mais variadas especialidades, se reuniram na
Associação dos Professores do Rio Grande do Norte (APRN) e criaram, em 12 de março de
1955, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal. Esta se deu pela necessidade de
formação de docentes para preencher os quadros do magistério no Estado, numa perspectiva
de elevação da qualidade do ensino potiguar.
Dentre os seus fundadores estão os professores – Edgar Ferreira Barbosa (primeiro
diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal), Luís da Câmara Cascudo (vicediretor), Honório da Costa Farias (secretário), Luiz Gonçalves Pinheiro (tesoureiro), Maria
Fernandes da Mota e Silva (bibliotecária), Joaquim Ferreira Coutinho (Presidente da APRN),
dentre outros.
De março de 1954 a março de 1955 professores, intelectuais e todos aqueles
preocupados com a expansão do ensino superior no Estado do Rio Grande do Norte não
mediram esforços no sentido de intervir junto ao Governo Estadual e Federal para que a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal fosse autorizada a funcionar. Em 18 de
dezembro de 1956, o Presidente, Juscelino Kubitschek autorizou o funcionamento dessa
instituição universitária, através do Decreto Federal de nº 40.573, com este teor:
É concedida autorização para o funcionamento dos cursos de geografia e
história e letras neolatinas da Faculdade de Filosofia de Natal, mantida pela
Associação de Professores do Estado do Rio Grande do Norte e com sede em
Natal, Capital do Rio Grande do Norte. (DECRETO FEDERAL DE Nº
40.573, 1956, p. 1).
Por assim ser, no dia 27 de dezembro de 1956, a Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Natal foi solenemente instalada, às quinze horas, no salão nobre da Congregação de
Professores dessa Faculdade, localizada no antigo Grupo Escolar Antônio de Souza, da
Associação dos Professores do Rio Grande do Norte, perante a egrégia Congregação de
Professores, autoridades e figuras de destaque na vida educacional do Rio Grande do Norte. A
sessão foi, por sua vez, presidida pelo Dr. Lélio Augusto Soares da Câmara, Secretário de
Estado do Interior e Justiça, representando o Governador do Estado, Sr. Dinarte Mariz.
Coube ao então diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, o Prof.
Edgar Ferreira Barbosa (1957-1963) proferir um discurso referente a esse ato. Através sua
preleção salientou a grande significação desta solenidade para a vida cultural do Estado,
finalizando assim, o seu pronunciamento fazendo a apresentação dos senhores professores
dessa instituição de Ensino Superior, proclamando que na tarefa desses intelectuais depositava
a confiança na vitória dessa instituição nos próximos anos.
Assim, em 7 de março de 1957, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal,
iniciou suas atividades, oferecendo inicialmente os cursos universitários de Letras Neolatinas,
de História e de Geografia. No ano de 1959, foi autorizado a funcionar os cursos de
Pedagogia e Didática, reconhecidos pelo Decreto-Lei n° 45.116, de 26 de dezembro de 1959.
Assim sendo, pelas fontes analisadas, do período de 1957 a 1967, a formação
universitária dos discentes dos cursos de Letras Neolatinas, de História, de Geografia, de
Pedagogia e de Didática compreendia atividades de ensino, pesquisa e extensão.
De uma maneira geral, nas atividades de ensino, os universitários cumpriram um
programa de estudos disciplinares, práticas de ensino e estágios.
Nas atividades de extensão, oferecidas pelos próprios professores e convidados
ilustres do meio cultural Norte-Rio-Grandense os discentes participavam, sobretudo, de
cursos.
Nas atividades de pesquisa, alguns alunos daqueles cursos escreviam trabalhos para
eventos científicos, a exemplo de congressos, visitavam açudes, observavam e estudavam
aspectos do meio ambiente, como os aspectos hídricos e agrícolas de uma determinada região,
dentre muitas outras.
No curso de Letras Neolatinas (autorizado e reconhecido pelo Decreto Federal de nº
40.573, de 18 de dezembro de 1956 e Decreto Federal nº 46.868, de 16 de setembro de 1959),
as atividades de ensino circunscreviam a um programa de estudos disciplinares com duração
de três anos de Língua e Literatura Latina, Língua e Literatura Francesa, Língua e Literatura
Italiana, Língua e Literatura Espanhola (1ª série); Língua Portuguesa, Língua e Literatura
Latina, Língua e Literatura Francesa, Língua e Literatura Italiana, Língua e Literatura
Espanhola (2ª série); Língua Portuguesa, Filologia Românica, Língua e Literatura Francesa,
Língua e Literatura Italiana, Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa e Literatura HispanoAmericana (3ª série).
Nesse curso, as atividades de extensão oferecidas pelos próprios professores e
convidados ilustres do meio cultural Norte-Rio-Grandense revertiam para cursos, com
duração de um e dois meses de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Literatura Francesa
(ministrado pelo professor Alexandre Roche), Língua e Literatura Espanhola (regido pela
professora Maria Núbia da Câmara Borges), Literatura Portuguesa, Francesa e Inglesa (com a
colaboração do Secretário de Educação e Cultura do Estado, professor Grimaldi Ribeiro),
Literatura Brasileira, Espanhola e Norte-Rio-Grandense, assim como para Ciclos de Estudos
Universitários, com as palestras Mario de Andrade e o Rio Grande do Norte (proferida pelo
professor Luís Maranhão) e Camões e Humanismo no Século XVI (ministrada pelo professor
Edgar Barbosa).
As atividades de pesquisa, por sua vez, levavam aos discentes a escreverem ensaios
sobre a Literatura Geral para apresentarem em Conferências e Simpósios locais.
No ensino do curso de História (Decreto Federal de nº 40.573, de 18 de dezembro de
1956 e Decreto Federal nº 46.868, de 16 de setembro de 1959), as atividades de ensino
estruturaram-se a um programa de estudos disciplinares com duração de três anos de História
da Antiguidade e História da Idade Média (1ª série); História do Brasil e História Moderna (2ª
série); História do Brasil, História Contemporânea e História da América (3ª série).
Nesse curso, as atividades de extensão, planejadas pelos professores do curso
compreenderam cursos, que tinha duração média de um mês e semanas de estudo, com
duração de uma semana, tais como, Curso de Folclore Brasileiro (ministrado pelo professor
Luís da Câmara Cascudo) e Semana de Estudos Sociais, na qual debateram acerca da
Colonização Espanhola (sob a colaboração do professor Moacir de Góes).
As atividades de pesquisa tinham como ponto de partida a visita dos estudantes ao
açude General Dutra, do Município de Acarí (RN) para conhecer e estudar os aspectos
hídricos e/ou históricos.
No Curso de Geografia (Decreto Federal de nº 40.573, de 18 de dezembro de 1956 e
Decreto federal nº 46.868, de 16 de setembro de 1959), as atividades de ensino atinham-se a
um programa de estudos disciplinares, com duração de três anos de Antropologia, Geografia
Humana e Geografia Física (1ª série); Geografia Humana, Geografia Física e Etnografia Geral
(2ª série); Geografia do Brasil e Etnografia do Brasil (3ª série).
Nesse curso, as atividades de extensão também planejadas pelos professores
destinavam a participação dos alunos em Curso Intensivo de Biblioteconomia (confiado a
Bibliotecária Zila Mamede); Ciclo de Estudos Universitários, com a palestra Magia nas
atividades econômicas do Nordeste, (com o professor Hélio Galvão) e Exposição sobre
problemas e necessidades da vida econômica Norte Rio-Grandense (realizada pelo
Governador Dinarte Mariz).
As atividades de pesquisa costumavam levar os universitários a estudar sobre os Rios
de Açúcar do Nordeste Oriental (em companhia do professor Gilberto Osorio de Andrade, da
Universidade do Recife e do professor Mario Lacerda de Melo) para analisar os aspectos
hídricos daqueles rios; observar, no Núcleo Colonial Agrícola do Vale do Pium (orientado
pelo Professor Otto de Brito Guerra), os aspectos geográficos do meio ambiente; visitar a
Região de Lavoura Algodoeira de São Miguel, no Município de Angicos para averiguar os
aspectos agrícolas e participar de Assembléias de Caráter Nacional, dentre elas a XV
Assembléia Geral da Associação de Geógrafos Brasileiros, realizada no Município de
Mossoró (RN), na qual foram apresentados trabalhos de pesquisa acerca da cidade de
Mossoró, do Brejo do Apodi, da Várzea do Assu e da Área de Salinas de Areia Branca e
Macau.
No curso de Pedagogia (Decreto-Lei nº 45.116, de 26 de dezembro de 1959), as
atividades de ensino constituíram-se a um programa de estudos disciplinares, que passou a ter
uma duração de quatro anos de Psicologia Geral, Sociologia Geral, Sociologia da Educação,
História da Educação Oriental e Grega, Biologia Geral, Matemática e Estatística (1ª série);
Psicologia Evolutiva, História da Educação Romana e Medieval, Biologia Aplicada a
Educação e Matemática (2ª série); Psicologia Diferencial e da Personalidade, Educação
Comparada, Didática Geral, Filosofia da Educação e Administração Escolar (3ª série);
Psicologia da Aprendizagem, Teorias Pedagógicas Contemporâneas, Didática Especial de
Pedagogia, Administração Escolar e Técnicas Áudio-Visuais de Educação (4ª série).
Nesse curso, as atividades de extensão orientavam os alunos a participar de cursos,
ministrados pelos professores e docentes convidados de longa experiência no magistério,
entre eles o de Noções de Psicologia, Neuro-Fisiologia e Testes de Personalidade.
As atividades de pesquisa dirigiam os estudantes a desenvolver estudos sobre os
problemas fundamentais do ensino e suas soluções.
No curso de Didática (Decreto-Lei nº 45.116, de 26 de dezembro de 1959) as
atividades de ensino centraram-se a um programa de estudos disciplinares de Didática Geral,
Psicologia Educacional, Fundamentos Biológicos da Educação, Fundamentos Sociológicos da
Educação, Administração Escolar, Didática Especial de História, Didática Especial de
Geografia, Didática Especial de Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa, Didática
Especial de Francês e Didática Especial de Letras.
Nesse curso, as atividades de extensão, guiariam os universitários à participar de
Curso de Estudos Sociais e Ciclo de estudos Universitários, ministrados pelos professores da
faculdade e diversas personalidades das letras, da educação, do ensino, da política e da
sociedade que pronunciaram assuntos da atualidade brasileira.
As atividades de pesquisa estimulavam os discentes a fazer estudos para adquirir
novos conhecimentos em sua área específica, entre estes, o da capacidade de planejar aulas.
Ainda, as atividades de pesquisa orientavam os discentes, de um modo geral à
participarem de Congressos e Semanas de Estudo (locais, regionais e nacionais) com
apresentação de trabalhos, dentre eles, os de títulos “O papel das Faculdades de Filosofia na
Sociedade”, exposto no Congresso Nacional de Estudantes de Filosofia em Curitiba (que
mereceu uma menção honrosa) e “Influência das Faculdades de Filosofia na Sociedade”,
apresentado na I Semana Nacional de Estudantes de Filosofia em Curitiba (que obteve
menção honrosa e recomendação para ser publicada nos Anais da referida semana), além de
viajar à Amazônia visando efetivar estudos e pesquisas sobre as culturas nativas.
Práticas de ensino dos estudantes universitários dos cursos de Letras Neolatinas,
História, Geografia, Pedagogia e Didática
Em geral, as práticas de ensino que levavam os universitários dos cursos de Letras
Neolatinas, História, Geografia, Pedagogia e Didática a ministrarem aulas eram desenvolvidas
nas instituições educativas norte-rio-grandenses, da rede municipal e estadual de ensino. A
prática de ensino em uma sala de aula era, portanto, uma das exigências que os concluintes da
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Natal deveriam cumprir para concluir seus
devidos cursos universitários.
Trabalhos de estágios dos concluintes de Letras Neolatinas, História, Geografia,
Pedagogia e Didática
Já os trabalhos de estágios dos concluintes desses cursos, de uma maneira geral eram
desenvolvidos, no Centro de Psicologia Aplicada (CEPA, instalado em 1965), no Centro
Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC, instalado em 1966) e no
Colégio de Aplicação. Os professores de Didática da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Natal almejavam que o Colégio de Aplicação, unidade de ensino médio e campo
ideal para estágio de licenciandos que atuariam como professores da rede pública ou privada
do ensino médio fossem mais que um campo de estágio “[...] constituindo-se uma área de
experiência, na qual novas técnicas fossem ensaiadas e realidades didáticas diagnosticadas
através da pesquisa.” (PINHEIRO; PEREIRA, 1972, p. 12).
Criava-se, portanto, na rede pública de ensino uma unidade privilegiada, uma vez
que os alunos assistiam a aulas modelos, participavam de experiências pedagógicas altamente
rentáveis e realizavam trabalhos norteados pelas técnicas didáticas mais avançadas.
Ao mesmo tempo, a ideia de levar o licenciando a realizar estágio nas Escolas da
Comunidade começavam a ganhar adeptos. Nesse sentido, o estagiário “[...] tomaria
consciência da realidade à qual se destinava e que os colégios seriam enriquecidos com a
contribuição de aulas supervisionadas.” (PINHEIRO, PEREIRA, 1972, p. 14). Ao realizar o
estágio dos graduandos nas Escolas da Comunidade solucionaria o problema de campo de
estágio e faria da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal um organismo catalisador
de renovação pedagógica.
Assim sendo, a direção dessa instituição universitária decidiu aproveitar a título de
experiência três escolas estaduais para o campo de estágio das licenciaturas. Para esse
alcance, solicitou à Secretaria de Estado da Educação e Cultura, permissão para utilizá-las
como área de estágio. Dado a autorização da referida secretaria optou-se pelo Colégio
Estadual do Atheneu, Ginásio Padre Monte e Instituto Presidente Kennedy.
Considerações finais
Nesse período de dez anos (1957-1967), as atividades normatizadas de ensino,
pesquisa e extensão da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal consagravam o
entendimento
de
educação-instituição
como
socializadora
de
conhecimentos
interdependentes, formadora e integradora das novas gerações nos diversos grupos e
agrupamentos humanos, observando as suas permanências e mudanças socioculturais.
Referências
BRASIL. Decreto nº 19.402, de 14 de novembro de 1930. Cria uma Secretaria de Estado
com a denominação de Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/d19402.pdf. Acesso em: 25 de mar. 2012.
_______.Decreto nº 19. 851, de 11 de abril de 1931. Dispõe que, o ensino superior no Brasil
obedecerá, de preferência, ao sistema universitário, podendo ainda ser ministrado em
institutos isolados. Disponível em: www. senado. gov.br. Acesso em: 26 de mar. 2012.
________. Lei nº 452, de 5 de julho de 1937. Organiza a Universidade do Brasil. Disponível
em: <http//www.senado.gov.br>. Acesso em: 27 mar. 2012.
________. Decreto-Lei nº 1.190, de 4 de abril de 1939. Dá organização à Faculdade
Nacional de Filosofia. Disponível em: <http//www.senado.gov.br>. Acesso em: 28 mar. 2012.
________. Decreto nº 40. 573, de 18 de dezembro de 1956. Concede autorização para o
funcionamento dos cursos de geografia e história e letras-neolatinas da Faculdade de Filosofia
de Natal. Disponível em: www.camara.gov.br/legin/fed/decret/1950-1959/decret-40573-18dezembro-1956.330312-publicacaooriginal-1-pe-html. Acesso em: 13 ago. 2012.
________. Decreto n° 46.868, de 16 de setembro de 1959. Concede reconhecimento aos
cursos de Letras Neolatinas e de Geografia e de Historia da Faculdade de Filosofia de Natal.
Disponível em: www6.senado.gov.br/legislação/ListaPublicaçoes. Action?id=177598. Acesso
em: 25 ago. 2012.
________. Decreto-Lei nº 45.116, de 26 de dezembro de 1959. Concede autorização para os
cursos de Pedagogia e Didática da Faculdade de Filosofia de Natal. Disponível em:
www.senado.gov.br. Acesso em: 10 de jul. 2012.
________. Exposição de Motivos apresentado ao Chefe do Governo Provisório, encaminhado
o projeto de reforma do ensino superior. In: FÁVERO, Maria de Lourdes Albuquerque. Da
Universidade do Brasil à UFRJ: um itinerário marcado de lutas. In: SOUSA, Cynthia Pereira
de; CATANI, Denice Barbara (Org.). Práticas educativas, culturas escolares, profissão
docente. São Paulo: Escrituras, 1998. p. 3.
CONCLUINTES DA FACULDADE DE FILOSOFIA SEGUEM EM EXCURSÃO À
AMAZÔNIA DIA 23. Jornal A República, Natal, 16 de jan. 1960, n. 428 p. 6.
FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO. FACULDADE DE FILOSOFIA. Curso de Pedagogia:
programa. Natal: Gráfica Maninbú, 1966.
MAGALHÃES, Justino. Tecendo nexos: história das instituições educativas. Bragança
Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2004.
PINHEIRO, Maria Isaura de Medeiros; PEREIRA, Maria Selma da Câmara Lima. Estágio
supervisionado nas escolas da comunidade. Natal: EDUFRN, 1972.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GANDE DO NORTE. Relatório do 1º período do
ano letivo de 1957, apresentado à Diretoria do Ensino Superior pelo Inspetor Federal,
pelo Prof. Dr. Antônio Bezerra Cabral. Natal: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Natal, 1957. (Datilografado).
________. Relatório do 2º período do ano letivo de 1957, apresentado à Diretoria do
Ensino Superior pelo Inspetor Federal, Prof. Dr. Antônio Bezerra Cabral. Natal:
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1957. (Datilografado).
________. Pedido de reconhecimento do Estabelecimento, pelo Diretor da Faculdade de
Filosofia de Natal Edgar Barbosa ao Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação e
Cultura. Natal: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1958.
________. Relatório referente ao 1º período do ano letivo de 1959, apresentado ao
Magnífico Reitor Dr. Onofre Lopes, pelo Diretor da Faculdade, prof. Edgar Barbosa.
Natal: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1959. (Datilografado).
_________. Relatório referente ao 2º período do ano letivo de 1959, apresentado ao
Magnífico Reitor Dr. Onofre Lopes, pelo Diretor da Faculdade, prof. Edgar Barbosa.
Natal: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1960. (Datilografado).
_________. Processo para autorização de funcionamento dos cursos de Pedagogia e
Didática, apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Jurandyr Lodi, D. D. Diretor do Ensino
Superior pelo Diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, prof. Edgar
Barbosa. Natal: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1959. (Datilografado).
________. Relatório referente ao 1º período do ano letivo de 1960, apresentado ao
magnífico Reitor Dr. Onofre Lopes, pelo Diretor da Faculdade, prof. Edgar Barbosa.
Natal: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1960. (Datilografado).
________. Relatório referente ao 2º período do ano letivo de 1960, apresentado ao
Magnífico Reitor Dr. Onofre Lopes, pelo Diretor da Faculdade, prof. Edgar Barbosa.
Natal: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1961. (Datilografado).
________.
Relatório apresentado pelo prof. Dr. Quinho Chaves Filho, Diretor da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, referente ao biênio 1966-1967. Natal:
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Natal, 1967-1967. (Datilografado).
________. Relatório das atividades do exercício de 1967, apresentado à Assembléia
Universitária no dia 6 de março de 1968 pelo Reitor Onofre Lopes da Silva. Imprensa
Universitária, natal, 1968.
________. Relatório apresentado pelo professor Dr. Quinho Chaves Filho, por ocasião
da transmissão do Cargo de Diretor da Faculdade de Educação, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, ao seu substituto legal, no dia 28 de agosto de 1967.
Natal: Faculdade de Educação, 1972. (Datilografado).
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