1 Universidade Federal do Espírito Santo Núcleo de Doenças Infecciosas Mestrado em Doenças Infecciosas Ronaldo Bragança Martíns Júnior DETECÇÃO DE VÍRUS RESPIRATÓRIOS POR PCR EM TEMPO REAL EM INFECÇÃO AGUDA DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR, VITÓRIA-ES Vitória - Espírito Santo 2012 2 Ronaldo Bragança Martíns Júnior DETECÇÃO DE VÍRUS RESPIRATÓRIOS POR PCR EM TEMPO REAL EM INFECÇÃO AGUDA DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR, VITÓRIA-ES Dissertação apresentada ao Programa Pós Graduação em Doenças Infecciosas do Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências - Patologia Geral das Doenças Infecciosas. Orientadora: Profa Dra Liliana Cruz Spano Co-Orientadora: Profª Drª Rita Elizabeth Checon da Silva Vitória – Espírito Santo 2012 3 “Porque o Senhor é sol e escudo, Deus concede graça e glória; O senhor não recusa nenhum bem aos que desde cedo caminham na integridade” Sl. 84,11. 4 Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) Martíns Júnior, Ronaldo Bragança, 1983M386d Detecção por PCR em tempo real de vírus respiratórios em infecção respiratória aguda do trato superior, Vitória-ES / Ronaldo Bragança Martíns Júnior. – 2012. 124 f. : il. Orientador: Liliana Cruz Spano. Coorientador: Rita Elizabeth Checon da Silva. Dissertação (Mestrado em Doenças Infecciosas) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências da Saúde. 1. Infecções respiratórias. 2. Vírus. 3. Reação em cadeia de polimerase. 4. Multiplex. 5. Influenza. I. Spano, Liliana Cruz. II. Silva, Rita Elizabeth Checon. III. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências da Saúde. IV. Título. CDU: 61 5 6 AGRADECIMENTOS Às minhas Orientadoras, Profª. Drª. Rita Checon e Profª. Drª. Liliana Cruz Spano, pela dedicação e confiança depositadas em mim, e por todos os ensinamentos e pela paciência que tornaram possível a realização desse trabalho no Núcleo de Doenças Infecciosas. À Drª. Marilda M. Siquieira, que gentilmente nos forneceu todas as condições para realização deste trabalho. Ao Daniel Cohen Goldemberg e Sharon Carney, pelo treinamento das técnicas de biologia molecular. A toda equipe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC-RJ, pela receptividade e acolhida. Ao Dr. Lucas Bonine, que gentilmente nos cedeu partes das amostras estudadas. Aos colegas, Lorenzzo Stringari, Camila Giuberti e Mariane Monfardini, pelo incentivo e apoio durante a pesquisa, e em especial à Aline Lyra Pereira, pelo entusiasmo e cumplicidade ao longo do mestrado. Às minhas colegas do LABVIR, Luciana, Sheila e Laís, pela amizade e companherismo. A toda equipe de profissionais do Núcleo de Doenças Infecciosas. A todos os professores do programa pós-graduação do Núcleo de Doenças Infecciosas. A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. A FAPES/FACITEC pelo apoio financeiro ao longo do mestrado. Aos meus pais e meu irmão pelo total apoio ao longo da jornada. 7 RESUMO Os vírus são os principais contribuintes para a morbidade e mortalidade por infecções respiratórias agudas (IRA) do trato respiratório superior e inferior, em todas as faixas etárias. O objetivo desse estudo foi determinar a frequência de 18 vírus respiratórios através de transcrição reversa seguida por reação em cadeia pela polimerase em tempo real, no formato "multiplex" (RT-rtPCR multiplex), em espécimes de indivíduos com IRA, atendidos em ProntoAtendimento e em Unidade Básica de Saúde, situados no município de Vitória, Espírito Santo. Foram obtidos aspirados de nasofaringe de 162 indivíduos entre os meses de agosto de 2007 a agosto de 2009. Os espécimes foram testados inicialmente para presença de vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza 1, 2, 3 (PIV-1-3), adenovírus (AdV) e vírus influenza A e B (Flu A/B) através de reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Ácido nucleico foi extraído das amostras clínicas por meio do kit "MagNA Pure LC Total Nucleic Acid Isolation" (ROCHE, versão 12.0), através de método automatizado. Com o RT-rtPCR multiplex foram investigados os seguintes patógenos respiratórios virais e bacterianos: (i) Flu A, (ii) Flu A H1N1 (pdn09) ; (iii) Flu B; (iv) rinovírus (HRV); (v) coronavírus NL63 (HCoV63), 229E (HCoV229), OC43 (HCoV43) e HKU1 (HCoVHKU); (vi) PIV1-4; (vii) metapneumovírus humano A e B (hMPV A/B); (viii) VSR A/B; (ix) AdV; (x) enterovírus (EV); (xi) parechovírus humano (HPeV); (xii) bocavírus humano (HBoV); (xiii) Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae. Foram encontrados, através de RIFI, 32 (19,7%) amostras positivas para os seguintes vírus: 13 Flu A (8.1%), 9 Flu B (5.6%), 2 PIV-1 (1.2%), 2 PIV-3 (1.2%) e 6 VSR (3.7%). Não houve amostras positivas para AdV e PIV-2. Através de RT-rtPCR foram detectadas 71 (43,8%) amostras positivas, com os seguintes resultados: 2 Flu A H1N1 (pdn09) (1.2%), 6 Flu A (3.7%), 10 Flu B (6.2%), 13 HRV (8%), 3 HCoV-43 (1.9%), 1 HCoV-63 (0.6%), 1 HCoV-HKU (0.6%), 3 PIV-1 (1.9%), 1 PIV-2 (0.6%), 4 PIV-3 (2.5%), 2 PIV-4 (1.2%), 5 HBoV (3.1%), 5 hMPV (3.1%), 1 AdV (0.6%), 2 EV (1.2%) e 12 VSR (7.4%). Não houve amostras positivas para HCoV229 e HPeV. Foram observados seis casos de infecção mista viral (VSR/Flu A, VSR/HBoV, VSR/HCoV-63, HRV/HBoV, HRV/PIV-3, HCoV-43/hMPV). O uso da técnica de RT-rtPCR multiplex aumentou a detecção viral em 22,6% e permitiu evidenciar a circulação de todos os vírus respiratórios de importância médica nos casos de IRA estudados. O vírus mais prevalente foi o Flu, seguido por HRV, em todas as faixas etárias, e por VSR nas crianças de zero a dois anos. Os vírus respiratórios mais recentes (HBoV, hMPV, Flu A H1N1 (pdn09), HCoV-63 e HCoV-HKU) foram encontrados com freqüência de 8,6%. Estudos posteriores esclarecerão o perfil epidemiológico das viroses respiratórias na região metropolitana de Vitória. 8 ABSTRACT Viruses are the major contributors to morbidity and mortality of upper and lower acute respiratory infections (ARI), in all age groups. The aim of this study was to determine the frequency of 18 respiratory viruses by polymerase chain reaction, in the real-time reverse transcription-multiplex PCR (multiplex RT-rtPCR) in specimens of patients with ARI treated in emergency care and basic health unit, located in Vitória, Espírito Santo. Nasopharyngeal aspirates were obtained from 162 individuals between August 2007 and August 2009. The specimens were tested for the presence of respiratory syncytial virus (RSV), parainfluenza 1, 2, 3 (PIV-1-3), adenovirus (AdV) and A and B influenza virus (Flu A / B) by indirect immunofluorescence (IFA). Nucleic acid was extracted from clinical samples using the kit "Pure Magna Nucleic Acid Isolation Total LC" (Roche, 12.0) by means of automated method. By multiplex RT-rtPCR the following respiratory viral and bacterial pathogens were investigated: (i) Flu A, (ii) Flu A H1N1 (pdn09), (iii) Flu B (iv) rhinovirus (HRV), (v) NL63 coronavirus (HCoV-63 ), 229E (HCoV-229), OC43 (HCoV-43) and HKU1 (HCoV-HKU), (vi) PIV1-4 (vii) A and B human metapneumovirus (hMPV A / B), (viii) RSV / B, (ix) AdV, (x) enterovirus (EV), (xi) human parechovirus (HPeV), (xii) human bocavirus (HBoV), (xiii) Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus and Streptococcus pneumoniae. IFA revealed 32 (21,2%) positive samples for the following viruses: 13 Flu A (8.1%), 9 Flu B (5.6%), 2 PIV-1 (1.2%), 2 PIV-3 (1.2 %) and 6 RSV (3.7%). There was no positive sample for AdV and PIV-2. Multiplex RTrtPCR detected 71 (43,8%) positive samples, with the following results: Flu A H1N1 (pdn09) (1.2%), 6 Flu A (3.7%), 10 Flu B (6.2%), 13 HRV (8%), 3 HCoV43 (1.9%), 1 HCoV-63 (0.6%), 1 HCoV-HKU (0.6%), 3 PIV-1 (1.9%), 1 PIV-2 (0.6%), 4 PIV-3 (2.5%), 2 PIV-4 (1.2%), 5 HBoV (3.1%), 5 hMPV (3.1%), 1 AdV (0.6%), 2 EV (1.2%) and 12 RSV (7.4%). There was no positive sample for Cor229 and HPeV. We observed six cases of mixed viruses infections (RSV/Flu A, RSV/HBoV, RSV/HCoV-63, HRV/HBoV, HRV/PIV-3, HCoV-43/hMPV). The use of multiplex RT-rtPCR increased by 22,6% the viral detection and revealed all respiratory viruses of medical importance in cases of ARI studied. The most prevalent virus was the Flu. Then came the HRV in all age groups, and also RSV in children 0-2 years.The recent respiratory viruses (HBoV, HMPV, Flu A H1N1 (pdn09), HCoV-63 e HCoV-HKU) were found in frequency of 8.6%. Further studies will clarify the epidemiology of respiratory viruses in Victoria metropolitan region. 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A549 Linhagem celular de adenocarcinoma pulmonar AdV Adenovírus BGMK Buffalo Green Monkey Kidney (Linhagem celular de rim de macaco-verde búfalo) BMV Bromo Mosaic Virus (Vírus do mosaico do capim bromo) BVA Bronquiolite viral aguda CPE Citopatic Effect (Efeito citopático) ELISA/EIA Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay (Ensaio Imunoenzimático) EPI Equipamento de proteção individual EV Enterovírus FC Fixação de complemento Flu Vírus influenza HA Hemaglutinina HBoV Human bocavirus (Bocavírus humano) HCoV Human coronavirus (Coronavírus humano) Hd Hemoadsorção HeLa Henrietta Lacks cell lines - Cervical Adenocarcinoma (Cultura de célula de carcinoma uterino humano) HEP-2 Epidermoid carcinoma cell line (Cultura de célula de carcinoma da laringe humano) HI Hemaglutination inhibition (Inibição de hemaglutinação) 10 HiB Haemophilus influenzae tipo b hMPV Human metapneumovirus (metapenumovírus humano) HPeV Human parechovirus (Parechovírus humano) HRV Human rinovirus (Rinovírus humano) IF Imunofluorescência IRA Infecção respiratória aguda KB KERATIN-forming tumor cell line HeLa (Linhagem celular de carcinoma de uterino humano) LAMP Loop-Mediated Isotermal Amplification (Amplificação circular isotérmica) LLC-MK2 Rhesus Monkey Kidney Epithelial Cells (Linhagem celular de rim de macaco Rhesus) MDCK Mardin-Darby canine kidney (Célula de linhagem de rim de cão Mardin-Darby) MEM Minimal essential Medium (Meio mínimo essencial) MGP Magnetics Glass Paticles (Partículas magnéticas de sílica) MRC-5 Normal Human Fetal Lung Fibroblast (Linhagem celular de pulmão de embrião humano) NA Neuroaminidase NASBA Nucleic acid sequence based amplification NDI Núcleo de Doenças Infecciosas ORF Open Reading Frame (Quadro de leitura aberta) PBS Phosphate buffer saline (tampão salina-fosfato) PCR Polymerase chain reaction (Reação em cadeia pela polimerase) 11 PIV Parainfluenzavirus (Vírus parainfluenza humano) RFLP Restriction Fragment Lenght Polimorphism (Polimorfismo de tamanho de fragmentos de restrição) RIFD Reação de imunofluorescência direta RIFI Reação de imunofluorescência indireta RNP Ribonucleoproteina RT-PCR Reverse Transcription-PCR (PCR precedida por transcrição reversa) RT-rtPCR Real time RT-PCR (Reação em cadeia pela polimerase em tempo real precedida por transcrição reversa) SARS Severe acute respiratory syndrome (Síndrome respiratória aguda grave) SFB Soro fetal bovino SIVEP Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Influenza SNF Secreção de nasofaringe SUS Sistema Único de Saúde TN Teste de neutralização Vero Linhagem celular de rim de macaco-verde africano VSR WI-38 Vírus sincicial respiratório Embryonic Lung cell line (Linhagem celular de fibroblasto de embrião humano) 12 Lista de figuras, gráficos e tabelas Figuras Página Figura 1: Diagrama estruturas dos picornavírus 24 Figura 2: Estrutura genômica dos picornavírus 25 Figura 3: Diagrama esquemático da estrutura dos HCoV 27 Figura 4: Estruturas genômicas entre os grupos de coronavírus Figura 5: Divisão taxonômica da família Paramyxoviridae Figura 6: Representação da estrutura do vírus parainfluenza Figura 7: Diagramação do vírion da subfamília Pneumovirinae 29 30 31 34 Figura 8: Genoma dos paramixovírus 35 Figura 9: Estrutura do virion do AdV 37 Figura 10: Organização do DNA do HBoV 39 Figura 11: Representação da estrutura do vírus da influenza A Figura 12: Princípio do funcionamento da sonda TaqMan Figura 13: Diagramação das etapas de extração dos espécimes Figura 14: MagNA Pure LC 2.0 Instrument (ROCHE) Figura 15: Câmera interna do “MagNA Pure LC 2.0 Instrument” Figura 16: Gráfico ilustrativo do ponto de corte e Ct dos testes Figura 17: Mapa da Região Metropolitana de Vitória Gráficos Gráfico 1: Distribuição dos pacientes de acordo com a faixa etária Gráfico 2: Prevalência dos vírus respiratórios detectados por meio de RIFI 42 46 58 58 59 63 67 Página 68 68 13 Gráfico 3: Prevalência viral por rRT-PCR 69 Gráfico 4: Distribuição das viroses respiratórias por faixa etária Gráfico 5: Distribuição da coleta de amostras e de agentes virais no ano de 2008 Gráfico 6: Freqüências de bactérias pesquisadas nas amostras clínicas Tabelas amplificados Tabela 2: Infecção mista de vírus respiratórios Representação 72 60 71 Fluxogramas 1: 71 Página Tabela 1: Sequências alvos dos patógenos respiratórios Fluxograma 70 Página esquemática processamento das amostras Anexo Anexo 1: Ficha de informações clínica e laboratorial do 56 Página 124 14 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 18 2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 21 2.1. Doenças Respiratórias............................................................................ 21 2.2. Etiologia Viral das Infecções Respiratórias aguda .............................. 22 2.3. Rinovírus, Enterovírus e Parechovírus ................................................. 22 2.3.1 Classificação e aspectos gerais ........................................................... 22 2. 3. 2 Caracteristicas morfológicas e estruturais ......................................... 24 2. 3. 3. Manifestações clínicas ...................................................................... 25 2.4. Coronavírus ............................................................................................. 26 2.4.1 Classificação e aspectos gerais ........................................................... 26 2. 4. 2. Características morfológicas e estruturais ........................................ 27 2. 4. 4. Manifestações clínicas ...................................................................... 29 2. 5. Paramyxoviridae ..................................................................................... 29 2.5.1 Classificação e aspectos gerais ........................................................... 29 2. 5. 2. Vírus parainfluenza ........................................................................... 30 2. 5. 2. 1. Características morfológicas e estruturais ................................. 30 2. 5. 2. 2. Manifestações clínicas ............................................................... 32 2. 5. 2. Vírus Respiratório Sincicial e Metapneumovírus humano ................. 32 2. 5. 2. 1. Características morfológicas e estruturais ................................. 33 2. 5. 2. 2. Manifestações clínicas ............................................................... 35 2. 6. Adenovírus .............................................................................................. 36 2.6.1 Classificação e aspectos gerais ........................................................... 36 2. 6. 2. Características morfológicas e estruturais ........................................ 36 2. 6. 3. Manifestações clínicas ...................................................................... 38 2. 7. Bocavírus ................................................................................................ 38 2.7.1 Classificação e aspectos gerais ........................................................... 38 2. 7. 2. Características morfológicas e estruturais ........................................ 39 15 2. 7. 3. Manifestações clínicas ...................................................................... 39 2. 8. Influenza vírus A e B .............................................................................. 40 2.8.1 Classificação e aspectos gerais ........................................................... 40 2. 8. 1. Características morfológicas e estruturais ........................................ 42 2. 8. 3. Manifestações clínicas ...................................................................... 43 2. 9. Diagnóstico laboratorial das infecções pelos vírus respiratórios ..... 43 2.9.1 Breve histórico ..................................................................................... 43 2.9.2. PCR em tempo real (rtPCR)................................................................ 45 3. OBJETIVOS ................................................................................................. 52 3.1. Objetivo Geral .......................................................................................... 52 3.2. Objetivos Específicos ............................................................................. 52 4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 54 4.1. Descrição do estudo ............................................................................... 54 4.2. Coletas de dados ..................................................................................... 54 4.3. Métodos Laboratoriais ........................................................................... 55 4.3.1. Processamento das amostras ............................................................ 55 4.3.2. Reação de imunofluorescência indireta ............................................. 56 4.3.3. Interpretação dos resultados de RIFI ................................................. 57 4.3.4. Diagnóstico virológico por Real Time PCR ......................................... 57 4.3.4.1. Extração do Ácido Nucléico .......................................................... 57 4.3.4.2. Reação de transcrição reversa, seguida de PCR em tempo real (RT-rtPCR)................................................................................................. 59 4.4. Análise Estatística .................................................................................. 63 4.5. Aspectos Éticos da Pesquisa................................................................. 63 4.6. Soluções e reagentes.............................................................................. 63 4.6.1. Tampão fosfato: .................................................................................. 63 16 4.6.2. Solução de antimicrobianos: ............................................................... 64 4.6.2.1. Antibiótico liofilizado Penicilina/Estreptomicina: ............................ 64 4.6.2.2. Antimicótico liofilizado Anfotericina B ( Cfinal : 500µg/ml):.............. 64 4.6.3. Soluções para armazenagem dos espécimes..................................... 64 4.6.3.1. Meio mínimo essencial (MEM) com glutamina e sem bicarbonato 64 4.6.3.2. Soro albumina bovina (BSA) ......................................................... 65 5. RESULTADOS ............................................................................................. 67 6. DISCUSSÃO ................................................................................................ 74 6.1. Aspectos Gerais do Estudo.................................................................... 74 6.2. Características Demográficas ................................................................ 75 6.3. Prevalência viral ...................................................................................... 76 6.4. Sazonalidade ........................................................................................... 87 6.5. Infecções virais mistas ........................................................................... 89 7. CONCLUSÕES ............................................................................................ 92 9. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 94 10. ANEXOS .................................................................................................. 124 17 1. INTRODUÇÃO 18 1. INTRODUÇÃO As infecções do trato respiratório representam uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo e a principal causa de hospitalização de crianças e recém-nascidos, bem como de morte desses mesmos grupos em países em desenvolvimento (Pollard et al., 2000; Osterhaus, 2008). Os vírus respiratórios são os principais agentes etiológicos de episódios de infecção respiratória aguda (IRA), principalmente em certos grupos de risco tais como crianças, idosos e pacientes imunodeprimidos (Osterhaus et al., 2008; Nair et al., 2011). Apesar da maioria das viroses respiratórias ser limitada ao trato respiratório superior, estas podem evoluir para quadros de infecções do trato respiratório inferior, como bronquiolite viral aguda (BVA), bronquite, crupe e pneumonia, bem como agravarem o quadro com infecções bacterianas como otite média aguda e sinusite ou desencadearem crises asmáticas (Nair et al., 2011). Os principais vírus associados às IRA são o vírus sincicial respiratório (VSR), vírus da influenza A e B (Flu A e Flu B), vírus parainfluenza 1, 2, 3 e 4 (PIV 14), adenovírus (AdV), rinovírus humano (HRV) e coronavírus humano (HCoV). A partir de 2001, novos vírus relacionados às IRA foram descritos, tais como o metapneumovírus humano (hMPV) (Hoogen et al., 2001), dois novos tipos de coronavírus humano – HKU1 e NL63 (Woo et al., 2005; Hoek et al., 2004), e bocavírus humano (HBoV) (Allander et al., 2005). O método convencional para diagnóstico dessas infecções é o isolamento em cultura celular, considerado o padrão ouro, em associação com técnicas de detecção de antígenos (Gardner et al., 1968 ; Bellau-Pujol et al., 2005). Entretanto, várias desvantagens são apontadas a cerca dos métodos convencionais, pois se sabe que a cultura celular é limitada em alguns grupos de vírus respiratórios e demanda vários dias para a obtenção do resultado, fato este que inviabiliza sua utilização na condução clínica do paciente. A detecção de antígenos, por outro lado, apesar de disponibilizar o resultado mais rapidamente, é menos sensível que a cultura celular (Van de Pol et al., 2006). 19 As técnicas moleculares de diagnóstico, sejam "in-house" ou comerciais, representam alternativas de se alcançar um resultado mais rápido e com elevada sensibilidade e especificidade, e dessa forma reduzir significativamente o tempo de hospitalização, os custos com tratamentos desnecessários, além de contribuir com os programas de controle de infecção nosocomial e guiar a terapia antiviral específica (Barenfanger et al., 2000; Mahony et al., 2008). Este estudo teve por objetivo a utilização de uma técnica de biologia molecular, por meio de reação em cadeia pela polimerase em formato “multiplex”, em tempo real, precedida por transcrição reversa (RT-rtPCR multiplex), para a detecção de vírus respiratórios, também detectados por imunofluorescência indireta, em casos IRA em indivíduos atendidos em um Pronto-Atendimento e uma Unidade Básica de Saúde, situados no município de Vitória, Espírito Santo. 20 2. REVISÃO DE LITERATURA 21 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Doenças Respiratórias As doenças respiratórias agudas são responsáveis por 75% de todas as morbidades agudas em países desenvolvidos, sendo que a maior parte dessas infecções (aproximadamente 80%) é de etiologia viral (Mahony et al., 2008). No Brasil, as doenças respiratórias agudas também ocupam uma posição de destaque na saúde pública. De acordo com os dados oriundos do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Influenza (Sivep-Gripe) para o ano 2008, constatou-se um total de 438.732 atendimentos de pacientes com síndrome gripal. A maior concentração dos casos ocorreu em crianças, na faixa etária de 0 a 4 anos (43,3%), seguida da faixa de 5 a 14 anos (22,9%) e de 15 a 24 anos (10,9%). As demais faixas contribuíram com 22,8% (MS, 2009). Os vírus Flu, HRV, PIV, HCoV, VSR, AdV, EV e HPeV contribuem regularmente para essas estatísticas, além dos recentes patógenos virais identificados: hMPV, dois novos tipos de HCoV – HKU1 e NL63 e o HBoV (Fouchier et al., 2005; Osterhaus et al., 2008; Allander et al., 2005). Essas viroses respiratórias são responsáveis por diferentes síndromes clínicas, desde quadros brandos auto-limitados até quadros fatais, de acordo com a idade e as condições imunológicas do hospedeiro. Dessa forma temos casos de infecções no trato respiratório superior como gripe, resfriado comum, rinite, faringite e laringite, enquanto que as infecções mais comuns no trato respiratório inferior são a bronquiolite, bronquite e pneumonia, além de quadros de exacerbação de crises asmáticas, otite média aguda e sinusite. Entretanto, todas essas doenças e suas manifestações clínicas não são patognomônicas para os seus respectivos agentes etiológicos. Considerando a variedade de agentes virais respiratórios e a ausência de sinais e sintomas específicos para definir o patógeno por meio da sintomatologia, o diagnostico laboratorial é preponderante para a identificação desses agentes (Mahony et al., 2008) (Item 2.9). 22 2.2. Etiologia Viral das Infecções Respiratórias aguda Para uma melhor compreensão do estudo dividiremos as viroses de interesse em agentes respiratórios clássicos (Flu, PIV, VSR, AdV, HCoV, HRV, EV e HPeV) e agentes respiratórios recentes, sendo que este segundo grupo pode ser dividido em duas categorias: re-emergentes e emergentes. A primeira categoria está representada por vírus resultantes de “reassortment” de gene em casos de co-infecção de subtipos distintos [Flu A H1N1 (pdn09)], enquanto que a segunda trata de vírus que há muito coexistem com os seres humanos, porém só recentemente foi possível descobrir seu agente etiológico por meio dos avanços da biologia molecular, como o hMPV, HCoV-NL63, HCoV-HKU1 e o HBoV (Osterhaus et al., 2008). A apresentação destes agentes será de acordo com a semelhança das suas características morfológicas ou taxonômicas. 2.3. Rinovírus, Enterovírus e Parechovírus 2.3.1 Classificação e aspectos gerais A família Picornaviridae contém 12 gêneros, sendo que dois desses merecem destaque considerando sua capacidade de causar lesões no sistema respiratório: Enterovirus e Parechovirus (Woo, et al., 2012). O nome picornavírus faz uma referência ao tamanho diminuto dos vírus (30 nm) e ao tipo de ácido nucléico que constitui o genoma (RNA). (Whitton et al., 2005) O HRV, integrante do gênero Enterovirus, é o agente etiológico da virose mais comum do trato respiratorio superior, o resfriado comum (cerca de 50% dos casos) e tem também sido associado como um mediador de infecções mais graves no trato respiratório inferior, tais como pneumonia, bronquite, bronquiolite e fibrose cística (Papadopoulos et al., 2000). Foram isolados pela primeira vez em 1956 (Price et al., 1956) através de culturas celulares utilizando tecido hepático de macaco Rhesus inoculadas com lavado de nasofaríge de indivíduos com resfriado. Em 1963, uma descrição do grupo foi proposta por Tyrrell e Chanock e o nome "Rhinovirus" foi sugerido originalmente por Andrews ao fazer uma alusão ao sítio primário de infecção desse agente (Turner, 2007). 23 O gênero Enterovirus é dividido em 10 espécies distintas, sendo que somente sete são classificados como enterovírus humanos (Enterovirus humano A, B, C e D; Rinovirus humano A, B e C), somando mais de 300 sorotipos distintos (Stanway, 1990). As infecções pelos EV geralmente se localizam no trato gastrointestinal e podem se disseminar para outros sítios, causando doenças graves, como encefalite, miocardite e meningite asséptica. Certos sorotipos possuem tropismo pelo trato respiratório, causando infecções no trato respiratório superior e inferior tanto em crianças quanto em adultos (Chonmaitree et al., 1988). Em 1958, teve-se a primeira descrição de um enterovírus associado a doenças respiratórias (Lennette et al., 1958). No ano de 1962, na California, o enterovírus 68 foi isolado pela primeira vez de crianças com bronquiolite e pneumonia (Chonmaitree et al., 1988). O gênero Parechovirus compreende seis sorotipos humanos, porém com algumas particularidades. Inicialmente os HPeV-1 e HPeV-2 foram classificados como enterovírus (EV-22 e EV-23, respectivamente). Em função das distintas propriedades moleculares e biológicas esses vírus foram reclassificados em um novo gênero denominado Parechovirus (Oberste et al., 1998). Os HPeV-1 e HPeV-2 foram isolados pela primeira vez em 1956, no Japão, em amostras fecais de crianças com diarréia (Joki-Korpel & Hyypia, 2001 ). Em 2004 um novo sorotipo de parechovírus (HPeV-3), associado a doenças mais graves, foi identificado no Japão (Boivin et al., 2005). Em 2006, foi isolado um quarto sorotipo, que não era neutralizado pelos anticorpos contra os sorotipos HPeV-1, 2 e 3 (Benscho et al., 2006). Concomitantemente, uma cepa de HPeV2, que mostrava elevada divergência genética com outras cepas do seu sorotipo, foi reclassificada como o quinto sorotipo HPeV-5 (Al-Sunaidi et al., 2007). O sexto e último sorotipo (HPeV-6) foi descrito em 2007, o qual apresentava resistência à neutralização com os anticorpos para os sorotipos 1, 2 e 3 e ainda exibia uma sequência de aminoácido bastante distinta em comparação com os sorotipos restantes (Watanab et al., 2007). 24 2. 3. 2 Caracteristicas morfológicas e estruturais Os picornavírus são partículas virais esféricas, não envelopadas, com diâmetro variando de 25 a 30 nm (Turner, 2007). Apresentam um capsídeo com simetria icosaédrica com 60 capsômeros por meio das suas subunidades protéicas. Cada capsômero tem em sua constituição as proteínas VP1, VP2, VP3 e VP4(Figura 1). Os três primeiros são mais externos, com destaque para o VP1 no qual se supõe estar o sítio de reconhecimento do receptor celular. O VP4 é mais interno, exercendo o papel de ancoragem entre o RNA genômico e o capsídeo viral. Os HPeV possuem apenas três polipepitídeos estruturais na constituição dos seus capsômeros: VP0, VP1 e VP3 (Stanway et al., 1990). Figura 1: Diagrama estruturas dos picornavírus. Adaptado de viralzone.expasy. org/all_by_species/33.html. Acesso em 28 de janeiro de 2012. O genoma dos picornavírus (Figura 2) é constituído por uma fita linear de cadeia simples de RNA, com polaridade positiva e não-segmentado, com aproximadamente 7,2 Kb de nucleotídeos. A extremidade 5’ faz ligação a uma proteína VPg (proteína do viron de ligação ao genoma); a extremidade 3’ possui uma poliadenilação terminal [cauda poli(A)], cuja remoção torna a partícula viral não infecciosa (Stanway et al., 1990). O genoma é constituído por três regiões codificadoras, P1 (proteínas estruturais), P2 e P3 (proteínas não-estruturais). Portanto, a P1 vai codificar proteínas do capsídeo (VP4, VP2, VP3 e VP1), enquanto que a P2 e P3 vão codificar enzimas envolvidas no processamento das proteínas (2Apro, 3Cpro, 3CDpro) e na replicação do genoma (2B, 2C, 3AB, 3BVPg, 3CDpro e 3Dpol) (Stanway et al., 1990). 25 Região estrutural Região não-estrutural Figura 2: Estrutura genômica dos picornavírus e poliproteínas. Molécula de RNA simples-fita com polaridade positiva, com destaque para a região não-transcrita 5' (5' NTR), que encontrase ligada covalentemente ao VPg, apresenta dois domínios funcionais: o trevo final 5' (cloverleaf), o sítio interno para entrada ribossomal (IRES) e a região não-transcrita 3' (3' NTR), que encontra-se poliadenilada [cauda poly(A)]. Adaptado de De Jesus et al., (2007). 2. 3. 3. Manifestações clínicas A doença mais frequente que acompanha a infecção por HRV é o resfriado comum, que surge em torno de um a dois dias após a infecção. Inicialmente, o indivíduo pode apresentar congestão nasal, coriza intensa, dor de garganta, tosse e rouquidão, apresentando febre variável e menos freqüentemente malestar, mialgia e cefaléia. A média de duração da doença é em torno de sete dias, com sintomas persistindo entre 12 a 14 dias em 25% dos indivíduos doentes (Stanway et al., 1990). Podem surgir quadros secundários de sinusite, otite média e são os agentes virais mais prevalentes no desencadeamento de quadros de doença pulmonar obstrutiva crônica e asma em crianças, com exacerbação de quadros de bronquite crônica e fibrose cística, principalmente em paciente transplantados imunocomprometidos e portadores de hipogamaglobulinemia (Arola et al., 1990; Gwaltney et al., 1994, Kaiser et al., 2006; Kainulainen et al., 2010). Os EV com tropismo pelo sistema respiratório geralmente causam infecções no trato respiratório superior, freqüentemente subclínicas, ou com quadros autolimitados, com um período curto de incubação em torno de um a três dias. Os quadros clínicos mais encontrados são o resfriado comum, laringotraqueobronquite e epligotite no trato respiratório superior, e pneumonia 26 viral e crises asmáticas no trato respiratório inferior. Doenças mais graves do trato respiratório inferior podem ocorrer (Palacios et al., 2005). Autores indicam que 29% das parechoviroses são infecções respiratórias, podendo ocorrer quadros de gripe e pneumonia viral (Ehrnst et al., 1993). 2.4. Coronavírus 2.4.1 Classificação e aspectos gerais Os HCoV são classificados na ordem Nidovirales, cujos membros incluem duas famílias: Coronaviridae e Arterividae. A família Coronaviridae é dividida em dois gêneros: Torovirus e Coronavirus (Spaan et al., 1988). Os HCoV podem ser divididos em três grupos sorologicamente diferentes: (i) no grupo I encontra-se os HCoV-229E e HCoV-NL63, além vários outros coronavírus de animais, (ii) no grupo II, o HCoV-OC43, HCoV-HKU1, SARSHCoV e também vários coronavírus de animais (Gorbalenya et al., 2004); no grupo III encontra-se HCoV que infectam aves. Foram as características morfológicas desses vírus que levaram a designação de coronavírus, pois a microscopia eletrônica revelava uma estrutura semelhante a uma coroa (McIntosh et al., 1974). O primeiro HCoV descrito (B814) foi isolado de crianças inglesas com resfriado em 1965 (Tyrrel et al., 1965). A partir daí as coronaviroses foram divididas em dois grandes grupos: Grupo I, o qual era biologicamente e antigenicamente semelhante à cepa HCoV-229E (Hamre et al., 1966); e grupo II, relacionado à cepa HCoV-OC43 (McIntosh et al., 1967). Os HCoVs ganharam maior importância após a descrição do primeiro surto da Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) em 2002, na província de Guangdong, China. A doença foi descrita como uma “pneumonia infecciosa atípica”, por causa da sua propensão para causar doença em grupos familiares e profissionais de saúde (Zhong et al., 2003; Xu et al., 2004). Em 2003, um médico oriundo da província de Guangdong passou apenas uma noite em um hotel em Honk Kong, período suficiente para ele transmitir SARS para outros 16 hóspedes. A partir daí, surtos da doença foram detectados em Hong Kong, 27 Toronto, Singapura e Vietnã, e em questão de semanas a doença infectou mais de 8.000 indivíduos em 25 países, totalizando 774 óbitos ao final da pandemia em julho de 2003 (Peiris et al., 2004). O agente etiológico da SARS foi identificado como um HCoV (SARS-HCoV), e este era filogeneticamente distinto de todos os HCoV humanos e animais já conhecidos (Marra et al., 2003). Devido à maior atenção dada aos HCoV após os surtos de SARS em 2003, as pesquisas sobre as coronaviroses se intensificaram, e, consequentemente, dois novos HCoV foram descritos: (i) HCoV-NL63, a partir de aspirado de nasofaringe de crianças hospitalizadas com bronquiolite, conjutivite e febre na Holanda (Hoek et al., 2004); (ii) HCoVHKU1, a partir de pacientes internados com pneumonia em Hong Kong (Woo et al., 2005). 2. 4. 2. Características morfológicas e estruturais Os HCoV são os maiores vírus de RNA na natureza. São partículas esféricas envelopadas de 100 a 160 nm de diâmetro. No interior do virion há uma fita simples de RNA com polaridade positiva, de 27 a 32 Kb de tamanho (Lai et al., 1997). A fita de RNA faz uma ligação com uma fosfoproteína N a fim de formar um nucleocapsídeo longo, flexível e helicoidal (Figura 3). O core viral é envolto por um envelope lipoprotéico que é formado durante o brotamento. Dois tipos de espículas estão presentes na superfície do virion: (i) glicoproteínas S, espículas longas com aproximadamente 20 nm, presentes em todos os coronavírus e (ii) HE (hemaglutinina-esterase), que são espículas curtas, presentes apenas em alguns HCoV grupo II e um HCoV do grupo III (Yokumori et al., 1991). O envelope ainda possui a proteína M e a proteína E, ambas transmembranosas (Spaan et al., 1988). 28 Proteína nucleocapsídica (N) Membrana Glicoproteína (M) Espículas Proteína (S) Envelope Proteína (E) Figura 3: Diagrama esquemático da estrutura dos HCoV. Adaptado de Peiris et al. (2004). O genoma dos HCoV é o maior entre os vírus de RNA, contituído por uma molécula de RNA de fita simples, de polaridade positiva, não-segmentado, de 27 a 32 Kb de tamanho (Figura 4). O genoma é organizado em sete a quatorze seqüências de ORFs, os quais são separados por junções que contém sinais para a transcrição de várias cópias de RNAm subgenômico (Spaan et al., 1988). O RNA genômico é capeado e poliadenilado. Na extremidade 5' está uma proteína denominada sequência líder ("leader" RNA), que precede uma região não-transcrita (NTR 5') com 200 a 400 nucleotídeos. Já na extremidade 3' observa-se uma região não-transcrita (NTR 3') com 200 a 500 nucleotídeo, que faz ligação com uma cauda poly(A). Ambas as NTR são fundamentais para a replicação e transcrição do RNA. Genes codificadores de proteínas nãoestruturais (S, E, M e N) estão presentes em todos os HCoV, sendo que em alguns casos há também o gene da proteína HE, localizado entre a ORF1b e o gene S. As sequência de leitura das ORF1a e ORF1b são denominadas polimerase (Pol), que junto com os genes estruturais se repetem em todos os coronavírus da seguinte forma: 5’-Pol-S-E-M-N-3’ (Lai et al., 1997). 29 HCoV-229E HCoV-NL63 HCoV-OC43 HCoV-HKU1 SARSCoV Figura 4: Estruturas genômicas entre os grupos de coronavírus. Adaptado de Stadler et al. (2003). 2. 4. 4. Manifestações clínicas Os HCoV (229E, OC43, NL63 e HKU1) são importantes agentes etiológicos de infecções no trato respiratório superior, podendo causar doença pulmonar mais grave em pacientes idosos, prematuros e imunodeficientes (Garbino et al., 2006). O quadro infeccioso mais freqüente é o resfriado comum, semelhante aos HRV. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, mal-estar, calafrios, rinorréia, inflamação de garganta e tosse, podendo variar de dois a quatro dias após a infecção (Perlman et al., 2009). As infecções por HCoV são também associadas a doença do trato respiratório inferior por desencadearem crises asmáticas, além de agravarem quadros com infecções bacterianas como otite média (Isaacs et al., 1983; Perlman et al., 2009). 2. 5. Vírus parainfluenza 1-4, vírus sincicial respiratório e metapneumovírus humano 2.5.1 Classificação e aspectos gerais A família Paramyxoviridae é dividida em duas subfamílias, Paramyxovirinae e Pneumovirinae. Pertencentes à subfamília Paramyxovirinae encontramos os 30 vírus respiratórios PIV-1 e PIV-3 (gênero Respirovirus) e PIV-2 e PIV-4a/b (gênero Rubulavirus). Na subfamília Pneumovirinae, é possível destacar dois gêneros de interesse em infecções respiratórias humanas: Pneumovirus (VSR A/B) e Metapneumovirus humano (hMPV A/B) (Figura 5). Figura 5: Divisão taxonômica da família Paramyxoviridae. Adaptado de McIntosh et al., (2004). 2. 5. 2. Vírus parainfluenza Os PIV são representados por cinco sorotipos que causam infecção humana – PIV-1, PIV-2, PIV-3 e PIV-4a e 4b (Henrickison, 2003). Antes da sua primeira descrição, o PIV foi recuperado de camundongos inoculados com espécime de necrose de recém nascidos com doença respiratória (Kuroya et al., 1953). O primeiro isolamento de humanos ocorreu em 1956, através de material de necropsia de recém-nascido com doença respiratória (Chanock et al., 1958). O termo “parainfluenza” foi sugerido em 1959, com base na natureza da infecção respiratória e nas propriedades morfológicas das partículas virais, que apresentava forte relação com o vírus influenza (Andrewes et al., 1959). 2. 5. 2. 1. Características morfológicas e estruturais Trata-se de partículas esféricas, com diâmetro variando de 150 a 200 nm (Figura 6). O virion é composto por um nucleocapsídeo helicoidal 31 (ribonucleoproteína- RPN) envolvido por um envelope lipídico (Morgan et al., 1968). O vírus pode codificar duas glicopreteínas: uma de fusão (F) e outra de adsorção (HN, H ou G). RPN HN Figura 6: Representação da estrutura do vírus parainfluenza. Destacando as proteínas M da camada interna do envelope, o nucleocapsídeo formado pelas proteínas R, P e N e as espículas virais de adsorção (HN) e de fusão (F). Adpatado de Harrison et al., (2010). De acordo com a figura 8, o genoma é constituído por RNA de fita simples nãosegmentado, com 15 a 19 Kb de extensão e de polaridade negativa (Storey et al., 1984). O genoma apresenta-se totalmente ligado à proteína N, formadora do capsídeo helicoidal. Para os sorotipos com tropismo pelo sistema respiratório humano, o genoma viral vai codificar seis proteínas em comum (3’N-P-M-F-HN-L-5’) (Harrison et al., 2010). Pesquisas indicam forte semelhança entre as proteínas codificadas pelos quatro sorotipos, com exceção da fosfoproteína P (Cowley et al., 1984). A maior proteína codificada pelo genoma é a proteína L RNA-polimerase RNAdependente (PM de 175.000 a 251.000), seguida da proteína P, um co-fator da polimerase viral e da proteína N (PM de 66.000 a 70.000), principal proteína constituinte do núcleocapsídeo. Essas três proteínas estão diretamente associadas ao RNA viral. A proteína N liga-se ao RNA (uma proteína N para cada seis nucleotídeos), a fim de formar um complexo que permite a ação das proteínas L e P, e conseqüentemente transcrição e replicação do genoma viral (Henrickson et al., 2003). 32 Estão presentes no envelope viral duas glicoproteínas que são encontradas em todos os HPIV: (i) proteína F (PM 69.000 a 82.000), com atividade fusogênica, e (ii) proteína HN (60.000 a 66.000), uma hemaglutinina-neuroaminidase com atividade de adsorção. Localizada na superfície interna do envelope encontrase a proteína M (PM 28.000 a 40.000) e envolvida nos processos de montagem e brotamento (Henrickson et al., 2003). 2. 5. 2. 2. Manifestações clínicas Os PIV-1, PIV-2, PIV-3, PIV-4a/b possuem uma ampla distribuição global e cada um desses cinco sorotipos podem causar doença respiratória aguda em humanos (Chanock et al., 1963). Os PIV estão relacionados com todos os tipos de doenças do trato respiratório inferior e superior, sendo que a maioria das doenças sintomáticas é causada por PIV-1 e 3, e em menores taxas pelo PIV-2. O PIV-4 é mais raro, causando infecções brandas no trato respiratório superior de crianças (Weinberg, 2006). No trato respiratório superior, podem ocorrer quadros de resfriado com congestão nasal, coriza, dor de garganta, tosse e rouquidão, apresentando febre variável e, em menor freqüência, mal-estar, mialgia e cefaléia. A infecção pode alcançar o trato respiratório inferior, podendo causar crupe, bronquiolite, traqueobronquite e pneumonia. A doença aguda pode durar até três semanas, sendo que geralmente persiste em torno de sete a dez dias (Henrickson et al., 2003). 2. 5. 2. Vírus Sincicial Respiratório e Metapneumovírus humano O VSR e o hMPV estão classificados na subfamília Pneumovirinae e gêneros Pneumovirus e Metapneumovirus, respectivamente (Figura 6). A primeira descrição do VSR data de 1956 nos EUA, quando o então novo agente citopático foi isolado de uma colônia de chimpanzés com quadro clínico semelhante ao do resfriado comum. Também foi constatado que os indivíduos que tiveram contato com os primatas infectados apresentaram um quadro brando de doença do trato respiratório superior (Collins, 2007). Duas novas variantes do agente isolado dos chimpanzés foram descritas, e com base no efeito citopático desses vírus (formação de sincícios), foi denominado “vírus 33 sincicial respiratório” (Chanock et al., 1961). Verifica-se a existência de dois subtipos, VSR A e VSR B (Hierholzer & Hirsch, 1979). O hMPV foi identificado na Holanda, em 2001, a partir de espécimes de aspirado de nasofarínge coletados de crianças que apresentavam um quadro clínico semelhante à infecção por VSR, porém sem agente etiológivo definido (van den Hoogen et al., 2001). Novos estudos comprovaram evidências sorológicas da sua existência por mais de quatro décadas, fato que coloca em cheque a sua classificação como vírus emergente (van den Hoogen et al., 2001). Em seguida, através do sequenciamento dos genes P, M e N foi possível dividir o hMPV em dois grupos, hMPV-A e hMPV-B, sendo que estes se subdividiam em hMPV-A1, hMPV-A2 e hMPV-B1 e hMPV-B2 (Mackay et al., 2004). 2. 5. 2. 1. Características morfológicas e estruturais As partículas virais são envelopadas e pleomórficas, sendo que o tamanho apresentado pelo VSR é em torno de 110 a 350 nm de diâmetro, enquanto que o hMPV, cerca de 150 a 60 nm (Bachi et al., 1973; van den Hoogen et al., 2001). O envelope contém três glicoproteínas transmembrana: G, F e SH. A face interna do envelope está associada à proteína M. Seu nucleocapsídeo é formado pelo RNA associado a outras quatro proteínas: proteínas: N, P, M2-1 e L (Figura 7). Não possui hemaglutinina e neuraminidase (Collins, 2007). 34 Figura 7: Diagramação do vírion da subfamília Pneumovirinae. Na face externa do envelope é possível identificar as proteínas G, F e SH. Na face interna do envelope temos a proteína da matriz e no core viral, o nucleocapsídeo formado pelo genoma mais as proteínas L, N, P e M21, sendo que esta última não foi ilustrada pelo esquema. Adaptado de Hall, (2001). O VSR e o hMPV possuem um genoma de RNA de fita simples, linear, de polaridade negativa e não segmentado, com aproximadamente 15 kb e 13 kb, respectivamente, (Figura 8). O genoma do VSR codifica 11 proteínas (duas não-estruturais e nove estruturais), enquanto que o hMPV, apenas nove proteínas. As duas proteínas não-estruturais são a NS-1 e NS-2, exclusivas do gênero Pneumovirus, cuja função é inibir a indução de interferon α e β durante a resposta à infecção viral (Spann et al., 2004). São então nove as proteínas estruturais presentes em ambos os vírus: (i) nucleoproteína N, que faz ligação com o RNA, sendo a principal proteína do nucleocapsídeo; (ii) fosfoproteína P, associada ao nucleocapsídeo, com função de co-fator da polimerase; (iii) proteína M2-1, associada ao nucleocapsídeo, cuja função é promover a transcrição gênica; (iv) proteína L, também associada ao nucleocapsídeo, representando a polimerase viral; (v) proteína M da matriz, localizada na face interna do envelope viral, e importante durante a montagem do vírus; (vi) proteína F, localizada na superfície externa do envelope, essencial para a 35 fusão vírus-célula e na formação de sincícios; (vii) glicoproteína G, importante mediador da adsorção viral à célula alvo; (viii) glicoproteína SH, também na face externa do envelope, porém com função indeterminada; (ix) proteína M2-2, envolvida na regulação do processo de transcrição/replicação do RNA (Collins, 2007). PIV-1/ PIV-3 PIV-2/ PIV-4 VSR hMPV Figura 8: Genoma dos paramixovírus. Adaptado de http://www.realmagick.com/paramyxovirusgenome-structure/. Acesso em 15 de janeiro de 2012. 2. 5. 2. 2. Manifestações clínicas Um amplo espectro de manifestações clínicas (tosse, rinorréia, sibilância, dispnéia e otite média) têm sido descritas nas infecções pelo VSR e hMPV, variando desde quadros brandos do trato respiratório superior, como um resfriado comum, até doenças mais graves que requer hospitalização do paciente, como BVA e pneumonia (Konig et al., 2004; Mahony et al., 2008). Em adultos imunocompetentes, a infecção pode gerar sintomas brandos de resfriados, com tosse, rinorréia, rouquidão, dor de garganta, e mais raramente, febre (Falsey et al., 2003). Em crianças e neonatos, a principal apresentação clínica é a BVA, com importante sibilância, dificuldade respiratória, congestão nasal, sendo que 90% dos casos são acompanhados por tosse, 75% por rinorréia e mais de 50% por febre (Heikkinen et al., 1995; Falsey et al., 2003). 36 2. 6. Adenovírus 2.6.1 Classificação e aspectos gerais Os AdV foram isolados e caracterizados em 1953, quando pesquisadores pesquisavam o agente etiológico de infecções respiratórias agudas (Rowe et al., 1953; Hilleman et al., 1954). Os novos vírus foram denominados adenovírus tendo em visto o seu isolamento, que foi obtido a partir de glândulas adenóides humanas (Enders et al., 1956). Existem, hoje, 51 sorotipos diferentes de AdV humanos (Brandt et al., 1972), os quais são agrupados em sete espécies: Espécies A (AdV-12, 18, 31), espécie B que pode ser dividida em B1 (AdV-3, 7, 11, 21, 51) e B2 (AdV-11, 14, 34, 35), espécie C (AdV-1, 2, 5, 6), espécie D (AdV 8-10, 13, 15, 17, 19, 20, 22-30, 32, 33, 36-39, 42-49, 51), espécie E (AdV4), espécie F (AdV-40 e 41) e espécie G (AdV-51). A definição do sorotipo é baseada na neutralização via anticorpo específico (Wold, 2007). 2. 6. 2. Características morfológicas e estruturais Os AdV são vírus não-envelopados, com capsídeo icosaédrico que envolve o genoma de DNA dupla-fita, de aproximadamente 34-48 Kb, além dos outros componentes do core viral (Russell, 2000). As partículas possuem aproximadamente 90 nm de diâmetro, com fibras projetadas dos vértices do icosaédrico (Figura 9). O capsídeo do vírus é composto por pelo menos nove proteínas: (i) proteína formadora do hexon (proteína II), (ii) do penton (proteína III) e (iii) proteína da fibra (proteína IV), além das (iv) proteínas IIIa, VI, VIII e IX; (v) proteínas V, VII, µ e proteína terminal TP, que estão no core junto com o genoma (Chatterjee et al., 1985; Vellinga et al., 2005). 37 Fibra Penton Hexon Hexon Penton + fibra Figura 9: Estrutura do virion do AdV. (a): Visão geral da localização das proteínas formadoras do capsídeo. (b): Representação tridimencional do vírus icosaédrico, evidenciando os componentes principais e secundários do capsídeo. (c): Diagrama representativo da distribuição das proteínas secundárias em uma face do icosaédrico viral (Vellinga et al,. 2005). Os AdV são vírus de DNA linear, fita dupla, com 36 Kb de tamanho. É possível identificar em suas extremidades, sequências invertidas repetidas (ITRs), que podem variar de 100 a 140 pares de bases. No genoma viral há duas origens idênticas de replicação do DNA, uma em cada repetição terminal (Davison et al., 2003). É possível dividir a expressão de proteínas do AdV em três fases: precoce, intermediária e tardia. Na fase precoce são expressos genes que modulam as funções celulares, facilitando a replicação do DNA e a transcrição de genes tardios. Os genes de transcrição intermediários são expressos imediatamente após a replicação do DNA viral e antes do início da expressão dos genes tardios. Nessa etapa são produzidas duas proteínas multifuncionais, o polipeptídeo IX, que compõem o capsídeo junto com o hexon, conferindo estabilidade à estrutura e auxiliando no empacotamento viral (Villinga et al., 2005), e o polipeptídeo IVa2, com função de promover a transcrição dos genes 38 tardios (Tribouley et al., 1994). E na fase tardia, todas as proteínas estruturais serão formadas, exceto a proteína IX (Berk, 2007). 2. 6. 3. Manifestações clínicas Apesar da existência de pelo menos 51 sorotipos distintos de AdV, apenas 1/3 desses sorotipos estão associados às doenças em humanos. Além de infecções respiratórias agudas, ocorre uma variedade de outras síndromes clínicas, com destaque para ceratoconjuntivite epidêmica, conjuntivite folicular aguda e gastroenteterite aguda (Jawetz et al., 1959; Mautner et al., 1995; Stroparo et al., 2010). Os sintomas mais comuns relacionados às doenças respiratórias são congestão nasal, coriza, dor de garganta e tosse. O período de incubação pode variar de cinco a dez dias e boa parte das infecções são subclínicas. Geralmente, os sintomas respiratórios são acompanhados por sintomas sistêmicos, como febre, mal-estar, mialgia e cefaléia (Moro et al., 2009). Os AdV podem também causar infecções do trato respiratório inferior em crianças, como bronquite, bronquiolite, crupe e pneumonia (Village et al., 2003). Os sorotipos mais comuns são os Ad1-5, 7, 14, 19 e 37, os quais são endêmicos na maioria das populações (Mahony et al., 2008). 2. 7. Bocavírus 2.7.1 Classificação e aspectos gerais A primeira descrição do HBoV ocorreu em 2005, na Suécia, quando pesquisadores investigavam amostras de aspirado de nasofaringe de crianças com infecção respiratória aguda por meio de seqüenciamento genômico, cuja análise filogenética revelou tratar-se de um novo parvovírus (Allander et al., 2005). Em função da proximidade genética com o parvovírus bovino e o parvovírus canino, fato esse que deu origem ao nome bocavírus, o HBoV foi classificado como membro da família Parvoviridae, subfamília Parvovirinae e gênero Bocavirus (McIntosh, 2006). 39 2. 7. 2. Características morfológicas e estruturais Os parvovírus estão entre os menores vírus conhecidos, medindo de 18 a 26 nm de diâmetro. Como todos os membros dessa família, o HBoV é um vírus de DNA simples fita, não-envelopado. Esse genoma, que fica protegido por um capsídeo icosaédrico, possui um tamanho que varia de 4000 a 6000 nucleotídeos (Allander et al., 2005). O DNA completo contém três ORFs: (i) uma na extremidade 5’, codifica uma proteína não-estrutural denominada NS1; (ii) a próxima ORF, exclusiva dos HBoV, codifica outra proteína não-estrutural NP1 e; (iii) na extremidade 3’, codifica duas proteínas estruturais constituintes do capsídeo viral (VP1 e VP2) (Schildgen et al., 2008). A função da proteína NS1 ainda é desconhecida, mas especula-se que ela desempenhe um papel importante durante a replicação viral (Zhi et al., 2006). A proteína NP1 é ausente nos demais parvovírus e sua função também é desconhecida (Allander et al., 2005). Nota-se que as regiões mais conservadas do HBoV são os genes das proteínas NS1 e NP1, enquanto que os genes para VP1 e VP2 apresentam maior heterogeneidade gênica, e em função disso são preferidos nas análises filogenéticas do vírus (Gurda et al., 2010) (Figura 10). Figura 10: Organização do DNA do HBoV. Destaque para as proteínas não-estruturais NS1 (1920 nucleotídeos), NP1 (660 nucleotídeos) e as proteínas estruturais VP1/VP2 (2016 nucleotídeos). Adaptado de Allander et al., (2005). 2. 7. 3. Manifestações clínicas Aparentemente, doença respiratória obstrutiva parece ser a principal apresentação clínica da infecção pelo HBoV (Allander, 2008). Os pacientes podem desenvolver BVA (Chung et al., 2006, Allander et al., 2007), crupe 40 (Rihkanen et al., 2008), tosse, rinorréia e febre (Allander, 2008; Calvo et al., 2008). Os sintomas observados persistem entre uma a duas semanas. Os diagnósticos clínicos mais comuns dos pacientes positivos para HBoV, com ou sem co-infecção, são: infecções do trato respiratório superior, bronquiolite, pneumonia, bronquite e exacerbação aguda de asma (Schildgen et al., 2008). Outros estudos relataram a incidência de HBoV em pacientes com otite média e sintomas gastrintestinais (Manning et al., 2006; Albuquerque et al., 2007). 2. 8. Influenza vírus A e B 2.8.1 Classificação e aspectos gerais Os vírus da influenza, ou vírus da gripe, estão classificados na família Orthomyxoviridae, gêneros Influenzavirus A, B e C, diferenciados com base na estrutura da proteína de matriz (M) e da nucleoproteína (NP). Possuem genoma de RNA de fita simples, polaridade negativa e segmentado. Os Flu A e Flu B possuem genomas divididos em oito segmentos, enquanto que os vírus influenza C apresentam sete segmentos (Palese, 2007). Sua primeira descrição em seres humanos foi em 1933 (Smith et al., 1933). Essas amostras foram classificadas no gênero A, tendo sido detectado, em 1940, um novo vírus da influenza, classificado como gênero B (Francis , 1940). Nove anos mais tarde, foi encontrado outro vírus da influenza, classificado, então, no gênero C (Taylor, 1949; Francis et al., 1953). São responsáveis por infecções respiratórias agudas, de caráter epidêmico, principalmente em países de clima temperado. A ocorrência de epidemias anuais é devida a alta taxa de variação antigênica e mutações nos genes da hemaglutinina (HA) e neuraminidade (NA) (Kesson, 2007). Eventualmente, a epidemia ganha proporções globais. Essas pandemias são conseqüências de reestruturações (reassortment) entre os segmentos gênicos que codificam a HA e NA, denominado “antigenic shift”, que podem acontecer em casos de co-infecção com subtipos diferentes, originando um “novo” vírus. No final do século 19, suspeita-se que o subtipo Flu A H2N2 foi o responsável 41 pela pandemia entre 1889 e 1892, que teve início na Rússia e causou o óbito de aproximadamente 500 mil pessoas. A pandemia de 1918 (Flu A H1N1), conhecida como gripe espanhola, percorreu o mundo em três ondas, causando a morte de mais de 40 milhões de pessoas. Ainda no século XX, três outras pandemias ocorreram: a gripe asiática em 1957 (Flu A H2N2), de Hong Kong em 1968 (Flu A H3N2) e russa em 1977 (Flu A H1N1), resultantes do surgimento de novas linhagens pandêmicas originadas por meio da transmissão direta interespécies de subtipos de Flu A humanos e aviários. Embora o subtipo aviário Flu A H5N1, circulante entre 2003 e 2005, não tenha sido responsável por nenhuma pandemia, seus primeiros casos foram descritos em 1997, em caracter epidêmico, sendo verificados 18 casos com 6 óbitos (Subbarao et al., 1998). Desde então, devido elevada patogenicidade e facilidade de disseminação entre as aves domésticas e migratórias, uma série de medidas preventivas foram estabelecidas para conter sua disseminação e o estabelecimento de uma pandemia. A pandemia mais recente documentada pelo homem ocorreu em 2009, denominada gripe suína, que marcou o surgimento de um novo subtipo de Flu A H1N1 (pdn09), formado pela recombinação entre o subtipo suíno euroasiático (Flu A H1N1) com o subtipo suíno norte americano (Flu A H1N2), o qual já havia sofrido anteriormente uma tripla recombinação envolvendo subtipos humano (Flu A H3N2), suíno (Flu A H1N1) e aviário (Potter et al., 2011; Medina et al., 2011). Os primeiros casos foram descritos em março/abril de 2009 no México e Estados Unidos. Em junho de 2009, a OMS elevou o nível de alerta da pandemia para 6. Até 29 de janeiro de 2010, um total de 209 países notificaram casos confirmados laboratorialmente de Flu A H1N1 (pdn09), incluindo pelo menos 14.711 óbitos (WHO, 2010). Somente no Brasil, até a 47° semana epidemiológica, foram confirmados 30.055 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por algum vírus influenza, sendo que 93% tinham como agente etiológico o Flu A H1N1 (pdn09). A taxa de incidência de doentes com o subtipo pandêmico de 2009 foi de 14,5 casos para cada 100 mil habitantes, com as regiões sul e sudeste acumulando maior número de casos (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009). 42 2. 8. 1. Características morfológicas e estruturais O Flu A e B possuem envelope derivado da célula hospedeira contendo as glicoproteínas que consituem as espículas virais hemaglutinina (HA) e neuroaminidase (NA), e a proteína transmembrana M2 (Flu A) ou NB (Flu B). Na face interna do envelope, há a proteína da matriz M1 e o core viral de simetria helicoidal. O core viral, é constituído pelo complexo ribonucleoprotéico (RNP), segmentado, além das polimerases virais que são três: polimerase básica 1 (PB1), polimerase básica 2 (PB2) e polimerase ácida (PA) (Figura 11) (Palese, 2007). Todos os subtipos de Flu A e Flu B possuem genoma de RNA simples-fita, polaridade negativa e com oito segmentos, os quais codificam pelo menos 10 proteínas virais (Palese, 2007). A glicoproteína estrutural hemaglutinina HA é uma proteína trimérica, responsável pela adsorção viral aos receptores específicos na superfície celular e pela fusão do virion com a membrana da vesícula de endocitose (Wharton, 1991). A glicoproteína tetramérica neuroaminidase NA é responsável por hidrolisar resíduos de ácido siálico de qualquer glicoconjugado (Gottschalk, 1957). Envelope lipídico RNP viral Figura 11: Representação da estrutura do vírus da influenza A. Adaptado de Medina et al. (2011). Essas duas glicoproteínas apresentam uma variação antigênica muito grande, com 16 tipos de HA e nove tipos de NA reconhecidos até hoje, o que permite 43 classificar o Flu A em diferentes subtipos (Medina et al., 2011). As polimerases virais P ocorrem de três formas, uma polimerase ácida PA e duas polimerases básicas PB1 e PB2, que se complexam e formam ligação ao final de cada RNP (Murti et al., 1988). A nucleoproteína NP é a principal proteína formadora do complexo RNP, e desempenha um papel importante na relação vírus e hospedeiro (Tian et al., 1985). Localizada na parte interna do envelope viral está a proteína M1, proteína mais abundante do virion. M2 é uma proteína tetramérica integral do envelope, que atua como canal de prótons. A NS1 é uma proteína dimérica nuclear, altamente expressa nas células infectadas, com atividade de ligação às moléculas fita duplas de RNA (Hatada & Fukada, 1992). A proteína NS2 ou NEP (nuclear export protein) está associada à proteína da matriz M1, e juntas são importantes para exportar o complexo RNP viral (Neumann et al., 2000). 2. 8. 3. Manifestações clínicas A gripe é uma doença de início súbito acompanhada por febre, comumente alta, caracterizada por sintomas do trato respiratório superior que incluem tosse, dor na garganta, tosse, rinorréia e congestão nasal. Podem aparecer sintomas sistêmicos, como mialgia, cefaléia e fraqueza, que resultam em um número significativo de hospitalizações em todos os grupos etários (Thompson et al., 2004). As internações mais graves, como pneumonia viral, ou complicações que podem levar a óbito, estão mais associadas às infecções pelo vírus influenza A (Simonsen et al., 2000). Nesses casos é possível existir a infecção mista entre o Flu e bactérias, como Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae. 2. 9. Diagnóstico laboratorial das infecções pelos vírus respiratórios 2.9.1 Breve histórico Weller e Enders conseguiram realizar o primeiro isolamento de patógenos virais humanos em cultura de células (Weller & Enders, 1948). Desde então, o isolamento em cultura de célula é reconhecidamente o “padrão ouro” para diagnóstico dos diversos vírus respiratórios, devido à elevada especificidade, além de permitir a detecção de possíveis sorotipos desconhecidos ou de variantes genotípicas do vírus (Siqueira et al., 1986; John et al., 1990). A partir 44 da década de 70 observou-se a aplicação de anticorpos fluorescentes e anticorpos monoclonais, que aumentou a sensibilidade dos diagnósticos microbiológicos (Ginocchio et al., 2007). A introdução de técnicas moleculares como o desenvolvimento da Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR), descrita por Saiki et al. (1985) e principalmente por Mullis et al. (1986) ao amplificar o gene da β-globina humana, foi marcante para a obtenção de diagnósticos virológicos com maior sensibilidade e especificidade. Sendo assim, a utilização de testes baseados na amplificação do ácido nucléico aumentou significativamente as opções de diagnósticos laboratoriais a cerca dos vírus respiratórios, os quais antes ficavam limitados aos métodos convencionais (isolamento em cultura celular a partir de secreções respiratórias e testes sorológicos dos espécimes isolados). Os métodos moleculares são mais sensíveis e rápidos quando comparados aos métodos convencionais, principalmente aqueles em formato "multiplex", com os quais é possível detectar um amplo painel de patógenos respiratórios com um único teste. A aplicação de técnicas moleculares na rotina diagnóstica pode melhorar o manejo do paciente, com possibilidade de terapia antiviral, quando possível, diminuindo o uso equivocado de antimicrobianos e o tempo de estadia hospitalar, além de propiciar o isolamento de pacientes infectados. Entretanto, deve-se entender que os resultados moleculares positivos precisam ser corretamente interpretados, uma vez que, especialmente para as viroses respiratórias, tal resultado positivo pode indicar doença, infecção, excreção subclínica do agente viral ou contaminação cruzada durante a preparação dos testes. Resumindo, as viroses respiratórias podem ser diagnosticadas por meio de: Isolamento viral por meio da técnica de ovos embrionados ou através linhagens celulares diversas; métodos sorológicos como teste de inibição da hemaglutinação, inibição de hemadsorção, teste de fixação do complemento, teste de neutralização; métodos não-sorológicos como a reação de imunofluorescência direta (RIFD) e indireta (RIFI) e teste imunoenzimático (ELISA); métodos baseados na amplificação dos ácidos nucléicos como o RTPCR e suas variações, reação de amplificação baseada no ácido nucléico 45 específico (NASBA) e a amplificação circular isotérmica (LAMP). A utilização dos testes moleculares quantitativos, introduzidos ao final da década de 90 por meio da PCR em tempo real, proprocionou uma interpretação mais próxima do real tornou-se possível. (Mahony et al., 2008). Este método será descrito no item seguinte, por se tratar metodologia usada no presente estudo. 2.9.2. PCR em tempo real (rtPCR) A detecção por PCR em tempo real (rtPCR) é similar aos testes que utilizam técnicas de PCR padrão, sendo que a diferença fundamental reside no fato de que os alvos da amplificação são visualizados em tempo real. A detecção em tempo real pode ser alcançada de duas formas. A primeira baseia-se na utilização do corante fluorescente SYBR® GREEN, que se polimeriza junto às moléculas de DNA alvo à medida que estas são amplificadas. A segunda forma de detecção baseia-se na utilização de dois iniciadores e uma sonda específica TaqMan® duplamente marcada, cuja fluorescência é vizualizada durante a fase de extensão, na qual a atividade nuclease da enzima Taq polimerase cliva a sonda, permitindo a emissão do sinal fluorescente (Figura 12). Testes de rtPCR que utilizam sondas como princípio de detecção tendem a ser mais específicos, tendo em vista que há a ligação de três oligonucleotídeos ao alvo de interesse enquanto que os ensaios baseados com corante SYBR® GREEN utilizam apenas dois oligonucleotídeos (Beck & Henrickson, 2010). 46 Corante emissor Sonda Corante inibidor Taq pol. ® Figura 12: Princípio do funcionamento da sonda TaqMan . (A) Hibridização da sonda intacta com o ácido nucléico; (B) Fase de extensão da enzima Taq polimerase; (C) Clivagem da sonda em função da atividade de nuclease da enzima Taq polimerase e emissão do sinal fluorecente. Adaptado de http://www.apliedbiosystems.com/absite/us/en/home/aplications-technologies/realtime-pcr/taqman-and-sybr-green-chemistries.html?!CID=EDI-Lm4. Acesso em 21 de setembro de 2011. À medida que a reação de rtPCR ocorre, o alvo de interesse é amplificado em um termociclador de tempo real, o sinal fluorescente é emitido e captado a cada ciclo de reação. Se o sinal de fluorescência estiver acima do ponto de corte do teste (threshold), ajustado na fase exponencial da reação, as amostras são consideradas positivas para o patógeno pesquisado. Outra vantagem adicional para o rtPCR é a natureza quantitativa do teste. Para cada amostra positiva é estabelecido um valor de Ct (ciclo no qual a fluorescência emitida atravessa o threshold). Por meio do Ct é possível determinar a quantidade inicial de RNA ou DNA na amostra através de uma 47 curva padrão. Para testes qualitativos, quanto menor o Ct maior é a concentração de moléculas alvo na amostra. rtPCR está rapidamente ganhando impulso no mercado mundial e se tornando uma ferramenta cada vez mais importante para o diagnóstico de vírus respiratórios (Brittain-Long et al., 2008; Lassaunière et al., 2010). Nesse novo panorama dos diagnósticos das infecções respiratórias virais é possível destacar o rtPCR no formato “multiplex”, cujo fundamento é baseado no fato de que os termocicladores para o rtPCR são capazes de detectar simultaneamente diferentes comprimentos de onda de fluorescência. Um sinal fluorescente em qualquer uma das reações indica um resultado positivo, enquanto que a cor da fluorescência emitida na reação é utilizada para identificar o agente patogénico. O número de agentes patogénicos que podem ser detectados numa única reacção está limitado ao número de filtros fluorescentes existentes no sistema (Beck & Henrickson, 2010). Apesar da facilidade em se obter ácidos nucleicos relativamente puros a partir de amostras clínicas, tendo em vista o uso de sistemas semi-automáticos nos quais a extração do ácido nucleíco é automatizada, ocasionalmente impurezas que permanecem na reação podem inibir a amplificação do ácido nucleico. Por esta razão, é importante a incorporação de um controlo interno em cada amostra testada. O controle interno deve sempre produzir um resultado positivo considerando que a amostra foi processada corretamente. Para que um resultado negativo seja validado, o controle interno deve deve ser amplificado de acordo com os parâmetros esperados (Rosenstraus et al., 1998). Considerando a detecção dos picornavírus, os métodos baseados na amplificação dos ácidos nucléicos, como RT-PCR e NASBA, foram descritos com uma sensibilidade superior à da cultura (Gama et al., 1988; Hyypia et al., 1998; Blomqvist et al., 1999). A fim de distinguir infecções causadas por HRV e EV, são indicados testes que utilizam como alvo genes para as proteínas VP1 e VP2 (Kiang et al., 2007). PCR no formato multiplex e RT-rtPCR foram descritos com elevada sensibilidade e maior rapidez (Kares et al., 2004; Scheltinga et al., 2005). 48 Dessa forma, as técnicas moleculares têm norteado o diagnóstico dos EV associadas ao sistema respiratório, já que são mais rápidas e sensíveis que os métodos convencionais (Rotbart et al., 1991), permitindo detectar baixos níveis de sorotipos de EV cultiváveis e não-cultiváveis em indivíduos sintomáticos e assintomáticos (Nokso-Koivisto et al., 2002, Oberste et al., 2003). A maioria dos RT-PCR, utiliza primers para a região conservada não-codificadora 5’, e um segundo PCR direcionado para a amplificação dos genes VP1 e VP2 pode ser utilizada para fazer a distinção entre EV e HRV (Landry et al., 2003). Com base na biologia molecular a identificação do HPeV pode ser alcançada por meio da técnica de RT-PCR, utilizando como alvos as regiões conservadas da terminação 5’ ou a região VP1 do genoma (Arola et al., 1996; Al-Sunaidi et al., 2007), sendo que alguns estudos indicaram que a detecção dos parechovírus por meio do RT-PCR é mais sensível que a cultura (Vuorinen et al., 2003; Kares et al., 2004). Várias técnicas moleculares de RT-PCR foram descritas para o diagnósticos das HCoV, seja no formato “nested” ou em tempo real. Utilizam como alvo da amplificação os genes da polimerase viral ou do nucleocapsídeo (Adachi et al, 2004; Woo et al, 2005). Menos de cinco cópias de RNA por reação podem ser amplificados por meio do PCR em tempo real (Emery et al, 2004). Para a detecção de PIV, a primeira RT-PCR apresentou uma sensibilidade analítica de 600 cópias/ml (Fan et al., 1998). O gene para a HN se tornou o alvo mais comum nas técnicas moleculares, pois por meio desse gene foi possível elaborar testes sorotipos específicos (Bellau-Pujol et al, 2005). “Nested”, semi “nested” e PCR multiplex foram descritos, bem como mais recentemente a reação de rtPCR multiplex (Mahony et al., 2008). Vários métodos moleculares foram descritos para a detecção do VSR, demonstrando sensibilidade superior em relação à cultura (Kehl et al., 2001; Wang et al., 2009). É possível utilizar diferentes formatos de detecção baseado em RT-PCR, hibridização, seqüenciamento, PCR-ELISA e RT-PCR em tempo real (Mahony et al., 2008). Os principais genes utilizados para a amplificação por meio do RT-PCR são os da proteína de fusão, do nucleocapsídeo e da proteína L da polimerase (Weinberg et al., 2004; Lee et al., 2006). 49 Como não poderia ser diferente, os testes moleculares são de fato o método de maior sensibilidade para a detecção do hMPV (Mahony et al., 2008). Desde a descrição do primeiro RT-PCR para a detecção do hMPV (van de Hoogen et al., 2003), os principais alvos escolhidos para a amplificação são os genes da polimerase viral, da proteína da matriz, da proteína F e da nucleopreteína N. Foi descrito que o gene para a proteína P seria o alvo ideal para a amplificação, por ser uma região conservada do genoma e por permitir a genotipagem do vírus (Mackay et al., 2004). A rtPCR também é utilizada para o diagnóstico de hMPV. O ensaio em tempo real foi desenvolvido para detectar o gene N de todas as estirpes de hMPV, e constatou-se que o método possui maior sensibilidade, especificidade e velocidade que os RT-PCR convencionais (Mackay et al., 2003; Maertzdorf et al., 2004). para o AdV a maior parte dos testes moleculares utiliza como alvo da amplificação o gene da proteína hexon que evidencia o gênero dos AdV (Allard et al., 1992), enquanto que outros métodos, voltados para a amplificação dos genes da fibra viral ou genes do RNA vírus associado (RNA regulatório encontrado no citoplasma de células hospedeiras), são utilizados para a genotipagem (Ma & Mathews, 1996; Osiowy et al., 1998; Echavarria et al., 1998). Para a caracterização genotípica é possível utilizar a reação de polimorfismo de tamanho de fragmentos restrição do DNA em gel de agarose (RFLP) ou mesmo a realização da PCR com primers específicos (Wadell et al., 1980; Allard et al., 2001). O PCR em tempo real que permite a detecção de todos os 51 genotipos de AdV também foi descrito (Claas et al., 2005). As infecções por HBoV tem sido diagnosticadas por métodos moleculares, uma vez que métodos de isolamento viral, modelo animal e detecção de antígenos por anticorpos ainda estão sendo aperfeiçoados (Schildgen et al., 2008). Para fins diagnósticos, regiões mais conservadas do genoma são priorizadas, e dessa forma temos mais testes direcionados para a amplificação dos genes NS1 e NP1 (Allander et al., 2005; Schildgen et al., 2008). Para estudos filogenéticos ou de variabilidade, os genes das proteínas estruturais VP1 e VP2 são os alvos de escolha da amplificação, visto que possuem maior variabilidade (Chieochansin et al., 2007). Diversas metodologias de PCR em tempo real tem sido descritas para a detecção do HBoV, pois além de permitir 50 um certo grau de quantificação da carga viral na amostra, diminui as chances de contaminação, diminui o tempo do diagnóstico e aumenta a especificidade do ensaio (Arnold et al., 2006; Lu et al., 2006; Allander et al., 2007). Os principais testes moleculares utilizados para a detecção dos Flu incluem o RT-PCR e suas variações, NASBA e LAMP. Em um estudo, NASBA foi mais sensível que os testes de IF e isolamento viral, enquanto que o LAMP demonstrou sensibilidade equivalente ao isolamento (Moore et al., 2004). Nos casos do RT-PCR e suas variações, como o RT-PCR no formato multiplex e o RT-PCR em tempo real, são utilizados primers específicos para os genes da proteína da matriz M1, NS, HA e NA, por meio dos quais é possível detectar os diferentes gêneros dos vírus influenza e determinar o subtipo de Flu A encontrado (Ellis et al., 1997). Portanto, são diagnósticos mais rápidos e sensíveis que o método padrão de detecção dos vírus influenza (Templeton et al., 2004). 51 3. OBJETIVOS 52 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Determinar a freqüência de vírus respiratórios por meio de técnica de biologia molecular em pacientes atendidos com IRA, em uma unidade de ProntoAtendimento e uma Unidade Básica de Saúde, no período de agosto de 2007 a agosto de 2009, na cidade de Vitória, Espírito Santo, Brasil. 3.2. Objetivos Específicos 1. Aplicar para o diagnóstico virológico em casos de IRA um novo painel de “Multiplex Real Time-PCR” para detecção dos principais vírus respiratórios humanos, a saber: Flu A (sazonal), Flu A H1N1 (pdn09), Flu B e HRV, HCoV-229, HCoV-43, HCoV-63 e HCoV-HKU, PIV 1-4, hMPV A/B, VSR A/B, AdV, EV , HPeV e HboV. 2. Investigar a presença dos vírus recentemente descritos, a saber: Flu A H1N1 (pdn09), hMPV, HBoV, HCoV-63 e HCoV-HKU, em indivíduos com IRA; 3. Detectar a freqüência de infecção mista entre os vírus pesquisados neste grupo de pacientes. 53 4. MATERIAL E MÉTODOS 54 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Descrição do estudo Trata-se de um estudo de corte transversal, utilizando amostras de secreção de nasofaringe (SNF) de indivíduos arrolados entre agosto de 2007 a agosto de 2009, conservadas em freezer – 70°C. A coleta ocorr eu na Policlínica São Pedro e na Unidade de Saúde de Maruípe, de acordo com o protocolo estabelecido pela vigilância de vírus respiratórios do Ministério da Saúde, com os seguintes critérios de inclusão: indivíduos de qualquer faixa etária, procedentes de Vitória, com síndrome gripal, apresentando febre, coriza, alem de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse, mialgia, obstrução nasal, dor de cabeça, dor de garganta e dor de ouvido, com até cinco dias de início dos sintomas. A coleta na Policlínica São Pedro ficou sob a responsabilidade do Núcleo de Doenças Infecciosas (NDI) do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo e na Unidade Básica de Saúde de Maruípe, pelo Laboratório de Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo. 4.2. Coletas de dados O espécime clínico (SNF) foi obtido por meio de aspiração, utilizando sonda uretral número 6, acoplada a um equipo de infusão de soro, conectado a um aspirador manual ou de parede. A sonda foi introduzida alternadamente em ambas as narinas até a altura da nasofaringe, com movimentação constante, porém delicada, a fim de evitar sangramentos na mucosa. Após a coleta, o equipo conectado à sonda uretral contendo a amostra era acondicionado em embalagem plástica fechada e identificado, e em seguida colocado em caixa térmica refrigerada para ser transportado até o laboratório de Vírus Respiratórios do NDI (LABVIR), onde era mantido sob refrigeração a 4ºC até o seu processamento, por um período não superior às 24h. Nenhuma das amostras passou por congelamento antes do seu processamento inicial. Os dados clínicos e epidemiológicos foram obtidos por meio de uma entrevista seguindo o roteiro de uma ficha epidemiológica (Anexo 1), utilizada pelo Programa de Vigilância de Vírus Respiratórios do Ministério da Saúde. 55 4.3. Métodos Laboratoriais 4.3.1. Processamento das amostras Após avaliar se o espécime foi adequadamente coletado, transportado e armazenado, a fim de minimizar a geração de falsos positivos e negativos, os procedimentos foram realizados em Cabine de Segurança Biológica Classe 2 (NB2), de acordo com as boas práticas laboratoriais, utilizando os equipamentos de proteção individual (EPI) indicados. As amostras de SNF foram divididas em duas alíquotas destinadas para diferentes técnicas laboratoriais: reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e real time RT-PCR (RT-rtPCR). A primeira alíquota destinada à realização da RIFI foi obtida por lavagens do equipo e da sonda com tampão salino fosfato (PBS). A secreção foi homogeneizada com auxílio de uma pipeta Pasteur e o sedimento obtido por centrifugação a 600 x g por 10 minutos. O sobrenadante foi então desprezado e o sedimento contendo as células de descamação foi depositado sobre as lâminas para imunofluorescência, respeitando a marcação individual de cada um dos 10 círculos delimitados de 0,5 cm de diâmetro. Para cada amostra clínica foram feitas duas lâminas. Após a secagem das lâminas no interior da Cabine NB2, o material foi fixado em acetona PA a 4oC por 10 minutos. As lâminas previamente identificadas foram finalmente armazenadas a -70o C até o momento da realização da técnica de RIFI. A segunda alíquota destinada à análise pela técnica de realtime RT-PCR foi acondicionada, em meio de cultura MEM (minimal essential medium) de Eagle contendo agentes antimicrobianos (estreptomicina, penicilina e anfotericina B), em criotubo de fundo cônico e tampa rosqueada. Esses microtubos foram guardados a -70oC até o momento da realização das técnicas citadas (Fluxograma 1). 56 Fluxograma 1: Representação esquemática do processamento das amostras. 4.3.2. Reação de imunofluorescência indireta Para o teste da RIFI utilizou-se o Kit ‘’Respiratory panel 1 Viral Screening & Identification KitTH” (Chemicon Internectional, INC. Temecula, CA). Por meio desse Kit foram pesquisados em cada amostra clínica sete diferentes vírus: AdV, Flu A, Flu B, PIV-1-3, e VSR. Em cada círculo da lâmina de IF contendo material clínico fixado, adicionou-se uma gota da solução de anticorpo monoclonal (IgG) específico para cada um dos vírus separadamente. Em seguida as lâminas foram incubadas por 30 minutos a 37oC em câmara úmida. As lâminas foram, então, lavadas por três ciclos de 5 minutos com PBS, secadas e incubadas novamente nas mesmas condições anteriores, porém cobertas por anti-IgG de camundongo conjugado ao isotiocianato de fluoresceína. Após, foram novamente lavadas por três ciclos de 5 minutos com PBS. A montagem das lâminas para a leitura foi feita com uma gota de glicerol tamponado no meio do círculo e recoberto por uma lamínula. A leitura foi realizada em microscópio de fluorescência de epi-iluminação (Olympus Optical CO, LTDA, Tókio Japão) com aumento de 400 vezes. 57 4.3.3. Interpretação dos resultados de RIFI Todas as lâminas positivas apresentaram fluorescência de coloração verdemaçã intensa, sempre localizada no interior da célula. O padrão de coloração mais comumente identificado foi granular, porém, grandes inclusões homogeneamente coradas apareceram em alguns casos. Qualquer coloração extracelular ou fragmentos de células mostrando fluorescência foram considerados inespecíficos. Durante a leitura das lâminas foi assegurada a existência de pelo menos três células intactas por campo, visto que um número insuficiente de células por campo poderia levar a resultados falsos negativos. Uma vez identificada fluorescência característica a amostra foi considerada positiva, levando em consideração os seguintes padrões específicos de coloração: (i) Flu, fluorescência presente somente no núcleo, no citoplasma ou em ambos; (ii) PIV1-3, fluorescência citoplasmática com aspecto de grânulos finos; (iii) VSR, florescência citoplasmática, com a possibilidade de ocorrência de corpúsculos de inclusão e partículas finas fluorescentes; (iv) AdV, fluorescência variável, podendo ser nuclear e citoplasmática. Os resultados foram considerados negativos quando as lâminas apresentavam ausência de fluorescência específica e com predomínio de coloração avermelhada nas células devido à presença do corante azul de Evans no conjugado. 4.3.4. Diagnóstico virológico por Real Time PCR Esta etapa do diagnóstico viral foi realizada no Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro 4.3.4.1. Extração do Ácido Nucléico As amostras foram submetidas ao método de extração pelo kit "MagNA Pure LC Total Nucleic Acid Isolation" (ROCHE, versão 12.0), através de método automatizado por meio do “MagNA Pure LC 2.0 Instrument" (ROCHE). Esse método de extração baseia-se na propriedade de ligação de moléculas de RNA e DNA a partículas magnéticas. As partículas magnéticas de sílica (Magnetic glass particles- MGPs), estruturas de superfície vítrea e núcleo magnético, formam ligações com moléculas de DNA e RNA (Figura 13). 58 Amostra Figura 13: Ruptura celular e digestão protéica com tampão de lise e proteinase K Diagramação Ligação de ácidos nucléicos à superfície das partículas magnéticas das etapas Separação magnética do complexo ácido nucléicoMGPs de extração Remoção dos debris celulares através de lavagem dos Separação magnética do complexo ácido nucléicoMGPs espécimes. Eluição dos DNA/RNA em altas temperaturas durante a remoção das MGPs Adaptado de http://www.roche-applied-science.com/proddata/gpip/3_8_2_1_1_6.html. Acesso em 12 de janeiro de 2012. Em placas de plástico de 36 poços, 200 µL de amostra e de controle negativo foram adicionados a 300 µL de tampão de lise e ligação em seus respectivos poços, homogeneizados, e em seguida, 3 µL de controle interno positivo de vírus do mosaico do capim bromo (BMV) disponível com o kit de PCR em tempo real "FTD Respiratory Pathogens 21 plus". Uma vez finalizada, a placa de extração foi então recoberta com papel laminado e transportada para a extração automatizada via “MagNA Pure L.C 2.0” (Figuras 14 e 15). Figura 14: MagNA Pure LC 2.0 Instrument (ROCHE). Em seguida, foi necessário colocar todos os descartáveis (placas e ponteiras plásticas) exigidos pela extração automatizada no interior do equipamento, e 59 em cada um dessas placas foram adicionados os reagentes restantes para a extração (31,2 mL de Tampão de lavagem I, 15,6 ml de Tampão de lavahem II, 23,6 ml de Tampão de lavagem III, 6,3 ml de tampão de eluição, 4,2 ml de Proteinase K e 5,8 ml de Suspensão de MGPs). Figura 15: Câmera interna do “MagNA Pure LC 2.0 Instrument”. Uma vez inserida todas as amostras no programa, o processamento automático das amostras ocorreu com um volume final de eluição de 100 µL. 4.3.4.2. Reação de transcrição reversa, seguida de PCR em tempo real (RTrtPCR) Para a detecção molecular por meio do PCR "multiplex" em tempo real com transcrição reversa foram utilizados os kits "AgPath-ID™ One-Step RT-PCR" (Ambion, cat # AM1005) e "Fast-track Diagnostics Respiratory 21 plus" (FTD 21 plus - Luxemburgo-LUX, 2010), por meio do qual se investigou os seguintes patógenos respiratórios: Flu A sazonal, Flu A H1N1 pandêmico, Flu B e HRV, HCoV63, HCoV229, HCoV43 e HCoVHKU, PIV1-4, hMPV A/B, VSR A/B, AdV, EV, HPeV, HboV, Mycoplasma pneumoniae (Mpneu), Chlamydophila pneumoniae (Cpneu), Haemophilus influenzae (HiB), Staphylococcus aureus (Saur) e Streptococcus pneumoniae (Spneu). 60 Todos os patógenos respiratórios, além do controle interno da reação (vírus bromomosáico - BMV), foram agrupados formando seis “multiplex” distintos para a detecção dos vírus: (i) Multiplex 1: Flu A, Flu B, Flu A (H1N1) e HRV; (ii) Multiplex 2: HCoV63, HCoV229, HCoV43 e HCoVHKU; (iii) Multiplex 3: PIV-2, PIV-3, PIV-4 e BMV; (iv) Multiplex 4: PIV-1, hMPV A/B, HBoV e mycoplasma pneumoniae; (v) Multiplex 5: VSR A/B, AdV, EV e HPeV; (vi) Multiplex 6: Chlamydophila pneumoniae, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza tipo B e Staphylococcus aureus. O propósito do kit "AgPath-ID™ One-Step RT-PCR" é, em uma mesma etapa de reação, obter a transcrição dos ácidos nucléicos extraídos (RNA total ou RNAm) em DNA complementar (cDNA) e a amplificação dos alvos de interesses por meio da DNA polimerase "AmpliTaq Gold®" no mesmo poço da placa de RTrtPCR. Já o kit "Fast-track Diagnostics Respiratory 21 plus" disponibiliza seis painéis diferentes de iniciadores e sondas TaqMan® específicas para os patógenos de interesse. As sequências alvos de cada patógeno estão listadas na Tabela 1. Tabela 1: Sequências alvos dos patógenos respiratórios amplificados. Patógeno Sequência alvo Flu A Gene da proteína de matriz Flu A H1N1 Segemento 6 do gene NA Flu B Segmento 8 do gene NS1/NEP PIV 2 Gene da proteína HN PIV 3 Gene da proteína HN PIV 4 Gene da proteína de fusão HCoV 43 Gene da nucleoproteína N HCoV 63 Gene da nucleoproteína N HCoV 229 Gene da nucleoproteína N HCoV HKU Gene da nucleoproteína N EV Genes do domínio IV e V HPeV Gene da região não-codificadora 5’ 61 HRV Gene da região não-codificadora 5’ VSR A Gene da proteína do nucleocapsídeo VSR B Gene da proteína do nucleocapsídeo AdV Hexon PIV 1 Gene da proteína HN hMPV A Gene da glicoprotepina de fusão hMPV B Gene da glicoprotepina de fusão Mpneu Gene da adesina P1 HBoV Gene NP1 Saur Gene da proteína cinase histidina HiB Gene BexA Spneu Gene LytA Cpneu Gene da cadeia beta da RNA polimerase Essas sondas TaqMan®, específicas para cada gene, são duplamente marcadas com uma molécula fluorescente, uma na extremidade 5’ e a segunda na extremidade 3’. A primeira etapa do ensaio consiste na desnaturação do DNA. Durante a etapa de hibridização, a sonda e os primers hibridizam-se especificamente ao alvo. Na fase de extensão, a atividade nuclease da enzima Taq polimerase cliva a sonda, permitindo a emissão do sinal fluorescente. Os detectores do equipamento são programados para a leitura de quatro emissões distintas de fluorescência: (i) sonda TaqMan® FAM (fluorescência com comprimento de onda 483/533 nm); (ii) sonda TaqMan® VIC (fluorescência com comprimento de onda 523/568 nm); (iii) sonda TaqMan® Cy5 (fluorescência com comprimento de onda 625/660 nm); (iv) sonda TaqMan® ROX (fluorescência com comprimento de onda 585/ 610 nm). As amostras positivas apresentam sinal de fluorescência emitido acima do ponto de corte do teste (threshold). Adicionalmente, os valores de Ct (ciclo no qual a fluorescência emitida atravessa o threshold) devem ser observados. Quanto menor o valor de Ct, maior a concentração de moléculas alvo na amostra. Portanto, durante as análises preliminares é necessário ajustar manualmente os parâmetros “Baseline” e “Threshold” do teste. De acordo com 62 o fabricante do kit, o “baseline” deve ser ajustado entre o 3° ciclo e o ciclo no qual se inicia a amplificação. Enquanto que o “threshold” é ajustado na fase log ou fase exponencial da amplificação (Figura 16). A curva de amplificação dos controles negativos deve estar abaixo do “threshold”. De acordo com o fabricante do kit, os controles positivos de cada patógeno devem estar amplificados, com valores de Ct menores ou iguais a 33. Já os controles positivos internos devem estar amplificados com valor de Ct igual a 30, podendo variar entre 27 atá 33, de acordo com o equipamento. A técnica foi realizada conforme descrito a seguir: em uma placa de 96 poços, 10 µL de RNA extraído foi misturado com 1 µL da transcriptase reversa (25X RT-PCR enz mix), 12,5 µL do tampão para o rRT-PCR (2X RT-PCR Buffer) e 1,5 µL do mix de primers e sondas (PP mix), configurando um volume final de 25 µL. A placa foi, então, coberta com adesivo óptico e passou por uma homogeneização e centrifugação para em seguida ser transportada para o equipamento de PCR em tempo real. Para a reação utilizou-se o termociclador ABI 7500 (Applied Biosystems®, Foster City, CA). A amplificação ocorreu nas seguintes condições: 50°C/15' (transcrição reversa) , 95°C/10' (ativação enzimática), seguidos de 40 ciclos de 95°C/8" e 60° C/34" (amplificação). A leitura da fluorescência era feita no passo de 60°C /34" de cada ciclo. De acordo com o fabricante do kit FTD 21 plus, ensaios para avaliar a especificidade foram realizados utilizando 46 patógenos distintos, entre vírus e bactérias. Nenhum vírus ou bactéria foram detectados pelos seis grupos de sondas e iniciadores do kit, exceto os patógenos relacionados no próprio kit de RT-rtPCR. Para a avaliação clínica de sensibilidade do teste foi utilizada a versão anterior do FTD 21 plus como técnica de referência. Os resultados do PCR referência e FTD 21 plus foram equivalentes, com sensibilidade e especificidade de 100%. 63 Linha do “Threshold” Valor do Ct Figura 16: Gráfico ilustrativo do ponto de corte e Ct dos testes. Adaptado de HTTP://www.appliedbiosystems.com/absite/us/en/home/applications-technologies/real-timepcr/real-time-pcr-vs-traditional-pcr.html?ICID=EDI-Lm2. Acesso em 14 de janeiro de 2012. 4.4. Análise Estatística Todas as informações foram codificadas e armazenadas anonimamente em um banco de dados criado para este fim, programa estatístico SPSS 17.01 – data entry (“Statistical Pacckage for the Social Sciences”). Foram realizadas análises exploratórias e os resultados representados em tabelas e gráficos. Os dados foram avaliados quanto à freqüência e completitude e calculadas as medidas de tendência central e dispersão. 4.5. Aspectos Éticos da Pesquisa Este estudo faz parte de um projeto anteriormente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CCS – UFES, com o registro de número CEP-093/07 e a coleta de dados foi autorizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Vitória. 4.6. Soluções e reagentes 4.6.1. Tampão fosfato: Tampão PBS (10x) pH 7,2; Solução isotônica e não tóxica, indicada para a lavagem e processamento de material coletado da nasofaringe. 64 NaCl P.A. (VETEC Química Fina - Brasil) ......................................................80g Na2HPO4 P.A. (VETEC Química Fina - Brasil) ............................................11,5g KH2PO4 P.A. (VETEC Química Fina - Brasil) ...................................................2g Água destilada q.s.p. ..............................................................................1000 mL Para a rotina a solução tampão era diluída a PBS (1x), onde 100 ml da solução mãe era diluída em Água destilada q.s.p. 1000 ml, seguida de autoclavação. 4.6.2. Solução de antimicrobianos: 4.6.2.1. Antibiótico liofilizado Penicilina/Estreptomicina: Penicilina (SIGMA Chemical CO. , St Louis - USA) ........................10.000 UI/mL Estreptomicina (SIGMA Chemical CO. , St Louis - USA) .................... 10 mg/mL PBS (1x) q.s.p. ........................................................................................... 20 mL 4.6.2.2. Antimicótico liofilizado Anfotericina B ( Cfinal : 500µg/ml): Anfotericina B (CRISTÁLIA - BRA) .................................... 50 mg (todo o frasco) PBS (1x) q.s.p. ..........................................................................................100 mL • Ao final do preparo das respectivas soluções foi realizado uma esterilização por meio de uma filtração a vácuo, utilizando micromembrana 0,22 µm, no interior de cabine de segurança biológica. • Micro-membrana de éster de celulose com poro de 0,22 µm e diâmetro de 47 mm (MILLIPORE Indústria e Comércio Ltda, São Paulo - BRA). 4.6.3. Soluções para armazenagem dos espécimes 4.6.3.1. Meio mínimo essencial (MEM) com glutamina e sem bicarbonato MEM (10x) pH = 7,2 (CULTILAB - BRA)................................................... 10,15 g NaHCO3 (VETEC - Brasil)............................................................................. 2,2 g Água Milli-Q q.s.p................................................................................... 1.000 mL 65 • A solução MEM (1x) pH = 7,2 era obtida por meio de uma alíquota de 100 mL de MEM (10x), diluída em Água Milli-Q q.s.p 1.000 mL. • Esterilização por filtração a vácuo em membrana com poros de 0,22 µm. 4.6.3.2. Soro albumina bovina (BSA) O preparo da solução de proteína fetal bovina deve ser realizado vagarosamente devido à baixa solubilidade do reagente, com agitação magnética por um período mínimo de 10 minutos. A proporção indicada entre o BSA e o solvente é de 1:10. BSA liofilizado(HyClone Laboratories, Inc. Utah - USA) ................................ 25g Água Milli-Q q.s.p...................................................................................... 250 mL 66 5. RESULTADOS 67 5. RESULTADOS Foram analisadas 162 amostras provenientes de mesmo número de pacientes com infecção respiratória aguda. As amostras estavam armazenadas em freezer a – 70ºC, no NDI – CCS – UFES, coletados entre 2007 a 2009, provenientes de três municípios da região metropolitana de Vitória, sendo a grande maioria de Vitória (Figura 17). = 159 =1 =2 Figura 17: Mapa da Região Metropolitana de Vitória. Destaque para o número de amostras coletadas por Município. Destas amostras, 79 (49%) foram de pacientes do gênero masculino, enquanto que 83 (51%) foram do gênero feminino. Quanto à faixa etária houve maior número de crianças, com uma mediana de sete anos considerando todas as amostras do projeto (Gráfico 1). Um total de 108 (66,7%) pacientes são representados por crianças com idade de 0 a 9 anos. 68 Gráfico 1: Distribuição dos pacientes de acordo com a faixa etária. As 162 amostras coletadas foram testadas por meio da RIFI e 32 (21,2%) apresentaram fluorescência positiva para os seguintes vírus: 13 Flu A (8,6%), 9 Flu B (5,9%), 2 PIV-1 (1,3%), 2 PIV-3 (1,3%) e 6 VSR (4%). Não houve amostras positivas para AdV e PIV-2 (Gráfico 2). Gráfico 2: Prevalência dos vírus respiratórios detectados por meio de RIFI. Com o RT-rtPCR foram identificadas 71 amostras positivas (43,8%), com os seguintes resultados: 8 influenza A [2 FluA H1N1 pandêmico (1,2%) e 6 FluA (3,7%)], 10 FluB (6,2%), 13 HRV (8%), 5 coronavírus [3 HCoV-43 (1,9%), 1 HCoV-63 (0,6%) e 1 HCoV-HKU (0,6%)], 3 PIV-1 (1,9%), 1 PIV-2 (0,6%), 4 PIV-3 (2,5%), 2 PIV-4 (1,2%), 5 HBoV (3,1%), 5 hMPV (3,1%), 1 AdV (0,6%), 2 EV (1,2%) e 12 VSR (7,4%). Não houve amostras positivas para o coronavirus 229 e HPeV (Gráfico 3). 69 Gráfico 3: Prevalência dos vírus respiratórios detectados por rRT-PCR. A freqüência de identificação viral por meio de RT-rtPCR de acordo com a faixa etária mostrou que a faixa etária de 0 a 2 anos de idade (37,6% da população) apresentou 2 casos positivos de Flu A H1N1 pandêmico, 2 casos de Flu A, 3 de Flu B, 8 de HRV, 2 de HCoV-43, 1 de HCoV-63, 1 HCoV-HKU, 1 de PIV-1, 3 de PIV-3, 5 de HBoV, 3 de hMPV, 1 de AdV e 8 casos positivos para VSR. Já na faixa etária de três e nove anos de idade, observou-se 1 caso positivo para Flu B, 2 casos de HRV, 1 de PIV-1, 2 de PIV-4, 2 de hMPV, 1 de EV e 4 de VSR. Enquanto que nos indivíduos com idade de 10 a 19 anos, houve 1 caso de HRV positivo, 1 de PIV-3 e 1 de EV. Nas idades de 20 a 39 anos, verificouse 4 casos positivos de Flu A, 6 positivos de Flu B, 1 positivo de PIV-1, 1 positivo de PIV-2, 1 positivo de HCoV-43. Para a faixa etária acima de 40 anos observou-se apenas 2 casos positivos de HRV (Gráfico 4). 70 Gráfico 4: Distribuição das viroses respiratórias por faixa etária. Conforme dito anteriormente, a coleta de espécime clínico foi realizada no período de agosto de 2007 a agosto de 2009, porém, de forma homogênea somente ocorreu durante o ano de 2008, no qual foram coletadas 128 amostras (79%) (Gráfico 5). Ao avaliarmos a sazonalidade viral ao longo de 2008, contatou-se que nove casos positivos (75%) de VSR ocorreram entre maio, abril e maio. Também no mesmo período foram observados 5 casos positivos (83,3%) de Flu A sazonal. Entre os meses que marcam o inverno no país, foram observados uma alta frequência de casos positivos para HRV (8 amostras positivas – 62%) e para Flu B (8 amostras positivas – 80%). Ao final do ano, entre outubro a dezembro, o agente viral mais freqüente foi o hMPV (4 casos positivos – 80%). 71 Gráfico 5: Distribuição da coleta de amostras e de agentes virais no ano de 2008. De todos pacientes acometidos por algum patógeno respiratório identificamos seis casos de infecção viral mista, todos ocorreram em crianças com até 2 anos de idade. O VSR foi o vírus mais freqüente nas coinfecções (50%). Observou-se 1 caso de VSR e FluA, 1 caso de VSR e HBoV, 1 caso de VSR e HCoV-63, 1 caso de HRV e HBoV, 1 caso de HRV e PIV-3 e 1 caso de HCoV 43 e hMPV (Tabela 2). Tabela 2: Infecção mista de vírus respiratórios. Flu A HRV HCoV HCoV PIV- HBoV hMPV VSR Flu A HRV HCoV43 HCoV63 PIV 3 HBoV hMPV VSR - 43 63 3 0 0 0 0 0 0 1 - 0 0 1 1 0 0 - 0 0 0 1 0 - 0 0 0 1 - 0 0 0 - 0 1 - 0 - 72 Foram identificados 71 (44,4%) amostras positivas para as bactérias estudadas (Gráfico 6). Não houve casos positivos para M. pneumoniae e C. pneumoniae. Gráfico 6: Freqüências de bactérias pesquisadas nas amostras clínicas. Foram constatados um total de 31 casos de infecção mista envolvendo bactérias. Desses, apenas dois casos foram positivos exclusivamente para bactérias: ambos S. aureus com S. pneumoniae. Os demais 23 casos foram de infecção mista entre bactérias e vírus, assim distribuídos: (i)S. pneumoniae ocorreu em 19 amostras, sendo 5 com HRV, 3 com VSR, 3 com FluB, 2 com PIV-1, 2 com PIV-3, 2 com hMPV, 1 com PIV-4 e 1 com EV; (ii) S. aureus em 4 amostras (1 com FluB, 1 com FluA e 2 com FluA H1N1) e; (III) H. influenzae em 1 amostras (com PIV-4). Em 5 amostras foi evidenciado infecção mista com mais de dois patógenos: FluA/VSR/HiB/Spneu; FluA/VSR/HiB; HRV/PIV3/Spneu; hMPV/Saur/Spneu e VSR/Saur/Spenu; FluA H1N1. 73 6. DISCUSSÃO 74 6. DISCUSSÃO 6.1. Aspectos Gerais do Estudo Este estudo objetivou a detecção de vírus respiratórios clássicos e emergentes em casos de doença gripal utilizando a técnica de PCR em tempo real no formato “multiplex”, cujo espectro de detecção do painel virológico contempla 23 patógenos do trato respiratório, 18 virais e cinco espécies bacterianas ("FTD Respiratory Pathogens 21 plus"). A detecção com base no kit "FTD Respiratory Pathogens 21 plus" se destaca tanto a nível nacional quanto internacional, considerando que os estudos mais recentes descrevem a detecção de vírus respiratórios com base em ensaios limitados à detecção de oito a 21 patógenos respiratórios, incluindo os bacterianos (Bellau-Pujol et al., 2005; van de Pol et al., 2006; Li et al., 2007; Brittain-Long et al., 2008; Brunstein et al., 2008; Wang et al., 2009; BrittainLong et al., 2010; Lassaunière et al., 2010; Renois et al., 2010; Bezerra et al., 2011; Chen et al., 2011; Raboni et al., 2011; Kodani et al., 2011; Sanghavi et al., 2012). A utilização de uma técnica diagnóstica com esse amplo painel de detecção viral se mostra promissora considerando as diretrizes do Sistema de Vigilância da Influenza. No Brasil, a rede de laboratórios de referência para vírus respiratórios é composta de três laboratórios credenciados junto à OMS como Centros de Referência para influenza e a utilização de uma técnica com elevada sensibilidade e especificidade, cujo painel de detecção pesquisa praticamente todos os principais vírus respiratórios humanos, corrobora com as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Portanto, com o ensaio em tempo real que simultaneamente detecta vários agentes etiológicos é possível fornecer informações mais precisas para as autoridades competentes a cerca dos principais vírus respiratórios em circulação na comunidade, e em seguida planejar políticas de saúde pública com base em dados epidemiológicos como a sazonalidade dos vírus detectados, distribuição geográfica e grupos de risco. Outros fatores que ratificam o uso do RT-rtPCR são que estes testes detectam mais vírus em comparação a técnicas como o isolamento viral ou RIFI (Kim et 75 al., 2009; Murali et al., 2009), além do fato de que o diagnóstico das viroses respiratórias com base no isolamento viral ou sorologia ora é muito lento ora apresenta baixa sensibilidade (Gunson et al., 2005). Portanto, ao utilizar RTrtPCR é possível investigar vírus convencionais, que muitas vezes não são incluídos nos diagnósticos não-moleculares, como o HRV e os vírus recém descobertos, denominados vírus emergentes, tais como HCoV-NL63, HCoVHKU1, HBoV e hMPV. Algumas das limitações da utilização do RT-rtPCR no formato “multiplex” é que a técnica depende diretamente da quantidade de fluorófores disponíveis, fato que determina o número de alvos que podem ser detectados simultaneamente, além do elevado custo dos kits que apresentam um amplo painel de detecção viral (Beck et al., 2010). Todas as normas, procedimentos e estratégias adotadas durante o presente estudo tiveram como referência as orientações do Sistema de Vigilância de Influenza estabelecidas pelo Ministério da Saúde, inclusive a folha epidemiológica padronizada. 6.2. Características Demográficas O critério de inclusão do estudo, conforme anteriormente mencionado, relacionou todos os pacientes sintomáticos para doença gripal, independente da faixa etária dos casos. Nota-se, entretanto, que mais da metade (66,7%) da população que fez parte deste estudo foi de crianças com até nove anos de idade, sendo 37,6% de zero a dois anos e 29% de três a nove anos. A maior freqüência de crianças no estudo é conseqüência do fato de que IRA são as infecções mais comuns neste grupo, ocorrendo três a oito vezes por ano em lactentes e crianças jovens, com incidência variando inversamente com a idade (Bryce et al., 2005; Rodrigues et al., 2011). Isso se justifica pelo fato das crianças serem mais suceptíveis à infecções respiratórias do que os adultos em função de características anatômicas, fisiológicas e imunológicas (Lanata, 1998). Outra faixa etária significativa no estudo foi o grupo de indivíduos de 20 a 39, correspondendo a 23,4 % dos pacientes, que representam principalmente estudantes jovens e trabalhadores. Em adultos, os vírus respiratórios são os principais agentes etiológicos de casos de pneumonia adquirida na 76 comunidade (De Roux et al., 2004). Estima-se que um adulto tem em média duas a quatro doenças respiratórias anualmente (Henrickson et al., 2004). Em países de clima temperado, pelo menos uma dessas infecções é grave o bastante para restringir a atividade do indivíduo por aproximadamente três dias (Monto et al., 1995, 2001), o que se reflete em faltas no trabalho e em instituições de ensino, e um aumento na demanda por atendimentos em postos de saúdes. 6.3. Prevalência viral A freqüência de detecção viral em IRA depende de muitos fatores, tais como critérios de seleção do paciente, gravidade da doença, época do ano e método de diagnóstico (Straliotto et al., 2002). Outra questão fundamental para a detecção de vírus respiratórios é o tipo de espécime clínico coletado (Ahluwalia et al., 1987; Barnes et al., 1989; Meerhoff et al., 2010). Nesse estudo foi escolhido o aspirado de secreção de nasofaringe como técnica de coleta. Apesar de ser desconfortável ao paciente, trata-se de um método com sensibilidade superior à coleta por meio de “swab” nasal, já que o aspirado permite a obtenção de grande quantidade de células de descamação do epitélio de nasofaringe, ideal para a pesquisa de antígenos e de ácidos nucléicos virais (Heikkinen et al., 2001; Sung et al., 2008; Spyridaki et al., 2009). Como já descrito em outros trabalhos, os testes por RIFI podem apresentar sensibilidade equivalente ao diagnóstico por isolamento de determinados vírus respiratórios (Siqueira et al., 1986; John et al., 1990). Muitos laboratórios empregam a RIFI para a detecção de vírus respiratórios, devido à velocidade e à facilidade no diagnóstico (Straliotto et al., 2002). Além disso, a RIFI permite uma rápida caracterização dos grupos virais e sub-grupos que circulam na população, especialmente para os vírus da influenza (Schmidt et al., 1982). Em nosso trabalho todas as amostras coletadas foram submetidas à técnica de RIFI utilizando o Respiratory panel 1 Viral Screening & Identification KitTM (Chemicon Internectional, INC. Temecula, CA) que identifica antígenos virais de: AdV, Flu A e B, PIV-1, 2 e 3 e VSR. No entanto, das 162 amostras testadas 77 por RIFI, em 11 destas a conclusão do resultado não foi possível devido à escassez de células fixadas às lâminas. A taxa de prevalência viral por meio do RIFI foi de 21,2%. Considerando apenas crianças com até cinco anos de idade, nossa prevalência foi de 18,4%. Relativamente inferior em comparação com outros estudos baseados nessa mesma técnica, como Straliotto et al. (2002), cujos resultados descreveram um taxa de prevalência de 36,6% em crianças menores de cinco anos de idade com IRA. Seja em pacientes em idade adulta ou infantil, a prevalência viral encontrada em nosso trabalho está de acordo com estudos que indicam que a taxa de detecção pode variar de 13 a 45% em crianças com doença respiratória, ao utilizar técnicas com base em anticorpos fluorescentes e cultivo celular (Erdman et al., 2003; Syrmis et al., 2004; Bellau-Pujol et al., 2005). Os vírus influenza foram os vírus respiratórios com maior taxa de detecção por meio de RIFI (14,5%), sendo detectados 13 espécimes positivos para Flu A e nove para Flu B. Avaliando apenas os recém nascidos e crianças com até cinco anos, a prevalência de Flu A/B foi 9,2%. Resultados semelhantes foram descritos por Costa et al. (2006), que detectaram taxa de prevalência de 9,5% de Flu A/B por meio de RIFI em crianças com até cinco anos de idade. O VSR foi o vírus mais freqüentemente encontrado após os vírus influenza por meio da RIFI (3,7%), entretanto com uma prevalência muito inferior a outros achados de estudos semelhantes, que foram de 26,2% e 26,4%, ao avaliarem crianças menores de cinco anos com IRA (Straliotto et al., 2002; Costa et al., 2006). Vale ressaltar ainda que todos os seis espécimes com fluorescência positiva para VSR foram de recém nascidos e crianças com até três anos de idade. Vários autores têm demonstrado que o VSR é o agente etiológico mais freqüente de infecções respiratórias agudas em crianças menores de cindo anos de idade (Cintra et al., 2001; Bosso et al., 2003; Moura et al., 2003). Considerando então apenas crianças com até cinco anos, a prevalência para o VSR foi de 6% em nosso estudo. Checon et al. (2002) demonstraram uma maior prevalência de VSR especialmente em recém nascidos (60%), ao avaliar IRA em crianças menores de cinco anos, encontrando uma associação significativa entre o diagnósticos 78 de BVA com a infecção por VSR. Conforme já amplamente difundido na literatura, o VSR é o principal agente etiológico da BVA (Panitch et al., 2001; Straliotto et al., 2002; Henrickson et al., 2004), sendo esta a infecção mais comum que acomete o trato respiratório inferior em lactente, evoluindo a partir de quadros de síndrome gripal (Ngai & Bye, 2002). Um total de 2,6% de PIV foi encontrada neste estudo, sendo de 1,3% para cada PIV-1 e PIV-3, enquanto que nenhuma amostra apresentou fluorescência positiva para PIV-2. De fato, o PIV-2 apresenta as menores taxas de infecção quando comparado aos PIV-1 e PIV-3, e geralmente está associado a casos de laringite (Henrickson et al., 2003; Mahony et al., 2008). Um estudo realizado em Fortaleza, no qual 3070 SNF foram testados por meio de RIFI para traçar o perfil epidemiológico das parainfluenzaviroses em pacientes de zero a 16 anos com IRA, uma prevalência relativamente baixa foi descrita para o PIV-1 (0,4%), PIV-2 (0,1%) e PIV-3 (3,2%) (Fé et al., 2008). Vieira et al. (2001) descreveram uma prevalência de 0,4% de PIV-3, ao estudarem indivíduos de zero a 15 anos, com infecção do trato respiratório inferior, por meio de RIFI e cultivo celular. No mesmo estudo, nenhum caso de PIV-1 e PIV-2 foram detectados. Já Costa et al. (2006) descreveram uma prevalência de 6,3% para as parainfluenzaviroses, ao estudarem crianças com até cinco anos em casos de IRA. Nessa mesma faixa faixa etária, nosso estudo encontrou uma prevalência de 2,2% para PIV-3, e nenhum caso de PIV-1 e PIV-2. A prevalência de PIV-3 na faixa etária infantil está de acordo com outros estudos (Shetty et al., 2003; Weinberg et al., 2006). De fato a utilização de somente RIFI para a detecção de PIV contribui para a baixa prevalência do agente viral, uma vez que estudos com base em cultivo celular e RT-PCR ostentam maiores prevalências (13%) (Legg et al., 2005; Cabello et al., 2006). Também não foi identificada nenhuma amostra positiva para AdV por meio da RIFI. A detecção de antigenos virais é útil para a maioria dos vírus respiratórios, porém esta metodologia apresenta baixa sensibilidade para o diagnóstico de AdV (Stroparo et al., 2010). Luiz et al. (2010), ao realizarem a caracterização molecular de AdV em crianças menores de cinco anos com IRA em Minas Gerais, descreveram uma prevalência de 3% para o AdV com base na RIFI. Um estudo anterior, realizado em Curitiba para avaliar a sazonalidade 79 e incidência de vírus em casos de IRA em indivíduos de todas as idades, descreveu uma prevalência para o AdV de 2,2%, sendo que o método de detecção utilizada foi a RIFI e cultivo celular (Tsuchiya et al., 2005). A elevada taxa de amostras negativas encontradas com RIFI (78,8%) foi um achado relevante em relação à detecção viral. Ao concentrar nosso estudo nos pacientes com até cinco anos, a taxa de amostras negativas foi ainda maior (81,6%). Resultado semelhante também foi observado por Tsuchyia (2005) que relatou 70% de espécimes negativos ao testá-los por meio de RIFI em uma população com todas as idades. No Brasil, um estudo prospectivo para determinar a incidência de casos de IRA e identificar os vírus associados a eles com base na RIFI, realizado com crianças oriundas de uma creche em Salvador, descreveu 57,2% de amostras negativas (Souza et al., 2003). Esse elevado número de resultados negativos em pacientes sintomáticos é uma limitação intrínseca da técnica de RIFI, que além da baixa sensibilidade em comparação com PCR para determinados agentes virias, como o AdV, não apresenta anticorpos específicos para os demais vírus respiratórios humanos (Freymuth et al., 1987). Utilizando então RT-rtPCR em formato “multiplex” para a detecção de vírus respiratórios clássicos e emergentes verificamos que a taxa de detecção viral foi de 43,8%. Esta taxa é semelhante à descrita em um estudo realizado na Suécia, de 48%, que também investigou pacientes de todas as idades com IRA, por RT-rtPCR em “multiplex” para detecção de 15 patógenos respiratórios (Brittain-Long et al., 2008). A análise apenas da faixa etária de zero a cinco anos revelou uma prevalência em nosso estudo de 53,4% contrastando com os 18,4% encontrado por RIFI nesta mesma faixa etária, ou seja, um aumento superior a três vezes a capacidade de detecção de RT-rtPCR em relação ao RIFI. O uso da metodologia RT-rtPCR em nosso estudo elevou a prevalência viral total nos espécimes em 22,6% em relação à RIFI para a detecção de vírus respiratórios, o que era esperado por poder detectar um número maior de agentes infecciosos virais. Lassaunière et al. (2010), ao comparar a taxa de detecção viral de um RT-rtPCR “multiplex” com a RIFI, observaram um 80 aumento na detecção de 29,3%. Kuypers et al. (2006) apontaram uma sensibilidade ainda maior do rtPCR em comparação com a RIFI, de cerca de 40%. van de Pol et al. (2006), comparando o rtPCR com testes diagnósticos convencionais, como RIFI e isolamento em cultura celular, descreveram um aumento da taxa de detecção viral de 24% para 43% e de 3,5% para 36%, respectivamente. Das amostras positivas pelo RT-rtPCR, 47,9% corresponderam a vírus respiratórios que não foram testados pelo kit de RIFI utilizado neste estudo, tais como HRV, HCoV, hMPV, HBoV e EV. Este achado é importante para reforçar o uso de painéis virológicos que identifiquem múltiplos patógenos causadores IRA, visto que a maior parte deles não é detectada com base em reações de imunofluorescência. Conforme Kuypers (2006) ao estudar crianças com idade média de um ano de quatro meses com IRA, a detecção apenas do hMPV, ausente na RIFI, foi responsável por elevar em 30% a sensibilidade da rtPCR. No presente estudo, considerando crianças menores de cinco anos, a detecção de somente hMPV aumentou a taxa de prevalência viral de 18,4% por meio da RIFI, para 27,1% com base na detecção por RT-rtPCR. Ao considerar todas as idades, a detecção do hMPV foi responsável por elevar a prevalência de 21,2% (RIFI) para 26% (RT-rtPCR). Se ao hMPV acrescentar a detecção de HRV por RT-rtPCR, ambos ausentes no painel de detecção da RIFI, a prevalência passa para 38% em crianças com até cinco anos, enquanto que a prevalência total eleva-se para 33,9%. Isso mostra a importância de ambas as viroses em aproximadamente 20% na faixa etária pediátrica, e em 12,7% considerando todas as idades. Excluindo hMPV e HRV e somando-se os outros vírus não detectados por RIFI e detectados por RT-rtPCR no presente estudo, a prevalência passa para 38,1% em crianças até cinco anos e a prevalência total para 32,6%. Neste estudo, o RTrtPCR demonstrou então uma sensibilidade consideravelmente superior que a RIFI, especialmente para a detecção dos agentes virais na faixa etária infantil, com destaque para a participação do hMPV e HRV como agentes infecciosos do trato respiratório superior. No presente estudo foi verificada discordância de resultados entre os dois métodos de detecção envolvendo amostras positivas para Flu A e Flu B. Das 13 amostras positivas para Flu A por meio da RIFI, nove foram negativas quando testadas com RT-rtPCR. Das nove amostras positivas para Flu B através de RIFI, três foram negativas e uma foi positiva para EV ao serem testadas com o RT-rtPCR. Tal discordância pode ser explicada ao avaliarmos 81 os valores de Ct dos controles internos das amostras negativas no RT-rtPCR. Das nove amostras negativas para Flu A, apenas duas apresentaram valores de Ct do controle interno ideais. As demais sete amostras negativas apresentaram valores de Ct dos seus respectivos controles internos ligeiramente superiores que o ideal indicado pelo fabricante do kit. Portanto, a não detecção de ácido nucléico viral, apesar do uso de controle interno, em casos positivos para antígeno viral sugere que possa ter ocorrido falha durante a extração das amostras ou, ainda que improvável, deve-se considerar uma possível degradação de ácido nucléico viral. A análise das amostras discordantes para Flu B revelou que os valores de Ct dos controles internos estavam de acordo com o estabelecido pelo kit, portanto, a elucidação desses resultados conflitantes poderia ser realizada por meio do isolamento dessas amostras em cultivo celular, ou através da repetição da extração seguida por nova amplificação. A cerca dos dois casos de Flu A H1N1 (pdn09), que foram detectados por RTrtPCR e não o foram por RIFI, acredita-se que apesar do kit de RIFI contemplar anticorpos monoclonais para a detecção do subtipo Flu A H1N1(pdn09), o mesmo apresenta baixa sensibilidade para o novo subtipo pandêmico de 2009. Outra hipótese a se considerar é uma possível escassez de células nas lâminas observadas, comprometendo a visualização da fluorescência, já que houve também dois casos positivos para Flu A sazonal por RT-rtPCR que não foram detectados através de RIFI. Constatamos que a maior prevalência, com base na detecção por meio do RT-rtPCR, foi observada para o Flu (11,1%), assim como nos resultados com base no RIFI, indicando que o Flu é um importante agente viral em pacientes com IRA considerando pacientes de todas as idades, atendidos em unidades básica de saúde. Este resultado está de acordo com diversos estudos que descreveram este vírus como responsável por 2 a 24,5% das infecções respiratórias atendidas nas unidades básicas de saúde na Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, ao utilizarem diferentes metodologias de detecção viral (Arruda et al., 1991; Nascimento et al., 1991; Straliotto et al., 2002; Souza et al., 2003; Bellei et al., 2008). BrittainLong et al. (2008), ao estudarem o valor clínico de um RT-rtPCR “multiplex” para 15 patógenos respiratórios, utilizando a mesma metodologia de extração 82 de ácidos nucléicos descrita em nossa pesquisa, demonstraram também que o Flu foi o vírus respiratório com maior prevalência (26%) entre os indivíduos estudados. Neste estudo, a frequência total de Flu A H1N1 sazonal foi de 9,2% e o subtipo pandêmico de 2009 foi de 1,2%. Em Curitiba, ao longo dos meses que marcaram a circulação do Flu A H1N1 (pdn09) no Brasil, foi descrito uma prevalência de 9% do vírus Flu A sazonal e de 36% para patotipo pandêmico em pacientes hopitalizados com síndrome gripal (Raboni et al., 2011). Contudo, sabe-se que a prevalência do Flu A H1N1 (pdn09) ao sul do país ocorreu de forma singular quando comparada com outras regiões do Brasil. A baixa prevalência encontrada para o Flu A H1N1 (pdn09) é explicada ao se considerar que apenas 20% dos espécimes pesquisados no presente estudo foram coletados em 2009. Verificou-se que o HRV apresentou a segunda maior freqüência de detecção por meio do RT-rtPCR, com um total de 13 amostras, o que representa 8% da população estudada. Estudos a cerca da etiologia viral das infecções respiratórias demonstram que os HRV são os principais responsáveis pelas infecções do trato respiratório superior, incluindo resfriados comuns e casos de otite média aguda (Papadopoulos et al., 2000; Nokso-Koivisto et al., 2002, 2004; Moreira et al., 2011), além de doenças mais graves do trato respiratório inferior (McMillan et al., 1993; Papadopoulos et al., 2000). Bellei et al. (2008), ao estudarem adultos com síndrome gripal, identificou que o segundo vírus mais prevalente foi o HRV. Na ausência de epidemias de influenza, infecções por HRV representam cerca de 30-50% das doenças respiratórias anualmente (Heikkinen & Järvinen, 2003). No presente estudo, foi observado que 80% das amostras positivas para HRV foram de lactentes e crianças com até nove anos de idade, sendo que para a faixa etária de zero a cinco anos a prevalência foi de 10,9%. Moreira et al. (2011), pesquisando crianças atendidas em um ambulatório de uma creche em São Paulo, detectou uma prevalência para o HRV de 27,5 %, uma prevalência relativamente superior à nossa uma vez que o estudo foi realizado com uma população sitiada em local de aglomeração. 83 Em um estudo longitudinal realizado em Salvador-BA, o HRV foi o vírus mais freqüente (48,3%) em crianças com febre e infecção do trato respiratório inferior (Souza et al., 2003). Pitres et al. (2005) descreveram o HRV como o segundo agente mais freqüentemente detectado em secreção nasal de lactentes hospitalizados com bronquiolite viral aguda. Muito se discute a cerca do real papel dos HRV nos casos de infecção do trato respiratório inferior, tendo em vista que a detecção de HRV nesses pacientes poderia ser explicada pela persistência do vírus nas vias aéreas, sugerindo infecções sucessivas. Enquanto alguns autores adimitem uma correlação significativa dos HRV com quadros graves de BVA em lactentes (Papadoupolos et al., 2002), outros afirmam que mais estudos são necessários para elucidar essa questão, uma vez que na maior parte dos casos o HRV aparecem em infecções mistas com o VSR (Pitres et al., 2005, Berezin et al., 2006; Nascimento et al., 2010). De toda forma, a utilização de metodologias moleculares, como a descrita em nosso estudo, se mostrou eficaz na detecção das rinoviroses. Quanto à detecção do VSR, encontramos uma prevalência total de 7,4%. De forma semelhante, Raboni et al. (2011) descreveram uma prevalência de 8% para o VSR ao estudarem indivíduos de todas as faixas etárias com IRA por meio de um RT-rtPCR em “multiplex” para 14 vírus respiratórios. Foi observado que 83,3% dos casos encontrados de VSR no presente estudo foram exclusivamente em lactentes e crianças com até cinco anos de idade. Tal achado está favorecido, pelo menos parcialmente, pelo perfil populacional deste estudo, que é em sua maioria representada pela faixa etária infantil. Conforme Jhawar (2003) aproximadamente 80% dos casos de VSR são detectados no primeiro ano de vida, sendo que estes estão fortemente associados à BVA. Aos dois anos de idade, praticamente todas as crianças já foram infectadas por VSR pelo menos uma vez (Maggon et al., 2004). No Brasil, vários estudos realizados com crianças menores de cinco anos, com quadro clínico de infecção respiratória do trato inferior, especilamente BVA e pneumonia, descrevem uma prevalência para o VSR que varia de 29 a 69% (Cuevas et al., 2003; Bezerra et al., 2011; De Paulis et al., 2011; Salomão et al., 2011; Bueno et al., 2012). 84 Considerando as viroses emergentes (hMPV, HBoV, HCoV-NL63, HCoV-HKU1 e Flu A H1N1), a prevalência total foi de 8,4%. Destaca-se o fato de que todos os espécimes positivos foram de crianças com até cinco anos de idade, grupo este que apresentou uma prevalência ainda maior de 12,9%, o que leva a crer que esses novos vírus podem ter um importante papel nas faixas etárias mais jovens. Resultados semelhantes foram descritos por Albuquerque et al. (2009) ao pesquisarem a circulação no Rio de Janeiro dos vírus respiratórios emergentes - HMPV, HBoV, Cor-NL63, Cor-HKU1 e dois novos poliomavírus humanos – constatou uma prevalência de 9,2% em crianças e jovens com até 15 anos de idade entre 2006 e 2007. A taxa de ocorrência total do HBoV foi de 3,1% e, considerando crianças com até cinco anos, a taxa foi de 5,4%. A frequência de infecção por HBoV foi descrita em taxas que variaram de 3% a 19% em crianças com IRA (Lu et al., 2006; García-García et al., 2008; Kim et al., 2011; Pilger et al., 2011; ProençaModena et al., 2011). Neste sentido, Manning et al. (2006) descreveram prevalência de 8,2% para HboV em crianças em idade pré-escolar, enquanto que Pilger et al. (2011) detectaram taxas de 13,2% para o HBoV ao investigaram estes vírus em lactentes com até um ano de vida admitidos na sala de emergência pediátrica com suspeita de ITR inferior em Porto AlegreRS. Recentemente em Pernambuco, foi descrito uma significativa associação do HBoV com quadros asmáticos em crianças menores de cinco anos com IRA (Bezerra et al., 2011). De fato, Lüsebrink et al. (2009) descreveram em seu artigo de revisão que a maioria das infecções primárias por HBoV ocorre em crianças com menos de dois anos, apesar de também ocorrer em crianças mais velhas. Em nosso estudo, todas as amostras positivas para HBoV foram de lactentes com até dois anos de idade, o que mais uma vez reforça a maior freqüência da infecção na população infantil. Entretanto, a sua patogenicidade não está bem definida visto que outros vírus tem sido detectados em infecções mistas com o HboV (Longtin et al., 2008). hMPV foi encontrado neste estudo em uma prevalência total de 3,1% ou de 4,3% considerando apenas a faixa etária de zero a cinco anos. Este resultado está de acordo com outras pesquisas que indicam que a prevalência pode variar de 3,9-12% em crianças com IRA (Peiris et al., 2003; Galiano et al., 85 2004; Williams et al., 2004; Manoha et al., 2007). Um estudo realizado também em Vitória, verificou uma taxa de prevalência de 13,8% de hMPV em amostras de crianças menores de um ano com diagnóstico clínico de BVA, sendo o segundo agente mais importante na BVA após o VSR (Sant’Ana, 2007). Foi detectada uma prevalência de 1,2% para os novos vírus HCoV-NL63 e HCoV-HKU1, considerando a faixa etária até cinco anos. Na mesma faixa etária, a prevalência dos quatro HCoV juntos foi de 4,4%. Não há, até o momento, estudos que relatam a circulação dos HCoV clássicos e emergentes em pacientes com IRA no Estado do Espírito Santo. Sabe-se que o subtipo NL63 causa doença respiratórias em crianças, idosos e imunodeficientes, com uma prevalência variando de 1 a 9,3% em pacientes mais jovens (Fielding et al., 2011), enquanto que estudos de prevalência do subtipo HKU-1 indicam uma taxa de detecção de 2% a 5% em pacientes hospitalizadas com infecção respiratória aguda (Woo et al., 2005; Vabret et al., 2006; Talbot et al., 2009). Resultado semelhante ao descrito no presente estudo foi encontrado por Bezerra et al. (2011) que identificaram uma prevalência de 3,2% para os HCoV (HCoV-OC43, HCoV-HKU1, HCoV-229E e HCoV-NL63) ao estudarem crianças com até cinco anos em Recife-PE, diagnósticadas com IRA. Os HCoV-NL63 e HCoV-HKU1 foram também descritos por um estudo no Rio de Janeiro , com prevalência de 0,96% (Albuquerque et al., 2009). Uma pesquisa retrospectiva, realizada em São Paulo com espécimes coletados de crianças com até 15 anos, revelou uma prevalência de 3,6% para o HCoV-HKU1, sendo que nenhum outro coronavírus foi encontrado (Goes et al., 2011). Em São Paulo, em um caso fatal de paciente adulto internado com suspeita de Flu A H1N1 pandêmico, foi confirmada a infecção por HCoV-NL63 (Cabeça et al., 2012). Esses achados confirmam a distribuição desses novos coronavírus, pelo menos na região sudeste do país. Os demais vírus clássicos detectados (AdV, EV, PIV, HCoV-OC43), encontrados em uma prevalência total de 9,9%, representaram 20% das amostras positivas. O AdV foi a virose respiratória que menos contribui para a prevalência desse grupo, uma vez que somente um caso foi detectado (0,6%). Dessa forma, pouco se sabe ainda sobre a epidemiologia do AdV nos estado do Espírito Santo, apesar do uso de uma técnica de elevada sensibilidade 86 como o RT-rtPCR, o que sugere uma baixa circulação do vírus na capital capixaba. Foram detectados dois casos positivos para EV. Apesar da baixa prevalência na população estudada (1,2%), trata-se da primeira descrição de EV no município de Vitória, em indivíduos com IRA. No Brasil, são mais comuns estudos que descrevem a prevalência de EV em pacientes com meningite (Lamarão et al., 2005; Gomes et al., 2007). Portes et al. (1998), em um estudo longitudinal realizado no Rio de Janeiro, que isolou 45 EV de indivíduos com IRA do trato superior ou do trato inferior, descreveram que a prevalência das enteroviroses se revelou inferior à frequência dos casos positivos para Flu, AdV e VSR. Achado esse que é parcialmente semelhante ao encontrado neste estudo, exceto pelo AdV. Mais recentemente, em uma pesquisa prospectiva realizada em São Paulo, com pacientes adultos diagnosticados com IRA, foi descrita uma prevalência compatível com a encontrada no presente estudo de 1,9% para EV (Bellei et al., 2008). Embora a infecção por HCoV- OC43 seja associada a doenças respiratórias mais brandas, há relatos de IRA mais graves, como bronquiolite e pneumonia, o que apoia a necessidade de métodos rápidos e confiáveis para a detecção destas coronaviroses (Vabret et al., 2003). Vijgen et al. (2005) descreveu uma prevalência de 3,1% para o HCoV-OC43, ao estudar pacientes hospitalizados com IRA de todas as idades. Tal achado é compatível com a prevalência de HCoV-OC43 encontrada em nosso estudo de 1,9%, a qual também está de acordo com Bellei (2008), que identificou uma frequência de 2,3% de HCoVOC43 em suas amostras. As PIV apresentaram uma prevalência total de 6,2% por meio do Rt-rtPCR. Em Minas Gerais, Costa et al. (2006) descreveram uma prevalência para as PIV de 6,3% ao estudarem crianças com IRA. No presente estudo, considerando a faixa etária de zero a cinco anos, a prevalência de PIV foi ainda maior (7,7%). As PIV muitas vezes são substimadas como agentes atiológicos em casos de IRA na faixa etária infantil, porém representam a segunda causa mais comum de infecções respiratórias em crianças após RSV (Henrickson et al., 2003). Como já era esperado, a PIV-3 foi a parainfluenzavirose mais frequente, com 87 prevalência de 2,5%, seguida da PIV-1 (1,9%), PIV-4 (1,2%) e PIV-2 (0,6%). Os PIV estão relacionados com todos os tipos de doenças do trato respiratório inferior e superior, sendo que a maioria das doenças sintomáticas é causada por PIV-3 e 1, e em menores taxas pelo PIV-2 e PIV-4 (Weinberg et al., 2006). Uma frequência inferior a nossa foi descrita por Bellei et al. (2008) para PIV-1, PIV-2 e PIV-3 de 0,2%, 0,2% e 0,5%, respectivamente. É importante ressaltar que até o momento este é o primeiro estudo a descrever amostras positivas para PIV-4 em casos de IRA no Brasil. Apesar da cepa HCoV-229E ser geralmente encontrada em crianças e idosos com quadro de resfriado comum (Talbot et al., 2009), nenhuma amostra foi positiva em nosso estudo. Embora o HPeV seja frequentemente isolado de pacientes com IRA (Nix et al., 2008), não houve amostras positivas no presente estudo. 6.4. Sazonalidade As taxas de detecção viral não foram igualmente distribuídas ao longo do período do estudo. Tomando como referência as coletas realizadas ao longo de 2008, observa-se que a maior concentração das amostras ocorreu nos meses de março, abril e maio de 2008, totalizando 45 amostras (27,7%). Ao analisar a prevalência viral nesses meses, que marcam o final do verão e início do outono no país, foi possível constatar que o vírus mais frequente foi o VSR, encontrado em nove amostras, o que representa 75% das amostras positivas para o VSR em nosso estudo. Nossos achados estão de acordo com Checon et al. (2002), que ao pesquisarem a sazonalidade do VSR em crianças com até 5 anos de idade no município de Vitória-ES, constataram que 88,5% dos casos de VSR se concentraram nos meses de fevereiro, março e abril. Em centros urbanos, a maior parte das infecções por VSR geralmente ocorre durante o final do outono, primavera, com picos no inverno, dependendo do tipo de clima (Collins, 2007). Em locais de clima tropical e sub-tropical a maior prevalência do VRS está ligada ao meses mais chuvosos (Chew et al., 1998; Weber et al., 1998; Simoes, 1999; Shek & Lee, 2003; Costa et al., 2006; Bellei et al., 2008; Bezerra et al., 2011). Em outro estudo também realizado no município de Vitória, San’Ana et al. (2007) detectaram o VSR ao longo de todo o ano, porém com 88 picos de ocorrência nos meses de março de 2004 e maio e junho de 2005, coincidindo com meses de elevados índices pluviométricos na região. Também foi observado nesse mesmo estudo que o hMPV apresentou distribuição temporal que se sobrepôs à do VRS, com um discreto aumento na freqüência a medida que se reduzia o número de casos de VRS. Outros estudos indicam que a distribuição do hMPV pode se apresentar mais estendida e acompanhando os picos de ocorrência de VSR (Boivin et al., 2003; Mackay et al., 2006; Rafiefard et al., 2008). Controversamente, em nosso estudo nenhum caso de hMPV foi detectado nos meses de maior ocorrência de VRS. Entretanto, a prevalência do hMPV ao longo do ano de 2008 foi maior no último trimestre do ano, sendo que de outubro a dezembro foram detectados quatro casos de hMPV (80%). Em climas temperados, a maior parte das infecções por hMPV ocorrem entre dezembro e fevereiro (outono/inverno) (Maggi et al., 2003; van de Hoogen et al., 2003), enquanto que em regiões subtropicais, os maiores picos de incidência são observados durante a primavera e verão (Peiris et al., 2003). No mesmo período apenas um caso de VSR foi detectado no presente estudo, sugerindo mais uma vez o aumento da freqüência das metapneumoviroses à medida que decai os números de casos positivos para VSR, tal como foi destacado por Sant’Ana et al. (2007). Outros meses que apresentaram picos de ocorrência de casos de doença gripal em 2008 foram agosto, outubro e dezembro, onde as demais viroses se apresentaram de forma endêmica ao longo do ano. É importante destacar que os únicos dois casos de Flu A H1N1 (pdn09) foram detectados em agosto de 2009. Outras pesquisas realizadas no Brasil que identificaram o Flu A H1N1 (pdn09) ao longo do mesmo ano (Watanabe et al., 2011; Raboni et al., 2011). O primeiro caso confirmado do subtipo pandêmico de Flu A de 2009, surgiu em abril e rapidamente se espalhou pelo mundo. No Brasil, o primeira descrição ocorreu na 27° epidemi ológica (maio de 2009), com pico de incidência em junho e uma redução de 99% em dezembro (Ministério da Saúde, 2009). 89 Em Vitória, ao analisar o padrão sazonal das influenzaviroses, constatou-se que 83% dos casos positivos para Flu A sazonal se concentraram no início do outono, enquanto que 80% das amostras positivas para Flu B foram coletadas entre o final do inverno e meados da primavera, durante o ano de 2008, o que sugere que as influenzaviroses A e B co-circularam durante 2008, porém de forma alternada. Conforme Neto et al. (2003), as doenças respiratórias causadas pelos vírus da influenza atingem pico máximo no inverno, inclusive no Brasil, mas também podem ser observadas durante todo o ano, indicando circulação constante. Em países de clima temperado, as infecções por HRV ocorrem durante todo o ano, com picos no início do outono e fim da primavera. Já nos países do hemisfério sul com clima tropical, a maior incidência de rinoviroses ocorre nos meses mais frios (Couceiro & Albuquerque, 2008). Neste estudo, observou-se que 92,3% das rinoviroses foram distribuídas ao longo dos meses mais frios do ano , entre abril a agosto de 2008, sendo que mais da metado dos casos (62%) ocorreram durante o inverno. Achado semelhante foi descrito por Bellei et al. (2008), que indicou uma maior prevalência de rinoviroses nos meses do outono ao longo de 2001 e 2003. Em Curitiba, também foi destacada a maior circulação de HRV no inverno (Tsuchiya et al., 2005; Raboni et al., 2011). A análise das sazonalidades do HBoV bem como das PIV 1-4, também indicou um maior frequência de detecção entre o outono e inverno de 2008. E pelo menos uma coronavirose foi detectada ao longo de cada estação do ano em 2008, sugerindo que a sazonalidade de HCoV ocorre de maneira constante no município de Vitória, entretanto, um estudo longitudinal com maior número de amostra seria necessário para esclarecer a sazonalidade das coronaviroses na região. 6.5. Infecções virais mistas Neste estudo, observou-se apenas seis casos de infecção mista envolvendo exclusivamente vírus respiratórios, com uma prevalência relativamente baixa (3,7%). Outros estudos, com base em rtPCR, descreveram taxas que variaram de 5 a 10% independente da faixa etária dos pacientes (Wallace et al., 2004; Laguna-Torres et al., 2009). Sanghavi et al. (2012) descreveram uma taxa de 90 infecção mista de 10,4% ao avaliar pacientes adultos e crianças com IRA por meio de RT-rtPCR para a detecção de 11 vírus respiratórios, sendo que o agente viral mais comum entre elas foi o VSR. No presente estudo, considerando apenas crianças menores de cinco anos, a prevalência de infecções mistas foi de 6,5%, sendo que o vírus mais freqüente nessas co-detecções também foi o VSR. Greensill et al. (2003), ao avaliar crianças internadas com bronquiolite causada por VSR, descreveram que 70% dos casos era de infecção mista com hMPV, sugerindo uma maior gravidade nesses casos uma vez que esses pacientes estavam sob ventilação mecânica. Contraditoriamente, uma menor gravidade em casos de co-infecção por RSV e hMPV em crianças hospitalizadas foi descrita, uma vez que os pacientes que apresentavam monoinfecção por VSR prolongaram o período de internação e apresentaram quadros mais graves de hipóxia (Canducci et al., 2008). Em nosso estudo, não foram detectados nenhum casos de infecção mista envolvendo o VSR e o hMPV. Apesar da detecção comum do VSR nas infecções mistas, achados recentes revelam que a gravidade da doença na monoinfecção ou infecção mista com VSR é a mesma. De Paulis et al. (2011), em estudo realizado em São Paulo, apontaram uma taxa de infecção mista com VSR de 31% em crianças hospitalizadas com até dois anos de idade. Bezerra et al. (2011) descreveram uma taxa de co-detecção de 39,6% em crianças menores de cinco anos com IRA, sendo VSR e também AdV, HBoV e HRV os vírus mais comuns. Deve-se ter em mente que vírus respiratórios detectados por ensaios altamente sensíveis podem refletir infecção assintomática em vez de ser a causa da doença presente, principalmente em casos de infecção viral mista. Até certo ponto, a probabilidade de que um patógeno seja o agente etiológico deve ser relacionada com o valor de Ct da reação, considerando que menores valores de Ct sugerem maior probabilidade de que o agente detectado seja o causador da doença (Brittain-Long et al., 2008). 91 7. CONCLUSÕES 92 7. CONCLUSÕES • Este estudo afirma o relevante papel da técnica RT-rtPCR no formato multiplex, no diagnóstico de vírus respiratórios, com aumento significativo de detecção quando comparado com os resultados obtidos com a técnica de imunofluorescência indireta. • Foi verificada a circulação de vírus emergentes em pacientes com infecção do trato respiratório superior, a saber: Flu A H1N1 pandêmico, hMPV, HBoV, HCoV-NL63, e HCoV-HKU1. • Com base da detecção por RT-rtPCR, o vírus influenza foi o agente infeccioso mais prevalente nos casos de IRA (11,1%), ratificando o seu papel importante nos casos de infecção respiratória aguda do trato superior. • O HRV e VSR foram os 2° e 3° agentes virais mais detectados por meio do RT-rtPCR, respectivamente, sendo que a maior parte dos espécimes clínicos positivos de ambos os vírus ocorreram na faixa etária pediátrica. • Quanto às infecções mistas, o VSR foi o vírus mais encontrado em associações a outros agentes virais. • Quanto à sazonalidade, no ano de 2008, foi verificada uma maior ocorrência de coleta de amostras de pacientes com infecções respiratórias agudas do trato superior, durante os meses que marcam o outono na região, sendo que o principal agente etiológico detectado nesse período foi o VSR, semelhante a estudos anteriores realizados no município de Vitória-ES. 93 9. REFERÊNCIAS 94 9. REFERÊNCIAS Adachi D, Johnson G, Draker R, Ayers M, Mazzulli Y, Talbot PJ, Tellier R. Comprehensive detection and identification of human coronaviruses, including SARS-associated coronavirus, with a single RTPCR assay. J Virol Methods. 2004;122(1):29-36. Ahluwalia G, Embree J, McNicol P, Law B, Hammond GW. Comparison of nasopharyngeal aspirate and nasopharyngeal swab specimens for respiratory syncytial virus diagnosis by cell culture, indirect immunofluorescence assay, and enzyme-linked immunosorbent assay. J Clin Microbiol. 1987; 25(5):763-7. Albuquerque MC, Pena GP, Varella RB, Gallucci G, Erdman D, Santos N. Novel respiratory virus infections in children, Brazil. Emerg Infect Dis. 2009;15(5):806-8. Albuquerque MC, Rocha LN, Benati FJ, Soares CC, Maranhão AG, Ramírez ML, Erdman D, Santos N.. Human bocavirus infection in children with gastroenteritis, Brazil. Emerg Infect Dis. 2007;13(11):1756-8. 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