Números inteiros: alguns critérios de divisibilidade ANDRÉ FONSECA E TERESA ALMADA UNIVERSIDADE LUSÓFONA [email protected], [email protected] 36 GAZETA DE MATEMÁTICA r170 O VSURJUDPDVGR(QVLQR%iVLFR Demonstração. Comecemos por demonstrar o resultado para d!3URFXUDPRVXPQ~PHURq de tal modo que a dife- incluem vários critérios de VHMDPtQLPDHQmRQHJDWLYDLVWRpSUHWHQGHPRV rença divisibilidade de números naturais. encontrar o elemento mínimo do conjunto 1HVWHDUWLJRDSUHVHQWDPRVXPFULWpULR é um número inteiro e Como os elementos do conjunto X pertencem a , se este FRQMXQWRIRUQmRYD]LRH[LVWHRHOHPHQWRPtQLPRGHX. Como de divisibilidade para números inteiros TXHDSHVDUGRVHXQtYHOGHJHQHUDOLGDGH , então /RJR , ou seja, é um elemento do conjunto X e, portanto, o conjunto tem uma demonstração muito simples. X é não vazio. Seja r o elemento mínimo do conjunto X e seja $SUHVHQWDPRVWDPEpPXPFULWpULRGH q um número inteiro tal que , ou seja, GLYLVLELOLGDGHSRUTXHJHQHUDOL]DPRVD Demonstremos que . Se , então qualquer número primo com 10. Como *UDQGHSDUWHGRDUWLJRHVWiHVFULWDQXPD pertence a X e , FKHJDPRVDXPDFRQWUDGLomR OLQJXDJHPVLPSOHVHLQIRUPDOGHPRGR 3URYHPRV D XQLFLGDGH GRV Q~PHURV q e r QDV FRQGLo}HV referidas demonstrando que se q , q’, r e r’GHVLJQDPQ~PHURV a que possa ser lido mesmo por quem LQWHLURVYHULÀFDQGRDVFRQGLo}HV está a iniciar-se no estudo da matemática. com e com , então e PRELIMINARES Suponhamos que 0XLWDVTXHVW}HVUHODFLRQDGDVFRPRFRQFHLWRGHGLYLVLELOLGDGH HVWmR GLUHWDPHQWH OLJDGDV j SRVVLELOLGDGH GD GLYLVmR LQ- teira no conjunto . Como , tem-se . Como dos números inteiros. Começamos por ver que realmente é possível efetuar a divisão inteira em . $QWHVSRUpPUHFRUGDPRVFRPRpTXHDSUHQGHPRVQRFL- e concluímos que , ou seja, FORRDOJRULWPRGDGLYLVmR3RUH[HPSORSDUDGLYLGLUPRV $VVLP p(PKiGXDVYH]HVHVREUD3DUDGLYLGLUPRVSRU Como d pertence a SRUSHUJXQWDPRV´(PTXDQWDVYH]HVKi"µ$UHVSRVWD isto é, SHUJXQWDPRV ´(P TXDQWDV YH]HV Ki "µ ( D UHVSRVWD pHVREUDP1DYHUGDGHSHUJXQWDU´TXDQWDVYH]HVKid num número aµHTXLYDOHDSHUJXQWDU´TXDOpRQ~PHUR Pi[LPR GH d·V TXH Ki HP a"µ RX DLQGD D SHUJXQWDU pPtQLPDHQmRQHJDWLYD"µ “quando é que a diferença . . Então e, portanto, tais que com , ou seja, . H SRUWDQWR H[LVWHP q e r, únicos, , então Se . , terá de ser /RJR , com . 9HMDPRVDOJXQVH[HPSORVGDGLYLVmRLQWHLUDHP . Dizer que há “q vezes d em aµHTXLYDOHDGL]HUTXH e que qpPi[LPRLVWRpDGLIHUHQoD é mínima, ou seja, Proposição 1. Se a e d são números inteiros e d é não nulo, HQWmRH[LVWHPQ~PHURVLQWHLURVq e r, únicos, de tal modo que e Dividendo Divisor Quociente Resto -15 3 -5 0 15 -3 5 0 -21 6 -4 3 -21 -6 4 3 NÚMEROS INTEIROS: ALGUNS CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE rAndré Fonseca e Teresa Almada 37 Dados a e d números inteiros e supondo que d é diferente dos ideais na teoria da divisibilidade. de zero, dizemos que d é um divisor de a, ou que d divide a, ou Observamos que se I é um ideal de , então zero é um ele- ainda que a é divisível por d, ou até mesmo que a é um múltiplo mento de I. De facto, por IVHUQmRYD]LRH[LVWHXPHOHPHQWR de d, se o resto da divisão inteira de a por d é zero, isto é, se a em I. Da propriedade 2 resulta que H[LVWLUXPQ~PHURLQWHLURq de tal modo que de I$OpPGLVVRVHa é um elemento de I, o mesmo acontece . 9HULÀFDPRVIDFLOPHQWHTXHVHXPQ~PHURLQWHLURa é divi- sível por um produto de números inteiros não nulos, en- tão é divisível por cada um dos fatores , então e com , pois se a é um elemento de I, então, pela propriedade é um elemento de I. 2, . Com efeito, se e Proposição 2. Um subconjunto I de . No entanto, um número inteiro a ser divisível por por é um elemento QmR JDUDQWH TXH a seja divisível pelo produto é um ideal de se, e HVyVHH[LVWHXPQ~PHURLQWHLURQmRQHJDWLYRn de tal modo . que . 3RUH[HPSORpGLYLVtYHOSRUHSRUHQRHQWDQWRQmRp GLYLVtYHO SRU +i QR HQWDQWR XPD FRQGLomR TXH JDUDQWH Demonstração. Do que observámos antes decorre que os con- que um número ao ser divisível por dois números é também juntos da forma GLYLVtYHOSHORVHXSURGXWR$GHPRQVWUDomRGHVWHUHVXOWDGR um ideal de que será apresentada mais à frente, envolve os conceitos de n de tal modo que Pi[LPRGLYLVRUFRPXPGHQ~PHURVSULPRVHQWUHVLHGHQ~resultados preliminares. Ou é não vazio, pois 2. Se a pertence a e b pertence a e m pertence a , então per- , então ma pertence . tem as propriedades (1) a (3), dize- é um ideal de mamos um ideal de 'H DFRUGR FRP D SURSULHGDGH GD GHÀQLomR 5HFLSURFDPHQWHVHMDa um elemento de I e vejamos que a é um múltiplo de n. Como n é diferente de zero, pela proposiomRSRGHPRVJDUDQWLUDH[LVWrQFLDGHQ~PHURVLQWHLURVq e r de tal modo que com estas propriedades cha- , isto é, um ideal de é um subconjunto 3. Se a é um elemento de I e é um elemento de I; é um número inteiro qual- é um elemento de I. Observamos que o conjunto e , então seria DO $VVLP SURSULHGDGHVHGDGHÀQLomRGHLGHé um elemento positivo de I e, portanto, são . . Este facto evidencia o papel GAZETA DE MATEMÁTICA r170 /RJR , contrariando o facto de se ter e, portanto, é um elemento de . . Esta proposição permite mostrar que dados dois números LQWHLURVQmRDPERVQXORVH[LVWHHP RPi[LPRGLYLVRUFR- e o conjunto Um número inteiro d não nulo é divisor de um inteiro a se, e só se, a é um elemento de acontece com tem-se que 2. Se a e b são elementos de I, então , já que . Se um elemento de P. Dado que n é o elemento mínimo de P, com as propriedades: quer, então 3UHWHQGHPRV SURYDU TXH . . Como a e n são elementos de I, o mesmo 1. O conjunto I é não vazio; 38 que . $TXDOTXHUVXEFRQMXQWRGH ideais de é não vazio e os seus elementos são nú- e 3RUTXHRFRQMXQWR I de , pelo que o conjunto P GHÀQLGR SRU ou sendo n um elemento de P, n é também um elemento de I. ; . 3. Se a pertence a mos que . Supo- de ideal, qualquer múltiplo de n é um elemento de I, já que 1. O conjunto a , então meros naturais. Seja n o elemento mínimo de P e vejamos priedades: tence a . Se e seja a um elemento não nulo de I. o conjun- dos múltiplos de nWHPDVVHJXLQWHVSUR- O conjunto . Seja I um ideal de nhamos que to de todos os múltiplos de n. )DOWDPRVWUDUTXHVHI é HQWmRH[LVWHXPQ~PHURLQWHLURQmRQHJDWLYR PHURSULPR$QWHVGHRVUHFRUGDUPRVDSUHVHQWDPRVDOJXQV Se n é um número inteiro, representamos por são ideais de PXPGHVVHVQ~PHURV$QWHVSRUpPUHFRUGDPRVDGHÀQLomR GHPi[LPRGLYLVRUFRPXPGHGRLVQ~PHURVLQWHLURV Dados números inteiros a e b, não ambos nulos, um número inteiro positivo d diz-se máximo divisor comum de a e b se 1. d é divisor de a e de b, ou seja, d é divisor comum de a e b; 2. Se c é divisor de a e de b, então c é um divisor de d. Proposição 3. Se a e b são números inteiros não ambos nulos, HQWmRH[LVWHHp~QLFRRPi[LPRGLYLVRUFRPXPGHa e b. Demonstração. Consideremos o conjunto IGHÀQLGRSRU e y são números inteiros arbitrários}. 3URYHPRVTXHI é um ideal de plo, . IpQmRYD]LRSRLVSRUH[HPsão elementos de I. e Se são elementos de I, então, e é um elemento de I, e se o que prova que ideal de Étiènne Bézout (1730–1783) é um elemento de I e z é um número inteiro, então Observamos que os números inteiros x e y referidos na identi- é um elemento de I$VVLPI é um GDGHGH%p]RXWQmRVmRGHWHUPLQDGRVGHPRGR~QLFR3RUH[HPplo, mdc (4, 6) = 2 e . Como a e b são elementos de I e a e b não são ambos nulos, . (VWD LGHQWLGDGH IRL SURYDGD SHOR PDWHPiWLFR IUDQFrV HQWmRSHODSURSRVLomRH[LVWHXPQ~PHURLQWHLURSRVLWLYRd Étiènne Bézout, autor de várias obras, das quais destaca- de tal modo que mos Théorie générale des équations algebriques(VWDREUDH[LVWH 3URYHPRVTXHdpRPi[LPRGLYLVRU comum de a e b. Como a e b são elementos de , concluímos que d é um divisor comum a a e a b. Suponhamos que c é um divisor de a e de b. Então, a e b são elementos de e, como este conjunto é um ideal, todos os elementos de são elementos de é um elemento de em particular o número , , o que prova que c é um divisor de d. QD %LEOLRWHFD 1DFLRQDO GH )UDQoD H SRGH VHU FRQVXOWDGD HP http://www.bnf.fr/fr/acc/x.accueil.html 5HFRUGDPRV TXH p se diz primo se p DGPLWLU H[DWDPHQWH dois divisores positivos distintos, a saber: o número 1 e o número . 'HDFRUGRFRPDGHÀQLomRRVQ~PHURV números primos, pois Quanto à unicidade, observe-se que se d e d’ são ambos má[LPRV GLYLVRUHV FRPXQV GH a e de b HQWmR SHOD GHÀQLomR GH , 0 e 1 não são HWrPDSHQDVXPGLYLVRUSRVLWLYR enquanto qualquer número inteiro positivo é divisor de 0. 'HFRUUHGDVGHÀQLo}HVGHQ~PHURSULPRHGHPi[LPRGL- Pi[LPR GLYLVRU FRPXP SRGHPRV DÀUPDU TXH d divide d’ e visor comum que se p é um número primo e a é um número que d’ divide d. Em inteiro não divisível por p, então mdc , tem-se ou , mas como um Pi[LPRGLYLVRUFRPXPpSRUGHÀQLomRXPLQWHLURSRVLWLYR concluímos que Dois números inteiros a e b dizem-se primos entre si se mdc . . . Se a e b são números inteiros não ambos nulos, escrevemos SDUDVLJQLÀFDUTXHdpRPi[LPRGLYLVRUFRPXP Proposição 4. Sejam a, b e p números inteiros e suponhamos de a e b. que p é distinto de Corolário. Identidade de Bézout. Se a e b são números inteiros dividir b, sempre que p divida o produto ab. , de 0 e de 1. O número p é um número primo se, e só se, p dividir a ou não ambos nulos e d = mdc(a,b)HQWmRH[LVWHPQ~PHURVLQWHLros x e y tais que . Demonstração. Suponhamos que p é um número primo e ad- Demonstração. Da demonstração da proposição anterior decor- mitamos que p divide o produto ab e não divide a. Queremos re que d é um elemento do conjunto mostrar que p divide b. Como p é primo e não divide a, então e y são números inteiros arbitrários}. $VVLPSRGHPRVJDUDQWLUDH[LVWrQFLDGHQ~PHURVLQWHLURV x e y tais que 3HOD LGHQWLGDGH GH %p]RXW H[LVWHP Q~PHURV mdc inteiros tais que . Então, . NÚMEROS INTEIROS: ALGUNS CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE rAndré Fonseca e Teresa Almada 39 Como p divide o produto ab H[LVWH XP Q~PHUR LQWHLUR . Substituindo ab QD LJXDOGDGH q de tal modo que , obtemos que Critério de divisibilidade por 12. Um número inteiro é divisível por 12 se, e só se, é divisível por 3 e por 4. Critério de divisibilidade por 14. Um número inteiro é , ÀFDQGRDVVLPSURYDGRTXHp divide b. GLYLVtYHOSRUVHHVyVHpGLYLVtYHOSRUHSRU to, então p divide um dos fatores e provemos que p é um nú- divisível por 15 se, e só se, é divisível por 3 e por 5. 5HFLSURFDPHQWHVXSRQKDPRVTXHVHp divide um produ- Critério de divisibilidade por 15. Um número inteiro é mero primo. Demonstremos que se d é um divisor positivo de p, então ou . Seja d um divisor positivo de p (QWmR H[LVWH XP Q~PHro inteiro k de tal modo que . Todo o número inteiro QmRQXORpGLYLVRUGHVLSUySULR$VVLPp divide dk pelo que, . Substituindo d QD LJXDOGDGH /RJR Se k Critério de divisibilidade por 21. Um número inteiro é GLYLVtYHOSRUVHHVyVHpGLYLVtYHOSRUHSRU Se a, b e n são números inteiros e p divide d ou p divide k. Se p divide d HQWmR H[LVWH XP Q~PHUR LQWHLUR q1 de tal obtemos GLYLVtYHOSRUVHHVyVHpGLYLVtYHOSRUHSRU CONGRUÊNCIAS usando a hipótese, se tem modo que Critério de divisibilidade por 18. Um número inteiro é , ou seja, k k, ou k . Se k = 1, então , então inteira por n. Neste caso escrevemos . . 9HULÀFDPRVIDFLOPHQWHTXHVHa, b e c são números inteiros, Se p divide k H[LVWH XP Q~PHUR LQWHLUR q2 de tal modo . Substituindo k QD LJXDOGDGH que k, obtemos então 1. 5HÁH[LYLGDGH e, consequentemente, d = 1. , donde ; 2. Simetria: se ALGUNS CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE Proposição 5. Sejam a, mos que e e , então 3. Transitividade: se números inteiros e suponha- ; e , então . são números primos entre si. Tem-se que o é um divisor de a se, e só se, os números produto , dizemos que a é con- gruente com b módulo n se a e bWrPRPHVPRUHVWRQDGLYLVmR 3RUTXHDUHODomRELQiULD e são divisores de a. tem as propriedades (1) a (3), dizemos que a relação é uma relação de equivalência. Uma relação de congruência p XPD UHODomR GH HTXLYDOrQFLD Demonstração. Conforme foi observado anteriormente, se a é compatível com a operação de adição e com a operação de divisível por multiplicação. , então é divisível por e por nhamos que um número inteiro a é divisível por com por e . Supoe por primos entre si e demonstremos que a é divisível . Sejam e números inteiros x e y tais que . Tem-se , o que prova que o produto Demonstração. Suponhamos que e GAZETA DE MATEMÁTICA r170 , com . concluímos que n divide Como 5HFLSURFDPHQWHVXSRQKDPRVTXHn é um divisor de e seja q um número inteiro tal que Sejam q1, q2, Critério de divisibilidade por 6. Um número inteiro é divisível por 6 se, e só se, é divisível por 2 e por 3. . Então, a e b tem números inteiros q1, q2 e r tais que VLELOLGDGH(QXQFLDPRVDWtWXORGHH[HPSORDSHQDVDOJXQV desses critérios. . WrPRPHVPRUHVWRQDGLYLVmRLQWHLUDSRUnHSRUWDQWRH[LV- divide a. Esta proposição permite deduzir vários critérios de divi- 40 se, e só se, n é um divisor de então números inteiros tais que SHODLGHQWLGDGHGH%p]RXWH[LVWHP Como Proposição 6. Se a, b e n são números inteiros e n é positivo, e e , com números inteiros tais que , . . Suponhamos que CRITÉRIO GERAL DE DIVISIBILIDADE . Então Observamos que, dados números inteiros a e d, com d não nulo, . , então, pela unicidade do resto, obte- Como mos que , ou seja provar que a é divisível por d é mostrar que a divisão inteira de a por dpH[DWDRXVHMDTXHRUHVWRGDGLYLVmRp]HURLVWRp . . Proposição 7. Sejam a, b, c, d e n números inteiros com n positivo. Se e e . , então &RQVLGHUHPRVRQ~PHUR&RPRpVDELGRHVWHQ~PHro pode ser representado na forma [й4[й3[й2[й1[й0. Na verdade, qualquer número inteiro pode ser escrito na- Demonstração. Suponhamos que . são múltiplos de n$VVLP e Então, e quela forma. Se é a representação no sistema decimal de um número inteiro a, então é um múltiplo de n e, portanto, . 3RU RXWUR ODGR é múltiplo de n, e, portanto, 'DGRVQ~PHURVLQWHLURVQmRQHJDWLYRVi e d, com d diferente de zero, representamos por . o resto da divisão inteira de por d. Do que dissemos antes, resulta que Se a e n são números inteiros e n é positivo, representamos por . o conjunto de todos os números inteiros con- JUXHQWHVFRPa módulo n$HVWHFRQMXQWRFKDPDPRVclasse Proposição 8. Critério geral de divisibilidade. de congruência módulo n do número inteiro a, isto é, o conjunto Sejam GHWRGRVRVQ~PHURVLQWHLURVTXHWrPRPHVPRUHVWRTXHa na d números inteiros e suponhamos que d é não nulo. e Tem-se que o número a é divisível por d se, e só se, o núme- divisão inteira por n. ro inteiro Tem-se é divisível por d. se, e só se, É de notar que se a é um número inteiro, então Demonstração. O número a é divisível por d se, e só se, onde r é o resto da divisão inteira de a por n. Como os restos Mas possíveis na divisão inteira por n são os números inteiros de 0a FRQFOXtPRVTXHH[LVWHPH[DWDPHQWHn classes de FRQJUXrQFLDPyGXORn distintas. 3RU H[HPSOR DV FODVVHV GH FRQJUXrQFLD PyGXOR VmR , , , $FRPSDWLELOLGDGHGDUHODomR e . FRPDVRSHUDo}HV GHDGLomRHGHPXOWLSOLFDomRSHUPLWHGHÀQLUQRFRQMXQWRGDV FODVVHVGHFRQJUXrQFLDPyGXOR n uma operação de adição e XPDRSHUDomRGHPXOWLSOLFDomRGRVHJXLQWHPRGR $VVLP e se, e só se, 3RUH[HPSOR e, portanto, a é divisível por d se, e só se, o número inteiro e . é divisível por d. NÚMEROS INTEIROS: ALGUNS CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE rAndré Fonseca e Teresa Almada 41 Corolário 1. Critério de divisibilidade por 2. Um número in- pGLYLVtYHOSRUVHHVyVHRDOJDULVPR teiro Corolário 6. Critério de divisibilidade por 8. Um número inteiro é divisível por 8 se, e só se, o número das unidades, a0 , é um número par. Demonstração. Como então é divisível por 8. sempre que i > 0 e , e, portanto, de acordo com a proposição Demonstração. Como pre que , , e sem- , então anterior, a é divisível por 2 se, e só se, a0 é divisível por 2 ou, equivalentemente, a0 é um número par. /RJR GH DFRUGR FRP D SURSRVLomR R Q~PHUR Corolário 2. Critério de divisibilidade por 3. Um número inteiro é divisível por 3 se, e só se, o número é divisível por 3. é divisível por 8 se, e só se, o mesmo acontece com , ou seja, um número inteiro é divisível por 8 se, e só se, o número constituído pelos seus Demonstração. Como , qualquer que seja o i, então a é divisível por 3 se, e só se, WUrV~OWLPRVDOJDULVPRVpGLYLVtYHOSRU , é divisível SRU$VVLPXPQ~PHURLQWHLURpGLYLVtYHOSRUVHHVyVH Corolário 7. Critério de divisibilidade por 9. Um número DVRPDGRVVHXVDOJDULVPRVpGLYLVtYHOSRU inteiro Corolário 3. Critério de divisibilidade por 4. Um número Demonstração. O resultado decorre imediatamente da propo- inteiro sição 8 e do facto de pGLYLVtYHOSRUVHHVyVHDVRPD pGLYLVtYHOSRU é divisível por 4 se, e só se, o número qualquer que seja o . a1 a0 é divisível por 4. Demonstração. Como , e , sempre que i seja maior do que 1, então a é divisível por 4 se, e só se, pGLYLVtYHOSRU$VVLPGHDFRUGRFRP a proposição 8, é divisível por 4 se, e só se, é divisível por 4, ou seja, um número inteiro é divisível por Corolário 8. Critério de divisibilidade por 10. Um número inteiro é divisível por 10 se, e só se, . Demonstração. 2UHVXOWDGRGHFRUUHGRFULWpULRJHUDOHGRIDFWR de se ter e sempre que . 4 se, e só se, o número constituído pelos seus dois últimos DOJDULVPRVIRUGLYLVtYHOSRU CRITÉRIO DE DIVISIBILIDADE POR UM NÚMERO Corolário 4. Critério de divisibilidade por 5. Um número in- pGLYLVtYHOSRUVHHVyVHRDOJDULVPR teiro das unidades, Seja a um inteiro e suponhamos que , é zero ou cinco. Demonstração. Como tão PRIMO SUPERIOR A 5 , sempre que e , en- . Notemos que o número inteiro /RJRa é divisível por 5 se, e só se, ou /RJR XPQ~PHURLQWHLURpGLYLVtYHOSRUVHHVyVHRDOJDULVPR Proposição 9. Critério de divisibilidade por 7. Um número das unidades é 0 ou 5. inteiro Corolário 5. Critério de divisibilidade por 6. Um número teiro pGLYLVtYHOSRUVHHVyVHRDOJDULV- inteiro mo das unidades é um número par e a soma é divisí- pGLYLVtYHOSRUVHHVyVHRQ~PHURLQ- pGLYLVtYHOSRU Demonstração. Suponhamos que . Então, vel por 3. Demonstração. De acordo com a proposição 5, o número a é divisível por 6 se, e só se, é divisível por 2 e por 3. O resultado decorre dos corolários 1 e 2. 42 GAZETA DE MATEMÁTICA r170 Vejamos que pGLYLVtYHOSRU2UD número inteiro kp de tal modo que seja um múltiplo de p. Se p é um número primo superior a 5, então p não divide 10, e, portanto, p H VmR SULPRV HQWUH VL 3HOD LGHQWLGDGH GH%p]RXWH[LVWHPQ~PHURVLQWHLURVx e y de tal modo que . Então . Consideremos é um múltiplo de p. Ora, e vejamos que 3DUHFHHVWDUHQFRQWUDGRXPYDORUSRVVtYHOSDUD . Colo- FDVHQRHQWDQWRXPDTXHVWmR2VFRHÀFLHQWHVGDLGHQWLGD- o que prova que o número de de Bézout não são determinados de modo único. Como UHVROYHUHVWDTXHVWmR"$SULPHLUDLGHLDTXHQRVRFRUUHpWR- 5HFLSURFDPHQWH VXSRQKDPRV TXH . mar para valor de por p. o resto da divisão inteira de O resto é determinado de forma única. No entanto, se Então, multiplicando ambos os membros por 10, obtemos, e , será que WrP e o mesmo resto na divisão inteira por p? Vejamos que sim. O que queremos provar é que . De acor- do com a proposição 6, tudo o que teremos de mostrar é que /RJR é um múltiplo de p. 'DLJXDOGDGH decorre que LJXDOGDGH $VVLP resulta que SRGHPRVDÀUPDUTXH o que prova que $LJXDOGDGH Observamos que este critério pode ser aplicado suces- produto e da JDUDQWHTXHp divide o $VVLP FRPR p não divide 10, pela pro- VLYDPHQWH DWp REWHU XP Q~PHUR TXH VHMD IiFLO YHULÀFDU VH p posição 4, p divide a HDSOLTXHPRVRFULWpULRVXFHVVLYDPHQWHSDUDDYH- está resolvida: dado um número primo p superior a 5 e nú- P~OWLSORGH9HMDPRVXPH[HPSOR&RQVLGHUHPRVRQ~PHUR ÀFDQGRDVVLPSURYDGRTXH e WrPRPHVPRUHVWRQDGLYLVmRLQWHLUDSRUp$TXHVWmR ULJXDUPRV VH HVWH Q~PHUR p GLYLVtYHO SRU 2UD R Q~PHUR meros inteiros x e y de tal modo que 10x+py =1, tomamos SRU0DVpGLYLVtYHOSRUVHHVyVHЯ 1DWDEHODVHJXLQWHDSUHVHQWDPRVDOJXQVYDORUHVGHkp . pGLYLVtYHOSRUVHHVyVHЯ pGLYLVtYHO pGLYLVtYHOSRU'DPHVPDIRUPDpGLYLVtYHOSRUVHH VyVHRPHVPRDFRQWHFHFRPЯ &RPR , HQWmRpGLYLVtYHOSRU $QDOLVHPRVRFULWpULRGHGLYLVLELOLGDGHSRUXPQ~PHUR inteiro pGLYLVtYHOSRUVHHVyVHRPHVPRDFRQ- tece com o número inteiro $ SULPHLUD SHUJXQWDTXHQRVRFRUUHpSRUTXrRQ~PHURHQmRRXWUR" Qual é o papel do número 2 na demonstração deste critério? $QDOLVDQGRYHULÀFDPRVTXHDUD]mRSDUDVHURQ~PHURp o facto de VHU XP P~OWLSOR GH ,VWR VXJHUH TXH RFULWpULRWDOYH]SRVVDVHUJHQHUDOL]iYHODTXDOTXHUQ~PHUR primo pVXSHULRUDVHSXGHUPRVJDUDQWLUDH[LVWrQFLDGHXP para valor de kp o resto da divisão inteira de SЯ[ por p. p 10x+py=1 (nº primo) (Id de Bézout) p-x SЯ[ STU kp=r (divisão de p Яx por p) 11 12 1 13 22 22 5 36 23 16 55 26 31 33 3 NÚMEROS INTEIROS: ALGUNS CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE rAndré Fonseca e Teresa Almada 43 Proposição 10. Critério de divisibilidade por um número é divisível por p. primo superior a 5. Seja p um número primo superior a 5 e VHMDP[H\LQWHLURVWDLVTXH[py=1. Seja o resto da divi- são de pЯ[SRUp. Tem-se que um número inteiro Observamos que da análise à demonstração que acabamos de apresentar se conclui que o critério de divisibilidade é divisível por p se, e só se, o número inteiro é divisível por p. pode ser estendido a qualquer número inteiro que seja primo com 10. 9HMDPRVDOJXQVH[HPSORVGHDSOLFDomRGDSURSRVLomR Demonstração. Suponhamos que . Então, O número 155023 é divisível por 11. De facto, o valor de k 11 é 1&RQVLGHUDQGRDVHJXLQWHVHTXrQFLDGHQ~PHURV é divisível por p. Ora, Vejamos que ²= Z²=1 = 1540 Z² ² Z²=1 ²=1 =11 155023 Z²= Concluímos, uma vez que 11 é divisível por 11, que 155023 é divisível por 11. O número 96993 é divisível por 13. Neste caso, o valor de k 13 é 1&RQVLGHUDQGRDVHJXLQWHVHTXrQFLDGHQ~PHURV é um múltiplo de p, então Como é de forma mpSDUDDOJXPQ~PHURLQWHLURm$VVLP Z²= ²= Z²= Z²= Concluímos, uma vez que 13 é divisível por 13, que o mesmo DFRQWHFHFRP O número 1381675 é divisível por 17. Basta atender a que o valor de k 17 é 1 H FRQVLGHUHPRV D VHJXLQWH VHTXrQFLD GH números: o que prova que ²=5 =138142 Z²=5 ²=5 = 13804 Z²=5 Z²=5 ²=5 = 1360 Z²=5 ²=5 9HULÀFDPRVFRPR [TXHHQWmRpGLYLVtYHOSRU 5HFLSURFDPHQWHVXSRQKDPRVTXH . Então, multiplicando ambos os membros por 10, obtemos O número 136078 é divisível por 19. De facto, o valor de k 19 é 17HFRQVLGHUDQGRDVHJXLQWHVHTXrQFLDGHQ~PHURV Z² Z ²= Z = &RQFOXtPRVTXHpGLYLVtYHOSRU O número 209921 é divisível por 23. Notemos que o valor de k 23 é 16SHORTXHFRQVLGHUDQGRDVHJXLQWHVHTXrQFLDGH números: Como é um múltiplo de p, então SDUDDOJXPQ~PHURLQWHLURm. $VVLP 44 , Z²= Z ²=16 = 2001 Z²=16 =184 Dado que 184 = 8=HQWmRFRQFOXtPRVTXHpGLYLORJR GAZETA DE MATEMÁTICA r170 sível por 23. O número 236205 é divisível por 29. Notemos que o valor de k 29 é 26SHORTXHFRQVLGHUDQGRDVHJXLQWHVHTXrQFLDGH números, Z²= Z²=26= 0 236205 Z²= FRQFOXtPRVTXHpGLYLVtYHOSRU O número 218922 é divisível por 31. Neste caso, o valor de k 31 é 3&RQVLGHUDQGRDVHJXLQWHVHTXrQFLDGHQ~PHURV Z²=3 = 21886 Z²= Z =31 SRGHPRVDÀUPDUTXHpGLYLVtYHOSRU BIBLIOGRAFIA 1LYHQ,=XFNHUPDQ+0RQWJRPHU\+An Introduction to the Theory of NumbersWK(GLWLRQ:LOH\6RQV 9DQGHU:DHUGHQ%Algebra6SULQJHU9HUODJ OS AUTORES André Fonseca obteve o grau de Doutor (PhD) em Matemática, no ano de 2004, na Universidade de Leicester, Reino Unido, e efetuou um pós-doutoramento na Universidade de Chicago durante o ano 2005. Atualmente é Professor no Departamento de Matemática da Universidade Lusófona de Lisboa. Desenvolve investigação na área da Teoria de Representações. Teresa Almada tem o grau de Doutor em Matemática pela Universidade de Lisboa desde 1994. É diretora do Departamento de Matemática da Universidade Lusófona de Lisboa. Desenvolve investigação em Teoria dos Reticulados e em Álgebras da Lógica. Desde longa data que Teresa Almada se interessa por questões relacionadas com o ensino da Matemática, a que tem dedicado algum do seu tempo. NÚMEROS INTEIROS: ALGUNS CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE rAndré Fonseca e Teresa Almada 45