Câncer de mama em mulheres idosas Dra

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Câncer de mama em mulheres idosas
Dra. Maria do Carmo Assunção Queiroz
Dra. Yoon Hee Chang
O conceito que tínhamos sobre câncer de mama em mulheres idosas tem sido
questionado. Acreditava-se que os tumores em pacientes acima de 75 anos de idade
eram indolentes, de bom prognóstico e apresentavam tipos histológicos especiais. Na
verdade não existem muitas diferenças quando comparamos vários aspectos e os grupos
de idade extrema como abaixo de 35 anos e acima de 75 anos de idade. Nas pacientes
idosas 50% apresentam tumor de 2,0 cm ou menos; 40% entre 2,1 e 5,0 cm e 10%
tumores maiores que 5,0 cm. A mama esquerda é mais acometida que a direita tanto nas
idosas com nas pacientes mais jovens. Quanto ao local acometido na mama,
bilateralidade e recorrência também não há diferença. Em relação ao tipo histológico
existem diferenças, pois as pacientes acima de 75 anos tem mais carcinoma lobular
invasor e colóide que as pacientes jovens, que apresentam maior proporção de
carcinomas medulares e menor proporção de lobular invasor. O infiltrado inflamatório é
mais detectado em pacientes mais jovens (Rosen PP in Rosen’s Breast Pathology, 3rd
2009, 723-724). Em relação à cinética celular parece haver uma relação inversa ou seja,
quanto mais velha a paciente menor o índice de proliferação celular. Existem relatos da
presença de metástase axilar em pacientes jovens com p53 positivo e alto índice de
proliferação celular (Gattuso P, Bloom K, Yaremko L, et al. Prognostic predictors of
lymph node metastasis in young patients with breast carcinoma. Mod Pathol 1997;
10:19A). P53 é positivo em 67% das pacientes com idade entre 25 e 29 anos e em 37%
nas pacientes com idade entre 50 e 67 anos. O mesmo acontece com o índice de
proliferação celular sendo alto em 72% das pacientes jovens e de 40% em pacientes
entre 50 e 67 anos. O receptor de estrogênio é mais positivo em pacientes pós
menopausadas do que em pré menopausadas e existe uma correlação do status do
receptor e o crescimento do tumor. A positividade para receptores de estrógeno e
progesterona é significativamente maior em pacientes com 65 anos ou mais quando
comparada com pacientes pós menopausadas entre 50 e 64 anos (Genarri R, Curigliano
G, Rotmensz N, et al. Breast carcinoma in eldely women. Fetures of disease
presentation, choice of local and systemic treatments compared with younger post
menopausal patients. Cancer 2004; 101:1302-1310). Pacientes mais velhas têm
frequentemente menos tumores positivos para HER2/neu. Essa observação parece
suportar a percepção de que tumores em pacientes mais idosas são biologicamente
menos agressivos. Porém quando se compara pacientes abaixo de 35 anos e acima de 75
baseando-se no estádio do paciente não existe diferença significativa. Pacientes mais
jovens tendem a ter mais recidiva local após tratamento conservador quando
comparadas com pacientes mais velhas. Acredita-se que seja pelo fato destas pacientes
apresentarem tumores pouco diferenciados e pela dificuldade de se determinar margens
no intraoperatório devido ao intenso infiltrado inflamatório, alta prevalência de
componente intraductal ou êmbolos neoplásicos no tecido circunvizinho. A irradiação
da parede torácica pós mastectomia tem sido recomendada quando a margem profunda
está comprometida ou muito próxima (< 5mm). Os tipos histológicos especiais que
acometem mais frequentemente pacientes mais idosas são: Carcinoma papilífero (média
de idade 71 anos); Carcinoma mucinoso (média de idade 67 anos).
Na nossa experiência nem sempre pacientes idosas apresentam tumores de bom
prognóstico. Em levantamento realizado no Laboratório LOCUS – Anatomia Patológica
e Citologia, na cidade de São Paulo, encontramos 446 casos de carcinoma de mama em
pacientes com 75 anos de idade ou mais. Destes 3 pacientes eram do sexo masculino e
443 do sexo feminino. A mama esquerda (52%) foi discretamente mais acometida do
que a direita (42%). Em relação ao tipo histológico, o mais freqüente foi o carcinoma
ductal invasor com 276 casos (61,9%); seguido do carcinoma lobular invasor com 57
casos (12,8%); carcinoma ductal “in situ” 41 casos (9,2%); carcinoma mucinoso 23
casos (5,2%); carcinoma papilífero invasor 14 casos (3,1%); os demais tipos
histológicos encontrados foram: carcinoma papilífero “in situ” (8 casos); carcinoma
apócrino invasor (7 casos); carcinoma indiferenciado (4 casos); misto ductal e lobular
invasor (4 casos); carcinoma tubular (3 casos); micropapilífero invasor (3 casos);
carcinoma metaplásico (2 casos); carcinoma adenóide cístico (1 caso) e carcinoma
epidermóide invasor (1 caso). A graduação histológica dos carcinomas ductais invasores
foi possível em 242 casos sendo 31 (12,8%) casos grau I, 149 (61,6%) casos grau II e
62 (25,6%) casos grau III. Em 320 casos foi possível estadiamento patológico sendo 45
(14,1%) casos de pTis; 159 (49,7%) casos de pT1; 81 (25,3%) casos de pT2; 10 (3,1%)
casos de pT3 e 25 (7,8%) casos de pT4.
Tipos histológicos mais freqüentes em pacientes acima de 75 anos (Total de casos 446)
TIPO HISTOLÓGICO
NÚMERO DE CASOS
PORCENTAGEM %
CDI
276
61,9
CLI
57
12,8
CDIS
41
9,2
CA MUCINOSO
23
5,2
CA PAPILÍFERO INVASOR 14
3,1
Locus – Anatomia Patológica e Citologia (2004 a 2008)
Grau histológico dos carcinomas ductais invasores em
(Total de casos 242)
GRAU HISTOLÓGICO
NÚMERO DE CASOS
G1
31
G2
149
G3
62
Locus – Anatomia Patológica e Citologia (2004 a 2008)
pacientes acima de 75 anos
PORCENTAGEM %
12,8
61,6
25,6
Estadiamento patológico em pacientes acima de 75 anos (Total de casos 320)
ESTADIAMENTO
NÚMERO DE CASOS
PORCENTAGEM
pTis
45
14,1
pT1
159
49,7
pT2
81
25,3
pT3
10
3,1
pT4
25
7,8
Locus – Anatomia Patológica e Citologia (2004 a 2008)
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