A UTILIZAÇÃO DE LIVROS PARADIDÁTICOS PARA O ENSINO DE PROBABILIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL Valéria Ciabotti - UFTM1 Resumo Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, Brasil (1997), preveem que no final do Ensino Fundamental o aluno conclua essa etapa com a aprendizagem e domínio de conceitos básicos sobre Probabilidade, quais sejam: (1) Relacionar o conceito de probabilidade com o de razão; e (2) Resolver problemas que envolvam o cálculo de probabilidade de eventos simples. Partindo desse pressuposto definiu-se como objetivo deste trabalho a busca de material bibliográfico que pudesse subsidiar o ensino de conteúdos probabilísticos para os anos finais do Ensino Fundamental através de livros paradidáticos. Partiu-se então para a busca de livros paradidáticos que abordassem o conteúdo de Probabilidade para o Ensino Fundamental bem como trabalhos didáticos que abordassem esta temática. Acreditamos ser necessário investigar e buscar uma compreensão mais ampla e fundamentada sobre o uso de livros paradidáticos no desenvolvimento da leitura e consequentemente nos conteúdos de Probabilidade que se ensina no Ensino Fundamental. De acordo com Menezes e Santos (2002), os paradidáticos são livros e materiais que, sem serem propriamente didáticos, são utilizados para este fim. Munakata (1997), afirma que os paradidáticos têm características próprias, não seguem uma sequência de conteúdos conforme preconiza o currículo oficial. Dada a importância do estudo dos conteúdos básicos de probabilidade no mundo contemporâneo e com o propósito de adaptar recursos como sugestão para os profissionais da educação no uso de paradidáticos, a pesquisa mostra escassez de material no que se refere ao Ensino de Probabilidade nos anos finais do Ensino Fundamental. Palavras-chave: Ensino da Probabilidade. Paradidático. Estado da Arte. Ensino Fundamental. Introdução No final da década de 90, os conceitos básicos de Estatística e Probabilidade, antes quase ignorados na Educação Básica, passaram a serem discutidos pela comunidade educacional e acadêmica, tendo sido incorporados oficialmente à estrutura curricular da disciplina de Matemática do Ensino Fundamental e Médio com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Brasil (1997), no Bloco Tratamento da Informação, que evidencia o ensino de Estatística, probabilidade e Análise Combinatória. 1 Ainda segundo os PCN, Brasil (1997), a sugestão é de que professores incentivem os alunos a observar os fenômenos, conjeturar hipóteses, fazer levantamento de dados, tratá-los e analisá-los do ponto de vista da investigação científica. Também estimulem a leitura e a interpretação de gráficos, de tabelas e de medidas publicadas pelos diversos meios de comunicação, a fim de que o aluno saiba posicionar-se de forma crítica diante dessas informações e fornecer-lhes ferramentas para arguir e “desmantelar” informações porventura falaciosas ou mal-intencionadas (LOPES et al, 2010). Segundo Smole e Diniz (2001), a predominância do silêncio, no sentido de ausência de comunicação, ainda é comum nas aulas de Matemática. O excesso de cálculos mecânicos, a ênfase em procedimentos e a linguagem usada para ensinar Matemática são alguns dos fatores que tornam a comunicação pouco frequente ou quase inexistente. Ainda afirmam que as propostas que objetivem uma aprendizagem significativa em Matemática devem abordar uma variedade de ideias, sejam numéricas, geométricas, relativas às medidas e às noções de estatística, entre outras, de modo que sejam proporcionadas ao aluno diferentes formas de perceber a realidade e o conhecimento matemático. De acordo com os PCN, Brasil (1997), os objetivos das áreas disciplinares são desenvolvidos e separados por ciclo e para cada um são propostos conteúdos e critérios de avaliação que são agrupados em blocos temáticos, sendo que nessa pesquisa focou-se no Ensino de Probabilidade nos anos finais do Ensino Fundamental, especificamente no nono ano. A partir da verificação dos conteúdos probabilísticos previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil, 1997 e 1998) tem-se como objetivo a criação de material paradidático para dar subsídios ao ensino de conteúdos probabilísticos para professores de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental. Diante disso questionou-se: como organizar o conteúdo? Qual recurso usar? Como e onde abordar o tema? Como estabelecer relações com outros temas? 1. Referencial Teórico As informações estatísticas sempre estiveram presentes na vida dos cidadãos e assim como muitas pessoas confiam e utilizam para nortear suas decisões, outras olham, desconfiam e/ou atacam sua verossimilhança (CAZORLA e CASTRO, 2008). Em relação à Probabilidade, consideram que esta pode promover a compreensão de grande parte dos acontecimentos do cotidiano que são de natureza aleatória, possibilitando a identificação de resultados possíveis desses acontecimentos. Destacam o acaso e a incerteza que se manifestam intuitivamente, portanto cabendo à escola propor situações em que as crianças possam realizar experimentos e fazer observações dos eventos. Silva (2002) expressa que desde a sua origem, o conceito de probabilidades desenvolveu-se em múltiplas perspectivas, quais sejam: (1) Concepção clássica ou laplaciana (baseada na “Lei de Laplace”); (2) Concepção frequentista ou empírica (baseada na “Lei dos Grandes Números” de Jacob Bernoulli); (3) Concepção subjetiva (baseada na crença ou percepção pessoal); (4) Concepção axiomática ou formal (concepção atualmente vigente, desenvolvida por Andrei Kolmogorov). Batanero (2005) defende que os diferentes significados da Probabilidade devem ser incluídos progressivamente a partir das ideias intuitivas dos alunos sobre acaso e incerteza, e que o ensino não pode limitar-se a uma dessas perspectivas, pois elas estão ligadas dialeticamente. Conclui que a Probabilidade deve ser vista como: (1) Uma razão entre o número de possibilidades a favor do evento e o número de casos possível a partir dos dados das frequências relativas; (2) O grau de crença pessoal; (3) Como um modelo matemático que ajuda a compreender a realidade. Menezes e Santos (2002) dizem que a importância dos livros paradidáticos nas escolas aumentou principalmente no final da década de 90, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que estabeleceu os PCN e orientou para a abordagem de temas transversais relacionados ao desenvolvimento da cidadania. Dessa forma, abriu-se espaço para o aumento da produção de obras para serem utilizadas em sala de aula, abordando temas como ética, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo, Saúde e Sexualidade. Segundo Munakata (1997) o termo paradidático foi cunhado pelo saudoso professor Anderson Fernandes Dias, diretor presidente da Editora Ática, no início da década de 70. Continua afirmando que foi a Editora Ática que criou a primeira coleção de alcance no Brasil destinada a apoiar, aprofundar e facilitar a maneira de apresentação dos conteúdos, muitas vezes aridamente exposta no livro didático. Atualmente é comum ouvirmos falar em livros paradidáticos, porém foi na década de 1970 que passaram a serem assim chamados (Ramos, 1987; Munakata, 1997; Dalcin, 2002), devido à popularização do gênero. Somente a partir de 1986 as primeiras coleções de paradidáticos de Matemática começaram a surgir, como as coleções Vivendo a Matemática, da editora Scipione, e A Descoberta da Matemática, da Ática (DALCIN, 2002). Dalcin (2007) abordou em sua pesquisa acerca dos paradidáticos de Matemática, a relação entre a simbologia matemática, as imagens e o texto escrito dentre as diversas abordagens do conteúdo matemático. Para entender a razão da criação do termo paradidático, Borelli (1996) apresenta o sentido do termo paraliteratura, a partir da interpretação da formação da palavra com o prefixo para denota tanto o significado de proximidade – ao lado de, ao longo de – quanto à conotação de acessório, subsidiário, e, também, o sentindo de funcionamento desordenado ou anormal. Consideramos também a definição de Munakata (1997) ao afirmar que os livros paradidáticos são livros que têm características próprias. Diferente dos livros didáticos, eles não seguem uma seriação e nem uma sequência de conteúdos conforme preconiza o currículo oficial. Geralmente, são adotados no processo de ensino e aprendizagem como material de consulta do professor ou como fonte de pesquisa e de apoio às atividades do educando. Segundo Machado apud Trevizan (2008), nos textos paradidáticos os temas costumam ser apresentados de forma menos comprometido com o isolamento e a fragmentação, possibilitando assim a relação com outras áreas de conhecimento. 2. Procedimentos Metodológicos As pesquisas relacionadas aos anos finais do Ensino Fundamental, principalmente no ensino de Probabilidade, representam uma grande contribuição para a área da Educação Matemática, contudo, percebe-se que há, ainda, muitas lacunas a serem preenchidas. Tal constatação provoca a necessidade de se estudar, pesquisar e produzir material didático para apoiar o Ensino de Probabilidade nos anos finais do Ensino Fundamental. Tendo em vista o tema e o problema de pesquisa levantados, o objetivo geral deste trabalho é criar um material paradidático para dar subsídios ao ensino de conteúdos probabilísticos para professores de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental. Segundo Dalcin (2002) pode-se dividir os livros paradidáticos, segundo a sua narrativa, em duas categorias: Narrativa ficcional – são livros que contém uma história de ficção, na qual os elementos ou conteúdos abordados vão aparecendo; Abordagem pragmática – são os livros que apresentam capítulos teóricos com atividades práticas sem um enredo único. Definiu-se que para a construção deste livro paradidático, a utilização da narrativa ficcional, pois se acredita que contar uma estória trará maior motivação aos alunos em sua leitura e utilização como elemento de fixação e aprendizagem dos conteúdos probabilísticos. O material paradidático será produzido considerando os seguintes aspectos que podem ser realizados concomitantemente e que foi expresso através de uma adaptação do roteiro de avaliação de livros paradidáticos de Macedo et al. (2013): (1) Criar a estória que será o fio condutor das ações a serem desenvolvidas; (2) Utilizar os conteúdos probabilísticos e matemáticos e os temas transversais (BRASIL, 1998); (3) Criar personagens; (4) Criar as atividades utilizadas na abordagem do conteúdo probabilístico; (5) Considerar as tendências do Ensino de Probabilidade; (6) Considerar a diversidade de registros de representações semióticas (DUVAL, 2011); (7) Oportunizar a participação do leitor na construção do próprio conhecimento; (8) Diversificar os tipos de ilustrações utilizadas (DALCIN, 2007); (9) Interagir com outras áreas do conhecimento (FAZENDA, 1994); (10) Considerar a presença de elementos lúdicos (HUIZINGA, 1971); (11) Elaborar o texto; (12) Possibilitar a utilização da obra em diversos momentos do estudo de determinado conteúdo (na introdução, no decorrer, na finalização). Os conteúdos probabilísticos considerados serão os listados no Conteúdo Básico Comum (CBC) Matemática - do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental do Estado de Minas Gerais, Minas Gerais (2008), no Eixo Temático IV – Tratamento da Informação – Probabilidade – Conceitos Básicos de Probabilidade, e considerados como conteúdos a serem ministrados no 9º ano, quais sejam: (1) Relacionar o conceito de probabilidade com o de razão; (2) Resolver problemas que envolvam o cálculo de probabilidade de eventos simples. Segundo os PCN, Brasil (1998) os conteúdos para o terceiro ciclo (6 e 7 anos) referente a Probabilidade é a construção do espaço amostral e indicação da possibilidade de sucesso de um evento pelo uso de uma razão (BRASIL, 1998, p. 74). Nos mesmos PCN, os conteúdos para o quarto ciclo (8 e 9 anos) referente a Probabilidade são: (1) Construção do espaço amostral utilizando o princípio multiplicativo e indicação da probabilidade de um evento por meio de uma razão; (2) Elaboração de experimentos e simulações para estimar probabilidades e verificar probabilidades previstas (BRASIL, 1998, p. 90). 3. Resultados Levando em consideração o lançamento de um material em um determinado contexto educacional, embasar-se em uma estória fictícia é uma estratégia pertinente para posterior avaliação da credibilidade do mesmo. Ainda pensando na amostra da pesquisa serem alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, adolescentes e com o imaginário e a criatividade ilimitáveis, pensou-se em abordar os conteúdos probabilísticos no formato de um livro paradidático, visto que a escassez no Brasil foi detectado através da pesquisa realizada acerca dos paradidáticos publicados com o enfoque no ensino de Probabilidade. Após a definição do tema, pensou-se em como elaborar a estória principal do livro abordando os tópicos definidos pelo CBC (Conteúdo Básico Comum, 2008), Matemática do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998), Matemática 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental a saber: Conceito de Aleatoriedade e Determinístico, Experimento Aleatório, Espaço Amostral, Evento e Definição de Probabilidade, relacionando ainda Probabilidade com razão e porcentagem. Para o desenvolvimento da estória principal do livro, pensou-se em abordar os tópicos citados acima através de uma Olimpíada em que os alunos de várias escolas competiriam, passando por várias etapas, sendo elas, municipal, estadual e finalmente nacional, onde os personagens principais definidos por nós seriam os vencedores. O nome fictício dado à Olimpíada foi 1ª Olimpíada Nacional de Probabilidade (ONP). Para a escolha dos personagens, tomou-se bastante cautela, pensando em representar vários grupos étnicos que compõem a sociedade brasileira, pois segundo Rocha (2006) é indiscutível que os livros devam refletir as contribuições dos diversos grupos étnicos para a formação da nação e cultura brasileira. Omitir essas contribuições, ou não reconhecê-las na sua totalidade, é uma forma de discriminá-las. Assim os personagens principais que compõe a estória são: um branco, um índio, um japonês, um negro e um pardo. Segundo Blattes (2006) a Constituição da República, quando adota como princípio a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”, prevê uma sociedade com escolas abertas a todos, em qualquer etapa ou modalidade, bem como o acesso a níveis mais elevados do ensino. Partindo desse pressuposto um dos personagens é cadeirante. A respeito do sexo dos personagens havia sido decidido que seriam duas meninas e dois meninos, porque não havia sido incluído o personagem índio. Após a inclusão do personagem índio, definiram-se então os personagens como três meninas e dois meninos, utilizando como critério a pesquisa realizada pela PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio), divulgado em 20122 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de 2 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2012/default_sintese.shtm Geografia e Estatística) em que no Brasil tem mais mulheres do que homens, sendo que de uma população de 196,9 milhões de habitantes 51,3% são mulheres e 48,7% são homens. Foram definidos então os seguintes personagens principais: o personagem índio (Kauê), o personagem pardo (Rafael), a personagem japonesa (Kaori), a personagem branca (Gabriela), a personagem negra (Luíza) e a professora (Rita). Personagens que foram criados e desenhados por um arte-finalista e que são apresentados na Figura 1. Pensando nisso, criaram-se personagens fictícios que assumissem esses papéis até como exemplo para os leitores (alunos, principalmente) dos objetivos dentro das salas de aula, e do funcionamento da relação cíclica entre os envolvidos, nesses momentos de aprendizado. Os nomes foram escolhidos aleatoriamente, seguindo o perfil das figuras criadas pelo artefinalista. KAUÊ GABRIELA KAORI LUIZA RAFAEL RITA (PROFESSORA) Figura 1 – Imagem dos personagens criados para o livro paradidático. À escola que os personagens seriam representantes deu-se o nome de “Escola Sete Colinas”, Figura 2, essa escolha se deu pelo fato dos integrantes da pesquisa residir na cidade de Uberaba-MG e também em homenageá-la. Figura 2 – Logo da Escola Sete Colinas. A pesquisa sobre a história da cidade de Uberaba relata que os primeiros habitantes ergueram suas moradias na parte central da cidade, localizada numa depressão. O crescimento da cidade e o relevo local fizeram com que a população ocupasse e povoasse as colinas, lugar de maior altitude em relação à parte central da cidade. De acordo com Sampaio (1971), no estudo topográfico de Uberaba publicado no ano de 1880, foram identificadas seis colinas. Durante o século XX, Hildebrando Pontes, substituiu o termo Colinas por Altos e identificou mais um Alto, o Fabrício (PONTES, 1978, p. 274). Assim a cidade de Uberaba era referenciada como a Cidade das Sete Colinas. Com o crescimento da cidade e o surgimento de novos bairros o título que recebia não compreendia a manutenção do mesmo conceito inicial das colinas. A Figura 3 mostra uma observação do Vale a partir de um Mirante muito conhecido na cidade localizado em uma parte alta, o Mirante da Univerdecidade. Fonte: Arquivo público de Uberaba 08 de março de 2013. Figura 3 – Representação das Sete Colinas ou Sete Altos da cidade de Uberaba. Em se tratando de ambiente escolar, Figura 4, não haveria melhor local para o desenrolar da estória do paradidático e também sua utilização para fins de validação do material proposto, não querendo inferir que não possa ser lido ou usado em outros lugares. Além disso, aperfeiçoa o objetivo final trazendo a realidade do público leitor alvo para que se familiarizem ainda mais com os temas propostos. Os professores são agentes principais na promoção desse tipo de ambiente, onde utilizam como estratégia suas lideranças para que se tenha como produto final a compreensão total de tudo que pretendem transmitir. Figura 4 – Ambiente escolar e os personagens. Segundo Moreira (2007), “o ambiente de aprendizagem escolar é um lugar previamente organizado para promover oportunidades de aprendizagem e que se constitui de forma única na medida em que é socialmente construído por alunos e professores a partir das interações que estabelecem entre si e com as demais fontes materiais e simbólicas do ambiente”. MOREIRA (2007). O livro foi dividido em quatro capítulos onde em cada um será realizada uma das etapas da Olimpíada. Dessa forma, em cada capítulo, os conteúdos probabilísticos a serem abordados serão utilizados jogos onde os personagens irão participar para se tornarem campeões nacionais. De acordo com Cabral (2006), os jogos vêm ganhando espaço nas escolas numa tentativa de trazer o lúdico para a sala de aula. Acreditamos que os jogos podem ser atividades excelentes para a introdução de conceitos do campo da Probabilidade. Vários tipos deles ajudam a compreender a diferença entre situações aleatórias e determinísticas ou a diferenciar possibilidades de probabilidade (BRASIL, 2010). Dessa forma, decidiu-se utilizar jogos para se trabalhar os conteúdos probabilísticos, inserindo esses jogos como etapas das Olimpíadas em que os personagens iriam participar para se tornarem campeões nacionais. Foi inserido também atividades como jogos e divertimentos onde os alunos que utilizarão o paradidático deverão fazer para ajudar os personagens principais a vencer a Olimpíada, além de caça-palavras e cruzadinhas como entretenimento. Esses jogos serão aplicados para testar a eficácia e serão introduzidos na estória tendo como função a de fixar o conteúdo já inserido pela professora regente das cinco turmas de 9º anos. Assim no Capítulo 1, é apresentado o jogo a ser utilizado na 1ª etapa que recebe o nome de “Jogo do Rapa”. É um dos jogos mais populares de Portugal, onde traz diversas possibilidades de trabalhar conceitos probabilísticos. No Capítulo 2, é utilizado o jogo “Mini Bozó”, que é uma simplificação do “Jogo Bozó”, jogo bastante popular no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. No Capítulo 3, é apresentado o jogo “Batalha no Trânsito” que foi adaptado do jogo “Batalha Naval”, um jogo muito conhecido. E o jogo que compõe a etapa final da Olimpíada, Capítulo 4, se chama “Bingo das Probabilidades”, jogo criado pelos pesquisadores. Direcionamos também as atividades para a proposta da elaboração do paradidático nas concepções: clássica e frequentista, por concordar com autores e pesquisadores que defendem a ideia do uso desse recurso concomitantemente nas situações do Ensino de Probabilidade. Entende-se como Probabilidade Clássica a razão entre o número de resultados favoráveis ao evento que se quer estudar e o número total de resultados possíveis (o qual é denominado de espaço amostral) do experimento aleatório, tomando que cada resultado possível de um determinado Experimento Aleatório seja igualmente provável de ocorrer. (CABRAL, 2009; BATANERO, 1999). Coutinho (1994, p. 09) defende a visão frequentista de probabilidade que parece “[...] mais adequada a um primeiro contato com as probabilidades, pois pode utilizar experimentos ligados à realidade dos alunos, uma vez que não precisa estar limitado à hipótese de equiprobabilidade”. A presença da probabilidade frequentista no ensino se justifica por fazer parte de nosso cotidiano, pois estamos sempre cercados de informações presentes em jornais, revistas, televisão, internet e noticiários onde a maioria dos dados probabilísticos é calculada por meio dessa probabilidade. A importância de se trabalhar com os diversos significados da probabilidade, tais como a Probabilidade Clássica (ou Laplaciana), Frequentista, Geométrica e Condicional, de acordo com o grau de instrução dos alunos vem sendo estudado e discutido por alguns pesquisadores, destacando-se os estudos de Ortiz (2002); Stadelmanns (2003); Anway e Bennett (2004); Batanero (2005); Viali e Oliveira (2009); e Cabral e Traldi (2010). Batanero (2005) defende que os diferentes significados da Probabilidade devem ser incluídos progressivamente a partir das ideias intuitivas dos alunos sobre acaso e probabilidade, e que o ensino não pode limitar-se a uma dessas perspectivas, pois elas estão ligadas dialeticamente. Os trabalhos de Silva (2002) e Cabral e Traldi (2010) propõem a integração dos conceitos Frequentista e Clássico com o intuito de tornar a aprendizagem significativa e abrangente. Considerações Finais Por se tratar de parte de uma pesquisa que ainda se encontra em seu processo de desenvolvimento, as análises ainda estão em fase de constituição, visto que a utilização do livro paradidático ainda não foi efetivado, mesmo assim, já se percebe que, o caminho da utilização de livros paradidáticos na contribuição na formação de significados dos conteúdos probabilísticos nas relações é revelador. O livro paradidático, com um aspecto mais informal e descontraído, orienta, auxilia e forma o cidadão na compreensão do mundo. Pensando assim, a ideia de elaborar um livro paradidático utilizando conhecimentos probabilísticos suscitou a busca tanto de conhecer a particularidade que esse tipo de livro traz como também a exploração do conteúdo sobre Probabilidade na Educação Básica. Na construção do livro paradidático, percebemos a importância e a função desse recurso que segundo Trevizan (2008), motiva, exemplifica e aprofunda um conteúdo específico. 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