doenças sexualmente transmissíveis

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DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Edison Natal Fedrizzi
Cerca de 40 agentes microbianos diferentes podem ser transmitidos sexualmente. Algumas destas infecções
são importantes do ponto de vista reprodutivo (infecçao pelos Mycoplasmas, Gonococos e Chlamydia que são
capazes de evoluir para uma DIP), oncológico (HPV de alto risco) e epidemiológico (AIDS). Segundo o Ministério
da Saúde, 10 milhões de brasileiros são portadores de alguma doença de transmissão sexual. Metade das mulheres
irão adquirir alguma DST ao longo de suas vidas.
1-
PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV)
a) Geral
Atualmente são conhecidos mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 45 podem infectar o
trato ano-genital em ambos os sexos. É um vírus DNA não cultivável, recentemente classificado em uma nova
família, o Papilomavírus ou Papillomaviridae. Apresenta um período de incubação extremamente variável, indo de 2
semanas a anos (média de 3 meses), podendo chegar a 20-30 anos, ou mais. Apresenta uma infectividade que varia de
25-65%. Cerca de 30-50% das mulheres são portadoras da infecção se avaliadas pelos métodos de hibridização
molecular. Fatores como vaginites, má higiene, gravidez, anticoncepcional de alta dosagem, alterações imunes e
principalmente o tabagismo estimulam o crescimento viral.
Para o trato genital inferior tem importância os seguintes grupos virais:
* BAIXO RISCO: 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72, 81, CP6108
* PROVÁVEL ALTO RISCO: 26, 53, 66
* ALTO RISCO: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73, 82
* RISCO INDETERMINADO: 13, 32, 34, 40, 55, 57, 62, 64, 67, 69, 83, MM4, MM7,
MM8, MM9, LVX100, IS39, CP141, CP8304, CP4173, CP8061
O HPV 16 é o mais frequente (50%) nas lesões escamosas do trato genital inferior e câncer cervical, mas o
18 é o mais virulento e pode infectar também o epitélio cilíndrico, relacionado ao adenocarcinoma de colo.
b) Clínica
As formas de apresentação da infecção são classificadas em Clínica (diagnóstico a olho nu), Subclínica
(diagnóstico pela colposcopia e cito/histologia) e Latente (diagnóstico apenas por técnicas de hibridização do DNA
viral).
As lesões Clínicas (apenas 2-3% dos casos) são representadas principalmente pelo Condiloma Acuminado,
Papulose Bowenóide e Tumor de Buschke-Loewenstein. A presença de lesão acuminada cervical representa um
marcador das infecções pelos vírus de alto risco (20% apresentam lesões intraepiteliais associadas).
As lesões Subclínicas (representam 60% dos casos de HPV anogenital externo e 95% do HPV cervical) se
manifestam principalmente pelas lesões Micropapilares, Micropapulares, Espiculares, Maculares, Mosaiciformes e
Queratóticas.
c) Diagnóstico
O diagnóstico pode ser confirmado pela Citologia, Histologia, Imunocito/histoquímica e Hibridização
Molecular (Southern-blot, Northen-blot, Dot-blot, "in situ", PCR e Captura Híbrida). Atualmente a Captura Híbrida
tem tomado destaque pela sua rapidez (6 horas), detecção do grupo de Alto (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58,
59, 68  99% dos HPV de alto risco) e Baixo Risco (6, 11, 42, 43, 44  70% dos casos de HPV de baixo risco) e
Carga viral (agressividade).
Os efeitos citopáticos do HPV são encontrados em cerca de 3% dos esfregaços de rotina e apenas 15% dos
casos de infecção HPV são detectados pela citologia, quando comparados às técnicas de Hibridização Molecular.
Na histologia, a presença de coilocitose é patognomônica e podemos encontrar ainda papilomatose,
hiperceratose e paraceratose.
Os métodos Imuno-cito/histoquímicos identificam os antígenos do capsídeo e são de baixa sensibilidade
nas lesões intraepiteliais de alto grau.
d) Tratamento
Nenhum tratamento erradica o HPV. O objetivo é remover a lesão, melhora clínica e evitar a transmissão.
Não existe tratamento ideal. Como medidadas gerais deve-se manter boa higiene local, tratar infecções associadas e
eliminar o fumo.
A orientação terapêutica deve ser individualizada, segundo as características e exigências de cada caso.
Todas as lesões Clínicas devem ser tratadas, realizando a ressecção (bisturi, alta freqüência) das lesões maiores e
ablação (eletrocauterização, criocauterização, ácido tricloroacético 80-90% semanal, etc) para as lesões menores. As
lesões Subclínicas preferencialmente devem ser acompanhadas, exceto se sintomáticas (prurido, ardência,
dispareunia, sangramento). Caso tais lesões mereçam tratamento, a escolha recai sobre o ácido tricloroacético.
Obviamente a infecção latente não tem tratamento, a não ser uma melhoria do sistema imunológico.
Esquemas terapêuticos:
A) Químico
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Ácido Tricloroacético (80-90%): 1x/semana por 4 semanas
Podofilotoxina solução ou gel (0,5%): 2 x/dia por 3 dias  Pára 4 dias  Reavalia. Pode-se repetir
até 4 ciclos.
Imiquimod creme (5%): Imunoestimulante tópico que aumenta a produção de interferon e outras
citoquinas. Aplicar e massagear o local ao deitar 3 x/semana até 16 semanas. O local deve ser lavado
com água e sabão 6-10 h após a aplicação.
5’Fluorouracil creme (5%): Uso restrito para a vaginite condilomatosa extensa e deve ser aplicado e
reavaliado pelo médico 1 x/semana por 10 semanas. Cautela para evitar ulceração e adenose vaginal.
B) Físico
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Crioterapia: N2 líquido: 2 x/semana por 4 semanas
Criocautério: 1-2 x/semana
Eletrocauterização: 1-2 x
Laser: Geralmente 1 x
C) Fitoterápico
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Thuya occidentalis (óvulo a 10%): 1 x/noite por 15 dias
D) Imunológico
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Interferon intralesional: 1 Milhão UI/lesão/semana por 3 semanas (máximo 5 lesões por vez).
Infelizmente, o interferon beta recombinante (ação antiviral e imunomoduladora) não é mais
comercializado.
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Glucana: 2-4 mg (0,5-1 ml) SC 7/7 dias por 4 semanas  manutenção: 2/2 semanas, 3/3 semanas e
mensal
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Levamisol: 75-150 mg VO/semana por 3-6 meses
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Timomodulina: 20 mg/dia por 3-6 meses
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Polivitamínicos antioxidantes: 1 cp/dia por 4-6 meses
E) Cirúrgico
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Bisturi
Laser
Alça de Cartier
Alta Frequência
e) Recomendações
* Avaliação do parceiro e utilização do preservativo é discutível e deve ser individualizada.
* A infectividade das lesões subclínicas é duvidosa e das latentes desconhecida.
* Acompanhamento por longo período, pois a recidiva é alta (25% em 3 meses), independente do tipo de
tratamento.
e) Prevenção
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Preservativo: ainda é o método preventivo mais utilizado, mas em função das lesões extensas ou
multifocais peri-genitais, sua eficácia não é de 100%.
Vacina: Já aprovada e comercializada a Vacina Quadrivalente no Brasil contém os vírus 6 e 11
(responsáveis por 90% dos casos de condilomas) e 16 e 18 (responsáveis por 70% dos casos de câncer
do colo uterino). Aplicação IM em 3 doses (0, 2 e 6 meses), com eficácia de 100% na prevenção do
condiloma acuminado e das lesões pré-neoplásica e câncer da área ano-genital. Indicação inicial:
mulheres de 9 a 26 anos de idade.
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