contaminação ambiental por microplásticos em fernando de

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DOUTORADO
113ª (CENTÉSIMA DÉCIMA TERCEIRA) DEFESA
Título: CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR MICROPLÁSTICOS
EM FERNANDO DE NORONHA, ABROLHOS E TRINDADE.
Aluna: JULIANA ASUNÇÃO IVAR DO SUL
Orientadora: Dra. Monica Ferreira da Costa
Coorientador: Dr. Gilberto Fillmann
Data da Defesa: 16 de maio de 2014.
Resumo
Recentemente, a comunidade científica especializada vem concentrando seus esforços
na identificação, caracterização e quantificação dos microplásticos, definidos pela
literatura como partículas plásticas menores que 5 milímetros. Microplásticos então
presentes na superfície dos oceanos, em praias arenosas e ambientes lamosos, desde o
Equador até os Pólos, em praias urbanas e regiões remotas do globo, e ainda
depositados em sedimentos profundos (>2.000m). Experimentos de laboratório indicam
que estas partículas plásticas podem ser ingeridas por organismos de todos os níveis da
teia trófica marinha. Poluentes orgânicos, como DDTs e PCBs, e inorgânicos presentes
na água do mar podem estar adsorvidos a estes plásticos, transportando contaminantes
químicos para diversas regiões do globo, ou sendo liberados quando no trato
gastrointestinal de vertebrados e invertebrados se ingeridos, podendo ainda ser
transportados ao longo da teia trófica marinha. Há mais de 10 anos relata-se que no
Oceano Pacífico Norte microplásticos estão presentes principalmente no centro do giro
subtropical, aparentemente influenciados por variáveis oceanográficas. Para o Oceano
Atlântico tropical, evidências sobre a presença de microplásticos existiam apenas para
as praias arenosas do Arquipélago de Fernando de Noronha (3ºS, 32º W), e para as
águas adjacentes do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Para preencher este lacuna,
microplásticos foram o foco da amostragem em três importantes ambientes insulares no
oeste do Oceano Atlântico tropical: Arquipélago de Fernando de Noronha, Arquipélago
de Abrolhos (17ºS, 38ºW) e a Ilha de Trindade (20ºS, 29ºW) em 4 expedições
científicas realizadas entre dezembro de 2011 e março de 2013. Plásticos
flutuantes foram amostrados através de arrastos planctônicos (neuston) nas áreas
marinhas adjacentes a estes ambientes. Um total de 160 arrastos foi realizado.
Em trindade, mais de 90% dos arrastos estavam contaminados por
microplásticos, identificados como fragmentos duros, fragmentos moles, paint
chips, linhas e fibras. Em Noronha e Abrolhos aproximadamente metade dos
arrastos estava contaminada. Fragmentos plásticos duros foram os tipos de itens
mais amostrados assim como em outros estudos de microplásticos em amostras
de plâncton. Entre os fragmentos, >75% tinham 5mm ou menos. A contaminação
média foi de 0,03 partículas por m3, inferior às quantidades previamente
conhecidas no Oceano Pacífico. As amostras de microplásticos depositados na
superfície do sedimento foram coletadas nas praias arenosas em cada uma das
ilhas através de quadrantes. As amostras coletadas também foram analisadas
quanto a granulometria predominante, já que estas informações ainda não eram
inexistentes para as ilhas estudadas. Em Abrolhos nenhuma partícula foi
amostrada. Fragmentos plásticos duros e esférulas plásticas foram identificados
somente em Fernando de Noronha e Trindade, sendo que o lado mais exposto à
ação de ventos e correntes superficiais predominantemente estava mais
contaminado, quando comparado ao lado relativamente mais protegido das ilhas
estudadas. Estes resultados são os primeiros indícios da contaminação do oeste
do Oceano Atlântico tropical em relação à contaminação por microsplásticos, A
presença destes microplásticos alerta para a vulnerabilidade destas ilhas e sua
biota em relação à contaminação por plásticos.
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