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ISSN: 1981-8963
DOI: 10.5205/reuol.3452-28790-4-ED.0708201302
Leite CCS, Gonçalves RL, Baptista RS et al.
A consulta de enfermagem na prevenção…
ARTIGO ORIGINAL
A CONSULTA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO
DO ÚTERO
THE NURSING CONSULTATION IN THE PREVENTION OF CERVICAL CANCER
LA CONSULTA DE ENFERMERÍA EN LA PREVENCIÓN DEL CÁNCER CERVICAL
Carla Carolina Silva Leite1, Roberta Lima Gonçalves2, Rosilene Santos Baptista3, Inacia Sátiro Xavier
França4, Isabella Medeiros de Oliveira Magalhães5, Jamilly Silva Aragão6
RESUMO
Objetivo: conhecer o perfil da clientela atendida na consulta de enfermagem da Universidade Estadual da
Paraíba quanto às queixas e fatores de risco. Método: estudo retrospectivo documental, descritivo,
exploratório, com abordagem quantitativa e delineamento transversal, realizado a partir de dados
secundários, com 146 fichas referentes aos atendimentos de janeiro de 2010 a junho de 2011. As informações
foram tabuladas no Excel e trabalhadas SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 17.0, para
armazenar e codificar os dados. Após processamento das frequências simples, minuciosa verificação da
consistência e amplitude dos dados foi aplicado o Test chi-Square. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE n. 0203.0.133.000-11. Resultados: faixa etária entre 21 a 34 anos, com
queixas de dor pélvica, corrimento e presença de fatores de risco como contraceptivos orais, multiparidade e
tabagismo. Conclusão: existe a vulnerabilidade de algumas mulheres, cabendo aos profissionais da saúde
realizar ações educativas. Descritores: Enfermagem; Exame Ginecológico; Fatores de Risco.
ABSTRACT
Objective: to know the profile of the clientele in nursing consultation from the State University of Paraíba,
regarding complaints and risk factors. Method: a retrospective-documental, descriptive, exploratory, crosssectional with quantitative approach study conducted from secondary data, with 146 records related to calls
from January 2010 to June 2011. The information was tabulated in Excel and worked in SPSS (Statistical
Package for Social Sciences), version 17.0, to store and encode the data. After the processing of simple
frequencies, thorough verification of consistency and range of the data was applied Chi-Square Test. The
research project was approved by the Ethics in Research Committee, CAAE. 0203.0.133.000-11. Results: age
between 21-34 years old with complaints of pelvic pain, secretion, and presence of risk factors such as oral
contraceptives, multiparity and smoking. Conclusion: there is a vulnerability of some women, owning to the
health professionals conduct educational activities. Descriptors: Nursing; Gynecological Examination; Risk
Factors.
RESUMEN
Objetivo: conocer el perfil de los pacientes en consulta de enfermería de la Universidad del Estado de
Paraíba, en respecto a las quejas y los factores de riesgo. Método: estudio documental retrospectivo, enfoque
cuantitativo descriptivo, exploratorio, transversal y llevado a cabo a partir de datos secundarios, con 146
expedientes relativos a las llamadas entre enero de 2010 y junio de 2011. La información fue tabulada en
Excel y trabajó SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versión 17.0, para almacenar y codificar los
datos. Después del procesamiento de frecuencias simples, y de la verificación minuciosa de la consistencia y
la variedad de los datos, se aplicó la prueba de chi-cuadrado. El proyecto de investigación fue aprobado por el
Comité de Ética en Investigación, CAAE. 0203.0.133.000-11. Resultados: la edad entre los 21 a 34 años con
quejas de dolor pélvico, flujo, y la presencia de factores de riesgo tales como los anticonceptivos orales, la
multiparidad y el tabaquismo. Conclusión: existe una vulnerabilidad de algunas mujeres, dejando a los
profesionales de salud realizaren actividades educativas. Descriptores: Enfermería; Examen Ginecológico;
Factores de Riesgo.
1
Graduanda em Enfermagem, Universidade Estadual da Paraíba/UEPB. Campina Grande (PB), Brasil. E-mail: [email protected];
Enfermeira, Professora Mestre, Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de Campina Grande/UFCG. Campina Grande (PB),
Brasil. E-mail: [email protected]; 3Enfermeira, Professora Doutora, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual da
Paraíba/UEPB. Campina Grande (PB), Brasil. E-mail: [email protected]; 4Enfermeira, Professora Doutora,
Departamento/Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Estadual da Paraíba/PPGENF/UEPB. Campina Grande (PB),
Brasil. E-mail: [email protected]; 5Graduanda em Enfermagem, Universidade Estadual da Paraíba/UEPB. Campina Grande (PB),
Brasil. E-mail: [email protected]; 6Graduanda em Enfermagem, Universidade Estadual da Paraíba/UEPB. Campina Grande (PB),
Brasil. E-mail: [email protected]
2
Português/Inglês
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A consulta de enfermagem na prevenção…
INTRODUÇÃO
O câncer de colo uterino é considerado
importante causa de morbimortalidade em
todo o mundo, sendo considerado problema
de saúde pública e representando a segunda
causa de morte feminina por neoplasia. As
mais recentes estimativas mundiais mostratam
529 mil novos casos desse câncer no ano de
2008. Sua incidência dobra em países menos
desenvolvidos ou em desenvolvimento e a
mortalidade ocorre em cerca de 85% dos
casos.1
No Brasil, os indicadores da incidência do
câncer
são
considerados
elevados,
desconsiderando os tumores de pele não
melanoma, representa à segunda ou a terceira
causa de morte feminina dependendo da
região. Na região Norte, é a neoplasia mais
incidente; nas regiões Centro-Oeste e
Nordeste ocupam a segunda posição, na região
Sudeste a terceira e na região Sul a quarta.
Assim, estimou-se para o ano de 2012 cerca de
17.540 casos novos, com um risco estimado de
17 casos para cada 100 mil mulheres.1
Este quadro epidemiológico brasileiro tem
feito com que o CCU seja considerado um
importante problema de saúde pública, tanto
por
sua
magnitude
como
por
sua
transcendência. Deste modo, esta neoplasia é
reconhecida como uma das prioridades desde
a década de 80 nas agendas políticas e áreas
técnicas em todos os níveis de governo.
Diversos programas e estratégias tem sido
implementados objetivando controlar a
incidência desta neoplasia, já que, o
conhecimento atual no meio científico já está
bem definido os fatores de risco, estágios da
doença e sua evolução.2
Dentre os fatores de risco a infecção pelo
papilomavírus humano (HPV) é tida como o
principal fator de risco para desenvolvimento
da oncogênese cervical. Outros cofatores
também estão relacionados ao aparecimento
das lesões, os extrínsecos tabagismo, uso de
hormônios, os do intrísecos como a idade,
resposta imune, predisposição genética e os
associados ao vírus como o tipo, a carga viral
e a variante.2
No que se refere à evolução desse câncer,
a mesma é considerada lenta, podendo levar
de 10 a 20 anos para que ocorra o progresso
da lesão superficial até um processo invasor,
dessa forma, apresenta lesões precursoras
denominadas
neoplasias
intraepiteliais
3
cervicais (NICs). Tais lesões podem ser
classificadas em três graus NIC 1, NIC 2 e NIC
3, de acordo com o grau de comprometimento
as células afetadas apresentam uma perda
gradual das funções celulares.2
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(8):5076-82, ago., 2013
Essa característica de evolução lenta do
câncer cérvico uterino,
permite que
programas de rastreamento com boa
cobertura e direcionado às mulheres expostas
na faixa etária de maior risco, com
periodicidade adequada e dentro dos padrões
de qualidade tenham grande impacto na
redução da morbimortalidade por esta
neoplasia. A forma preconizada para o
rastreamento é o exame Papanicolau, que é
um procedimento ofertado gratuitamente nos
serviços públicos de saúde, de baixo custo e
capaz de detectar lesões pré-malignas.4
O exame preventivo apresenta alta eficácia
quando
realizado
por
profissionais
capacitados.
Contudo,
mesmo
estando
presentes entre as ações de saúde prioritárias
os indicadores de morbimortalidade no Brasil,
permanecem elevados, por vários fatores que
englobam tanto a própria qualidade dos
profissionais que assistem as mulheres, quanto
à organização dos serviços de saúde.5
Deste modo, é necessário um olhar atento
aos profissionais e serviços de saúde
vinculados à Atenção Primária da Saúde, como
é o caso do serviço da Clínica Escola de
Enfermagem da Universidade Estadual da
Paraíba. Este serviço é conduzido pelos
docentes do Curso de Enfermagem e compõe
um cenário de práticas acadêmicas dos
componentes curriculares do curso, realizando
dentre
os
atendimentos
a
Consulta
Ginecológica de Enfermagem ao público tanto
do município de Campina Grande/PB, como de
cidades circunvizinhas.
Este tipo de atendimento caracteriza-se
pela presença dos discentes do componente
curricular Saúde da Mulher e tem como foco
uma assistência integral, pois oferta na
consulta a realização do exame clínicoginecológico e encaminhamento das mulheres
com alterações citológicas. Além disso, a
assistência
é
pautada
pelo
diálogo,
oportunizando informações sobre os fatores de
risco para o câncer de colo do útero e/ou
dúvidas que nem sempre se relacionavam com
o motivo inicial que trazem as mulheres a este
serviço.
Entretanto, observou-se no cotidiano dos
atendimentos uma carência de estudo que
avalie questões pertinentes a clientela
atendida e ao instrumento utilizado pela
Clínica Escola, podendo assim, servir de
subsídio para qualificar mais o atendimento e
contribuir para elaboração do protocolo de
atendimento direcionado à mulher. Nesta
perspectiva o objetivo deste estudo conhecer
o perfil da clientela atendida na consulta de
enfermagem da Universidade Estadual da
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A consulta de enfermagem na prevenção…
Paraíba/UEPB quanto às queixas e fatores de
risco.
MÉTODO
Estudo
retrospectivo
documental,
descritivo, exploratório, com abordagem
quantitativa e delineamento transversal,
realizado a partir de dados secundários. O
cenário foi a Clínica Escola de Enfermagem,
instituição pública vinculada a Universidade
Estadual da Paraíba, município de Campina
Grande – PB que tem aproximadamente 385
mil habitantes.6
A amostra constou de todos os prontuários
(Ficha Clínica) das mulheres atendidas neste
serviço, durante o período de janeiro de 2010
a junho de 2011. A coleta ocorreu entre os
meses de janeiro e maio de 2012 e englobou
146 fichas clínicas considerando os critérios de
seleção, que compreendiam aidade da
paciente igual ou superior a 18 anos, vida
sexualativa e com o preenchimento dos dados
relativos acoleta citológica.
O instrumento de pesquisa constituiu de um
formulário, desenvolvido a partir da ficha
utilizada no serviço, contendo questões
abertas e fechadas, dicotômicas e de múltipla
escolha. As variáveis de estudo abordaram: o
exame físico, ginecológico, os fatores de risco
e dados pessoais. Os dados foram analisados
por meio da estatística descritiva (distribuição
absoluta e percentual) apresentados nas
tabelas. Utilizou-se o software estatístico SPSS
(Statistical Package for Social Sciences),
versão 17.0 para armazenar e codificar os
dados. Após processamento das frequências
simples para cada variável, minuciosa
verificação da consistência e amplitude dos
dados foi aplicado o teste estatístico (Test
chi-Square).
Conforme os preceitos éticos vigentes
estabelecidos na Resolução 196/96, o estudo
foi registrado no Sistema Nacional de
Informação sobre Ética e Pesquisa envolvendo
Seres Humanos – SISNEP e aprovado pelo
Português/Inglês
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Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
estadual da Paraíba, CAAE 0203.0.133.00011.7
RESULTADOS
A amostra é caracterizada quanto à
ocupação 41,1% são do lar, 6,8% estudantes,
18,5% auxiliar de serviços gerais, 7,5% são
domésticas e 26,0% outras profissões. No que
se refere à residência verificou-se que 97,9%
das mulheres residem na mesma cidade da
clínica escola.
Quanto aos motivos de procura das
mulheres ao serviço, 34,9% refere que é para
a realização rotineira da prevenção do CCU,
seguido por queixas de dor pélvica e
corrimento vaginal com os percentuais de
19,2% e 24,7%, respectivamente. Ressalta-se,
entretanto, que na ficha não tem a
informação da data da última prevenção do
CCU.
Em relação aos fatores de risco observou-se
ausência de dados em relação à idade, onde
esta informação esteve ignorada em 0,7% das
fichas. Porém, dentre as preenchidas este
percentual variou de 14 a 82 anos, sendo a
idade média 31,2 anos. Considerando-se as
faixas etárias, observou-se que 7,5% eram
menores de 20 anos, 41,1% tinham entre 21-34
anos, 33,6% tinham 35-49 anos e 17,1% eram
maiores de 49 anos.
Quanto
aos
meios
contraceptivos,
verificou-se que apenas 13,7% referem o uso
do preservativo e 15,1% do anticoncepcional
hormonal. A maioria (71,2%) utiliza outros
métodos não especificados. Em relação ao
número de filhos 39,7% tiveram três ou mais e
este mesmo percentual da amostra iniciou a
atividade sexual com menos de 18 anos, sendo
que, quanto a esta informação 12,3% tem essa
informação omitida nas fichas. O tabagismo
apresenta-se em percentual discreto na
amostra com apenas 13%, no entanto, a ficha
não contempla o número de cigarros fumados
por dia.
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Tabela 1. Fatores de risco associados ao
câncer
de
colo
de
útero
(Método
contraceptivo,
multiparidade,
tabagismo,
número de parceiros e idade do primeiro
coito). Campina Grande-PB. 2012.
Método Contraceptivo
Contraceptivo oral
Preservativo
Outros/indeterminado
N° de partos
Nuliparidade
De 1 a 2 filhos
3 ou mais filhos
Número de parceiros
Até 03 parceiros
Acima de 3 parceiros
Ignorado
Idade 1º Coito
< 18 anos
> 18 anos
Ignorado
Tabagismo
Sim
Não
Ignorado
X² calculado=4,61
A tabela 2 apresenta os resultados da
prevenção do CCU que em 66,4% da amostra
tem essa informação ausente, mas quando
n=146
22
20
104
%
15,1
13,7
71,2
32
56
58
21,9
38,4
39,7
108
18
20
74
12,3
13,7
58
70
18
39,7
47,9
12,3
19
119
8
13
81,5
5,5
presentes, 26,7% apresentaram resultados
negativos para neoplasia com evidência de
processo inflamatório.
Tabela 2. Queixa principal e resultados dos exames citológicos.
Campina Grande-PB. 2012
Queixa
Dor pélvica
Corrimento
Planejamento familiar
Infecção Urinária
Prurido
Outras queixas
Ignorado
Exame citológico
Aguarda resultado
Resultado negativo para neoplasia sem inflamação
Resultado negativo apresentando inflamação
X² calculado=0,36 (p < 0,02)
DISCUSSÃO
n=146
28
36
3
4
6
18
51
%
19,2
24,7
2,1
2,7
4,1
12,3
34,9
97
10
39
66,4
6,8
26,7
em laboratório particular. Isso pode justificar
a carência de resultados nas fichas.
A ocupação embora não constitua fator de
risco, oferece a imagem da renda da mulher,
onde mais da metade da amostra exerce
atividades não remuneradas (do lar e
estudantes) ou com remuneração baixa
(domésticas e auxiliar de serviços gerais). A
baixa condição socioeconômica por outro
lado, tem associação com o CCU,8 pois, pode
impactar negativamente nas condições de vida
e dificultar diagnóstico e tratamento precoce,
diminuindo assim a chance de sobrevida.9
Deste modo, tão importante quanto à
adesão da mulher em realizar a prevenção de
CCU é que a rede de serviços esteja integrada
a fim de ofertar além do acesso, resultado
rápido e com qualidade para intervir quando
necessário.10 Neste estudo observou-se que,
por não ter a garantia de resolutividade, as
mulheres acessam apenas parcialmente o
serviço de saúde público, recorrendo ao
serviço privado para responder de maneira
satisfatória suas necessidades.
As fichas analisadas evidencia a busca pelo
serviço de mulheres residentes no mesmo
município da Clínica de Enfermagem e uma
quantidade menor das cidades vizinhas. As
duas procedências são relevantes, já que a
prevenção do CCU é ofertada na atenção
básica gratuitamente nos municípios. Segundo
relatos das mulheres no momento das
consultas realizadas por uma das autoras
desta pesquisa, por várias vezes em função do
atraso na entrega deste exame pelo serviço
público, as mulheres realizavam apenas a
coleta, levando o material para análise clínica
Esse distanciamento das mulheres com a
Clínica de Enfermagem após a coleta da
prevenção do CCU resulta em uma lacuna do
acompanhamento.
Observa-se
que
as
mulheres frequentadoras deste serviço, não
compreendem a necessidade de seguir
rastreamento organizado para o CCU, no qual
engloba a realização deste exame e pelos
resultados determinar a periodicidade de
realização e a faixa etária prioritária.10 Esta
postura de abandono do serviço das mulheres
pode ser uma explicação para as altas taxas
apresentadas nos países em desenvolvimento,
Português/Inglês
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A consulta de enfermagem na prevenção…
tendo em vista que esse tumor com exceção
do câncer de pele não melanoma é o que
apresenta maior potencial de prevenção e
cura quando diagnosticado precocemente.1,3
Dentre as queixas evidenciadas nas fichas,
as principais foram o corrimento e a dor
pélvica. As estatísticas abordam que a
presença de fluxo vaginal anormal se
configura como uma das queixas mais
frequentes em ambulatórios de ginecologia da
atenção primária.11 A dor pélvica apresenta
inúmeras etiologias, desde psicológicas até
causas não ginecológicas devendo ser
investigada sua origem. Desta forma o
profissional pode oportunizar o momento da
coleta para a prevenção do CCU para realizar
uma avaliação completa contemplando na
consulta também a anamnese, exame físico e
cultura de secreção vaginal.2
Com relação à idade o estudo apresentou a
faixa etária de maior percentual dentro do
que prioriza o Ministério da Saúde (25 e 59
anos), resultado semelhante a estudos
realizados em Pelotas, Proto Alegre e ao Rio
de Janeiro11, no entanto é importante deixar
claro que o exame preventivo deve ser
realizado em todas as mulheres sexualmente
ativas.2,5 A incidência do câncer do colo do
útero manifesta-se a partir da faixa etária de
20 a 29 anos, onde as infecções pelo papiloma
vírus humano (HPV) regridem em sua maioria
espontaneamente, aumentando seu risco
rapidamente até atingir o pico etário entre 50
e 60 anos.1 Resultados semelhantes também
foram observados em pesquisa avaliando a
faixa etária de rastreamento em mulheres
atendidas nas unidades de saúde de São Paulo,
no qual, identificou que 24,3% dos casos de
lesão intraepitelial escamosa de alto grau,
diagnosticados em 2006, ocorreram em
mulheres com idade inferior ou igual há 25
anos, com destaque para as adolescentes,
sugerindo a necessidade de avaliação das
alterações cervicais entre mulheres mais
jovens, com ações educativas e preventivas
voltadas para esse grupo populacional.12
Em se tratando do contraceptivo oral
observa-se que 15,1% fazem uso. Os critérios
médicos de elegibilidade para o uso de
métodos anticoncepcionais classificam o seu
uso como uma condição em que as vantagens
de utilizar o método geralmente superam os
riscos teóricos e comprovados dos seus
malefícios.13 Entretanto quando associado a
infecções persistentes do HPV, o uso pode
aumentar o risco de carcinoma in situ e
carcinoma invasivo.14 Teste realizado com
inspeção com o ácido acético (IVA) obteve
associação estatisticamente relevante, pois
quando analisado o tempo de uso observou-se
Português/Inglês
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que a grande maioria das mulheres (83,0%)
com resultados positivos fizeram o uso de
contraceptivos por pelo menos 2 anos.15
A multiparidade evidenciada no estudo
(39,7%), também pode ser considerada um
importante co-fator para o CCU, pois favorece
a imunossupressão e a expansão fisiológica do
epitélio glandular cervical durante a gestação,
a medida que estes processos se multiplicam,
podem
ocorrer
alterações
neoplásicas.
Considera-se ainda, que a imunocompetência
celular evidenciada neste período, aumentam
as chances de transformação celulares do colo
que é recoberto externamente por epitélio
colunar, frágil a estímulos nocivos.16
Há
minoria,
porém
representativo
percentual (12,3%) da amostra apresentou
mais de três parceiros sexuais ao longo da
vida. Sabe-se que o aumento no número de
parceiros é proporcional ao aumento do risco
de desenvolver alterações cervicais, pois
aumenta o risco de exposição ao vírus do
HPV.12 No entanto, embora não contenha nas
fichas a informação sobre o estado civil, podese considerar através da análise dos
resultados, que mesmo o quantitativo maior
de 74% de a amostra ter tido até três
parceiros sexuais, não as exime do risco, caso
seus parceiros tenham tido múltiplas
parceiras.
Somando-se ainda aos fatores de risco
associados à história sexual, 39,7% das
participantes iniciaram a atividade sexual
antes dos 18 anos. Este início precoce da vida
sexual expõe a um maior número de parceiros
sexuais, ficando mais vulneráveis as infecções
por HPV, isto ocorre devido a imaturidade dos
tecidos do colo uterino.16 Outro aspecto
considerável em relação à sexarca precoce, é
que esta conduz a primeira gravidez, também
em idade precoce, evento este que
desencadeia
suscetíveis
transformações
neoplásicas
na
adolescência
pelas
transformações
celulares
uterinas
que
acompanham a gestação. Estudo realizado em
Fortaleza CE, com mulheres que iniciaram sua
vida sexual entre os 8 e 15 anos apresentaram
os maiores percentuais (51,0%) de exames
com alterações cervicais.15
Considerado um fator de risco para o
desenvolvimento do câncer do colo do útero o
tabagismo torna a mulher mais vulnerável a
esta neoplasia quanto maior o número de
cigarros fumados durante o dia. Do mesmo
modo, esse risco eleva-se sobretudo, quando o
ato de fumar é iniciado em idade precoce.1
Este hábito além de está associado a vários
tipos de neoplasia, estudos recentes mostram
que a associação do câncer do colo do útero
com o tabagismo é consistente. No Rio de
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Janeiro um estudo realizado com 40 mulheres
tabagistas ou com histórico de tabagismo que
apresentaram alterações cervicais, apontou
que em 35 das mesmas houve a relação de
associação entre o vício e as evidências
encontradas.17
O maior objetivo é rastrear lesões
precursoras do CCU causadas pelo HPV.
Estudos apontam que a infecção pelo HPV é
considerada o principal fator de risco para o
desenvolvimento de lesões intraepiteliais de
alto grau e do câncer de colo de útero.1-2,4-5
Entretanto
essa
infecção
parece
ser
insuficiente para o surgimento dessa
neoplasia, podendo outras condições estar
relacionadas, como, o tipo da carga viral,
infecções múltiplas, genética, comportamento
sexual, imunidade e infecções precursoras.34,18
Assim, é fundamental o investimento dos
profissionais da saúde em atividades
educativas e de sensibilização quanto aos
fatores de risco.18
CONCLUSÃO
Os resultados possibilitaram conhecer o
perfil das mulheres atendidas e evidenciar que
algumas estão expostas a fatores de risco, o
que reafirma a necessidade de ações de saúde
direcionadas para esse público, de acordo com
o que tem sido preconizado pelo Ministério da
Saúde, aonde qualquer contato que a mulher
venha a ter com o serviço de saúde seja
oportunizado para promover orientações sobre
prevenção do câncer de colo do útero.
Do mesmo modo, o achado mesmo que de
uma minoria das fichas coloca-nos uma
reflexão quanto à carência de informações
tanto pela ausência de preenchimento, como
também, pelo fato do instrumento utilizado
ser muito resumido e não contemplar a
mulher na sua integralidade, instigando e
motivando a elaboração de um protocolo mais
adequado a esta finalidade.Acredita-se que
com isso, o serviço poderá cumprir de maneira
mais eficaz com o acompanhamento das
mulheres atendidas, podendo impactar assim
nos indicadores de saúde relacionados a essa
neoplasia.
REFERÊNCIAS
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Nacional de Câncer - INCA. Estimativa 2012:
Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro:
INCA; 2011.
2. Ministério da Saúde (BR). Instituto
Nacional do Câncer – INCA. Ações de
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edição. Rio de Janeiro: ESDEVA; 2008.
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Submissão: 28/01/2013
Aceito: 09/05/2013
Publicado: 01/08/2013
Correspondência
Carla Carolina da Silva Leite
Rua Dr. Hamilton de Sousa Neves, 352
Bairro Novo Cruzeiro
CEP: 58415-610 Campina Grande (PB), Brasil
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