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25 de Dezembro de 2014
25
Dezembro
2014
SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ
Diretor: ALBERTO GERALDES BATISTA
Ano LXXXVI – N.º 4271
Autorizado pelos C.T.T.
a circular em invólucro
de plástico fechado.
Autorização
N.º D.E.
DE00192009SNC/GSCCS
PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS
2350-999 TORRES NOVAS
TAXA PAGA
Preço 0,50 • c/ IVA
Hora do milagre
Guerras. Desastres. Crimes. Os jornais
Todos os dias falam de tristezas.
Anúncios negros. Ais. Braços abertos...
Fogem crianças que não voltam mais.
Falta o pão da alegria em cada mesa.
Queima os jardins a poeira dos desertos.
Dragões de Apocalipse metem medos.
Abutres de aço, de asas contra o vento.
Fazem fugir de horrores as amplidões.
Almas em transe. Angústias de degredos.
Há ainda inferno em tanto pensamento!
Há ódio ainda em tantos corações!
Natal a 25 de Dezembro
Por que razão celebramos o Natal
do Senhor a 25 de dezembro?
Desde o século XVIII que se
generalizou, e quase recolheu
consenso, a chamada hipótese da
«história das religiões». Segundo
esta teoria, o 25 de dezembro foi
escolhido em Roma por ser a data
do solstício de Inverno no Calendário Juliano. Nessa data, o imperador romano Aureliano estabeleceu no ano 274 o «dies natalis
solis invicti», isto é, a festa do
aniversário do sol invencível,
suscitando grande adesão das
populações pagãs. Após a paz de
Constantino (ano 313), as autoridades eclesiásticas terão instituído em Roma, na mesma data de
25 de Dezembro, a celebração
litúrgica do Natal. Desse modo
Duchesne chamou a atenção para
uma explicação diferente conhecida
pela Igreja Antiga: a «teoria do
cômputo». Poucos lhe deram atenção, tão sedutora e convincente
parecia a explicação tirada da
história das religiões, em moda
nessa época. Mas trabalhos mais
recentes sobre as origens do ano
litúrgico de Thomas J. Talley, entre
outros, obrigam a reformular os
manuais dando novo crédito à
«teoria do cômputo».
Hoje, por exemplo, sabemos que os
Donatistas, no Norte de África,
celebravam o Natal a 25 de dezembro antes de 311, numa época de
perseguições em que não seria
verosímil que os cristãos abraçassem uma data promovida por
imperadores romanos pagãos e
anos. Por isso, a data da sua morte
devia coincidir com a da sua conceção. Ora, na tentativa de transpor
o dia 14 de Nisan – dia da crucifixão
e morte de Jesus – para uma data
fixa do calendário solar, os cristãos
do século II-III encontraram duas
datas, conforme as regiões do
Império: 25 de março (Palestina,
Roma, Norte de África…) ou 6 de
abril (Ásia Menor; Egito…). A partir
daqui é só fazer o «cômputo»: nove
meses após a conceção e início da
vida humana do Verbo de Deus há
que celebrar o seu Nascimento. Daí
as datas de 25 de dezembro e/ou 6
de janeiro. Por outras palavras: a
festa de Natal é uma projeção da
celebração da Páscoa! (Os biblistas
dizem-nos algo de semelhante na
exegese dos relatos da infância de
Uma manifestação religiosa e de fé
dissuadiam os seus fiéis das
celebrações pagãs e mostravam
que Jesus Cristo é o verdadeiro sol
invicto: «Sol da Justiça» anunciado
por Malaquias; «Sol Nascente»
cantado por Zacarias no «Benedictus»… As províncias orientais
do império romano seguiriam outros
calendários que fixavam o solstício
a 6 de janeiro e, por isso, escolheram
essa data para celebrar o mistério
da Incarnação. Num segundo
momento e com a comunicação
entre as Igrejas do Oriente e do
Ocidente os ocidentais acolheram
também a celebração do dia 6 de
janeiro (Epifania) e os Orientais
passaram a celebrar também a
Natividade a 25 de dezembro.
Será que as coisas se passaram
mesmo assim? No início do século
XX o grande estudioso das origens
do culto cristão que foi Louis
pouco amistosos... Pelos vistos
também nunca existiu qualquer
calendário egípcio que fixasse o
solstício de Inverno a 6 de janeiro.
Entretanto, um estudo atento das
obras de Clemente de Alexandria
permite concluir que esse ilustre
catequeta do século II, independentemente de especulações à volta
de solstícios ou equinócios, pensava que o nascimento de Cristo tinha
tido lugar no dia 6 de janeiro…
Que diz, então, essa teoria do
«cômputo» que teremos de levar
mais a sério ao tentar explicar ao
povo de Deus o motivo da escolha
dos dias 25 de dezembro/6 de
janeiro para a celebração do mistério da Incarnação? Os primeiros
cristãos pensavam que Jesus – e
do mesmo modo outras grandes
figuras da história da salvação –
viveu na terra um número exato de
Mateus e Lucas…)
Esta «nova» – melhor dito: revalorizada – explicação da escolha do
dia 25 de dezembro para a nossa
celebração do Natal de Jesus não
significa que tenhamos de ignorar
o natural influxo da coincidência de
calendário com os festivais pagãos
do solstício tanto na promoção
pastoral da festa como nas temáticas da pregação e da eucologia.
Os cristãos não vivem fora do
mundo ou num mundo à parte. Mas
há uma conclusão interessante a
tirar: celebrar o Natal de Jesus a 25
de dezembro foi na origem – e talvez
deva voltar a ser – mais uma questão
de fé do que uma «manifestação
religiosa». É tempo – quem sabe se
a famigerada «crise» não poderá
ajudar? – de nos convertermos de
um Natal demasiado pagão a um
Natal mais cristão...
A vida sabe a esponjas de vinagre.
Sabe a cinzas e sangue. É charco e fraga.
Nuvem de fogo a sufocar os céus.
Mas há sempre uma hora de milagre
em que nos salva, nos assombra e afaga
a Mão amorosíssima de Deus.
Tal a hora bendita do Natal
Hora de neve e sonho. Hora de luz,
Em que todos os velhos são meninos.
Lobos e tigres não nos fazem mal.
Florescem cravos de ouro em cada cruz
e tocam no ar azul todos os sinos.
Cantam pastores pela noite morta.
Descem dos montes nus as pedras nuas,
Matando a sede nos vergéis, ao luar.
Ao encontro dos pobres, porta em porta,
Arcanjos brancos baixam para as ruas
e acendem uma estrela em cada olhar.
Homem, silêncio! Ajoelha. Curva a face
à beira do Presépio. Escuta a aragem
que o Mundo espera para ser rosal.
Renasce a vida quando é Deus que Nasce.
Misericórdia! Paz! - Eis a Mensagem
do Menino que vem. NATAL! NATAL!
Moreira das Neves
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